Pro Selling COURSE SYLLABUS, V.1 – 01-05-2018 1 BUSML4221 PROFESSIONAL SELLING COURSE SYLLABUS SPRING 2018 Dale Anne Davidson Senior Lecturer Fisher College of Business Marketing & Logistics Department [email protected]347 Fisher Hall Office hours: By Appointment REQUIRED COURSE MATERIALS Required textbooks: 1. ISBN # 0-07-051113-6; SPIN Selling; Neil Rackham; McGraw-Hill, no edition number 2. ISBN # 978-1-138-95123-5; Contemporary Selling, Building Relationships, Creating Value; Mark W. Johnston & Greg W. Marshall, 5 th Edition, Routledge (Please note: previous editions are NOT acceptable.) Do NOT delay in purchasing textbooks. Both textbooks are required for reading assignments, role-play preparation, and quizzes. First quiz is Friday, January 19, 2018, and includes material from both textbooks. (REFER to course schedule in syllabus and Carmen for all quiz dates.) One copy of each textbook is on reserve at the library. COURSE DESCRIPTION Principles of effective B2B professional selling: current practices that integrate B2B professional selling with marketing programs; application of B2B professional selling to broader business contexts. COURSE KNOWLEDGE GOALS Professional B2B selling is a challenging and rewarding career path and will prepare you for professional sales, sales management, business management, or entrepreneurship. Selling is one of the most dynamic aspects of today’s business strategy. This course focuses on B2B professional selling and by the end of this course you should be able to discuss and be familiar with: 1. The field of selling; including selling, sales people, and building partnering relationships. 2. Knowledge and skill requirements to be learned include: ethical and legal issues in selling; buying behavior and the buying process; using communication principles to build relationships; and adaptive selling for relationship building. 3. The partnership process; including prospecting, planning the sales call, making the sales call, strengthening the presentation, responding to objections, obtaining commitment, formal negotiating, and building long-term partnerships after the sale. ATTENDANCE POLICY Class performance (participation) is critical to success in this class. The sales arena is engaging, interactive, and dynamic and will be treated as such in class with the use of role-plays, class exercises, mini-case discussions, and graded, group role-plays. In order to derive the maximum benefit from class, attendance and participation is required and graded.
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ANÁLISE DA MORTALIDADE NACIONAL INTRA-HOSPITALAR · Anexo 7 – Analise da plausibilidade da causa directa tendo uma determinada causa básica ... de todos os óbitos ... em Moçambique.
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Transcript
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
ANÁLISE DA
MORTALIDADE
NACIONAL
INTRA-HOSPITALAR
MOÇAMBIQUE
Sistema de Informação de Saúde-Registo de Óbitos
Hospitalares (SIS-ROH)
Análise de 3 anos - 2009-2011
Maputo, Novembro de 2012
Com apoio técnico da MOASIS/Jembi Health Systems
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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Lista dos conteúdos
I. Prefacio 2
II. Abreviações 3
1. Sumário executivo 4
2. Introdução 8
3. Objectivos da análise 9
4. Metodologia utilizada para apuração dos dados 9
5. Resultados 10
5.1. Secção I – Análise dos dados nacionais 10
5.1.1. Resultados gerais 10
5.1.2. Análise detalhada sobre algumas condições específicas 34
5.1.2.1. HIV/SIDA 34
5.1.2.2. Tuberculose 38
5.1.2.3. Malária 40
5.1.2.4. Doenças evitáveis com vacinas 41
5.1.2.5. Doenças do aparelho cardiovascular 42
5.1.2.6. Doenças do aparelho respiratório 43
5.1.2.7. Tumores 45
5.1.2.8. Diabete 48
5.1.2.9. Causas externas 49
5.1.2.10. Mortalidade materna 52
5.1.3. Comparação dos resultados do SIS-ROH com outros dados de mortalidade de
Moçambique 54
5.2. Secção II – Análise dos dados do Hospital Central de Maputo (HCM) 59
6. Análise da qualidade dos dados do SIS-ROH 73
6.1. Resultados da análise da qualidade 73
6.2. Algumas medidas para aumentar a qualidade dos dados 74
7. Conclusões 75
8. Anexos 76
8.1. Anexo 1 – Distribuição dos óbitos por causa básica de morte (capitulo CID-10) por cada hospital
8.2. Anexo 2 – Distribuição de todos os óbitos por causa básica de morte (subcategorias 4 dígitos), numero,
percentagem e percentagem cumulativa, 2009-2011
8.3. Anexo 3 – Distribuição de todos os óbitos por causa directa de morte (subcategorias 4 dígitos), numero,
percentagem e percentagem cumulativa, 2009-2011
8.4. Anexo 4 – Inconsistência entre sexo do falecido e tipo de causa básica de óbito
8.5. Anexo 5 – Frequência dos códigos lixo por ano, 2009-2011
8.6. Anexo 6 – Percentagem de óbitos com intervalo de internamento=0 minutos, por hospital, 2009-2011
8.7. Anexo 7 – Analise da plausibilidade da causa directa tendo uma determinada causa básica
8.8. Anexo 8 – Distribuição de todos os óbitos do 2009-2011 por causa básica de morte na base da lista dos
agrupamentos de causas de óbito do Certificado de Óbito
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Prefácio
Pela primeira vez em o Ministério da Saúde da República de Moçambique publica estatísticas sobre
as causas de óbito de âmbito nacional obtidas através de um sistema de informação de rotina.
Desde 2008 o “Sistema de Registo de Óbitos Hospitalares” (SIS-ROH) está sendo progressivamente
implementado com êxito no País permitindo recolher informações de alta qualidade. O sistema irá
ser expandido ulteriormente abrangendo todos os hospitais do País. No âmbito dos esforços
multissectoriais visando o fortalecimento das estatísticas vitais em Moçambique o SIS-ROH poderá
servir como ferramenta para o registo das causas de óbito de indivíduos que morrem fora do Serviço
Nacional de Saúde, tornando-se assim uma ferramenta essencial para medição da mortalidade e das
suas causas em Moçambique.
As estatísticas de mortalidade e a sua evolução ou tendência no tempo permitirão subsidiar acções
de promoção/prevenção à saúde e avaliar o impacto dos programas de saúde, dentre os quais o
Programa Nacional de Controlo do HIV/SIDA, o Programa da Tuberculose, o da Malária, o da Saúde
Materno-Infantil e outros, em termos de redução da mortalidade. As estatísticas de mortalidade
permitirão também individualizar e quantificar novos e emergentes desafios tais como a prevenção
e controlo das doenças não infecciosas, dos acidentes de transporte, do seguimento dos pacientes
portadores de doenças crónicas. Informações de qualidade sobre as causas de óbito serão cada vez
mais utilizadas para orientar ainda melhor as políticas e as estratégias do sector de saúde,
melhorando assim a situação de saúde e a qualidade de vida do povo Moçambicano.
Espera-se que o presente relatório seja útil para os gestores de saúde e comunidades aos diferentes
níveis, a leitura e análise das informações reportadas fornecem subsídios motivadores para
acompanhar a Política Nacional de Saúde em Moçambique, a implementação do PARP, a proposição
de soluções custo-efectivas que permitem ganhos em Saúde e o entendimento de que dados
padronizados também contribuem para salvar vidas.
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Abreviações
CDC - Center of Disease Control and Prevention
CID-10 - Classificação Internacional das Doenças, 10ª versão
CO - Certificado de Óbitos
DIS - Departamento de Informação para a Saúde
DPC - Direcção de Planificação e Cooperação
HCB - Hospital Central de Beira
HCM - Hospital Central de Maputo
HCN - Hospital Central de Nampula
HGJM - Hospital Geral de José Macamo
HIV/SIDA - Vírus da Imunodeficiência Humana / Síndrome de imunodeficiência adquirida
HPC - Hospital Provincial de Chimoio
HPI - Hospital Provincial de Inhambane
HPL - Hospital Provincial de Lichinga
HPP - Hospital Provincial de Pemba
HPQ - Hospital Provincial de Quelimane
HPX - Hospital Provincial de Xai-Xai (HPX)
INCAM - Inquérito sobre Causas de Mortalidade
MISAU - Ministério da Saúde
MOASIS - Mozambican Open Architectures, Standards and Information Systems
OMS - Organização Mundial da Saúde
SIS-ROH - Sistema de Registo de Óbitos Hospitalares
SNS - Serviço Nacional de Saúde
UEM - Universidade Eduardo Mondlane
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1. Sumário executivo
O “Sistema de Registo de Óbitos Hospitalares” (SIS-ROH) foi desenvolvido em 2008 no âmbito da
parceria entre o Ministério da Saúde (MISAU), através do Departamento de Informação para a Saúde
(DIS), a MOASIS (Mozambican Open Architectures, Standards and Information Systems) e Jembi
Health Systems. O SIS-ROH permite o registo electrónico individual de cada óbito ocorrido dentro
dos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Os dados são recolhidos através do novo
Certificado de Óbito (CO) e as causas de óbito são seleccionadas e codificadas segundo a
Classificação Internacional das Doenças, 10ª versão (CID-10). Inicialmente o SIS-ROH foi instalado no
Hospital Central de Maputo (HCM) e, até Setembro de 2012 foi expandido a 28 locais em todo o
país, entre os quais todos os hospitais de nível IV e III e 23% de nível II. Esta é a primeira análise
completa e exaustiva dos dados estatísticos do SIS-ROH, recolhidos desde o ano de 2009 até 2011.
Os objectivos da análise são: 1) apresentar os principais resultados de nível nacional, 2) apresentar a
evolução de alguns indicadores no tempo para o HCM, e 3) avaliar a qualidade e cobertura dos
dados do SIS-ROH.
Análise nacional
Em total, os dados de 10 hospitais (cerca de 20% de todos os hospitais de Moçambique) foram
incluídos; com exclusão de Tete e Maputo Província, todas as outras províncias estão representadas.
O total de óbitos registados foi 5.259 de 2009 (somente HCM), 8.995 no ano de 2010 e 15.063 no
ano de 2011, mostrando uma rápida expansão da abrangência do sistema.
A análise das características demográficas dos falecidos mostra que o ratio de óbitos entre homens e
mulheres é 1.3 (variação entre hospitais: 0.99 - 1.77); os óbitos intra-hospitalares são maiores no
sexo masculino em todas as faixas etárias com excepção da faixa 15-24 anos. A idade média de óbito
é 26.7 anos (variação entre hospitais: 18.1 e 33.1); a distribuição por idade mostra dois picos, nas
crianças com menos de um ano (28% de todos os óbitos) e nos jovens adultos de 25-34 anos (16%).
No âmbito da mortalidade infantil, a mortalidade neonatal precoce é a mais importante (17% de
todos os óbitos). Mais da metade dos óbitos é residente na Cidade e Província de Maputo (40% e
12% respectivamente); 0.2% dos óbitos são de estrangeiros. 99.4% dos óbitos ocorreram em
indivíduos de raça negra.
Globalmente, os tipos de admissão mais frequentes para os doentes que morrem durante o
internamento são “admissão urgente dum serviço de urgência” (58%) e “transferência doutra
unidade sanitária” (22%). O padrão de distribuição do tipo de admissão é substancialmente parecido
entre os vários níveis de assistência hospitalar (II, II e IV). 43% dos óbitos aconteceram nas primeiras
48 horas de internamento (variação entre hospitais: 29% - 58%). Na maioria dos hospitais, a
mortalidade nas primeiras 48 horas é maior nos departamentos/serviços de urgência, mas a
diferença entre urgência e serviços normais é muito pequena em alguns hospitais (Hospital Central
(HC) da Beira, Hospitais Provinciais (HP) de Chimoio e Inhambane).
A análise das causas básicas de óbito, agrupadas por capítulos CID-10, mostra que 38% dos óbitos
são devidos a doenças infecciosas e parasitárias, 19% a afecções originadas no período perinatal, 8%
a doenças do aparelho circulatório, 5% a doenças do aparelho respiratório e 5% a neoplasias; todas
as outras causas originam uma proporção inferior a 4% dos óbitos. Este padrão é parecido na
maioria dos hospitais, todavia os HP de Quelimane e Xai-Xai destacam-se por ter uma percentagem
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de óbitos por doenças infecciosas mais elevada à da média nacional (57% e 65% respectivamente);
pelo contrário, o HP de Inhambane tem uma baixa percentagem de óbitos por doenças infecciosas
(23%) e alta por doenças do aparelho cardiovascular (13%). A proporção de óbitos por afecções
perinatais é alta no Hospital Geral ´José Macamo´ (HGJM) (29%) e baixa no HP de Inhambane (4%).
Comparando os óbitos em hospitais de nível diferente aferentes ao mesmo território, o HCM (nível
IV) e HGJM (nível II), o HCM regista um número de óbitos maior por causas que requerem cuidados
mais especializados sugerindo que esta unidade sanitária está a ser realmente utilizada como
hospital de referência.
Em detalhe, as causas de óbito mais frequentes são “Doença pelo HIV” que é responsável por 28%
de todos os óbitos (17% é HIV não especificado (NE), 7% é HIV resultando em doenças infecciosas,
1% resultando em neoplasias malignas, 3%, resultando em outras doenças especificadas como
síndrome de emaciação, demência, etc.); a co-infecção HIV/TB causa 3.8% de todos os óbitos. A
seguir, as causas mais frequentes são os transtornos relacionados com a gestação de curta duração e
baixo peso ao nascer (9%; sendo 6% em recém-nascidos pré-termo, entre 28 e 37 semanas). Entre
algumas das patologias de interesse de saúde pública, a malária (por P. falciparum e NE) causa 4%
dos óbitos e a TB 2.1 % (1.3% por TB respiratória); entre as causas não infecciosas a hipertensão
essencial causa 3% dos óbitos e a diabete 1%. Os acidentes de transporte causaram 1% dos óbitos
(entre estes 62% são devidos a atropelamento de pedestre). Entre as neoplasias, a localização mais
frequente são os órgãos digestivos (75% são tumores do fígado e das vias biliares intra-hepáticas)
que causam 1% dos óbitos totais. Houve 43 óbitos devidos a doenças para as quais a vacinação é
incluída no Programa Alargado de Vacinações (PAV) em Moçambique. Em quase todos os hospitais o
HIV e alguns transtornos perinatais são as causas mais frequentes; destacam-se o HC de Nampula
onde a malária causa 16% dos óbitos reportados e o HP de Inhambane que registou uma prevalência
muito baixa de óbitos por HIV e onde nenhuma das causas totaliza mais de 5%.
A distribuição dos óbitos por causa básica e causa directa é muito diferente sugerindo que a
diferença conceptual entre os dois tipos de causas foi entendida e bem preenchida pelos médicos e
codificadores. Entre as causas directas mais frequentes e de interesse para gestão hospitalar há a
septicemia bacteriana do recém-nascido (5.8%) e a septicemia do adulto (5.2%); assepsia
insuficiente foi reportada em 0.2% dos óbitos. Outras causas directas frequentes são
broncopneumonia NE (3.8%), insuficiência respiratória aguda (2.2%), anemia NE (2.4%) e choque
hipovolêmico (1.2%).
A análise das causas de óbito por faixa etária mostra que as doenças infecciosas e parasitárias são as
mais frequentes em todas as faixas etárias (variando de 38% a 61%), com excepção dos recém-
nascidos (0-28 dias) e os maiores de 64 anos entre os quais as causas de morte predominantes são,
respectivamente, as afecções do período perinatal (84%) e as doenças do aparelho circulatório
(30%). Em geral, a idade média de óbito em maiores de 1 ano é significativamente inferior nos óbitos
por HIV que nos óbitos por qualquer outra doença, sendo respectivamente 34.9 e 39.1 (p<0.005). A
percentagem das doenças do aparelho circulatório aumenta progressivamente com o aumento da
idade, sendo cerca de 5% até 44 anos, 19% na faixa de 45-64 anos e 30% nos maiores de 64 anos. As
neoplasias são mais frequentes nas faixas etárias de 5-14 anos (8%, principalmente neoplasias
malignas do tecido linfóide e hematopoiético), e maiores de 64 anos (11%). As causas externas são
mais frequentes nos homens e tem distribuição não homogénea entre faixas etárias: entre 1-14 anos
causam 11% dos óbitos (principalmente por queimaduras e corrosões) e entre 15-24 anos 13%
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(principalmente por acidentes de transporte e agressões – nenhum óbito por síndrome dos maus
tratos e agressão sexual foi reportado). A diabete, nas suas várias formas, representa globalmente
apenas 1.4% das causas básicas de óbito; todavia a percentagem varia entre faixas etárias registando
um aumento constante com o aumentar da idade.
As causas da mortalidade infantil mudam nas diferentes faixas etárias. A mortalidade neonatal
precoce é devida principalmente a nascimento pré-termo (28-37 semanas) (27%) e asfixia ao nascer
(19%); óbitos por extrema imaturidade (<28 semanas) e peso ao nascer <1000 gramas são mais raros
(respectivamente 7% e 9% dos óbitos). A mortalidade neonatal tardia é devida principalmente a
nascimento pré-termo (26%) e septicemia bacteriana do recém-nascido (18%). A mortalidade pós-
neonatal depende principalmente de HIV NE (13%), desnutrição grave (9%), diarreia de origem
infecciosa e a broncopneumonia NE (ambas 7%). A mortalidade entre 1-4 anos é devida
principalmente a HIV NE (13%), desnutrição grave (12%) e malária confirmada complicada (10%). Em
geral, 40% dos óbitos por malária acontece nas crianças de 0-4 anos (31% destes óbitos são devido à
malária por P. falciparum com complicações cerebrais).
Nas mulheres adultas (>14 anos), o HIV causa cerca de metade dos óbitos nas faixas etárias de 15-24
anos (44%), 25-34 anos (59%) e 35-44 anos (50%). As patologias e condições ligadas à gravidez, parto
e puerpério (GPP) são entre as causas de óbitos mais frequentes causando 9% dos óbitos de
mulheres de 15-24 anos, 6% nas de 25-34 anos e 4% nas de 35-44 anos; 60% dos óbitos por GPP
aconteceram nas primeiras 48 horas de internamento. A modalidade de admissão foi “urgente” em
56% dos casos e transferência doutra unidade sanitária em 40%. Nos homens adultos (>14 anos), o
HIV causa cerca da metade dos óbitos na faixa etária de 25-34 anos (51%) e 35-44 anos (51%);
contrariamente às mulheres, na faixa de 15-24 anos a mortalidade por HIV não é especialmente alta
(28%). As causas externas são entre as causas de óbitos mais frequentes, com percentagem elevada
entre os jovens adultos (19% e 11% respectivamente em 15-24 e 25-34 anos).
Análise HCM
Os dados do SIS-ROH do HCM são muito completos para o triénio 2009-2011 (SIS-ROH registou 10%
mais óbitos que o censo hospitalar), permitindo avaliar de maneira fiável a mudança de alguns dados
no tempo. Houve uma diminuição importante de óbitos entre os admitidos em urgência (de 60%
para 35%) e os nascimentos, com um aumento importante de óbitos entre transferidos por outras
unidades de saúde; houve também diminuição da percentagem de óbitos nas primeiras 48 horas (de
45% para 37%). Isso poderia estar ligado ao esforço de utilizar cada vez mais o HCM como hospital
de referência e menos como primeiro ponto de assistência. As doenças infecciosas são a causa
principal desde 2008, com um pico de 38% no ano de 2009 e uma prevalência de 31% no ano de
2011. A principal causa de óbito é a doença pelo HIV, que está em ligeiro declínio depois de 2009
(causou 35% dos óbitos em 2008, 29% dos óbitos em 2009 e 24% em 2010 e 2011). As afecções do
período perinatal mostram um leve mas constante aumento desde 2008. Entre as causas de óbitos
neonatais, os óbitos por imaturidade extrema (<28 semanas) estão em ascensão sendo 11% em
2009, 15% em 2010 e 25% no ano de 2011. As doenças do aparelho circulatório, as neoplasias e a
GPP mostram um aumento leve mas constante. Desde 2009 até 2011 nota-se um aumento de óbitos
por hipertensão essencial e uma diminuição dos por malária por p. falciparum: estes dados parecem
coerentes com a modificação do perfil epidemiológico das causas de óbitos em área urbana.
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Analisando as causas directas, observa-se que a causa principal é a septicemia NE e a septicemia do
recém-nascido, ambas com tendência a aumentar de 2009 até 2011.
Cobertura e qualidade
A representatividade dos dados do SIS-ROH para a mortalidade nacional tem limitações porque o
SIS-ROH ainda não foi instalado em todos os hospitais e, por enquanto, abrange somente os óbitos
intra-hospitalares (estimados ser cerca de um quinto de todos os óbitos). Na base da comparação
dos dados do SIS-ROH e os dados estimados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ou estudos
nacionais como o INCAM (Inquérito Nacional sobre Causas de Mortalidade), o SIS-ROH tem uma
cobertura geral de 4% de todos os óbitos anuais em Moçambique; a cobertura é de 5% para os
óbitos infantis e 12% para os óbitos neonatais. A cobertura não é homogénea em todas as
províncias, sendo igual ou menor de 3% na maioria das províncias e muito alta nas províncias de
Maputo Cidade (43%) e Maputo Província (15%). A comparação entre SIS-ROH e INCAM mostra que
a proporção dos óbitos devido a HIV/SIDA é parecida.
Em geral a qualidade dos dados é boa. O número de óbitos cuja causa básica foi mal definida
(codificada como “Sintomas, sinais e achados anormais” e “Fatores que influenciam o estado de
saúde”), codificada com códigos “lixo” ou condições pouco prováveis é limitado, sendo em total
menos de 5%. A plausibilidade entre causa básica e causa directa é muito alta e sugere ausência de
erros sistemáticos na atribuição das causas de óbito. Cerca a metade dos óbitos por causas externas
foram codificadas utilizando códigos de “Consequências de causas externas” limitando a
possibilidade de obter estatísticas sobre o tipo de causa externa (ex. acidentes de transporte,
quedas, etc.). A qualidade de dados poderá ser mantida e melhorada através de algumas validações
automáticas já incluídas no aplicativo SIS-ROH e da promoção de algumas ferramentas como o
mICD-10 que permitem fácil acesso aos código CID-10 por parte do pessoal que preenche os COs e
que codifica as causas. Nos locais onde a formação sobre a codificação CID-10 e a supervisão sejam
problemáticas, uma lista standard de códigos seleccionados e agregados poderá ser introduzida.
Em conclusão, o SIS-ROH fornece informações sobre a mortalidade intra-hospitalar que podem guiar
decisões a nível de gestão hospitalar, de gestão dos pacientes no território e de gestão dos
programas de saúde pública. Apesar duma cobertura do sistema ainda baixa, o mesmo teve um bom
desempenho: em 3 anos foi expandido a 18 hospitais em todo o pais fornecendo dados de boa
qualidade. Actualmente a cobertura do SIS-ROH é já muito alta para os residentes da Cidade e
Província de Maputo e os dados podem ser considerados representativos da mortalidade intra-
hospitalar nesta área, permitindo medir directamente e monitorar as mudanças no perfil
epidemiológico da população no que diz respeito à mortalidade específica por causa e o impacto de
programas de controlo de condições como HIV/SIDA. Actualmente a cobertura do SIS-ROH é
também bastante elevada para os óbitos neonatais; as informações sobre as causas de morte
podem ser orientadoras para a saúde materno-infantil e o fortalecimento dos cuidados pediátricos
neonatais nos hospitais. No imediato, o plano para aumentar a abrangência do sistema inclui a sua
instalação em todos os hospitais até 2014 e o registo dos óbitos extra-hospitalares por causas
externas (violentas ou acidentes) até 2013. A médio/longo prazos, com a devida coordenação com
outros setores dentre os quais o Registo Civil, o SIS-ROH tem condições para tornar-se no sistema de
registo de todos os óbitos nacionais para os quais será preenchido um certificado de óbito ou outro
documento oficial nacional com indicação de causas ou circunstâncias de óbito.
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2. Introdução
Em 2008 o Ministério da Saúde (MISAU) através do Departamento de Informação para a Saúde (DIS)
da Direcção de Planificação e Cooperação (DPC) e o MOASIS (Mozambican Open Architectures,
Standards and Information Systems)1 embarcaram numa parceria visando o desenvolvimento de
iniciativas e sistemas que facilitem o processo de gestão no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e
contribuam para o sucesso das políticas nacionais de saúde. Um dos sistemas desenvolvidos no
âmbito desta parceria é o “Sistema de Registo de Óbitos Hospitalares” (SIS-ROH) - um sistema de
recolha de dados e um aplicativo informático desenvolvido pelo MOASIS para apoiar o MISAU na
obtenção e tratamento de informação relevante para o conhecimento das causas de morte das
unidades sanitárias do SNS de nível II, III e IV (Hospitais). O SIS-ROH é uma evolução do projeto piloto
de introdução da codificação CID-10 para as causas de morte implementado no Hospital Geral de
Mavalane em 2006, posteriormente melhorado, informatizado e expandido ao Hospital Central de
Maputo no ano de 2007.
Com início em 2008 o SIS-ROH foi desenvolvido como sistema mais abrangente que permite o
registo electrónico individual de cada óbito ocorrido dentro dos Hospitais do Serviço Nacional de
Saúde (SNS), fazendo uso da codificação internacional CID-10, e recolhe variáveis mínimas para a
realização de estatísticas de saúde nomeadamente relacionadas com as causas de morte,
importante suporte para melhorar a qualidade da atenção hospitalar e ajuste das políticas de saúde
pública a nível nacional e regional.
No início o sistema baseava-se sobre uma ficha de recolha ´ad hoc´ sendo o certificado de óbito (CO)
oficial pouco ou nada utilizado; ademais, somente uma cópia do CO era preenchida e transferida
para o registo civil, não podendo ser utilizada para o armazenamento de dados localmente, no
sector de saúde. Sucessivamente, no ano de 2009, como consequência positiva da introdução do SIS-
ROH o CO foi revisto em termos de conteúdos e procedimentos: actualmente 3 cópias (vias) são
preenchidas e uma destas é arquivada no Hospital onde acontece o evento de morte e é assim usada
como fonte que alimenta o SIS-ROH sem necessidade de uma ficha específica. Por conseguinte, a
actual fonte de dados e único input para o SIS-ROH é o novo Certificado de Óbitos (CO) (Mod. SIS-
D06). Na actualidade o SIS-ROH regista somente os óbitos que acontecem nos hospitais, entre os
pacientes ou pessoas internados; todavia o CO é um documento oficial a ser preenchido para todos
os óbitos, intra e extra-hospitalares, e o SIS-ROH tem condições para tornar-se no sistema de registo
de toda a mortalidade nacional.
O sistema assim reformado teve uma rápida aceitação pelos utilizadores e foi adoptado a nível
nacional e apresentado em vários fóruns internacionais como exemplo de boas práticas.
Esta é pois a primeira análise completa e exaustiva dos dados estatísticos do SIS-ROH, recolhidos
desde o ano de 2009 até 2011 em todos os hospitais onde o SIS-ROH foi instalado com base do plano
de expansão então elaborado e acordado.
1 MOASIS é uma organização moçambicana sem fins lucrativos ligada à investigação e prestação de serviços,
filiada à Universidade ‘Eduardo Mondlane’ (UEM) e integrante duma rede que persegue o objectivo de fortalecer as capacidades africanas na área de e-Health envolvendo os sectores público, privado e de investigação.
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3. Objectivos da análise
A análise que a seguir se apresenta tem como objectivos essenciais:
Apresentar os principais resultados de nível nacional, em todos os hospitais, nos anos 2010-
2011;
Apresentar a evolução de alguns indicadores no tempo para o Hospital Central de Maputo;
Avaliar a qualidade e cobertura dos dados do SIS-ROH.
4. Metodologia utilizada para apuração dos dados
Foi feita uma análise descritiva das bases de dados dos óbitos dos anos 2009-2011 fornecidas pelos
principais hospitais do país onde o SIS-ROH foi instalado e está sendo usado.
Para a apresentação dos dados nacionais foram utilizados os dados grupados dos anos 2009, 2010 e
2011 de todos os hospitais cuja base de dados estava disponível. Todavia, para apresentação de
indicadores estratificados por hospital, foram selecionados somente os dados de 2010 e 2011, sendo
que só o Hospital Central de Maputo tem dados para o ano 2009. A comparação entre 2010 e 2011
não será apresentada neste trabalho porque para 2010 alguns dos hospitais têm uma base de dados
de menos de 12 meses, isto devido à expansão gradual do SIS-ROH no País ao longo do ano 2010;
todavia os dados de 2010 e 2011 foram confrontados em termos de distribuição por principais
características (causas de morte, sexo, faixa etária, etc.) tendo resultado serem muito parecidos.
Alguns indicadores selecionados foram analisados estratificados por hospital para permitir uma
comparação entre as unidades sanitárias e como proxy para uma comparação entre províncias.
Para o Hospital Central de Maputo, foram analisados os dados do triénio 2009-2011 permitindo
assim a análise da tendência de alguns indicadores neste triénio. Os dados do censo diário hospitalar
(contagem a cada 24 horas do número de camas ocupadas) foram utilizados para: 1) calcular a taxa
de mortalidade intra-hospitalar (geral e por departamento); 2) confrontar o número de óbitos
registados através do censo diário e pelo SIS-ROH e obter uma avaliação da cobertura do SIS-ROH no
HCM.
Nas análises sobre causa básica de óbito não foram retirados os capítulos de causas mal definidas e
os dois capítulos que não podem, segundo a OMS, serem classificados como causa básica do óbito:
“XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas” e “XXI. Factores
que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde”, pretendendo assim
quantificar os óbitos que foram impropriamente classificados com o objectivo de usar os dados para
melhorar a qualidade de dados do SIS-ROH.
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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5. Resultados gerais
5.1 Secção I – Análise dos dados nacionais
5.1.1 Resultados gerais
Até Agosto 2012 o SIS-ROH foi implementado em 17 dos 53 hospitais do país (32%), ou seja em
todos os 3 hospitais centrais, todos os 7 hospitais provinciais, 4 dos 6 hospitais gerais, 3 dos 27
hospitais rurais, e nenhum dos hospitais distritais e especializados. Os dados incluídos na presente
análise são de 10 destes 17 hospitais (equivalentes a 19% de todos os hospitais de Moçambique). Os
3 hospitais rurais foram excluídos porque o SIS-ROH foi implementado somente em 2012 e não
tinham dados de 2010-2011; as bases de dados do Hospital Provincial de Tete e dos Hospitais Gerais
de Chamanculo (Cidade de Maputo), Machava (Província de Maputo) e Mavalane (Cidade de
Maputo) não estavam disponíveis para esta análise devido a: (i) problemas de perda de dados na
sequência do roubo do computador onde estava fisicamente colocada a base de dados, (ii)
problemas técnicos e (iii) falta de introdução atempada de dados por falta de pessoal dedicado. Com
exclusão de Tete e Maputo Província, todas as outras províncias estão representadas.
A tabela 1 mostra o número de óbitos registados no SIS-ROH por hospital e por ano e incluídos nesta
análise.
Tabela 1 - Número de óbitos registados no SIS-ROH, por hospital e por ano
Hospital Província Ano
Total 2009 2010 2011
Central de Beira (HCB) Sofala - 1480 1911 3391
Central de Maputo (HCM) Maputo Cidade 5259 4970 5279 15508
Central de Nampula (HCN) Nampula - 72 945 1017
Geral de José Macamo (HGJM) Maputo Cidade - - 2657 2657
Provincial de Chimoio (HPC) Manica - - 616 616
Provincial de Inhambane (HPI) Inhambane - 313 453 766
Provincial de Lichinga (HPL) Niassa - 522 838 1360
Provincial de Pemba (HPP) Cabo Delgado - 242 268 510
Provincial de Quelimane (HPQ) Zambézia - 1270 1413 2683
Provincial de Xai-Xai (HPX) Gaza - 126 683 809
Total 5259 8995 15063 29317
O ratio de óbitos entre homens e mulheres é 1.3 em geral, com uma variação (range) entre 0.99 no
hospital provincial de Xai-Xai e 1.77 no hospital central de Nampula, mostrando uma prevalência de
óbitos registados no sexo masculino. Os óbitos sem informação sobre o sexo são menos de 1% em
todos os hospitais com excepção do hospital provincial de Lichinga onde falta a informação para
3.8% dos óbitos (fig.1).
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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Figura 1 – Distribuição dos óbitos registados no SIS-ROH, por hospital e sexo, 2009-2011
A idade média de óbito é 26.7 anos, com uma variação entre 18.1 e 33.1 entre os vários hospitais.
Em muitos hospitais e especialmente nos hospitais de Nampula, Chimoio e Lichinga a média
desacosta-se muito da idade mediana, sugerindo que a distribuição da idade dos óbitos não é
normal (gaussiana) (tab.2). De facto, a distribuição por idade mostra dois picos, nas crianças e nos
jovens-adultos, como discutido a seguir.
Tabela 2 – Idade média e idade mediana de óbito por hospital, 2009-2011
Hospital Idade Média Idade Mediana
HC Beira 27.3 27
HC Maputo 30.5 28
HC Nampula 18.1 28
HG José Macamo 22.2 27
HP Chimoio 20.9 27
HP Inhambane 33.1 28
HP Lichinga 19.1 28
HP Pemba 28.3 28
HP Quelimane 30.7 28
Total 26.7 27
A distribuição por idade dos óbitos mostra uma mortalidade intra-hospitalar elevada nas crianças
com menos de um ano (28%); a seguir as faixas de idade com mais mortalidade são os jovens
adultos de 25-34 anos (16%) e de 35-44 anos (13%). No âmbito da mortalidade infantil, a
mortalidade neonatal precoce é a mais importante representando 17% de todas as mortes intra-
hospitalares. (Fig.2)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Não especificado
Masculino
Feminino
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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Figura 2 – Distribuição dos óbitos registados no SIS-ROH, por faixa etária, 2009-2011
A distribuição por idade é parecida em todos os hospitais, todavia algumas faixas etárias têm piques
em alguns hospitais; nomeadamente a mortalidade neonatal precoce oscila entre menos de 5% nos
hospitais de Inhambane e Xai-Xai até mais de 26% nos hospitais de Chimoio e José Macamo.
Também na faixa etária de 1-4 anos tem uma grande variabilidade, indo de 5% nos hospitais da Beira
e Quelimane a 19% no hospital de Nampula (fig.3)
Figura 3 – Percentagem de óbitos registados no SIS-ROH, por faixa etária e hospital, 2009-2011
A distribuição dos óbitos por província de residência mostra que mais da metade dos óbitos é
residente na Cidade de Maputo (40%), na Província de Maputo (12%) e de Sofala (14%); sendo todas
as outras províncias sub-representadas, especialmente pensando que províncias como Nampula e
Zambézia têm 20% e 19% da população do Moçambique, respectivamente (tab.3).
1-4 7%
5-14 4%
15-24 8%
25-34 16%
35-44 13%
45-54 10%
55-64 7%
65+ 8%
0-7d 17%
8-28d 4%
29d-12m 7%
<1 28%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%HCB
HCM
HCN
HGJM
HPC
HPI
HPL
HPP
HPQ
HPX
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Tabela 3 – Distribuição dos óbitos por província de residência (2010-2011) e comparação com a distribuição da população por província em Moçambique (população projectada para o ano 2012 – Instituto Nacional de Estatística)
Província de residência Numero % População projectada. 2012 (INE)
%
Cabo Delgado 508 2% 1.797.335 8%
Cidade de Maputo 9664 40% 1.194.121 5%
Gaza 908 4% 1.344.095 6%
Inhambane 876 4% 1.426.684 6%
Manica 617 3% 1.735.351 7%
Província de Maputo 3005 12% 1.506.442 6%
Nampula 1005 4% 4.647.841 20%
Niassa 1364 6% 1.472.387 6%
Sofala 3339 14% 1.903.728 8%
Tete 23 0% 2.228.527 9%
Zambézia 2749 11% 4.444.204 19%
Total 24058 23.700.715
0.2% dos óbitos são de estrangeiros. 99.4% dos óbitos ocorreram em indivíduos de raça negra.
Observando a correspondência entre província de residência e província onde se encontram os
hospitais, nota-se que o Hospital Central de Maputo e o Hospital Geral José Macamo têm um
excesso de óbitos não residentes em Maputo Cidade, o 23% dos quais são residentes na Província de
Maputo; em reflexo, os hospitais em Gaza e Inhambane tem um número de óbitos totais inferior ao
número de óbitos residentes na mesma província (fig.4). Este achado é consequencial ao forte papel
de hospital de referência para toda a Região Sul do HCM e a vizinhança do HGJM à Província de
Maputo; infelizmente faltam os dados dos hospitais situados na Província de Maputo para dispôr de
um quadro ainda mais claro do fluxo dos pacientes nesta Região.
A análise do fluxo de pacientes que morrem nos hospitais na Região Norte é afectada pela falta de
dados do Hospital Provincial de Tete.
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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Figura 4 – Discrepância entre os óbitos totais registados nos hospitais de cada província e os óbitos
por província de residência dos falecidos, 2010-2011
Globalmente, os tipos de admissão mais frequentes para os doentes que morrem durante o
internamento são “admissão urgente dum serviço de urgência” (58%) e “transferência doutra
unidade sanitária” (22%; somente para uma pequena percentagem é especificado se a transferência
foi em modalidade urgente ou normal) (fig. 5).
Figura 5 – Distribuição dos óbitos por tipo de admissão, 2009-2011
Na maioria dos hospitais o tipo de admissão “urgente dum serviço de urgência” é o mais frequente,
com excepção dos hospitais de Inhambane e Pemba onde os nascimentos e consultas externas são
as mais frequentes. Esta diferença poderia depender duma real diferença de organização e gestão
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
500
600
Cab
o D
elga
do
C. d
e M
apu
to
Gaz
a
Inh
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Man
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Pro
v. M
apu
to
Nam
pu
la
Nia
ssa
Sofa
la
Tete
Zam
béz
ia
Nascimento nesta US
11%
Normal das Consultas Externas
3% Normal de outras US
0.5%
Sem informação 3%
Transferência doutra US
20%
Urgente de consultas externas
3% Urgente doutra
US 2%
Urgente dum serviço de urgência
58%
Residência em uma província
diferente da onde se encontra o
hospital onde aconteceu o óbito
Residência na mesma
província
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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dos hospitais e dos serviços territorial ou de uma errada codificação e atribuição de tipo de admissão
(fig.6).
Figura 6 – Distribuição do número de óbitos por hospital e por tipo de admissão (agrupamento em
3 grupos), 2010-2011
A comparação entre tipo de hospital mostra um padrão de distribuição do tipo de admissão
substancialmente parecido entre os vários níveis de assistência hospitalar (fig.7). É esperado que o
perfil dos hospitais centrais (nível IV) e provinciais (nível III) seja parecido. No entanto, surpreende
que não haja uma diferença maior entre hospitais centrais, - onde deveria prevalecer as
transferências doutra unidade de saúde para cuidados especializados -, e hospitais gerais (nível II),
onde deveriam prevalecer as urgências. Infelizmente, nesta fase de implementação do SIS-ROH,
ainda a comparação entre o nível IV e nível II é possível somente para Maputo e os achados não são
estendíveis às outras províncias.
Figura 7 – Distribuição em percentagem dos óbitos por tipo de hospital (hospitais centrais – HC,
provinciais –HP e gerais – HG) e por tipo de admissão (agrupamento em 3 grupos), 2010-2011
0
1000
2000
3000
4000
5000
HCB HCM HCN HGJM HPC HPI HPL HPP HPQ HPX
Transferencia doutra US Nascimentos e consultas externas
Urgente dum servico de urgencia
3448 816
1174
2053
520
1323
8346 1321
4247
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
HC HG HP
Urgente dum servico deurgencia
Nascimentos e consultasexternas
Transferencia doutra US
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A distribuição dos óbitos por mês foi analisada só para o ano de 2011 porque, ao longo dos anos
anteriores, o SIS-ROH foi implementado cada vez em mais hospitais, portanto a tendência de
aumento de óbitos de janeiro até dezembro é fictícia. Em 2011 o número de óbitos parece ser maior
entre julho e outubro (fig.8). Esta tendência é difícil de ser explicada porque este período não
corresponde ao pico epidémico de algumas doenças infecciosas nem com o período das chuvas e
cheias, nem mesmo com o pique de frio. Analisando as curvas por cada hospital, os hospitais com
um padrão parecido ao geral, são o Hospital Central de Beira (Sofala) e o Hospital Provincial de
Chimoio (Manica): nestes hospitais este efeito poderia ser explicado pelo fortalecimento do SIS-ROH
durante o ano de 2011 (fig.9). No Hospital Geral de ´José Macamo’ (Cidade de Maputo) a diminuição
de casos em dezembro parece claramente ligada a um atraso na introdução de dados estatísticos de
um mês no sistema. O registo de mortalidade parece não ter ainda uma cobertura de dados que
permita interpretar tendências sazonais de mortalidade.
Figura 8 – Distribuição de todos os óbitos por mês, ano-2011
Figura 9 – Distribuição dos óbitos por mês e hospital, ano-2011
A análise dos óbitos por departamentos e serviços de internamento não é possível a nível nacional
por falta de padronização da estrutura organizacional hospitalar que não permitiu a codificação dos
departamentos e serviços. Ademais, com excepção do Hospital Central de Maputo - cuja análise é
1000
1100
1200
1300
1400
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dec
0
100
200
300
400
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dec
HCB
HCM
HCN
HGJM
HPC
HPI
HPL
HPP
HPQ
HPX
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mostrada a seguir, - não foi possível obter os dados de internamentos e então foi impossível calcular
a taxa de mortalidade específica por departamento/serviço.
43% dos óbitos aconteceu nas primeiras 48 horas de internamento, com uma variação entre um
mínimo de 29% em Xai-Xai (Província de Gaza) e um máximo de 58% em Chimoio (Província de
Manica). Na maioria dos hospitais, a mortalidade nas primeiras 48 horas é maior nos
departamentos/serviços de urgência, mesmo se a diferença é muito pequena em alguns dos
hospitais (Hospital Central da Beira, Hospitais Provincial de Chimoio e Provincial de Inhambane) (fig.
10).
Figura 10 – Distribuição dos óbitos por intervalo de tempo entre internamento e morte, por
departamentos/serviços de urgência e não urgência, por hospital, 2010-2011 (a análise foi feita
para os hospitais que permitiam diferenciar claramente entre serviços de urgência e normais)
A análise das causas básicas de óbito, grupadas na base dos capítulos CID-10, mostra que mais do
que um terço dos óbitos é devido a doenças infecciosas e parasitárias e quase um quinto é devido a
afecções originadas no período perinatal; 43% dos óbitos é devida a todas as outras causas, entre as
quais as principais são as doenças do aparelho circulatório, do aparelho respiratório e neoplasias
(tab.4).
Tabela 4 – Distribuição dos óbitos por causa básica de morte (capítulo CID-10), 2009-2011
Causa básica de óbito (capitulo CID-10) Número % % Cumulativa
Doenças infecciosas 11110 37.9 37.9
Afecções do período perinatal 5448 18.6 56.5
Doenças do aparelho circulatório 2369 8.1 64.6
Doenças do aparelho respiratório 1534 5.2 69.8
Neoplasias 1391 4.7 74.5
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Não
urg
enci
a
Urg
enci
a
Não
urg
enci
a
Urg
enci
a
Não
urg
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a
Urg
enci
a
Não
urg
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a
Urg
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a
Não
urg
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a
Urg
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a
Não
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a
Urg
enci
a
Não
urg
enci
a
Urg
enci
a
Não
urg
enci
a
Urg
enci
a
Não
urg
enci
a
Urg
enci
a
HCB HCM HCN HGJM HPC HPI HPL HPQ HPX
>48h
<48h
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Causa básica de óbito (capitulo CID-10) Número % % Cumulativa
Doenças endócrinas e nutricionais 1093 3.7 78.3
Consequências de causas externas 971 3.3 81.6
Causas externas 793 2.7 84.3
Doenças do sistema nervoso 739 2.5 86.8
Doenças hematológicas e imunitárias 737 2.5 89.3
Doenças do aparelho digestivo 643 2.2 91.5
Gravidez, parto e puerpério 525 1.8 93.3
Sintomas, sinais e achados anormais 481 1.6 94.9
Doenças do aparelho geniturinário 431 1.5 96.4
Malformações congênitas e anomalias cromossômicas 361 1.2 97.6
Factores que influenciam o estado de saúde 159 0.5 98.2
Não especificada 132 0.5 98.6
Doenças do sistema osteomuscular 124 0.4 99.1
Doenças do olho e anexos 94 0.3 99.4
Doenças da pele e do subcutâneo 90 0.3 99.7
Transtornos mentais 81 0.3 100.0
Doenças do ouvido e da mastóide 11 0.0 100.0
Total 29317
A análise das causas básicas de óbito por capítulos CID-10 mostra um padrão parecido na maioria
dos hospitais, sendo as doenças infecciosas e as afecções do período perinatal as mais prevalentes
(anexos 1). Todavia, alguns hospitais têm características salientes. Os hospitais provinciais de
Quelimane e Xai-Xai têm uma percentagem de óbitos por doenças infecciosas significativamente
mais elevada da média nacional (57% e 65% respectivamente). Ao contrário, o Hospital de
Inhambane tem uma percentagem significativamente menor de óbitos por doenças infecciosas
(23%) e significativamente maior de óbitos por doenças do aparelho cardiovascular (13%). A
proporção de óbitos por afecções perinatais é significativamente muito maior no Hospital Geral
´José Macamo´ (29%) e muito menor no Hospital Provincial de Inhambane (4%).
As tabelas 5 e 6 permitem uma comparação da distribuição dos óbitos por causa básica
(agrupamento dos capítulos do CID-10) entre todos os hospitais incluídos nesta análise.
Tabela 5 – Número de óbitos por causa básica de morte (capitulo CID-10) e hospital, 2010-2011
A seguir, a análise por causa básica de óbito é feita com maior detalhe. A estrutura da classificação
CID-10 permite ter uma descrição das causas de óbito extremamente detalhada (códigos de 4
dígitos), muito detalhada (códigos de 3 dígitos) e por grupamentos de patologias homogéneos
(bloques). Apresentamos a análise com estes 3 níveis de detalhe para dar uma ideia o mais completa
da mortalidade intra-hospitalar.
Utilizando as categorias de 4 dígitos da classificação CID-10 (o nível de codificação mais específico),
observa-se que 84 dos 2365 códigos2 registados na base de dados representam 70% de todas as
causas de óbitos (Anexo 2). As causas mais frequentes são doença pelo HIV - não especificada (17%),
recém-nascidos pré-termo (entre 28 e 37 semanas) (6%), hipertensão essencial (3%) e HIV
resultando em doenças infecciosas (2.5%). As outras doenças têm uma prevalência de 2% ou menor;
nesta comprida lista de causas de óbito, algumas de particular interesse para a saúde pública são:
gastroenterite de origem infecciosa presumível (1.5%), doenças pelo HIV resultando em infecções
múltiplas (1.4%) e outras doenças (1%), malária por plasmodium falciparum com ou sem
complicações cerebrais (respectivamente 1.1% e 1.0%), malária não especificada (0.8%), diabete
melito (0.7%), marasmo nutricional e Kwashiorkor marasmático (respectivamente 0.7% e 0.6%). A
tuberculose respiratória com e sem confirmação bacteriológica é respectivamente só 0.3% e 0.2%
das causas de óbito. A causa externa de óbito mais frequente é queimaduras (0.4%) e os acidentes
de transporte não especificados e quedas são ambos 0.2% das causas.
Entre as causas de óbito de interesse da gestão hospitalar pode-se evidenciar que a septicemia
bacteriana do recém-nascido, não especificada e genérica, causam respectivamente 1.1% e 0.7% dos
óbitos; a septicemia do adulto causa 0.5% dos óbitos.
2 No sistema de classificação CID-10, existem 12,455 códigos em total. Alguns não são admitidos como causas
de óbito.
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Utilizando as categorias de 3 dígitos da classificação CID-10, onde algumas condições são agrupadas
em categorias específicas3 (por exemplo todas as condições devidas a infecção por plasmodium
falciparum) é mais fácil individualizar grupos de causas de óbito que podem ter um interesse de
saúde pública. Observa-se que 37 dos 1088 códigos de 3 dígitos registados na base de dados
representam 70% de todas as causas de óbitos (tab.9). As causas mais frequentes são doença pelo
HIV (não especificada 17%, resultando em doenças infecciosas 7%, resultando em neoplasias
malignas 1%, resultando em outras doenças especificadas 1%, resultando em outras doenças 2%) e
transtornos relacionados com a gestação de curta duração e peso baixo ao nascer (9%). Entre
algumas das patologias de interesse de saúde pública, a malária por P. falciparum e não especificada
causa 4% dos óbitos e a TB 2,5% (2% por TB respiratória e 0.5% por TB miliar); entre as causas não
infecciosas a hipertensão essencial causa 3% dos óbitos e a diabete 1%.
Tabela 9 – Distribuição de todos os óbitos por causa básica de morte (categoria de 3 dígitos, CID-
10), numero, percentagem e percentagem cumulativa, 2009-2011
Código Descrição da causa de óbito Total % % Cum.
B24 Doença pelo HIV, não especificada 4850 17% 17%
P07 Transtornos relacionados com a gestação de curta duração e peso baixo ao nascer não classificados em outra parte
2774 9% 26%
B20 Doença pelo HIV, resultando em doenças infecciosas e parasitárias
2169 7% 33%
P21 Asfixia ao nascer 1093 4% 37%
J18 Pneumonia por microorganismo não especificada 897 3% 40%
I10 Hipertensão essencial (primária) 889 3% 43%
B50 Malária por plasmodium falciparum 795 3% 46%
P36 Septicemia bacteriana do recém-nascido 557 2% 48%
B23 Doença pelo HIV resultando em outras doenças 503 2% 50%
A09 Diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível 445 2% 51%
B22 Doença pelo HIV resultando em outras doenças especificadas
402 1% 52%
I64 Acidente vascular cerebral, não especificado 350 1% 54%
A41 Outras septicemias 345 1% 55%
G00 Meningite bacteriana não classificada em outra parte 249 1% 56%
P95 Morte fetal de causa não especificada 240 1% 56%
E14 Diabetes mellitus não especificado 240 1% 57%
B21 Doença pelo HIV, resultando em neoplasias malignas 239 1% 58%
P20 Hipoxia intra-uterina 228 1% 59%
D64 Outras anemias 228 1% 60%
B54 Malária não especificada 228 1% 60%
V09 Pedestre traumatizado em outros acidentes de transporte e em acidentes de transporte não especificados
215 1% 61%
3 Algumas condições não têm um quarto dígito, sendo o código a 3 dígitos o máximo nível de especificação:
por exemplo A09=Diarreia e Gastroenterite de Origem Infecciosa Presumível ou I10=hipertensão primaria
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Código Descrição da causa de óbito Total % % Cum.
E41 Marasmo nutricional 213 1% 62%
C22 Neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas
206 1% 63%
A15 Tuberculose respiratória, com confirmação bacteriológica e histológica
203 1% 63%
J15 Pneumonia bacteriana não classificada em outra parte 193 1% 64%
E42 Kwashiorkor marasmático 189 1% 65%
A16 Tuberculose das vias respiratórias, sem confirmação bacteriológica ou histológica
188 1% 65%
N18 Insuficiência renal crônica 179 1% 66%
T30 Queimadura e corrosão, parte não especificada do corpo 176 1% 66%
D50 Anemia por deficiência de ferro 174 1% 67%
S06 Traumatismo intracraniano 169 1% 68%
I50 Insuficiência cardíaca 155 1% 68%
I42 Cardiomiopatias 149 1% 69%
111 Não especificado 132 0.5% 69%
A19 Tuberculose miliar 132 0.5% 70%
D84 Outras imunodeficiências 123 0.4% 70%
P22 Desconforto (angústia) respiratório(a) do recém-nascido 118 0.4% 70%
Outras doenças 8682 30% 100%
Apesar de uma diferença de distribuição das causas básicas entre hospitais, para a maioria dos hospitais as primeiras 15 causas da tabela acima, cobrem pelo menos a metade de todas as causas de óbito, indicando que o HIV e alguns transtornos perinatais são umas das causas mais frequentes. Vale a pena evidenciar que no Hospital Central de Nampula a malária por P. falciparum causa 15% dos óbitos (mais 1% por malária não especificada); ao contrário de todos os outros hospitais, o Hospital Provincial de Inhambane tem uma prevalência muito baixa de óbitos por HIV e nenhuma das causas de óbito totaliza mais de 5% (tab.10).
Tabela 10 – Distribuição dos óbitos por causa básica de morte (categoria de 3 dígitos, CID-10) e por
hospital, percentagem, 2009-2011
Código CID-10 (3 dígitos)
Hospitais (%)
HCB HCM HCN HGJM HPC HPI HPL HPP HPQ HPX
B24 4 18 14 21 12 5 5 4 27 37
P07 13 11 6 11 10 0.3 6 6 0 2
B20 11 6 1 13 21 0.1 13 19 4 6
P21 4 3 2 8 10 4 5 2 1 1
J18 3 2 6 5 5 5 5 6 3 2
I10 1 5 0.3 2 0 0.3 1 2 0 3
B50 1 2 15 2 4 0.3 5 5 4 4
P36 4 2 1 3 1 0 4 4 0.3 0.5
B23 3 0.2 2 4 0 0 0.3 0.4 6 11
A09 1 1 4 2 1 2 3 3 1 1
B22 3 0.5 1 2 0.5 0 1 0.4 6 1
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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Código CID-10 (3 dígitos)
Hospitais (%)
HCB HCM HCN HGJM HPC HPI HPL HPP HPQ HPX
I64 1 2 1 1 2 1 1 1 1 0
A41 1 1 5 1 1 1 1 5 2 1
G00 0.3 1 1 0.2 0.5 0 0.4 0.2 0.1 1
P95 0 1 0 5 4 0 0 0 0.3 0
Outras causas 50 45 41 21 30 83 51 42 43 30
Um outro tipo de análise de dados é a análise por agrupamentos (bloques) de códigos CID-10 que
são um nível intermédio entre o agrupamento em capítulos e os códigos de 3 dígitos; mesmo
perdendo um nível fino de detalhe, mantém-se um nível de especificação suficiente para orientar
intervenções de saúde pública (tab.11). Sobre 239 agrupamentos que existem no sistema CID-10,
220 são registados na base de dados e 26 constituem 80% de todas as causas básicas de óbito. A
análise por bloques permite em um olhar ver o enorme impacto da doença por HIV, em todas as
suas manifestações clínicas, sobre a mortalidade intra-hospitalar: mais que um quarto dos óbitos
(28%) são relacionados com HIV/SIDA. Para poder fortalecer os cuidados para os doentes com
HIV/SIDA é importante tentar melhorar a codificação dos óbitos por HIV reduzindo o uso do código
genérico B24 e promovendo o uso dos códigos de quatro dígitos das categorias B20-B23 (B24 foi
utilizado para 17% dos óbitos e os códigos B20-B23 somente para 11%).
Além das observações sobre o HIV/SIDA, esta análise não acrescenta muito à tabela 9, por categoria
de 3 dígitos. Todavia vale a pena comentar que a quase totalidade dos transtornos relacionados com
a duração da gestação e crescimento fetal, 99% dependem de curta duração e baixo peso ao nascer.
No bloque “Gripe e pneumonia”, a Pneumonia por microorganismo não especificada é 77% do total
e a Pneumonia bacteriana não classificada em outra parte é 17%; entre os diabetes mellitus, 58% é
representado por diabetes mellitus não especificado; estes dois exemplos indicam que existe uma
baixa tendência a efectuar uma diagnose mais cuidadosa em algumas patologias. Esta tendência
pode depender da limitada capacidade diagnóstica (ex. por falta de laboratórios para análises
microbiológicas, bioquímicas ou serológicas) ou de um insuficiente treinamento dos codificadores
que escolhem códigos genéricos ao invés dos mais específicos.
80% das doenças hipertensivas é a hipertensão essencial; este dado parece compatível com o perfil
epidemiológico deste grupo de doenças. Somente 7% das doenças causadas por agentes
protozoários não é ligado a plasmodia (P. falciparum e não especificados). Os óbitos por tuberculose
são devidos a TB respiratória em 62% (códigos A15 e A16).
Entre a grande variedade de acidentes de transporte, o tipo mais frequente é atropelamento de
pedestre (pedestre traumatizado em acidentes de transporte outros e não especificados) sendo
quase dois terços dos acidentes (62%).
As neoplasias são só 4,8% de todas as causas de óbito (tab.6); entre as neoplasias malignas, a
localização mais frequente são os órgãos digestivos (1%), dos quais 75% são tumores do fígado e das
vias biliares intra-hepáticas.
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Tabela 11 – Distribuição de todos os óbitos por causa básica de morte (agrupamentos, bloques
CID-10), número, percentagem e percentagem cumulativa, 2009-2011
Grupos de códigos
Descrição da causa de óbito Total % % Cum.
B20-B24 Doença Pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) 8163 28% 28%
P05-P08 Transtornos relacionados com a duração da gestação e crescimento fetal
2813 10%
37%
P20-P29 Doenças respiratórias e cardiovasculares específicas do período perinatal
1597 5%
43%
J09-J18 Gripe e pneumonia 1158 4% 47%
I10-I15 Doenças hipertensivas 1118 4% 51%
B50-B64 Doenças causadas por protozoários 1105 4% 54%
A15-A19 Tuberculose 626 2% 57%
P35-P39 Infecções próprias do período perinatal 579 2% 59%
C22 Neoplasia Maligna do Fígado e Das Vias Biliares Intra-hepáticas
206 1 78
B210 Doença pelo HIV resultando em sarcoma de Kaposi 202 1 79
P05, P08, P23, P25-P35, P37-P39, P70-P94, 96
Outras afecções originadas no período perinatal 179 1 79
N18 Insuficiência Renal Crônica 179 1 80
Análise da mortalidade nacional intra-hospitalar - Moçambique - SIS-ROH 2009-2011
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FICHA TÉCNICA
Título: ANÁLISE DA MORTALIDADE NACIONAL INTRA-HOSPITALAR, MOÇAMBIQUE. Sistema de Informação de Saúde - Registo de Óbitos Hospitalares (SIS-ROH): Análise de 3 anos - 2009-2011
Editor: Ministério da Saúde - Direcção de Planificação e Cooperação (DPC) – Departamento de Informação para a Saúde – Maputo
Equipa de redacção:
Roberta Pastore, Alessandro Campione, António Sitói, Adelino Covane
Revisão: António Sitói Colaboradores: Jembi Health Systems/MOASIS, Universidade Eduardo Mondlane (UEM),
Hospital Central de Maputo (HCM). Responsáveis do SIS-ROH dos Hospitais: Geral “José Macamo”; Provincial de Pemba, Provincial de Lichinga, Provincial de Quelimane, Provincial de Xai-Xai, Provincial de Chimoio, Provincial de Inhambane, Central de Nampula e Central da Beira.
Apoio técnico: Organização Mundial da Saúde (OMS) [Escritórios em Genebra], Rede de Metrologia de Saúde (HMN), Medical Research Council da Africa do Sul através do WHO-FIC Collaborating Centre, CDC Moçambique
Financiamento: MISAU, Rede de Metrologia para a Saúde (HMN)/OMS através do Projecto MOVE-IT, Jembi Health Systems/MOASIS, CDC, Twinning Center
Design:
Moasis/Jembi Health Systems
Impressão e acabamentos:
Moasis e Jembi Health Systems http://www.jembi.org/ http://www.moasis.org.mz/
Endereço: Departamento de Informação para a Saúde Direcção de Planificação e Cooperação Ministério da Saúde Av. Eduardo Mondlane/Salvador Allende, 1008 www.misau.gov.mz Maputo - Moçambique