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ISONEL SANDINO MENEGUZZO
ANLISE DA DEGRADAO AMBIENTAL NA REA URBANA DA BACIA DO
ARROIO GERTRUDES, PONTA GROSSA, PR.: UMA CONTRIBUIO AO
PLANEJAMENTO AMBIENTAL.
CURITIBA2006
Dissertao apresentada como requisitoparcial obteno do grau de
Mestre emCincia do Solo, Curso de Ps-Graduaoem Cincia do Solo,
Setor de CinciasAgrrias, Universidade Federal do Paran.
Orientadora: Prof. Dr. Celina Wisniewski
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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ISONEL SANDINO MENEGUZZO
ANLISE DA DEGRADAO AMBIENTAL NA REA URBANA DA BACIA DO
ARROIO GERTRUDES, PONTA GROSSA, PR.: UMA CONTRIBUIO AO
PLANEJAMENTO AMBIENTAL.
CURITIBA2006
Dissertao apresentada como requisitoparcial obteno do grau de
Mestre emCincia do Solo, Curso de Ps-Graduaoem Cincia do Solo,
Setor de CinciasAgrrias, Universidade Federal do Paran.
Orientadora: Prof. Dr. Celina Wisniewski
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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DEDICATRIA
Para meus amados pais, Ivan e Ftima.
ii
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AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, pelo auxlio e crticas, pela educao e oportunidades
que meproporcionou, por sempre ter me ensinado a ser justo,
pacfico, respeitoso egeneroso com todas as pessoas. Muito obrigado
por tudo!
minha querida mame, pelo empenho que teve em me levar para
estudar, doprezinho ao mestrado. Pelo incentivo, cobrana e empurres
nas horas difceis.Isso sim que me!!!!
minha maninha, Lina que me auxiliou em diversas etapas da
dissertao, pelasleituras crticas e, claro pelo incentivo. Valeu
Linaaaaa!
Ao professor Doutor Genelcio Cruso Rocha, pelo auxlio
prestado.
Ao meu tio Paulo Roberto Barbieri, pessoa fundamental durante o
cumprimento doscrditos do mestrado.
A todos os funcionrios do Colgio Estadual Nossa Senhora das
Graas, emespecial aos professores Starke, Fabola e Ryldo que sempre
me ajudaram nosmomentos de necessidade.
professora Doutora Celina Wisniewski pelo aceite em me
orientar.
Ao chefe do IBGE, agncia Ponta Grossa, Orlando Rizental da Luz,
pelo grandeauxlio prestado na aquisio de dados.
Ao agente de produo da SANEPAR, Jos Geraldo Machado Filho
pelofornecimento de informaes.
Ao meu velho amigo Jean Rodrigo da Silva, pelo auxlio nos
trabalhos de campo ecompanheirismo.
Ao professor Doutor Gilson Burigo Guimares, pelo auxlio na
correo do aindaprojeto de pesquisa.
professora Doutora Silvia Mri Carvalho pelo auxlio na aquisio de
materialcartogrfico.
Deus, pela fora nos momentos de dificuldade.
iii
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"Em nenhum momento de nossa histria foi to grande adistncia
entre o que somos e o que espervamos ser."
Celso Furtado
iv
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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SUMRIO
LISTA DE
FIGURAS.............................................................................................viiLISTA
DE TABELAS
............................................................................................viiiRESUMO
...............................................................................................................ixABSTRACT
............................................................................................................x1
INTRODUO
.....................................................................................................12
REVISO DE LITERATURA
...............................................................................42.1
DEGRADAO AMBIENTAL
...........................................................................42.2
A BACIA HIDROGRFICA SOB O ENFOQUE AMBIENTAL
.........................102.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL
......................................................................132.4
O MTODO SISTMICO
................................................................................163
MATERIAL E PROCEDIMENTOS
METODOLGICOS....................................193.1 LOCALIZAO DA
REA
..............................................................................193.2
MATERIAL
.....................................................................................................213.3.
PROCEDIMENTOS
METODOLGICOS.......................................................214
RESULTADOS E
DISCUSSES.......................................................................274.1
MEIO FSICO
..................................................................................................274.1.1
Geologia.......................................................................................................274.1.2
Relevo..........................................................................................................294.1.3
Solos
............................................................................................................364.1.4
Clima
............................................................................................................394.1.5
Hidrografia....................................................................................................394.1.6
Vegetao
Natural........................................................................................424.2
SCIO-ECONOMIA........................................................................................434.2.1
O processo histrico de ocupao dos Campos Gerais e de Ponta
Grossa..............................................................................................................................434.2.2
O crescimento urbano de Ponta Grossa
......................................................454.2.3
Populao
....................................................................................................484.2.4
Educao
.....................................................................................................484.2.5
Indstrias......................................................................................................484.2.6
Saneamento
bsico......................................................................................494.3
USO-OCUPAO DO SOLO (2006) NA REA URBANA DA BACIA DOARROIO
GERTRUDES.........................................................................................494.4
DEGRADAO AMBIENTAL DA BACIA DO ARROIO GERTRUDES EFATORES
CONDICIONANTES............................................................................534.4.1
Eroso laminar
.............................................................................................564.4.2
Sulcos
..........................................................................................................574.4.3
Escorregamentos
.........................................................................................594.4.4
Taludes
artificiais..........................................................................................624.4.5
Taludes de
corte...........................................................................................634.4.6
Solo exposto
................................................................................................644.4.7
Lixo a cu
aberto..........................................................................................654.4.8
Assoreamento do leito fluvial
.......................................................................664.4.9
Canalizao
.................................................................................................674.4.10
Solapamento
..............................................................................................684.4.11
Lanamento de guas servidas
.................................................................695
CONSIDERAES FINAIS
...............................................................................71
v
REFERNCIAS
....................................................................................................73
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
APNDICE............................................................................................................83
vi
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - LOCALIZAO DA BACIA DO ARROIO
GERTRUDES...........................................20FIGURA 2 -
GEOLOGIA DA REA URBANA DA BACIA DO ARROIO GERTRUDES
.................28FIGURA 3 - FEIES DE RELEVO DA REA URBANA DA
BACIA DO ARROIO GERTRUDES30FIGURA 4 - DECLIVIDADE DA REA URBANA DA
BACIA DO ARROIO GERTRUDES ............34FIGURA 5 - HIPSOMETRIA DA
REA URBANA DA BACIA DO ARROIO GERTRUDES............35FIGURA 6 -
SOLOS DA REA URBANA DA BACIA DO ARROIO
GERTRUDES........................38FIGURA 7 - HIDROGRAFIA DA REA
URBANA DA BACIA DO ARROIO GERTRUDES ...........41FIGURA 8 - VILAS
LOCALIZADAS NA REA DE
ESTUDO........................................................47FIGURA
9 - USO-OCUPAO DO SOLO DA REA URBANA DA BACIA DO ARROIOGERTRUDES
.............................................................................................................................51FIGURA
10 - BUFFER - REAS DE PRESERVAO PERMANENTE CONFORME O
CDIGOFLORESTAL
BRASILEIRO.........................................................................................................52FIGURA
11 - DEGRADAO AMBIENTAL DA REA URBANA DA BACIA DO ARROIOGERTRUDES
.............................................................................................................................70FIGURA
12 - EROSO
LAMINAR...............................................................................................57FIGURA
13 -
SULCO..................................................................................................................59FIGURA
14 - ESCORREGAMENTO
...........................................................................................60FIGURA
15 - ESCORREGAMENTO
...........................................................................................61FIGURA
16 - ESCORREGAMENTO
...........................................................................................62FIGURA
17 -TALUDE
ARTIFICIAL..............................................................................................63FIGURA
18 - TALUDE DE CORTE ASSOCIADO A TALUDE ARTIFICIAL
..................................64FIGURA 19 - SOLO EXPOSTO
ASSOCIADO A DESMATAMENTO
...........................................65FIGURA 20- LIXO A CU
ABERTO
............................................................................................66FIGURA
21 - ASSOREAMENTO DO LEITO FLUVIAL
................................................................67FIGURA
22 - TRECHO CANALIZADO DO ARROIO
GERTRUDES.............................................68FIGURA 23 -
LANAMENTO DE GUAS SERVIDAS
................................................................69FIGURA
24 -
CAMBISSOLO.......................................................................................................86FIGURA
25 -
LATOSSOLO.........................................................................................................89
vii
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - CHAVE DE INTERPRETAO DAS CLASSES DE USO DO SOLO DA
BACIA DOARROIO
GERTRUDES...................................................................................................................26TABELA
2 - CLASSES DE DECLIVE DA REA DE
ESTUDO.........................................................33TABELA
3 - USO-OCUPAO DO SOLO E RESPECTIVAS REAS
............................................50TABELA 4 - QUADRO
SNTESE DOS PROCESSOS DE EROSO HDRICA EESCORREGAMENTOS E INTERVENES
ANTRPICAS NA REA DE ESTUDO .....................54
viii
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
RESUMO
A bacia hidrogrfica do Arroio Gertrudes localiza-se na poro
oeste do municpio de Ponta Grossa.O objetivo deste trabalho foi o
de analisar a degradao ambiental na bacia hidrogrfica do
ArroioGertrudes em sua rea urbana, visando uma contribuio para o
planejamento ambiental da rea emquesto. O trabalho teve como
orientao terica a Teoria Geral dos Sistemas, onde os elementosque
constituem o meio ambiente foram analisados sob a tica da
inter-relao. Foram realizados osprocedimentos metodolgicos de
reviso bibliogrfica, anlise e interpretao das informaesobtidas em
mapas e trabalhos de campo, organizao e digitalizao de cartas
temticas, utilizando-se dos softwares Auto Cad 2004 e Arcview GIS
3.3. Desta maneira pde-se verificar os seguintesprocessos de
degradao ambiental na rea em questo: eroso laminar, sulcos,
escorregamentos,taludes artificiais, taludes de corte, solo
exposto, lixo a cu aberto, assoreamento do leito fluvial,canalizao,
solapamento e lanamento de guas servidas. Verificou-se que a
existncia dosprocessos de degradao ambiental esto associados
ausncia de planejamento urbano.
Palavras-chave: degradao ambiental, planejamento ambiental,
bacia hidrogrfica.
ix
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
ABSTRACT
The Gertrudes stream basin is located in the west of the city of
Ponta Grossa Pr, Brazil. Theobjective of the study was to analyse
the environmental degradation of the basin caused byurbanization,
as a contribution for environment planning. The methodology
followed the generalsystems theory, where the environmental
variables are analysed from a systemic point of viewemphasinzing
their inter-relationship. Methodical process included
bibliographical review, analysisand interpretation of secondary
data, maps and images with the use of Auto Cad and Arcwiew Gis
3.3.software and field work. Environmental degradation processes
identified in the basin were: sheet andrill erosion, land-slides,
undermining, artificial slopes, exposed soil, land fill, river
canalization andinappropriate sewage sludge disposal. Environmental
degradation observed is associated with theabsence of urban
planning.
Key-words: environmental degradation, environmental planning,
hydrographic basin.
x
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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1 INTRODUO
A humanidade vive um momento histrico marcado por problemas
que
variam desde a disseminao de doenas infecto-contagiosas at a
degradao
ininterrupta dos recursos naturais. Os fatores geradores de tais
problemas so muito
variados, englobando problemas que vo desde aspectos
relacionados economia
de uma nao at as questes ticas, morais e culturais que permeiam
a sociedade.
Conforme DIAS (1994), o ser humano est experimentando
mudanas
bruscas em seus valores culturais e srias alteraes no seu
ambiente natural, o que
vem comprometendo a qualidade de vida.
Atualmente a degradao ambiental est fortemente ligada a fatores
de uso
e ocupao do solo, uma vez que as formas de ocupao e manejo
ocasionam o
tipo e o grau de impacto, o qual atinge de maneira diferente o
ambiente (NOGUEIRA
DE SOUZA, 2003), seja o solo, o ar ou a gua.
Nesse contexto, estudos relacionados degradao ambiental em
bacias
hidrogrficas so de vital importncia para o entendimento de
aspectos da relao
sociedade-natureza. Tal anlise constitui-se num instrumento, que
pode fornecer
subsdios para um planejamento que tenha por meta a qualidade de
vida e a
sustentabilidade ambiental, por exemplo.
Nas bacias hidrogrficas possvel avaliar de forma integrada as
aes
humanas sobre o ambiente e suas conseqncias sobre o equilbrio
hidrolgico
(BOTELHO; SILVA, 2004, p. 155), geomorfolgico, pedolgico e
vegetacional.
Ressalta-se tambm que os cursos fluviais desempenham papel de
grande
importncia no condicionamento ambiental da vida do ser humano
(SUGUIO;
BIGARELLA, 1990, p. 1) desde seu surgimento no planeta
Terra.
Os mltiplos usos dos sistemas hidrogrficos, sejam eles para fins
de
abastecimento hdrico, irrigao, para a implantao de
infra-estrutura ou lazer,
demonstram a importncia que as bacias de drenagem representam
para a
humanidade.
No Brasil, a concentrao da populao em reas urbanas e
peri-urbanas e
a falta de planejamento de uso e ocupao do solo tm afetado de
forma negativa
os sistemas de drenagem, como um todo. Os rios que, nessas reas,
deveriam
servir para abastecimento de gua para a populao e para a
agricultura dos anis
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
2
de hortifrutigranjeiros, tm sido utilizados como emissrios de
esgoto domstico e
industrial.
Este o contexto em que a rea-objeto da presente pesquisa, a
bacia do
Arroio Gertrudes, localizada no municpio de Ponta Grossa, Paran
est enquistada.
A rea da bacia do Arroio Gertrudes situada no permetro urbano1
possui
uma rea aproximada de 8,55 Km2. De uma rea utilizada pela
agricultura e
pecuria em tempos passados, a mesma foi sendo ocupada de forma
acelerada e
sem critrios, atingindo na atualidade um grau de alterao
ambiental com
conseqncias negativas para a populao que reside atualmente no
mbito da
bacia hidrogrfica.
Diante disso o objetivo geral deste trabalho foi o de analisar
os processos
de degradao ambiental na bacia do Arroio Gertrudes por meio da
abordagem
sistmica, visando contribuir para o planejamento ambiental da
rea em questo.
Para se alcanar o objetivo geral, foram traados objetivos
especficos,
conforme segue:
Caracterizar o meio fsico e scio-econmico da rea de estudo;
Verificar o uso-ocupao do solo na referida bacia
hidrogrfica;
Identificar e mapear os pontos com degradao fsico-ambiental com
nfase
nos processos de eroso hdrica;
Verificar os fatores causadores da degradao ambiental;
Sendo assim, levando em considerao essas premissas,
decidiu-se
estudar a referida rea, no sentido de propor solues alternativas
quanto ao uso
racional do solo. Para isso levantou-se a seguinte hiptese que
norteou a presente
pesquisa:
A dinmica scio-econmica expressa pela forma de uso-ocupao do
solo
associada s caractersticas fsicas constituem os principais
fatores
1 Ressalta-se que a bacia hidrogrfica foi estudada levando em
considerao o recorteespacial de sua rea urbana. Porm, existem
trechos no mbito da rea de estudo que apresentamatividades
econmicas enquadradas como peri-urbanas.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
3
condicionantes da degradao ambiental na rea da bacia do Arroio
Gertrudes,
localizada no municpio de Ponta Grossa, Paran.
O presente trabalho est estruturado da seguinte forma: introduo,
reviso
de literatura, material e procedimentos metodolgicos, resultados
e discusses e
consideraes finais. Cabe ressaltar que no item Resultados e
discusses - meio
fsico e scio-economia existem informaes pertinentes reviso de
literatura,
tendo em vista que foi necessrio o levantamento de dados prvios
da rea de
estudo que associado com as informaes angariadas em trabalhos de
campo
constitui-se em resultados.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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4
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 DEGRADAO AMBIENTAL
Existem na literatura diferentes conceitos acerca do termo
degradao
ambiental.
Para GUERRA e GUERRA (1997, p. 184) a degradao ambiental :
...causada pelo homem, que, na maioria das vezes, no respeita os
limites impostos pelanatureza. A degradao ambiental mais ampla que
a degradao dos solos, pois envolveno s a eroso dos solos, mas tambm
a extino de espcies vegetais e animais, apoluio de nascentes, rios,
lagos e baas, o assoreamento e outros impactos prejudiciaisao meio
ambiente e ao prprio homem.
Sobre este mesmo assunto, LIMA e RONCAGLIO (2001, p. 55) indicam
que:
... a expresso degradao ambiental qualifica os processos
resultantes dos danos ao meioambiente-qualquer leso ao meio
ambiente causada por ao de pessoa, seja ela fsica oujurdica, de
direito pblico ou privado, pelos quais se perdem ou se reduzem
algumas desuas propriedades, tais como a qualidade ou a capacidade
produtiva dos recursosambientais.
No tocante aos dois conceitos acima apresentados, um aspecto
importante
que merece ser destacado que a degradao ambiental no causada
somente
pelo homem. A partir dos conceitos anteriormente expostos,
possvel notar que o
termo degradao ambiental utilizado de forma genrica para se
referir s
intervenes antrpicas no ambiente. Cunha e Guerra acerca desta
mesma temtica
dizem que Certos processos ambientais, como lixiviao, eroso,
movimentos de
massa e cheias, podem ocorrer com ou sem a interveno humana.
(CUNHA;
GUERRA, 1998, p. 342)
Alteraes ocorridas em bacias hidrogrficas, por exemplo, podem
ter suas
causas associadas a fenmenos naturais. Todavia, nos ltimos anos,
o ser humano
tem participado como um agente acelerador dos processos que
modificam e
desequilibram a paisagem (CUNHA; GUERRA, 1998, p. 354).
Ressalta-se que
aes pontuais e isoladas em bacias hidrogrficas (BITAR; ORTEGA,
1998, p. 506)
na tentativa de recuperar a qualidade ambiental so em certos
casos ineficazes
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
5
tendo em vista que os processos de degradao ambiental
constituem-se em
problemas sistmicos.
Outro aspecto a ser ressaltado que embora exista, na forma de
lei uma
definio tanto para o termo degradao ambiental como para o termo
impacto
ambiental, os mesmos certas vezes so utilizados como
sinnimos2.
No que diz respeito ao conceito de degradao ambiental a ser
adotado
neste trabalho optou-se pelo existente na Lei n 6.938, de
31/08/81, artigo 3, inciso
II da Poltica Nacional do Meio Ambiente, onde degradao da
qualidade ambiental
constitui-se na ...alterao adversa das caractersticas do meio
ambiente." (BRASIL,
1981). Encontra-se implcita na Lei n 6.938 o conceito de
degradao ambiental a
qual sinnimo da expresso degradao da qualidade ambiental.
Salienta-se que
a lei federal foi alterada pela Lei n 7.804, de 18/07/89, que
mantm a mesma
definio referente ao termo (LIMA; RONCAGLIO, 2001, p. 55).
Ressalta-se o fato de que a degradao ambiental um fenmeno
exclusivamente adverso enquanto o termo impacto ambiental pode
se referir tanto a
um aspecto positivo como a um aspecto negativo.
notrio que desde o surgimento do homem no planeta Terra, este
vem
modificando a natureza conforme as suas necessidades biolgicas,
culturais,
econmicas e sociais. A freqncia, bem como a tipologia da
degradao ambiental
que o planeta vem sofrendo, tem aumentado e diversificado muito
(BRANCO, 1989b,
p. 18) no decorrer da histria da humanidade.
LIEBMANN (1979) em seu livro intitulado Terra, um planeta
inabitvel?
enfatiza que o ser humano desde a Antigidade at os dias atuais
vem provocando
danos ao meio ambiente. Na Antiguidade povos como os Persas,
Etruscos, Gregos
e Romanos enfrentaram trs problemas de cunho ecolgico: a
economia de recursos
hdricos, a eroso dos solos e a higiene. J na Idade Mdia, o
principal problema era
o lixo espalhado pelas ruas e a criao de animais em pleno meio
urbano.
Cordani e Taioli ao se referirem ao do homem como agente
modificador
de processos de dinmica natural, afirmam que: As primeiras
intervenes da
humanidade nos processos naturais coincidem com o domnio do
fogo. A partir da
2 Cf., por exemplo, NOGUEIRA DE SOUZA (2003) que utiliza
indistintamente os termosdegradao e impacto ambiental para se
referir s intervenes no meio ambiente causada pelohomem.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
6
os seres humanos comeam a modificar as condies naturais da
superfcie do
planeta. (CORDANI; TAIOLI, 2001, p. 518)
Casseti, ao apresentar uma discusso sobre as relaes
homem-natureza e
suas implicaes, aponta que a degradao ambiental ...inicia com a
agricultura
predatria na frica (6.000 a.C.), continua com a quebra do
equilbrio natural
decorrente da substituio da populao nmade pela sedentria, nas
estepes da
Ucrnia e Amrica e intensifica-se com a implantao do sistema
capitalista.
(CASSETI, 1995, p. 20)
Com a permanente sucesso de tcnicas que substituem umas s
outras
(GONALVES, 2002, p. 119) no decorrer do tempo, tem-se como
conseqncia a
alterao qualitativa e quantitativa das caractersticas originais
do meio ambiente.
CASSETI (1995) fundamentado nas idias de Karl Marx3 apresenta
uma
discusso a respeito de natureza, e suas relaes com o homem e
sobre a
degradao ambiental.
Ainda CASSETI (1995) comenta que a sociedade constitui-se
num
organismo complexo, em que a sua organizao interna representa um
conjunto de
ligaes e relaes baseadas no trabalho, onde este visto como
mediador na
relao do homem com a natureza. A forma como os homens se
relacionam com ela
depende da maneira como se relacionam entre si, sendo que a
transformao da
mesma ocorre por meio do emprego de tcnicas, com a finalidade de
produo.
SANTOS (1996a) apresenta a histria do meio geogrfico4 e a
conseqente
ao humana sobre a natureza, dividindo-a em trs fases: O meio
natural, o meio
tcnico e o meio tcnico-cientfico-informacional.
A respeito do meio natural, Santos o caracteriza como sendo algo
valorizado
pelo homem, pois as condies naturais constituam a base material
da existncia
humana. As transformaes realizadas consistiam em tcnicas no
agressivas, as
quais produziam uma nova natureza, sem transformaes
significativas. O autor
sugere que a humanidade passou por essa fase da Pr-Histria at a
dcada de
1760, com o advento da Revoluo Industrial.
3 Karl Marx elaborou uma teoria comumente chamada de
Materialismo histrico, criticando aeconomia poltica clssica, bem
como o modo de produo capitalista e suas conseqnciasnegativas para
o homem e para a prpria natureza.
4 O meio geogrfico pode ser entendido, como o local onde a
humanidade vive, isto , oplaneta Terra.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
7
O meio tcnico constituiu-se de objetos culturais e tcnicos. Os
espaos, as
reas, as regies, os pases passam a ser construdos pelas tcnicas,
que esto
cada vez mais presentes. Essa fase vai da Revoluo Industrial at
o ano de 1950,
aproximadamente.
No tocante ao terceiro perodo, SANTOS (1996a) supracitado
comenta que
esse tem incio aps a 2 Guerra Mundial, porm, sua afirmao d-se na
dcada de
1970. Distingue-se dos demais perodos devido profunda interao
entre cincia e
tcnica. Devido s mudanas ocorridas no espao, bem como a
extrema
intencionalidade com que os objetos tcnicos e informacionais so
produzidos a
natureza torna-se subordinada lgica do mercado global. Cincia,
tecnologia e
informao esto na base da produo, da utilizao e do funcionamento
do espao,
e como conseqncia disso a "natureza natural" [grifo meu], onde
ela ainda existe,
tende a recuar, por vezes de maneira brutal.
Nesse sentido, GUATTARI (1995, p. 7) indica que:
"O planeta Terra vive um perodo de intensas transformaes
tcnico-cientficas, emcontrapartida das quais engendram-se fenmenos
de desequilbrios ecolgicos que, se noforem remediados, no limite,
ameaam a implantao da vida em sua superfcie.Paralelamente a tais
perturbaes, os modos de vida humanos individuais e coletivosevoluem
no sentido de uma progressiva deteriorao."
Atualmente, vivemos numa sociedade marcada pelo produtivismo
(GONALVES, 2002, p. 118) e pelo consumismo que a caracterstica
bsica da
moderna sociedade capitalista (BUARQUE, 1993, p. 126). Cabe
destacar que o
desenvolvimento do modo de produo capitalista operou uma mudana
de valores
e de ideologia (VESENTINI, 1989, p. 24), onde a sociedade de
consumo e a viso
de mundo que a conforma remete a um comprometimento do
individual com a lgica
de acumulao, que se concretiza por essa sociedade que para se
desenvolver,
explora os recursos naturais, exaurindo-os e degradando-os
(GUIMARES, 2003, p.
85).
MENDONA e LISITA (1997, p. 279) comentam:
O meio ambiente foi concebido durante muito tempo, de forma
genrica, como sendo aecosfera, da qual o homem faz parte
biologicamente e cuja racionalidade/relaes sociais,no foi levada em
considerao na abordagem dos estudos de carter ambientalista. Umatal
viso antropocntrica e antropocentrista, reflexo do cristianismo
medieval que elevou ohomem condio de proprietrio da natureza, do
modo de produo baseado
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
8
exclusivamente na reproduo material da sociedade e do
cientificismo positivista resultantedo Iluminismo, exacerbou a
explorao dos recursos naturais e do homem e acirrou adegradao do
planeta.
Esta concepo de meio ambiente fragmentado e separado do
homem,
associado ao modo de produo capitalista originou uma profunda
degradao dos
recursos naturais com conseqente perda na qualidade de vida de
diversas
sociedades.
No contexto brasileiro o pas submisso a uma poltica de
crescimento
econmico (BUARQUE, 1993, p. 67), onde o modelo de
desenvolvimento, apesar de
ter promovido o crescimento econmico do pas, ampliando a faixa
da classe mdia
e promover um relativo avano tecnolgico no setor produtivo
trouxe, em
contrapartida conseqncias graves no mbito social, econmico e
ambiental.
Temos como exemplo dessas conseqncias o crescimento acelerado
e
desordenado das cidades, o fluxo migratrio do campo para a
cidade e a
conseqente falta de preparo desta populao para realizar
atividades no-rurais,
bem como a perda na qualidade ambiental nas grandes concentraes
urbanas
(ROSS; DEL PRETTE, 1998, p. 97-98).
preciso salientar que entre as dcadas de 1960 e 1980 os padres
de
produo e consumo adotados pela sociedade acarretaram visveis
problemas no
que concerne deteriorao das dimenses ambiental, cultural,
social, econmica e
ecolgica, tendo como conseqncia direta, a perda na qualidade de
vida das
populaes (IBAMA, 2002). Nas duas ltimas dcadas do sculo passado
registrou-
se um estado de profunda crise mundial, cuja a complexidade
afetou diversos
aspectos da vida do homem, tal como a sade, o modo de vida e a
qualidade do
meio ambiente (CAPRA, 1997, p. 19).
A degradao dos recursos naturais vem crescendo
assustadoramente,
atingindo, atualmente, nveis crticos que repercutem na
deteriorao do meio
ambiente (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990, p. 333). Depreende-se
desta
afirmativa que, conseqentemente, a degradao dos recursos
naturais causa
prejuzos de ordem econmica, ambiental e social, seja no mbito do
espao urbano
ou rural.
PELOGGIA (1997) ao tratar da Ao do homem enquanto ponto
fundamental da geologia do tecngeno comenta que o ser humano ao
agir na
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
9
natureza para produzir seus meios de existncia, por meio do
trabalho, gera
conseqncias geolgico-geomorfolgicas em trs nveis de abordagem:
na
modificao do relevo e alteraes fisiogrficas (relevos
tectognicos), em
alteraes da fisiologia das paisagens (criao, induo, intensificao
ou
modificao do comportamento dos processos de dinmica externa) e
na criao de
depsitos superficiais correlativos, constituindo-se em marcos
estratigrficos.
Especificamente no meio urbano "A degradao do ambiente e,
conseqentemente, a queda da qualidade de vida se acentuam onde o
homem se
aglomera: nos centros urbano-industrais. Aqui, os rios, fundos
de vales e bairros
residenciais perifricos dividem o espao com o lixo e a misria."
(MENDONA,
1994, p. 10)
No tocante ao meio rural "As atividades agrcolas e pastoris
so
responsveis pela transformao paisagstica em amplas reas. Iniciam
substituindo
a cobertura vegetal e modificam o ritmo das relaes entre as
plantas e os solos."
(CHRISTOFOLETTI, 2001, p. 424)
ROSS (1996) ao tratar da Sociedade industrial e o ambiente
indica que tanto
o espao urbano como o espao rural apresentam problemas
ambientais
significativos, impostos pelo processo acelerado de tecnificao
das sociedades
humanas seja nos pases capitalistas ou socialistas, de primeiro
ou terceiro mundo.
Todas as sociedades causam algum tipo de degradao ambiental,
no
importando sua condio scio-econmica, seu modo de produo, bem
como o
local onde se situam, ou seja, no meio urbano ou no meio rural a
degradao existe
conforme o tipo e a intensidade das atividades realizadas.
Nesse sentido a identificao e a cartografia do uso-ocupao do
solo
constitui-se num importante instrumento em estudos ligados rea
ambiental, pois
possvel verificar os agentes responsveis pelas condies
ambientais da rea
(MENDONA, 1999, p. 77).
Na Agenda 21, resultado da Conferncia das Naes Unidas sobre
Meio
Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992,
existem diversas
discusses e possveis solues para os problemas ambientais em nvel
global.
Sobre a degradao ambiental consta neste documento que:
A pobreza e a degradao do meio ambiente esto estreitamente
relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados
tipos de
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
10
presso ambiental, as principais causas da deteriorao
ininterrupta do meio
ambiente mundial so os padres insustentveis de consumo e
produo,
especialmente nos pases industrializados. (AGENDA 21, 2001, p.
18)
Depreende-se desta citao que a degradao ambiental causada
por
diferentes classes sociais. Ressalta-se porm que pessoas com
baixo poder
aquisitivo no possuem tanta capacidade de causar degradao
ambiental como
pessoas com elevado poder aquisitivo, com maior facilidade de
produzir e consumir
bens materiais e, conseqentemente, de gerar resduos, por
exemplo.
BLAIKIE e BROOKFIELD5 (1987) citado por CUNHA e GUERRA (1998,
p.
342) apontam para o fato de que a degradao ambiental , por
definio, um
problema social. Depreende-se, portanto, que a degradao dos
recursos naturais
um problema que compete a todas as pessoas que compem a
sociedade o
tratarem de maneira tica, sria e com comprometimento social, com
o intuito de
promover a melhoria da qualidade de vida das populaes.
Consta ainda na AGENDA 21 (2001) que todas as atividades
humanas
devem ser norteadas pelo conceito de desenvolvimento sustentvel,
isto , explorar
racionalmente os recursos naturais, sem, no entanto deixar de
pensar nas futuras
geraes.
2.2 A BACIA HIDROGRFICA SOB O ENFOQUE AMBIENTAL
Atualmente, os seres humanos de uma forma geral vivem num
perodo
caracterizado por problemas relacionados quantidade e qualidade
dos recursos
hdricos. Nessas circunstncias ressalta-se a importncia das
bacias hidrogrficas,
cujo principal componente a gua.
As definies referentes ao termo bacia hidrogrfica so vrias,
tanto no
mbito da hidrologia como da geomorfologia, por exemplo.
Diferentes autores
propem conceitos, que em certos casos apresentam-se incompletos
ou at mesmo
iguais.
5 BLAIKIE, P.; BROOKFIELD, H. Land Degradation and Society.
Methuen Ltda., Inglaterra,1987.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
11
Os termos bacia de captao, bacia imbrfera, bacia coletora, bacia
de
drenagem superficial, bacia hidrolgica, e bacia de contribuio so
todos termos
sinnimos (GARCEZ; ALVAREZ, 1988, p.43).
A bacia hidrogrfica pode ser conceituada como ...rea da
superfcie
terrestre drenada por um rio principal e seus tributrios, sendo
limitada pelos
divisores de gua. (BOTELHO, 1999, p. 269)
Por meio do Decreto-Lei n 94.076, de 05 de maro de 1987 foi
criado o
Programa Nacional de Microbacia Hidrogrfica (PNMH). Neste
Decreto-Lei consta a
seguinte definio de microbacia hidrogrfica rea drenada por um
curso dgua e
seus afluentes, a montante de uma determinada seo transversal,
para a qual
convergem as guas que drenam a rea considerada. (BRASIL,
1987)
Ressalta-se que este conceito no difere em nada do conceito de
bacia
hidrogrfica (BOTELHO, 1999, p. 272-273).
No que concerne ao conceito de microbacia hidrogrfica pode se
notar a
ausncia de uma conceituao e de consenso, no s na sua definio,
mas
tambm no uso prtico (BOTELHO, 1999, p. 272). Como ainda no foi
estipulado um
valor fixo concernente rea da bacia e microbacia hidrogrfica no
h razo para
substituir o termo bacia por microbacia (BOTELHO; SILVA, 2004,
p. 157).
As bacias hidrogrficas constituem-se em sistemas abertos onde
ocorrem
constantes trocas de energia e matria, seja na forma de entrada
ou sada
(CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 3). Os componentes so encostas, topos,
fundos de
vales, canais e corpos de gua subterrnea (COELHO NETO, 2001, p.
97), onde
qualquer interferncia significativa em um desses componentes
poder desencadear
alteraes, efeitos e/ou impactos a jusante e nos fluxos
energticos de sada
(descarga, cargas slidas e dissolvida) (CUNHA; GUERRA, 1998, p.
353), bem
como na deposio de sedimentos.
Independente do nvel hierrquico da bacia hidrogrfica, esta se
constitui
numa unidade natural, onde o elemento integrador est
representado pelos leitos
fluviais ou canais de drenagem naturais (ROSS; DEL PRETTE, 1998,
p. 101).
A bacia hidrogrfica constitui-se numa clula bsica de anlise
ambiental,
onde permitido conhecer e avaliar seus diversos componentes,
processos e
interaes que nela ocorrem (BOTELHO; SILVA, 2004, p. 153). As
bacias de
drenagem so unidades de interesse no que diz respeito ao
planejamento ambiental
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
12
e demais pesquisas que envolvam questes relacionadas ao meio
ambiente, pois
permitem a anlise dos elementos fsicos e humanos que as integram
(TONETTI;
SANTOS, 2003).
Durante a ltima dcada, a bacia hidrogrfica foi incorporada pelas
Cincias
Ambientais no que se refere a estudos e projetos de pesquisa
(BOTELHO; SILVA,
2004 p. 153).
A unidade bacia hidrogrfica , atualmente, reconhecida em todo o
mundo
como a melhor unidade para o manejo dos recursos naturais
(FERRETI, 1997, p.
33).
Bacias hidrogrficas com rea compreendida entre 10 e 50 Km2
possuem
tamanho ideal para projetos conservacionistas (BERTONI; LOMBARDI
NETO, 1990,
p. 339).
Neste sentido a utilizao da bacia hidrogrfica como unidade
de
planejamento formal ocorreu nos Estados Unidos, em 1933, com a
criao da
Tennessee Valley Authority (BOTELHO, 1999, p. 270).
No Brasil, uma das primeiras tentativas de gerenciamento de
bacias
hidrogrficas foi instituda, a partir do ano de 1976, pelo Comit
do Acordo entre
Ministrio de Minas e Energia e o Governo do Estado de So Paulo,
com atuao no
trecho do Alto rio Tiet e na Baixada Santista (ROSS; DEL PRETTE,
1998, p. 102).
Mas foi somente na dcada de 1980 e, principalmente na de 1990
que as
bacias hidrogrficas so tomadas como unidades fundamentais de
pesquisas
(BOTELHO, 1999, p. 270, 272).
O Estado do Paran o pioneiro no que concerne aos trabalhos
realizados
na rea de manejo de microbacias hidrogrficas (GUERRA; BOTELHO,
1998, p.
213).
Na questo alusiva a gesto ambiental em bacias hidrogrficas,
diversos so
os exemplos brasileiros. Pode-se citar como exemplos relevantes
de gesto, os
projetos desenvolvidos no Estado de So Paulo na dcada de 1990,
envolvendo as
bacias do Alto Tiet e Ribeira do Iguape (CUNHA, 1998, p.
260).
Em 8 de janeiro de 1997 foi sancionada a Lei Federal n 9.433 que
institui a
Poltica Nacional de Recursos Hdricos e cria o Sistema Nacional
de Gerenciamento
de Recursos Hdricos. Nessa lei consta que a bacia hidrogrfica a
unidade de
planejamento e implantao para a Poltica Nacional de Recursos
Hdricos.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
13
Estabelece ainda os seguintes organismos: Conselho Nacional de
Recursos
hdricos, Comits de Bacias Hidrogrficas, Agncias de gua, e
Organizaes civis
de recursos hdricos (BOTELHO; SILVA, 2004, p. 185).
2.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL
O ser humano, ao transformar o meio ambiente a fim de torn-lo
adequado
s suas necessidades (TOYNBEE, 1974, p. 42) gerou no decorrer dos
tempos uma
infinidade de problemas de carter ambiental, que acabaram
repercutindo de modo
negativo na qualidade de vida das populaes. Desse modo, o
planejamento
ambiental pode ser visto como uma forma de se prever atividades
que possam
acarretar danos ao meio ambiente. Existem diversas modalidades
de planejamento
(setorial, econmico, fsico, territorial, industrial, entre
outros) no que concerne sua
natureza (LEMOS, 1999, p. 53). Relacionado aos recursos naturais
interessa o
planejamento fsico-territorial.
Mundialmente, foi a partir do sculo XX, com os adventos dos
Congressos
Internacionais de Arquitetura Moderna, que se delinearam as
bases do planejamento
territorial moderno no contexto das reas urbanizadas, ordenando
em ntima relao,
os recursos econmicos, sociais, fsicos e polticos (LEMOS, 1999,
p. 53).
Para FRANCO (2000) o Planejamento Ambiental teve seus
precursores no
incio do sculo XIX, num momento marcado pela primeira Revoluo
Industrial, sob
a gide do positivismo e do liberalismo econmico.
A literatura referente ao planejamento ambiental no Brasil
recente, se
comparado com os diferentes processos de degradao ambiental que
o pas vem
sofrendo inadvertidamente desde o perodo do descobrimento.
Somente nos ltimos
anos que se tem constatado o aumento de publicaes no mbito
nacional. Isto se
deve basicamente s condies ambientais que o pas enfrenta e criao
de
polticas pblicas associadas ao conceito de sustentabilidade que
visem alterar o
atual contexto scio-ambiental6.
6 Um aspecto importante a ser destacado que as polticas pblicas
implementadas noBrasil esto, de um modo geral, relacionadas a
aspectos sociais. Portanto, nota-se uma preocupaono somente com o
meio ambiente, mas tambm com os fatores geradores de problemas
ambientais.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
14
O processo de ocupao do espao e a apropriao dos recursos
naturais
pelo homem impem alteraes ao meio ambiente (LEMOS, 1999, p.
51).
necessrio que se conhea o ambiente, bem como estabelecer
diretrizes que
venham a nortear as atividades antrpicas, reduzindo com isso os
processos de
degradao ambiental. Dessa maneira O planejamento o trabalho de
preparao
de qualquer empreendimento humano, seja de previso ou de soluo
de nossos
problemas. Nele, estabelecem-se estratgias e metas para se
alcanar, superar ou
resolver determinada situao ou dificuldade. (LEMOS, 1999,p.
52)
De acordo com LANNA (1995, p. 18) o Planejamento Ambiental
consiste em:
um processo organizado de obteno de informaes, reflexo sobre os
problemas epotencialidades de uma regio, definio de metas e
objetivos, definio de estratgias deao, definio de projetos,
atividades e aes, bem como definio do sistema demonitoramento e
avaliao que ir retroalimentar o processo. Este processo visa
organizara atividade scio-econmica no espao, respeitando suas funes
ecolgicas, de forma apromover o desenvolvimento sustentvel.
Nota-se que o conceito supracitado de planejamento ambiental
sugere uma
relativa complexidade, tendo em vista o nmero de atividades a
ele relacionado.
O crescimento da populao mundial e da produo, associado a
padres
no sustentveis de consumo, aplica uma presso cada vez mais
intensa sobre as
condies que tem nosso planeta de sustentar a vida. Esses
processos interativos
afetam o uso da terra, a gua, o ar, a energia e outros recursos.
(AGENDA 21,
2001, p. 21) Nessas circunstncias O planejamento visa reordenar
o uso do solo de
maneira que a interveno humana seja a menos impactante, ou seja,
que
represente a menor taxa de alterao possvel (CAUBET; FRANK, 1993,
p. 15).
Franco aponta que ...Planejamento Ambiental todo o planejamento
que
parte do princpio da valorao e conservao das bases naturais de
um dado
territrio como base de auto-sustentao da vida e das interaes que
mantm, ou
seja, das relaes ecossistmicas. (FRANCO, 2000, p. 35)
Ainda para FRANCO (2000, p.35-36):
O objetivo principal do Planejamento Ambiental atingir o
Desenvolvimento Sustentvel daespcie humana e seus artefactos, ou
seja dos agroecossistemas e dos ecossistemas
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
15
urbanos (as cidade e redes urbanas), minimizando os gastos das
fontes de energia queos sustentam e os riscos e impactos
ambientais, sem prejudicar ou suprimir outros seresda cadeia
ecolgica da qual o homem faz parte, ou, em outras palavras,
procurandomanter a biodiversidade dos ecossistemas.
Portanto, o planejamento ambiental envolve uma gama de
atividades que
visam contribuir para a minimizao dos processos de degradao
ambiental,
associado ao conceito de desenvolvimento sustentvel.
Nessa direo, o planejamento ambiental fundamenta-se na interao
e
integrao dos sistemas que compem o ambiente. Seu papel consiste
em
estabelecer as relaes entre os sistemas ecolgicos e os processos
da sociedade,
das necessidades socioculturais e atividades e interesses
econmicos, com o intuito
de manter a mxima integridade possvel dos seus elementos
componentes
(SANTOS, 2004, p. 28).
Projetos envolvendo planejamento ambiental vm sendo
implementados nos
ltimos anos, por meio do poder pblico federal, bem como pelos
estados atravs
das Secretarias de Planejamento e Meio Ambiente (ROSS; DEL
PRETTE, 1998, p.
100). A funo bsica do planejamento consiste em promover o
desenvolvimento
sustentvel baseado no ordenamento fsico-territorial, seguindo
princpios de
valorizar as potencialidades e fragilidades dos sistemas
ambientais naturais de um
lado, e as potencialidades culturais, tecnolgicas e econmicas de
outro (ROSS;
DEL PRETTE, 1998, p. 100) entre outras possveis funes.
A partir da dcada de 1970, diversos mtodos destinados ao
planejamento
ambiental foram desenvolvidos em diferentes pases do mundo
(ALMEIDA et al.
1993, p. 21).
No Brasil, as primeiras atividades envolvendo o planejamento
urbano
ocorreram na dcada de 1920 em So Paulo (ALMEIDA et al. 1993, p.
19). Foi
somente na dcada de 1980, com a promulgao da Lei n 6.938, de
1981, que
dispe sobre a Poltica Nacional de Meio Ambiente, que o
planejamento ambiental
comea a tomar mais corpo, como uma ramificao do planejamento
urbano,
territorial, regional, entre outros (ALMEIDA et al. 1993, p.
21). Nos ltimos anos,
projetos envolvendo planejamento ambiental foram executados em
diversas regies
do Brasil. FRANCO (2000) destaca as experincias realizadas na
Reserva Indgena
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
16
de Mangueirinha no Estado do Paran, no Vale do Itaja em Santa
Catarina e da
cidade de So Paulo, como exemplos bem sucedidos de planejamento
ambiental.
Atualmente, o planejamento ambiental incorpora a perspectiva
de
desenvolvimento sustentvel, preocupando-se com a manuteno de
estoques de
recursos naturais, qualidade de vida e uso adequado do solo, alm
da conservao
e preservao de sistemas naturais (SANTOS, 2004, p. 23).
O tema planejamento envolve grande complexidade (LEMOS, 1999, p.
54)
devido a diferentes modelos existentes e diversidade de
problemas ambientais e
scio-econmicos existentes no atual contexto histrico.
2.4 O MTODO SISTMICO
Este estudo teve como orientao terica a abordagem sistmica, com
o
intuito de analisar e compreender os componentes ambientais e
scio-econmicos
da rea objeto de estudo de uma forma integrada.
Partindo da premissa de que o meio ambiente o produto da
inter-relao e
funcionamento entre elementos sociais e naturais em forma de
sistemas, a melhor
metodologia de abordagem a anlise sistmica (PENTEADO ORELLANA,
1985 p.
126).
De acordo com KUMPERA7, citado por WISNIEWSKI (2003, p. 1) o
conceito
de sistema comeou a ser elaborado entre 1800 e 1850 no mbito da
Filosofia,
sendo que sua utilizao no contexto ambiental ocorreu a partir de
1950.
Por volta do sculo XVIII houve a publicao de uma obra que
antecedeu a
Teoria Geral dos Sistemas, dando enfoque a uma perspectiva junto
aos sistemas
filosficos ou sistemas de pensamento, sendo que esta foi
elaborada pelo francs
Etinne Bonnot de Condillac (BRANCO, 1989a).
A abordagem sistmica, concebida sob o ponto de vista terico
e
metodolgico foi preconizada na dcada de 1920 pelo bilogo Ludwig
Von
Bertalanffy sob a denominao Teoria Geral dos Sistemas.
Ressalta-se que entre
vinte e trinta anos antes da formulao de Bertalanffy, o russo
Alexander Bogdanov
desenvolveu uma teoria sistmica de sofisticao proporcional,
sendo que esta
7KUMPERA, V. Interpretao sistmica do planejamento. So Paulo:
Nobel, 1979.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
17
acabou no sendo divulgada fora da Rssia (HEBLING CHRISTOFOLETTI,
2004, p.
91).
O enfoque mecanicista, prevalecente at por volta da dcada de 20
do
sculo passado, desprezava a viso de totalidade (BERTALANFYY,
1973, p. 29).
De forma sinttica pode-se explicar que a Teoria Geral dos
Sistemas surgiu
num momento em que o modelo mecanicista e o tratamento por parte
de diversos
assuntos se mostravam insuficientes para atender os problemas de
carter terico
(BERTALANFFY, 1973, p. 28) vigentes naquele momento histrico. Na
mudana do
pensamento reducionista para o pensamento sistmico, a relao
entre as partes e o
todo foi invertida, pois no pensamento cartesiano o
comportamento do sistema
poderia ser explicado em termos de propriedade de suas partes
(HEBLING
CHRISTOFOLETTI, 2004, p. 91). Em contraposio, o pensamento
sistmico
evidencia que os sistemas no podem ser compreendidos atravs das
partes, pois
estes so elementos intrnsecos que s podem ser entendidas dentro
do contexto do
todo maior (HEBLING CHRISTOFOLETTI, 2004, p. 91).
Portanto, o mtodo sistmico aparece como um instrumento
terico-
metodolgico em que a relao entre os elementos que compem um
sistema
(BERTALANFFY, 1973, p. 61) so analisados com uma viso de
totalidade.
A supracitada abordagem prope-se a estudar qualquer fato ou
fenmeno
de uma forma em que os diversos componentes do ambiente (rochas,
relevo, clima,
vegetao, ao antrpica) so analisados sob a tica da inter-relao,
ou seja, so
analisados na perspectiva de que fazem parte de um todo
integrado
(BERTALANFFY, 1973, p. 62).
Perante este contexto, ...sistema um conjunto de componentes
ligados
por fluxos de energia e funcionando como uma unidade. (DREW,
1994, p. 21)
CHORLEY (1971) ao apresentar uma discusso a respeito da
Geomorfologia e a Teoria Geral dos Sistemas advoga serem as
bacias hidrogrficas
sistemas abertos onde ocorre entrada e sada de energia. Este
mesmo autor indica
que os elementos constituintes do sistema so interdependentes e
funcionam
conduzidos por fluxos de energia, de modo que cada um destes
elementos reflete
sobre os outros as alteraes neles impostas por estmulos
externos.
Conduzido pelo pensamento sistmico, este estudo descartou a
abordagem
meramente setorial e cartesiana que enfatiza, por exemplo,
individualmente a
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
18
vegetao, a gua, os solos, as rochas, o relevo, o clima, o ser
humano e suas
atividades.
Metodologicamente a abordagem sistmica preconizada por
BERTALANFFY
(1973) apresenta-se adequada para a realizao do presente estudo,
tendo em vista
que a bacia do Arroio Gertrudes ser analisada sob o enfoque da
inter-relao
existente entre fenmenos fsicos e sociais.
Por meio de uma metodologia que procura estudar a dinmica
das
paisagens a partir de uma anlise temporal e evolutiva (PENTEADO
ORELLANA,
1985, p. 132) o trabalho esteve fundamentado na anlise
integrada, globalizante,
holstica e nas correlaes entre os componentes biticos e
abiticos, tendo em vista
que ...a Terra aparece como uma hierarquia de sistemas, todos
parcialmente
independentes mas firmemente vinculados entre si. (DREW, 1994,
p. 21).
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
19
3 MATERIAL E PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
3.1 LOCALIZAO DA REA
A rea de estudo, situa-se no municpio de Ponta Grossa, sendo
este
localizado na poro centro-leste do Estado do Paran, na regio
conhecida pelo
nome de Campos Gerais do Paran (MAACK, 2002).
A bacia hidrogrfica pesquisada localiza-se especificamente na
poro oeste
do municpio de Ponta Grossa. (FIGURA 1 - Mapa de Localizao da
rea de
Estudo).
No contexto hidrogeogrfico regional, o Arroio Gertrudes
constitui-se num
afluente da margem esquerda do Rio Taquari, que por sua vez
afluente da
margem direita do alto Rio Tibagi, sendo este ltimo, um dos
principais rios do
Estado do Paran.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
21
3.2 MATERIAL
Os materiais utilizados para a realizao da pesquisa da rea de
estudo so
listados a seguir:
Base Cartogrfica Digital da Cidade de Ponta Grossa - (FAMEPAR,
1996) - Escala
1:2000
Carta Topogrfica - Folha Uvaia (DSG, 1958) - Escala 1:50000
Carta Topogrfica - Folha Ponta Grossa (IBGE, 1980) - Escala
1:50000
Cartograma - (PMPG, 2005)
Fotografias areas (PMPG, 2001) - Escala 1:2000
GPS (Sistema de Posicionamento Global)
Mapa Geolgico (DNPM - BADEP - UFPR, 1977) - Escala 1:50000
Mapa de Unidades de Relevo (IBGE, 1993) - Escala 1:5000000
Mapa de Solos da Bacia do Rio Tibagi - Escala - Escala
1:250.000
Martelo pedolgico
Software Auto Cad 2004.
Software Arcview GIS 3.3
Trado Tipo Holands
Trena
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Como forma de alcanar os objetivos propostos, os
procedimentos
metodolgicos adotados nesta pesquisa foram os seguintes:
Levantamento e anlise bibliogrfica: Num primeiro momento
foram
compiladas e analisadas informaes pertinentes reviso de
literatura e a
orientao terico-metodolgica. Num segundo momento foram
levantados os dados
do meio fsico e dos aspectos scio-econmicos alusivos bacia
hidrogrfica, por
meio de levantamento bibliogrfico.
Para a caracterizao do meio fsico e scio-econmico foram
utilizadas
diversas publicaes como livros, artigos, mapas e cartas. Para a
caracterizao
scio-econmica (processo histrico de ocupao da rea de estudo,
crescimento
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
22
urbano, nmero de habitantes, comrcio, indstrias e saneamento
bsico) foram
utilizados materiais bibliogrficos, disponveis em instituies
pblicas como IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica) e SANEPAR
(Companhia Paranaense
de Saneamento).
O diagnstico da realidade social e econmica da rea urbana da
bacia do
Arroio Gertrudes teve como finalidade subsidiar a compreenso da
degradao
ambiental existente na rea de pesquisa. Com o conhecimento da
scio-economia
da rea de estudo pde-se verificar as atividades humanas
realizadas no mbito da
bacia, bem como compreender o estado do meio fsico em relao a
estas
atividades.
A aquisio das diversas publicaes utilizadas nesta pesquisa foi
realizada
por meio de consulta s bibliotecas da Universidade Federal do
Paran e da
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Adicionalmente, alguns stios disponveis na Internet foram
consultados e
utilizados, tendo em vista a ausncia dos mesmos em meio
analgico.
Trabalhos de campo: Concluda a fase da pesquisa bibliogrfica,
foram
efetuados trabalhos de campo para a identificao da geologia,
relevo, solos e
vegetao. Nesse sentido este procedimento permitiu a verificao de
como o meio
fsico reage em relao utilizao antrpica. Foram realizadas sadas
de campo
entre os meses de abril de 2004 e abril de 2006, com o intuito
de identificar os
processos de degradao ambiental, bem como registr-los por meio
de fotografia.
Os trabalhos de campo foram guiados utilizando-se da viso
perceptiva
tendo como objetivo compreender a rea de estudo com uma viso de
totalidade
almejando desta maneira, contemplar os objetivos propostos.
A percepo ambiental refere-se forma como se obtm e se renem
informaes por meio dos sentidos da viso, olfato, audio, tato e
paladar
(BASSANI, 2004, p. 92).
Deste modo, a percepo visual foi utilizada nos trabalhos de
campo, tendo
em vista que atravs da viso que os homens se expressam e se
comunicam mais
freqentemente (OLIVEIRA; MACHADO, 2004, p. 130)
Portanto, esta tcnica permite que se apreendam determinados
conhecimentos, sendo estes acrescidos de uma significao.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
23
Todos os arruamentos localizados em sentido perpendicular s
curvas de
nvel foram percorridos, tendo por objetivo verificar a ocorrncia
de processos de
eroso hdrica. Puderam ser observados afloramentos rochosos
(Formao Ponta
Grossa e Formao Campo do Tenente) e falhas geolgicas confirmando
assim as
informaes existentes no mapa geolgico (DNPM - BADEP - UFPR,
1977). Em
relao s formas de relevo identificadas na carta topogrfica -
Folha Ponta Grossa
(IBGE, 1980), as mesmas puderam ser confirmadas durante os
trabalhos de campo.
Em se tratando de uma rea urbanizada, 2 (dois) pontos com talude
de
corte puderam ser utilizados como locais de amostragem para a
identificao dos
horizontes diagnsticos onde se utilizou a obra publicada pela
EMBRAPA (1999). A
descrio dos perfis e a descrio morfolgica dos solos
identificados nos taludes
supracitados foram realizadas de acordo com os procedimentos
contidos em
SANTOS et al. (2005) (Cf. APNDICE).
Nos locais onde existem processos de degradao ambiental
foram
efetuadas tradagens para identificar o tipo de solo onde tais
processos se
desenvolvem.
A vegetao foi caracterizada conforme a classificao apresentada
pelo
IBGE (1992). Checagens em campo foram realizadas para a
confirmao da
existncia de estepe gramneo-lenhosa e de remanescente de
Floresta Ombrfila
Mista.
Fotointerpretao: Esse procedimento foi executado a partir do
georreferenciamento das fotos areas digitais do ano de 2001 em
escala 1:2000 que
recobrem a rea objeto de estudo. A interpretao foi realizada no
software Arcview
GIS. Elaborou-se uma chave de interpretao (TABELA 1) utilizada
para a
identificao das diferentes classes de uso do solo, sendo a
fotointerpretao
realizada diretamente em tela. Ressalta-se que na transposio dos
dados contidos
nas fotos areas para os mapas ocorrem falhas no tocante ao
tamanho das
representaes tendo em vista que as projees cartogrficas so
diferentes. Por se
tratarem de fotografias areas em escala 1/2000 e mapas temticos
produzidos em
escala 1/25000 os erros so desprezveis, tendo em vista que todo
mapa possui
distores.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
24
Foram definidas 6 classes de uso do solo8 a partir da realizao
da
fotointerpretao e dos trabalhos de campo: mata, mata degradada,
campo,
campo/mata degradada, cultivo e urbano.
Mata: Constituda por vegetao arbrea;
Mata degradada: Apresenta vegetao arbrea, porm observou-se
interveno
antrpica devido prtica de queimada, corte de rvores e disposio
de lixo neste
tipo de vegetao;
Campo/Mata Degradada: Nessa classe a vegetao de maior porte foi
retirada,
restando apenas vegetao rasteira, arbustos e rvores
esparsas;
Campo: Corresponde a vegetao de gramneas;
Cultivo: Corresponde a rea onde j existem culturas agrcolas em
estgio inicial de
crescimento, ou onde o solo ainda est sendo preparado para o
cultivo. Nessa rea
praticado o plantio em curvas de nvel, porm sem a presena de
cobertura de
resduos de cultivos anteriores.
Urbano: Classe caracterizada por apresentar infra-estrutura
(ruas) e prestao de
servios (comrcio, escolas, indstrias) bem como habitaes.
O mapa de localizao foi construdo utilizando-se da base
cartogrfica
disponibilizada pelo IBGE (2000, 2004), bem como do software
Arcview GIS 3.3
como suporte.
Para a produo da carta geolgica, utilizou-se a base cartogrfica
digital da
cidade de Ponta Grossa (FAMEPAR, 1996), bem como o mapa geolgico
impresso
de (DNPM - BADEP - UFPR, 1977). A legenda utilizada foi a mesma
dos referidos
autores.
A carta de feies de relevo foi elaborada a partir da anlise da
carta
topogrfica IBGE (1980). Checagens em campo permitiram corroborar
as
informaes disponveis na carta topogrfica. A legenda foi adaptada
de TRICART
(1965). A carta foi gerada utilizando-se a base cartogrfica
digital da cidade de
Ponta Grossa (FAMEPAR, 1996).
A carta de declividade foi gerada utilizando-se do software
Arcview GIS.
Foram estabelecidas as seguintes classes de declive: < 1%, 1%
a 6%, 6% a 12%,
12% a 20%, 20% a 45% e > 45%. As classes de declive
obedeceram tal
8 Legenda fundamentada no trabalho intitulado Caracterizao do
Patrimnio Natural dosCampos Gerais do Paran (2003). Cf. item
Referncias.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
25
agrupamento tendo em vista uma melhor compreenso dos processos
de eroso
hdrica e de escorregamentos.
A carta de solos foi produzida a partir da compilao de
informaes
existentes no Mapa de Solos do Estado do Paran, EMBRAPA (1981)
em escala
1:600000, do mapeamento em escala 1:250000 realizado por STIPP
(2002) no
mbito da Bacia do Rio Tibagi, bem como de observaes de perfis de
solos
existentes na rea de estudo. Embora exista uma diferena
relativamente grande
entre a escala do mapa produzido pela EMBRAPA (1981), o mapa
elaborado por
STIPP (2002) e a carta gerada neste trabalho, salienta-se que
ambas as publicaes
serviram apenas para o conhecimento prvio das classes de solo
existentes na rea
de estudo. A carta de hidrografia foi produzida a partir da base
cartogrfica digital da
cidade de Ponta Grossa (FAMEPAR, 1996).
Para o estabelecimento do nmero de nascentes existentes na rea
urbana
da bacia hidrogrfica foi utilizado o procedimento proposto por
STRAHLER9 citado
por CHRISTOFOLETTI (1980, p. 106-107).
A carta de vilas localizadas na rea de estudo foi gerada a
partir de
informaes contidas no cartograma de diviso de vilas da cidade de
Ponta Grossa
PMPG (2005) e gerada no software Arcview GIS.
Em relao carta de degradao ambiental, esta foi confeccionada a
partir
da base cartogrfica digital da cidade de Ponta Grossa (FAMEPAR,
1996). Os
pontos com processos de degradao ambiental foram identificados
por meio dos
trabalhos de campo e posteriormente foram lanados na base
cartogrfica digital,
levando em considerao os arruamentos existentes na rea de
estudo.
As cartas de geologia, feies de relevo, solos, hidrografia e de
degradao
ambiental foram todas produzidas em ambiente Auto Cad. O mapa de
localizao e
o buffer foram produzidos utilizando-se o software Arcview
GIS.
A carta de uso-ocupao do solo foi gerada a partir da
fotointerpretao
realizada diretamente em tela, sem o auxlio de qualquer
instrumento tico, tendo
como base as fotografias areas digitais da cidade de Ponta
Grossa FAMEPAR
(2001). Para a identificao das classes de uso adotou-se uma
chave de
interpretao a qual est descrita no quadro a seguir:
9 STRAHLER, A. N. Hypsometric (rea-altitude) analysis of
erosional topography. Geol. Soc.America Bulletin. 1952, 63, p.
117-142.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
26
TABELA 1 - CHAVE DE INTERPRETAO DAS CLASSES DE USO DO SOLO DA
BACIA DOARROIO GERTRUDES - REA URBANA DE PONTA GROSSA, PR.
CLASSES COR TEXTURA PADRO SOMBRA FORMA
Mata Verde escuro Rugosa Manchasdesordenadas Presente
Irregular
Mata degrada Verde mdioa escuro RugosaManchas
desordenadas Presente Irregular
Campo Verde claro amdio LisaManchas
desordenadas Ausente Irregular
Campo/ matadegradada
Verde claro amdio Lisa a rugosa
Manchasdesordenadas Presente Irregular
Cultivo Verde claro Lisa Manchasordenadas Ausente Irregular
Urbano Cinza escuro Lisa Blocosordenados Presente Regular
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
27
4 RESULTADOS E DISCUSSES
4.1 MEIO FSICO
4.1.1 Geologia
A bacia hidrogrfica do Arroio Gertrudes est inserida na borda
leste do
compartimento geolgico denominado Bacia Sedimentar do Paran.
Esta bacia
sedimentar constitui-se numa vasta depresso, localizada no
centro-leste da
Amrica do Sul, cobrindo cerca de 1,6 milho de quilmetros
quadrados preenchida
por rochas paleozicas, mesozicas, lavas baslticas e, localmente
rochas
cenozicas (SCHNEIDER et al. 1974, p. 41).
A geologia da rea de estudo est representada na FIGURA 2.
As unidades geolgicas presentes na rea de estudo so a Formao
Ponta
Grossa pertencente ao Grupo Paran e a Formao Campo do Tenente
pertencente
ao Grupo Itarar (AGUIAR NETO; LOPES JUNIOR, 1977).
A Formao Ponta Grossa de idade Meso-a Neodevoniana (ASSINE,
1999,
p. 357) constituda por folhelhos, folhelhos slticos, siltitos e
arenitos (SCHNEIDER
et al. 1974, p. 44). A formao dividida em trs membros: o membro
inferior
(Membro Jaguariava) e o membro superior (Membro So Domingos)
so
predominantemente sltico-argilosos, enquanto o membro
intermedirio (Membro
Tibagi) constitudo principalmente de arenitos muito finos ou
siltitos arenosos
(PETRI; FLFARO, 1983, p. 78). A estrutura sedimentar que ocorre
com maior
freqncia na Formao Ponta Grossa a laminao plano-paralela
(SCHNEIDER
et al. 1974, p. 44). O contedo fossilfero da formao indica que
as rochas desta
formao foram depositadas em ambiente marinho (SCHNEIDER et al.
1974, id).
Conforme o mapeamento geolgico realizado por AGUIAR NETO e
LOPES
JUNIOR (1977) abrangendo a regio de Ponta Grossa, o Grupo Itarar
apresenta
diamictitos, arenitos e argilitos. Na rea de estudo foram
identificados arenitos
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
29
pertencentes Formao Campo do Tenente de idade carbonfera
(FRANA;
WINTER; ASSINE, 1996, p. 45).
Ocorrem nessa formao arenitos amarelados, finos e mdios, mal
selecionados com estratificao plano-paralela e cruzada acanalada
(SCHNEIDER
et al. 1974, p. 45).
De acordo com TOMMASI e RONCARATI10, citado por SCHNEIDER et
al.
(1974, p. 45) atribuda influncia glacial para os depsitos da
Formao Campo do
Tenente.
Com relao aos sedimentos recentes, MEDEIROS e MELO (1999) ao
discutirem sobre os processos erosivos no mbito urbano de Ponta
Grossa,
verificaram depsitos aluviais ao longo das plancies de inundao
expressando
fases de clima mais seco que o atual, no final do Pleistoceno e
incio do Holoceno,
com intenso entulhamento das drenagens da cidade.
Em relao s estruturas geolgicas verificou-se a existncia de
falhamentos
no mbito da bacia. Ocorrem falhas no sentido NE-SO e NO-SE.
Essas estruturas
exercem um controle estrutural na forma dos vales onde os cursos
fluviais esto
inseridos em diversos trechos da bacia do Arroio Gertrudes.
4.1.2 Relevo
Do ponto de vista macrogeomorfolgico a bacia do Arroio Gertrudes
situa-se
na unidade de relevo denominada Patamares da Bacia do Paran
(IBGE, 1993).
Esta unidade geomorfolgica abrange parte dos estados do Rio
Grande do Sul,
Santa Catarina, Paran, So Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso.
De acordo com ALVARENGA, SILVA e NUNES (1997, p. 61) esta
unidade
engloba formas como escarpas, relevo colinoso e plano, nveis
profundos de
dissecao, entalhamento da drenagem em linhas estruturais e
chapades
residuais. A existncia de formas heterogneas na unidade de
relevo existe devido
complexidade petrogrfica dos sedimentos (HERRMANN; ROSA, 1990,
p. 65) aliada
aos diferentes processos morfogenticos que atuam na elaborao das
formas de
relevo.
10 TOMMASI, E.; RONCARATI, H. Geologia de semi-detalhe do
nordeste de Santa Catarina esudeste do Paran. Petrobrs/Desul. 41 p.
(Relatrio Interno n. 388). 1970.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
31
No contexto do Estado do Paran a unidade de relevo Patamares da
Bacia
do Paran coincide com o compartimento geomorfolgico denominado
de Segundo
Planalto Paranaense (MAACK, 2002, p. 406).
MENEGUZZO e MELO (2004) referindo-se ao Segundo Planalto,
afirmam
que:
O relevo no Segundo Planalto Paranaense contrastante. Junto
Escarpa Devoniana asamplitudes so grandes, com encostas abruptas,
canyons e trechos encaixados dos rios,inmeros cachoeiras e
corredeiras sobre leito rochoso. Afastando-se da EscarpaDevoniana,
no sentido oeste e noroeste, predomina paisagem de
topografiasuavemente ondulada de configurao muito uniforme, formada
por colinas e outeiros.
A estrutura paleozica que sustenta o relevo do Segundo
Planalto
Paranaense constitui-se num capeamento abaulado e densamente
cisalhado como
conseqncia do Arco de Ponta Grossa (ABSBER, 1998, p.73). Devido
a este
cisalhamento ocorrem inmeros rios subseqentes, os quais possuem
trechos
controlados por estruturas rpteis, tais como falhas, fraturas e
diques de diabsio
(MENEGUZZO, 2002, p. 22). Na regio de Ponta Grossa o relevo
caracteriza-se por
apresentar-se colinoso (HERRMANN; ROSA, 1990, p. 65) associado a
outeiros.
A nascente do Arroio Gertrudes localiza-se numa falha (AGUIAR
NETO;
LOPES JUNIOR, 1977) originada devido a movimentos epirogenticos
que
soergueram toda a regio centro-leste do Estado do Paran durante
o Paleozico e
o Mesozico, sendo que o pice desse movimento, conhecido como
Arco de Ponta
Grossa, deu-se no Jurssico-Cretceo (MARINI; FUCK; TREIN, 1967,
p. 309).
As feies de relevo da rea pesquisada esto representadas na
FIGURA 3.
As vertentes da bacia do Arroio Gertrudes, apresentam feies
caractersticas de regies subtropicais, onde a morfognese pluvial
o principal
agente que atua na esculturao das formas. Foram identificadas na
rea
pesquisada vertentes com formas convexas, retilneas, ombreiras e
rupturas de
declive.
Os topos apresentam-se arredondados ou alongados. Os topos
arredondados ocorrem em reas onde afloram rochas da Formao Ponta
Grossa.
No divisor do Arroio Gertrudes com o Rio Ronda e Arroio Ressaca
sob influncia das
rochas da Formao Campo do Tenente h preferencialmente topos com
forma
alongada com orientao NO-SE e NNE-SSO. J no divisor com o Rio
Colnia
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
32
Adelaide, Arroio Grande e Arroio Madureira, com predomnio de
rochas da
Formao Ponta Grossa os topos tendem a ter forma arredondada.
Existem dois tipos de vale na bacia do Arroio Gertrudes: Vales
em "V" e
vales assimtricos. O Arroio Sabar possui seu vale em forma de V.
Nos afluentes
da margem direita do Arroio Gertrudes predominam vales em forma
de V. Os vales
assimtricos ocorrem no Arroio Gertrudes e em seus tributrios da
margem
esquerda. A ocorrncia destas formas se d devido ao da morfognese
pluvial e
ao morfogentica dos prprios cursos dgua que esculpem o relevo,
cujo
substrato rochoso formado por folhelhos da Formao Ponta Grossa e
arenitos do
Grupo Itarar. A diferenciao dos vales fluviais existe devido
diferena no
substrato geolgico, pois os diferentes tipos de rocha respondem
de forma
diferenciada ao dos processos morfogenticos.
Em relao hipsometria (Ver Figura 5), as cabeceiras do Arroio
Gertrudes
encontram-se localizadas numa rea com altitude aproximada de 930
metros. Na
desembocadura, no limite do espao urbano-rural, o arroio flui
sobre cota
aproximada de 830 metros. No trecho compreendido entre a
nascente e a foz, cuja
distncia de aproximadamente 6.000 metros, o desnvel de
aproximadamente
100 metros. Este desnvel sugere um poder de eroso remontante
relativamente
significativo, tanto nas cabeceiras do Arroio Gertrudes, como
nas nascentes do
Arroio do Sabar.
Nesse sentido pode-se explicar a existncia de nveis de declive
(Ver Figura
4) elevados no mbito da bacia hidrogrfica, sendo que as maiores
declividades so
encontradas majoritariamente prximas de cursos fluviais de 1
ordem.
Na tabela a seguir, constam informaes alusivas s classes de
declividade
existentes na rea de estudo, com as respectivas reas em hectares
e em
percentagem.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
33
TABELA 2 - CLASSES DE DECLIVE DA REA DE ESTUDO
Classes de Declive em % rea de cada classe emhectares
rea em %
Classe = < 1 96,75 11,31
Classe = 1 - 6 280,71 32,81
Classe = 6 -12 355,63 41,57
Classe = 12 - 20 90,57 10,59
Classe = 20 -45 31,39 3,67
Classe = > 45 0,48 0,05
rea total da bacia: 855,53 ha Total: 100
A classe de declive que apresenta a maior rea a compreendida
entre 6%
a 12%. Esta possui aproximadamente 41,57% da rea total da bacia.
A segunda
classe com maior rea a classe entre 1% a 6% representando
32,81%.
Seqencialmente vem a classe com declividade menor que 1%, com
uma rea de
11,31%. Posteriormente a classe que compreende os nveis de
declive 12% a 20%
abrange 10,59% do total da rea de estudo. As classes de 20% a
45% e maior que
45% possuem, respectivamente, 3,67% e 0,05% de reas.
Confrontando as informaes da tabela acima com o artigo III e
pargrafo 3
da Lei Municipal nmero 4842/92 que estabelece as faixas no
edificveis nas
margens direita e esquerda dos cursos fluviais. A bacia do
Arroio Gertrudes se
enquadra na classe das bacias que possuem rea compreendida entre
700 e 1000
hectares. Neste caso a rea pesquisada deveria possuir 40 metros
de faixa no
edificvel em ambas as margens de todos os cursos dgua
componentes da
mesma.
De acordo com a Lei Municipal nmero 6326/99 em reas com
declividade
igual ou superior a 30% no permitido o parcelamento do solo
urbano. Isto
significa que uma rea de aproximadamente 3,72% da rea de estudo
seria restrita
para esta finalidade.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
36
4.1.3 Solos
Pde-se verificar a existncia de trs classes de solo no mbito da
rea de
estudo. So elas: Cambissolos, Latossolos e Gleissolos.
Os cambissolos se constituem em Solos constitudos por material
mineral
com horizonte B incipiente imediatamente abaixo de horizonte A
ou horizonte hstico
com espessura inferior a 40 cm. (EMBRAPA, 1999, p. 149)
Na rea de estudo os cambissolos identificados enquadram-se na
Classe do
2 nvel categrico: Cambissolo Hplico.
Os cambissolos foram identificados majoritariamente nas reas com
relevo
em entalhamento com os nveis de declive compreendidos nas
classes 1% a 6% e
6% a 12%. onde as guas pluviais escoam de forma relativamente
rpida, no
favorecendo a ocorrncia de reaes qumicas (TOLEDO; OLIVEIRA;
MELFI, 2001,
p. 155-156), sobre substrato rochoso da Formao Ponta Grossa e
Formao
Campo do Tenente.
Os latossolos so Solos constitudos por material mineral,
apresentando
horizonte B latosslico imediatamente abaixo de qualquer tipo de
horizonte A, dentro
de 200 cm da superfcie do solo ou dentro de 300 cm, se o
horizonte A apresenta
mais que 150 cm de espessura. (EMBRAPA, 1999, p.197)
Especificamente na rea de estudo os latossolos classificados
enquadram-
se na Classe do 2 nvel categrico: latossolos vermelhos. Estes se
caracterizam
por apresentar matiz 2,5 YR ou mais vermelho na maior parte dos
primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA) (EMBRAPA, 1999, p.197).
Estes solos foram identificados majoritariamente em reas de topo
devido ao
fato de que nestas reas ocorre uma boa drenagem das guas
pluviais, favorecendo
o intemperismo qumico, promovendo a existncia de solos com cores
avermelhadas
(LEPSCH, 2002, p. 61) como o caso do Latossolo.
Os Gleissolos so assim definidos pela EMBRAPA (1999, p.
183):
... constitudos por material mineral com horizonte glei
imediatamente abaixo de horizonteA, ou de horizonte hstico com
menos de 40 cm de espessura; ou horizonte glei comeandodentro de 50
cm da superfcie do solo; no apresentam horizonte plntico ou vrtico,
acimado horizonte glei ou coincidente com este, nem horizonte B
textural com mudana texturalabrupta coincidente com horizonte glei,
nem qualquer tipo de horizonte B diagnstico acimado horizonte
glei.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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37
Os Gleissolos foram identificados por meio de trabalho de campo
em rea
de relevo plano a aproximadamente 30 metros da margem esquerda
do Arroio
Gertrudes, na Vila Shangril.
Ressalta-se que devido a obras de pavimentao, bem como
implantao
de infra-estrutura apenas em 2 (dois) locais esta classe de solo
pde ser
identificada, no significando que no deva ocorrer em ambientes
semelhantes no
mbito da bacia hidrogrfica.
A ttulo de ilustrao na figura a seguir (Figura 6) constam as
representaes das classes de solos identificadas na rea de
estudo.
No item APNDICE constam as descries de perfis e descries
morfolgicas dos pontos amostrais no mbito da rea de estudo.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
-
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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39
4.1.4 Clima
A regio de Ponta Grossa caracteriza-se por apresentar clima
quente-
temperado, sempre mido, o ms mais quente com temperatura
inferior a 22 C,
onze meses do ano com temperatura superior a 10 C e mais de
cinco geadas
noturnas por ano (MAACK, 2002, p. 209). O tipo climtico vigente
na rea de estudo
o Cfb segundo o Sistema de Classificao de Kppen (MAACK, 2002,
id).
A regio de Ponta Grossa est sob influncia conjugada dos
sistemas
atmosfricos tropicais e polares - massas de ar Tropical Atlntica
(Mta), Tropical
Continental (Mtc), Equatorial Continental (Mcc) e Polar Atlntica
(Mpa)
(MENDONA; DANNI-OLIVEIRA, 2002, p. 64).
A temperatura mdia anual para Ponta Grossa de 17 C - 18 C
(MAACK,
2002, p. 157). Com respeito s precipitaes, as mdias anuais ficam
na faixa
compreendida entre 1.100mm - 1600mm (MAACK, 2002, p. 200).
4.1.5 Hidrografia
A rea urbana da bacia hidrogrfica de aproximadamente 8,55 km2,
onde o
Arroio Gertrudes composto de 38 nascentes. A hidrografia est
representada na
FIGURA 7.
No contexto do municpio de Ponta Grossa, vrios rios e arroios,
possuem
suas cabeceiras de drenagem na rea urbana, sendo que estas
drenagens divergem
a partir de um alto topogrfico, onde est situado o centro da
cidade, em direo aos
bairros (MENEGUZZO, 2004, p.1). O Arroio Gertrudes no foge a
essa
caracterstica.
O Arroio Gertrudes est orientado na direo nordeste-sudoeste,
tendo,
portanto seu curso influenciado pelo Arco de Ponta Grossa. O
arroio caracteriza-se,
como um rio subseqente conforme a classificao apresentada
por
CHRISTOFOLETTI (1980, p. 102-103). A direo de fluxo dos rios
subseqentes
controlada pela estrutura rochosa, acompanhando sempre uma zona
de fraqueza,
tal como uma falha, junta, camada rochosa delgada ou facilmente
erodvel
(CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 102-103).
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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40
O padro de drenagem da bacia hidrogrfica apresenta-se como
paralelo
devido ao controle estrutural existente. Entende-se por drenagem
paralela ...quando
os cursos de gua, sobre uma rea considervel, ou em numerosos
exemplos
sucessivos, escoam quase paralelamente uns aos outros.
(CHRISTOFOLETTI,
1980, p. 105)
A bacia hidrogrfica apresenta uma assimetria, tendo em vista que
os
afluentes da margem esquerda tem o comprimento cerca de at trs
vezes maior
que os afluentes da margem direita. Isto se deve existncia de
duas falhas
geolgicas na margem esquerda do Arroio Gertrudes que favorecem
o
desenvolvimento de drenagens, tendo em vista que as falhas
constituem-se em
zonas de fraqueza, onde os cursos fluviais possuem maior
facilidade de
entalhamento do talvegue.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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7
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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42
4.1.6 Vegetao Natural
A bacia do Arroio Gertrudes situa-se na poro leste do Segundo
Planalto
Paranaense, na regio conhecida pelo nome de Campos Gerais do
Paran. De
acordo com MELO (2001, p. 64-65) a presena de campos naturais no
Segundo
Planalto decorre de diversos fatores:
a) ocorrncia de paleoclimas mais secos, propcios para o
desenvolvimento de camposlimpos e cerrados, no final do Pleistoceno
e incio do Holoceno;b) ocorrncia de rochas arenosas (Formao Furnas
e Grupo Itarar) na regio, originandosolos litlicos, rasos, arenosos
e muito pobres, desfavorveis para o desenvolvimento deplantas
arbreas;c) a existncia da barreira natural representada pela
Escarpa Devoniana, obstculo para adisseminao de sementes e avano da
mata sobre os campos e cerrados.
Do ponto de vista vegetacional, a regio dos Campos Gerais
insere-se no
grupo de Estepe - Campos Gerais Planlticos e Campanha Gacha
(IBGE, 1992, p.
29). As reas de Estepes embora bastante antropizadas podem ser
separadas em
trs subgrupos: a Estepe Arborizada, a Estepe Parque e a Estepe
Gramneo-
Lenhosa (IBGE, 1992, p. 29-30), sendo que a bacia do Arroio
Gertrudes insere-se no
subgrupo da Estepe Gramneo-Lenhosa.
A Estepe Gramneo-Lenhosa caracteriza-se por apresentar reas
de
fisionomias campestres, com variaes ligadas s formas do relevo,
profundidade
dos solos e s condies de drenagem (TOREZAN, 2002, p. 103). Neste
subgrupo
observam-se as "florestas-de-galeria" (IBGE, 1992, p. 30) ao
longo dos rios e arroios
com ilhas de araucrias distribudas nos campos e capes (MAACK,
2002, p. 119).
A regio dos Campos Gerais apresenta atualmente significativa
descaracterizao no do seu padro vegetacional original. Isto se
torna evidente
devido a fatores como a prtica das queimadas (RUELLAN, 1990, p.
20), (MAACK,
2002, p. 229), ao mau uso do solo (IBGE, 1992, p. 30), pela
criao de gado bovino
em grandes propriedades e pelas atividades agrcolas (TROPPMAIR,
1990, p. 76).
Na rea de estudo pde-se verificar remanescentes secundrios de
floresta-
de-galeria (Floresta Ombrfila Mista). Em seu aspecto externo
(fisionmico) pouco
se diferencia da primria, a no ser pela presena de espcies
bioindicadoras de
perturbao. Identificou-se a Anadenanthera colubrina
(Angico-branco), a Mimosascabrella (Bracatinga) e a Myrsine
ferruginea (capororoca) espcies caractersticas
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de floresta secundria. Verificou-se tambm a presena de vegetao
de campos
(Estepe Gramneo-lenhosa) que ainda permanece em alguns locais da
rea de
estudo (Ver FIGURA 10).
4.2 SCIO-ECONOMIA
4.2.1 O processo histrico de ocupao dos Campos Gerais e de Ponta
Grossa
Registros arqueolgicos, como pinturas rupestres (SILVA, 2000) e
materiais
de cermica encontrados nas cercanias de Ponta Grossa e at mesmo
na rea
urbana evidenciam que povos primitivos j estiveram na regio
antes dos povos
europeus.
O processo histrico de ocupao da regio dos Campos Gerais e
conseqentemente de Ponta Grossa esteve intimamente atrelado ao
comrcio
colonial.
A regio dos Campos Gerais foi visitada pela primeira vez por um
europeu no
sculo XVI na pessoa de lvar Nuez Cabeza de Vaca, quando este se
dirigia para
oeste onde atualmente se encontram as terras da Repblica do
Paraguai (FREY
HOLZMANN, 1975, p. 15).
No sculo XVII a regio fra percorrida pelos bandeirantes, que
almejavam
encontrar ouro (FREY HOLZMANN, 1975, p. 15) e pontos de partida
para que o
interior pudesse ser conquistado mais facilmente (MAACK, 2002,
p. 73). Ainda no
sculo XVII ressalta-se a figura dos jesutas espanhis, que
tiveram na regio dos
Campos Gerais algumas misses indgenas (PRADO JNIOR, 1987, p.
105).
De meados do sculo XVII at o incio do sculo XVIII os
bandeirantes,
vindos de So Paulo promoveram tanto o Primeiro como o Segundo
Planalto,
colonizao dos portugueses (MAACK, 2002, p. 78).
No sculo XVIII a atividade de explorao do ouro em Minas
Gerais
favoreceu o desenvolvimento de povoaes no Segundo Planalto
Paranaense
(SOARES; MEDRI, 2002, p. 72) sendo que, a abertura do Caminho do
Viamo11 no
sculo XVIII (SIMONSEN, 1957, p. 237) promoveu tal
povoamento.
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FURTADO (1982) indica que a atividade mineira, por meio de seus
efeitos
indiretos, permitiu que se articulassem as diferentes regies do
sul do pas. A partir
do Rio Grande do Sul mulas e muares eram conduzidas com destino
regio de
So Paulo, onde l eram comercializadas. Posteriormente, de So
Paulo os animais
eram direcionados s minas gerais, onde eram utilizados como meio
de transporte12.
Conforme PRADO JNIOR (1987, p. 95) todo o territrio a leste do
rio
Paran, compreendido entre o Rio da Prata ao sul e paralelo de 26
ao norte,
permanecia deserto e inocupado, embora fosse percorrido
intermitentemente, desde
o princpio do sc. XVIII, pelas bandeiras paulistas...
FERREIRA13 citado por SOARES e MEDRI (2002, p. 72) comenta que
no
final do sculo XVIII toda a regio dos Campos Gerais estava
povoada,
escassamente, ou seja, que se apresentava quase totalmente
dividida em
latifndios, caracterizando-se assim como uma frente de ocupao e
explorao por
onde passavam os tropeiros (WACHOWICZ, 1988, p. 78).
Foram os Bandeirantes paulistas, que ocuparam os Campos Gerais
com
atividade econmica a partir das primeiras dcadas do sculo XVIII
(WACHOWICZ,
1988, p. 75).
Nestas circunstncias, o caminho do Viamo deu origem s cidades de
Pira
do Sul, Castro, Palmeira, Imbituva e Ponta Grossa (SOARES;
MEDRI, 2002, p. 72).
Por volta do sculo XVIII, na rea que atualmente compreende o
bairro
Jardim Sabar em Ponta Grossa existia a Fazenda Bom Sucesso
(FREY
HOLZMANN, 1975, p. 17). Nesta propriedade havia criao de gado,
bem como uma
invernada que era por vezes utilizada pelos tropeiros como
pousada (FREY
HOLZMANN, 1975, 17). Deduz-se a partir desta ltima parfrase que
trechos
componentes da bacia do Arroio Gertrudes j sofreram algum tipo
de degradao
desde a poca supracitada.
11 O caminho do Viamo tambm denominado de Estrada da Mata.12 Os
viajantes que transportavam mulas e muares do Rio Grande do Sul
para So Paulo
foram denominados de tropeiros e costumavam parar na regio para
que os animais pudessemdescansar e se alimentar das pastagens
bastante comuns nos Campos Gerais.
13 FERREIRA, J. C. V. O Paran e seus municpios. Memria
Brasileira: Maring, 1996.
http://www.pdfpdf.com/0.htm
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4.2.2 O crescimento urbano de Ponta Grossa
A partir de 1950 o Brasil passa a se caracterizar como um pas
urbano
(IBGE, 2000, p. 27). Isto se deu devido industrializao ocorrida
entre as dcadas
de 1940-1950 que ativou o processo de urbanizao no Brasil
(SANTOS, 1996b, p.
27). A consolidao deste fato deu-se na dcada de 1970, quando a
populao
urbana supera a populao rural (IBGE, 2000, p. 27).
A formao de Ponta Grossa deu-se somente em fins do sculo
XVIII,
quando a localidade superou a fase de mero ncleo de colonizao
jesuta e passou
a se inserir no processo mais intensivo de povoamento dos
Campos