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Resumo
Este artigo apresenta a Anlise de Redes Sociais (ARS)como um
mtodo a ser aplicado em estudos na cincia dainformao (CI),
inclusive para a compreenso daestruturao da pesquisa nessa rea do
conhecimento.Esta , normalmente, apresentada como uma rea
doconhecimento interdisciplinar, e as diferentes linhas depesquisa
existentes nos Programas de Ps-Graduao, noBrasil, recebem
influncias de diferentes reas doconhecimento. A aplicao da ARS no
estudo da rede deco-autoria dos professores do PPGCI/UFMG permite
tanto aapresentao do mtodo, quanto a obteno de resultadosempricos
para alimentar a discusso sobre a CI. As redesde colaborao entre os
professores refletem, em tese,a participao em programas de pesquisa
da rea.A colaborao entre professores das diferentes linhas
serelaciona com a integrao das diferentesinterdisciplinaridades que
elas apresentam. O artigo expe,inicialmente, uma discusso sobre a
interdisciplinaridade naCI; em seguida d uma viso geral da ARS e
apresentaestudos da rea, destacando-se a anlise de redes
deco-autoria. Finalmente, descreve-se a metodologia dapesquisa e os
principais resultados obtidos da ARS.A concluso destaca os
resultados e refora a importncia daARS como mtodo para a CI, o qual
pode ser explorado comsucesso, inclusive em pesquisas sobre redes
de co-autoria einterdisciplinaridade.
Palavras-chave
Redes sociais. Cincia da informao.
Metodologia.Interdisciplinaridade. Redes de co-autoria.
Anlise de redes sociais como metodologia deapoio para a discusso
da interdisciplinaridade
na cincia da informao
Antonio Braz de Oliveira e Silva*Analista do IBGE, doutorando em
cincia da informao, Escola deCincia da Informao da Universidade
Federal de Minas Gerais(ECI/UFMG), e membro do Ncleo de Estudos em
Tecnologias paraInformao e Conhecimento (Netic)
(www.netic.com.br)E-mail: [email protected]
Renato Fabiano Matheus*Analista do Banco Central, doutorando em
cincia da informao(ECI/UFMG), mestre em cincia da informao
(ECI/UFMG) emembro do Netic (www.netic.com.br)E-mail:
[email protected]
Fernando Silva ParreirasDoutorando em cincia da computao pela
Universitt Koblenz,Alemanha, mestre em cincia da informao
(ECI/UFMG) e membrodo Netic (www.netic.com.br).E-mail:
[email protected].
Tatiane A. Silva ParreirasBacharela em cincia da informao
PUC-MG, assistente depesquisa do Netic (www.netic.com.br)E-mail:
[email protected]
Social network analysis as a method to supportthe debates about
the information science andits interdisciplinary nature
Abstract
This paper discusses the Social Network Analysis (SNA) as
amethod to be broadly applied in Information Science (IS)research.
Information science is normally considered as aninterdisciplinary
field. In this regard, research lines thatcomprise the research
work in post-graduate programs inBrazil are influenced by different
fields of knowledge.The co-authorship analysis of professors
networks in thepost-graduate program in information science at
theUniversity of Minas Gerais (PPGCI/UFMG) carried out byusing SNA
had a twofold output. The first one was to presentthe method
itself. The second, to obtain empirical results thatcan be used to
implement the discussion about thediscipline. Collaborative
networks between professors fromdifferent research lines is related
to the integration ofinterdisciplinary characteristics found in the
disciplinesthemselves. The article briefly presents the
interdisciplinarynature of IS and gives an overview of the
theoretical basis ofSNA. Moreover, it presents studies about
subject-mattersrelated to IS, particularly the co-authorship
network analysis.Finally, the methodological approach of this
research and themain results are presented. In conclusion, the
authors stressthe benefits brought about by the use of SNA as
amethodological tool. It can actually be fruitfully explored
tosupport researches in both co-authorship networks anddebates
about Information Science and its interdisciplinarynature.
Keywords
Social networks. Information science.
Methodology.Interdisciplinarity. Co-authorship networks.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
* Antonio Braz e Renato Matheus realizaram o presente trabalho
como apoio dos Programas de Ps-graduao do IBGE e
Bacen,respectivamente.
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INTRODUO
A cincia da informao apresentada, de uma maneirageral, como uma
rea do conhecimento relativamenterecente e interdisciplinar, o que
impede, em muitassituaes, que se delimite, claramente, o seu campo
deatuao. As discusses sobre seu programa de pesquisa emetodologia
so colocadas em termos do seurelacionamento com outras disciplinas,
e a simplesidentificao dos assuntos de interesse da CI
oferecedificuldades decorrentes dessa caracterstica.
Os programas de ps-graduao (stricto sensu) da rea,que, no
Brasil, representam as instituies de pesquisa,so estruturados em
linhas de pesquisa, a maioria comumao conjunto das instituies. Elas
organizam suas linhasde pesquisa em trs vertentes bsicas: i)
tratamento euso da informao; ii) informao, cultura e sociedade;iii)
gesto da informao e do conhecimento. As exceesso o Instituto
Brasileiro de Informao em Cincia eTecnologia (Ibict)/ Universidade
Federal Fluminense(UFF), que tm uma linha de pesquisa em
teoria,epistemologia, interdisciplinaridade em CI, e a
UniversidadeFederal de Santa Catarina (UFSC), com uma linha narea
de ensino e formao dos profissionais da informao.Essas linhas
contemplam os aspectos prticos e tericosdesejveis nos programas de
pesquisa. No entanto, asdiferenas encontradas nos termos que
descrevem ocontedo de cada uma delas so significativas, podendo-se
inferir que cada uma tem uma caractersticainterdisciplinar
distinta, em termos de influncia deoutras reas de conhecimento.
Em termos da convivncia das linhas de pesquisa em ummesmo
programa, seria possvel esperar que as
diferentesinterdisciplinaridades permitissem diferentesabordagens
para o mesmo problema de pesquisa e que asdiferentes abordagens
tericas fossem se aproximando,na construo do campo da cincia da
informao. Essaconjectura pode ser abordada, do ponto de vista de
suaverificao, de vrios ngulos e com diferentesinstrumentais. Na
verdade, no se pode analisar umcampo de conhecimento tomando-se
apenas um deles.
O objetivo do artigo propor a metodologia de anlisede redes
sociais (ARS ou SNA, da expresso em inglsSocial Network Analysis)
como uma ferramenta para aanlise da produo cientfica. Ela permite,
por exemplo,a identificao de colgios invisveis e a observao
dealguns aspectos da interdisciplinaridade decorrentes dacolaborao
de pesquisadores de reas distintas.A metodologia de ARS aplicada s
redes de colaborao
permite que a interdisciplinaridade das reas deconhecimento
possa ter um dos seus mltiplos aspectoscapturados e analisados.
Entender a formao destas redes,por exemplo, com relao produo de
pesquisas ouartigos em parceria, uma das formas de se analisar
aestruturao de um campo do conhecimento, conformea literatura da
rea (CRANE, 1972). Sua importncia ,ainda, maior para a cincia da
informao, pois ametodologia adquire duas grandes funes: serve para
aanlise da sua prpria produo cientfica, da mesmaforma que para
qualquer rea do conhecimento e, aomesmo tempo, constitui uma
ferramenta complementarquelas j empregadas nas anlises
bibliomtricas. Parajustificar a proposio, foi feito um estudo de
caso, tendocomo alvo o PPGCI/UFMG. O uso desse programa
comoreferncia para a aplicao da metodologia escolhida deve-se sua
importncia para a CI no Brasil. Dessa forma, oestudo descrito nesse
artigo se prope a analisar a rede deco-autoria entre os professores
do PPGCI/UFMG,procurando identificar: i) se ela densa, como
muitosartigos publicados nessa condio, envolvendo a maiorparte dos
professores; ii) se existe colaborao entre osprofessores das
diferentes linhas de pesquisa. Essesresultados servem de base para
se analisarem as relaesde colaborao entre estas linhas que,
conforme sedepreende da descrio de seu contedo, possuemdiferentes
interdisciplinaridades.
Em outras palavras, utiliza-se a metodologia de anlisede redes
sociais para estudar a rede de co-autoria dosprofessores de um
programa representativo na rea oPPGCI/UFMG , tentando-se associar a
colaboraoentre os professores da mesma rea ao vigor do programade
pesquisa e, entre aqueles de diferentes reas,
intenointerdisciplinar das mesmas. Os resultados
estariammanifestados nas publicaes totais e, especialmente,
nasconjuntas. Essa abordagem uma das possveis, uma vezque os
pesquisadores podem ter (e, normalmente, tm)variadas formas de
relaes com membros de suacomunidade de pesquisa (outros professores
do programa,alunos, pesquisadores de outras instituies ou de
outrasreas e outros) e a compreenso final da organizao socialde uma
rea s poderia ser compreendida com a adiodessas outras formas de
relacionamento (CRANE, 1972).No entanto, cada abordagem fornece
pistas para asdemais e permite que se testem algumas suposies
sobreo comportamento social dos pesquisadores.
Este artigo est organizado em mais quatro sees, almdessa
Introduo. Na seo 2, A Cincia da Informao(CI) e a
Interdisciplinaridade, analisam-se acaracterstica interdisciplinar
da rea, amplamente
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
mencionada na literatura, e as conseqentes dificuldadesde se
organizar a pesquisa dentro da CI. Associa, tambm,as diferentes
influncias estruturao das linhas depesquisa que moldam os programas
no Brasil, paraapresentar a conjectura de que a colaborao entre
asdiferentes linhas seria um esforo para se delimitar ocampo da CI.
A seo 3, ARS e as redes de co-autoria,discute a metodologia de ARS
e sua aplicao em estudosde co-autoria em diferentes pases e
comunidades depesquisa. Apresenta, ainda, a notao matemtica
bsicapara se compreender a ARS. A seo 4, Estudo da redede
co-autoria entre os professores do PPGCI/UFMG,apresenta o Programa
e a justificativa de sua escolha paraa presente pesquisa, assim
como a metodologia empregadano levantamento, crtica e tratamento
dos dados, a anlisede dados, as principais estatsticas descritivas,
umaavaliao da distribuio da produo entre osprofessores, com base na
distribuio de Lotka e no ndicede Gini, e a ARS propriamente dita,
apoiada em tabelase grafos. Finalmente, na seo 5, Concluso,
avaliam-seas suposies e conjecturas ante os resultados e avana-se a
proposio de estudos futuros.
A CINCIA DA INFORMAO E AINTERDISCIPLINARIDADE
A cincia da informao , de uma maneira geral,apresentada como uma
rea do conhecimentorelativamente recente e interdisciplinar, o que
impede,em muitas situaes, que se delimite o seu campo deatuao. As
discusses do seu programa de pesquisa emetodologia so colocadas em
termos do seurelacionamento com outras disciplinas, e a
simplesidentificao dos assuntos de interesse da CI
oferecedificuldades decorrentes dessa caracterstica (TARGINO,1995;
CARDOSO, 1996; GMEZ, 2001; GOMES, 2001;LE COADIC, 1997; MACHLUP;
MANSFIELD, 1983),uma vez que a rea traz a influncia de vrios campos
doconhecimento, tais como a biblioteconomia, a sociologia,a
administrao, a cincia da computao e acomunicao.
A discusso sobre a natureza da CI parece ser to antigaquanto a
histria desse campo de conhecimento. Deacordo com Vakkari (1991),
durante os anos 70 a discussotinha um vis terico e conceitual, mas,
nos anos 90,parece ter retornado e se ampliado, incluindo a
relaoentre biblioteconomia e cincia da informao e,sobretudo, a
identificao e a definio dos conceitoscentrais da disciplina, tais
como conhecimento,informao e necessidade de informao.
A institucionalizao social da CI pode ser entendidatomando-se
emprestado o conceito de campodesenvolvido pelo socilogo Pierre
Bourdieu. Segundoele, a atuao dos indivduos se processa em
contextossociais especficos, que tocam em determinados aspectosda
vida social. O campo definido como o locus das lutasno qual os
agentes buscam manter ou alterar adistribuio do capital (especfico
ao campo, isto ,relevante para o processo em questo), assim como a
suaposio dentro dele. Portanto, os campos podem seranalisados
independentemente das caractersticas queapresentam os atores
individuais que dele fazem parte(BOURDIEU, 2000).
A partir de determinado ponto, qualquer rea comea ase definir
como um espao relativamente autnomo, comsuas prprias leis de
funcionamento, seus tericos, suasrevistas etc., chegando-se a ponto
em que j no se podecompreender o que produzido em um campo sem
seconhecer a sua histria. Dessa forma, os campos secomportam como
os demais organismos sociais,nascendo, desenvolvendo-se e, em algum
momento,desaparecendo. Em termos de sistemas biolgicos, osindivduos
com interesse no campo no lutaminternamente s para alterar sua
situao de poder, mastambm para conservar e ampliar os espaos do
campovis--vis os demais.
Compreender a sua institucionalizao cognitiva, isto ,o consenso
e a clareza na formulao de teorias, oscritrios para a relevncia dos
problemas e a definio ea aceitao das solues encontradas, assim como
dosmtodos usados, significaria delimitar os objetos depesquisa do
campo, ou seja, especificar quais so osprincipais objetivos e as
reas promissoras para pesquisa.Dessa forma, esse aspecto da
institucionalizao estintimamente relacionado com a definio do
statuscientfico do campo estudado. A compreenso dessestatus passa
por diferentes e complexas discusses eabordagens, indo da discusso
bsica do que cincia,passando pelas origens histricas do campo, sem
esquecera discusso filosfica que analisa as diferenas entre
ascincias naturais e as cincias sociais.
Para se chegar compreenso desse status, no caso dacincia da
informao, seria interessante observar aabordagem, do ponto de vista
da histria das cincias,feita por Thomas Kuhn. Em palestra
intituladaO Problema com a Filosofia Histrica da Cincia,proferida
no Departamento de Histria da Cincia daUniversidade de Harvard, na
srie de confernciasdenominada Rothschild Lectures, ele faz uma
anlise do
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papel dos filsofos da cincia na mudana da imagemque se tem da
cincia, destacando a necessidade de, doponto de vista histrico,
entender-se o processo peloqual as diferenas entre as crenas dos
diversos grupos depesquisadores vo convergir para um consenso. Do
pontode vista histrico, observou-se o surgimento de
novasespecialidades ao longo da histria, uma analogia com
aespecializao observada, nos seres vivos, pela biologia.Ao longo
dos ltimos sculos, especialmente na rea dascincias naturais, as
especializaes se transformaram emcincia, criando um campo prprio,
com revistas etc. um processo que adquire a forma de uma rvore
(umarvore genealgica, por assim dizer) (KUHN, 1992).
Uma vez que se cria um ramo novo nessa rvore, ele deveconter sua
prpria delimitao e o seu prprio objeto deinteresse. A cincia da
informao parece estar nocaminho inverso, ou seja, com o enxerto de
dois outrosramos (biblioteconomia e ciberntica), pretende-se
criarum novo, mais robusto, que se aproveite dos paradigmasdos
anteriores e abra, ainda, novos espaos deinvestigao. Assim,
aparentemente, a CI encontra-sediante de um paradoxo: se o caminho
da transformaode especializaes em cincias a necessidade de
seanalisarem os novos problemas surgidos nas disciplinasj
existentes, a partir de uma nova viso e de perspectivasde novas
direes de desenvolvimento, criando, assim,um novo campo de
conhecimento e uma nova cincia,por que se valer permanentemente dos
mtodos de outrasdisciplinas? Para discutir essa questo, Gmez
(2000)utiliza, como ponto de partida, o conceito de programade
pesquisa, introduzido por Imre Lakatos, historiadorda cincia, na
dcada de 60. Um programa de pesquisacientfica um aglomerado de
teorias conectadas quederivam de um ncleo central, composto pelas
crenascomuns que unem os seguidores do programa. Segundoela:
[...] a pesquisa em cincia da informao apresentariaum problema
particular que podemos identificar demodo quase imediato: Se existe
grande diversidadena definio das heursticas afirmativas, as
quedefinem as estratgias metodolgicas de construodo objeto e que
permitem a estabilizao acumulativado domnio, maior a dificuldade
para estabelecer asheursticas negativas, as que definem o que
nopoderia ser considerado objeto do conhecimento dacincia da
informao, condio diferencial quefacilita e propicia as relaes de
reconhecimento ecomplementaridade com outras disciplinas. E
istoacontece na cincia da informao por um lado, pelareferncia
intrnseca de seu objeto a todos os outros
modos de produo de saberes, gerandoconstantemente novas trelias
interdiscursivas e, poroutro lado, pela natureza estratificada e
poli-epistemolgica dos fenmenos ou processos deinformao. Desde suas
primeiras manifestaes,apresentava-se, assim, a cincia da informao,
comoconjunto de saberes agregados por questes antes que porteorias
(GMEZ, 2000). (Grifo dos autores).
A classificao da produo cientfica desta rea deconhecimento um
tema capaz de gerar diferentestaxonomias (ODDONE; GOMES, 2003).
Apesar de taldificuldade, Gomes (2003), a partir de uma sntese
dediversos estudos produzidos no Brasil, dentre os quaisOliveira
(1998; 1999) e Mueller e Pecegueiro (2001),concluiu que os assuntos
mais pesquisados pela CI, noBrasil, estudam os seguintes temas: i)
usurios,transferncia e uso da informao e da biblioteca;
ii)processamento e recuperao da informao (entrada,tratamento,
armazenamento, recuperao e disseminaoda informao) (GOMES, 2003, p.
17). Parasimplificao, neste texto o primeiro tema referenciadopor
meio da expresso usos da informao ou USOS eo segundo tema por meio
da expresso recuperao dainformao ou RI. Nas pesquisas em CI, o
primeirotema USOS est ligado mais fortemente aosindivduos, e o
segundo RI est tradicionalmenteligado recuperao da informao
registrada, maisespecificamente aos sistemas de informao.
Ao analisar a pesquisa em CI, Dias (2002) a apresentacomo uma
rea do conhecimento que abarca uma sriede especialidades ou
subreas, algumas consensualmenteaceitas (biblioteconomia, por
exemplo) e atribui a origemda utilizao da expresso CI, nesse
sentido genrico, aofato de assim ser utilizada na tabela de reas
doconhecimento do Conselho Nacional doDesenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico (CNPq).Nela, a CI se subdividiria em trs grandes
subreas: teoriada informao, biblioteconomia e arquivologia.
Segundoo autor, a teoria da informao se caracterizaria como
aespecialidade do campo que lida com a informaoespecializada. Ele
tenta delimitar o campo a partir dadefinio das disciplinas bsicas,
a saber: 1) organizaoda informao visa organizao das informaes
/documentos que vo dar sustentao a sistemas deinformao e de
recuperao da informao (SIRIs); 2)Busca em Sistemas de Informao
estudo das funes debusca e da formulao das estratgias de busca. No
casoda informao especializada, trata-se da interao entreo
conhecimento do usurio das complexas fontes deinformao e de seus
respectivos instrumentos de acesso.
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Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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Dessa forma, ele tenta definir a heurstica negativa doprograma
de ensino em CI, afirmando que os contedosque estejam fora das
disciplinas bsicas no podem jamaisconstituir o principal em um
programa [de ensino], master apenas um carter complementar (DIAS,
2002).
Pode-se, ento, aceitar que as reas de pesquisa e asdisciplinas
obrigatrias possam ser, de fato, agrupadasem duas grandes reas:
USOS e RI. Resta o problema deassoci-las s linhas de pesquisa
existentes nos programasde ps-graduao da rea. Em discusso acerca
dosdesafios da CI, um dos autores deste artigo (MATHEUS,2005)
argumenta que os programas de pesquisa para area deveriam agregar,
simultaneamente, trs abordagenscomplementares: i) pesquisas prticas
e empricas; ii)pesquisas tericas, que devem interagir com as
pesquisasempricas por meio de temas definidos pelos programasde
pesquisa; iii) pesquisas associadas filosofia da
informao, que tm maior liberdade em relao a temaspara debater
filosfica e epistemologicamente a CI.
Com base no referencial exposto, pode-se tentar associaras
linhas de pesquisa com essa proposta e com as duasgrandes reas. Os
cursos de ps-graduao (stricto sensu)organizam suas linhas de
pesquisa em trs vertentesbsicas: i) tratamento e uso da informao;
ii)informao, cultura e sociedade; iii) gesto da informaoe do
conhecimento. As excees so o Ibict/UFF, quetm uma linha de pesquisa
em teoria, epistemologia,interdisciplinaridade em CI, e a UFSC, com
uma linha narea de ensino e formao dos profissionais da
informao.
Tomando-se as trs linhas comuns, pode-se dizer queelas
contemplam os aspectos prticos e tericos desejveisnos programas de
pesquisa e que podem ser analisadassegundo as duas grandes reas que
estruturam a produona CI, conforme pode ser observado no quadro
1.
QUADRO 1Linhas de pesquisa da cincia da informao e sua relao com
as reas e as caractersticas dos programas depesquisa
Programade pesquisa
Pesquisasprticas eempricas;pesquisastericas
Pesquisasprticas eempricas;pesquisastericas
Pesquisasprticas eempricas;pesquisastericas
Nome
Tratamento euso dainformao
Informao,cultura esociedade
Gesto dainformao e doconhecimento
Contedo
Organizao do conhecimento,representao da informao,
indexao,ndice, classificao do conhecimento,comunicao cientfica,
colgios invisveis,anlise de citaes.
Informao, sociedade contempornea,redes sociais, informao, estado
esociedade civil; informao, espao eprticas sociais; informao,
cultura etecnologia; informao e educaoprticas informacionais e
odesenvolvimento da cidadania; anlise dosimpactos das tecnologias
da informao eda comunicao na sociedade em geral.
Acesso, disseminao e uso da informaoem organizaes, fontes e
servios deinformao para negcios, gesto dainformao e do
conhecimentotecnolgicos, aprendizagemorganizacional,
empreendedorismo, gestoestratgica, inteligncia
empresarial,monitorao ambiental, tecnologias dainformao para a
gesto, a informao noprocesso decisrio das organizaes.
Usurios, transferncia euso da informao e da
biblioteca (USOS)
Usurios de sistema deinformao e especialistasem informao,
comnfase em bibliotecas econhecimento cientfico.
Cidados em geral egrupos sociais especficos.
Usurios de sistema deinformao e especialistasem informao,
comnfase em organizaes.
Processamento erecuperao da
informao (RI)
Classificao,indexao erecuperao deinformao;automao.
Sistemas pblicos deinformao, emqualquer meio;governo
eletrnico;redes de informaoem comunidades ougrupos.
Classificao,indexao erecuperao deinformao;automao. Sistemasde
gesto e apoio tomada de deciso.
Fonte: Ancib.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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Conforme a tabela, pode-se dizer que as linhas depesquisa
oferecem as caractersticas bsicas de subreasde produo do
conhecimento para serem tomadas comounidades de anlise sobre a
cincia da informao. Almdisso, pelas diferenas encontradas nos
termos quedescrevem o contedo, pode-se entender que cada umadelas
tem uma caracterstica interdisciplinar distinta,em termos de
influncia de outras reas deconhecimento. No caso de Tratamento e
uso dainformao, as influncias seriam, principalmente, dasreas de
biblioteconomia, arquivologia, lingstica ecincia da computao. Na
linha Informao, cultura esociedade, as maiores influncias seriam
das cinciashumanas, em especial a sociologia e a cincia poltica(no
esquecendo que essa influncia se estende, inclusive,aos mtodos de
pesquisa). Finalmente, na linha deGesto da informao e do
conhecimento, estariamrelacionadas as cincias sociais aplicadas,
especialmenteadministrao e economia, alm da cincia dacomputao.
Em termos da convivncia das linhas de pesquisa em ummesmo
programa, seria esperado que as diferentesinterdisciplinaridades
permitissem diferentesabordagens para o mesmo problema de pesquisa
e que asdiferentes abordagens tericas fossem se aproximandona
construo do campo da cincia da informao. Essaconjectura pode ser
abordada, do ponto de vista de suaverificao, de vrios ngulos e com
diferentesinstrumentais. Na verdade, no se pode analisar umcampo de
conhecimento tomando-se apenas um dessesngulos, conforme j havia
sido mencionado (ver, a esserespeito, Crane, 1972).
ARS E AS REDES DE CO-AUTORIA
A anlise de redes sociais (ARS ou SNA, da expressoem ingls
Social Network Analysis*) uma abordagemoriunda da sociologia, da
psicologia social e daantropologia (FREEMAN, 1996; WASSERMAN;FAUST,
1999). A anlise de redes sociais interessa apesquisadores de vrios
campos do conhecimento que,na tentativa de compreender o seu
impacto sobre a vidasocial, deram origem a diversas metodologias de
anliseque tm como base as relaes entre os indivduos, emuma
estrutura em forma de redes. As redes so sistemascompostos por ns e
conexes entre eles, que, nascincias sociais, so representados por
sujeitos sociais
(indivduos, grupos, organizaes etc.) conectados poralgum tipo de
relao. De forma genrica, pode-se estudaro sistema visando apenas a
entender como ele se comportae como as conexes influenciam esse
comportamento,com aplicaes na rea de sade pblica (e.g.,
estudosepidemiolgicos), de tecnologia da informao (e.g., amesma
idia para os vrus de computador), da sociologia(e.g., os movimentos
sociais), da economia (e.g., mercadose economias de rede) e da
matemtica aplicada (e.g.,otimizao de algoritmos) (WATTS, 1999).
O uso da ARS vem crescendo significativamente nosltimos 20 anos,
conforme demonstrado porpesquisadores na rea, a partir de pesquisas
em base dedados de artigos cientficos e em programas de
pesquisa(OTTE; ROUSSEAU, 2002; BORGATTI; FOSTER,2003). Tal
crescimento vem ocorrendo em funo doaumento da quantidade de dados
disponveis para anlise,do desenvolvimento nas reas de informtica
eprocessamento de dados com o conseqente aumentodo poder
computacional disposio dos pesquisadores e da ampliao dos assuntos
de interesse e das reas deconhecimento que utilizam a ARS e a
publicao deinmeros manuais sobre o tema.
A ARS no uma proposta nova para a CI, embora nose possa afirmar
que seja, como metodologia, umaferramenta amplamente utilizada na
rea. A experinciainternacional, muito mais ampla que a brasileira,
mostraque alguns dos principais autores da rea de ARSpublicaram em
revistas cientficas da CI. Em sua pesquisa,Otte e Rousseau (2002)
fazem uma rpida reviso deestudos na rea, tomando como referncia o
incio dosanos 70 e relacionando-os, principalmente, com redesde
informao, redes de co-autoria, de pesquisadores ede citaes. Depois,
combinando a base de dados Libraryand Information Science Abstracts
(Lisa) e da lista dosprincipais autores sobre o tema de ARS,
pesquisaramsua relevncia na rea de CI. Dos 47 autores maisprolficos
(com seis ou mais artigos), 12 haviam escritoartigos presentes
nessa base de dados(independentemente de serem os primeiros
autores),mas no so pesquisadores da CI. J no Brasil, ainda sopoucos
os estudos que utilizam essa metodologia, e asreferncias na rea de
CI so reduzidas, sendo que otrabalho de Regina Marteleto parece ser
pioneiro(MARTELETO, 2001). Pesquisando-se a base deperidicos PERI
da ECI/UFMG, com cerca de 7 milartigos indexados nas reas de
biblioteconomia e cinciada informao, obtiveram-se 16 artigos para a
pesquisaredes sociais e quatro para anlise de redes sociais.* Os
termos originais em ingls so utilizados para que se evitem
ambigidades, uma vez que existem tradues diferentes para o
mesmotermo em portugus.
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Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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Mesmo para uma pesquisa rpida, os resultados indicamo baixo uso
dessa ferramenta na CI*.
Em contrapartida, muitas pesquisas que utilizam a ARSe que
poderiam ser apontadas como tendo uma interseocom os programas na
rea de CI podem ser encontradasem publicaes de outras reas. Por
exemplo, as ligaesestudadas atravs da ARS dentro das organizaes e
dasempresas, para identificar e analisar os fluxos deinformao entre
os atores e seus impactos na gerao deconhecimento, ou as relaes de
autoridade e seu papelno fluxo de informaes podem ser encontradas
emrevistas da rea de administrao e sociologia. Outrosexemplos de
estudos utilizando a ARS que podem,tambm, ser considerados como
pertinentes CI so acomunicaes entre atores (ns) para a obteno
deinformaes vantajosas (GRANOVETTER, 1973;BURT, 2000; BURT, 1995;
BORGATTI; CROOS, 2003);o envio de mensagens eletrnicas entre
pessoas, comofeito no trabalho sobre troca de mensagens
eletrnicas(FREEMANs EIES Electronic Information ExchangeSystem
study apud WASSERMAN; FAUST, 1999, p.62) e as relaes de autoridade
formal ou deaconselhamento tcnico em uma organizao(KRACKHARDT;
HANSON, 1993, MOLINA, 2000;KRACKHARDT, 1987); a anlise de redes de
empresasem clusters ou sistemas produtivos locais (SAXENIAN,1996;
MCIAS, 2002); o estudo de redes de pequenas emdias empresas (ROCHA,
2003), empreendedorismoe redes familiares (LIN et al., 2001); e as
redes entregrandes empresas e seus fornecedores e os fluxos
deconhecimento embutidos nessas relaes (CARLEIAL,2001).
H, entretanto, uma rea na qual a ferramenta de ARS mais
utilizada, combinando seus resultados com outrosmtodos
quantitativos j empregados na CI.Beneficiando-se da flexibilidade
do conceito de ator, aanlise de rede tem sido empregada como uma
ferramentaadicional para os estudos nas reas de bibliometria
einfometria. Como at mesmo artigos cientficos podemser tratados
como atores, neste caso as citaes fazendo aligao entre os atores
(WASSERMAN; FAUST, 1999,p. 51), os conceitos de redes permitem a
identificao de
grupos de pesquisadores e comunidades de prtica,lideranas e
autores principais, assim como ainterpretao social das redes de
citaes bibliomtricas(MAHLCK; PERSSON, 2000).
Uma rede de co-autoria uma rede na qual os ns so osprofessores /
pesquisadores, e h conexo entre elessempre que par t i lham a autor
ia de um ar t igo .A visualizao da rede, na forma de grafos,
considerada,pelos autores da rea, mais intuitiva do que a
visualizaona forma de matrizes, embora os dados coletados
sejam,normalmente, apresentados dessa forma.
Na nomenclatura de grafos usada na ARS, trata-se deuma rede
no-direcional, isto , as ligaes entre nsindependem de sua origem.
Assim:
A rede de co-autoria vai ser representada pelo grafoG(N,L);
O conjunto N de pesquisadores sero os ns,N = {n1,n2,...,ng};
sendo g o nmero de ns;
As relaes de co-autoria pelas linhas, L = {l1,l2,...,lL},
ouseja, as relaes de co-autoria so dadas por pares depesquisadores
conectados por uma linha;
* A base de peridicos PERI contm artigos de peridicos e
trabalhospublicados em anais de eventos tcnico-cientficos,
refletindo aliteratura nacional nas reas de biblioteconomia, cincia
dainformao, arquivstica e outras interdisciplinares. A
pesquisa,realizada em 10/03/2005 e com o uso do Microisis, obteve
16 artigospara a pesquisa redes*sociais e quatro artigos
paraanlise*redes*sociais (pesquisa booleana com o operador *,
queequivale interseo ou and) para cerca de 7 mil artigos
indexados.
),( jik nnl = se os pesquisadores ni e nj possuem uma
relao de co-autoria, para i # j;
),( jik nnl = , para i = j;
lk = lq = (n1,nj) = (nj ,n1), uma vez que as relaes so dotipo
no-direcionais.
Em termos matriciais, a matriz X, denominada matriz deadjacncia,
a matriz social ou sociomatriz (do inglssociomatrix), na qual, nas
linhas (i) e nas colunas (j), estodispostos os autores da rede de
co-autoria estudada.Trata-se de uma matriz quadrada, uma vez que os
mesmosautores aparecem nas linhas e nas colunas sociais (osvalores
i e j so iguais), e simtrica em relao diagonalprincipal, isto , os
laos aqui estudados so recprocos.No existem os autolaos, isto , os
autores no tm laosconsigo mesmos*. Assim:
Seja X a matriz de co-autoria, tal que:
xi,j = 1, se existe uma relao de co-autoria; para i # j;
* Nesse caso, seria um loop, isto um autolao ou autoligao.
Elesno so possveis em muitas modelagens (por exemplo, no
possvelestabelecer um lao de amizade consigo prprio).
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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79
xi,j = 0, se no existe uma relao de co-autoria; para i # j;
xi,j = 0, para i = j, ou seja, xi,j = 0*;
xi,j = xj,i, uma vez que as relaes so do tipo nodirecionais.
Uma segunda matriz pode, tambm, informar o nmerode artigos
publicados em co-autoria, em vez apenas daexistncia de sua relao.
Dessa forma:
xi,j = xj,i = q, sendo q o nmero de artigos publicados
emco-autoria;
xi,j = xj,i = 0, se no existe uma relao de co-autoria.
A primeira matriz denominada matriz binria, poisindica apenas a
existncia de laos (no caso, de co-autorias) e a segunda denominada
matriz valorada, poisinforma a quantidade de relacionamentos de
umdeterminado tipo. As redes de co-autoria (A co-autorde um artigo
com B) tm sido estudadas, da mesma formaque as redes de citaes (B
cita o autor C) e co-citaes(B e C so co-citados por D), para se
entender comofuncionam as comunidades cientficas, de forma a
seanalisar a construo dos colgios invisveis e dascomunidades de
prtica. A metodologia de anlise redespermite analisar e representar
graficamente essascomunidades e testar algumas hipteses sobre
ocomportamento de colaborao dos pesquisadores,agregando, ainda,
informaes sobre os seus atributos,tais como rea de pesquisa e de
formao, tempo deformao, departamento, instituio a que
pertencem,sexo etc. As pesquisas fornecem aos formuladores
depolticas informaes sobre a topografia e a morfologiadas
diferentes reas de conhecimento, sobre a existnciaou no de
subgrupos fechados de pesquisa, sobre asrelaes entre pesquisadores
de vrias universidades e,mesmo, pases. Entender como as conexes
sedesenvolvem, o que facilita e o que emperra os fluxos deinformaes
e conhecimentos so problemas de pesquisada CI. Os autores estudados
tomam o cuidado de salientarque o uso da ARS e de mtodos
estatsticos no eliminama necessidade de uma anlise qualitativa
aprofundada.
Nessa linha, tomando por base as redes de co-autoria degrande
porte (inclusive internacional, em uma base de385 autores),
Kretschmer (2004) usa a ARS e as demais
informaes bibliomtricas (produo e produtividade),para definir os
atributos dos autores e analisar a posiona rede daqueles com os
mesmos atributos.Primeiramente, ele analisa a estratificao social
doscientistas, a partir da hiptese de que cientistas com osmesmos
atributos tm maior freqncia de citaes entresi (birds of a feather
flock together*), isto , de que a redeno seria uniforme, mas
formada por agrupamentos(clusters). Usando-se o conceito de
distncia geodsica**,o autor testa, basicamente, trs hipteses: i) se
existeuma conexo entre a estrutura dos clusters e aprodutividade
dos cientistas; ii) se existe uma relaoentre a distncia geodsica e
a produtividade; iii) se aestratificao social maior quando so
menores asdistncias geodsicas. O autor chama a ateno para
aimportncia dos resultados desse tipo de pesquisa comoinsumo para a
poltica cientfica. Suas preocupaesapontam para novas linhas de
pesquisa, sobre acomparao das redes ao longo do tempo e sobre
apossibilidade de se identificarem novas reas doconhecimento quando
elas ainda so embrionrias, assimcomo as redes de colaboradores e
pesquisadores existentesna Web. Tambm na linha de anlise de redes e
estruturasocial dos colaboradores, White et al. (2004) apontampara
a necessidade de mais pesquisas na rea, j que aresposta pergunta do
ttulo do artigo, se as citaesrefletem a estrutura social (Does
citation reflect socialstructure?), no pde ser respondida de forma
categrica.Eles reforam a necessidade de se compreenderem osaspectos
sociolgicos e de poder subjacentes s redes depesquisadores.
Sobre a dinmica dos grupos de pesquisadores, Yoshikanee Kageura
(2004) usam a ARS para estudar a estrutura decooperao entre
pesquisadores japoneses de quatro reas:duas de engenharia (eltrica
e processamento de dados)e duas na rea de qumica (bioqumica e
polmeros). Elesconstatam o crescimento relativo do nmero de
artigosproduzidos em co-autoria, assim como no nmero deautores por
artigo, fruto da crescenteinterdisciplinaridade das reas, com
impactossignificativos sobre as redes de cooperao. Concluramque,
embora seja um fenmeno geral, as caractersticasda pesquisa em cada
rea (questes operacionais, tradio
* Os valores da diagonal principal so nulos. Se os valores
numricosnas clulas da diagonal principal forem no nulos, eles
indicam apresena de um autolao. Como foi visto, os autolaos so
denominadosloops na nomenclatura de grafos.
* Literalmente, pssaros da mesma plumagem voam juntos.
Ditadoingls para mostrar que pessoas com as mesmas caractersticas
ouinteresses tendem a passar muito tempo juntas. Originalmente,
erausado de forma negativa, para tratar de caractersticas no
aprovadaspor quem usa o ditado.** A distncia geodsica, d(ni, nj),
entre um par de ns, o nmero delaos ou ligaes que existe no caminho
mais curto entre eles, sendoque, caso no exista tal caminho, a
distncia pode ser consideradaindefinida ou infinita.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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80
de trabalho em grandes ou pequenos grupos etc.) aindadeterminam
a estrutura de rede. Recomendam, comoresultado adicional, que a
dinmica das redes deve seracompanhada pelos responsveis pela
poltica cientfica.
Ainda no que diz respeito s redes de colaborao entrecientistas,
Newman (2001) constri redes de co-autoriapara o perodo de 1995 a
1999, a partir de grandes basesde dados americanas, tais como
MEDLINE (pesquisabiomdica, com, aproximadamente, 2,2 milhes
deartigos e 1,5 milhes de autores), Los Alamos e e-PrintArchive
(fsica terica, com cerca de 98 mil artigos e 53mil autores), SPIRES
(fsica experimental de altasenergias, 67 e 57 mil, autores e
artigos, respectivamente)e NCSTRL (cincia da computao, 13 mil e 12
mil,respectivamente). Os resultados evidenciam as redes dotipo
mundo pequeno (small-world); ou seja, dois cientistasescolhidos
aleatoriamente esto separados por umpequeno nmero de passos (a
distncia geodsica curta,cerca de cinco ou seis passos), a presena
de clusters (emtodas as bases existe um componente ou
subconjuntocom cerca de 50% a 80% dos autores, dependendo darea, ou
seja, a maioria se conecta entre si por meio deautores
intermedirios e dois cientistas tm 30% ou maisde probabilidade de
colaborarem entre si, se ambos jcolaboraram como um terceiro
cientista, isto , formamuma trade). Constatam-se, ainda, diferenas
nas diversasreas pesquisadas, como as que existem entre o
tamanhodas redes de colaborao: so muito maiores na rea defsica
experimental de altas energias; como o fato de area biomdica
mostrar menor tendncia formao detrades e, portanto, de clusters
(NEWMAN, 2001). Umaconcluso importante, especialmente para informar
aosformuladores de poltica cientfica, que a cinciafunciona bem
quando a comunidade de pesquisadores densamente conectada.
Aplicando a metodologia de redes para estudar aformao de
comunidades em torno de cientistas epesquisadores, Molina, Muoz e
Domenech (2002)estudaram a estrutura de co-autorias a partir de
trspesquisadores selecionados: um matemtico, um mdicooncologista e
um bilogo molecular. Os autores assinalamque as redes de co-autoria
representam uma abordagempara estudar as comunidades cientficas e
seus colgiosinvisveis e devem ser acopladas a outras (por exemplo,
onmero de teses orientadas, participao em congressos,participao em
grupos de pesquisa etc.), mas possuemgrandes vantagens, tanto no
acesso s bases de dados,quanto pela facilidade no seu manuseio e na
visualizaodos resultados. Foi usada a metodologia de amostragem
do tipo bola de neve*, isto , a partir dos trs autoresiniciais
(estgio zero), foram selecionados outrospesquisadores com os quais
eles possuem uma relao deco-autoria (primeiro estgio), em seguida
repete-se oprocesso para esses pesquisadores (segundo estgio)
eassim sucessivamente at que no haja novas indicaes.As redes
resultantes, denominadas na literatura redesdo tipo egocntrica
(cada um dos trs pesquisadoresoriginais o ego de sua rede, e os
demais so os seus alteres(WASSERMAN; FAUST, 1999, p. 35), permitem
umaaproximao da rede de influncias de cada pesquisador,alm de se
identificarem caractersticas prprias de cadarea de pesquisa. Foram
usadas vrias medidas decentralidade e medidas de poder, conforme a
metodologiade ARS**. A justificativa para a utilizao de artigos
(eno livros ou outras referncias) que, nas reaspesquisadas, os
estudos de cientometria mostram queas referncias a artigos
representam 80% do total dasreferncias (MOLINA; MUOZ;
DOMENECH,2002, p.8).
O conceito de mapas sociobibliomtricos (MAHLCK;PERSSON, 2000)
refora a complementaridade dasmetodologias de ARS e bibliometria.
Aplicando a ARSem dois departamentos da mesma rea (biologia), mas
deduas diferentes universidades suecas, eles analisam asredes de
co-autoria e de citaes. Os autores testambasicamente duas hipteses:
a primeira sobre a posiodos pesquisadores mais produtivos na rede e
na hierarquiados departamentos; a segunda sobre a integrao
dediferentes grupos de pesquisa. A base de dados sobre
asco-autorias foi obtida eletronicamente*** e continhatodos os
artigos produzidos pelos pesquisadores. Os dadossobre os atributos
dos pesquisadores (sexo, ano deformao, sua posio no departamento,
trocas dedepartamento etc.) foram coletados em pesquisas
diretas,
* A amostragem via bola de neve (do ingls snowball sampling)
umatcnica realista e adaptativa, na qual os atores que iro fazer
parte dapesquisa so indicados diretamente pelos prprios
pesquisados. Deacordo com tal tcnica, pergunta-se a um
predeterminado grupo deatores (zona de primeira ordem (Goodman,
1961, apud WASSERMAN;FAUST, 1999, p. 34) ou primeiro estgio
(ROTHENBERG, 1995, p.105)) com quem ele tem laos, resposta que
serve como indicao doprximo grupo de atores na rede a ser
pesquisado (segundo estgio,ou zona de segunda ordem). A pesquisa
prossegue at que no sejamindicados novos atores. Tal tcnica de
amostragem parece ter suasorigens no trabalho de Goodman (1961),
citada por Rothenberg,(1995, p. 104). No estudo citado, em vez de
se consultarem diretamenteos autores, utiliza-se uma base de dados
com as informaes deco-autoria.** Para mais detalhes sobre essas
medidas, ver Wasserman e Faust.*** CD-ROM da Science Citation
Index, para o perodo 1986-1996.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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assim como os dados sobre a estrutura dos grupos depesquisa.
Sobre a produtividade dos autores, elessalientam que muitos artigos
apresentam vrios autorese que h uma tendncia de aumento no nmero
deautores, especialmente nas reas de cincias da vida ecincias
naturais (life and natural science). No entanto,observa-se a
presena de poucos autores com a grandeproduo respondendo pela maior
parte da produo dodepartamento*. Finalmente, ele observa que
diferentesgrupos de pesquisa tendem a se organizar em clusters,
isto, com a maior parte da produo tendo origem entrepesquisadores
do mesmo cluster, com pouca colaboraoentre os diferentes grupos de
pesquisa. Nesse caso, emborano explicado de forma explcita no
texto, os grupos depesquisa seriam concorrentes, mas no
interdisciplinares.
Resumidamente, podem ser destacadas as seguintescontribuies: i)
observa-se o crescimento no nmerode autores por artigo; ii) essa
tendncia mais estudadanas cincias naturais e da vida; iii) mesmo em
reas comcaractersticas muito distintas entre si, em termos
defuncionamento de seus programas de pesquisa, das redesde
colaborao e da organizao operacional de seuslaboratrios, essa
tendncia se verifica, representando acrescente necessidade de
colaborao de pesquisadorescom diferentes especializaes; iv) esse
fato estariarelacionado com a crescente interdisciplinaridade
daspesquisas; v) observa-se uma lei de potncia nas redes,isto ,
poucos pesquisadores muito produtivos em meioao conjunto geral de
muitos autores com poucaspublicaes; vi) h uma tendncia de organizao
dasredes em torno desses pesquisadores / professores
maisprodutivos; vii) as organizaes internas das instituiesde
pesquisa (no caso aqui mencionado, os departamentos)podem criar
grupos de pesquisa que funcionam comoclusters, isolados entre si,
embora possam ser, todos eles,interdisciplinares.
ESTUDO DA REDE DE CO-AUTORIA ENTRE OSPROFESSORES DO
PPGCI/UFMG
Conforme mencionado, a cincia da informao umcampo do
conhecimento relativamente jovem, ecaracterizado, pela maior parte
dos autores da rea, comointerdisciplinar. Essas caractersticas se
manifestam,tambm, na estruturao dos cursos de ps-graduao e
em suas linhas de pesquisa. As influncias de outras reasdo
conhecimento (biblioteconomia e arquivologia,cincia da computao,
administrao, sociologia,comunicao, para relacionar apenas as mais
citadas), naestruturao de tais cursos, devem tambm manifestar-se na
alocao dos professores. Assim, o pressuposto ode que estes tentem
se alocar nas linhas de pesquisa paraas quais possuem vantagem em
termos de capital humanoe intelectual.
O objetivo desta seo analisar a rede de co-autoriaentre os
professores do PPGCI/UFMG, com o objetivode identificar: i) se ela
densa, com muitos artigospublicados nessa condio, envolvendo a
maior partedos professores; ii) se existe colaborao entre
osprofessores das diferentes linhas de pesquisa. Essesresultados
permitiro embasar, conforme apresentadopela literatura analisada,
as discusses sobre ainterdisciplinaridade do programa estudado.
O primeiro objetivo est associado ao pressuposto de queuma rede
densa de artigos em co-autoria indica a execuode um programa de
pesquisa vigoroso, com resultadosobtidos a partir da colaborao dos
professores.O segundo objetivo, por sua vez, relaciona-se com
opressuposto de que a colaborao entre os professores dediferentes
linhas indicaria uma relao prxima entre asdiversas disciplinas que
influenciam a rea, portanto, aconsolidao de pesquisas
interdisciplinares.
Dessa forma, a consolidao de um programa de pesquisada CI a
partir das suas caractersticas interdisciplinarespoderia ser
observada na crescente colaborao entre osprofessores das diversas
linhas de pesquisa a busca deum conhecimento comum, conceitos,
definies emetodologias. No se deve perder de vista que h
umatendncia contraditria entre a colaborao entre osprofessores das
diferentes linhas (formao de redes) e aformao de clusters fechados
em cada uma delas. Dequalquer forma, se for verificada a mesma
distribuio jobservada em outras reas e pases, de que h umatendncia
de organizao das redes em torno de poucosprofessores mais
produtivos, ela pode ser observadaapenas para o conjunto das redes,
se a colaborao forampla e entre as linhas, ou dentro de cada linha,
se houvertendncia para a formao de clusters.
Justificativa da escolha do PPGCI/UFMG
O PPCGI/UFMG existe desde 1976 (mestrado), com onvel de
doutorado implantado em 1997. Desde ento,
* Essa estrutura pode ser representada por uma lei de potncia.
Adistribuio de Lotka , muito usada em estudos
bibliomtricos,evidencia, justamente, a existncia de poucos autores
com muitaspublicaes e de vrios autores com poucas.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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at dezembro de 2004, foram defendidas 189 dissertaesde mestrado
e 17 teses de doutorado. Sua avaliao naCapes 5, maior entre os
programas, posio divididacom a Universidade de Braslia (UnB).
Atualmente contacom 19 professores, todos com titulao de doutor,
maiorcontingente de docentes entre os programas existentesno
Brasil*. Dessa forma, pode ser consideradorepresentativo na rea da
CI, no Brasil. O objetivo de seestudar o perodo de 1997 at o final
de 2004 leva emconta a implantao do doutorado, que deve
serconsiderado um marco para os professores da casa.
Atualmente, o PPGCI/UFMG se divide em trs linhasde pesquisa que
sero usadas como referncia neste estudo:informao, cultura e
sociedade (ICS); organizao e usoda informao (OUI); gesto da
informao e doconhecimento (GIC).
Metodologia de coleta e tratamento dos dados
A anlise da rede de co-autoria entre os professores
doPPGCI/UFMG, com artigos em publicaes e emcongressos, apresentados
a partir de 1997, tem como basede dados o CNPq Lattes. Foram
seguidos os seguintesprocedimentos:
1. inicialmente, obteve-se a lista de professores doPrograma a
partir do seu stio na Internet;
2. a lista foi confirmada com a Secretaria do
Programa,acrescentando-se novo professor, chegando-se, com isso,a
19 pesquisadores;
3. para atender ao perodo de estudo desejado, foramacrescentados
os professores que se aposentaram noperodo considerado, mas que
estavam em atividadedurante pelo menos um dos anos em estudo.
Essainformao foi obtida na rea de recursos humanos daECI/UFMG, e
chegou-se a uma lista de 23 professores;
4. com a lista completa de professores, foram feitasconsultas ao
CNPq Lattes, para a obteno das
informaes sobre as publicaes (referncia,
co-autores,palavras-chave, grande rea, rea e subrea e asdenominadas
informaes adicionais);
5. para os quatro professores que no tinham informaono CNPq
Lattes, apenas um apresentava as relaes deco-autoria que se
desejava estudar*. Dessa forma, aquelesque no possuem informaes e
sobre os quais no sedescobriu a publicao de artigos ou a participao
emcongressos foram eliminados da lista**. As consultasforam feitas
nos meses de maro e abril de 2005;
6. alm das informaes mencionadas, foramacrescentadas aquelas
referentes formao dosprofessores (graduao, mestrado e doutorado),
rea dasua tese e da sua dissertao, ao ano de entrada noPrograma e a
sua linha de pesquisa;
7. foram adotados alguns procedimentos de crtica: emprimeiro
lugar, houve a correo da grafia dos nomes esua unificao para
permitir a construo das relaes deco-autoria; em segundo lugar, como
as relaes de co-autoria so do tipo no-direcionais, o mesmo
artigodeveria estar mencionado por todos os seus autores. Casoisso
no ocorresse, seria feita a incluso na base de dadosmontada para a
pesquisa, em termos da notao matricialadotada:
* No stio da ECI/UFMG (http://www.eci.ufmg.br, acesso em
10/05/2005), esto listados 18 professores, assim como no stio da
Ancib Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Cincia
daInformao (http://www.ancib.org.br/). No entanto, a lista
fornecidapela Secretaria do Programa informa 19 professores, com a
incluso daprofessora Gercina ngela Borm de Oliveira Lima. O
InstitutoBrasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (Ibict) /
UniversidadeFederal Fluminense (UFF) conta com 18 pesquisadores
(http://www. ib ic t .br / secao .php?cat=Ps -
Graduao%20em%20CI/Pesquisadores, acesso em 10/05/2005). O
PPGCI/UFMG representapouco mais de 16% dos pesquisadores alocados
aos programas de ps-graduao.
* Foi includa a professora Isis Paim.** Essa deciso tem
implicaes para algumas medidas que podem serrealizadas com base na
ARS, como, por exemplo, a densidade dasredes. No entanto, a anlise
qualitativa do objeto de estudo indicou,como mais razovel, a opo
adotada. Houve, de fato, uma mudanano comportamento dos professores
em funo das necessidades depublicao, e aqueles que se aposentaram
no perodo e no possuem oregistro no CNPq Lattes no conviveram com
essa alterao.
Seja X a matriz de co-autoria original, a matriz de co-autoria
final foi construda como , no qual osmbolo representa a transposio
da matriz. Dessaforma, garante-se que xi,j = xj,i
8. os artigos de cada professor / autor foram classificadosda
seguinte forma:
a. individuais;
b. em co-autoria com outros professores do PPGCI/UFMG;
c. em co-autoria com outros professores da ECI/UFMGno listados
acima (listagem obtida no stio da ECI/UFMG);
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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d. com alunos que foramorientados em suas pesquisas demestrado e
doutorado (com base nalista de dissertaes e tesesdefendidas, obtida
junto Secretariado Programa);
e. com outros colaboradores.
Em funo do reduzido nmero deartigos classificados em (c),
naanlise os valores foram agregadosao total de outros
colaboradores,categoria (e).
A escolha dessa base de dados estrelacionada com a
crescentepreocupao dos professores demanter atualizadas suas
produescientficas, uma vez que soavaliados por isso, tanto em sua
vidaacadmica, quanto na concesso definanciamentos de pesquisa.
Aindaassim, no se eliminam, totalmente,os riscos de omisso (por
exemplo,todos os autores de um artigo noatualizarem suas informaes)
ou oserros de informao (referncia aoco-autor por outro sobrenome ou
aexistncia de homnimos).
Anlise dos resultados
Inicialmente, foram feitas as anlises estatsticas
maistradicionais, para, em seguida, efetuar-se a anlise da redede
co-autorias. A anlise vai obedecer seguinteestrutura: comparao do
nmero de publicaes nosperodos, antes e aps 1997; produo por autor e
suadistribuio, segundo a classificao adotada;participao de cada
autor no total da produo doPrograma; nmero mdio de autores por
artigo, nmerototal de colaboradores.
Sero analisadas, para complementar as informaesanteriores, a
ligao entre a formao dos professores e asua linha de pesquisa,
assim como a classificao dosartigos publicados segundo as reas e
sua ligao com aslinhas de pesquisa do programa.
Embora deva ser tomada com cautela a comparao entreo perodo que
vai at 1996, inclusive, e o perodo de 1997a 2004, uma vez que
muitos professores no faziam aindaparte do Programa, o que se
observa um crescimento
* O total apresentado na tabela supera o total de artigos, uma
vez queo seu objetivo destacar a cooperao na forma de co-autoria.
Dessaforma, se um artigo foi escrito por dois professores do
programa e umaluno (trs autores), ele vai aparecer tanto na lista
de artigos comoutros professores, quanto na lista de alunos do
programa. Dessaforma, o total de artigos para o perodo aps 1997 379
e, considerando-se as duplas contagens, de 418. A diferena de 39
distribudauniformemente, e as duas distribuies tm uma correlao
(Pearson)de 0,9939. Com isso, as anlises sobre as distribuies dos
artigosentre as reas no so significativamente afetadas.
significativo no nmero de artigos publicados. At 1997,haviam
sido publicados 137 artigos, sendo que 57,6%(79 artigos) deles eram
individuais e apenas 11,1% (18)em co-autoria com outros professores
do Programa.No perodo seguinte, o total saltou para 379 artigos,
sendoaproximadamente 33,5% individuais (127) e 19,8% (75)em
co-autoria com outros professores do Programa.A maior mudana,
entretanto, foi no nmero depublicaes em colaborao com alunos do
programa(orientandos): o total saltou de 4 para 116,representando,
respectivamente, 2,7 e 28% do total depublicaes em cada perodo*
(tabela 1).
TABELA 1Nmero de artigos, em revistas cientficas e congressos,
dos professores doPPGCI, por perodo
Linha de Pesquisa Individuais
Com
professores
do PPGCI
Com alunos/
orientandos
Com
outrosTotal
At 1996
Informao, Cultura e
Sociedade (ICS)29 8 2 27 66
Organizao e Uso da
Informao (OUI)26 2 1 7 36
Gesto da Informao e
do Conhecimento (GIC)24 8 1 16 49
Total 79 18 4 50 151
De 1997 at 2004
Informao, Cultura eSociedade (ICS)
53 18 21 35 127
Organizao e Uso da
Informao (OUI)51 15 14 27 107
Gesto da Informao e
do Conhecimento (GIC)23 42 84 34 183
Total 127 75 119 96 417
Fonte: CNPq Lattes.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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O aumento na produo se deveu contribuio damaioria dos
professores, pois somente para quatro delesse observou queda ou
manuteno do nmero de artigos.O nmero de colaboradores tambm
aumentousignificativamente, em taxa maior que a do total deartigos.
O nmero total de artigos cresceu 2,5 vezes, onmero de artigos com
professores do programa cresceupouco mais de quatro vezes, enquanto
aqueles com alunosorientandos foi multiplicado por 30. Embora haja
outrosfatores que impulsionaram o aumento na produoindividual, h
forte correlao entre o nmero decolaboradores e o nmero de artigos,
de 0,8268 para operodo at 1996 e de 0,7942 para o perodo de 1997
at2004. O grfico 1 mostra esses resultados de forma bastanteclara
(O grfico foi ordenado a partir da produoobservada no segundo
perodo, enquanto as letrasapresentadas no eixo das abscissas
(horizontal)representam os professores).
A-Alcenir Soares dos Reis; B-Ana Maria de Rezende Cabral; C-Ana
Maria Pereira Cardoso; D-Bernadete Santos Campello; E-Helena
MariaTarchi Crivellari; F-Ligia Maria Moreira Dumont; G-Maria
Eugenia Albino Andrade; H-Regina Maria Marteleto; I-Beatriz
Valadares Cendn;J-Eduardo Jos Wense Dias; K-Gercina ngela Borm de
Oliveira Lima; L-Lidia Alvarenga; M-Madalena Martins Lopes Naves;
N-MariaAparecida Moura; O-Marlene de Oliveira; P-Vilma Moreira dos
Santos; Q-Isis Paim; R-Jorge Tadeu de Ramos Neves; S-Marcello
Peixoto Bax;T-Marta Araujo Tavares Ferreira; U-Marta Pinheiro Aun;
V-Monica Erichsen Nassif Borges; W-Ricardo Rodrigues Barbosa.
Fonte: CNPq Lattes.
GRFICO 1Produo por professor e por perodo
Enquanto no perodo inicial, a maior parte da produopor professor
se apresentasse na forma de artigosindividuais, no perodo final
considerado, h umadistribuio diferenciada entre as diferentes
modalidades.At 1996, 17 dos 23 professores tinham 50% ou mais desua
produo representada por artigos individuais,somente oito
apresentavam artigos em co-autoria comoutros professores do
Programa e apenas trs com alunos/orientandos (quatro no haviam
escrito artigosindividuais). Aps 1997, 13 docentes apresentavam
amaior parte de sua produo na forma de artigosindividuais. Em
compensao, somente seis noapresentavam artigos em co-autoria com os
colegasdocentes do Programa, sete no produziram emcolaborao com os
seus orinetandos do PPGCI e apenasum no produziu nenhum artigo
individual.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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85
Analisando-se mais detidamente a produo do segundoperodo, aquele
definido como central para o objetivo dotexto, podem-se obter mais
informaes sobre a produodos professores.
Em termos da produo e da produtividade dos autores, aliteratura
consultada evidencia a grande possibilidadede existncia de um grupo
de professores / pesquisadoresmuito produtivos em torno do qual se
organizam as redes.No caso estudado, o universo bastante reduzido,
e oprofessor chamado a publicar artigos e a participar decongressos
por conta da avaliao ao qual submetido epara concorrer ao
financiamento de projetos de pesquisa,dentre outras coisas. Seria
de se esperar uma produomais bem distribuda entre os seus
membros.
Para avaliar essa distribuio, foram realizadas duasanlises. A
primeira com base na distribuio de Lotka*,a segunda, utilizando-se
ndice de Gini**.
A distribuio de Lotka pode ser descrita como uma leide potncia
do tipo:
,...2,1,/)( == kkCkf
Os parmetros C e EEEEE no so independentes e serelacionam
(ROUSSEAU; ROUSSEAU, 2000)***.Reescrevendo-se a equao como uma
distribuioestatstica (de forma que a soma de todos os n seja igual
a1), de tal forma que:
* Alfred Lotka (1880 1949), qumico, ecologista, demgrafo
ematemtico, focou conhecido na rea de bibliometria em um
artigopouco representativo de sua obra. Ele mostrou que o nmero
deautores com n publicaes em uma bibliografia pode ser descrito
comouma lei de potncia da forma C / kE. Ele demonstrou que EEEEE
tende para2 e, nesse caso, C seria igual a 6/(S)2, ou seja,
aproximadamente 0,61.Assim, se uma bibliografia pode ser descrita
por essa lei de potncia,61% dos autores teriam contribudo com
apenas uma publicao.
Verhttp://users.pandora.be/ronald.rousseau/html/lotka.html.**
Corrado Gini (1884 1965), estatstico, demgrafo e socilogoitaliano,
desenvolveu o coeficiente, que recebeu o seu nome, paramensurar a
desigualdade de renda em uma sociedade. No entanto,pode ser
utilizado para medir qualquer tipo de distribuio desigual.Ver
http://en.wikipedia.org/wiki/Gini_coefficient.*** H autores que
criticam essa formulao, pois se trataria de umcaso particular das
leis de potncia, nas quais, em geral, os parmetrosso independentes.
Um dos comentaristas do artigo mencionado e dosoftware de clculo da
distribuio de Lotka que ele apresenta, EricArchambault
(http://cybermetrics.cindoc.csic.es/pruebas/v4i1c1.htm),considera
til o seu desenvolvimento, mas mostra outras maneiras dese
calcularem regresses de distribuies hiperblicas (lei de
potncia),utilizando-se a planilha Excel. Os resultados para o
trabalho aquiapresentado so os mesmos, isto , as curvas estimadas
para asdistribuies estudadas so, praticamente, idnticas. Dessa
forma,como o aplicativo desenvolvido de fcil aceso e utilizao e
calculao teste Kolmogorov-Smirnov, seus resultados foram aqueles
utilizadosnessa pesquisa.
=
=1
1/k
kC
pode-se estimar mais facilmente os seus parmetros. Parase testar
a adequao das estimativas dos parmetros emuma dada distribuio,
utiliza-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, calculado com base nos
desvios absolutos entreos valores das funes de distribuio
observados e asdistribuies tericas (ROUSSEAU, B.; ROUSSEAU,
R.LOTKA, 2000).
O coeficiente de Gini um nmero entre 0 (perfeitaigualdade) e 1
(perfeita desigualdade), enquanto o ndicede Gini o coeficiente
expresso em percentagem, sendoigual ao coeficiente multiplicado por
100. No presentetrabalho, se todos os professores contribussem com
amesma quantidade de artigos, o coeficiente calculadoseria igual a
0. Se todos os professores no publicassem,exceto um deles, o
coeficiente calculado seria igual a 1.O coeficiente pode ser
estimado a partir da seguintefrmula de clculo (Frmula de
Brown):
-=
=
++ + =1
0
11 )((1nk
k
kkkk YYXXG
Na qual:
G = coeficiente de Gini;
X = proporo acumulada da populao;
Y = proporo acumulada da varivel estudada (no
caso,publicaes);
k = faixas da populao e da varivel estudada,k = 1, 2, ... .
Os resultados estimados encontram-se na tabela 2.O que se pode
observar que as duas informaes soconsistentes. O teste aplicado
distribuio indica que,para o total de publicaes* e para as
publicaesindividuais, no h evidncias de que a distribuio dosartigos
siga a lei de potncia. Para esses itens, ocoeficiente de Gini
apresentou valores abaixo de 0,40.No entanto, para o que se
pretende analisar as redes deco-autoria , os resultados confirmam
uma concentraodos trabalhos em torno de poucos pesquisadores
mais
* Foi usado o total de artigos, exclusive a dupla contagem. No
entanto,os resultados da distribuio seriam os mesmo se fossem
usados osresultados com a dupla contagem. Ver nota 14.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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produtivos, para os trs tipos decolaborao analisados (comoutros
professores do Programa,com alunos / orientandos doPrograma e os
demais). Deve-se,entretanto, levar em conta que hforte concentrao
da produoconjunta em torno de poucosprofessores e que as redes
decolaborao entre professores relativamente esparsa. Apenasdois
professores elaboraram 14artigos em conjunto, ou seja,respondem por
37% do total deartigos. Para uma anlise maisaprofundada das relaes
de co-autoria entre os professores doPrograma e sua
representaovisual, utiliza-se a metodologia deanlise de redes
sociais (ARS).
Antes de se passar ARS, necessrio associar a localizaodo
professor do programa nas linhas de pesquisa, assimcomo sua produo.
A alocao do professor emdeterminada linha pode levar em conta
critrios noacadmicos, como, por exemplo, a existncia de vagas.Pode,
ainda, no ser dinmico o suficiente paraacompanhar as novas
preocupaes de certo pesquisador.Para se determinar a relao entre a
alocao do professore sua produo, foi feita uma associao entre as
palavras-chave de cada artigo com as linhas de pesquisa.
Foramcriadas, ainda, duas novas reas adicionais para acomodara
produo: a relacionada com a epistemologia, ensino epesquisa em
cincia da informao, estudos e anlisessobre o profissional da
informao e o agrupamentodenominado outros. Conforme se observa na
tabela 3, aseguir, h forte associao entre a localizao do professore
sua produo. A parte A da tabela mostra que a maiorparte dos artigos
est classificada na mesma rea do seuautor. Se forem desconsiderados
os artigos classificadosnas linhas D e E, os resultados subiriam
para 70%, 79%e 85% para as linhas ICS, OUI e GIC,
respectivamente.
Mudando-se o enfoque da anlise para os artigosproduzidos,
observa-se, na parte B da tabela 3, que amaior parte deles
produzida nas prprias linhas. Assim,88,5% dos artigos da linha ICS
so produzidos porprofessores que pertencem a esta mesma linha,
valoresque chegam a 61,7% , na linha OUI, e 86,2%, na linhaGIC. O
restante representaria a contribuio interlinhasde pesquisa. Deve-se
levar em conta que oito professores
TABELA 2Parmetros da distribuio de Lotka e coeficiente de Gini,
por tipo decolaborao nas publicaes, perodo 1997-2004
Tipos de publicao
Descrio Total
Co-autoriacom outrosprofessoresdo PPGCI
ArtigosIndividuais
Colaboraocom alunos /orientandos
Colaboraocom outros
pesquisadores
Todos,exceto osartigos
individuais
Distribuio de Lotka
C 0,2680 0,4936 0,3775 0,4038 0,4031 0,3129
Beta 1,3192 1,6041 1,4909 1,5371 1,5359 1,3860
Valor Crtico 1% (teste
Kolmogorov-Smirnov)0,3475 0,3953 0,3475 0,4075 0,3953 0,3475
max D (Valor estimado
pelo teste)0,5133 0,3808 0,3755 0,2163 0,2854 0,2963
Resultado do teste Falhou OK Falhou OK OK OK
Coeficiente de Gini
G 0,3976 0,5728 0,3696 0,7103 0,5879 0,5334
produzem majoritariamente fora de suas linhas. Se
foremdesconsiderados os artigos classificados nas linhas D eE,
restariam quatro professores produzindo nessascondies. A anlise da
produo em co-autoria com ametodologia de ARS traz mais elementos
para acompreenso da organizao do Programa.
A anlise da rede de co-autoria com base na ARS
A ARS feita a partir dos dados das duas matrizesmencionadas na
seo 3: a Matriz binria, cominformaes que indicam apenas a existncia
de laos deco-autorias e a Matriz valorada com as informaes sobreo
nmero de colaboraes para o perodo de 1997 a 2004.A rede de
co-autoria estudada contm artigos com doisou mais autores. Assim,
as informaes analisadasreferem-se ao nmero de colaboraes, e no de
artigos(um artigo com a participao dos professores A, B e Cvai ser
representado na forma de trs colaboraes: A eB; A e C; B e C).
Primeiramente, ser analisada a estrutura da rede obtidae, em
seguida, sero feitas anlises a partir de algumasmedidas de
centralidade.
A representao da colaborao entre os professores pelaMatriz
Binria mostra reduzido nmero de colaboradores.O total de 23
professores (oito nas linhas de pesquisaICS e OUI e sete na linha
de pesquisa GIC)
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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TABELA 3Distribuio da produo dos professores, segundo as linhas
de pesquisa e a classificao dos artigos, perodo1997-2004 (em
percentual)
Classificao dos Artigos
ICS OUI GIC D E
Linhas de pesquisa dos professores Informao,Cultura
eSociedade
Organizaoe Uso da
Informao
Gesto daInformao e
doConhecimento
Epistemologia,Ensino e
Pesquisa emCI etc
Outras Total
Parte A - Distribuio dos artigos segundo as linhas de pesquisa
dos professores
ICS Informao, Cultura e Sociedade 48,2 13,4 7,1 10,7 20,5
100,0
OUIOrganizao e Uso da
Informao1,0 50,0 12,0 22,0 15,0 100,0
GICGesto da Informao e do
Conhecimento3,6 9,6 74,9 9,0 3,0 100,0
Parte B - Distribuio dos artigos segundo a classificao dos
artigos
ICS Informao, Cultura e Sociedade 88,5 18,5 5,5 24,5 53,5
29,6
OUIOrganizao e Uso da
Informao1,6 61,7 8,3 44,9 34,9 26,4
GICGesto da Informao e do
Conhecimento9,8 19,8 86,2 30,6 11,6 44,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
proporcionaria um potencial de 253 pares de co-autoria,mas
apenas 28 esto presentes (densidade de 11%).A baixa densidade
interna s trs linhas de pesquisa, noentanto, maior que aquela
observada entre as linhas,indicando que a colaborao interna maior
que aexterna (tabela 4).
A tabela 5 mostra a comparao da distribuio dos laoscom a produo
de artigos, isto , entre os laos existentese sua produtividade.
Observa-se que, exceto para a linhade pesquisa ICS, a produo
interna (intra) maisrelevante que a encontrada em colaborao com
outrasreas (inter). Os resultados se apresentam da mesmaforma,
tanto para os laos de colaborao, quanto para aquantidade de artigos
produzidos.
Para o conjunto da rede de co-autoria, observa-se, ento,baixo
nvel de cooperao, tanto dentro quanto fora daslinhas de pesquisa. H
maior interao interna linha,quando se observam a produo absoluta e
os resultadosrelativos, mas o nmero total de laos externos
indicaque as barreiras colaborao entre as linhas no
sosignificativamente diferentes das existentes dentro deuma mesma
linha. Ou seja, as diferenas entre os laosinternos e externos no
seriam significativamente
TABELA 4Densidade da matriz de co-autoria, perodo 1997-2004 (em
percentual em relao ao mximo)
Linhas de Pesquisa (ICS) (OUI) (GIC)
Informao, Cultura e 14,3 6,3 8,9Sociedade (ICS)
Organizao e Uso da 6,3 17,9 10,7Informao (OUI)
Gesto da Informao 8,9 10,7 19,1e do Conhecimento (GIC)
TABELA 5Distribuio dos laos e da produo de artigos,
perodo1997-2004 (em percentual em relao ao total)
Linhas de Pesquisa Laos ProduoInternos Externos Interna
Externa
Informao, Cultura e 47,1 52,9 43,8 56,3Sociedade (ICS)
Organizao e Uso 50,0 50,0 52,9 47,1da Informao (OUI)
Gesto da Informao 42,1 57,9 71,2 28,8e do Conhecimento (GIC)
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
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88
diferentes para indicar a existncia decomportamentos de
colaboraodistintos intra e interlinhas de pesquisa.O elemento-chave
desse ponto da anlise a baixa densidade das redes decolaborao.
Analisar-se-o, agora, as relaes entreos professores, buscando-se
identificaraqueles com maior participao na rede.A representao da
rede em forma degrafos facilita a visualizao dos mltiploslaos entre
os professores e a compreensodas medidas usadas na ARS. A figura
1representa o grafo da rede de co-autoriasentre os professores do
PPGCI/UFMG,construdo com as seguintes caracters-ticas: as letras so
os professores, aespessura das linhas representa aquantidade de
artigos produzidos emcolaborao; as formas dos nsrepresentam as
linhas de pesquisa (ocrculo, a linha ICS; o quadrado, a linhaOUI; o
tringulo, a linha GIC). TABELA 6
Grau nodal e mdia e desvio padro das distnciasgeodsicas, perodo
1997-2004
Distncia GeodsicaLinha de
pesquisaProfessor
Mdia Desvio PadroGrau nodal
GIC V 1,5 0,8 8
OUI M 1,8 1,0 6
ICS B 1,9 1,0 5
OUI K 1,8 0,8 5
ICS F 1,9 0,9 4
ICS C 2,2 1,1 3
OUI I 2,5 1,2 3
GIC R 2,1 0,9 3
GIC S 2,8 1,4 3
GIC T 2,0 0,8 3
ICS A 2,6 1,2 2
ICS D 2,3 1,0 2
OUI J 2,6 1,2 2
OUI L 2,3 1,0 2
OUI N 2,6 1,2 2
GIC W 3,2 1,5 2
ICS G 3,2 1,2 1
ICS E 0,0 0,0 0
ICS H 0,0 0,0 0
OUI O 0,0 0,0 0
OUI P 0,0 0,0 0
GIC Q 0,0 0,0 0
GIC U 0,0 0,0 0
Fonte: Ucinet.
FIGURA 1Redes de co-autoria entre os professores do PPGCI/UFMG,
perodo1997-2004
Fonte: Ucinet.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
Observa-se que os professores E, H, O, P, Q e U no
estoconectados aos demais (isolados). Dos restantes, algunsesto
conectados apenas com um, outros com doisprofessores. Denomina-se
grau nodal (nodal degree),denotado por d(ni), o nmero de linhas
incidentes emum n, ou, ainda, de forma equivalente, o nmero de
nsadjacentes a ele (WASSERMAN; FAUST, 1999, p. 100).O grau de um n
pode variar de 0, caso em que o n isolado, at g 1, caso no qual o n
est em contato comtodos os demais ns do grafo; ou seja, 0 <
d(ni) < g . J adistncia geodsica, d(ni,nj) entre um par de ns o
nmerode laos que existe no caminho mais curto entre eles,sendo que,
caso no exista tal caminho, a distncia podeser considerada
indefinida ou infinita. O grau representaa quantidade de
colaboradores, e a distncia geodsicaindica as distncias entre eles,
de forma que se podeidentificar a importncia das ligaes indiretas
entre osprofessores. A tabela 6 mostra essas medidas para oconjunto
de professores.
-
89
Os professores B, F, K, M e V, individualmente, ocupam amesma
posio na rede, de acordo com os seus grausnodais (maior ou igual a
trs e conectados entre si). Osdemais professores conectados aos
demais tm a mesmaposio, se tomados os graus nodais superiores a
dois econectados entre si, exceo dos professores D e G,sendo este
ltimo isolado dos demais, a menos de umanica ligao.
Em uma anlise centro-periferia*, levando-se em contaapenas a
matriz binria, os resultados mostram aconstituio de um grupo
central com os professores B, F,K, M e V, ficando os demais na
periferia. A densidade docentro 100%, ou seja, todos esto
conectados entre si.A densidade das demais parties centro-periferia
eperiferia-periferia so de 8,9% e 6,5%, respectivamente,de modo
significativo mais baixas, indicando poucosrelacionamentos. Quando
se utiliza a matriz valorada, osresultados se modificam, com o
centro representado pelosprofessores R, T e V, em funo da
quantidade de artigosproduzidos entre eles. Observa-se que o
professor Vaparece em ambas as anlises.
Prosseguindo-se na anlise, foram estimadas outrasmedidas sobre a
posio dos professores na rede. Acentralidade de grau para um ator
dada por CD(ni) = d(ni),ou seja, simplesmente o grau do n. Tal
medida pode sernormalizada, a fim de ter um valor entre 0 e 1 (ou 0
e100%, se os resultados forem multiplicados por 100) epara permitir
a comparao entre atores de redesdiferentes, dividindo-se o grau do
n pelo grau mximoque qualquer n daquela rede pode ter, ou seja, o
nmerode ns no grafo menos 1 (o prprio n), chegando-se a
1
)()('
g
ndnC iiD , sendo 0 < CD(ni) < 1. No caso da matriz
valorada, o grau corresponde soma dos valores dos laos.
A centralidade de intermediao, por seu turno, analisa oquanto um
n est no caminho geodsico entre outrosns. Existe, portanto, uma
assuno implcita de que oscaminhos mais curtos so os nicos a serem
avaliadospor tal ndice de centralidade e, adicionalmente, de
quequalquer caminho mais curto tem a mesma probabilidadede ser
escolhido em relao a outros de mesmo valor.Considerando tais
premissas, Freeman (1977), porWasserman e Faust (1999, p. 190),
define gjkcomo onmero de caminhos geodsicos (mais curtos e de
mesmotamanho) que ligam os ns j e k, e gjk(ni) como o nmerode tais
caminhos, no total de gjk, que passa pelo n ni,propondo, assim, um
ndice de centralidade de intermediao
, que mede, para um n , a soma de
probabilidades de o mesmo estar no caminho geodsicoentre todos
os demais ns do grafo.
Utilizando-se as medidas mencionadas, pode-sedeterminar a
centralidade de cada professor na rede deco-autoria, com as maiores
medidas indicando aimportncia do ator na rede, seja em funo de
suasligaes, seja em funo de sua produo (tabela 7).
* Utilizou-se o algoritmo de correlao j definido do Ucinet.
TABELA 7Medidas de centralidade, ordenada pela coluna (a),perodo
1997-2004
Grau de centralidade de Freeman
Linha depesquisa
Professor Grau NodalNormalizado
( a )
Grau Nodal valorado
( b )
Intermediao( c )
Centralidade( d )
GIC V 0,3636 21 60,00 0,542
OUI M 0,2727 12 28,00 0,410
ICS B 0,2273 9 9,67 0,387
OUI K 0,2273 9 22,08 0,381
ICS F 0,1818 8 0,00 0,363
ICS C 0,1364 6 4,33 0,150
OUI I 0,1364 3 13,92 0,031
GIC R 0,1364 18 2,75 0,156
GIC S 0,1364 3 6,75 0,021
GIC T 0,1364 16 22,92 0,136
ICS A 0,0909 2 0,50 0,099
ICS D 0,0909 4 15,00 0,104
OUI J 0,0909 4 0,00 0,093
OUI L 0,0909 2 13,08 0,074
OUI N 0,0909 4 0,00 0,093
GIC W 0,0909 2 0,00 0,009
ICS G 0,0455 3 0,00 0,019
ICS E 0,0000 0 0,00 0,000
ICS H 0,0000 0 0,00 0,000
OUI O 0,0000 0 0,00 0,000
OUI P 0,0000 0 0,00 0,000
GIC Q 0,0000 0 0,00 0,000
GIC U 0,0000 0 0,00 0,000
Mdia 0,111 5,478 8,652 0,133
desvio padro 0,095 5,985 13,879 0,160
Fonte: Ucinet.Obs.: os maiores valores significam posio mais
destacada.
Observa-se que os professores em posio de destaque B,F, K, M e V
j haviam sido mencionados nas anlisesanteriores. Para se testar a
manuteno da ordenao emcada medida, isto , se a posio de cada
professor se alteraem funo da medida calculada, foram calculados
oscoeficientes de ordem de Spearman. Ele definido como
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
discusso da interdisciplinaridade na cincia da informao
-
90
ix
, a primeira ordenao;
iy
a segunda ordenao;
n
o nmero de elementos.
)1(61
2
1
2
)(
nnR
n
i
ii yx, onde:
Esse coeficiente varia entre -1 (total inverso da ordem)a 1
(manuteno exata da mesma ordenao) e dizrespeito apenas ordem que
cada professor ocupa emcada indicador calculado, e o objetivo ver
se eles soconsistentes com relao posio de cada professor.
Osresultados, na tabela 8, indicam que a ordem se mantmem todas as
medidas de centralidade estimadas, ou seja,no alteram a interpretao
da posio relativa de cadaprofessor no conjunto.
Concluindo essa seo, pode-se dizer que a importnciado professor,
conforme mensurada pela rede de co-autoria,deve-se tanto sua
produo, quanto ao nmero decolaboradores. Destacam-se, assim, os
professores B, F,K, M e V, por sua posio na rede, distribudos pelas
trslinhas de pesquisa (duas da linha de informao, culturae
sociedade; segunda da linha organizao e uso dainformao; e uma da
gesto da informao e doconhecimento) e os professores R e T, pela
sua imensaproduo conjunta e seu relacionamento comum com oprofessor
V. Este professor, por reunir as duas condiesmencionadas, a figura
mais central da rede. Parafinalizar a ARS no PPGCI/ UFMG, em termos
doconjunto, observa-se a criao de 3 clusters: o cluster 1,com os
professores denominados centrais na rede de co-autoria; o cluster
2, com os professores mais perifricos; ocluster trs, com os
isolados.
CONCLUSO
O objetivo do artigo foi justificar a proposio de se utilizara
metodologia de anlise de redes sociais (ARS) comoferramenta para
subsidiar as discusses de interesse dacincia da informao (CI). Ela
permite tanto que se olhepara dentro a anlise da sua prpria produo
, quantopara fora a anlise da produo cientfica nas demaisrea de
conhecimento, constituindo-se, neste caso, emuma metodologia
complementar para os estudosbibliomtricos. Como ferramenta para
indicar as redesde colaborao de pesquisadores, ela permite um
olharsobre a interdisciplinaridade de um campo de
TABELA 8Coeficientes de ordem de Spearman
Grau nodal
normalizado
Grau
nodal
valorado
Interme-diao
Centra-lidade
Grau Nodal
Normalizado1
Grau Nodal
valorado0,8962 1
Intermediao 0,8686 0,8360 1
Centralidade 0,9407 0,9476 0,8409 1
conhecimento, ao facilitar a visualizao e anlise dessasredes,
destacando a colaborao de professores dediferentes reas. Para tal,
foi feita a sua aplicao em umprograma de ps-graduao da cincia da
informao.Como pano de fundo da abordagem escolhida, foi feitauma
discusso sobre a interdisciplinaridade da CI e sobrecomo a
organizao dos programas de pesquisa da reareflete as distintas
influncias de outras disciplinas.
Dessa forma, foi exposto que a organizao dos diferentesprogramas
apresenta, em comum, trs linhas de pesquisa,que, por sua vez,
apresentam ligaes com outras reasdo conhecimento de forma distinta
entre si. Ou seja, se acincia da informao , normalmente,
apresentada comouma rea de conhecimento das cincias sociais
comcaractersticas marcadamente interdisciplinares, cadauma das
linhas possui interdisciplinaridade distinta.Assim, dentro dos
programas, essa organizao deveriacontribuir para atrair professores
com diferentesformaes que, mediante a realizao de pesquisas
ecolaborao entre eles, pudessem avanar na construodo campo da
cincia da informao.
Essa colaborao se d de vrias formas, e no existe apossibilidade
de um nico ngulo de observao abarcartoda a complexidade de uma rea
de conhecimento. Umaaproximao possvel a anlise de co-autorias entre
osprofessores de um mesmo programa. A publicao emco-autoria deveria
representar a preocupao dosprofessores com os resultados das suas
pesquisas e comdiscusses envolvendo a delimitao e ampliao docampo
da cincia da informao. Tomando-se comoreferncia o PPGCI da UFMG,
foi feita a anlise daproduo acadmica dos professores, na forma de
artigospara revistas e congressos. Mesmo sendo um ambientefechado e
com caractersticas bastante particulares,como, por exemplo, a
necessidade de publicao de forma
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Antonio Braz de Oliveira e Silva / Renato Fabiano Matheus /
Fernando Silva Parreiras / Tatiane A. Silva Parreiras
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permanente, observaram-se os resultados apontados nabibliografia
consultada.
De fato, existe um grupo reduzido de professores querespondem
pela maior parte da produo; a colaboraose d, mais intensamente,
entre professores de umamesma linha de pesquisa, embora haja
colaborao entreuma parte deles situados em diferentes linhas.
Noentanto, para a preocupao sobre o desenvolvimentodo campo, os
resultados so pouco animadores. A redede colaborao bastante esparsa
e muito da produo sed entre colaboradores preferenciais. O
crescimentoobservado da produo nos ltimos anos est, em
grandemedida, associado ampliao da ps-graduao, comodemonstra o
crescimento da produo em conjunto comalunos do prprio Programa.
Por fim, deve-se destacar que o uso da ARS permitiuuma anlise
mais aprofundada da colaborao entre osprofessores, destacando fatos
que no seriam detectveiscom o uso de mtodos estatsticos
tradicionais, tambmusados nesse trabalho. Assim uma
metodologiapoderosa, em especial se usada em conjunto com
outrasferramentas da rea de bibliometria.
Os resultados mostraram que, se a colaborao entreautores de
diferentes reas de pesquisa significa umesforo para a construo da
identidade cognitiva docampo da CI, um longo caminho ainda precisa
serpercorrido. Estes resultados, por si s, no permitem umaconcluso
definitiva, mas lanam algumas idias sobreesse ponto, sugerindo
novos trabalhos empricos. Elesrepresentam apenas uma parte da
explorao possvel dabase de dados construda, na qual se buscou
destacar acolaborao dos professores materializada nas co-autoriasem
artigos. Trabalhos futuros utilizando a mesma base dedados
permitiro, por exemplo, analisar as publicaesmais utilizadas como
veculo de divulgao e a associaoda formao de cada professor
(graduao, mestrado,doutorado e linhas de pesquisa) com sua linha de
atuao,dentre outras possibilidades. J o uso da ARS pode serampliado
para, por exemplo, anlise de citaes nosartigos pesquisados.
Como resultado acessrio, a pesquisa mostrou asdificuldades de se
obterem informaes necessrias paraestudos quantitativos na rea de
CI, no Brasil. No seencontram disponveis, em uma s base de
dados,informaes como as utilizadas neste trabalho,dificultando a
aplicao dessa metodologia ou de outrasnormalmente empregadas em
estudos bibliomtricos.Aqui, no pas, no existe uma base ampla e
completa o
suficiente para estudos sobre co-autoria, anlise decitaes e
co-citaes, para ficar somente nos maisrelevantes*.
Finalmente, fica o alerta: entre descrever um aspecto deuma rea
de produo de conhecimento, mesmo querelevante para a anlise de um
fenmeno, e a compreensodas suas caractersticas fundamentais, h um
longocaminho de pesquisa. As redes de co-autoria existentesentre os
professores de um programa informam que acolaborao interdisciplinar
no est muito aprofundada,mas essa afirmao, para ser conclusiva,
precisaria sercomplementada por outras pesquisas quantitativas,
nosmoldes da proposta, mas com outras variveis, equalitativas. Como
uma das vantagens da metodologiade pesquisa proposta, destaca-se a
possibilidade de serreplicada em outros temas complementares, em
outrosprogramas e para o conjunto da cincia da informao.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos avaliadores annimos pelassugestes que
permitiram que esse artigo fossesubstancialmente melhorado. As
falhas remanescentesso de nossa inteira responsabilidade.
REFERNCIAS
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* Com o presente artigo, as dificuldades encontradas com relao
sbases de dados estimularam a montagem de um projeto mais amplo
deanlise da produo cientfica na rea da cincia da informao noBrasil,
denominado RedeCI (http://redeci.netic.com.br/).
Artigo submetido em 20/10/2005 e aceito em 10/07/2006.
Ci. Inf., Braslia, v. 35, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2006
Anlise de redes sociais como metodologia de apoio para a
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