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Alteracoesfisiologicasdacavidadebucaldoidoso

Jul 07, 2018

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    ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA CAVIDADE BUCAL DO

    IDOSO 

    Carine Batista da Silva*

    Hugo Domingues Fagundes Neto*

    Ingrid de Matos Lima*

    Joana Luiza Lemos Ramos*

    Suely Maria Rodrigues**

    RESUMO

    O Brasil, assim como alguns países em desenvolvimento, está passando por um processo de transição demográfica, processo esse que tem como resultado o aumento nonúmero da população idosa. Diante desse dado surge a necessidade de uma atenção

    especial a essa parcela da população, inclusive no âmbito odontológico. Este estudo teve por objetivo realizar uma revisão da literatura a respeito das alterações fisiológicas dacavidade bucal decorrentes do processo de envelhecimento humano. De acordo com afisiologia natural do envelhecimento, o indivíduo da terceira idade apresenta algumasalterações bucais tais como diminuição do fluxo salivar, deposição de dentina, reduçãodo volume da câmara pulpar, aumento na largura do cemento e atividade de reabsorçãoóssea aumentada.

    Palavras-chave: Odontogeriatria. Idoso. Envelhecimento da cavidade bucal.

    * Acadêmicos do 8º Período do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE

    ** Doutora em Saúde Coletiva e Professora do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE

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    INTRODUÇÃO 

    Tornou-se indiscutível que a população brasileira vem, ao longo dos últimos 50

    anos, apresentando redução de suas taxas de mortalidade e fertilidade, com o

    consequente aumento da esperança de vida ao nascer, que se estima que será de 75,5

    anos em 2020 (FREITAS et al., 2002).

    Segundo Ramos et al. (1993) a elevação do nível de vida da população está

    relacionada com a urbanização adequada das cidades, melhoria nutricional, melhores

    condições de saneamento básico, maior cuidado com a higiene pessoal, maior acesso à

    educação, redução nas taxas de mortalidade e controle de natalidade, somado ao avanço

    da ciência e tecnologia aplicada na área da saúde, cujas pesquisas e resultados

    científicos conseguiram prolongar a esperança média de vida.

    O envelhecimento é um processo multifatorial, composto de aspectos

    genéticos e ambientais. Representa o declínio das funções orgânicas e em

    conseqüência disso, muitas alterações se manifestam. O desempenho do organismo

    diminui, progressivamente, com forma e velocidade, variáveis de órgão para órgão, e

    de indivíduo para indivíduo (FREEDMAN, 1976).

    A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1983) caracteriza o envelhecimento

    como o prolongamento e término de um processo, representado por um conjunto de

    modificações fisiomorfas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas.

    Diante desses dados surge a necessidade de uma atenção especial à população

    idosa, inclusive no âmbito odontológico, surgindo assim um novo segmento no ramo da

    odontologia, a odontogeriatria.

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    Moriguchi (1990) salientou a importância de o cirurgião-dentista conhecer as

    alterações biológicas no idoso, bem como, a influência negativa que causam à saúde a

     perda dos dentes e o uso de prótese. Em relação às alterações biológicas no idoso,

    sinalizou que o odontólogo deve compreender bem a fisiologia do envelhecimento e

    assim estará apto a manejar pacientes idosos de forma correta, saber das patologias

    decorrentes do envelhecimento e as patologias que comprometem o corpo envelhecido.

    Várias alterações fisiológicas dos elementos dentais se processam durante o

    envelhecimento, tais como: o desvio mesial dos dentes e alterações de cor (PINTO et

    al., 1982). A saliva pode sofrer mudanças na sua composição química (ASTOR et al.,1999). A mucosa bucal pode sofrer atrofia epitelial e perda de elasticidade (SHAY,

    1997). Já no tecido ósseo, as mudanças freqüentes que ocorrem são: menor

    vascularização e redução na capacidade mitótica de cicatrização (MIGUEL, 1982).

    Este estudo tem por objetivo realizar uma revisão da literatura a respeito das

    alterações fisiológicas da cavidade bucal decorrentes do processo de envelhecimentohumano.

    REVISÃO DA LITERATURA

    O envelhecimento das populações é uma conseqüência natural dodesenvolvimento, sendo entendida por um conjunto de alterações morfológicas e

    fisiológicas que ocorrem ao longo do tempo (MARCACCINI et al., 1997).

    Durante o processo de envelhecimento do ser humano constatam-se grandes

    alterações fisiológicas e metabólicas em órgãos, paredes e tecidos, ocorrendo com isso

     processos clínicos muitas vezes irreversíveis (VELOSO; COSTA 2002).

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    ENVELHECIMENTO DAS ESTRUTURAS DA CAVIDADE BUCAL

    Estruturas dentais

    Várias alterações fisiológicas dos elementos dentais se processam durante o

    envelhecimento, tais como: o desvio mesial dos dentes provocados pela força de

    oclusão; as alterações de cor (os dentes se tornam mais escurecidos, com tonalidade de

    amarelo, castanho e cinza); atrito provocado pela mastigação ou por hábitos viciosos,

    como o bruxismo; superfície dental lisa e polida, devido ao atrito de alimentos e daescovação ao longo de toda a vida (PINTO et al., 1982).

    Um certo grau de atrição dentária ocorrerá como parte do envelhecimento, e é

    irreparável a perda do esmalte, uma vez que o atrito verificado nas cúspides dos dentes

    representa a marca do uso. A quantidade de desgaste que ocorre durante a vida varia em

    função do regime alimentar (dieta), bem como da força muscular empregada namastigação, o que ocorre nas superfícies oclusais e incisais dos dentes (TOMMASI,

    1989). Nos indivíduos em fase de envelhecimento ocorre atrição dentária de forma

     progressiva e lenta, devido ao aumento na dureza e friabilidade do órgão dental

    (MARQUES, 2006).

    A abrasão e a erosão são alterações prevalentes nos idosos. Na abrasão ocorredesgaste da substância dentária por influência mecânica; tem sua forma mais freqüente

    observada na altura do colo, como resultado de escovação excessivamente vigorosa,

    muitas vezes através de escovas de cerdas duras. A erosão resulta da exposição a ácido e

    atinge vários elementos dentários. E em muitos casos a dissolução é superficial. A

    regurgitação repetida dos sucos gástricos, causada, principalmente, pelo

    enfraquecimento e controle dos esfíncters em idosos, usualmente corrói as faces dos

    dentes anteriores e pré-molares (DUALIB et al., 1989).

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    Durante o processo de envelhecimento ocorre perda de translucência e dosdetalhes das superfícies dentárias (linhas de Retzius). O esmalte dental apresenta-se

    mais maturado em decorrência de uma maior deposição de fluoretos em sua

    superfície, o que deixa este esmalte com maior resistência ao ataque de ácidos, que

    se por um lado o torna mais resistente ao processo de cárie, por outro, reduz a

    eficiência do ácido fosfórico em desmineralizar o esmalte, quando sistemas adesivos

    estão sendo utilizados (WERNER et al., 1998).

    Mudanças no complexo dentino-pulpar estão presentes durante o processo de

    envelhecimento. A dentina torna-se mais esclerótica e menos elástica;  ocorre uma

    mineralização gradual, resultando em obliteração dos túbulos dentinários. Com a

    deposição constante de dentina secundária e reparadora, quase sempre, ocorre um

    escurecimento gradual da coroa dental (CASTELHANOS et al., 1993). Observa-se uma

    redução no número de odontoblastos, fibroblastos, vasos sanguíneos, devido adepressão das células mesenquimatosas com o envelhecimento (DOUGLAS, 1998).

    De acordo com Vendola e Neto (2009) a deposição fisiológica de dentina que

    ocorre durante todo período de vitalidade pulpar provoca a diminuição da câmara pulpar

    e um estreitamento dos canais radiculares. Cohen e Hargreaves (2007) apontaram que o

    volume do canal e da câmara é inversamente proporcional à idade: à medida que a idade

    avança, o diâmetro do canal diminui. Isso ocorre porque a formação de dentina, que

    ocorre durante toda a vida, pode resultar em obliteração quase completa da polpa e por

    causa da dentina reparadora resultante dos procedimentos restauradores, trauma, atrição

    e cárie recorrente.

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    Os canalículos dentinários sofrem alterações com a idade, pois há também

    uma calcificação progressiva na dentina periférica, nas junções amelodentinária e

    dentina-cemento, progredindo em direção à polpa e aos espaços interglobulares. Há

    ainda uma redução na permeabilidade dos canalículos dentinários, o que ocasiona o

    aumento do limiar de sensibilidade à dor, devido ao menor fluxo em seu interior

    (COMARK, 1999).

    Com o envelhecimento, a polpa dentária apresenta-se com câmara pulpar

    reduzida e fibrótica, e diminuição de sua celularidade. Paralelamente, ocorre redução do

    número e da qualidade dos vasos sangüíneos e da diminuição na atividade vascular,

    tornando-se mais susceptível ao dano irreversível, o que contra-indica tratamentos

    conservadores. Há também redução no número de fibras nervosas; logo, um alto limiar

    de reação à dor; esta redução faz com que haja respostas alteradas a estímulos do

    ambiente e testes de sensibilidade (FRARE et al., 1997; WERNER et al., 1998).

    Tecidos periodontais

    Em indivíduos idosos, a diminuição da vascularidade leva à menor capacidade

    de reparação e proliferação tecidual, tendo, como conseqüência, mais predisposição à

    gengivite e à periodontite (BERG, 1998). Ao se relacionar doença periodontal e

    envelhecimento, percebe-se que a resposta do hospedeiro aos microorganismos da placa

    é alterada com o aumento da idade. A resposta inflamatória da gengiva marginal é mais

    evidente, o que pode refletir em um mecanismo de defesa local, no qual o hospedeiro

    compensa, por uma resposta imune menos efetiva, ou, um declínio na efetividade dos

    leucócitos polimorfonucleares e monócitos na fagocitose (BRUNETTI et al., 1998;

    BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002).

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    A estrutura do tecido gengival, clinicamente saudável, não apresenta alterações

    de epitélio relacionados com a idade; entretanto a submucosa revela redução de

    celularidade, com aumento na textura do tecido fibroso (LORANDI et al., 1990).

    Com o processo de envelhecimento, as gengivas também envelhecem, a capa

    queratinizada torna-se fina ou ausente (tendo uma aparência de cera), ocorrendo, com

    freqüência, feridas e enfermidades gengivais. Em lugar de uma gengiva pontilhada com

    aspecto de casca de laranja, encontra-se uma gengiva com aspecto liso e brilhante, com

     perda de seu contorno. O epitélio fino e delicado pode ser facilmente injuriado por

    alimentos ásperos, aparelhos protéticos e até mesmo por manobras clínicas (BIRMANet al., 1991).

    Vendola e Neto (2009) afirmaram que uma quantidade maior e um grau de

    maturação das fibras colágenas é uma situação esperada com o avanço da idade, ou seja,

    isso faz com que a gengiva apresente uma coloração para rósea coral, mas sem

    modificações quanto ao aspecto clínico da gengiva saudável, apesar do aumento natextura do tecido fibroso decorrente da redução da celularidade da submucosa.

    Com o envelhecimento ocorre tanto um aumento como uma diminuição na

    largura do ligamento periodontal. A redução na largura pode ser creditada a uma

    demanda funcional menor, devido à diminuição na força da musculatura de mastigação,

     podendo também resultar na invasão do ligamento pela deposição contínua de osso ecemento. No entanto, o aumento na largura pode ser causado pela menor quantidade de

    dentes presentes para suportar toda a carga funcional (KAMEN, 1997).

    A quantidade de cemento está relacionada diretamente com a idade do paciente,

    ou seja, quanto mais idoso o indivíduo maior será sua espessura. A formação de

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    Com o envelhecimento, as glândulas salivares sofrem um processo de

    degeneração avançada, provocando a diminuição da quantidade e viscosidade da saliva

    secretada, especialmente em repouso (PUCCA JR., 1995; BORAKS, 2002).

    As glândulas salivares nos idosos sofrem uma perda de aproximadamente 20-

    30% em sua capacidade funcional, fazendo com que diminua a lubrificação da cavidade

     bucal, deixando-a mais susceptível a alterações patológicas. Uma das afecções mais

    comuns é a xerostomia, geralmente relacionada ao idoso. A literatura mostra que esta

     possui maior relação com uso de associações de medicamentos e/ou alterações

    sistêmicas (PEREIRA et al., 2004 citados por RODRIGUES et al., 2004).

    A redução no fluxo salivar em pessoas de idade avançada é resultado de

    alterações regressivas nas glândulas salivares, especialmente a atrofia nas células que

    cobrem os ductos intermediários. A função reduzida das glândulas também resulta em

    uma alteração na qualidade da saliva (BIRMAN et al., 1991).

    A saliva mostra uma redução no seu conteúdo de ptialina e um aumento demucina, tornando-se mais viscosa e de baixa qualidade. Essa redução pode causar a

    deteriorização da saúde bucal e ter impacto na qualidade de vida do indivíduo. Tal

    mudança contribui para a formação de saburra lingüal, mau hálito, aumento da

    susceptibilidade a infecções na mucosa bucal (particularmente a candidíase), criando

    um meio favorável para o crescimento de bactérias cariogênicas, além da pouca

    tolerância ao uso de aparelhos protéticos (CAMPOSTRINI; ZENÓBIO, 2002).

    Carranza (1997) relatou que a xerostomia pode estar associada a doenças sistêmicas

    (Sindrome de Sjögren, diabetes e outras auto imunes) e ao efeito colateral de alguns

    medicamentos, já que 80% dos pacientes idosos fazem uso de alguma medicação e 90%

    destes fármacos podem produzir a xerostomia. Os sinais e sintomas incluem, queimação

    dos tecidos bucais, alterações na superfície lingual, disfagia, queilite angular, alterações

    do paladar, dificuldade de falar e desenvolvimento de cáries radiculares. Segundo

    Boraks (1998), com a diminuição salivar há uma alteração no equilíbrio bacteriano da

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    cavidade bucal devido ao aumento da quantidade de Streptococcus mutans  e

     Lactobacillus.

    O envelhecimento por si só não tem um impacto clínico significativo na

    secreção salivar, sendo então, a causa mais comum de hipofunção salivar em idosos, a

    medicação usada, estando também associada à cárie e infecções fúngicas (COHEN;

    HARGREAVES, 2007).

    Entre as medicações que contribuem para a boca seca, encontram-se os anti-

    hipertensivos, os anti-depressivos, os ansiolíticos, os anti-colinérgicos, os anti-

    histamínicos, e procedimentos específicos, como a terapia radioativa para o tratamento

    do câncer. Uma redução temporária da saliva pode ser causada por um estímulo de

    caráter emocional severo ou por bloqueio de um ducto salivar devido a um cálculo

    (sialolitíase) (BRUNETTI et al., 1998). 

    Mucosa bucal

    Durante o envelhecimento, a mucosa bucal sofre diversas alterações. Essas alterações

    correspondem à atrofia epitelial, perda de elasticidade e diminuição da espessura, tanto

    da lâmina própria do epitélio de revestimento como da camada de queratina, o que torna

    a mucosa da cavidade bucal mais susceptível a lesões. Com a perda de suas

     propriedades elásticas, a mucosa responde a traumas protéticos e outros, com ulcerações

    em decorrência de menor irrigação (SHAY, 1997).

    Com o envelhecimento, a mucosa bucal pode se tornar atrófica e friável, com o

    aspecto brilhante e céreo devido a alterações metabólicas, que incluem modificações no

    equilíbrio hídrico e perda da característica superficial da gengiva. Clinicamente, essas

    alterações resultam em menor resiliência dos tecidos e redução dos capilares

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    superficiais, ocasionado pelo menor suprimento sanguíneo que retarda a micronutrição e

     prejudica a capacidade de regeneração tecidual (PASCHOAL; LIMA, 2005).

    A mucosa bucal, apesar de possuir o mesmo aspecto de normalidade de um

     jovem, apresenta-se menos resistente, pois é objeto de alterações inerentes ao

    envelhecimento assim como ocorre com os demais tecidos do organismo. Essa perda

    natural de sua capacidade deixa-a mais vulnerável a ferimentos (PEREIRA et al., 2004

    citados por RODRIGUES et al., 2004).

    Em seus estudos, Birman et al. (1991)  verificaram que com o processo de

    envelhecimento há presença de múltiplas pápulas de coloração amarelada, distribuídas

    na mucosa oral, predominantemente na região jugal e vermelhidão dos lábios. Estas

     pápulas são conhecidas como Grânulos de Fordyce, que são glândulas sebáceas

    localizadas ectópicamente.

    Para Vendola e Neto (2009) a mucosa bucal do idoso apresenta-se espessada nas

    regiões de epitélio queratinizado, porém reduzidas quanto a espessura da camada basal,

    o que gera dificuldade de renovação celular da mucosa oral. Nas áreas não-

    queratinizadas, o epitélio torna-se mais vulnerável a traumas. Afirmaram ainda que os

    grânulos de Fordyce ficam mais evidentes devido redução do grau de queratinização das

    camadas mais superficiais.

    Tecido ósseo

    As mudanças freqüentes que ocorrem no tecido ósseo com a idade são: menor

    vascularização e redução na capacidade mitótica de cicatrização. A atividade de

    reabsorção é aumentada, o grau de formação de osso é diminuído e pode resultar em

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    ósseos da região correspondente aos antigos processos alveolares, podem ocorrer graus

    diferenciados de reabsorção, principalmente se o indivíduo é portador de próteses

     parciais removíveis sem grampo ou próteses totais. O grau de reabsorção está

    relacionado com o tempo de utilização dessas próteses (PINTO et al., 1982).

    De acordo com Vendola e Neto (2009) o rebordo maxilar diminui sua largura

    em função da reabsorção que ocorre na cortical vestibular, enquanto que o rebordo

    mandibular apresenta aumento de largura devido à reabsorção na cortical lingual dos

    dentes posteriores e na vestibular dos anteriores. Para eles, essa reabsorção alveolar

    acarreta perda de dimensão vertical e horizontal, com um maior raio de curvatura emaior intensidade na mandíbula em relação à maxila.

    A atrofia senil e a reabsorção do osso alveolar e basal são processos fisiológicos

    do envelhecimento. A atrofia acentuada apresenta como principal causa a perda dos

    dentes, pois há reabsorção do osso alveolar em resposta a pressão mastigatória exercida

     pela prótese total (MARQUES, 2006).

    DISCUSSÃO

    A população brasileira, ao longo dos últimos 50 anos, vem apresentando um

    aumento da expectativa de vida (FREITAS et al., 2002). A OMS (1983) e Marcaccini etal. (1997) conceituaram o envelhecimento como um conjunto de alterações

    morfológicas e fisiológicas que ocorrem ao longo do tempo.

    Em relação às alterações das estruturas dentais, tanto Pinto et al. (1982) quanto

    Tommasi (1989) e Marques (2006), observaram em seus estudos que a atrição dentária

    ocorre como parte do envelhecimento e é causada, em geral, segundo Pinto et al. (1982)

    e Tommasi (1989) pela força muscular empregada na mastigação. Dualib et al. (1989)

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    apontaram que a abrasão e a erosão são alterações prevalentes nos idosos.

    Provavelmente são decorrentes de força mecânica excessiva e exposição a ácidos

     bucais.

    Com o processo de envelhecimento ocorre uma diminuição do volume da

    câmara pulpar devido à deposição fisiológica de dentina que ocorre durante toda a

    vida, fato esse comprovado por Cohen e Hargreaves (2007) e Vendola e Neto (2009).

    Castelhanos et al. (1993) e Comark (1999) afirmaram que os canalículos dentinários

    também sofrem algumas alterações, como a mineralização, o que resulta na

    obliteração dos túbulos dentinários. Este fato, de acordo com Comark (1999),aumenta o limiar de sensibilidade à dor.

    Tanto Frare et al. (1997), como Werner et al. (1998) e Douglas (1998)

    concordaram que com o envelhecimento ocorre uma redução no número e na

    qualidade de vasos sanguíneos e da atividade vascular, bem como diminuição da

    celularidade, tornando o dente como um todo mais susceptível ao dano irreversível.

    Os tecidos periodontais também sofrem mudanças durante o envelhecimento.

     Nos estudos realizados por Berg (1998), ele comprovou que o indivíduo idoso possui

    menor capacidade de reparação e proliferação tecidual, tornando-o mais susceptível à

    gengivite e periodontite. Brunetti et al. (1998) e Brunneti e Montenegro (2002),

    notaram que esses indivíduos possuem uma menor efetividade das células do sistema

    imune.

    Lorandi et al. (1990) e Vendola e Neto (2009) afirmaram que ocorre aumento

    na textura do tecido fibroso decorrente da redução da celularidade da submucosa e

    que a gengiva não apresenta alterações clínicas quanto ao seu aspecto normal.

    Contrariamente, Birman et al. (1991) ressaltou que, clinicamente, a gengiva deixa de

    apresentar-se pontilhada com aspecto de casca de laranja, se tornando lisa e brilhante

    com perda do seu contorno.

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    Como demonstrado por Kamen (1997), durante o processo de envelhecimento

     pode ocorrer tanto um aumento como uma diminuição na largura do ligamento

     periodontal. O aumento na largura pode ser causado pela menor quantidade de dentes

     presentes para suportar toda a carga funcional.

    Alguns autores, como Zegarelli et al. (1982), Nitzan et al. (1986), Scott e

    Baum (1990), Douglas (1998), Newman e Michael (2007) e Vendola e Neto (2009)

    relataram que com o envelhecimento, há um aumento da espessura do cementodevido uma deposição contínua do mesmo ao longo da vida. No entanto, quanto a

    capacidade de remodelação do cemento, não há um consenso, pois Douglas (1998),

     Nitzan et al. (1986), Scott e Baum (1990) e Vendola e Neto (2009) observaram que o

    mesmo não sofre remodelação, enquanto que Newman e Michael (2007) relataram

    que esta capacidade existe, mas é limitada.

    Com a idade ocorre alteração da capacidade funcional das glândulas salivares,

    resultando na diminuição da secreção salivar, dado esse relatado por Fox et al.

    (1987), Birman et al. (1991), Pucca Junior (1995), Boraks (2002) e Pereira et al.

    (2004) citados por Rodrigues et al. (2004). Todavia Astor et al. (1999), Ettinger

    (1996) e Cohen e Hargreaves (2007), afirmaram que a idade não tem impacto e pode

    não ser o responsável pela hipossalivação. Carranza (1997) e Pereira et al. (2004)

    citados por Rodrigues et al. (2004) apontaram que a medicação usada e as doenças

    sistêmicas podem estar associadas com a diminuição do fluxo salivar.

    Para Boraks (1998), Campostrini e Zenóbio (2002) e Cohen e Hargreaves

    (2007) a diminuição do fluxo salivar cria um ambiente mais propício e favorável para

    o crescimento de bactérias cariogênicas.

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    ABSTRACT

    PHYSIOLOGICAL CHANGES OF THE ORAL CAVITY OF ELDERLY

    Brazil, as well as some developing countries, has been undergoing a demographictransition process, which has resulted an increase in elderly population. Therefore,emerges a need for special attention to this segment of the population, including thedentistry scope. This study aimed to conduct a literature review regarding the

     physiological changes of the oral cavity resulted from the aging process human.

    According to the natural physiology of aging, elderly patients present some oralchanges, such as a decrease in salivary flow, deposition of dentin, reduction in thevolume of pulp chambers, increase in the width of the cementum and increase in boneresorption activity. 

    Key-Words: Geriatric dentistry. Elderly. Aging of the oral cavity.

    REFERÊNCIAS

    ASTOR, F. C. et al . Xerostomia: a prevalent condition in the elderly. Ear Nose Throat,v. 78, n. 7, p. 476-479, jul. 1999.

    BERG, R. Odontologia y pacientes de edad avanzada. Quintessence. 1998, v. 11, n. 8, p. 525-541.

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    Ingrid de Matos Lima

    Rua Prefeito Álvaro de Freitas Araújo, 345

    Ouro Verde de Minas –  MG

    CEP 39850-000

    Tel: (33) 3527-1228 / (33) 8834-5632

    E-mail:[email protected]

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