-
ANLISE DE RISCO APLICADA
SEGURANA DO TRABALHO NA
INDSTRIA DE PETRLEO E GS
Edson Jansen Pedrosa de Miranda Junior (IFMA )
[email protected]
Sergio Sampaio Cutrim (UFMA )
[email protected]
A literatura que discorre sobre a anlise de risco aplicada
segurana
do trabalho no Brasil ainda muito escassa, uma vez que esta
anlise
mais aplicada na avaliao do mercado financeiro. Entretanto,
grandes empresas, como, por exempllo, a Petrobras, vem
investindo
bastante na anlise de risco quantitativa aplicada segurana
do
trabalho, principalmente, relacionada com os riscos de incndio
e
exploso. O principal objetivo deste trabalho foi realizar a
reviso da
literatura sobre a anlise de risco aplicada segurana do trabalho
no
contexto da indstria de petrleo e gs. O tipo de reviso de
literatura
utilizado foi o estudo de reviso passiva, pois foram obedecidos
os
critrios de resumir, analisar e sintetizar as informaes contidas
em
um determinado assunto, mas no foi seguida uma metodologia
pr-
estabelecida. A partir do levantamento bibliogrfico realizado,
pde-se
observar que as ferramentas de anlise de risco aplicadas ao
setor de
produo ou setor financeiro podem ser adaptadas e
implementadas
para utilizao no setor petrolfero na segurana do trabalho.
Ademais, pde-se observar que os riscos de incndio e exploso
fazem
parte do processo de produo de uma indstria de petrleo e gs
e
que esto sempre presentes, esperando apenas que ocorra um
erro
operacional para gerar uma catstrofe.
Palavras-chaves: Anlise de risco, segurana do trabalho, risco
de
incndio e exploso, reviso de literatura.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
2
1 Introduo
A maioria das empresas brasileiras de pequeno e mdio porte que
trabalham com
combustveis inflamveis ainda no possui uma poltica
prevencionista no que tange ao
gerenciamento de risco. Isso ocorre principalmente pela falta de
conscientizao dos
empregadores em relao aos riscos de incndio e exploso envolvidos
em cada etapa do
processo industrial. Ademais, as fiscalizaes pelo corpo de
bombeiros, pelo exrcito
brasileiro (com relao aos materiais explosivos) e pelos
auditores fiscais do trabalho ainda
so insuficientes.
Do ponto de vista prevencionista da segurana do trabalho, toda e
qualquer atividade do
trabalhador em uma empresa ou indstria de qualquer setor, tem um
risco especfico
envolvido. Na indstria de petrleo e gs, os principais riscos
envolvidos so os riscos de
incndio e de exploso que esto associados explorao e produo
(E&P) de petrleo.
Ademais, os resultados destes riscos, na maioria das vezes, caso
no sejam controlados, so
catastrficos.
Apesar da anlise de risco aplicada segurana do trabalho ainda
ser bastante restrita, ela
essencial para o desenvolvimento de um sistema de gerenciamento
de risco eficaz, o qual
poder reduzir o nmero de acidentes e incidentes nas indstrias.
Trabalhos de reviso de
literatura nesta rea so praticamente inexistentes no Brasil, o
que dificulta a aplicao das
tcnicas de anlise de risco na segurana do trabalho.
Este trabalho teve como principal objetivo realizar a reviso da
literatura sobre a anlise de
risco aplicada segurana do trabalho no contexto da indstria de
petrleo e gs.
2 Metodologia
A metodologia utilizada neste trabalho foi a de reviso de
literatura. Segundo Mattar (1996)
apud Lima et al. (2013), uma das formas mais rpidas e econmicas
de aprofundar um
problema de pesquisa atravs do conhecimento dos trabalhos j
feitos por outros
pesquisadores, via levantamentos bibliogrficos.
As revises da literatura so caracterizadas pela anlise e pela
sntese da informao
disponibilizada por estudos relevantes abordando um determinado
tema, de forma a resumir o
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
3
corpo de conhecimento existente e a concluir sobre o assunto de
interesse (MANCINI et al.,
2006).
Segundo Mancini et al. (2006), existem diversos tipos de estudos
de reviso de literatura e
cada um deles segue uma metodologia especfica, quais sejam a
reviso crtica ou passiva da
literatura e a reviso sistemtica da literatura e de
metanlise.
Neste trabalho, o tipo de reviso de literatura selecionado foi o
estudo de reviso passiva, uma
vez que foram obedecidos os critrios de resumir, analisar e
sintetizar as informaes contidas
em um determinado assunto e no foi seguida uma metodologia
pr-estabelecida.
3 Anlise de Risco na Segurana do Trabalho
3.1 Conceitos Fundamentais
O objetivo de um sistema de gerenciamento de segurana garantir
que uma determinada
organizao alcance suas metas com segurana, eficientemente e sem
prejudicar o meio
ambiente. Um dos fatores mais importantes do processo de
segurana uma explicao de
como o operador do sistema de gerencimento ser capacitado para
garantir que os objetivos
sejam realmente alcanados com segurana (WANG, 2002). Ademais,
uma meta pode ser
definida como o ponto de partida para qualquer processo de
gerenciamento de risco ou de
anlise de risco (FEKETE, 2012).
O gerenciamento de riscos pode ser definido como o processo de
identificao, avaliao e
priorizao dos riscos. Posteriormente, faz necessria a aplicao
coordenada e econmica de
recursos para minimizar, monitorar e controlar a probabilidade
ou o impacto de eventos
indesejveis (HUBBARD, 2009).
Com relao segurana do trabalho, o gerenciamento de riscos visa
identificao,
avaliao e o controle dos riscos ambientais e de acidente,
presentes nas atividades laborais.
de consenso na literatura que o gerenciamento de riscos uma rea
com termos
conflitantes, e h uma necessidade amplamente reconhecida para
uma reflexo crtica de suas
definies, contedo de ncleo, princpios e regulamentaes (AVEN,
2011 apud FEKETE,
2012).
A utilizao do termo anlise de risco varia amplamente na indstria
de petrleo e gs. Na
maioria dos casos, denota uma anlise de rentabilidade,
caracterizando cada projeto em
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
4
termos de probabilidade de alcanar a produo comercial.
Alternativamente, pode significar
uma viabilidade de tratamento de anlise com incerteza em questes
tcnicas, um tratamento
de anlise de confiabilidade com equipamentos e um estudo de
perigo e operacionalidade de
sistemas com plantas processadas por humanos (MIURA et al.,
2006).
Existe uma divergncia quanto definio da anlise de risco.
Frequentemente, a avaliao de
risco utilizada como sinnimo de anlise de risco, entretanto,
esse problema ocorre,
principalmente, devido divergncia de definio destas expresses em
alguns pases.
Segundo Kirchhoff (2004), no Canad, a anlise de risco uma etapa
da avaliao de risco,
enquanto que nos Estados Unidos, a avaliao de risco uma das
etapas da anlise de risco.
A anlise de risco pode ser definida como um processo composto
por basicamente trs
elementos: avaliao de risco, gerenciamento de risco e comunicao
de risco (CODEX,
2013). Essa definio se aproxima da utilizada pela SRA (Society
of Risk Analysis
Sociedade de Anlise de Risco), em que a anlise de risco engloba
a avaliao de riscos, a
caracterizao do risco, a comunicao do risco, o gerenciamento do
risco e as polticas
relativas ao risco.
Entretanto, segundo Frantzich (1998) e I & Cheng (2008), a
anlise de risco somente uma
parte do processo de gerenciamento de risco, como pode ser
observado nas Figuras 1 e 2,
respectivamente.
Ademais, segundo a ISO 31000, a anlise de risco apenas parte da
avaliao de risco,
podendo ser definida como parte do processo de avaliao de risco
que compreende a
natureza do risco e define o nvel do risco (AVEN, 2012b). Esta
definio da ISO 31000
tambm corroborada por Frantzich (1998), como se pode observar na
Figura 1.
Segundo European (2006), um conceito importante para a anlise de
risco da avaliao de
risco, que pode ser definida como sendo o processo de avaliao do
risco da sade e
segurana dos trabalhadores no trabalho, resultante da ocorrncia
de situaes de perigo no
local de trabalho.
Conforme a OHSAS 18001 (2007), a avaliao de risco pode ser
definida como o processo
para avaliar os riscos originados dos perigos, levando-se em
considerao a adequao dos
controles existentes e a deciso se o risco aceitvel ou no.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
5
Figura 1 As subdivises do gerenciamento de risco
Fonte: Frantzich (1998)
A partir da Figura 2, pode-se observar que a anlise de risco
envolve uma srie de etapas,
como por exemplo, a identificao do perigo, a anlise de sua
frequncia e consequncia e,
posteriormente, a quantificao do risco.
Figura 2 Diferentes elementos da anlise de risco dentro do
procedimento de gerenciamento de risco
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
6
F
onte: I & Cheng (2008)
Segundo Frantzich (1998), a anlise de risco quantitativa focada
na combinao dos efeitos
de frequncia e consequncia de um determinado acidente, como se
pode observar na Figura
3, em que as consequncias podem ser quantificadas em nmero de
ferimentos, fatalidades ou
pessoas que tenham suas rotas de fuga obstrudas.
A partir da Figura 3, observa-se que o primeiro passo, antes de
comear a quantificar o risco,
est relacionado com a descrio e definio do sistema. O sistema
definido em termos de
um ou mais cenrios, dependendo da situao em questo. Ademais,
este sistema pode ser
definido com base nas suas limitaes fsicas.
Depois de o sistema ser descrito, os perigos podem ser
identificados e quantificados com base
na anlise de consequncias e estimatio de frequncia. A prxima
etapa do processo, de
acordo com a Figura 3, o clculo do risco para executao da anlise
de risco quantitativa.
Figura 3 O processo de anlise de risco
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
7
Fonte: Frantzich (1998)
3.2 Indstria de Petrleo e Gs
A produo de petrleo no Brasil aumentou de 750 m3/dia na poca da
criao da Petrobras
para mais de 182.000 m3/dia no final dos anos 90. Esse aumento
ocorreu devido,
principalmente, ao desenvolvimento de novas tecnologias de
perfurao e produo na
plataforma continental (THOMAS et al., 2004).
Recentemente, em janeiro de 2013, a produo de petrleo e gs
natural no Brasil foi de
aproximadamente 2.054 Mbbl/d (mil barris por dia) e 75,9 MMm/d
(milhes de m por dia),
respectivamente, totalizando em torno de 2.531 Mboe/d (mil
barris de leo equivalente por
dia) (ANP, 2013).
A partir da Figura 4, pode-se observar o histrico da produo de
petrleo e gs natural no
Brasil no ano de 2012 e janeiro de 2013, em que neste perodo
houve uma reduo de
aproximadamente 2.700 Mboe/d para 2.500 Mboe/d.
Apresenta-se nas Figuras 5 e 6, a distribuio da produo de
petrleo e a distribuio da
produo de gs natural por Estado em janeiro de 2013,
respectivamente. Os maiores
produtores de petrleo so os estados de Rio de Janeiro e Esprito
Santo, enquanto que os
maiores produtores de gs natural so os estados de Rio Grande do
Norte e Esprito Santo.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
8
Figura 4 Histrico de produo de petrleo e gs
natural
Fonte: ANP (2013)
Figura 5 Distribuio da produo de petrleo por estado em janeiro
de 2013
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
9
Fonte: ANP (2013)
Figura 6 Distribuio da produo de gs natural por estado em
janeiro de 2013
Fonte: ANP (2013)
Os vinte campos com maior produo de petrleo no Brasil, em
janeiro de 2013, esto
apresentados no grfico da Figura 7.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
10
Figura 7 Campos com maior produo de petrleo em janeiro de
2013
Fonte: ANP (2013)
Ao longo do perodo de 2004 a 2010, a oferta total de petrleo no
mundo se manteve
relativamente constante, em um patamar aproximado de 80 milhes
de barris/dia. Nessa linha,
o avano tecnolgico o que direciona as possibilidades de ampliao
da oferta potencial
(ERNST & YOUNG TERCO BRASIL, 2011). Pode-se observar, a
partir da Figura 8, a
evoluo da produo mundial de petrleo e de suas reservas.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
11
Figura 8 Evoluo da produo mundial de petrleo e de suas
reservas
Fonte: Ernst & Young Terco Brasil (2011)
Desde a dcada de 90, tm sido introduzidas inovaes nos processos
de prospeco,
desenvolvimento e produo, por meio da utilizao de novos
instrumentos, computadores de
alto desempenho e aplicao de tcnicas avanadas de processamento
de dados. Essas novas
tecnologias que, recentemente, permitiram a identificao de
reservatrios de petrleo e gs
natural em guas ultraprofundas, como se pode observar no grfico
das reservas da Figura 8,
tm custos elevados, entretanto, permitem maior economia em
outras fases de
desenvolvimento dos campos (ERNST & YOUNG TERCO BRASIL,
2011).
3.3 Anlise de Risco na Indstria de Petrleo e Gs
As refinarias de petrleo so consideradas fontes de risco de
magnitude relativa alta, o que
lhes confere os maiores volumes de risco. Entretanto, as demais
instalaes, como, por
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
12
exemplo, o transporte, o armazenamento e as unidades de produo
de petrleo, esto entre
mdia e baixa. Entende-se que as refinarias sejam consideradas
dessa forma, tendo em vista
que suas mquinas e equipamentos de processo, alm de estarem
presentes em grandes
quantidades e grande diversidade de modelos, operam com
parmetros de processo
normalmente elevados, havendo tambm para essas unidades uma
caracterstica muito forte
de processo (JORDO et al., 2002).
No caso das unidades de armazenamento, de transporte de produtos
de petrleo e de
produo, normalmente, no h uma caracterstica muito acentuada de
processo. Ademais, as
mquinas e os equipamentos de processo operam na maioria das
vezes com parmetros no
to elevados como no caso das refinarias de petrleo. As unidades
de produo de petrleo
no possuem grande diversidade de produtos inflamveis e os
produtos so o petrleo, o gs
natural e eventualmente o gs sulfdrico, alm de no haver tambm
caractersticas de
processo (JORDO et al., 2002).
Segundo Ferreira (2007), o nmero de acidentes ocorridos em uma
indstria de petrleo e gs
deve ser analisado em funo do modo de operao na hora do
acidente, quais sejam: a
perfurao, produo, construo, transferncia, dentre outros. A
Figura 9 abaixo apresenta
alguns tipos de acidentes ocorridos em uma unidade petrolfera
com o seu respectivo nmero
de fatalidades.
Na rea do E&P da Petrobras, foi desenvolvida uma ferramenta
SMSNet que permite a
elaborao dos estudos de riscos qualitativos (APR e HAZOP) e o
arquivamento dos
relatrios dos estudos quantitativos de incndio, exploso e
disperso de gases (OLIVEIRA,
2008).
Segundo Oliveira (2008), essa ferramenta permite realizar o
gerenciamento das
recomendaes dos estudos de forma a atender o sistema de gesto de
riscos. Os estudos so
desenvolvidos e so propostas aes de mitigao ou neutralizao dos
perigos. Ademais,
estas aes so acompanhadas em sua implementao ou de suas
alternativas aprovadas.
Todas as partes que esto envolvidas com o projeto tm acesso as
anlises de maneira que a
mudana seja implementada com menor impacto possvel segurana da
unidade petrolfera.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
13
Figura 9 Tipos de acidentes e nmero de fatalidades em uma
indstria de petrleo e gs
Fonte: Ferreia (2007)
O trabalho de Oliveira (2008) buscou evidenciar a prtica da
gesto de riscos de uma unidade
de negcio de explorao e produo de petrleo da Petrobras e
identificar as ferramentas e as
metodologias de anlise de riscos aplicadas aos seus projetos e
as mudanas nas instalaes
de superfcie das unidades martimas de produo. Algumas perguntas
foram realizadas no
trabalho de Oliveira (2008) relacionadas ao sistema de gesto da
UN-RIO, servindo de
parmetros para outras empresas que trabalham com produtos
inflamveis.
A segunda pergunta realizada questionava de que maneira era
realizado o levantamento dos
perigos de uma plataforma de petrleo, durante a fase de elaborao
e construo. A resposta
obtida foi que:
Os Projetos Bsicos so elaborados pelo Centro de Pesquisa CENPES
da Petrobras, onde so geradas as Especificaes Tcnicas
para cada projeto a ser desenvolvido. Nessa fase os Estudos de
Riscos
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
14
so realizados e os perigos do processo das instalaes de
superfcie
so identificados atravs das metodologias APR e HAZOP,
gerando
propostas de melhorias para a fase de detalhamento. Os Projetos
de
Detalhamento das plataformas de petrleo so feitos atravs de
licitaes internacionais, quando so entregues s empresas
candidatas
de projeto e construo, todas as especificaes tcnicas da
Petrobras
para aquele projeto. Dentre a documentao que ser gerada
durante
essa fase esto os relatrios dos Estudos de Riscos. Esses podem
ser
elaborados individualmente para cada mdulo da plataforma
identificando e tratando os perigos (OLIVEIRA, 2008).
A terceira pergunta indagava de que maneira era realizado o
levantamento dos perigos de uma
plataforma de petrleo em operao. A resposta obtida foi:
Nas plataformas em operao os perigos esto relacionados
realizao dos trabalhos de manuteno e interveno em
equipamentos, ou quando da alterao do projeto original. Para
a
execuo de trabalhos a bordo de uma plataforma necessria a
Permisso para Trabalho que emitida em formulrios prprios.
Nesse momento o trabalho avaliado pelo executante e pelo
emissor
da PT e conforme a complexidade da tarefa elaborada uma
Anlise
de Riscos de Nvel 1 (APN1) ou de Nvel 2 (APN2). A APN1 feita
atravs do preenchimento de um checklist pelo emitente da PT
juntamente com o executante, a APN2 baseada na metodologia
de
uma Anlise Preliminar de Perigos e envolve a participao de
um
Tcnico de Segurana que ir coordenar a anlise, de um
Coordenador
da rea envolvida, do emitente da PT e do executante da obra.
3.3.1 Causas de Incndio e Exploso na Indstria de Petrleo e
Gs
Inmeros fatores podem coexistir para que ocorra um incndio ou
uma exploso em uma
indstria de petrleo e gs. Esses fatores podem estar
principalmente relacionados com a
armazenagem inadequada de material, manuteno inadequada,
inexistncia de para-raios e
falta de ordem e limpeza.
Com relao ao armazenamento de materiais, alguns procedimentos
simples podem ser
levados em considerao para evitar que ocorra incndio ou exploso
(JORDO et al., 2002):
Manter a substncia inflamvel distante da fonte de calor e do
comburente, como
ocorre em casos de operaes de solda e oxicorte;
Separar ou isolar os tubos de acetileno dos tubos de oxignio
durante a operao de
solda. A armazenagem em locais separados contribui de maneira
eficaz para o aumento
da segurana;
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
15
Manter a mnima quantidade de material inflamvel para uso, como,
por exemplo, de
operaes de pintura, nas quais o solvente armazenado deve ser
apenas o suficiente para
um dia de trabalho;
Possuir boas condies de ventilao em um depsito para a
armazenagem de
inflamveis e manter o mais longe possvel da rea de trabalho;
Proibio de fumar nas reas onde existam combustveis ou inflamveis
estocados.
Os fatores potenciais relacionados manuteno inadequada que podem
causar o incndio ou
a exploso em uma indstria de petrleo e gs so (JORDO et al.,
2002):
Instalao eltrica em condies precrias, como, por exemplo, fios
expostos ou
descascados que podem ocasionar curtos-circuitos. Eles podero
ser a origem de focos
de incndio se encontrarem condies favorveis formao do fogo;
Instalaes eltricas mal projetadas, as quais podero provocar o
aquecimento nos fios
e ser a origem de incndios ou exploses;
Pisos anti-fasca nos setores em que h estoque de lquidos ou de
gases inflamveis.
Os pisos devem ser anti-fasca, porque um simples prego no sapato
poder ocasionar
uma fasca, proveniente do atrito, e ocasionar um incndio ou
exploso. Pela mesma
razo, chaves eltricas a leo oferecem maior proteo que as chaves
de faca;
Instalao mecnica: a falta de manuteno e de lubrificao em
equipamentos e
dispositivos mecnicos podem ocasionar o aquecimento por atrito
em partes mveis,
resultando em uma perigosa fonte de calor.
As medidas de ordem e limpeza tambm so cruciais no processo de
preveno contra
incndio ou exploso, quais sejam (JORDO et al., 2002):
Os corredores, com papis e estopas sujos de leo, graxa e
lubrificantes pelo cho so
lugares onde o fogo poder iniciar e se propagar rapidamente,
dando incio ao incndio;
A decorao, os mveis e os equipamentos de escritrio devem merecer
ateno
especial, tendo em vista que podem estar aumentando em demasia o
volume do material
combustvel. Todo esse material combustvel pode, em certas
circunstncias e
condies, transformar a indstria de petrleo e gs numa gigantesca
fogueira.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
16
3.3.1.1 Instalaes Eltricas
A presena de produtos inflamveis na indstria de petrleo e gs
inerente ao seu processo.
Consequentemente, necessrio que a instalao eltrica tenha um
cuidado especial, uma vez
que os nveis de energia presentes em mquinas e equipamentos, na
grande maioria dos casos,
so maiores que o mnimo necessrio para iniciar um incndio ou uma
exploso.
O procedimento inicial neste tipo de situao a avaliao do grau de
risco no local de
trabalho, podendo ser obtido atravs de um mapa do ambiente
industrial que mostre a
probabilidade de presena de mistura explosiva nesse ambiente e
em que extenso a mistura
explosiva poder ocorrer. Ademais, tambm necessrio determinar
(JORDO et al., 2002):
O tipo de substncia ou material que pode estar presente no
local;
A probabilidade com que essa substncia ou material pode
ocorrer;
A extenso da rea onde essa mistura poder ser encontrada.
O conjunto desses itens supracitados chamado de classificao de
reas. Aps a
classificao de reas, pode-se passar para a fase seguinte,
referente implementao da
seleo e aplicao otimizada dos equipamentos eltricos. Para isso,
fundamental conhecer
os cuidados especiais que devem ter os equipamentos eltricos e
seus acessrios para que no
se constituam em uma fonte potencial de ignio (JORDO et al.,
2002).
Segundo Jordo et al. (2002), para que uma determinada instalao
eltrica apresente
segurana em uma indstria de petrleo e gs necessrio que esteja de
acordo com os
requisitos construtivos especficos, especificados por normas
tcnicas, que a torna adequada
operao em atmosferas potencialmente explosivas. Ademais,
devem-se levar em
considerao os cuidados com a montagem, manuteno e operaes desta
instalao.
4 Consideraes Finais
A literatura existente que aborda a anlise de risco aplicada
segurana do trabalho no
contexto da indstria de petrleo e gs muito escassa e quase
inexistente no Brasil.
Entretanto, algumas empresas, como a Petrobras, possuem um
sistema de gerenciamento de
risco adequado que foi e que est sendo desenvolvido com base em
normas internacionais e
em casos de sucesso.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
17
Entretanto, ainda hoje, existe um grande conflito de definies
dos termos bsicos da rea de
anlise de risco, o que colabora para dificultar a elaborao de
documentos tcnicos
padronizados na rea de anlise de riscos e para padronizar as
definies existentes em
normas internacionais e nacionais.
Pde-se observar que as ferramentas de anlise de risco aplicadas
ao setor de produo ou
setor financeiro podem ser adaptadas e implementadas para
utilizao no setor petrolfero na
segurana do trabalho.
A partir do levantamento bibliogrfico realizado, pde-se observar
que os riscos de incndio e
exploso fazem parte do processo de produo de uma indstria de
petrleo e gs e que esto
sempre presentes, esperando apenas que ocorra um erro
operacional para gerar uma
catstrofe. Consequentemente, a anlise de risco aplicada a
segurana do trabalho,
especialmente na indstria de petrleo e gs, deve avanar bastante
at que se atinja um maior
grau de segurana, reduzindo assim esses riscos e,
consequentemente, os acidentes por estes
gerados.
Referncias
ANP. Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis.
Boletim da ltima da produo de
petrleo e gs natural de janeiro de 2013. Disponvel em: . Acesso
em: 20 mar. 2013.
AVEN, T. Foundational Issues in Risk Assessment and Risk
Management, Risk Analysis, 32 (10), p. 1647-
1656, 2012b.
BRITISH STANDARDS INSTITUTION-BSI. OHSAS 18001. Occupational
health and safety management
systems Requirements, London, 2007.
CODEX. Codex Alimentarius Commission. Procedural Manual.
Disponvel em:
. Acesso em: Janeiro/2013.
ERNST & YOUNG TERCO BRASIL. Departamento de Comunicao e
Gesto. Brasil sustentvel:
perspectivas dos mercados de petrleo, etanol e gs. Braslia:
Ernst &Young Terco, 2011.
EUROPEAN COMISSION. Guidance on risk assessment at work.
Luxembourg:, 2006.
-
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gesto dos
Processos de Produo e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento
Sustentvel dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
18
FEKETE, Alexander. Safety and security target levels:
opportunities and challenges for risk management and
risk communication. International Journal of Disaster Risk
Reduction, 2, p. 67-76, 2012.
FERREIRA, Jos Paulo. Anlise de riscos e contingncia. Notas de
aula da disciplina de Anlise de Riscos e
Contingncia do Curso de Especializao de Engenharia de Campo
Segurana, Meio Ambiente e Sade (SMS) do Programa de Mobilizao da
Indstria Nacional de Petrleo e Gs Natural (PROMINP). 2007.
FRANTZICH, Hkna. Risk analysis and fire safety engineering. Fire
Safety Journal, 38, p. 313-329, 1998.
HUBBARD, Douglas W. The failure of risk management: Why it's
broken and how to fix it. 1 ed. New Jersey:
John Wiley & Sons, 2009.
I, Yet-Pole; CHENG, Te-Lung. The development of a 3D risk
analysis method. Journal of Hazardous
Materials, 153, p. 600-608, 2008.
JORDO, D.M.; FRANCO, L.R. Curso de formao de operadores de
refinaria: preveno contra
exploses e outros riscos. Curitiba : PETROBRAS e UnicenP,
2002.
KIRCHHOFF, Denis. Avaliao de risco ambiental e o processo de
licenciamento: o caso do gasoduto de
distribuio gs brasiliano trecho So Carlos Porto Ferreira. 2004.
Dissertao (Mestrado em Engenharia - Hidrulica e Saneamento) Escola
de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Paulo,
2004.
LIMA, G.B.; GARCIA, S.F.A.; CARVALHO, D.T. Investigao
terica-emprica sobre internacionalizao
de empresas: um estudo de caso no setor vincola. Disponvel em:
http://www.ead.fea.usp.br/semead/9seme
ad/resultado_semead/trabalhosPDF/125.pdf. Acesso em: 26 fev.
2013.
MANCINI, M.C.; SAMPAIO, R.F. Quando o objeto de estudo a
literatura: estudos de reviso. Revista
Brasileira de Fisioterapia, 10 (4), p. 361-472, 2006.
MIURA, K. et al. Characterization of operational safety in
offshore oil wells. Journal of Petroleum Science
and Engineering, 51, p. 111-126, 2006.
OLIVEIRA, Maurcio de Paula. Um estudo de caso da gesto de
segurana industrial de uma plataforma de
petrleo offshore. 2008. Dissertao (Mestrado em Sistemas de
Gesto) Universidade Federal Fluminense, Niteri, 2008.
THOMAS, J.E. et al. Fundamentos de engenharia de petrleo. 2. ed.
Rio de Janeiro: Intercincia, 2004.
WANG, J. Offshore safety case approach and formal safety
assessment of ships. Journal of Safety Research,
33, p. 81-115, 2002.