7/23/2019 Analise Comparativa Da Organizao Social Dos Cristos Primitivos e Dos Cristos Contemporneos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC)
CENTRO SCIO ECONMICO
CINCIAS ECONMICAS
CRISTIANISMO CAPITALISMO E
SOCIALISMO:
UMA
N LISE
COMPARATIVA DA
ORG NIZ O
SOCIAL DOS CRISTOS
PRIMITIVOS
E
DOS CRISTOS
C O N T E M P O R N E O S
Richard Porto
Matricula: 0610661-6
Orientador
Armando de Melo Lisboa
Monografia
inal de
Graduao
em
Cincias Econmicas.
Florianpolis - 2007
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Richard Porto
Matricula: 0610661 6
CRISTIANISMO CAPITALISMO
SOCIALISMO:
UMA ANLISE COMPARATIVA DA
ORGANIZAO SOCIAL DOS CRISTOS
PRIMITIVOS DOS CRISTOS
CONTEMPORNEOS
onografia
apresentada ao Programa de
Graduao da Universidade Federal de Santa
Catarina corno requisito para a obteno do titulo
de Bacharel em Economia
Orientador: Armando de Melo Lisboa
Florianpolis 2007
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RICHARD PORTO
CRISTIANISMO, CAPITALISMO
E
SOCIALISMO
Monografia
apresentada ao Programa de
Graduao
da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para a
obteno
do titulo
de Bacharel em Economia
A B anca Ex aminad ora compo sta pelos professores abaixo, sob a presidncia do
primeiro, submeteu
o candidato A .
anlise da M onografia em
nvel
de B acharelado
e
a julgou nos seguintes
termos: N Nctra 9, `;
Prof. Armando de Melo Lisboa
Julgamento:
Prof. Jaime Cesar Coelho
Julgamento:
ss
tura:
Prof. Marcos Alves Valente
Julgamento:
ssinatura:
2
AL 1
vti
M E N O
GERAL:
Coordenador
do Curso:
Prof. Wagner Leal
Arienti
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DEDIC TRI
Dedico
este trabalho primeiramente a meus pais por
serem pessoas
integras, estimulando-me
uma vida
reta, it minha noiva Francisnia por se constituir
enquanto pessoa, igualmente bela
e admirvel em
essncia estmulo que me impulsiona a algar
vos
mais
altos, agradecendo-a por privar-se eni mull ) da minha
presena para que pudesse dedicar-me a este trabalho
e
enfim
a todos os cristdos que buscam ulna vida
.
fidedigna aos preceitos e ensinamentos bblicos.
GR DECIMENTOS
Primeiramente DEUS por
dar-me sade
sabedoria e
entendimento concedendo m e
a oportunidade de
realizar-me
ainda mais com a
confeco
deste
trabalho.
Aos meus pais EDSON
e
JOCELI em especial minha
estimada me que me
educou
estimulando me a uma incessante busca pela verdade.
Ao meu orientador Prof. ARMANDO DE MELO LISBOA pelo incentivo simpatia
e
presteza no
auxilio
s tivid des e discusses sobre
o andamento
e
normatizao
desta
monografia de
concluso de curso.
Aos amigos ALEXANDRE
MEINECKE
e
IVAN
LOBOR CANCELIER que
em
momentos adversos no decorrer da graduao
deram me
o suporte necessrio
manuteno
do
curso.
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1.3 Metodologia
e
Modelo de Anlise
A formulao terica tem seu embasamento em aspectos tericos teolgicos
e
conceituais
e em trabalhos cientficos, como
o
de Max Weber em seu livro clssico
tica
Protestante
o Espirito do Capitlismo.
Satisfazer os objetivos sera
possvel aps
a formulao ou comprovao de que
o cerne
do cristianismo esta no ter tudo em comum , onde o amar ao prximo corno a si mesmo
o maior e mais importante dos mandamentos, sobrepujando toda e qualquer doutrina
adjacente, tendo por base os textos bblicos universalmente aceitos como os ensinamentos de
Cristo nos evangelhos, as epistolas apostlicas e, ainda, o livro de Atos. que relata como
viviam os prime iros cristos.
A partir desta comprovao, buscar identificar as relaes de causa
e
efeito , como a
sociedade interagiu sob as influncias do catolicismo e
do protestantismo,
e qual
a
importncia desta interao na formao de uma sociedade capitalista que, no ocidente.
identifica-se em sua maioria como crista, apesar do contraste
doutrinrio
em relao aos
ensinamentos bblicos.
Enfim, comprovar que,
o interesse
econmico sobrepuja
a tica e
moral cristas, ou
melhor, aid
urna nova
tica
uma nova moral de acordo com
o
interesse e posio
social do
indivduo.
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2 .
ASPECTOS CONCEITUAIS
2.1
Socialismo
Movimento social que, visando
o bem estar da classe operria, busca urna forma de
organizao econmica e
social onde no h diferena ou luta de classes. Todos teriam tudo
em comum. No se trata entretanto, de se dividir a riqueza entre todos. Simplesmente dividir
ou distribuir os bens de consumo entre todos, no aboliria os
desnveis
sociais, uma vez que o
meio de obteno de riquezas (meios de produo) ainda estaria concentrado nas
mos de
poucos
e
esta prtica geraria uma cam ada de ociosos que no teriam razo para trabalhar uma
vez que desfrutariam dos bens de consumo independente de trabalharem ou no. Alm disto,
bens de consumo, em especial os de consumo imediato, no duram para sempre. Urna vez
consumidos, h a necessidade de novos bens para se consumir. No se trata ento de
-
dar
esmola ao povo . Trata-se de disponibilizar, ou de se considerar os meios de produo corno
propriedade comum . Todos seriam responsveis pela produo
e
teriam o s mesm os direitos na
diviso
e
no consum o dos bens produzidos pela sociedade como um todo.
No
se pode, entretanto confundir socialismo ou comunismo, corn
o
que ocorreu nos
pases
do leste europeu. Ainda hoje, quando se fala em comunismo, principalmente no meio
cristo, logo h urna comparao com
o que ocorreu naqueles paises. Comunismo, quando
assim imaginado
considerado malvolo e o 6) e
at diablico. Ainda hoje, pregadores que
nunca sequer seguraram em suas mo uma obra de Karl Marx,
o excomungam e
dizem
heresias a seu respeito, porque entendem por marxismo
o que ocorreu
no leste europeu.
Aquilo no
comunismo,
socialismo ou marxismo de forma alguma. 0 desaparecimento da
propriedade privada no implica socialismo porque, como observa Cornelius Castoriadis,
a
propriedade nacionalizada s pode ter um
contedo socialista
se a classe dominante
for
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proletariado
(CASTORIADIS, 1949, p.227).
Nesse mesmo sentido observa Herbert
Marcuse:
A
nacionalizao
e
a abolio da propriedade privada dos meios de produo
o
constituem por si ss dijerenas essenciais medida que exercido
e imposto
um controle e utna centralizao
da produo sobre a populao.
-
MARCUSE,
1969, p, 80
Observa-se que tanto Castoriadis quanto Marcuse esto apenas distinguindo estatizao
de socialismo.
Esta forma de organizao da produo ocorrida na extinta Unio Sovitica poderia at
ser nomeada como Stalinism, mas seguindo
o raciocnio d e Luiz Carlos Bresser Pereira, onde
afirma: Com a eliminao
do capital atravs da
estatizado
dos meios de produo
desaparece o capitalismo e
surge em
seu lugar
o
modo de
produo tecnoburocrtico ou
estatismo
.(BRESSER-PEREIRA, 1977, p.83), acredito que a forma mais correta seria
conceituar esta forma organizacional como urn meio de produo capitalista, onde
o Estado
era detentor dos meios de produo. utilizando mo de obra semi-escrava pois
o Os meios de
produo na antiga Unido Sovitica, em p ouco diferiam da selvageria do capitalismo de todo
o
resto do mundo principalmente se comparado aos dias atuais. A diferena que o Estado era
o detentor dos meios de produo
e
os operrios eram obrigados a aceitarem
o trabalho que
lhes era imposto. No resto do mundo os meios de produo esto concentrados nas mos dos
detentores do capital (por todos aceito como privado)
e o operrio
quase tem o direito de
escolher em que vai trabalhar.
Esta pequena explanao do que ocorreu na ex-Unio Sovitica, aponta para a maior
dificuldade: como organizar uma sociedade socialista?
A amarga experincia vivenciada no passado por outras naes evidencia que um Estado
totalitrio e
ditaduras no so um meio adequado. Onde h poder h espao para corrupo
e
abusos, principalmente quando
o poder 6 quase q ue absoluto.
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R SUMO
Este trabalho
acadmico de
concluso
de
curso
trata da anlise das
relaeies
sociais do
cristianismo em
relao
ao capitalismo
e ao
socialismo.
Notoriamente o
cristianismo como um todo veio a desviar-se de uma
proposta inicial
voltada ao socialismo
ou ao ter tudo em
comum passando
a incorporar prticas
capitalistas.
Inclusive Max Weber credita ao puritanismo
e
ao calvinismo
correntes da reforma
protestante a mudana na
tica e
moral cristas
onde o trabalho o
lucro e a busca pelo
acmulo
pessoal de riquezas
e no mais o ascetismo religioso passam a serem vistos como
maneiras de se glorificar a Deus na vida do homem. Esta nova tica protestante cria
o
ambiente propicio ao
desenvolvimento
do capitalismo que segundo Weber
um espirito
que tem vida
prpri
e faz
inicialmente uso da
tica e pensamento
religiosos para
desenvolver-se mudando-os por completo e enfim acaba por descartar a igreja nos dias
atuais por no
mais necessitar desta para desenvolver-se.
Nos dias atuais as igrejas
cristas em sua maioria atuam como grandes empresas
capitalistas onde no se buscam mais
fieis
e sim consumidores oferecendo A estes
produtos que venham a satisfazer suas necessidades. A contabilidade
no
mais se
d pelo
nmero
de almas convertidas e sim pelo lucro
monetrio
obtido por cada congregao.
Esta busca desenfreada por consumidores tornou as
igrejas
crists
refns do sistema
capitalista e no
mais se busca a
mudana
de vida das pessoas.
Ao
contrrio
para garantir o
lucro
e o crescimento mudam-se os
produtos
oferecidos aos consumidores cada vez mais
exigentes na
satisfao
de suas necessidades resultando num
afastamento
quase que total
da igreja
crist dos ensinamentos
de Jesus.
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SUMARIO
INTRODUO
I.
PROBLEMTICA
1 10bjetivo
Geral
6
1.2
Objetivos
Especficos
6
1.3 Metodologia
e
Modelo de
Anlise
7
2 .
ASPECTOS CONCEITUAIS
2.1
Socialismo
8
2 . 2
Capitalismo
1 1
2 . 3
Espirito do Capitalismo
13
3 .
CONTEXTUALIZAO HISTRICA 17
4 0 SOCIALISMO DOS CRISTOS PRIMITIVOS
1
4 .1
Modelo social adotado
1
4 .2
A visa ) dos primeiros cristos quanto As posses
5
4 . 3 O
Carter inclusivista
do cristianismo
9
5 0 CAPITALISMO DOS CRISTOS
CONTEMPORNEOS
1
5 .1 0
Mercado Religioso
35
5 2
A Teologia da Prosperidade
39
5 .3 0
Cristianismo Como Busca por Recompensas
3
6.
A RELAO DO CRISTIANISMO COM OS SISTEMAS ECONMICOS
E
TRANSFORMAES IDEOLGICAS
9
6 .1 0
Cristianismo A nterior A Reforma
0
6 .1 .1 -
De uma Roma paga A uma Roma crista
50
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) . 1 .2
consolidao da Igreja Catlica
53
6 .1 . 2 .1
A Igreja Constituda
57
6 .1 . 2 .2
O s
Conclios
59
6 . 1 . 2 . 3 A s ce ns o
do Papado
1
6 .2 0
Cristianismo Posterior Reforma
4
6 .2 .1 Primeira s
Sementes da Revolta
6
6 .2 . 2
Reforma Protestante
70
6 .3
Uma Teoria Transio Ideolgica
74
7 CONCLUSA0
7
REFERNCI S BIBLIOGRFIC S
9
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NTRODUO
Uma breve
e singela leitura
bblica do texto constante no livro de Atos dos Apstolos.
capitulo dois e versculos
quarenta e qu tro qu rent e seis, nos indica que, no minim, lid
uma discrepnci entre a forma de convvio e organizao
social dos cristos primitivos, e a
forma de convvio e organizao social dos cristos contemporneos.
0
supra m encionado texto
bblico, relata
o que
se segue:
Todos
os que criam estavam juntos
tinham
ludo em comum. Vendiam suas
propriedades e fazendas e
repartiam con todos segundo cada um tinha
necessidade. E, perseverando uncinimes todos os dias no templo e partindo o po
em casa, comiam
juntos
corn alegria e singeleza de coracdo
At 2.44-46
5
Independentemente do credo individual, h de se convir que
o cristianismo
se embasa na
Bblia,
em especial no Novo Testamento. Entretanto, a despeito do relatado na referncia
acima, e
ainda, na famosa passagem do jovem rico , mencionada em trs dos quatro
evangelhos (Mateus 19.16-30; Marcos 10.17-31
e
Lucas 18.18-30), onde o prprio Cristo
recomenda ao jovem rico que venda seus bens
e d istribua
aos pobres, vemos que, as
prticas
litrgicas e
sociais dos cristos contempordneos, em
muito se difere das prticas litargicas
e
sociais dos cristos primitivos.
Aparentemente, os cristos primitivos viviam uma espcie de pr comunismo . onde o
amar ao prximo como a si mesmo (Marcos 12.30-33; Joo 13.34,35; 15.12-14). mantendo
Todas as
citaes
bblicas
so retiradas da
seguinte obra: Biblia Sagrada
Letra Grande.
TraduAo
de J. F.
Almeida, Revista e
Corrigida,
Barueri 1995 Sociedade
Bblica
do Brasil.
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todos os
indivduos
em um mesmo
nvel
social, sobrepujava todo
e qualquer mandamento
religioso,
por m ais importante que fosse.
At mesmo os apstolos, apesar de serem os lideres da ordem
crist,
punham-se A
mesma posio dos demais.
Todos eram
irmos
e
portanto iguais, como sugere a
carta de Paulo Filem on, senhor de
um escravo fugitivo que se convertera na companhia do Apostolo. Este
o envia novamente
Filemon
e
em sua carta v.
16 e
pede que este o
receba no mais como um escravo,
e sim
como um irmo.
Esta orientao do Apostolo segue um preceito
bsico
determinado por Jesus
e
registrado
em M ateus:
Vas
, porm, ncio queirais
ser chamados Rabi
, porque
um s O vosso Mestre,a
saber, o Cristo,
e
todos vs sois irmiio.
E
a ningum na terra chameis vosso pai,
porque urn s
vosso
Pai, o qual est nos cus. Nem vos chameis mestres, porque
um s o vosso Mestre, que o Cristo. Porem o maior dentre vs
ser
vosso
servo. Mt.
23.8-1
I)
latente que,
o
texto supra mencionado registrado em Mateus refere-se basicamente
posio clerical do
indivduo e
este tema ser melhor abordado adiante
mas como negar
tambm seu carter
social, mantendo-o apenas na esfera religiosa?
impossvel
separar
o
indivduo cristo
em um ser religioso
e
em um ser social, com
writer
e posies
distintas no que se refere A esfera religiosa
e
social. Cristianismo
pressupe
mudana de vida como um todo Cada ser
um
indivduo e
no h espao para duplicidade de
aes e pensamentos no ser
cristo.
A comunidade crist,
conforme sugerem os textos bblicos neotestamentdrios,
deveria
ser igualitria, onde
o propsito
do indivduo
o de servir A comunidade
onde
o
maior serve
ao m enor, suprimindo as ne cessidades bsicas individuais.
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Neste trabalho faremos uma
anlise
das discrepncias
entre os preceitos bsicos do
cristianismo em relao maneira com que as comunidades
crists se comportam no que
tange a esfera social.
Irrelevante me ncionar que um abismo separa as primeiras com unidades crists das atuais
no que se refere preocupao com o social.
Entretanto este trabalho no pretende sugerir que as comunidades crists adotem uma
postura radical e
purista como as primeiras comunidades
crists o fizeram at porque isto
mostrou-se invivel, com o veremo s adiante.
Tambm no
se pretende adotar uma postura salvagista e tampouco arrogante e
pretensiosa de apontar
o
caminho da salvao .
Este trabalho pretende apenas chamar a ateno no sentido de se apontar que as
comunidades crists h
muito abandonaram os preceitos bsicos ensinados pelo seu
nico
Mestre, o
Cristo.
1 PROBLEMTICA
No
se faz necessrio muito esforo para constatar-se que
hoje toda espcie de
cristo,
quer catlico tradicional catlico carismtico
protestante pentecostal ou at neopentecostal
no que diz respeito sua conduta moral
e
social vive uma realidade que difere ern muito do
vivenciado e
praticado pelos cristos primitivos
o
que independe de
o fazer de forma
consciente ou no. Ressalte-se que ter tudo em comum no era apenas uma prtica social.
Fazia parte da liturgia religiosa.
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4
Floje,
as mais variadas denominaes
crists detm
um sofisticado meio capitalista de
obteno de recursos financeiros, tendo como aparato emissoras de televiso, rdio, editoras
de livros, produtoras de DVD's
e
CD's, etc. Fla ainda, cartes de crditos onde parte dos
lucros vo para as entidades religiosas. No podemos esquecer. claro, dos tradicionais
amuletos, prtica catlica, recenteme nte incorporada pelos protestantes em geral.
Tudo parece diferir das origens crists. Mas a
questo
seria em que ponto exatamente a
nau mudou
o
rumo. Teria sido a partir da reforma protestante? Ou a reforma j foi uma
tentativa de corrigir distores religiosas
e
sociais, onde somente
o
clero e
as altas castas
sociais podiam usufruir das benesses do s lucros
e
do enriquecimento?
evidente que o
protestantismo trouxe uma nova viso com relao ao trabalho
e ao
enriquecimento. Em seu livro clssico
A taw Protestante
o
Espirito do Capitalismo.
Max
W eber identifica
o
ethos
capitalista com a tica
protestante que se peculiariza por exaltar
o
trabalho
como um meio de aproximao do homem para com Deus. Alm disso, segundo
Weber, a vocao para
o
trabalho secular
vista como expresso de amor ao prximo.
O
trabalho no s6 une
os homens, como proporciona aos mesmos a certeza da concesso da
graa. Diferentemente
do catolicismo, para
o
protestantismo a nica maneira aceitvel de
viver para Deus no est na superao da moralidade secular pela ascese
monstica
mas sim
no cum primento das tarefas do sculo, impo stas ao indivduo pela sua posio no mundo.
Logo,
o efeito da Reforma
em contraste com a religio catlica, teria sido
o
de
engrandecer a
nfase
moral
e o prmio religioso para com o trabalho secular
e profissional.
Constitui-se assim
uma
moral vinculada ao culto do trabalho. Este deve ser executado como
um fim em si mesmo, como uma vocao que s6 pode ser encontrada atravs de um longo
processo de Educao.
O
homem deve trabalhar
independentemente das condies impostas
pelo tipo de servio que ex ecuta, para ter a certeza de sua proximidade com Deus.
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Pois o 'eterno descansodasantidade'
encontra-se no
outro
mundo; na
Terra,
o
Homem
deve, para estar seguro
do seu estado de grew', 'trabalhar
o dia lodo em
favor do
que lhe foi destinado'. No
.
pois o
6c- iv
e o prazer,
mas apenas a
atividade que serve para
aumentar a
glria
de Deus, de acordo com a inequvoca
manifestao da Sua vontade . WEBER, 2001, p. 125)
O trabalho ocupa
um lugar fundamental na
tica protestante.
Constitui a prpria
finalidade da vida. 0
cio e
a preguia so encarados como um sintoma da ausncia do estado
de graa. No basta apenas ganhar dinheiro, ou seja,
o trabalho
exercido no pode ser
o
do
tipo aventureiro , politico ou especulativo. Max Weber distingue muito bem a
tica
do
capitalismo aventureiro da tica do capitalismo racional.
0 acumulo
de riquezas que no se baseasse no
ethos de uma organizao racional do
capital
e
do trabalho no poderia se adaptar ao iderio protestante. Mesmo enriquecendo, o
indivduo no pode se sujeitar ao
cio para viver de renda ou especulao. 0 protestantismo
lega ao trabalhador que enriquece uma responsabilidade moral que o inibe a consumir
o luxo.
Para Max Weber mesmo que o protestantismo tenha tentado inibir o abandono
da ascese por
parte do homem que teria enriquecido
esse ethos
voluntria ou involuntariamente, serviria de
estimulo ao crescimento do capitalismo.
' Mas o
que era ainda mais
importante: a
avaliao
religiosa do infatigvel.
constante
e sistem tico labor vocacional secular,
como o mais
alto instrumento
de
ascese, e ao mesmo tempo,
como o mais seguro meio de preservao da redeno
da
f e
do homem, deve ter
sido
presumivelmente a mais
poderosa alavanea
da
expresso
dessa
concepo
de vida
que aqui apontamos como 'espirito'
do
capitalismo .
WEBER, 2001, p. 137)
Em suma, Weber afirmava que a doutrina protestante, de predestinao e de santidade
do trabalho, teria criado a men talidade cap italista e
lanado os
princpios da Era Ind ustrial.
Neste sentido, como
sabido, Weber argtiiu que o
Calvinismo
e o Puritanismo
forneceram o clima
e o
veiculo necessrios para a ecloso do espirito capitalista
, definindo
este como unia simbiose de individualismo econmico,
clculo econmico exato e
comportamento econmico racional.
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6
Entretanto, Weber tambm deixa claro, logo na introduo de seu trabalho, que as
empresas capitalistas, inclusive corn uma considervel dose de racionalizao capitalistica
existiram em todos os
pases
civilizados da terra. Da mesm a forma, afirma que o s burgueses j
existiam de forma permanente antes do desenvolvimento da forma especifica do capitalismo
ocidental, deixando claro que a busca por riqueza
e
poder so inerentes ao ser humano
1.1
Objetivo Geral
Efetuar uma anlise comparativa entre a organizao social dos cristos primitivos
e a
organizao social dos cristos
contemporneos,
tendo por base textos extrados do Novo
Testamento da
Bblia e
as consideraes de Max Weber em seu livro clssico tica
Protestante
o Espirito do Capitalismo.
1.2 Objetivos
especficos
a Comprovar, pela
anlise
de textos bblicos neotestamentdrios, que os cristos
primitivos viviam uma espcie de pr-comunismo;
b
Identificar
a
contribuio dos clrigos catlicos apostlicos romanos para a transio
de um modelo pr-comunista para um modelo capitalista;
C Identificar a contribuio da reforma protestante, tanto luterana como calvinista, para a
formao de uma sociedade capitalista.
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1
Uma alternativa seria a social democracia, onde os governantes seriam eleitos
e o Estado
seria absoluto, com diviso de poderes numa tentativa de evitar ou pelo menos minimizar os
abusos individuais. 0 problema reside no fato de que, principalmente em pases como
o nosso.
a populao em sua maioria,
absolutamente ignorante. 0 sistema educacional apenas garante
a perpetuao das desigualdades sociais
e
educacionais. Nosso ensino bsico
lastimvel. As
crianas no aprendem a raciocinar
somente sabem decorar
e repetir. 0 ensino bsico
o mais
importante no desenvolvimento do
indivduo
de qualidade somente
encontrado em escolas
particulares. Ensino pblico de qualidade, somente
o
superior onde o acesso por concurso
e
somente os mais preparados, os que tiveram acesso uma educao de maior qualidade
obtero ingresso. Este sistema perpetua a ignorncia. Urna populao ignorante, no tem
condies de avaliar quais rumos a nao deve tomar,
o que
melhor ou pior para si prprio.
Nestes termos, no sabe avaliar uma proposta de administrao pblica
e conseqentemente
no tem como avaliar qual candidato a um cargo pblico atende as suas expectativas ou
expectativa que deveria ter , ou seja, um povo ignorante simplesmente no sabe votar. Nestas
condies, independente do sistema de governo ser socialista ou capitalista,
haver sempre a
perpetuao das desigualdades, pois sempre haver abuso de poder
e
os interesses individuais
ou d as classes dominantes sempre sobrepujaro
o
interesse coletivo.
Nenhum sistema
perfeito
e
tem todas as solues, at porque todos so criados por
homens. Mas ao menos podemos optar pelo menos imperfeito, que penso ser a social
democracia.
0
socialismo, se no tem todas as respostas
e solues, ao menos parece ser uma
alternativa mais justa, que busca o bem estar coletivo
e abomina as desigualdades e
discrepncias sociais, econmicas
e
educacionais.
Ouso afirmar, ainda, que o
socialismo, no por imposio mas por convico. o que
mais se aproxima do que Jesus preconizou durante os trs anos de seu
ministrio.
que mais
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incitou
o dio
dos lideres religiosos de sua
poc e o
levou cruz foi sua insistncia de que
diante de Deus, todos som os iguais.
V6s, porm, no queirais
ser chamados Rabi, porque um
s
o vosso Mestre,a
saber,
o
Cristo,
e todos vs sois irmo. E
a ningum na terra cham eis vosso pai,
porque um RS vosso Pai,
qual est
nos cus. Nem vos chameis mestres, porque
um s6 o vosso Mestre que
o
Cristo. Porm
o
maior dentre vs
ser vosso
servo. (Mt.
23.8-11,
grifo meu)
Esta era a forma com que os primeiros cristos conviviam,
e est
registr do no texto de
Atos qu e se segue:
Todos os
clue criam estavam juntos e
tinham ludo em comum. rendiam
suas
propriedades e fazendas e repartiam com todos,
segundo cada Jim link)
necessidade.
E, perseverando uncinimes todos os clias no templo e partindo o po
em cast,
, comiam juntos com alegria e singeleza
de corao
At 2.44-46, grifo
meu
2.2 Capitalismo
Sistema econmico
e
social predominante na maioria dos
pases que
baseia-se na
interao entre os detentores dos meios
de
produo capitalistas) e
os indivduos que vendem
sua fora de trabalho aos prim eiros.
Com nfase
propriedade privada, o
que g r nte
o acmulo
de riquezas
e
legitima a
deteno dos meios de produo nas
mos de poucos, o
sistema cap italista se reprodu z a partir
da apropriao por parte do capitalista do lucro, ou segundo Marx, da mais valia gerada pelo
trabalhador.
As desigualdades econmicas
e
sociais geradas pela m distribuio de renda so fatores
preponderantes, em especial em
pases
subdesenvolvidos,
o
que gera
o
ch m do exercito
industrial de reserva, garantindo mo de obra barata para uma indstria cada vez mais
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19/86
2
globalizada. Com
o advento da
globalizao
da economia, cresce tambm o
fator da diviso
internacional do trabalho, onde os
pases pobres disponibilizam mo
de obra barata para as
multinacionais oriundas de pases desenvolvidos.
0 acrscimo
das
injustias
sociais produz a chamada luta de classes entre os detentores
do capital e
os trabalhadores, os primeiros lutando por mais lucro
e
os segundos lutando por
melhores
salrios e condies
de trabalho.
Nos
pases mais
desenvolvidos onde h uma conscincia social coletiva
e os sindicatos
ainda detem alguma fora, esta luta de classes ainda equilibrada. Entretanto, em Daises
subdesenvolvidos esta luta
desigual, pois alm da falta de uma conscincia social coletiva,
os sindicatos quase nada podem fazer, pois sempre h interferncia do poder pblico, em
especial
o judicirio
nas manifestaes por melhores salrios e
at mesmo por simples
reposio salarial. Nestas condies, os salrios praticamente so impostos pela classe
patronal pois
o nmero
de desempregados to
alto, que sempre h algum disposto (ou
desesperado o bastante a aceitar salrios abaixo
do considerado digno.
Corn a consolidao da globalizao
e
da diviso internacional do trabalho, provvel
que os sindicatos de
pases desenvolvidos percam foras, pois com as atuais plantas das mais
modernas indstrias, estas simplesmente podem mudar-se de um pais para outro em questo
de poucos dias, transportando todo
o ferramental necessrio produo. Assim sendo, a
indstria pode migrar de um pais outro sempre que achar interessante, em busca de mo de
obra m ais barata.
No capitalismo, a busca desenfreada pelo lucro gera crescentes distores sociais,
havendo a necessidade de
intervenes
dos governos, cada vez mais impotentes frente ao
crescente poderio econmico das grandes indstrias.
7/23/2019 Analise Comparativa Da Organizao Social Dos Cristos Primitivos e Dos Cristos Contemporneos
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3
Hi uma tendncia mundial de absoro das pequenas indstrias pelas grandes
multinacionais, monopolizando a produo
e inviabilizando a [lyre concorrncia, fator de
Fundamental
importncia
no capitalismo para garantir a qualidade dos produtos, alm
d
preos razoveis para que a maioria dos consumidores tenha acesso its manuthturas, 0 que
garante mais produo. gera mais renda
e conseqentemente mais
consumo que novamente
impulsiona a produo, gerando um a espiral de crescim ento ou um circulo virtuoso.
2.3 -
Espirito do Capitalismo
Expresso em pregada por Max W eber em seu livro tica
Protestante e o
Espirito do
Capitalismo que no pode ser definida em uma nica
frase. H muitas caractersticas
pertinentes ao que Weber denomina Espirito do Capitalismo , tanto que dedica um capitulo
inteiro de seu livro na tentativa de conceitu-lo, conseguindo apenas expor algumas de suas
caractersticas.
A primeira caracterstica
a de que
o
Espirito do Capitalismo imp 6e uma nova tica,
denominada
ethos , que difere de tudo o
que a sociedade e stava habituada.
AO
es que anteriormente seriam interpretadas como avarentas, ou na melhor das
hipteses como born senso comercial, agora so encaradas como a razo de viver do
indivduo .
Buscar a reproduo do capital passa a ser o dever o ideal do homem honesto. A
busca pelo lucro um fim em si, no im portando os m eios empregados, desde que n o firam a
esfera da legalidade.
Weber identifica com muita propriedade que
o
Espirito do Capitalismo se faz valer da
ascese protestante para desenvolver o
capitalismo. como se tivesse vida
prpria:
cria uma
norma na forma se sano psicolgica ao
indivduo protestante que funciona perfeitamente
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4
nas
duas pontas , no sentido da concepo do trabalho como vocao, como um meio de se
alcanar a graa de Deus,
e conseqentemente
a salvao de sua a lma.
Do lado burgus, criou-se um ethos no sentido de se fazer
o melhor ou o mximo
tanto
para esta vida quanto para a vida eterna libertando
o indivduo
a acumular riquezas enquanto
o fizesse
por meios legais, seguindo
o
conceito do utilitarismo de Fran klin. I-IA uma muda na
radical. Cai por terra a busca interior
e
individual pelo reino dos cus, ilustrada por Bunyam
em 0 Peregrino
que,
e
acordo com a editora Central Gospel atual detentora dos direitos
de publicao no Brasil
o
segundo livro mais vendido no mundo, perdendo somente para a
Bblia) e
surge a figura do isolado homem econmico que tambm desenvolve atividades
missionrias,
na fantasiosa figura de Robinson Crusoe.
Dentro do principio
to make the most of both worlds ,
ou fazer o mximo
tanto nesta
como para a outra vida, conceito
reforado pelo metodismo, que orientava seus fiis a serem
laboriosos
e econmicos,
W eber descreve muito bem este novo ethos burgus:
Uma
tica profissional especijicamente burguesa surgiu
em seu lugar. Consciente
de estar na plena graa de Deus, sob a sua visvel henviio.
o
empreendedor
burgus, enquanto permanecesse dentro dos limites
da correo forma enquanto
sua conduta moral
fasse sem manchas e neio fosse objetvel o uso
de sua riqueza,
podi gir segundo os seus
interesses pecunirios e
ssim devi
proceder .
WEB ER
2001, p . 141
E vlido lembrar que dentro deste
ethos ,
o indivduo trabalhava e acumulava riquezas
no para si, mas para a glria de Deus e assim o sendo, ao cum prir a vontade divina, alcanava
a certeza da obteno da graa de Deus.
Na outra ponta. a dos trabalhadores. este Espirito do Capitalismo criou mecanismos a
garantirem uma mo de obra e
ciente e
barata. A ascese
crist foi o
nascedouro da conduta
racional que gerou o conceito de vocao, onde
o
trabalhador fiel e seu oficio eram
glorificados. Este no deveria almejar riquezas, pois seu oficio era para a glria de Deus.
dentro do modelo apostlico apresentado por Jesus no sermo da mon tanha:
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15
No ajunteis tesouros na
terra, onde a traa
a ferrugem tudo consomem, onde
os ladres minam
roubam. Mas ajuntai tesouros no cu
, onde nem a traa nem a
ferrugem consomem, e onde os ladres no minam
nem roubam. Porque onde
estiver
o vosso tesouro,
ai estar tambm o vosso corao.
Mt 6.19-21)
Assim a ascese religiosa legaliza a apropriao burguesa da vontade de trabalhar do
operrio para a glria de Deus por urn tesouro no cu. E evidente a influncia imposta pela
igreja classe
operria
principalmente ao trabalhador mais pobre dentro do conceito do
preenchimento do dever vocacional resultando diretamente em uma melhor produtividade do
trabalho atendendo diretamente ao interesse burgus
e
ao mesmo tempo gerando uma
satisfao pessoal ao operrio atravs
de uma sano psicolgica de que sua
eficincia
laboriosa
constitui
o
cumprimento de seu de ver para com Deus.
Este conceito
reforado pela Epistola de Paulo aos Colossenses onde
o apstolo
instrui
os servos ou trabalhadores a obedecerem a seus senhores ou patres
e a efetuar as tarefas de
corao como que se estivessem fazendo a Deu s
e no aos homens:
Vs,
servos, obedecei em tudo a Voss() senhor segundo a carne. no servindo s na
aparncia, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de corao,
temendo a Deus. E, tudo quando fizerdes, fazei-o de todo
o corao como ao
Senhor
e no aos
homens, sabendo que recebereis do Senhor) o
galardo
d
herana.
Porque a Cristo, o Senhor, servis. . CI 3.22-24)
Mas acredito que
no que tange este conceito imposto ao trabalhador pela igreja no
sentido de este buscar
o
Reino de Deus atravs do preenchimento vocacional
e
ascetismo
religioso We ber seja
ainda mais especifico:
O
poder da ascese religiosa, alm disso, punha a sua disposio trabalhadores
sbrios, conscientes
e incomparavelmente industriosos, que
se (Verna-am ao
trabalho, como a uma finalidade de vida desejada por Deus. Dava-lhe. (dim disso,
a tranqiiilizadora garantia que a desigual distribuio da riqueza deste mundo era
obra especial da Divina Providncia, que com essas diferenas
, e com
a graa
particular, perseguia seus fins secretos, desconhecidos do homem .
WEBER,
2001,
p
141 .
Na seqncia Weber ainda menciona a posio calvinista de que a classe operria ou
o
povo somente se conse rvaria obediente a De us se mantidos pobres
e
vai alm:
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16
Os holandeses (Pieter de la Court e outros) 'secularizaram-na , afirmando que s
massas s trabalhavam quando alguma necessidade a isso as forasse. Essa
Prmulaa`o de um leitmotiv da economia capitalista iria desembocar mais tarde na
torrente das teorias da produtividade atravs de baixos salrios . (WEBER, 2001,
p.
141).
Dentro desta contextualizao da
viso weberiana do Espirito do apitalismo
onde este
vivo e
interage com o
meio mas principalmente influencia quase que soberanamente o
meio social o capitalismo vencedor ou este Espirito do Capitalismo vencedor no mais
necessita abrigar-se no ascetismo religioso. Ele tem vida prpria
independente e j alou
seus objetivos levando
o
ascetismo religioso para a sociedade em geral saindo da esfera
religiosa
e
atingindo a vida profissional influenciando a moral secular criando um novo
ethos, ou uma nova tica protestante que contribuiu, ou at mesm o impulsionou, a sociedade a
formar uma nova ordem econmica e
tcnica voltada produo em srie atravs da m oderna
indstria que determina a forma de se viver de todo
indivduo
nascido neste meio.
aprisionando-o ao sistema.
Este Espirito do Capitalismo vencedor no permite mais ao
indivduo viver margem do
sistema. 0 sujeito pode e
at dever ser alienado quanto ao meio em que vive mas no pode
fugir dele. Tendo atingido tal grau de desenvolvimento no mais necessita do abrigo da
ascese religiosa:
Desde
que o ascetismo comeou
a remodelar
o mundo e
a nele se desenvolver, os
bens materiais foram assumindo uma crescente, e finalmente, uma inexorvel /ora
sobre os homens, como nunca
na Histria.
Hoje em dia - ou definitivamente, quem
sabe - seu espirito religioso sajbu-se da
prisco. O capitalismo vencedor, apoiado
numa base mecnica, ndo mais carece de seu abrigo. Tambm o rseo carter de
sua risonha sucessora:
a Aufklarung parece estar desvanecendo
irremediavelmente, enquanto a
crena religiosa do 'dever vocacionar, como um
fantasma, ronda em torno de nossas vidas. Onde a 'plenitude vocacional' nib
o pode
ser relacionada, diretamente aos mais elevados valores culturais - ou onde, ao
contrrio, ela tambm deve ser sentida como uma pressdo
econmica - o individuo
renuncia
a toda a ientaliva de justifica la. No setor de seu mais alto
desenvolvimento, nos Estados Unidos, a procura de riqueza
, despida
de roupagem
tico-religiosa, tende
cada vez mais a associar-se com pakrdes puramente
mundanas, que freqentemente lhe
do o
carter de esporte.
(WEBER, 2001, p.
144
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3 CONTEXTUALIZACO HISTRICA
Acredito que para se desenvolver com seriedade um trabalho analtico das influncias
e
raizes
estruturais do cristianismo sobre a organizao social de pelo menos boa parte do
ocidente e
ainda de alguns povos orientais faz-se necessria urna breve anlise do contexto
histrico
e
social vivenciado nos primrdios do cristianismo.
Como muitos sabem
o
cristianismo desenvolveu-se no
perodo
do
declnio do Imprio
Romano na Roma antiga que fora rico
e poderoso dominando
o que hoje so Itlia
Portugal
e
Espanha parte do que hoje so Frana Turquia
e Palestina.
0
Estado romano organizava-se socialmente em um sistema com precria distribuio
de renda havendo uma enorme discrepncia social
e
grande concentrao de recursos
econmicos. Haviam alguns ricos gozando de luxria
e
prazeres que a fortuna pode trazer
e
uma grande massa de desgraados
que sucumbiam A pobreza
e
misria.
A e scravido
constitua
a base do sistema econmico do imprio
e
da organizao social
romana que expandia-se com base na conquista militar subjugando outros povos.
Na poca do processo de expanso territorial empreendido durante a Repblica o
nmero de escravos aumentou consideravelmente
o que obviamente nos deixa claro que a
origem do escravo romano
a guerra ou seja os derrotados pelo Exrcito eram capturados
e
escravizados
constituindo a base da mo-de-obra agricola
e
de outras atividades produtivas
que sustentavam a economia romana. A reduo do homem livre endividado A condio de
escravo
e o comrcio internacional alm
da guerra de conquista foram outras importantes
fontes de obteno de e scravos.
Entretanto em 367 a.C. entrou em vigor a Lei Licinia que ps fim escravido por
dividas proibindo assim que os plebe us endividados fossem e scravizados.
7
7/23/2019 Analise Comparativa Da Organizao Social Dos Cristos Primitivos e Dos Cristos Contemporneos
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8
Mesmo aps a Lei Licinia, a pratica escravista continuou existindo, pois esta lei se
referia apenas aos cidados romanos. Inmeros habitantes das
provncias
endividados
continuaram sendo submetidos escravido.
A condio de vida
e o
tratamen to dispensado ao escravo variavam de acordo com a sua
origem a atividade que desempen hava e o meio em que vivia.
Nas cidades, os cativos ocupavam-se de atividades, como a manufatura, o comereio ou
os servios domsticos. Era comum os proprietrios utilizarem-nos como escravos de I u o .
os quais desempenhavam as funes de cozinheiros, escribas, administradores, secretrios
e
vrios
outros oficios a servio de seu senhor. No havia uma tarefa especifica destinada A
mo-de-obra escrava, ou seja, o
escravo no se definia pelo tipo de trabalho que realizava,
mas sim como um homem explorado
e privado do
exerccio da cidadania e
da liberdade.
Dentro de sua
poltica expansionista, aps dominar toda a peninsula
itlica
os romanos
partiram para as conquistas de outros territrios. Com
um
exrcito
bem preparado
e
muitos
recursos, venceram os cartagineses nas Guerras Pnicas (sculo HI a.C),
o
que garantiu a
supremacia romana no M ar Mediterrneo.
Aps
dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grcia.
o
Egito a
Maced nia a Galia a Germn ia a Tracia a
Sria e
a Palestina.
Com as conquistas, a vida
e
a estrutura de R oma passaram por significativas muda nas.
0 imprio romano passou a ser muito mais comercial do que
agrrio. Povos conquistados
foram escravizados ou passaram a pagar impostos para
o
imprio. As provncias (regies
controladas por Roma renderam grandes recursos para Roma. A capital do Imprio Romano
enriqueceu
e
a vida dos romanos mudou.
Com o crescimento
urbano vieram tambm os problemas sociais para Roma. A
escravido
gerou muito desemprego na zona rural. pois muitos camponeses perderam seus
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empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de
empregos
e
melhores condies de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de
desempregados,
o
imperador criou a
poltica
do Po
e
Circo. Esta consistia em oferecer aos
romanos alimentao
e diverso.
Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos
estdios, onde eram
distribudos
alimentos. Desta forma, a populao carente acabava
esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.
Dessa forma, os proletrios romanos no viviam do trabalho
mas das esmolas que o
governo
distribua.
Este 6, basicamente,
o cenrio
encontrado pelo cristianismo em seus primrdios. Os
primeiros cristos viviam em urna sociedade desigual. com
enorme extratificao social onde
os proletrios eram subjugados pelos soldados romanos. Quanta aos escravos, a situao era
ainda pior, pois no havia Lei alguma que os amparassem, ficando estes A
merc
da vontade
de seus senhores.
Jesus deparou-se com este
cenrio
em seu ministrio
e
embora trouxesse uma m ensagem
de amor ao prximo e
de perdo, muitos no compreenderam sua pregao. Muitos judeus
entendiam que
o
Cristo viesse A Terra estabelecer um novo reino, que den
ubaria o imprio
romano
e que os
judeus seriam novamente senhores da terra, com nos tempos da glria de
Salomo.
Estavam to havidos por verem-se livres do domnio
romano, que no aceitaram sua
mensagem de amor
e
de perdo. No conseguiam entender que Deus havia enviado seu lho
no a destruir as cadeias
e com entes fsicas,
mas as cadeias
e correntes do corao.
Este
o
motivo pelo qual os judeus at hoje no aceitaram a Jesus como o -
Cristo , pois
no conseguem compreender que no tenha vindo estabelecer urn reino fsico, mas sim um
reino espiritual, com um a mens gem de igualdade q ue, ai sim. reflete na vida terrena.
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2
Mas Jesus preocupava-se tambm
com a
questo social
embora
seu
plano principal
era
a
salvao
espiritual do hom em. Isto fica evidente em seus ensinamentos atravs de parabolas.
A passagem da mulher
samaritana,
relatada no Evangelho de Jesus, conforme
escreveu
Joo, no
capitulo
quatro, reflete
bem esta
condio
de servos de Roma, a qua] estavam
submetidos tanto judeus
quanto
samaritanos,
ou reino do sul
e reino do
norte, divididos aps
a
morte de Salomo.
Neste relato de
Joo,
Jesus trap um paralelo entre a
condio
de vida
daquela mulher,
e
a
situao
vivida por Samaria.
Isto no
novidade no texto
bblico. O
profeta
Osias
j havia recebido a
rdua
misso
de casar-se com um a prostituta
que
representava Israel. enquan to
que
ele prprio
representava
Deus. profeta
apaixona-se
de tal m aneira pela m ulher que
apesar de suas traies,
sempre a
perdoa
e
a resgata em uma
representao
do am or de Deus por Israel.
J
no caso da mulher
samaritana,
Jesus pede-lhe que chame seu marido ao que a mulher
responde dizendo
que no tem marido. Jesus
ento
lhe diz que esta lhe
respondeu
corretamente,
por que
j tivera
cinco maridos
e mesmo
o
que tinha agora no era seu marido.
Aqui
Jesus referia-se a
situao poltica
de Samaria
que havia sido
invadida
pelos
Assrios
em
724 a.C. Quando desta
invaso,
os
assrios
trouxeram povos de Babel,
Ava, Cuta, Hamate
e
Sefarvaim,
conforme
relatado
no
livro
de II Reis capitulo dezessete,
e o
povo se Samaria
passou a coabitar
e
casar-se com estes povos, alm de adorar os seus deuses,
descurnprindo
assim
a Lei de Deus.
sexto marido era uma referncia
ao
domnio
romano
esus
lhe diz
por parabolas, que
chegado um novo tempo
e
que haveria um tempo em que
o domnio
romano cairia por terra.
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21
Este relato, onde Jesus leva aquela mulher a mudar de vida, mostra claramente a
preocupao de Jesus com a sociedade, no somente aquela mulher, mas tambm a situao
de todo
o
povo samaritano.
Fica evidente em todo
o
texto
bblico o cenrio
politico e
social com que Jesus deparou
se. Jesus tambm deixa transparecer que deseja urna mudana na organizao social, no de
forma abrupta, revolucionria. Sua revoluo no viria atravs de meios blicos
. Com earia
no corao
e
mente dos homens. Suas palavras tinham
o intuito de arrancar a espada das
mos dos homens , transformando a todo homem em urn ser livre em uma sociedade
igualitria
e justa.
4 0 SOCIALISMO
DOS CRISTOS PRIMITIVOS
4 1
Modelo social adotado
relato constante no livro de Atos dos A pstolos nos d a dimenso d e como a primeira
comunidade
crist
se organizava. Conforme o
depoimento de Lucas, os
cristos
viviam em
plena comunho de bens. 0 j mencionado texto escrito por Lucas (Atos 2.44-46) passa a
informao de urna sociedade, ou comunidade, que vivia em comunho exemplar, dividindo
os recursos oriundos da venda de seus bens entre si
e sendo considerado posse comum a
propriedade ainda no vendida, considerando-se cumpridora da vontade de Deus ao proceder
desta maneira.
bem provvel
e
quase certo que esta comunho no tenha sido plena, havendo corno
exemplo a citao dos fatos envolvendo Ananias
e
sua esposa Safira (Atos 5.1-10). Mas a
simples exposio deste fato logo na seqncia dos relatos a respeito de Barnab so
indcios
7/23/2019 Analise Comparativa Da Organizao Social Dos Cristos Primitivos e Dos Cristos Contemporneos
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de que unia comunidade que tivesse plena comunho entre si era considerada a ideal pelos
apstolos e
a partir destes testemunhos po r eles incentivada.
Sinto-me a vontade em classificar esta forma de organizao social como socialismo,
tendo em vista que havia comunho de bens dentro da comunidade
e
portanto, uma
espcie de
comunismo
primitivo , se considerarmos
o significado
original da expresso comunismo.
que nada mais do que o
ter tudo em comum.
Os relatos tambm indicam que a comunho dos santos se dava na esfera do consumo.
Este socialismo dos
cristos primitivos era embasado no consumo dos recursos oriundos da
venda das propriedades dos novos convertidos. No havia socialismo de produo
provavelmente no havia preocupao com isto, pois. como
sabido, os primeiros cristos
aguardavam ardente
e ansiosamente
a volta de Jesus. 0 fim de todas as coisas estaria prximo
e
assim sendo, no haveria necessidade de organizarem uma produo conjunta em um mundo
que em breve seria destruido. Com
o
tempo se esgotando, a prioridade era -
ganhar almas .
Entretanto, esta certamente no era a razo principal pela qual os primeiros cristos dividiam
tudo o que tinham. Se
o fosse, no haveria razo de ser deste trabalho de monografia. A
investigao se encerraria por aqui, pois
chegaramos
precocemente
e erroneamente
concluso de que os primeiros cristos se precipitaram em organizar-se socialmente desta
forma.
Fato
que o
Evangelho novidade) anunciado por Jesus implicava nesta comunho. Ter
tudo em comum
inerente ao que Jesus anunciou e viveu, e
muito provavelmente foi o que
motivou sua condenao morte enfim, pois, creio, seria inaceitvel ao imprio Romano a
idia de que todos os homens so iguais. Esta ideologia era uma ameaa aos pilares do
imprio Ro mano, estruturado em um a sociedade escravista.
Sendo inerente ao cristianismo amar ao prximo como a si mesmo,
evidente que
diferenas
sociais no podem existir, pois
indivduo algum
quer estar
abaixo na diviso de
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3
classes. Logo, o
indivduo cristo no
pode aceitar esta diviso de classes, pois ao aceit-la,
seria o mesm o que admitir que no ama ao proximo como a si mesmo.
Por isto todos, ou boa parte dos primeiros
cristos,
renunciavam A posse particular em
prol de uma sociedad e igualitria, tornando-se assim , uma com unidade socialista.
Os relatos
e ensinamentos
de Paulo, em II Tessalonissenses 2.3, onde atirma que quem
no trabalhar, que no coma, alm do fato de ele mesmo,
o Apostolo, trabalhar
para seu
sustento, tendo inclusive em seu oficio conhecido
o casal Priscila e Aquila, indicam
claramente que os cristos no viviam simplesmente As custas dos recursos oriundos da venda
das propriedades dos novos convertidos.
HA ainda claras evidncias bblicas, de que n m todas as propriedades eram vendidas.
Suas casas eram mantidas, conforme vrios relatos ern Atos, como a casa de Maria, me de
Joo Marcos At. 12.12), a casa de Ldia
At. 16.40) e a casa do prprio Apstolo Paulo At.
28.30 , onde este cumpriu priso domiciliar por dois anos.
Isto significa que a posse de propriedades em si no era questionada. Ao contrrio
era
considerada legitima. As criticas no eram manifestas quanto A posse de bens
e riquezas em
si,
mas ao amor excessivo A estes. Entretanto, sua viso quanto As posses. veremos no tpico
seguinte.
Apesar de considerar suficiente
o texto
bblico
acredito que o
relato de algum que no
fizesse parte da comunidade crist
de grande valia. A viso de uma pessoa que no estivesse
inserida neste circulo social estaria livre de ser tendenciosa no que diz respeito ao pensam ento
e
liturgia crista. Poderia sim ocorrer
o
inverso. Este indivduo poderia estar propenso a julgar
a sociedade crist, de acordo com
o
contexto social geral, mas no tenderia em
hiptese
alguma, a formar juizo seguindo
o entendimento cristo. Assim
o
sendo, me aproprio do relato
transcrito por Rosa Luxemburgo:
7/23/2019 Analise Comparativa Da Organizao Social Dos Cristos Primitivos e Dos Cristos Contemporneos
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24
Foi,
na verdade deste modo que as primeiras comunidades
crists se
organizaram. Um contemporcineo escreveu: 'Estas pessoas no acreditam em
fortunas. mas pregam a propriedade coletiva
nenhuma en/re elas possui mais do
que as outras. Quem desejar entrar na sua ordem obrigado a pr sua fortuna
como propriedade comum a essas mesmas pessoas. E por isso que no h entre eles
nem pobreza, nem
luxo
todos possuindo tudo em comum, como irmos. No vivem
numa cidade parte, mas em cada uma tern casas para eles prprios. Se quaisquer
estrangeiros pert enemies sua religio aparecem. repartem a propriedade corn
eles
e podem
se beneficiar dela como se fosse propriamente sua. Essas pessoas,
mesmo que desconhecidas anteriormente umas das outras, do as boas-vindas
uns
aos outros
as suas relaes, so muito amigveis. Quando viajam no levam nada
seno uma arma para se defenderem dos ladres. Em cada cidade tiun
o s u
administradm que distribui roupa e alimento aos viajantes. Negcio nito existe
entre ele. Contudo, se um dos membros oferece algum objeto de que ele precisa,
recebe outros em troca. Mas tambm yacht um pode pedir o que precisa, mesmo que
no possa dar nada ern troca'.
- UXEM BU RGO: 1980 p.29
Deste modo podemos concluir que os cristos primitivos foram adeptos do comunismo
ou de um pr-comunismo. E o levavam ao extremo, tendo
o dinheiro em um caixa comum
administrado pelos apstolos fazendo suas refeies em comum dividindo uns com os outros
sua propriedade ou seja viviam todos como uma grande famlia
Talvez
o nico e
grande erro dos primeiros cristos tenha sido
o
de no preocuparem-se
corn a produo.
bem provvel que esta no preocupao estivesse ligado A crena de que
o fim de
todas as coisas estivesse prximo. Todos aguardavam ansiosamente
o retorno
de Jesus e
acreditavam que isto se daria em breve. Assim, no se preocupavam com
o futuro o que lhes
impulsionou
ao erro de produzirem um comunismo de consumo , esquecendo-se de
organizarem uma produo conjunta. Este erro provocou a mdio prazo a derrocada desta
forma de organizao social,
to
logo esta mostrou-se
invivel, pois
alm de mostrar-se
incapaz de transformar a sociedade pondo fim A desigualdade, urna vez que os meios de
produo ainda eram posse de poucos, mantendo as discrepncias
sociais
e a concentrao de
renda, vivendo a maior parte dos novos cristos das esmolas dos mais ricos
havia um outro
problema que somente seria percebido mais tarde: se todos os novos cristos simplesmente
vendessem suas propriedades e
dividissem com os demais, sem que houvesse urna
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5
preocupao
em reproduzir o capital ou de organizar-se urna produo mesmo que
e
subsistncia coletiva da comu nidade fatalmente os recursos esgotar-se-iam mais cedo ou mais
tarde.
Os primeiros
cristos
foram no
mnimo inocentes
ao acreditarem que poderiam
remediar a situao de p obreza apenas com esmolas oriundas dos mais ricos
s m
organizarem
uma produo conjunta ou melhor sem tornarem propriedade comu m os meios de produo .
Logo as comunidades crists iriam crescer inviabilizando as refeies em conjunto
diminuindo a intimidade causando urn esfriamento natural do amor fraternal
o que
fatalmente
culminaria corn a mudana nas prticas litrgicas cristas. Comunidades maiores
inviabilizavam
o viver
debaixo do mesmo teto
e logo cada um
comeou a cuidar de sua
propriedade deixando de viverem todos corno uma grande
famlia e a prtica de repartir o
total dos bens foi aos poucos substituida repartindo-se em parte
e depois dando apenas
pequenas esmolas conforme
o
entendimento e
boa vontade de cada um. pratica adotada at os
dias atuais.
4 2
viso dos primeiros cristos quanto as posses
A igreja primitiva formou-se inicialmente por pessoas que acompanharam os trs anos
do chamado ministrio de Jesus. Assim
o
sendo ha de se convir que ainda era latente em suas
memrias os ensinamentos
e
doutrinas do Mestre to detalhadamente registrados por Lucas.
Os demais evangelhos tambm os relatam entretanto de forma mais sucinta. Lucas chega a
impressionar quanto riqueza de detalhes de sua narrativa.
Estando ainda vivo em suas memrias os sermes do Cristo
e considerando que assim
o
era datavania terem sido registrados nas Epistolas ensinamentos dos apstolos que se
seguiram no mesmo sentido do que Jesus preconizava no h porque de se imaginar que as
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6
primeiras comunidades
crists viviam
de forma oposta estes ensinos. Havia, muito
provavelmente, um esforo em mant-las neste rumo, considerado o fato de estes ensinos
serem repetidos em mais narrativas. Mas isto no quer dizer que, os primeiros cristos no
absorviam estes ensinos at porque, assim como os quatro evangelhos foram escritos
direcionados a povos diferentes, as epistolas ou cartas tambm eram escritas para
comunidades em diferentes cidades.
Resolvido este problema, vamos viso dos primeiros
cristos
quanto posse.
N a
tica e moral destes cristos a questo em si no era
o
de se possuir ou no
propriedade privada, bens e riqueza. Conforme ensinou Jesus a questo era o amor excessivo
ao dinheiro e As posses:
porque onde estiver
o vosso tesouro,
ali estar tambm o vosso
corao (Lc 12:34). Paulo ainda
refora,
em sua carta ao jovem Timteo:
Mas os que querem ser ricos caem em tentao, em loco. em muitas
concupiscncias loucas e nocivas, que
submergem Os homens na perdio e runa.
Porque o amor do dinheiro a
raiz
de toda
espcie
de males;
e nessa cobia alguns
se desviaram da
e
se transpassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu.
homem de Deus, lbge destas coisas
segue a justia, a piedade. a f, a caridade. a
pacincia, a mansiddo.
I Tm 6.9-11)
Quando as posses se tornam
o
centro da vida de algum, quando sua confiana estiver
nestas posses, estas se tornam um
dolo, conforme ensinou Jesus:
Ent do, lhes recomendou:
Tende cuidado
e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquea vida de um homem no
consiste na abundncia dos bens que ele possui
Lc 12.15). Sendo um
dolo que produz
o
acmulo de riqueza de u
ni
em funo do empobrecimento de outrem, a recomendao de
Jesus
6: Nilo acumuleis
para
vs outros
tesouros sobre a terra, onde a trap
e
a ferrugem
corroem
e onde ladres
escavam
e roubam
Mt 6.19), cabendo, ainda, outra recomendao
do M estre:
E
Jesus, .fitando-o,
o
amou
e
disse:
S uma
coisa te
Alta: Vai, vende
tudo
o
que
tens, d-o
aos
pobres e
ters
um tesouro no cu:
ento vem e
segue-me
(Mc. 10.21).
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7
Jesus diz no As posses quando estas cativam o corao tornando-se
o dolo
pessoal.
gerando
acmulo
de riquezas As custas do empobrecimento alheio quando h concentrao de
renda.
Dentro
desta viso Deus criou todas as coisas em prol do homem. O relato no livro do
Gnesis ainda no primeiro capitulo deixa claro que Deus alm de ter criado os bens naturais
da Terra para servirem de mantimentos ao homem concedeu ainda ao homem domnio sobre
todas as coisas para dom inar
e
governar.
A
Bblia ainda relata que
D eus quem d sabedoria aos
sbios e que
nos ltimo s dias a
cincia se multiplicaria sobre a face da Terra. Assim
o
sendo
vontade de Deus que haja
abundncia de bens que haja facilidades para
o
homem. Em outras palavras os bens esto ai
para servirem ao homem ou melhor dizendo
para satisfazerem as necessidades do hom em.
Em todo o texto bblico
Deus no se ope A riqueza tendo Ele concedido sabedoria e
riqueza A Salomo. Abrao era rico
e J tambm o
era sendo que o texto bblico atribui A
De us a origem de sua riqueza.
Assim
o que
merece a critica de Jesus
e
por conseguinte dos cristos no a
propriedade como tal tampouco a posse de bens em geral. mas sim
o apego indevido a eles o
culto A riqueza
e
sua conseqente concentrao nas
mos
de poucos. Os bens existem para
satisfazerem as necessidades humanas no para escravizarem o
homem tornando-se idolo.
objeto de adorao. Sub entende-se que isto ocorre sempre que h pobreza em meio a uma
sociedade que produz tambm ricos. Ou seja neste caso
o cristo falta com
o
principal ensino
ou o nico
mandamento deixado por Jesus registrado nos quatro evangelhos: o de amar ao
prximo corno a si mesmo. Segundo
o
Mestre. deste mandamento dependem toda a Lei de
Deus
e ainda o s profetas.
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8
O apstolo Paulo ainda advertiu:
E no vos conformeis com este mundo
,
mas
transfbrrnai-vos pela renovao
do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradvel e perfeita vontade de Deus.
Rm . 12.2)
Subtrai-se destes relatos
e
ensinamentos que a sociedade
crist no
deve conformar-se
com as desigualdades sociais com a existncia de pessoas que esto privadas da satisfao de
suas necessidades simultaneamente existncia de pessoas com fartura de bens. 0 conformar-
se neste caso equivaleria a no enquadrar-se no
nico
mandamento deixado por Cristo.
registrado em M arcos 12.30-33
e Joo 13.34,35,
havendo ainda, um reforo:
0
meu mandamento este que vos ameis tins aos outros
assim
wino eu vas
amei. Ningum tern amor maior do que este: de dar a sua vida pelos seus amigos.
Vs sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando.
-
Jo. 15.12-14. grifo
meu).
E
era assim que os primeiros
cristos
compreendiam
e vivenciavam
estes ensinamentos.
Fica evidente que esta era a forma com que entendiam estes mandamentos
e
os cumpriam, se
considerarmos os relatos
bblicos
a respeito da organizao social
e
religiosa destes. Os
reflexos desta viso critica de Jesus
esto
presentes em quase todo
o
Novo Testamento.
O apstolo Paulo era um exemplo vivo da forma crist de se viver. Embora fosse doutor
da Lei podendo ocupar um posto elevado por sua posio social sendo ainda
cidado
romano,
abdicou de tudo isto para cumprir os ensinamentos de Cristo. No sendo
o
bastante,
mesmo tendo direito a ser sustentado pelas comunidades
cristo
por ser pregador da palavra
no aceitava remunerao. Antes trabalhava como armador de tendas para seu prprio
sustento At. 18.3; I Co. 9.15; II Ts. 3.8).
Dentro deste entendimento de que as riquezas eram dispensveis cabe a carta de Tiago
irmo de Jesus exortando contra a explorao dos mais pobres
o
excessivo acmulo de
riquezas e o
fato de muitos fazerem acepo de pessoas dando preferncia
e honrando
aos
mais ricos. Mesmo assim considera os bens como ddiva de Deus. 0 que Tiago critica
o
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9
excessivo acmulo
de
riqueza, que produz
avareza
e
falta de
misericrdia.
A
misericrdia,
o
acudir
o
rfo,
a
viva e o
necessitado
so fatores
indispensveis
f
crist. Complementa
o
raciocnio
afirmando que a caridade
obras
de
prova da f, que esta sem obras
morta
e
conclui:
...mostra-me
a tua f sem as tuas obras,
e
eu te mostrarei a minha fl pelas minhas
obras .
Tg. 2.18b).
Em outras palavras, Tiago
afirma que
o problema no
est
no possuir
bens
e sim em no
compartilhar
os bens, em
no dividir.
O texto bblico
fantstico, pois
mesmo havendo
diversos autores
diferentes, no h
contradio
entre si.
que
exige-se do
cristo, no uma vida
asctica,
abrindo-se mo dos
bens e riquezas.
Exige-se o
repartir:
''Manda aos ricos deste mundo que no sejam altivos
que faam o
bem enriqueam
em boas obras, repartam de boa mente...
I Tm
6.17,18)
Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo
o
seu irmo necessitado, lhe cerrar
o
seu
corao, como estar nele o amor de Deus?
I
Jo
3.17 .
0
repartir est
inserido na ortodoxia da f crist,
que
obrigatoriamente
est
comprometida com
o esforo na busca por
equilbrio
social, como
praticado pelos
primeiros
cristos,
sob o risco de esta tornar-se vazia em si mesm a, carente de amo r, sendo este
ltimo,
o
amor, o cerne do evangelho
e
da f
crist,
conforme mencionado
por Cristo.
4.3 O Ca
i-iter
inclusivist do cristi nismo
Sendo
o
amor
o
principal cerne do cristianismo,
e sendo
que este como principal
caracterstica no
busca seus prprios interesses (I
Co. 13.5), no pod e necessariamente
ficar alheio as necessidades do
prximo.
De fato
o
verdadeiro
cristo,
o que foi tocado pelo
amor de Deus, no pode ficar indiferente ao sofrimento humano. Buscar-se-
auxilio.
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3
mobilizar-se-
recursos repartir-se-
em uma busca constante pelo fim das desigualdades, ou
pelo menos, dos males causados pela falta de recursos.
Foi assim que os primeiros cristos entenderam
e
se mobilizaram em torno disto,
repartindo seus bens procurando atender o m andamento de Jesus.
Isto
incluso
social. Alias, Jesus nunca fez acepo de pessoas, tendo levado sua
mensagem de salvao tanto a ricos quanto a pobres. Sua pregao atinge todas as classes
sociais de forma indistintiva, pois
6 vontade do Pai, que nenhuma alma se perca
(Mt.
18.14).
Em cumprimento desta palavra, recebeu o
fariseu N icodemos,
pousou na casa se Zaqueu
e
jantou com Mateus, estes ltimos publicanos. Mateus, tambm conhecido como Levi,
tornou-se ainda discpulo,
tendo escrito
o
Evangelho
que leva seu nome. Pedro neste mesmo
espirito, visitou
o
Centurio Cornlio.
Neste sentido, as ltimas orientaes de Jesus aos discpulos
foi: Ide por todo
o mundo,
pregai o evangelho a toda
criatura.
Mc. 16.15). 0 apstolo Paulo complementa:
porque
para com Deus, no h acepo de pessoas. (Rm. 2.11).
A comunho criada por Jesus tem
carter
inclusivista, no exclusivista, pretendendo
abranger a todos: Mas, a todos quantos o receber m
(Jesus),
deu-lhes
o
poder de serem feitos
filhos de Deus, aos que
crem no seu nome Jo 1:12). Ele no veio fundar mais uma religio
ou apontar mais um caminho. Ele se coloca como sendo
o
caminho.
A pregao de Jesus coloca todos os homens como sendo iguais, na condio de
pecadores,
destitudos da glria do Pai, sendo Jesus o elo
de ligao entre criatura e criador.
Se h algum m aior, este algum
o Cristo:
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3
Vs,
porm, no queirais ser chamados Rabi, porque um s
o vosso Mestre.a
saber, o Cristo,
todos vs sois irmo. E
a ningum na terra chameis vosso pai,
porque um s6
vosso Pai, o qual
est
170S
cus. Nem vos chameis mestres, porque
um s
o
vosso Mestre, que o Cristo.
Mt.
23.8 11)
A partir deste principio de igualdade, Jesus cria uma nova comunidade. No h diferena
de condio social cultura raa ou sexo.
Nisto no h judeu nem grego; no h servo nem
livre; no h macho nem lama; porque todos vs sois um em Cristo Jesus.
GI. 3.28) .
Cristianismo incluso
social onde todos so iguais no mesmo amor na mesma f
e
no
mesmo espirito. As necessidades individuais so na verdade necessidades coletivas:
se um
membro est doente, todo o corpo padece
ICo. 1 2 .26)
Assim ao repartirem seus bens os cristos primitivos estavam atendendo ao
ensinamento de Jesus de serem todos iguais membros de um mesmo corpo portanto com
funes diferentes, mas sendo um igualmente importante ao outro
e onde Jesus
a cabea.
A igreja crist ou os cristos devem estar comprometidos com estes
princpios
de
igualdade e fraternidade, pois Jesus no concorda com a existncia de necessitados.
As diferenas sociais no seio do cristianismo refletem uma falta de amor para com o
prximo
que compromete a f crist e seu carter inclusivista e igualitrio.
A extino das desigualdades sociais deve ser a busca constante do cristo caso
contrrio este certamente per er sua identificao com Jesus.
5 0 CAPITALISMO DOS CRISTOS CONTEMPORNEOS
E lamentvel
que a sociedade crista moderna
no
mais absorva os ensinamentos de
Cristo no que diz respeito ao amar
o prximo e quanto A liturgia crist
diria. Ent retanto, seria
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injusto cobrar esta postura dos fiis, haja visto, os pregadores atuais, em sua grande maioria,
preconizarem um Evangelho diferente do encontrado na
Bblia.
A religio enquanto um fenmeno social muda a medida em que a sociedade passa por
transformaes econmicas
e polticas.
Mas unia anlise
das transformaes sofridas pelo
cristianismo como religio bem como a quebra do
monoplio catlico apostlico
romano
e
a
conseqente crescente diviso
e at
mesm o banalizao ser feita no proximo capitulo. Neste,
o enfoque se
dar
na forma capitalista como
o
vivem os
cristos comemporneos e
principalmente, na organizao capitalista das igrejas
crists. Quem
quer que no
se adapte
seu modo de vida en condies do sucesso capitalista
sobrepujado. ou pelo
menos
impedido de subir .
(WEBER, MAX ; 1905
P.
60).
Esta afirmao de W eber
cabida e
poderia explicar porque os
cristos contemporneos
vivem de forma diversa dos cristos primitivos. Entretanto, a questo no
to simples.
H
um afirmao teolgica de que a
Bblia
se explica por si so, no necessitando de
complementao.
E
de fato, quem se dispe a estud-la, mesmo que apenas poucos minutos
diariamente, consegue extrair da Bblia, explicaes
mais que satisfatrias a respeito de
quaisquer assunto, sem contradies.
Ante a afirmao weberiana acima transcrita, gostaria de complementa-la com uma das
ltimas frases de Jesus, em orao ao Pai celeste : Ncio peo que os tires do mundo, mas
que os livres do mal. No so do mundo, como eu do mundo no sou .
Jo 17.15,16)
De fato, como afirmou Weber, no ha como estarmos inseridos em uma sociedade de
produo
e consumo
capitalista
e estarmos alheios isto. Ou atentamos para
o
que nos rodeia
e envolve, no caso esta forma de organizao social, ou seremos fatalmen te atropelados pelo
sistema. Estarmos conscientes do meio em que vivemos nos prepararmos
e
nos adaptarmos a
este,
o mnimo que
se pode esperar de qualquer indivduo
que se considere inteligente.
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Entretanto, isto no significa necessariamente, concordar com estas regras , ou entregar-se
ao sistema de forma tal, que isto venha a modificar nossas mentes
e coraes
fazendo-nos
negar
o
que cremos
e
pensamos.
Quando questionado
a respeito do tributo imposto pelos romanos aos judeus, Jesus
responde
pois, a Cezar o que de Cezar e a Deus, o que g de Deus...
(Mt. 22.21).
Jesus consegue evadir-se da armadilha tramada pelos fariseus deixando implcito seu
pensamento. Se todas as coisas pertencem A Deus, o que sobra para Cezar? Absolutamente
nada. Isto nos indica claramente conforme j mencionado no Capitulo III deste trabalho que
embora Jesus deseje uma mudana na organizao social, esta no seria de forma abrupta.
revolucionria.
A revoluo pretendida no do tipo vamos As armas . Jesus no questiona a
autoridade
constituda e complementa por meio
do Apstolo Paulo dizendo que
Toda a
auforidade constituida por Deu.s. (Rm. 13.1). 0 que Jesus deseja,
uma mudana que
comea no interior dos homens, no uma mudana externa. Esta
comearia
no corao e
mente dos homens, pois do corao
saem todos os preceitos da vida (Pv. 4.23).
lima
mudana coletiva de pensamento e sentimento, transformaria a todo homem em um ser livre
em uma sociedade igualitria e justa, sem a ne cessidade de se recorrer meios blicos.
Assim, Jesus no deseja que revolucionemos
o
mundo. Mas deseja que no sejamos
como o
mundo, pois no somos do mundo. Deseja que estejamos livres do mal , neste caso,
livres do Espirito do Capitalismo .
Infelizmente, os cristos como um todo, independentemente da f que
professam. esto
muito aqum do desejado por Jesus. Nossos coraes esto apegados aos bens materiais,
estamos possessos por este Espirito do Capitalismo . Neste sentido, Keynes afirmava em
sua clebre obra que
o consagrou,
A Teoria Geral do Emprego do Juro
e da Moeda que o
que provoca
desequilbrios
na economia,
um animal spirit
ou espirito animal, que se
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4
apossa do homem, neste caso especifico, apossa-se do empresrio,
levando-o
a aes egoistas
na busca por lucro
e
riqueza pe ssoal, provocando instabilidade no capitalismo.
Embora tratassem de assuntos diversos, interessante notar que tanto Keynes, quanto
Weber, identificassem urn fator externo , que possui vida prpria
e
interage com
o
homem,
produzindo ganncia, avareza, falta de amor, enfim, produz urna sociedade desigual,
desumana, amoral, resultando e m um capitalismo selvagem, sem escrpulos. Creio que ambos
os autores, identificaram com propriedade
o
mesmo fator externo
-
, causador do
-
mal ,
embora
o
tenham nome ado de forma distinta.
E o cristo
como um todo, esta no somente inserido em uma sociedade escravizada por
este mal, como ele
prprio est
dominado.
Mas h alguns pontos que necessitamos tratar, para compreender como funciona
o
capitalismo no meio cristo. Para tanto, h neste capitulo, trs
subttulos.
O primeiro,
Mercado Religioso ,
tratar
de mostrar as cifras,
o quanto
se movime nta no mercado que mais
cresce na economia. 0 segundo, Teologia da Prosperidade trata da principal corrente do
pensame nto neopentecostal, que ve m m odificando seriamente as bases
doutrinrias
da maioria
das igrejas
crists, 0
terceiro
e derradeiro, 0
Cristianismo Como Busca por Recompensas ,
mostra a
mudana
de uma relao sacerdote -
fiis
para uma relao banqueiros de Deus
consumidore s, sendo isto, fruto da massificao da Te ologia da Prosperidade .
Entretanto,
antes de adentrar nestes
trs
pontos, entendo fazer-se necessrio abrir-se um
parnteses,
para expor que, quando se utiliza
o
termo igreja , h dois sentidos
possveis, e
deve-se atentar para qual
o
sentido empregado pela expresso, de acordo com
o
contexto
desejado.
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5
H
a igreja como instituio, tendo personalidade juridica
regida pela Lei deste pais,
com sua constituio membros
e departamentos.
Existem alis diversas igrejas cada urna de
acordo com a sua f
e
entendimento
bblico, ou conforme urna suposta viso dada por Deus.
H
ainda, a igreja do Senhor Jesus, a noiva , a igreja do arrebatamento , que no
compreende todos os membros da igreja instituio mas que segundo
o texto
bblico
apenas
uma parte destes. Esta igreja transcende a instituio, indo alm de seus
domnios,
abrangendo
pessoas de diversas denominaes ou instituies religiosas que. segundo a
Bblia,
conservaram-se puros, no mancharam suas vestes. 0 livro do Apocalipse contm a carta de
Joo As sete igrejas da Asia, que so urna representao espiritual das igrejas como instituio
dos dias atuais ou do final dos tempos. Estas em geral
esto
reprovadas exceo de duas a
igreja de Esmirna
e
Filadlfia. Mesmo estando as outras cinco reprovadas, a carta menciona
que, sempre h nos meio destas, o remanescente fiel, os que no se desviaram, os que
guardaram a f, mantendo-se puros
e
limpos.
E
importante que, estes conceitos distintos de igreja, sejam latentes no leitor deste
trabalho, para a correta com preenso do que se deseja expressar.
5.1 0
Mercado Religioso
A f que move montanhas tambm movimenta urna cifra
milionria.
Dados da agncia
Data Popular especializada em pesquisa
e consultoria
de marketing voltada
s
classes C. D
e
E, indicam que
o
mercado religioso
cristo -
formado p or catlicos
e
evanglicos - movim enta
anualmente em todo pais cerca de onze bilhes de Reais. Os nmeros foram obtidos aps
estudos com base em pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatstica).
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6
So livros - o
principal deles a Bblia - CDs
e DVDs
de msicas ou filmes gospel jias
temticas, acessrios e roupas. Tudo visando atingir urn pblico que representa a grande
maioria da populao os catlicos
e
evanglicos. Segundo
o ltimo
censo
do IBGE , realizado
em 2000, as duas religies dividiam 89% dos brasileiros.
Mesmo
com menos dinheiro per ca