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I AGRADECIMENTOS Quero agradecer a todos os que me acompanharam ao longo deste percurso, e que de alguma forma me ajudaram neste trabalho, em particular: Aos meus Pais por manterem a fé em mim e pela certeza de que iria ser capaz de completar esta jornada. Ao Professor Pedro Lynce, orientador desta Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica, pela disponibilidade, sabedoria, paciência e amizade que sempre demonstrou. Ao Sr. José Núncio Cecílio, por nos ter deixado acompanhar as novas metodologias empregues na sua exploração e pela transparência com que nos forneceu os dados das parcelas acompanhadas. Aos Professores José Pimentel Castro Coelho, Francisco Avillez e Francisco Gomes da Silva por toda a ajuda voluntária prestada, pois sem eles este estudo não estaria tão completo. Aos meus amigos, por estarem sempre presentes e disponíveis para me ajudar. A Deus por ter estado sempre presente.
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Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

Jan 07, 2017

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Page 1: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

I

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todos os que me acompanharam ao longo deste percurso, e que de

alguma forma me ajudaram neste trabalho, em particular:

Aos meus Pais por manterem a fé em mim e pela certeza de que iria ser capaz de completar

esta jornada.

Ao Professor Pedro Lynce, orientador desta Dissertação para a obtenção do grau de Mestre

em Engenharia Agronómica, pela disponibilidade, sabedoria, paciência e amizade que

sempre demonstrou.

Ao Sr. José Núncio Cecílio, por nos ter deixado acompanhar as novas metodologias

empregues na sua exploração e pela transparência com que nos forneceu os dados das

parcelas acompanhadas.

Aos Professores José Pimentel Castro Coelho, Francisco Avillez e Francisco Gomes da

Silva por toda a ajuda voluntária prestada, pois sem eles este estudo não estaria tão

completo.

Aos meus amigos, por estarem sempre presentes e disponíveis para me ajudar.

A Deus por ter estado sempre presente.

Page 2: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

II

Resumo

No presente trabalho acompanhamos novas alternativas tecnológicas para a cultura do

arroz, em Alcácer do Sal no ano 2007, face ao decréscimo de rentabilidade que a tecnologia

tradicional vem apresentando devido ao aumento dos preços dos factores de produção e de

mão-de-obra.

Assim, compararam-se duas combinações de técnicas culturais aplicadas na produção da

cultura ligadas à preparação do solo e sementeira directa e convencional, apesar de nesta

última ter sido utilizado um semeador de linhas de elevada precisão.

Como parâmetros quantificadores entre as duas tecnologias fizemos, ao longo da evolução

da cultura, uma análise de crescimento, de produtividade (kg/ha) e, finalmente, um estudo

económico.

No final, constatou-se que a sementeira convencional (6130 kg/ha) contribuiu para obter

valores superiores relativamente à emergência de campo e afilhamento, em relação à

sementeira directa (5200 kg/ha). No entanto, apesar da produção por panícula ser superior

na sementeira directa, resultado de um menor número de panículas por unidade de área,

não traduz uma maior produção final devido à baixa população à colheita,

comparativamente à sementeira convencional. Paralelamente foi realizado uma análise

económica sobre as alternativas em estudo, cuja conclusão principal põe em causa a

produção de arroz em Portugal sem ajudas à produção.

Palavras Chave: Arroz; Sementeira Directa, análise de produção; rentabilidade económica.

Page 3: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

III

ABSTRACT

In this paper we check out new technological alternatives to the rice crop, Alcácer do Sal in

the year 2007, due to the smaller rentability that traditional technology presents because of

higher prices of production factors and manpower.

Therefore, we compare two combinations of techniques applied in production linked to the

preparation of soil and direct and traditional sowing. However there is an adaptation to the

latter which is the use of a sower of high precision lines.

Along the evolution of the crop we had as main goal the diferentiation of this two production

technologies and, for that, we did a growth analysis, a productivity one (kg/ha) and finally an

economic study.

At the end we observed that conventional sowing contributed to superior levels relatively to

emergence of field and tillering. Nevertheless in spite of panicle production is superior in

direct sowing due to a smaller number of panicle per area unit, it doesn’t translate itself in a

bigger final production compared to the traditional sowing. At the same time an economical

analysis over the studied alternatives was performed, which the main conclusion does not

justify rice production in Portugal without production helps.

Key Words: Rice; direct seeding, analysis of production, economic rentability.

Page 4: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

IV

Extended abstract

At the present paper we check out new technological alternatives to the setup of the soil and

rice sowing due to the smaller rentability in the last times, justified by the higher prices of

production factors and manpower. We compared two combinations of crop techniques

applied in production linked to the setup of the soil and sowing translated by the evolution of

the production along the cycle.

With the goal of being able to compare the different models we studied the plants growth

through a set of indexes or behaviour predictions from the crop or from the individual plant.

First we’ve made an approach to the plant population as well as its evolution along the crop

cycle. Secondly we’ve studied the final production, connecting then the effect of the loss of

population with the high plasticity of the production components of this crop. We should

mention that along the entire analysis there were material and human factors of tough control

because this wasn’t a field of essay but a crop field presenting the rice production techniques

of the own farmer.

At the end we observed that the dry sowing made by a high precision lines sower, with a

tradiotional like soil setup, contributed to obtain superior levels relatively to emergence of

field and tillering. Nevertheless in spite of panicle production is superior in direct sowing due

to a smaller number of panicle per area unit, it doesn’t translate itself in a bigger final

production compared to the traditional sowing.

Besides this we wanted to know what is the future of this crop in Portugal or if it will be

economically viable to produce rice without helps to the production. The rise of production

factor prices, while partially compensated by the rise of the price paid by the industry it’s

making this production unviable, only resisting because of the compensatory help paid by

area unit. Therefore we can conclude that without production help rice crop might become

economically unviable. According to the net profit obtained with the crop we observed that

the main source of incoming from the studied crop is production help. Foreseeing that this

production help will finish by 2013 it starts to be worrying to maintain this crop in the same

conditions.

However we have to refer that to achieve technical perfection we have to produce with top

criteria. So according to the analyzed study we may conclude that direct sowing could be a

good bet, nevertheless we believe that is necessary to increase our knowledge about this

technique cautiously because it’s convenient to start with small areas in order to be possible

Page 5: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

V

to correct errors that may initially occur. In relation to the traditional sowing we believe that is

possible to obtain 7 tons per acre, value that was not achieved due to the fact that it was not

used an high productivity variety of rice and because of the fact that an fertilization

background was not made in the kind of soil used to perform the study, we believe. Besides,

one can achieve an higher production with this model it’s also possible to use less seeds

because the rate of germination is much higher and a smaller water consumption translated

by the values of evapotranspiration since the sowing to the tillering.

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VI

Índice Agradecimentos ...................................................................................................................... I

Resumo……………………………………………………………..………………………………….II

Abstract ................................................................................................................................. III

Extended abstract………………………..………………………………………………………….IV

Índice…………………………………………..………………………………………………………VI

Lista de Quadros…………………………………..…………………………………………………IX

Lista de Figuras...…………………………………………………………………………………….X

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 3

2.1. ARROZ – A Planta ...................................................................................................... 3

2.1.1. Aspectos gerais sobre o crescimento e produção ................................................ 4

2.2. Parâmetros climáticos ................................................................................................. 6

2.2.1. Influência da Temperatura ....................................................................................... 6

2.2.2. Influência da Radiação........................................................................................... 11

2.3. Necessidades nutritivas e fertilização ....................................................................... 12

2.3.1. Eficiência dos fertilizantes .................................................................................. 13

2.3.2. Fertilização azotada ........................................................................................... 13

2.3.3. Fertilização fosfatada ......................................................................................... 15

2.3.4. Fertilização potássica ......................................................................................... 16

2.4. A rega e o seu maneio ......................................................................................... ….17

2.5. Caracteristicas fisicas dos solos durante o ciclo cultural ........................................... 19

2.5.1. Processos de oxidação-redução no solo alagado .............................................. 20

2.5.2. Alterações da reacção do solo em condições de alagamento ............................ 21

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VII

3. INTERESSE E IMPORTÂNCIA ECONÓMICA ................................................................. 23

3.1. A Produção de arroz em Portugal ............................................................................. 23

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 26

4.1. Produção no Monte da Gaxa .................................................................................... 26

4.1.1. Localização ........................................................................................................ 26

4.1.2. Caracterização climática………………………………………………………………26

4.1.2.1 Localização da Estação Meteorológica …………………………………………..26

4.1.2.2 Temperatura……………..…………………………………………………………..27

4.1.2.3 Precipitação …………….………………..…………………………………………..29

4.1.2.4 Insolação…………….………………………………………………………………..30

4.1.3. Caracterização edáfica ...................................................................................... 30

4.1.4. O material vegetal .............................................................................................. 30

4.1.5. Delineamento experimental ................................................................................ 31

4.1.5.1 Modalidades de ensaio……………………………………………………………..31

4.1.5.2 Preparação do solo…...……………………………………………………………..32

4.1.5.3 Adubação……………………………………………………………………………..33

4.1.5.4 Sementeira…………………………………………………………………………..34

4.1.5.5 Monda química………..……………………………………………………………..34

4.2. Colheita .................................................................................................................... 35

4.3. Análise da Produção e suas Componentes............................................................... 35

4.3.1. Introdução ……………………………………………………………………………….36

4.3.2. Parâmetros Avaliados ………………………………..……………………………….36

4.3.3. Resultados e Discussão …….………………………..……………………………….38

4.3.3.1 Análise da População …..…………………………………………………………..38

4.3.3.2 Análise da Produção Final ..………………………………………………………..42

4.3.3.3 Análise dos Efeitos da População Final …………………………………………..43

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VIII

5. ANALISE ECONÓMICA ................................................................................................... 45

5.1.Contas de Cultura ........................................................................................................ 45

5.2.Determinação do resultado líquido da cultura ..............................................................46

6. FUTURO DA CULTURA DO ARROZ .............................................................................. 50

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………………………….53

8. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 53

9.BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 58

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IX

Lista de Quadros

Quadro 1 – Valores da superfície (ha), da produção (ton) e da produtividade (Kg/ha) dos cereais de

maior importância agrícola em Portugal no ano 2006.

Quadro 2 – Temperaturas mínimas, máximas e óptimas relativas às diferentes fases da vida do

arroz.

Quadro 3 – Temperatura mínima, média e máxima (1958-1988).

Quadro 4 – Sequência de operações culturais e máquinas agrícolas utilizadas no Monte de Gaxa.

Quadro 5 – Datas de aplicação e doses de alguns factores de produção utilizados no Monte de Gaxa.

Quadro 6 – População semeada e emergida e emergência de campo, para as diferentes

modalidades.

Quadro 7 – Grau de afilhamento (caules/planta) medido na fase de afilhamento da cultura.

Quadro 8 – População à colheita para as duas modalidades efectuadas.

Quadro 9 – Índice de colheita e suas componentes, expressos em matéria seca (g/m2). A produção

final corresponde à coluna M.S. do Grão (g/m2).

Quadro 10 – Análise da produção por panícula, em número de grãos, para as quatro modalidades.

Quadro 11: Custo de produção e repartição dos custos de produção em ambas as modalidades.

Quadro 12: Cálculo do resultado líquido para as duas modalidades.

Quadro 13 – Encargos da cultura do arroz referentes à sementeira convencional.

Quadro 14 – Encargos da cultura do arroz referentes à sementeira directa,

Quadro 15 – Valores relativos às contas de cultura de 2008 até 2013.

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X

Lista de Figuras Figura 1 – Períodos de crescimento e desenvolvimento da planta de arroz.

Figura 2 – Percentagem de germinação de sementes de arroz em função da temperatura a 2, 6 e 14

dias após a sementeira.

Figura 3 – Efeito da temperatura no tempo necessário para, após a germinação, a plúmula crescer 2

ou 3 cm.

Figura 4 – Efeito da temperatura no crescimento da radícula.

Figura 5 – Relação entre a temperatura média durante quarenta dias após a floração e o peso de

1000 grãos ou a percentagem de grãos cheios.

Figura 6 – Necessidades de radiação solar para as diferentes fases do ciclo vegetativo do arroz.

Figura 7 – Influência da radiação solar na produção de grão da variedade IR747B2-6, para diversos

períodos do ciclo.

Figura 8 – Corte transversal de um solo submerso.

Figura 9 – Variação do pH em solos submersos.

Figura 10 – Evolução da área de produção de arroz em Portugal de 1986 a 2006.

Figura 11 – Evolução da produção e da produtividade da cultura do arroz em Portugal de 1986 a

2006.

Figura 12 – Distribuição por zonas geográficas da produção de arroz no ano 2006.

Figura 13 – Evolução das principais culturas regadas entre 1990 e 2001 no Vale do Sado.

Figura 14 – Figura adaptada de Google Earth, onde se encontram evidenciadas as modalidades 1 e

sementeira directa.

Figura 15 – Temperatura mínima, média e máxima (1958-1988).

Figura 16 – Temperatura mínima, média e máxima (2007).

Figura 17 – Evolução da precipitação média total.

Figura 18 – Insolação real.

Figura 19 – Diferenças entre as várias modalidades relativamente ao número de plantas emergidas.

Figura 20 – Diferenças entre as modalidades relativamente ao afilhamento.

Figura 21 – Variação do número de caules por planta em função do número de plantas por m2, para

as duas modalidades.

Figura 22 – Diferenças entre as várias modalidades relativamente à população à colheita.

Figura 23 – Resumo dos vários indicadores da análise da população: população semeada

(sementes/m2), população emergida (plantas/m2), afilhamento (caules/m2) e população à colheita

(panículas/m2).

Figura 24 – Análise da Produção: as componentes do índice de colheita.

Figura 25 – Variação da produção final (g/m2) com a população à colheita nas duas modalidades.

Figura 26: Esquema com as principais conclusões relativamente à análise da população.

Figura 27: Preços nominais do milho, trigo e arroz.

Figura 28: Análise de sensibilidade referente a flutuações no preço do arroz e factores de produção.

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1

1. INTRODUÇÃO

A cultura do arroz, actualmente, é uma cultura rentável com o recurso a tecnologias das

mais evoluídas quando comparadas com outros países, dentro do sistema de produção

tradicional em clima temperado. No entanto, esta cultura atravessa um período difícil face à

redução dos preços pagos à produção (ainda que por um período transitório suportado por

um complemento financeiro), ao aumento do custo com a mão-de-obra e dos preços dos

factores de produção. É neste contexto de dúvidas para o orizicultor que se torna premente

pensar na forma de realizar a cultura, procurando reduzir os custos de uma forma racional,

sem comprometer os níveis de produção. Nessa óptica, várias alterações se podem

equacionar, como sejam a escolha de novas cultivares, o maneio da água de rega, a

fertilização, a densidade de sementeira, a preparação do terreno, etc.

O presente trabalho é realizado com o intuito de acompanhar, caracterizar e avaliar duas

tecnologias de produção de arroz que permitam reduzir as despesas da cultura. A escolha

deste tema para finalizar o curso em Engenharia Agronómica deve-se à necessidade da

readaptação das actuais tecnologias de produção das diversas culturas visando a sua

sustentabilidade. Além disso, pretendia aprofundar conhecimentos adquiridos ao longo do

curso, o que julgo que foi inteiramente atingido. A cultura do arroz, escolhida para este

trabalho de acompanhamento e caracterização, para além da sua importância alimentar,

está muito representada no Vale do Sado, ocupando uma área muito considerável, sendo

uma das culturas com maior importância económica.

As alternativas foram ensaiadas no Monte de Gaxa (2007), quantificadas através da

evolução das componentes do rendimento, da produção e respectivo estudo económico. A

sementeira directa surge entre as alternativas, face aos objectivos enunciados, às

características do perfil cultural e meios disponíveis (herbicidas e maquinaria) como uma

possível hipótese face aos bons resultados já obtidos com os cereais Outono-Invernais.

Para além deste sistema de produção, acompanhamos outra modalidade atraente pelo

menor consumo de água face ao alagamento do canteiro apenas no inicio do afilhamento da

cultura e menor quantidade de semente utilizada traduzida por uma elevada percentagem

de semente germinada.

Inicialmente será abordada a produção da cultura do arroz no Vale do Sado, seguido das

características, exigências e necessidades da cultura. Neste mesmo capítulo (2) serão

apresentadas as necessidades nutritivas e fertilização.

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2

Tendo como objectivo responder a perguntas, tais como, qual a evolução dos preços de

arroz? Será economicamente viável produzir arroz sem ajuda à produção?, a análise

económica e as projecções apontadas para os preços futuros de arroz permitirão concluir se

a produção desta cultura, nas nossas condições, poderá ser viável ou não economicamente

quando produzidas sem ajudas.

Devido ao custo elevado dos ensaios com a cultura do arroz é difícil para o agricultor fazer

muitas experiências com vários microtalhões. Atendendo às variáveis em causa que já

foram enunciadas em pequenas áreas com êxito, e ainda ao recurso a uma amostragem

pensamos que os resultados serão comparáveis a nível de grande área.

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3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. ARROZ – A Planta

A produção da cultura do arroz, tal como acontece com todas as outras culturas, depende

de uma larga série de factores que, no seu conjunto se podem agrupar em genéticos

(factores internos) e ambientais (factores externos).

A melhoria de certos factores genéticos tem sido desde há alguns anos – e continuará,

certamente, a ser no futuro – um dos principais responsáveis pelo aumento das produções,

quer em qualidade quer em quantidade (este ultimo aspecto é de especial importância uma

vez que o arroz constitui a base da alimentação de vastas camadas populacionais). Uma tal

influência poderá em linhas gerais, manifestar-se por duas vias: obtenção de plantas

geneticamente mais produtivas e/ou de maior valor nutricional e mais tolerantes a

adversidades ambientais, tais como resistência à acama, à salinidade, a pragas e a

doenças.

Os factores ambientais estão associados às características do clima e do solo. Embora as

acções exercidas por estes factores se apresentem interligadas, será útil considerar o seu

estudo em separado.

Relativamente aos factores climáticos, são bem conhecidas as exigências do arroz em

relação à temperatura, luz e água. Mas, como se trata de uma cultura feita ao ar livre, a

influência do homem no controlo daqueles factores exerce-se em reduzida extensão,

limitando-se praticamente a um certo controlo das exigências térmicas (e de água) mediante

o permanente alagamento dos terrenos de cultivo.

Em relação aos factores bióticos, ou seja, relacionados com os inimigos da cultura (pragas,

doenças e infestantes), deve notar-se que o arroz é uma planta com uma certa resistência.

No entanto, o facto de normalmente, ser efectuada em monocultura, vem-lhe criando

condições favoráveis ao aparecimento de inimigos, de entre os quais ainda se destacam, na

grande maioria dos casos as infestantes.

Quanto aos factores edáficos haverá que considerar, no seu conjunto, as características

físicas, químicas e biológicas dos solos. Podemos encontrar esta cultura em todos os tipos

de solo, desde os arenosos até aos argilosos. No entanto, de uma maneira geral, as

produtividades são comparativamente mais elevados nos solos mais pesados, de textura

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4

fina (argilosa, argilosa-limosa e argilo-arenosa), do que nos ligeiros, de textura mais

grosseira (Costa, 1973). As características físicas podem representar um factor impeditivo

da cultura do arroz, em particular as que dificultam o alagamento e a manutenção duma

camada de água nos terrenos de cultivo, tais como a permeabilidade dos solos e a

topografia. É evidente que estas e outras características físicas podem ser corrigidas, mas

os encargos resultantes para esta correcção podem não ser compensados economicamente

pela produção.

2.1.1. Aspectos gerais sobre o crescimento e produç ão

É habitual considerar na vida do arroz três períodos sequenciais de desenvolvimento

(Stansel, 1975; Yoshida, 1981 e Alves, 1985): i) o período vegetativo, da germinação ao

início da formação da panícula; ii) o período reprodutivo, do inicio da formação da panícula à

floração e iii) o período de maturação, da floração ao amadurecimento. A duração dos

períodos citados dependerá, não só da cultivar escolhida mas também das condições do

meio, principalmente do clima (da temperatura e da radiação solar). Quanto à influência do

maneio cultural salienta-se: i) a excessiva fertilização azotada é responsável pelo aumento e

duração do período vegetativo, podendo até originar um crescimento tardio; ii) o uso

inapropriado de herbicidas, cuja toxicidade pode influir negativamente no desenvolvimento

da planta, e, iii) o maneio da rega (2.4).

Na figura 1 estão representados os períodos de crescimento e desenvolvimento do arroz,

bem como os limites temporais respectivos, para variedades precoces e semi-precoces,

indiferentes ao fotoperiodismo.

A primeira fase do ciclo vegetativo corresponde à germinação, à emergência e à pós-

emergência, que se inicia com a sementeira e terminam quando a planta já possui três a

quatro folhas totalmente formadas. Esta fase é uma das mais sensíveis do ciclo cultural

(Huey, 1977), a planta ainda está dependente das reservas existentes na semente (Tinarelli,

1989).

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5

Fig. 1: Períodos de crescimento e desenvolvimento da planta de arroz. * - os valores menores referem-se às regiões quentes e os maiores às regiões temperadas; **- a panícula só é observável à vista desarmada depois de abrir o caule longitudinalmente; *** - o período reprodutivo principia quando 50 % das folhas estão polinizadas; **** - tempo variável, 0-25 dias, o que depende da variedade e ∆ -3 a 5 dias. Extraído de Stansel, 1975).

Durante a germinação é possível observar a iniciação que termina com a saída da radícula e

a da mobilização de reservas, que finda com a emergência (Romero, 1989). Este autor

refere que a germinação inicia quando a semente em repouso, activa o sistema bioquímico

e se desencadeiam os processos metabólicos. O fim da germinação coincide com o início

da actividade fotossintética. A primeira fase, ou seja, a iniciação da germinação, principia

com a absorção de água. A hidratação é condição indispensável nas sementes secas para

se dar a activação do metabolismo e a consequente germinação (Machado, 1991).

A fase de afilhamento, tem início com o aparecimento do primeiro filho, nesta fase a planta

possui elevada plasticidade e as variações não afectam grandemente a produção final.

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6

O período reprodutivo inicia-se com o encanamento ou alongamento dos entrenós seguindo

do emborrachamento e espigamento (Board et al, 1980). Devido à meiose coincidir com o

início do encanamento, esta fase costuma ser considerada como o início do período

reprodutivo, assim como um dos períodos mais sensíveis da vida da planta. Na maioria das

flores, a fecundação ocorre durante o espigamento, razão pela qual a percentagem de

autopolinização no arroz é elevada. A esta fase segue-se a antese ou chora. Assim

designadas pois as anteras tornam-se visíveis, evidenciando-se acima das glumas.

O ciclo cultural termina com a maturação do grão, que se traduz pela acumulação de amidos

e perda de humidade, cuja duração é determinada pelas condições meteorológicas, assim

como pelo teor de humidade pretendido no grão.

2.2. Parâmetros climáticos

Segundo a literatura consultada, os factores que mais influenciam a produção de arroz, em

Portugal, são a temperatura, a radiação solar e a água. A temperatura é factor limitante, dai

estar limitada a sua expansão a norte.

2.2.1. Influência da Temperatura

Para que as plantas possam crescer e atingir o seu completo desenvolvimento é necessário

que o calor recebido, ou seja, o número de graus térmicos (soma da temperatura média

diária durante todo o ciclo), atinja determinados valores, 3500ºC a 4500ºC, conforme se trate

de cultivares precoces ou tardias. É indispensável também que os valores máximos e

mínimos se encontrem dentro de certos limites em cada uma das fases do ciclo vegetativo,

pois caso contrário a planta pode não completar as diferentes fases. Cada fase do

desenvolvimento e cada processo de crescimento respondem de modo diferente a

condições de temperatura idênticas (Silva, 1983).

a) Período vegetativo

Germinação e nascença

A influência da temperatura na germinação pode ser encarada sobre três aspectos: a

própria temperatura, a duração da fase e a percentagem de sementes germinadas (Yoshida,

1981).

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7

A duração desejável para a fase de germinação é de seis dias, período este que aumenta

quando as temperaturas diminuem (Robertson, 1975). Sousa e Silva (1942) afirmam que,

para temperaturas compreendidas entre 15 e 35ºC, a germinação é tanto mais rápida

quanto maior é a temperatura. Esta conclusão coincide com a de Livingston e Haasis`s

(1933) que concluíram que, para germinarem 90% das sementes, eram necessários seis

dias a 15ºC, quatro dias a 20ºC ou dois dias com temperaturas entre os 30 e 35ºC (fig. 2).

Segundo Pereira (1989), em Paúl de Magos, em viveiros sujeitos a condições naturais,

observou-se que ocorre germinação abaixo de 10ºC, só que nestas situações a duração

desta fase aumenta consideravelmente.

Fig. 2 : Percentagem de germinação de sementes de arroz em função da temperatura a 2, 6 e 14 dias após a sementeira. (Extraído de Pereira, 1989).

Plântula

Na fase de emergência e estabelecimento o crescimento é muito sensível à temperatura (fig.

3). De facto, o tempo que vai da germinação até à plúmula atingir 2 ou 3 cm aumenta com o

decréscimo da temperatura, sendo muito longo abaixo dos 15ºC.

Através da observação da figura 4, verificamos que o crescimento da radícula é óptimo a

30ºC, sendo muito pequeno tanto abaixo dos 15ºC como acima dos 40ºC. Chapman e

Peterson (1962) consideraram entre 20 e 25ºC a temperatura óptima para o crescimento

primário da raiz. Aliás, quanto aos crescimentos da raiz e do caule, as temperaturas críticas

inferiores vão, respectivamente, de 12 a 16ºC e de 7 a 16ºC (Nishiyama, 1977).

No entanto, é importante referir que as temperaturas baixas na fase de plântula podem

provocar um atraso no crescimento que é reversível logo que volta o tempo favorável

(Vergara, 1976).

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Fig. 3 : Efeito da temperatura no tempo necessário para, após a germinação, a plúmula crescer 2 ou 3 cm. (Extraído de Pereira, 1989. Fonte: Saito, 1965).

Fig. 4 : Efeito da temperatura no crescimento da radícula. (Extraído de Pereira, 1989).

Afilhamento

As maiores exigências em calor verificam-se durante o afilhamento e a formação de raízes

adventícias, que corresponde à fase de maior actividade vegetativa (Beija, 1959). As

temperaturas críticas inferior, superior e óptima são, respectivamente, 9 a 16ºC, 33ºC e 25 a

31ºC (Yoshida, 1981).

Realmente, nas melhores condições as plantas tornam-se vigorosas e afilham

abundantemente, se nestes períodos a temperatura baixa, ficam débeis, afilham pouco e

mais tarde acamam com facilidade (Silva, 1969). No entanto, Robertson (1975) afirma que

com temperaturas baixas, a fase de afilhamento é prolongada, resultando mais filhos e

consequentemente mais panículas. Tal não nos parece desejável no caso português, pois o

prolongamento da fase de maturação, entrando em período outonal, em geral com

condições climáticas menos favoráveis, não permite uniformidade de maturação, dando

consequentemente lugar a um rendimento inferior (Pereira, 1989).

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b) Período reprodutivo

Iniciação da panícula

A fase de iniciação da panícula, pelos danos irreversíveis que a planta pode sofrer, é muito

sensível a temperaturas extremas. Este período é muito sensível às temperaturas baixas,

como se pode observar no quadro 2, pois as três fases referentes a este período

apresentam o limite inferior mais alto.

Em 1941, ano com temperaturas muito baixas, Sakai constatou que a esterilidade das

plantas de arroz variou com a profundidade da lâmina de água, sendo menor a 15 cm do

que com os 5 cm habituais, pois laminas de água superiores apresentam um melhor efeito

termo regulador.

Espigamento e floração

A floração do arroz é regulada, principalmente, pela temperatura e pela humidade do ar

(Silva, 1969). Neste período as temperaturas baixas, pela sua intensidade e frequência

(Beija, 1959) provocam um aumento da esterilidade das plantas, sendo os abortos florais

abundantes, que estão possivelmente na origem de grãos falhados, que prejudicam a

cultura limitando o seu rendimento (é provável que tal facto seja uma das principais causas

da brança) (Pereira, 1989). O mesmo autor afirma que o óptimo térmico para a floração é de

22 a 24ºC, sendo os abortos florais abundantes quando há arrefecimentos bruscos, quer na

atmosfera quer nas águas de rega.

A esterilidade floral é induzida por temperaturas menores ou iguais a 15ºC durante 5 a 15

dias antes do espigamento, altura em que decorre a meiose com formação dos gâmetas

(Kaw, 1988).

c) Período de maturação

Maturação

Temperaturas baixas durante a maturação prolongam esta fase, não chegando os grãos

muitas vezes a amadurecer completamente (verdes). Ao contrário e o que é mais comum,

temperaturas altas durante a parte final da maturação originam normalmente uma

percentagem excessiva de trincas (grãos partidos) (Robertson, 1975).

A duração da fase de maturação está correlacionada inversamente com a temperatura

média diária, sendo o encurtamento desta fase o factor mais importante na diminuição da

produção (Yoshida, 1981). Este autor refere que as temperaturas críticas inferior, superior e

óptima são, respectivamente, 12 a 18ºC, 30ºC e 20 a 25ºC.

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Como mostra a figura 5, para temperaturas inferiores a 16ºC praticamente não existe grãos

cheios; a partir daquele valor e até aos 18ºC verifica-se um aumento quase linear da

percentagem de grãos cheios, passando a respectiva curva a ter um crescimento

logarítmico a partir dos 18ºC.

Fig. 5: Relação entre a temperatura média durante quarenta dias após a floração e o peso de 1000 grãos ou a percentagem de grãos cheios. (Extraído de Ishizuka et al, 1973).

O quadro 2 resume as informações anteriormente analisadas.

Quadro 2: Temperaturas mínimas, máximas e óptimas relativas às diferentes fases da vida do arroz (Adaptado de Yoshida, 1981 e de Alves, 1985 – extraído de Pereira, 1989).

Fases de crescimento Temperatura (ºC)

Miníma Máxima Óptima

Germinação 10_13 45 20_35 Plântula 12_13 35 25_30

Desenvolvimento da raiz 12_6 35 25_35 Afilhamento 9_16 33 25_31

Iniciação da panícula 15 37 - Diferenciação da panícula 15_20 38 -

Floração 15_22 35 22_24 Maturação 12_18 30 20_25

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2.2.2. Influência da Radiação

Enquanto o calor é condição imprescindível ao bom êxito da cultura, a acção da luz, embora

também importante, não assume aspecto tão crítico em relação às nossas condições em

Portugal (Silva, 1969).

Com base em ensaios realizados no Texas Agricultural Experiment Station, em Eagle Lake,

cujo objectivo foi determinar a importância da luz solar durante o ciclo cultural do arroz,

Stansel (1975) sugeriu que o período crítico para a planta vai da fase de inicio da panícula

até cerca de dez dias antes da maturação (fig. 6), e verificou que à diminuição de 1% da

radiação solar recebida durante tal período crítico correspondeu uma redução média na

produção da ordem dos 6,5%.

Yoshida e Parao (1976) estudaram o efeito da radiação solar nas diferentes fases de

crescimento da planta de arroz, recorrendo a técnicas de ensombramento. Assim, (fig. 7)

verificaram que a influência da radiação solar é máxima no período reprodutivo, diminui no

período de maturação e, é bastante pequena no período de crescimento vegetativo. A

explicação para tais diferenças está ligada aos componentes da produção, número de

espiguetas por m2 e percentagem de grãos cheios, determinados respectivamente durante

os períodos reprodutivo e de maturação.

As necessidades de radiação solar aumentam com o crescimento e desenvolvimento das

plantas, culminando no mesmo período crítico, ambas sendo factores potenciais limitantes

da produção. No entanto tal não se verifica no Vale do Sado.

Fig. 6: Necessidades de radiação solar para as diferentes fases do ciclo vegetativo do arroz. (Adaptado de Stansel, 1975).

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Fig. 7: Influência da radiação solar na produção de grão da variedade IR747B2-6, para diversos períodos do ciclo. Extraído de Yoshida e Parao, 1976).

2.3. Necessidades nutritivas e fertilização

Existe uma grande dificuldade em estabelecer modelos fixos no que diz respeito ao

problema da fertilização de um arrozal, quando examinado sobre o ponto de vista da

incorporação de fertilizantes orgânicos e minerais (Tinarelli, 1989).

Isto acontece devido às diversas condições que caracterizam os distintos ambientes em que

o arroz é cultivado. As diferentes condições são consequência da diversidade de terrenos

quanto à constituição mineralógica como orgânica, da amplitude das características do

grande número de variedades cultivadas, do tipo de rotação, das características da água de

rega, dos infinitos tipos de adubo e práticas de fertilização e ainda das diferentes condições

climáticas (Tinarelli, 1989).

O desenvolvimento de um método racional para aplicar os fertilizantes requer o

conhecimento da nutrição mineral da planta de arroz nas diferentes etapas de crescimento.

Para o arroz, são essenciais dezasseis elementos: carbono, hidrogénio, oxigénio, azoto,

fósforo, potássio, enxofre, cálcio, magnésio, zinco, ferro, cobre, molibdénio, boro,

manganésio e cloro. Todos os elementos essenciais devem estar presentes em quantidades

óptimas e em formas utilizáveis pelas plantas de arroz. Em Portugal, o azoto, fósforo, zinco

e potássio são os elementos que os agricultores aplicam mais frequentemente, sendo o

enxofre aplicado ocasionalmente em alguns solos.

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Apesar de ainda não haver uma fórmula, nenhum modelo que resolva por si só o problema

da fertilização, é possível dar orientações de carácter geral, confirmadas pela prática e que

se podem melhorar, com o intuito de se obter uma maior exactidão das necessidades da

cultura. Estas orientações e conselhos práticos baseiam-se na colheita dos seguintes dados:

a) Análises físico-químicas dos solos e das águas de rega;

b) Análises foliares realizadas às folhas em “y” no momento de máximo afilhamento

ou da formação embrional da panícula;

c) Conhecimentos sobre as extracções de elementos químicos provenientes da

produção das culturas;

d) Taxas de utilização, a confirmar por experiências de campo (Tinarelli, 1989).

2.3.1. Eficiência dos fertilizantes

A eficiência no uso de fertilizantes é o rendimento obtido de uma cultura por unidade de

nutriente aplicado num determinado conjunto de condições edafo-climáticas (Datta, 1986).

Existem duas razões possíveis para que não se alcancem valores esperados de rendimento:

i) os nutrientes do fertilizante não são absorvidos pelas plantas porque não são aplicados no

momento ou lugar apropriados ou porque a sua transformação os torna inacessíveis; ii)

ainda que sejam absorvidos pela cultura, os nutrientes não são utilizados para a produção

de grão devido a outros factores limitantes do crescimento, como a falta de água e luz

suficientes, ou de outros elementos minerais (Datta, 1986).

2.3.2. Fertilização azotada

É necessário que a planta absorva entre 115 a 126 Kg/ha de N para produzir

aproximadamente 6000 Kg/ha de arroz com casca, ou seja, cerca de 20 Kg de N por

tonelada de grão produzido (Tinarelli, 1989). A eleição da fonte de azoto para o arroz

depende do método e da época de aplicação (Datta, 1986).

De uma forma geral, a planta de arroz cresce melhor e alcança maiores rendimentos

quando é fertilizada com adubos amoniacais, em relação aos nitratos. Na realidade, as

raízes podem absorver o azoto nas duas formas, no entanto num solo inundado, os nitratos

sofrem grandes perdas por desnitrificação e percolação (Portero, 2001). Tinarelli (1989)

refere que as plantas mais jovens absorvem melhor ou em maiores quantidades o azoto sob

a forma de NH4+ enquanto que as mais antigas preferem o NO3

-.

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Assim, o azoto aplicado durante a sementeira deve ser de forma amoniacal, enquanto que a

fonte de azoto utilizada em cobertura tanto pode ser a amoniacal como a nítrica, uma vez

que quando a cultura está totalmente estabelecida, a forma NO3- é absorvida rapidamente

pela planta antes que se lixivie até à lâmina reduzida do solo, onde poderia perder-se por

desnitrificação (Datta, 1986). Neste sentido, caso se aplique azoto nítrico, este deve ser

apenas depois de o sistema radicular atingir um desenvolvimento suficiente para absorver e

impedir as perdas de azoto (Portero, 2001).

A planta de arroz necessita de maiores quantidades de azoto entre os 25 e 50 dias após a

sementeira e no início da fase de reprodução. O primeiro período de elevada exigência em

azoto coincide com o período de afilhamento, quando a planta aumenta significativamente a

sua área foliar e define o número de panículas por unidade de superfície. No segundo

período, fase de reprodução, dá-se um alargamento do colmo e o desenvolvimento da

panícula, época em que se define o número potencial de grãos por panícula. O azoto

absorvido pela planta durante o desenvolvimento da panícula (desde o inicio até à floração)

aumenta o número de espiguetas cheias por panícula, enquanto aquele que for absorvido

depois da floração tende a aumentar o peso de 1000 grãos.

É consensual entre os diferentes autores que as adubações de cobertura devem ser

realizadas no inicio do afilhamento (aproximadamente 30 dias após a sementeira) e também

na diferenciação da panícula (aproximadamente 55-60 dias após sementeira dependendo

do ciclo vegetativo das cultivares). Por norma, a adubação de cobertura não se deve realizar

após a diferenciação da panícula, podendo-se fazê-la excepcionalmente entre a

diferenciação da panícula e o espigamento, quando se necessite aplicar pequenos

suplementos de azoto (Portero, 2001; Tinarelli, 1989; Datta, 1986; Yoshida, 1981).

A investigação demonstrou que a adubação de fundo é muito importante para suportar um

bom afilhamento bem como para alcançar o número desejado de espiguetas, elevar a

percentagem de grãos cheios e o peso por grão (Portero, 2001). Esta adubação deve ser

efectuada com pouca antecedência em relação à sementeira a fim de evitar perdas por

lavagem (Santos, 2002).

Os solos de textura grosseira têm em geral, altas taxas de percolação e também grandes

perdas de azoto por lixiviação e volatização. Recomenda-se, neste tipo de solos, aplicações

de azoto fragmentadas (normalmente 2 ou 3), enquanto que os solos de textura fina, sempre

que se sigam boas normas para o manuseamento da água, requerem menos aplicações de

azoto (Datta, 1986). O mesmo autor é da opinião que duas a três aplicações de azoto

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produzem maior eficiência deste elemento e que são necessárias aplicações mais divididas

dos fertilizantes azotados no caso de cultivares de arroz de vida larga e em solos mais

ligeiros. Refere ainda, baseando-se em diversas experiencias, que a aplicação de azoto na

capa reduzida do solo é o melhor método para diminuir as perdas deste nutriente e

aumentar a eficiência dos fertilizantes azotados no arroz de terras baixas.

Doses excessivas de azoto provocam um excessivo desenvolvimento vegetativo,

aumentando o número de filhos sem panícula, o risco de acama, a percentagem de grãos

vazios (branca), a susceptibilidade a doenças, estimula-se a proliferação de infestantes,

atrasa-se o amadurecimento e reduz-se a qualidade do grão, ainda que se aumente o

conteúdo em proteínas. Estes danos acentuam-se em casos de adubações tardias (Portero,

2001 e Santos, 1996).

2.3.3. Fertilização fosfatada

Verifica-se que, à semelhança do que acontece com todas as outras culturas, este nutriente

é absorvido em quantidades muito inferiores às do azoto. A planta, para produzir uma

tonelada de grão retira do solo cerca de 7 kg de P2O5.

Após a inundação do arrozal, o fósforo que se encontra no solo passa a estar disponível

para a planta de arroz em consequência, sobretudo, do estado redutor do solo (Tinarelli,

1989).

Apesar destas “libertações” adicionais de fósforo em solos alagados, não se aconselha

reduzir muito a adubação fosfatada ou, o que seria mais grave, a sua eliminação sistemática

(esta só poderá admitir-se em solos muito ricos e, apenas, enquanto se mantiverem muito

ricos), sob pena de se criarem desequilíbrios susceptíveis de, a mais ou menos curto prazo,

virem a comprometer a fertilidade química dos solos (Santos, 1996).

A eficiência de produção parcial do fósforo para o grão é maior nos primeiros estados de

desenvolvimento da planta porque este elemento é necessário para um bom afilhamento e

também porque a totalidade do fósforo requerido é menor relativamente ao azoto. Além

disto, se o fósforo for absorvido nos primeiros estados de desenvolvimento da planta em

quantidades suficientes, pode ser facilmente distribuído para os diferentes órgãos em

crescimento (Yoshida, 1981).

Desta forma, a aplicação do fósforo no solo é preferível que seja feita como adubação de

fundo, alguns dias antes da sementeira sendo que, em certas ocasiões, se podem realizar

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adubações de cobertura, desde que não sejam efectuadas após a formação da panícula

(Yoshida, 1981; Portero, 2001). Chang (1976), também refere que não se demonstrou que a

aplicação do fósforo por partes seja útil, já que existe uma grande mobilidade deste

elemento das folhas velhas para as novas, bem como, a disponibilidade do fósforo no solo

alagado aumenta com o tempo e as perdas por lixiviação são baixas.

Convém referir ainda que a maior parte do fósforo permanece no mesmo local em que é

aplicado, pelo que convém colocá-lo ao alcance das raízes das plântulas de arroz (3-10 cm

de profundidade) e que somente 10-15 % do fósforo que o adubo contém é absorvido pela

planta, sendo que o restante se insolubiliza, estando disponível lenta e progressivamente ao

longo das campanhas seguintes (Portero, 2001).

Nas nossas condições é improvável o surgimento de deficiência relativa a este nutriente, na

medida em que é prática corrente a adubação fosfatada anual e o pH do solo, condição

essencial para a disponibilidade de fósforo assimilável, ronda a neutralidade.

2.3.4. Fertilização potássica

A quantidade de potássio absorvido pela planta de arroz pode ser superior à de azoto (cerca

de 30 kg/ha de K2O) e é tanto maior quanto maior for a produção (Tinarelli, 1989).

No entanto, a maior parte do potássio é utilizado para a formação da palha e só uma

pequena parte para a formação do grão. Este facto deve ser tomado em consideração

sempre que a palha permaneça no solo. Aliás, mesmo que a palha seja queimada, o

potássio e o fósforo, mas ao contrário do azoto, não vão formar compostos voláteis durante

a queima e, portanto, ficará nas cinzas. Assim, as maiores restituições naturais de potássio

levam a que as quantidades deste nutriente a aplicar na cultura de arroz se situem,

frequentemente, no mesmo nível das do fósforo, apesar de as absorções de potássio serem

bastante maiores (Santos, 1996).

Por norma, a eficiência de produção parcial do potássio para o grão é alta durante os

primeiros estados de formação. No inicio do desenvolvimento vegetal e durante o

afilhamento tem um papel importante no desenvolvimento das raízes e na determinação e

desenvolvimento do número de panículas férteis. Este elemento tem também um papel

importante nos últimos estados de desenvolvimento, já que promove a síntese e a

translocação dos açúcares, influenciando a formação e peso das caríopses e protegendo a

planta das baixas temperaturas e das doenças (Yoshida, 1981; Tinarelli, 1989).

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Uma vez que a planta requer grandes quantidades de potássio, é aconselhável a realização

de uma adubação de cobertura quando termina o estado reprodutivo. A maior parte da

adubação potássica (50 a 70%) deve ser realizada em fundo, sendo que a restante

quantidade deve ser aplicada em Junho ou Julho, ou seja, na fase do afilhamento ou no

começo da formação da panícula (Yoshida, 1981; Tinarelli, 1989).

A aplicação do potássio é quase sempre efectuada sob a forma de adubos compostos,

nomeadamente do tipo N-P-K ou P-K. Nos casos, muito raros, em que se efectue a

aplicação do potássio sob a forma de adubos elementares, a escolha limita-se ao cloreto ou

sulfato. Atendendo a que o sulfato é muito mais caro que o cloreto, é normalmente dada

preferência ao cloreto, até porque se trata de uma planta resistente à salinidade. Por outro

lado, o sulfato de potássio irá introduzir elevada quantidade de sulfatos (SO42-) os quais

podem, em certas situações, ser prejudiciais devido à sua redução nos solos alagados, a

sulfuretos (S2-) e ácido sulfídrico (H2S) (Santos, 1996).

No Vale do Sado o solo está bem provido de potássio, não sendo visível no campo

sintomatologia identificável com deficiências deste nutriente. Contudo, está por avaliar a

importância da interacção iónica com elementos abundantes na maioria do solo como cálcio,

magnésio e sódio na assimilação do potássio.

2.4. A rega e o seu maneio

O tipo de rega da cultura do arroz proporciona uma lâmina de água que apresenta um efeito

protector de nivelamento das características térmicas da água. A baixa temperatura da água

de rega pode também retardar ou mesmo fazer cessar o crescimento das plantas. É por

este motivo que em muitas lavras de arroz, antes de se regar se obriga a água a estacionar

numa superfície para aumentar a sua temperatura. Geralmente, as plantas mais próximas

da entrada de água nos canteiros mostram nítido contraste com as que se encontram mais

distantes, as primeiras, recebendo a água mais fria são as últimas a amadurecer (Silva,

1969).

Para além da função comum a todas as plantas, que é a satisfação das necessidades

fisiológicas para o crescimento e desenvolvimento da cultura, a água desempenha ainda

outras funções importantes, tais como:

1) Actua como regulador térmico (Pereira, 1989; Raposo, 1973; Tinarelli, 1989; Alves,

1985). A protecção térmica exercida pela água é muito importante na floração, pois

arrefecimentos bruscos, quer na atmosfera quer nas águas de rega, dão origem a

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abortos florais. Como esta fase ocorre geralmente em Agosto, onde ocorre grandes

amplitudes térmicas, onde podemos confirmar através dos dados meteorológicos do

ano 2007 para a região de Alcácer do Sal (anexo 1), é de elevada importância o

efeito termo-regulador que a lâmina de água apresenta.

2) Auxilia no combate às infestantes (Tinarelli, 1989; Pereira, 1989). A importância

desta função deve-se ao facto de inúmeras espécies de infestantes não germinarem

em condições de alagamento e quando desenvolvidas tem dificuldades por falta de

oxigénio.

3) Facilita a disponibilidade de nutrientes, com destaque para o fósforo e manganésio,

devido à subida de pH que provoca nos solos, geralmente ácidos (Pereira, 1989;

Alves, 1985; Tinarelli, 1989).

Fe(OH)3 + 3H+ + e- → Fe2+ + 3H2O

MnO2 + 4H+ + 2e → Mn2+ + 2H2O

4) Facilita a lixiviação de sais (Silva, 1969), o que permite a sua cultura em solos com

elevados teores nestes elementos, pelo que a água assume um papel importante na

lavagem destes sais que, acima de determinadas concentrações se tornam tóxicos

para a cultura.

De seguida, iremos descrever como devem estar as lâminas de água ao longo das

diferentes fases da planta.

Germinação, crescimento e afilhamento

Entende-se por germinação o aparecimento da ponta do coleóptilo emergido da casca

fendida do grão. Nesta fase a semente necessita de absorver água na proporção de 25 a

35% do seu peso, o que não justifica por si só a existência de uma lâmina de água, dai esta

funcionar essencialmente para regularizar o ambiente e para ajudar a combater infestantes

e pragas.

Na altura do afilhamento a planta não necessita de muita água, mas as pequenas

espessuras favorecem um afilhamento excessivo, de que pode resultar um escalonamento

na maturação, com reflexos negativos no rendimento industrial do grão. Findo este período

e até perto do encanamento, a profundidade da água tem pouco efeito no desenvolvimento

da planta (Hill, 1982).

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Iniciação da panícula e floração

Neste período deve-se ter lâminas de água de, aproximadamente, 10 cm pois esta é a fase

crítica da cultura, onde o papel termo-regulador da água é essencial, protegendo a cultura

das temperaturas nocturnas demasiado baixas, que provocam degeneração das espiguetas

e aumento da esterilidade.

Maturação

A deficiência hídrica no período prós-espigamento provoca um aumento do número de grãos

imperfeitos, o que afecta a maturação. No entanto, o mesmo autor refere não ser necessária

a submersão, bastando o solo estar saturado ou quase saturado.

2.5. Caracteristicas físicas dos solos durante o ci clo cultural

Nos solos alagados decorre uma série de processos físicos, microbiológicos e químicos que

têm influência no crescimento da planta, na absorção dos diferentes elementos, na perda ou

na utilização dos elementos e na acumulação de toxinas no terreno ou na água (Tinarelli,

1989).

Por conseguinte, é muito importante compreender as propriedades únicas dos solos

inundados, com o intuito de melhorar o maneio do solo, dos fertilizantes e de controlar o

regime hídrico, tendo em vista a maximização da cultura (Datta, 1986).

Um solo alagado distingue-se de um solo com boa drenagem por grande parte do seu perfil

se encontrar num estado reduzido (Ponnamperuma et al, 1966), consequência da ausência

de oxigénio e da respiração anaeróbica bacteriana. Normalmente entre um a dois dias após

o alagamento, todo o oxigénio é consumido, a actividade dos microrganismos anaeróbicos

aumenta e inicia-se a redução do solo (Bolt, 1978).

Contudo, ainda se pode encontrar oxigénio numa fina camada de solo situada em contacto

com o lençol de água superficial, cuja espessura varia com a actividade dos

microrganismos, bem como com a existência da rizosfera das plantas adaptadas (Reddy et

al., 1980). Assim, constituem-se três camadas no solo; uma camada aeróbia com espessura

variável, mas de valores aproximados a 2-3 cm (Santos, 1996), uma camada anaeróbia

subjacente (Fig. 8) e uma terceira camada, o subsolo oxidado (Ponnamperuma, 1984).

Porém, consideram-se apenas as duas primeiras camadas na medida em que para a cultura

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em causa (de desenvolvimento radicular relativamente superficial, 80% das raízes se

encontram a 25 cm de profundidade), são as que têm influência determinante.

Como as raízes necessitam de oxigénio para assimilar os elementos nutritivos durante o

desenvolvimento da planta e uma vez que no solo não há uma quantidade suficiente deste

elemento, as raízes do arroz obtêm-no através do transporte e difusão que se verifica nas

partes aéreas da planta, através do parênquima aerífero do caule que caracteriza esta

planta (Tinarelli, 1989).

Fig. 8: Corte transversal de um solo submerso. (Adaptado de Westfall, 1975).

2.5.1. Processos de oxidação-redução no solo alagad o

Como consequência do esgotamento do oxigénio, bactérias anaeróbicas facultativas e

obrigatórias da camada sem oxigénio, usam NO3-, Mn (IV), Fe (III), SO4

2-, CO2, N2 e mesmo

H+, como aceitadores de electrões na sua respiração (fermentação), reduzindo-os

(Ponnamperuma, 1972). Os compostos formados produzem no solo um estado redutor cuja

cinética e intensidade está correlacionada com a natureza e o conteúdo do substrato

orgânico, a temperatura, o pH, o tipo de compostos receptores de iões e está regulada pela

duração da inundação (Tinarelli, 1989).

O solo passa da condição de oxidação para a de redução com consequente mudança do

seu potencial redox (Eh). Antes do alagamento, o solo apresenta o valor de cerca de +700

mV, reflectindo a presença de oxigénio e passa para próximo de -300 mV em situação de

alagamento, acontecendo desta forma uma redução elevada (Patrick, 1978).

A diminuição do potencial redox devido à inundação do solo e os efeitos físico-químicos têm

efeitos positivos e negativos no crescimento do arroz. Como benefícios, o aumento na

provisão e disponibilidade de azoto, fósforo, ferro, magnésio, molibdénio e silício. As

desvantagens são a diminuição das disponibilidades de enxofre, cobre e zinco e produção

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de substãncias que interferem na captação de nutrientes ou que envenenam directamente a

planta (Datta, 1986; Portero, 2001).

2.5.2. Alterações da reacção do solo em condições d e

alagamento

Após algumas semanas de submersão, o pH de solos ácidos tem tendência em aumentar,

enquanto que o pH de solos alcalinos tende a diminuir (Ponnamperuma, 1976), até se

atingirem valores estáveis da ordem de 6,5 a 7,5 (Tinarelli, 1989).

Atendendo a que na maioria dos solos em que o arroz é cultivado em Portugal apresentam,

valores de pH bastante inferiores e nalguns casos, em menor escala, superiores àquele

intervalo, pareceria que seria necessário corrigir a acidez quando os solos eram muito

ácidos ou alcalinos. Acontece porém que independentemente do valor inicial do pH dos

solos, durante o alagamento há uma tendência para o pH subir ou descer automaticamente,

situando-se num intervalo muito próximo do que foi indicado, ou seja, próximo da

neutralidade. Por outras palavras, dada a relação existente entre o pH e a actividade do H+

(mais concretamente do H3O+) a descida e subida do pH serão consequência,

respectivamente, da diminuição e do aumento da actividade do H3O+ (Santos, 2002).

Estas alterações são função das características dos solos, tais como o pH inicial, o teor de

matéria orgânica, o teor de Fe, o teor de Mn, mas fundamentalmente dependem de dois

sistemas:

Fe(OH)3 → Fe2+ ; MnO2 → Mn2

+

e

Na2CO3 – H2O ; CaCO3 – H2O – CO2

No primeiro sistema (Fe/Mn), os dois elementos ao reduzirem-se dão origem às seguintes

reacções:

3Fe(OH)3 + H+ + e- → Fe2(OH)8 + H2O

MnO2 + 4H+ + 2e- → Mn2+ + 2H2O

Do que resulta um consumo de H+, aumentando o valor do pH do solo (Ponnamperuma,

1976).

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No segundo sistema (Na/Ca), o HCO3- resultante da decomposição da matéria orgânica, dos

carbonatos existentes e da reacção com a água, comporta-se como ácido, tal como se

demonstra na seguinte reacção:

HCO3- + H2O ↔ CO2-

3 + H3O+

Diminuindo desta forma o valor de pH (Santos, 1996).

Esta referência de Santos foi confirmada por outros autores que referem que, após o

alagamento, na maior parte dos solos dos arrozais, quer tenham carácter ácido ou básico, o

pH converge e estabiliza entre 6.0 e 7.0 (Ponnamperuma et al, 1966). Os resultados

referidos apresentam-se na figura 9.

Fig. 9: Variação do pH em solos submersos. (Extraído de Ponnamperuma, 1977).

Em resumo, e no que se refere aos aspectos práticos, pode dizer-se que a cultura do arroz,

mesmo quando realizada em solos com uma reacção que aparentemente seria

desfavorável, não necessitará, em consequência do alagamento, da aplicação de

correctivos minerais alcalinizantes ou acidificantes.

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23

3. INTERESSE E IMPORTÂNCIA ECONÓMICA

3.1. A produção de arroz em Portugal

Portugal é o país Europeu com o consumo per capita mais elevado da Europa, duas vezes e

meia superior ao segundo país com maior consumo de arroz da Europa, a Espanha. Isto

revela a importância assumida pelo arroz nos hábitos alimentares dos portugueses.

Em Portugal, o arroz é cultivado em submersão, principalmente em terrenos aluvionares

situados ao longo das margens e, normalmente, junto aos estuários dos rios Mondego, Tejo

e Sado, bem como alguns dos seus afluentes.

Relativamente à área, esta cultura oscila entre os 25 e os 30 mil hectares a que corresponde

uma produção de cerca de 150 000 toneladas.

Segundo os dados do INE (2006), o arroz foi em 2006, o cereal com a terceira maior

produção nacional (148 673 ton), atrás do milho e do trigo, como se pode observar no

Quadro 1. A produção nacional cobre cerca de 2/3 das necessidades da indústria, sendo

que as cultivares produzidas são 90% carolino (tipo japónica) e 10% agulha (tipo indica).

Quadro 1: Valores da superfície (ha), da produção (ton) e da produtividade (Kg/ha) dos cereais de maior importância agrícola em Portugal do ano 2006. Fonte: INE.

Cereais Área (ha)

Produção (ton)

Produtividade (Kg/ha)

Trigo 104 684 249 610 2 384

Centeio 23 476 23 802 1 014

Aveia 53 674 87 108 1 623

Cevada 44 154 105 547 2 390

Milho 102 746 534 700 5 204

Arroz 25 392 148 673 5 855

Apesar de alguma estabilização da área semeada até 1991, a produtividade da cultura vem

crescendo desde 1988 a 1996, mantendo-se constante nos anos seguintes excepto em

1997 e 2005 que sofreu um decréscimo (figuras 10 e 11).

Page 34: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

24

Evolução da Área de Produção em Portugal

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

(ha)

Fig. 10 : Evolução da área de produção de arroz em Portugal de 1986 a 2006. Fonte: INE.

Entre 1992 e 1995, e ainda no ano de 2005, ocorreram elevados decréscimos das

quantidades produzidas de arroz, consequência da acentuada redução da área por falta de

água, tal como demonstra a figura 10.

Evolução da Produção e da Produtividade em Portugal

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

(ton)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

(kg/ha)

Produção (ton) Produtividade (Kg/ha)

Fig. 11 : Evolução da produção e da produtividade da cultura do arroz em Portugal de 1986 a 2006. Fonte: INE.

Através da observação da figura seguinte verificamos que a maior produção de arroz ocorre

no Alentejo.

22%

7%

70%

1%

Centro

Lisboa

Alentejo

Algarve

Fig. 12 : Distribuição por zonas geográficas da produção de arroz no ano 2006. Fonte: INE.

Page 35: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

25

No Vale do Sado a cultura abrange uma área entre os 9 000 e 10 000 hectares. A área

abrangida pelo perímetro de rega do vale do Sado corresponde a cerca de 5 300 hectares

com água proveniente de duas barragens: a do Pego do Altar e a de Vale de Gaio com

capacidades para 94 milhões e 63 milhões de metros cúbicos, respectivamente. A restante

área, 3000 a 4000 mil hectares, é regada quer a partir do rio, em zonas onde a salinidade já

não se faça sentir ou a partir de furos próprios (Associação de Regantes e Beneficiários do

Vale do Sado, Alcacér do Sal, 2007).

Nesta região, Vale do Sado, a principal cultura de regadio é o arroz, tal com podemos

observar na figura 13.

Evolução das principais culturas e áreas regadas (ha)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Arroz

Milho

Tomate

Pomar

Girassol

Fig. 13 : Evolução das principais culturas regadas entre 1990 e 2001 no Vale do Sado. Fonte: dgadr (Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Geral).

A produção de arroz destina-se quase exclusivamente ao aprovisionamento da indústria

nacional de descasque e branqueamento.

Page 36: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

26

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Produção no Monte da Gaxa

Tal como referido anteriormente, acompanharam-se duas modalidades alternativas que se

designam por sementeira directa e convencional (esta última adaptada devido ao semeador

utilizado).

4.1.1. Localização

Fig.14: Figura adaptada de Google Earth, onde se encontram evidenciadas as 2 modalidades.

4.1.2. Caracterização Climática

O clima influência directa e indirectamente as mais variadas práticas agrícolas, sendo um

dos factores senão mesmo o factor que mais condiciona a actividade agrícola. Portanto,

vamos fazer a caracterização climática da região de Alcácer do Sal, na qual se inserem as

parcelas acompanhadas.

4.1.2.1 Localização da Estação Meteorológica

Para a escolha da estação meteorológica, procuramos a estação que fosse mais

representativa do clima que existe na zona onde se encontra a exploração em estudo, e de

acordo com esse objectivo escolhemos a estação de Alcácer do Sal.

Page 37: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

27

Características Gerais da Estação

Latitude : 38°23’ N

Longitude : 8° 31’

Altitude (m) : 51

Dados objecto de tratamento estatístico: 1958 – 1988

Altura do anemómetro (m) : 4

4.1.2.2 Temperatura

A temperatura varia de forma sazonal ao longo do dia e ao longo do ano, definindo-se

amplitudes de variação diurna e anual de temperatura.

A temperatura do ar varia durante o dia apresentando um mínimo pouco antes do nascer do

sol, e um máximo cerca de uma a duas horas depois do meio-dia solar.

Segundo Faria (1990) para o concelho de Alcácer do Sal a característica mais saliente do

clima regional é a nítida influência mediterrânica, traduzida por um Verão pronunciado e

seco e um Inverno relativamente ameno, reflectido por um risco de geada fraco a moderado.

Quadro 3: Temperaturas Mínima, Média e Máxima (1958-1988)

Temperaturas máxima, média e mínima

Fig. 15: Temperaturas Mínima, Média e Máxima (1958-1988)

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Ano

Temp. Mínima 5,2 6,3 7,6 8,9 11,0 13,6 15,3 15,4 14,3 11,4 8,3 5,0 10,2

Temp. Média 10,3 11,4 12,8 14,6 17,2 20,1 22,6 23,0 21,0 17,5 13,6 10,5 16,2

Temp. Máxim a 15,4 16,4 18,0 20,3 23,4 26,6 30,0 30,5 27,9 23,6 18,9 15,9 22,2

Page 38: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

28

Temperaturas máxima, média e mínima em 2007

Fig. 16: Temperaturas Mínima, Média e Máxima (2007)

As normais de temperatura da região, referentes ao período de 1958 a 1988, e nos meses

em que decorre o ciclo cultural do arroz, Maio a Setembro, apresentam a média das

máximas entre 23 e 31ºC, enquanto a média das mínimas varia entre os 11 e os 15ºC (Fig.

15).

Como podemos verificar pela observação das figuras 15 e 16, o ano em que decorreu o

acompanhamento da cultura, 2007, foi um ano típico da região embora com temperaturas

ligeiramente superiores.

Com o intuito de comprovar a adaptação da cultura àquela região iremos comparar as

temperaturas ao longo do ciclo cultural com as exigências da cultura descritas anteriormente

(2.2.1).

Na fase de emergência e estabelecimento o crescimento é muito sensível à temperatura.

Em Alcácer do Sal a temperatura média nesta fase (Maio) é aproximadamente 17ºC. Uma

vez que a sementeira é normalmente realizada entre fins de Abril e início de Maio, a fase de

germinação, emergência e pós-emergência decorre até finais de Maio. Este valor encontra-

se abaixo dos valores considerados óptimos mas acima dos mínimos, sendo no entanto a

média da temperatura mínima mensal do mês de Maio de 11ºC, valor dentro dos limites

mínimos necessários (Quadro 2).

As maiores exigências em calor verificam-se durante o afilhamento. No entanto nesta

região, a temperatura média mensal do mês de Junho, mês em que decorre o afilhamento, é

de 20ºC, valor inferior mas próximo do óptimo necessário para esta fase (Quadro 2), que se

prolonga ate ao inicio do mês de Julho, com temperaturas médias superiores.

Page 39: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

29

A fase de iniciação da panícula é muito sensível às temperaturas baixas, como foi descrito

anteriormente. Ora a temperatura média mensal do mês de Julho, período em que a meiose

pode ter ocorrido, é de 23ºC, sendo a média das mínimas de 15ºC. Estes valores estão

dentro dos limites admissíveis para esta fase.

Relativamente à fase de maturação, as temperaturas encontradas no arrozal em Alcácer do

Sal encontram-se dentro do intervalo óptimo necessário, no entanto a média da temperatura

máxima, para este período está acima do limite máximo admitido para esta fase do

desenvolvimento da planta (30ºC) no mês de Agosto e praticamente no limite máximo no

mês de Setembro (Quadro 2)

4.1.2.3 Precipitação

Quanto à precipitação (Fig. 17) claramente se verifica que o ano se divide em dois períodos

distintos: i) um chuvoso que é também frio; ii) um período seco que, corresponde à estação

quente, com maior número de horas de insolação mensal. Em termos de temperatura e

insolação é este o período mais adequado ao cultivo do arroz nesta região, sendo evidente

a necessidade de recorrer à rega para suprir a insuficiência de precipitação (e em parte,

controlar a temperatura) (Pereira, 1989).

0102030405060708090

100

Pre

cipi

taçã

o m

édia

tota

l (m

m)

Meses

Evolução da Precipitação média total ao longo do an o

Fig. 17: Evolução da Precipitação Média Total

A realização da sementeira no mês de Abril pode ter inconvenientes devido às baixas

temperaturas que ainda ocorrem neste mês, levando a elevadas perdas na germinação e

emergência e prolongamento desta fase. No entanto, o atraso da sementeira para o mês de

Maio poderá vir a prolongar a colheita para o mês de Outubro, o que traz novamente

inconvenientes devido à frequente existência de precipitação neste mês, o que torna difícil a

colheita.

Page 40: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

30

4.1.2.4 Insolação

Para a nossa região foi registado o valor de 3019,8 horas de insolação real anual, e a sua

distribuição anual apresenta-se na figura 18.

Insolação Real

0

100

200

300

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezNº

de h

oras

de

sol (

h)

Fig. 18: Insolação Real

Como é possível observar na figura anterior, é durante o período que a cultura se encontra

no campo que o número de horas de insolação mensal é mais elevado, dai este não ser um

factor limitante em Portugal, e consequentemente em Alcácer do Sal.

4.1.3. Caracterização edáfica

O solo da exploração agrícola estudada é hidromórfico que se caracteriza por estar sujeito

ao encharcamento temporário ou permanente devido a movimentos ascendentes de água

que provocam intensos fenómenos de redução em todo, ou parte do seu perfil. Os solos

onde foram efectuadas as produções de arroz acompanhadas neste trabalho contêm baixo

teor de matéria orgânica e textura grosseira responsável por uma elevada permeabilidade.

Relativamente ao pH não é necessário preocupar-nos devido ao alagamento permanente da

cultura, o que torna o pH do solo próximo da neutralidade, tal como foi referido

anteriormente (2.4.2).

4.1.4. O material vegetal

A escolha da cultivar a usar é função da sua capacidade produtiva, da qualidade do grão

(dependentes por sua vez de outras características como a precocidade, resistência à

acama, resistência ao desgranamento, resistência ao frio e à salinidade, e bom

comportamento em relação à brança) e das condições climáticas.

Page 41: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

31

Durante o período experimental foi utilizada a cultivar “Euro” (Anexo 2), cultivar do tipo

japónica. Comercialmente este arroz é do tipo longo A e apresenta um ciclo vegetativo de

aproximadamente 143 dias, sendo por isso considerada semi-precoce.

Variedade Euro

Classificação comercial: Longo A (Carolino).

Ciclo vegetativo: ± 143 dias.

Período Sementeira/Espigamento: ± 90 dias.

Período Espigamento/Maturação: ± 53 dias.

Altura da planta: ± 56 cm (Muito Baixa)

Afilhamento: 2 filhos (Fraco)

Comportamento da panícula: semi-erecto

Aristamento da panícula: mútica

Comprimento do grão: 6,2 mm

Largura do grão: 2,4 mm

Forma do grão (comprimento/largura): 2,6

Peso de 1000 grãos: 27,5 g

Resistência à acama: moderadamente resistente

Resistência à helmintosporiose: moderadamente resistente

Resistência à piriculária: resistente

Resistência à fusariose: moderadamente resistente

Resistência ao desgranamento: regular

Teor em amilose: 17%

Produção: 6 400 Kg/ha (Muito alta)

Rendimento industrial: 68,2%

4.1.5. Delineamento experimental

4.1.5.1 Modalidades de ensaio

As sequências de operações culturais e máquinas agrícolas usadas na produção de arroz,

no Monte de Gaxa, estão representadas nos seguintes quadros.

Page 42: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

32

Quadro 4: Sequência de operações culturais e máquinas agrícolas utilizadas no Monte de Gaxa.

SEMENTEIRA CONVENCIONAL SEMENTEIRA DIRECTA

LAVOURA Tractor 150 Cv + Charrua de aivecas 4F-13"-180H (25 cm)

QUEIMA DA PALHA

PASSAGEM COM ROLO

GRADAGEM Tractor 150 Cv – 4 RM + Grade de discos offset 32 discos – 26"

NIVELAMENTO Tractor 100 Cv - 4 RM + Lâmina niveladora / Sistema laser

1ª APLICAÇÃO DO HERBICIDA Tractor 150 Cv com rodas de borracha + Pulverizador (1200 l)

SEMENTEIRA EM SECO Tractor de 150 Cv + Semeador 750 A (Jonh Deere)

2ª APLICAÇÃO DO HERBICIDA Tractor de 65 Cv com rodas em cunha + Pulverizador (1200 l)

ADUBAÇÃO DE COBERTURA Tractor de 65 Cv com rodas em cunha + Distribuidor centrífigo (1 disco)

Quadro 5: Datas de aplicação e doses de alguns factores de produção utilizados no Monte de Gaxa

SEMENTEIRA CONVENCIONAL SEMENTEIRA DIRECTA

1ª aplicação de herbicida

30/04/2007 6 l/ha

(glifosato)

30/04/2007 6 l/ha

(glifosato)

data quantidade

subst. activa

Sementeira 1/05/2007 176 Kg/ha Cult. Euro

1/05/2007 176 Kg/ha Cult. Euro

data quantidade variedade

1ª adubação de cobertura

29//05/2007 350 kg/ha 21:8:10

29/05/2007 350 kg/ha 21:8:10

data Quantidade

Tipo de adubo

2ª aplicação de herbicida

30/05/2007 2 l/ha

(penoxsulame)

30/05/2007 2 l/ha

(penoxsulame)

data Quantidade

s. a.

2ª adubação de cobertura

2/07/2007 180 Kg/ha

Sulfamido (40%N)

2/07/2007 180 Kg/ha

Sulfamido (40%N)

data quantidade

tipo de adubo

4.1.5.2. Preparação do solo

A preparação do terreno (sementeira convencional) foi feita de forma a se obterem as

melhores condições para a germinação e desenvolvimento das plantas, compreendendo as

seguintes operações: lavoura, gradagem e nivelamento do terreno.

Page 43: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

33

A lavoura, realizada no mês de Abril, foi feita com o objectivo de descompactar o solo até

uma profundidade de 25 cm aproximadamente (a existência de um imperme a esta

profundidade permitirá reduzir o consumo de água de rega), visando facilitar o

desenvolvimento radicular e, ainda, incorporar as infestantes e os resíduos vegetais no

terreno provenientes da campanha anterior.

As gradagens seguintes têm como objectivo promover o destorroamento, nivelamento e

esmiuçamento do solo lavrado.

Devido ao sistema de rega empregue na cultura do arroz, descrito anteriormente em 2.4, o

nivelamento do solo representa uma das principais operações, permitindo o correcto

controlo da água, reduzindo o seu consumo, e melhora o controlo das infestantes. Segundo

Datta (1986) um nivelamento preciso, orientado por raios laser, permite ainda melhorar a

germinação e o desenvolvimento da plântula.

Ainda, com o intuito de homogeneizar a distribuição de água no canteiro, uma vez que o

canteiro tinha uma área elevada (13 ha) e apenas continha uma entrada de água, foram

feitos um rego no alinhamento da boca de água do canteiro e dois perpendiculares a este.

Relativamente a isto, não sei até que ponto os regos junto aos muros seria benéfico uma

vez que apesar de realizarem o mesmo efeito dos existentes e a dificuldade de secagem

dos canteiros existirem de igual modo, ajudariam a combater o aparecimento de

determinadas infestantes que surgem predominantemente nessa zona, como é o caso do

escalracho.

Relativamente à sementeira directa, a primeira operação realizada foi a queima da palha da

campanha anterior deixada nos canteiros uma vez que esta constitui uma barreira para a

passagem de luz e para a emergência do arroz. Esta operação foi feita logo assim que

acabou a campanha anterior. Só alguns dias antecedentes à sementeira, procedeu-se à

passagem de um rolo para atenuar os sulcos deixados pelos rodados da ceifeira na colheita

anterior.

4.1.5.3 Adubação

A adubação deveria ser feita de acordo com uma análise de terra realizada antes de

qualquer técnica cultural efectuada, pois assim esta seria realizada com maior rigor. No

entanto a exploração em estudo não recorreu a esta análise.

Page 44: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

34

Relativamente à adubação, não se utilizou adubação de fundo, apenas sendo realizada a

primeira adubação de cobertura 28 dias após a sementeira. Esta decisão poderá ter

prejudicado o desenvolvimento das plantas uma vez que se encontravam em solos de

textura mediana, e portanto não muito férteis (com baixos teores em matéria orgânica) e

onde ocorrem lixiviações devido ao permanente alagamento dos canteiros, e durante esse

período as plantas necessitam de alimento. Esta afirmação foi confirmada na campanha

seguinte, pois com a realização de adubação de fundo obteve-se melhores resultados em

relação à germinação, afilhamento e produção final.

A adubação de cobertura foi realizada em duas aplicações tendo sido a primeira na fase de

afilhamento do arroz, a 29 de Maio. Nesta aplicação foram aplicados 350Kg/ha de adubo

composto 21:8:10, ou seja, foram adicionados cerca de 73,5Kg/ha de azoto, 28Kg/ha de

fósforo e 35Kg/ha de potássio. Relativamente à segunda aplicação de adubo de cobertura,

foram aplicados no solo 180Kg/ha de Sulfamido (40% de azoto amoniacal), ou seja, 72Kg/ha

de azoto. No total de adubação azotada foram aplicados cerca de 145 Kg/ha de azoto, valor

indicado para a obtenção de 7 toneladas por hectare (cerca de 20 kg de N por tonelada de

grão produzido).

4.1.5.4 Sementeira

A sementeira, quer a convencional quer a directa, foram realizadas no dia 1 de Maio, em

linhas, com uma distância de 16,6 cm na entrelinha e com uma profundidade de sementeira

de 2-3 cm. O semeador (Anexo 3) utilizado foi um semeador de linhas pneumático

possuindo uma largura de trabalho de 4 m (24 linhas). Os corpos de sementeira permitem

uma localização perfeita da semente e um excelente contacto com a terra. Este semeador

pode ser utilizado quer em sementeira directa, obtendo todos os benefícios económicos e

agronómicos desta, quer após uma preparação do terreno aproveitando a enorme precisão

deste semeador.

4.1.5.5 Monda Química

São várias as substâncias activas utilizadas no arroz, mas apenas limitamo-nos a descrever

neste trabalho o tratamento que foi efectuado durante este ciclo cultural.

Inicialmente foi aplicado glifosato antes da sementeira, tendo como objectivo matar qualquer

tipo de plantas. Posteriormente, na fase de afilhamento da cultura, foi aplicado um novo

herbicida selectivo (s.a. penoxsulame) para o arroz, sendo este um herbicida de pós-

emergência, sistémico, e de rápida absorção pelas folhas, caules e via radicular.

Page 45: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

35

1- Luta contra as infestantes

o Glifosato – herbicida pós-emergente classificado como não selectivo e de acção

sistémica. Apresenta um largo espectro de acção, o que possibilita um excelente

controlo de ervas daninhas anuais ou perenes, tanto de folhas largas como estreitas.

Este herbicida foi aplicado através de um pulverizador, montado no tractor, imediatamente

antes da sementeira. No entanto, é conveniente referir que o herbicida só foi aplicado na

sementeira convencional uma vez que a mobilização do solo foi efectuada cerca de 20 dias

antes da sementeira e, por isso, já haviam infestantes à superfície.

o penoxsulame – herbicida selectivo para tratamento de pós-emergência, sistémico e

residual.

O penoxsulame é um herbicida, aplicado em pós-emergência, com elevada eficácia contra

as echinochloas, ciperáceas e infestantes de folha larga. Este herbicida foi aplicado através

de um pulverizador associado ao tractor. No entanto para melhorar a sua eficiência foi

necessário baixar o nível de água da parcela a tratar ao máximo de forma a que este, o

herbicida, entre em contacto com todas as infestantes (gramíneas e dicotiledóneas).

È conveniente salientar que será benéfico regular o pulverizador, pelo menos de 2 em 2

anos, de forma a aplicar-se a quantidade de herbicida pretendida.

4.2. Colheita

A época da colheita tem a maior importância na valorização final do produto, sendo esta

influenciada em grande parte pela oportunidade da ceifa e preparação para o descasque.

Quando o arroz atinge a fase de maturação, ocorre uma acumulação de reservas no fruto

juntamente com uma diminuição ou mesmo paragem da função radicular. O grão do arroz

passa do estado leitoso inicial às fases pastosa, semi-dura e dura, quando a maturação está

definitivamente completa. Com o decorrer da maturação diminui a percentagem de

humidade contida nas cariopses.

À medida que a fase de maturação vai avançando, diminui a percentagem de grãos verdes

e gessados. No entanto, a melhor época da colheita não corresponde necessariamente a

uma maturação intensa uma vez que esta conduz frequentemente a baixos rendimentos

industriais e elevada percentagem de partidos. Rendimento industrial é a quantidade de

arroz branco obtido nas operações de descasque e branqueamento, com a intensidade de

desgaste estabelecida para a cultivar.

Page 46: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

36

A colheita do arroz deve ser feita quando a humidade do bago oscilar entre os 18% e os

22%, porque para valores abaixo deste intervalo obtêm-se uma elevada percentagem de

trinca (bago que não pode ser considerado perfeito, ou seja, bago partido), e acima deste a

percentagem de impurezas vai ser muito elevada, nomeadamente a de arroz em estado

leitoso (maturação incompleta), que afecta o rendimento industrial global e,

consequentemente, o comportamento industrial correspondente.

Na exploração acompanhada neste estudo, a ceifa foi realizada mecanicamente através de

uma ceifeira debulhadora quando o arroz estava, sensivelmente, entre os 18 e os 22% de

humidade.

4.3. Análise da Produção e suas Componentes

4.3.1. Introdução

Neste capítulo pretende-se estudar a produção e as suas componentes, das sementeiras

convencional e directa, já apresentadas anteriormente, cujo ciclo cultural decorreu no Monte

de Gaxa, situado no Vale do Sado.

Em primeiro lugar fizemos uma análise à população de plantas assim como a sua evolução

ao longo do ciclo cultural, pois a produção final será fortemente condicionada por esta

evolução devido às perdas que vão ocorrendo. Assim, primeiro fizemos a análise à

população e posteriormente à produção final onde iremos verificar o efeito da primeira sobre

a segunda.

A população de plantas existentes no canteiro referente a cada modalidade foi então medida

em três fases distintas do ciclo cultural: à sementeira, à emergência e à colheita. A

contagem feita nesta última fase vai permitir estimar a produção final e conhecer as suas

componentes (Luzes, 1990).

4.3.2. Parâmetros Avaliados

Para a realização das várias determinações utilizamos o canteiro referente à sementeira

convencional e o de sementeira directa, pois apenas possuíamos um canteiro para cada

modalidade.

Page 47: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

37

A população semeada ou potencial foi determinada através da quantidade de semente

usada na sementeira e no peso de 1000 sementes (cultivar Euro=27,5g).

A população emergida foi determinada pela contagem directa do número de plantas e

realizou-se quando estas tinham entre 2 e 4 folhas, antes do afilhamento, visto que a partir

dai seria difícil diferenciar as plantas. Esta contagem foi realizada em 25 medições, por

modalidade, sobre áreas elementares de 0,25 m2. A população emergida surge aqui como

óptimo estimador da densidade de plantas, ou seja, número de plantas/m2 (Luzes, 1990).

A emergência de campo foi determinada com base na razão entre o número de plantas

individuais emergidas e o número de semente semeadas (Huey, 1977).

Da população emergida à colhida há que considerar o grau ou intensidade de afilhamento

medido através do número de colmos por unidade de área. Esta medição foi realizada na

fase de pleno afilhamento, sobre 10 áreas elementares de 0,25 m2 para cada modalidade.

Por último, como indicador da população à colheita utilizou-se o número de panículas por

unidade de área, determinada numa colheita, aquando da colheita mecânica realizada na

exploração. Esta colheita foi realizada sobre 5 áreas elementares de 0,25 m2 para cada

modalidade (10 no total), debulhadas manualmente, procedendo-se de seguida a secagem

do grão. Para cada amostra foram separadas 10 panículas (50 por modalidade) onde foram

contados o número de grãos (cheios e falidos) obtidos e, depois da debulha e secagem, a

palha resultante de cada amostra também foi pesada depois de seca.

A matéria seca (M.S.) da palha e do grão foi determinada após 72 horas na estufa a 75ºC,

com pesagem posterior em balanças digitais.

O tratamento estatístico foi feito com recurso ao programa SPSS 15.0. O tratamento

envolveu o cálculo de parâmetros de estatística descritiva, a análise de variância das

médias (ANOVA) e o teste de homogeneidade de variâncias (revela se as modalidades

diferem ou não significativamente). Se, com a realização do teste de homogeneidade de

variâncias, o nível de significância for inferior a 0,05, podemos concluir que as modalidades

são significativamente diferentes para um determinado parâmetro. Quando as variâncias

são homogéneas (p.>0,05) faz-se uma análise de variância para verificarmos se os

parâmetros estudados diferem consoante a modalidade (p<0,05) ou não (p>0,05). Foram

ainda realizadas regressões lineares simples para verificar a natureza de algumas relações

(anexos 3 e 4).

Page 48: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

38

4.3.3. Resultados e Discussão

4.3.3.1. Análise da População

Ao realizar-se uma análise da população deve não só ser definida a densidade de plantas,

ou o número de plantas por unidade de área, mas também o arranjo espacial destas no

terreno (Willey e Heath, 1970). Abordaremos apenas o primeiro aspecto, pois numa planta

com elevado afilhamento a importância da uniformidade de população é reduzida, quando

comparada com culturas menos plásticas como o milho ou o girassol (Counce et al, 1989).

As perdas da população semeada ou potencial relativamente à emergência foram elevadas

principalmente na sementeira directa, como se pode verificar pela baixa emergência de

campo (quadro 6 e fig. 19), cerca de 48% para a sementeira directa e 65% para a

sementeira convencional.

Quadro 6: População semeada e emergida e emergência de campo, para as diferentes modalidades.

*Médias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de probabilidade de 0,05.

Fig. 19: Diferenças entre as várias modalidades relativamente ao número de plantas emergidas.

As modalidades partiram da mesma população potencial mas como a emergência de campo

é superior na sementeira convencional em relação à sementeira directa, faz com que a

primeira fique em ligeira superioridade, ou seja, surja uma maior população emergida. Com

a realização do teste ANOVA (anexo 5), em que a variável dependente é o número de

plantas emergidas por unidade de área (m2) e o factor é a modalidade, verificamos que o

número médio de plantas emergidas é de 414 na sementeira convencional e 304 na

sementeira directa. O total da amostra é de 50 contagens e o número médio global de

Modalidade População Semeada População Emergida

Plantas/m 2 Emergência

de Campo % Kg/ha Sementes/m 2 Sementeira Convencional 176 640 414 a 65

Sementeira Directa 176 640 304 b 48

Page 49: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

39

sementes germinadas é de 359. O teste de homogeneidade de variâncias revela que estas

diferem significativamente entre os grupos, dado que o nível de significância é inferior a

0,05.

Como a maioria dos factores são iguais, o arejamento do solo poderá ser o factor

determinante para esta superioridade de sementes germinadas na sementeira convencional

em relação à sementeira directa, uma vez que a lavoura e as gradagens contribuem para a

melhoria da porosidade total. Por outro lado, relativamente à sementeira directa, a palha da

anterior campanha dificulta, ou mesmo impede, a passagem de luz e a emergência do arroz,

apesar da queima da palha efectuada atenuar este efeito.

É de grande interesse encontrar uma explicação para valores tão elevados de perdas entre

a sementeira e a emergência. Huey (1977) referindo-se à região do Arkansas (E.U.A.),

admite em média uma perda de 73% desde a sementeira até à emergência, para um

esquema cultural clássico, valor este muito superior ao ocorrido na sementeira

convencional. Caso se opte por uma sementeira em linhas com alagamento 25 dias depois

(método acompanhado neste estudo), as perdas de plantas são praticamente nulas (Jones e

Snyder, 1987). No entanto estes valores não foram confirmados neste estudo.

Da população emergida à colhida há que considerar a intensidade ou grau de afilhamento

medido através do número de colmos por unidade de área (Quadro 7 e Figura 20), função

do ambiente cultural e da cultivar utilizada (Luzes, 1990).

Quadro 7: Grau de afilhamento (caules/planta) medido na fase de afilhamento da cultura.

Modalidade Plantas/m 2 Caules/m 2 Caules/Planta

Sementeira Convencional 414 a 894 a 2,2 a

Sementeira Directa 304 b 597 b 2,0 a *Médias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de probabilidade de 0,05.

Fig. 20: Diferenças entre as modalidades relativamente ao afilhamento.

Page 50: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

40

No afilhamento consideram-se insignificativas as perdas da população relativamente à

população emergida (plantas/m2), dai não se contar novamente o número de plantas após o

afilhamento. O número médio de caules/m2 foi 894 na sementeira convencional e 597 na

sementeira directa. Através do tratamento estatístico verificamos que a planta tem pouca

plasticidade de resposta através da variação do número de caules/planta (afilhamento). No

entanto, esta conclusão geral, em certa medida, é desmentida quando observamos a

variação conjunta do número de plantas/m2 e caules/m2 por modalidade.

A plasticidade do número de caules por m2 é elevada (Couce, 1987), por exemplo quanto

maior for o espaçamento entre plantas, maior será o grau de afilhamento, considerando os

restantes factores constantes. No campo obtiveram-se resultados que apoiam esta

implicação, existindo uma variação linear decrescente entre o número de caules por planta e

o número de plantas por unidade de área em ambas as modalidades (figura 21).

Fig. 21: Variação do número de caules por planta em função do número de plantas por m2, para as duas

modalidades.

O número de panículas por unidade de área permite estimar correctamente a produção (De

Datta, 1986). Os dados referentes às duas modalidades estudadas apontam para uma

superioridade da sementeira convencional, só conseguida por menores perdas de plantas

da emergência à colheita e por um grau de afilhamento superior à sementeira directa, pois

inicialmente as duas modalidades tinham igual população potencial.

Através da análise da população à colheita verifica-se que ocorreram novamente perdas

relativamente ao número de panículas esperado (quadro 8 e fig. 22), devido ao número de

caules obtidos na medição anterior. Estas perdas resultam não só da redução do número de

plantas mas também devido ao facto de nem todos os caules desenvolverem panículas.

Sementeira directa y = -0,0027x + 3,5896R2 = 0,6875

0,000

0,500

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Plantas/m 2

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Page 51: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

41

Quadro 8: População à colheita para as duas modalidades efectuadas. A segunda e última coluna demonstram a quebra que ocorreu do número de caules por unidade de área para o número de panículas por unidade de área.

Modalidade Caules /m 2 População à Colheita (Panículas/m 2)

Quebra na População à colheita (%)

Sementeira Convencional 894,0 a 644,0 a 28

Sementeira Directa 597,2 b 262,4 b 56 *Médias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de probabilidade de 0,05.

Fig. 22: Diferenças entre as várias modalidades relativamente à população à colheita.

Tal como nos indica a figura seguinte, os dados referentes ao ensaio apontam para uma

superioridade do número de panículas/m2 da sementeira convencional em relação à

sementeira directa, conseguida por um elevado número de plantas emergidas/m2 e por um

grau de afilhamento também superior.

Fig. 23: Resumo dos vários indicadores da análise da população: população semeada (sementes/m2), população

emergida (plantas/m2), afilhamento (caules/m2) e população à colheita (panículas/m2).

Page 52: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

42

4.3.3.2. Análise da Produção Final

A produção final pode ser avaliada por unidade de área ou por planta, apesar do primeiro

critério ter maior interesse agronómico. Na cultura do arroz os principais componentes da

produção são: a população à colheita, anteriormente estudada, o número de grãos por

panícula e o peso de 1000 grãos. Este último parâmetro é normalmente pouco plástico,

sofrendo apenas variações se a nebulosidade for intensa (Counce et al, 1989; Jones e

Snyder, 1987). O número de grãos por panícula varia em sentido oposto ao número de

panículas por unidade de área, permitindo assim que a produção final seja relativamente

independente da população à colheita para uma gama aceitável de plantas emergidas

(Jones e Snyder, 1987). Por este motivo pode não ser correcto estimar a produção com

base na população à colheita como adiante veremos.

A produção de grão por unidade de área foi grandemente superior na sementeira

convencional relativamente à sementeira directa, tal como se esperava (Quadro 9; 6032.8

Kg/ha na sementeira convencional e 3700 Kg/ha para a sementeira directa).

Quadro 9: Índice de colheita e suas componentes, expressos em matéria seca (g/m2). A produção final

corresponde à coluna M.S. do Grão (g/m2).

Modalidade M.S. Grão (g/m 2)

M.S. Palha (g/m 2)

Total de M.S. Produzida (g/m 2)

Índice de Colheita (%)

Sementeira Convencional 603,28 a 633,92 a 1237,20 a 48,76 a

Sementeira Directa 370,00 b 393,60 b 763,60 b 48,45 a *Médias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de probabilidade de 0,05.

A relação entre a matéria seca do grão e o total de matéria seca produzida representa o

índice de colheita. Segundo De Datta (1986), a radiação solar durante a fase reprodutiva

representa o principal factor responsável pelo decréscimo do índice de colheita.

Fig. 24: Análise da Produção: as componentes do índice de colheita.

Page 53: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

43

A produção de grão por panícula (quadro 10) foi superior na sementeira directa, resultado de

um maior número total de grãos e de um menor número de grãos falidos. Este resultado

deve-se ainda ao facto de, nesta modalidade, haver um menor número de plantas

emergidas por unidade de área, comparativamente com a restante modalidade.

Quadro 10: Análise da produção por panícula, em número de grãos, para as quatro modalidades.

Modalidade Grãos/Panícula

Grãos Falidos / Panícula (%)

Sementeira Convencional 54,02 a 7,96 a

Sementeira Directa 66,16 b 3,90 a *Médias seguidas da mesma letra não são significativamente diferentes ao nível de probabilidade de 0,05.

No entanto, como já se afirmou e se pode observar no quadro 15, a produção final da

sementeira convencional foi superior à sementeira directa, apesar da produção por panícula

ser inferior. Esta relação é consequência das diferenças encontradas na população à

colheita (panículas/m2), e do seu efeito na produção, já mencionado, que será analisado

seguidamente.

4.3.3.3. Análise dos Efeitos da População Final

Numa primeira análise dos efeitos da população na produção final podemos concluir o

seguinte: ambas as modalidades partiram da mesma população potencial, no entanto, na

sementeira directa ocorreram maiores perdas na população emergida, ficando a sementeira

convencional em ligeira superioridade. Ainda, o maior grau de afilhamento na sementeira

convencional, assim como uma menor quebra no número de caules que não originaram

panícula, levou a uma maior população à colheita relativamente à sementeira directa.

Figura 25: Variação da produção final (g/m2) com a população à colheita nas duas modalidades.

Page 54: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

44

Como se pode observar na figura 25, um maior número de panículas por unidade de área

pode significar uma maior produção final, estando estas duas variáveis melhor

correlacionadas na sementeira convencional do que na sementeira directa.

Ao analisar a produção por panícula verificamos que esta é superior na sementeira directa,

o que se pode considerar resultado de um menor número de panículas por unidade de área.

No entanto, este valor superior na produção por panícula não traduz uma maior produção

final devido à baixa população à colheita, comparativamente à sementeira convencional.

Convém salientar que, não foi possível comparar o rendimento industrial obtido nas

diferentes modalidades, o qual poderia influenciar o rendimento bruto.

As conclusões relativamente à análise da população deste estudo podem ser apresentadas

em esquema evidenciando as diferenças entre as modalidades (fig. 26).

População

Semeada

SEMENTEIRA = SEMENTEIRA

CONVENCIONAL DIRECTA (Sementes/m2) População

Emergida

SEMENTEIRA > SEMENTEIRA

CONVENCIONAL DIRECTA (Plantas/m2) Grau de afilhamento Médio Baixo

População à Colheita

SEMENTEIRA > SEMENTEIRA

CONVENCIONAL DIRECTA (Panículas/m2)

Fig. 26: Esquema com as principais conclusões relativamente à análise da população.

Page 55: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

45

5. ANALISE ECONÓMICA

5.1. Contas de Cultura

Para concluir o objectivo deste trabalho torna-se imprescindível, após a análise da produção

final, uma análise económica para estabelecer as contas de cultura, determinando assim o

seu resultado líquido.

Foram feitas contas de cultura distintas para as duas modalidades efectuadas, com base em

valores médios aproximados de quantidades unitárias e de preços unitários da região de

Alcácer do Sal.

As contas de cultura (Quadros 13 e 14) encontram-se divididas pelas fases culturais de

Preparação do Solo, Fertilização, Sementeira, Amanhos Culturais, Colheita e Secagem.

Cada uma destas fases está dividida em operações com uma determinada data de

ocorrência.

Para a realização das operações culturais, a exploração acompanhada (Monte de Gaxa)

recorre a Meios Humanos, ao equipamento que possui, a Equipamento Exterior e a

Matérias-primas.

Nem todas as operações indicam o tempo e o custo dos meios Humanos porque este

parâmetro está incluído no tempo e custo do equipamento, tanto das explorações como do

exterior.

Relativamente aos custos com o Secador, equipamento da própria exploração, foi

considerada a tarifa de 0,03€/kg.

O Monte de Gaxa receberá um subsidio por produzir arroz de 741,17 €/ha e de 811,61 €/ha

para sementeira convencional e directa, respectivamente. O seu pagamento é feito de 1 de

Setembro da campanha até 31 de Agosto do ano seguinte ao da campanha, tendo o pedido

de pagamento de ser acompanhado da factura de venda, que deve ter indicação do

respectivo teor de humidade e a quantidade.

Page 56: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

46

5.2. Determinação do resultado líquido da cultura

O resultado líquido da cultura corresponde à subtracção do resultado bruto (preço x

produção final expressa em matéria seca) os encargos totais em máquinas, materiais e

mão-de-obra.

Relativamente à sementeira convencional, pela observação do quadro 11, verificamos que a

preparação de solo, principalmente o nivelamento, representa um custo elevado na

produção desta cultura. No entanto, em ambas as modalidades estudadas, outros factores

contribuem, e muito, para o acréscimo da conta de cultura, tais como a fertilização, a rega, a

colheita e a secagem. De seguida apresentamos o modo como estão repartidos os custos

de produção, tanto na sementeira convencional como na directa.

Quadro 11: Custo de produção e repartição dos custos de produção em ambas as modalidades.

OPERAÇÕES

Modalidade (euros/ha) Repartição dos Custos de Pro dução

S. Convencional (euros/ha)

S. Directa (euros/ha)

S. convencional (%)

S. Directa (%)

Prep. de Solo 220 25 13,6 1,8 Fertilização 229,3 229,3 14,2 16,5 Sementeira 195 195 12,0 14,0

Monda Química 177 177 10,9 12,7 Rega 304 304 18,8 21,9

Colheita 310 310 19,1 22,3 Secagem 184 156 11,4 10,8

Total 1619,3 1396,3 100 100

A rega representa o 2º lugar no que diz respeito às despesas totais da produção, devido não

só ao custo de mão-de-obra (arrozeiro) como principalmente ao elevado preço da água

conjugado com a elevada quantidade de água utilizada nesta cultura.

A sementeira também representa uma despesa significativa da produção total devido,

essencialmente, ao preço da semente. No entanto, a colheita representa o custo mais

elevado na produção total.

Procurámos traduzir o resultado através do rendimento líquido obtido pelo agricultor,

referente a cada modalidade, tendo por base a produção obtida (Quadro 12).

O rendimento bruto da cultura foi obtido através da razão da produtividade de cada

modalidade e do preço por kg de arroz (0,30€), pois consideramos este preço uma vez que

não tivemos acesso aos valores reais do preço do arroz retirados daqueles canteiros.

Page 57: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

47

Quadro 12: Cálculo do resultado líquido para as duas modalidades.

Modalidade Rendimento

Bruto (€/ha)

Total de Encargos

(€/ha)

Ajudas à Cultura (€/ha)

Resultado Líquido sem

Ajudas (€/ha)

Resultado Líquido com

Ajudas (€/ha)

S. Convencional 1839 1611,5 528,17 213,0 741,17

S.Directa 1560 1396,1 641,71 169 ,9 811,61

Relativamente às ajudas à cultura foi considerado os valores do novo quadro comunitário,

ou seja, o prémio específico para a produção de arroz é 453,75 €/ha, mais 4,80 €/ton.

Relativamente ao modo de sementeira directa existe uma ajuda suplementar, para áreas

semeadas inferiores a 50 hectares, como é o caso em estudo, de 118 euros por hectare.

Subtraindo ao rendimento bruto os encargos com a cultura obtemos o rendimento líquido.

Ao rendimento líquido é adicionado o pagamento compensatório feito pelo IFAP.

As diferenças verificadas ocorrem essencialmente devido às diferenças das ajudas à

produção nas duas modalidades e dos custos de preparação do solo. É preocupante o peso

que as ajudas representam no rendimento final do agricultor, não sabendo o que o futuro

nos reserva.

Esta cultura sem ajuda à produção, tal como se prevê a partir de 2013, poderá tornar-se

inviável economicamente, uma vez que os preços dos factores de produção tem tendência a

subir. Veja-se, por exemplo, o caso dos adubos que da campanha 2006/07 para a presente

aumentaram cerca de 45%. Isto vem confirmar a necessidade de aumentar a rentabilidade

dos factores aplicados, seja pelo aumento da capacidade produtiva dos solos (aumento do

seu teor em matéria orgânica) seja por uma melhor oportunidade da sua aplicação (como

das adubações de cobertura ou dos pesticidas).

Para produzir a baixo custo é necessário optar por técnicas conservadoras como a

sementeira directa podendo ter um papel importante que, para além de reduzir os custos de

produção, provoca a curto/médio prazo um aumento do teor do solo em matéria orgânica e,

consequentemente, um aumento do potencial produtivo do solo.

Page 58: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

48

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Page 60: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

50

6. FUTURO DA CULTURA DO ARROZ

Através do acompanhamento da evolução dos mercados agrícolas mundiais, nos últimos

tempos, temo-nos surpreendido pelos muito elevados crescimentos verificados nos

respectivos preços. Prevê-se que o preço do arroz continue a aumentar devido à subida das

cotações da gasolina e do petróleo, ao aumento da procura de alimentos por parte de uma

Ásia mais abastada, ao desvio de culturas agrícolas para a produção de biocombustíveis, ao

mau tempo e, ainda, devido à especulação no mercado de futuros.

A recente publicação das projecções realizadas pela OCDE-FAO e pelo FAPRI (Food and

Agricultural Policy Research Institute) para o período de 2007-2016 constituem uma

excelente base de reflexão sobre as tendências de evolução futura dos mercados dos

principais produtos agrícolas, no qual se insere a cultura do arroz.

Os elevados preços actuais de arroz são consequência de factores de natureza conjuntural

e estrutural. Os factores de natureza conjuntural estão relacionados com a quebra de

produção em vários países produtores, com a consequente baixa dos stocks mundiais, e a

diminuição das exportações mundiais (a Índia proibiu a exportação do seu arroz, excepto o

Basmati, e a Europa deixou de importar algumas variedades dos EUA, devido à detecção de

arroz geneticamente modificado na campanha anterior). Quanto aos factores de natureza

estrutural estão relacionados, quer com o crescimento esperado a nível mundial para a

produção de biocombustíveis (os principais países produtores são o Canadá, E.U.A. e

China), quer com a melhoria nos rendimentos e a alteração nos padrões de consumo

alimentar de parte crescente das populações dos países em vias de desenvolvimento.

As condições climatéricas adversas prejudicaram a produção de arroz em 2006,

principalmente nos principais países exportadores (Índia, Paquistão, Tailândia e E.U.A.), o

que levou a restrições temporárias às exportações e, consequentemente, as trocas

comerciais (circulação de arroz a nível mundial) baixaram cerca de 4%.

De acordo com a figura 27 podemos verificar que o preço do arroz, vai atingir o seu máximo

em 2008, seguindo de um decréscimo da ordem dos 10% até 2013.

Page 61: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

51

Fig. 27: Preços nominais de milho, trigo e arroz. Fonte:OCDE.

Será viável economicamente produzir arroz sem ajuda s à produção?

De acordo com o resultado líquido da cultura obtido anteriormente (6.2), verificamos que a

principal fonte de rendimento da cultura estudada é a ajuda à produção. Na medida em que

se prevê que esta ajuda acabe após 2013 começa a ser preocupante a produção desta

cultura nas nossas condições.

Considerando que o preço do arroz até 2013 decresce cerca de 10% (resultado apontado

nas projecções da OCDE), a taxa de câmbio se mantêm nos valores actuais

(1dolar=1,55usd) e a inflação dos factores de produção é cerca de 3%/ano temos, em 2013,

contas de cultura da ordem de 1868 € e 1612 € para a sementeira convencional e directa,

respectivamente (quadro 15).

Quadro 15: Valores relativos às contas de cultura de 2008 até 2013.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 Sementeira Convencional 1611 1660 1710 1761 1814 1868

Sementeira Directa 1390 1432 1475 1519 1565 1612

De seguida iremos fazer uma análise de sensibilidade que é um processo que permite

quantificar variações de resultados face a uma eventual variação na quantidade ou no preço

do respectivo produto final ou factores de produção nela utilizados (Avillez et al, 2004).

Neste estudo são apontadas como principais preocupações do empresário as flutuações

dos preços do arroz, da taxa de câmbio e dos factores de produção.

Page 62: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

52

Arroz em 2013 – S. Convencional Arroz em 2013 - Sementeira Directa Variação no Valor da Produção € Variação no Valor da Produção €

-15% 1406,75 -15% 1193,4

-14% 1423,3 -14% 1207,44

-12% 1456,4 -12% 1235,52

-10% 1489,5 -10% 1263,6

1839€ - 10% 0 1655 1560€ - 10% 0 1404

10% 1820,5 10% 1544,4

20% 1986 20% 1684,8

Variação nos Encargos € Variação nos Encargos €

-20% 1494,4 -20% 1289,6

-10% 1681,2 -10% 1450,8

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10% 2054,8 10% 1773,2

15% 2148,2 15% 1853,8

20% 2241,6 20% 1934,4 Fig. 28 : Análise de sensibilidade referente a flutuações no preço do arroz e factores de produção.

Através da figura anterior podemos verificar que, sem ajudas à produção, estas modalidades

só poderiam ser viáveis se se aumentar o valor da produção ou reduzir os encargos com a

produção cerca de 10%.

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53

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Seguidamente seguem-se algumas considerações sobre o que foi analisado durante este

acompanhamento de duas formas diferentes de produzir arroz, assim como a sua respectiva

análise económica.

A sementeira directa apresenta, logo à partida, vantagens relativamente à mobilização

convencional, tais como, a conservação do solo, a redução dos custos de produção e o

aumento da sustentabilidade ambiental. Relativamente à redução dos custos de produção,

esta deve-se, principalmente, à redução na potência dos tractores (energia); redução do

parque de alfaias e de mão-de-obra; e, ainda, à redução da água de rega e da quantidade

de adubos aplicados ao longo do tempo.

Ao observar o desenvolvimento das duas modalidades no campo, verificou-se que na

sementeira convencional a emergência das plantas foi rápida e homogénea, ou seja, a

cobertura “verde” do canteiro ocorreu rapidamente e todas as plantas se encontravam na

mesma fase de desenvolvimento. Relativamente à sementeira directa houve grande

dificuldade de emergência devido à palha da anterior campanha deixada nos canteiros,

apesar de grande parte dela ter sido queimada, o que constitui uma barreira para a

passagem de luz e à própria emergência.

Observando a análise de variância, a média da população emergida apresenta uma

diferença significativa, entre as duas modalidades. Pode-se então afirmar que as

modalidades, partindo da mesma densidade de sementeira e, consequentemente, da

mesma produção potencial, desenvolveram a sua produção de uma densidade de plantas

significativamente diferentes. Relativamente ao afilhamento não existem diferenças

significativas entre as modalidades e, portanto, o número de caules/planta não diferem

consoante a modalidade. No entanto, apesar das modalidades partirem da mesma

densidade de sementeira, desenvolveram a sua produção de uma densidade de plantas

significativamente diferentes, daí se obterem diferenças significativas entre as duas

modalidades ao nível do número de caules/m2 e de panículas/m2.

Relativamente à produção final e novamente observando a análise de variância, a diferença

entre as médias é significativa. Apesar da produção por panícula ser significativamente

superior na sementeira directa, não compensou a sua inferior população à colheita. Convém

referir que na realidade a sementeira convencional apresentou valores finais de produção de

6 130 Kg/ha (aproximado ao valor esperado com as colheitas realizadas manualmente)

Page 64: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

54

enquanto que, na sementeira directa a produção final foi de 5 200 Kg/ha (havendo nesta

modalidade uma maior discrepância de valores obtidos entre a colheita manual e a

mecânica).

Segundo Counce (1989), no caso do arroz e para densidades inferiores às 411 plantas/m2

as condições de crescimento são óptimas, principalmente porque os factores limitantes da

produção ainda não se fazem sentir, daí que na maioria destes casos se verifique uma

resposta assimptótica. Luzes (1990), apresenta no seu trabalho dois modelos de previsão

da produção, um com base no índice de área foliar máximo ocorrido e outro com base no

número de plantas por m2, pondo em questão a afirmação anterior, pois a radiação

corresponde a um factor limitante, fazendo sentir os seus efeitos para densidades muito

menores que as 411 plantas/m2, tornando a relação entre a densidade e a produção do tipo

parabólica. Com base em diversos autores (Barbier et al, 1990; Helms, 1990; Huey, 1977) o

valor óptimo situa-se entre 240 e 320 plantas/m2, variando o sistema de cultivo praticado, as

variedades utilizadas e o ambiente edafoclimático.

Neste trabalho, a sementeira convencional apresenta valores ligeiramente superiores ao

limite máximo de plantas/m2 apresentado por Counce (1989), podendo constatar-se que se

poderá estar a trabalhar exactamente no limite. No entanto, na sementeira directa obtivemos

valores óptimos segundo outros autores (Barbier et al, 1990; Helms, 1990; Huey, 1977).

Com base no estudo económico, podemos concluir que a sementeira directa poderá ser

uma alternativa, no entanto acreditamos que é necessário aprofundar os conhecimentos

acerca desta técnica com cautela.

Relativamente à sementeira convencional, acreditamos que é possível obter, pelo menos, 7

toneladas por hectare, valor que não foi atingido talvez devido ao facto de não se ter

utilizado uma variedade de arroz muito produtiva e, ainda, por não se ter efectuado uma

adubação de fundo no tipo de solo em que foi realizada a cultura. Esta afirmação foi, de

certa forma, confirmada pela campanha seguinte, 2008, em que foi realizada adubação de

fundo obtendo-se resultados superiores quer em emergência e afilhamento, quer em

produção final. Para além de se obter uma maior produção com esta modalidadee, ainda,

também é possível utilizar menos sementes uma vez que a taxa de germinação é muito

superior. Assim, podemos obter também um bom rendimento económico com esta cultura,

apesar da conta de cultura desta modalidade ser superior.

Page 65: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

55

8. CONCLUSÕES

O aumento dos custos em mão-de-obra e dos factores de produção leva a que, cada vez

mais, esta cultura seja feita apenas nas zonas de maior produtividade e/ou de menor custo,

que correspondem também a agricultores mais experientes e com maior formação técnica.

Nos processos culturais mais evoluídos existe uma constante procura, não de aumentar a

produção, que já se considera suficientemente alta, mas sim de diminuir os encargos, de

modo a aumentar a margem bruta. Em virtude disto surge a sementeira directa do arroz ou,

relativamente à preparação tradicional tenta-se aumentar a emergência de campo,

reduzindo a quantidade necessária de semente e, ainda, com a sementeira em seco reduz-

se o consumo de água quando comparada com a sementeira em água devido à

evapotranspiração ocorrida desde os dias antecedentes à sementeira até ao inicio do

afilhamento ocorrida neste ultimo tipo de sementeira.

Ao longo do trabalho foram referidas as diferentes conclusões respeitantes a cada análise.

No entanto, achamos conveniente reter algumas ideias base consequência de todos os

resultados apresentados.

A tecnologia de produção denominada sementeira convencional, influencia a cultura

principalmente na sua primeira fase, de germinação e emergência limitando as perdas da

população semeada ou potencial para a população à colheita. Devido ao elevado custo que

a semente representa é necessário saber qual a melhor densidade a utilizar para obter a

produção desejada. Esta modalidade apresentou valores ligeiramente superiores ao limite

máximo de plantas/m2 apresentado por Counce (411 plantas/m2), podendo constatar-se que

se poderá estar a trabalhar exactamente no limite.

Ao considerar a contínua diminuição das disponibilidades de água (e o seu possível

aumento de preço) que se fazem sentir em alguns anos e a elevada representação nos

custos da cultura que a utilização da água revela poderá vir a ser solução, ou uma outra

técnica de produção de arroz em que se diminua o consumo de água, ou mesmo uma

reconversão cultural. Luzes (1990) sugeriu e Machado (1991) ensaiou no seu trabalho a

sementeira com enterramento da semente e alagamento na fase de quatro folhas (flushing

system). O alagamento neste sistema apenas se realiza no início do afilhamento, obrigando

ao enterramento da semente, sendo a sementeira realizada por um semeador de linhas

(sementeira convencional). Conseguindo-se assim reduções na quantidade de água

necessária e na quantidade de semente, visto que este sistema se revelou mais produtivo.

Page 66: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

56

No que diz respeito à alimentação de água no canteiro referente à sementeira convencional

(13 ha), o facto de haver apenas uma entrada de água para esta área relativamente elevada

implica que sejam necessários caudais superiores, o que provoca, como foi comprovado

nesta campanha, uma grande área perto da entrada de água sem produção devido quer ao

arrastamento de semente quer à baixa temperatura que a água chega ao canteiro. Assim,

com o intuito de minimizar este prejuízo, talvez a utilização de tubos perfurados ou tubos

janelados com orifícios ou “janelas” de dimensão regulável através de válvulas corrediças

para controlo dos caudais debitados pelos orifícios sejam uma mais valia nestas situações,

pois para além de permitirem várias saídas de água e, consequentemente, com caudais

menores, ainda permitem o aquecimento da água ao longo do tubo.

A adubação realizada nos canteiros acompanhados, não foi eficiente uma vez que, como

demonstrou a investigação, a adubação de fundo é muito importante para suportar um bom

afilhamento, alcançar o número desejado de espiguetas, elevar a percentagem de grãos

cheios e o peso por grão.

Ainda relativamente à sementeira directa, o prosseguimento do trabalho deverá ter em

atenção às seguintes conclusões:

a) A manutenção da palha no terreno encordoada e livre dificulta a emergência do

arroz, dai se ter queimado a palha da anterior campanha.

b) A sementeira directa, tanto em seco como na água, permite um desenvolvimento

mais precoce das infestantes.

c) A sementeira directa tal como a convencional, ambas com enterramento da semente,

impede que a semente seja arrastada por acção da água dos canteiros, através das

ondas provocadas pelo vento.

d) O nivelamento é também um dos aspectos que influencia bastante o controlo da

população infestante uma vez que a actuação dos herbicidas está dependente da

manutenção da lâmina de água. Este nivelamento é afectado de uns anos para os

outros pela preparação do terreno e pelos rodados da ceifeira debulhadora,

devendo-se tentar amenizar este último efeito com a passagem dum rolo.

e) A modalidade de sementeira directa apresentou, apesar de valores inferiores quando

comparada com a sementeira convencional, bons resultados tanto no número de

plantas emergidas por unidade de área como no número de filhos por planta.

A colheita e secagem revelam-se também determinantes da produção e principalmente da

qualidade de produção. São duas operações que também têm grande representatividade

nos custos o que aumenta a necessidade de serem realizadas com um grande nível técnico.

Page 67: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

57

O futuro do arroz em Portugal…

Resumidamente, o aumento dos preços dos factores de produção, embora compensados

em certa parte pelo aumento do preço de venda do arroz às indústrias que se tem vindo a

verificar vai inviabilizando a cultura tradicional do arroz, só apenas resistindo devido à ajuda

compensatória paga por unidade de área. Assim, podemos concluir que a produção de arroz

sem a ajuda à produção poderá tornar esta cultura inviável economicamente, tal como

referimos anteriormente (capitulo 7).

Page 68: Alternativas Tecnológicas para a Produção de Arroz.pdf

58

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