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Alterações da linguagem verbal (3)

Jul 29, 2015

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Page 1: Alterações da linguagem verbal (3)
Page 2: Alterações da linguagem verbal (3)

Alterações da Linguagem:Mutismo, Afasia,

Hipoacusia e Atraso da Linguagem

(6-10 anos)

Informação para Pais e outros Educadores

Autora: Liliana NunesOrientação e Revisão: Dra. Ana Oliveira

Ilustração: Lígia Santos

A LINGUAGEM VERBAL

Entende-se que a Linguagem verbal é a forma que o indivíduo utiliza mais frequentemente.

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Apesar de existirem mais tipos de linguagem, e por isso, mais formas de representar, expressar

e comunicar o que é pensado e sentido, é por excelência a mais complexa que recorre a sinais

acústicos e gráficos.

A forma como se dá a evolução da linguagem numa criança, vai com toda a certeza ser

determinante para aquisições mais complexas. Nesse sentido, é importante que os pais e outros

intervenientes na educação da criança, tenham conhecimento de como a linguagem evolui para

estar alerta (no caso de haver alguma anomalia); e que conheçam algumas estratégias e

actividades que possam prevenir, reduzir ou eliminar os problemas deste foro.

A LINGUAGEM DAS CRIANÇAS DOS 6 ANOS EM DIANTE

Dos 6 anos em diante:

- Consolidam progressivamente as noções corporais, espaciais e temporais;

- Começam a ler e a escrever;

- Constroem estruturas sintácticas progressivamente mais complexas;

- Melhoram o emprego de preposições, conjunções e advérbios;

- Melhoram na conjunção verbal;

- Articulam todos os fonemas nas palavras.

ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

O mutismo é uma perturbação que consiste no desaparecimento total da linguagem sem

agressão cerebral, de forma repentina ou progressiva, e que aparece com mais facilidade na

criança do que no adulto.

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O atraso da linguagem diz respeito à ausência de desenvolvimento da linguagem na idade em

que, à partida, se deveria desenvolver, sendo que tal poderá ter implicações relacionadas com

os diversos níveis de organização linguística (fonológico, lexical, sintáctico e de discurso).

A afasia caracteriza-se pela perda (total ou parcial) ou pela desorganização linguísticas, como

consequência de um acidente vascular ou de uma lesão.

A partir das áreas afectadas, a afasia pode ser:

- Sensorial ou receptiva: quando a lesão se localiza na zona de Wernicke; manifesta-se na não

compreensão do significado das palavras, e na dificuldade em falar;

- Motora ou expressiva: quando a lesão se localiza na zona de Broca; manifesta-se na

incapacidade de expressar, apesar da compreensão do significado das palavras;

- Mista: lesão que afecta as áreas motoras e as áreas receptivas da linguagem.

A hipoacusia é a perda auditiva (total ou parcial) originando uma alteração da linguagem.

ACTIVIDADES E ESTRATÉGIAS

De seguida, serão apresentadas actividades e estratégias que se podem fazer em diversos

contextos. Entenda que se tratam apenas de exemplos, isto é, não são as únicas actividades e

estratégias para esta problemática, e que por isso podem servir de modelo e até mesmo ajudá-lo

a encontrar outras alternativas.

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Estratégias a utilizar com as crianças que têm alterações da linguagem:

- É importante dar muita atenção a estas crianças, sabendo ouvi-las e sabendo esperar pelas

suas respostas;

- Evite a televisão ou qualquer outro estímulo mais forte, enquanto realiza actividades com estas

crianças, visto que precisam de descodificar melhor os estímulos, e se estiverem submetidas a

vários estímulos ao mesmo tempo, dificilmente têm um bom desempenho no que é pretendido;

- Procure elogiar sempre as palavras proferias pelas crianças, de forma a incentiva-las a falar

mais e a continuar a tentar.

MUTISMO

Atenção Auditiva, Discriminação Auditiva e Memória Audiviva

1. Coloque músicas que a criança conhece, por exemplo de desenhos animados, e

pergunte “ Esta música é do quê?”. No caso da criança não conseguir falar, peça-lhe

para apontar para uma personagem dos desenhos animados que corresponde à música

(pode recorrer às capas dos dvd´s ou das cassetes, por exemplo), e no caso de não ter

acesso às imagens, pode sempre recorrer à linguagem verbal perguntando: “É a música

da abelha Maia?”, sendo que a criança vai dizer sim ou não com a cabeça.

2. Jogue às escondidas com a criança, sendo que a criança terá de o encontrar através do

som da sua voz;

3. Desafie a criança a segui-lo pela voz, sendo que a mesma vai ter os olhos vendados;

4. Coloque o rádio a tocar em algum local que não seja visível, e peça à criança para

encontrar o rádio;

5. Proponha jogos de imitação, em que depois de ter efectuado alguns batimentos simples

com mãos ou com objectos, a criança tenha de repetir; pode também pedir para a

criança repetir números, letras, palavras, frases simples, etc.

6. Faça o som de um animal para que de seguida a criança diga de que animal se trata.

Caso não consiga falar, peça para apontar (tendo à sua disposição algumas imagens de

animais) e pode ainda sugerir a imitação com o corpo (ajudando-o sempre que

necessário);

7. Estimule frequentemente a criança, com todos os sons e ruídos em todos os contextos

(em casa, na rua, na escola, quando ouve música, etc), pedindo para ter atenção àquele

som, explicando o que é dando sempre o nome, e posteriormente pergunte “Que som é

este?” “De onde vem?”;

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8. Sensibilize a criança relativamente ao som dos diferentes instrumentos; dos diferentes

tipos de música; etc. Se possível, apresente mais do que um instrumento e ajude a

criança a explorar os vários sons (ajudando-a sempre com descrições).

9. Ensine à criança lenga-lengas e canções, ajudando-a repetindo determinadas partes, e

passando essa parte só quando a mesma estiver assimilada.

Exemplos de lenga-lengas:

“Qual é o doce da batata que é mais doce

que o doce da batata doce?

Respondi que o doce que é mais doce

que o doce da batata doce

é o doce que feito com o doce do doce de batata doce.”

“ Paga o pato, dorme o gato,

Foge o rato, paga o rato.

Dorme o rato, foge o pato,

Paga o rato, dorme o pato,

Foge o gato.”

Respiração e Sopro

10. Para que haja a consciencialização da respiração, pode pedir à criança para se deitar.

De seguida coloque um objecto leve em cima da barriga da criança, e sugira-lhe que

observe esse mesmo objecto. Enquanto a criança observa o objecto a subir e a descer,

deverá explicar que o objecto sobe quando inspira e que o objecto desce quando expira.

Desafie-a a aumentar e diminuir a intensidade, perguntando sempre se o objecto subiu

mais ou menos.

11. Pode brincar com a criança com palhas: peça para a criança soprar em determinadas

partes do seu corpo (trabalhando em simultâneo o conhecimento e autoconhecimento do

corpo); peça para a criança empurrar (soprando para a palha) um balão ou uma bola

leve. Com esta ultima actividade pode proporcionar uma situação de competição,

participando desta forma no jogo: a bola/balão que chegar à meta, ganha.

12. Desafie a criança a cheirar diferentes aromas e a adivinhar que aroma se trata.

13. Coloque à disposição da criança, vários instrumentos de sopro. Através destes

instrumentos, pode controlar a respiração. Por exemplo, se pedir para soprar muito

tempo sem pausa, a criança vai perceber (mesmo que para isso tenha de recorrer à

explicação) que tem de inspirar mais intensamente, e que se o deitar logo todo fora não

Page 7: Alterações da linguagem verbal (3)

aguenta muito tempo. Se pelo contrário, pretender que sopre pouco tempo e por isso

faça inspirações curtas, peça-lhe que engula pouco ar e que quer ouvir o som do sopro

muitas vezes de seguida. Exemplifique e participe.

14. Peça à criança para inspirar enquanto levanta os braços ou pernas, e que expire

enquanto baixa os braços ou pernas. Pode fazer ao mesmo tempo que a criança, de

forma a controlar os ritmos da respiração e de forma a ir alternando esses mesmos

ritmos. Pode fazer o mesmo jogo com outras acções como “lançar e receber a bola”.

Imitação

15. Proponha à criança que imite os ruídos e sons que ouve na rua ou noutros contextos.

Por exemplo, o som do carro, de uma buzina, do avião, do vento, do cão, do gato, da

galinha, do pato, etc. No caso da criança ter dificuldade em produzir o som, faça

primeiro, vá repetindo, e incentive-a sempre a tentar mais;

16. Emite vários sons, em forma “cantarolada” por exemplo, e incentive a criança a imitá-lo;

17. Cante com a criança, coloque música, diga lenga-lengas, diga frases, etc, e

gradualmente peça para a criança imitar o que ouve e/ou o que diz. Comece por coisas

simples, não pressione, e dê sempre reforços positivos para que a criança não desista.

ATRASO DA LINGUAGEM

As actividades que se podem efectuar com as crianças com esta problemática, podem ser

divididas em cinco partes distintas:

a) Memória a curto prazo (pode efectuar as actividades apresentadas anteriormente)

b) Organização fonologia (actividades que proporcionam o domínio das regras do uso da

linguagem);

c) Organização semântica (actividades que proporcionam o domínio das regras de

realização semântica- conteúdos das linguagem);

d) Organização morfosintática (actividades que proporcionam o domínio das regras

morfosintácticas- forma da linguagem);

e) Pragmática (actividades que proporcionam o domínio das regras de uso da linguagem) e

gramática da comunicação.

Organização fonológica

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Relaxação

1. Relaxar o rosto:

- Peça à criança para fazer várias expressões como a de zangada, de alegre.

2. Relaxar a mandíbula:

- Peça à criança para abrir ao máximo a boca (aguentando uns segundos);

- Peça à criança para fingir que está a mascar pastilha;

- Peça para a criança mexer a mandíbula para a frente, para a esquerda e para a direita.

3. Relaxar o céu-da-boca:

- Peça para a criança bocejar de boca aberta e depois de boca fechada;

- Peça para a criança gargarejar com água e que faça bolinhas;

4. Relaxar as maçãs do rosto:

- Peça para a criança encher as bochechas de ar ao máximo sem poder abrir a boca, e

passados alguns segundos deixe o ar sair devagar;

5. Relaxar os lábios;

- Peça à criança para sorrir de orelha a orelha e para manter o sorriso durante algum tempo;

- Peça à criança para esticar e encolher os lábios;

- Peça à criança para relinchar como o cavalo;

6. Relaxar a Língua

- Peça à criança para deitar a língua de fora; para a dobrar;

- Peça à criança para tocar com a língua nas bochechas empurrando-as.

Fonação

Nas actividades que se seguem, tem de dar sempre o exemplo primeiro, falando por isso

devagar, de forma clara, sem gritar e sem estar muito perto da criança.

É importante que a criança esteja em frente ao espelho e que observe o que acontece aos

lábios, à língua e mesmo à expressão facial, nos diferentes sons.

Fonema p

8. Peça à criança para encher as bochechas de ar e de seguida peça para soltar o ar e

dizer “pa”. Exemplifique, e tenha em atenção que este “pa” é rápido e não comprido.

Repita esta brincadeira com “pe”, “pi”, “po” e “pu”.

9. Ensine a criança a fazer o som do Pintainho- “piu piu”; da buzina do carro “pii pii”;

Sugira à criança que cante uma música que conheça bem, com os sons do “p”.

10. Ensine a seguinte lenga lenga: “ O pinto pia a pia pinga”. Incentive a criança a dize-la

várias vezes. Participe e diga com ela.

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Fonema b

11. Peça à criança para encher as bochechas de ar e de seguida peça para soltar o ar e

dizer “b”. Exemplifique, e tenha em atenção que este “b” é rápido e não comprido.

12. Peça à criança para dizer “ba”, “be, “bi” ,“bo” e “bu” (uma de cada vez), colocando a mão

na zona da garganta de forma a que ela sinta a vibração.

13. Coloque o seguinte à frente da criança: Banana, boneca, bota, bolo (por exemplo), e

peça-lhe para dizer os nomes:

Pode encontrar num livro ou num filme de desenhos animados, imagens cujos nomes

começam por “b”. Nesses casos pergunte: “O que é isto?”.

Fonema t

14. Esta actividade visa a consciência do ponto em que a língua deve tocar para emitir o “t”.

Mesmo que se trate de uma criança com 3 ou 4 anos, e que tenha dificuldade em ter

esta consciência, é importante que lhe explique que para dizer “t” e palavras com esta

letra, a língua toca no céu-da-boca.

Desafie a criança a dizer muitas vezes “ta” e depois “te,ti, to e tu”, e depois de repetir

muitas vezes cada uma, desafie-a a explicar-lhe onde a língua toca cada vez que disse

os sons “ta,te,tu,to,tu”.

15. Ensine à criança várias palavras com a letra “t”, e peça que repita depois de si.

Fonema d

16. Peça à criança para encher as bochechas de ar e de seguida peça para soltar o ar e

dizer “d”. Exemplifique, e tenha em atenção que este “d” é rápido e não comprido.

17. Peça à criança para dizer “da”, “de, “di” ,“do” e “du” (uma de cada vez), colocando a mão

na zona da garganta de forma a que ela sinta a vibração.

18. Construa frases com várias palavras com “d”: “O Diogo disse que ontem desenhou

dados, dinossauros, etc. Depois de ter desenhado, ficou com dores nos dedos e para

ficar contente comeu tantos doces que ficou com uma grande dor de dentes. Estas

frases podem ser ditas em diálogo com a criança. A partir daqui pode simplesmente

pedir para a criança repetir palavras e posteriormente que responda a questões relativas

à história.

Fonema k

19. Actividades que façam com que a criança diga repetidamente “Ca, que, qui, co, cu”;

Page 10: Alterações da linguagem verbal (3)

20. Peça à criança para cantarolar só com “Ca”. Experimente com os outros sons.

21. Conte histórias com galinhas. Desafie a criança a dizer “có có ró có có” sempre que diga

a palavra galinha. Pode fazer o mesmo com a palavra pato, em que a criança terá de

dizer “quá quá quá”.

Fonema g

22. Actividades que façam com que a criança diga repetidamente “ga, gue, gui, go, gu”;

23. Cante com a criança a canção “Atirei o pau ao gato…” várias vezes.

Fonema m

24. Peça à criança para produzir o som “m” com a boca fechada, ou seja, o som sai “pelo

nariz”. Desafie a criança a colocar os dedos no nariz para sentir a vibração.

25. Conte histórias com gatos e ovelhas. Sempre a criança ouvir a palavra gato terá de o

imitar: “miauuuu” e em relação à ovelha terá de dizer “méeee méeee”.

Fonema n

26. Esta actividade visa a consciência do ponto em que a língua deve tocar para emitir o “n”.

Mesmo que se trate de uma criança com 3 ou 4 anos, e que tenha dificuldade em ter

esta consciência, é importante que lhe explique que para dizer “n” e palavras com esta

letra, a língua toca atrás dos dentes.

Desafie a criança a dizer muitas vezes “na” e depois “ne, ni, no e nu”, e depois de repetir

muitas vezes cada uma, desafie-a a explicar-lhe onde a língua toca cada vez que disse

esses sons.

Diga à criança para colocar a mão no seu nariz e no dela, de forma a sentir a vibração.

Com isto, a criança deverá perceber que este som é nasalado.

Fonema nh

27. Actividades que visam a repetição dos sons: “nha, nhe, nhi, nho e nhu”, e posteriormente

peça à criança para colocar a mão no nariz para sentir a vibração.

28. Diga o nome de vários animais (por exemplo: cão, gato, pássaro, etc) e depois pergunte

como se chama o cão pequeno (cãozinho), etc.

Fonema f

29. Sugira à criança para colocar a mão em frente dos lábios, soltando de seguida o som

“ffffff..”.

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30. Peça à criança para emitir o som do vento.

31. Coloque a criança em frente ao espelho, e de seguida peça-lhe para emitir os sons “Fa,

fe, fi, fo e fu”, bem como palavras como “Faca, fada, foca, folha, etc”.

Fonema v

32. Peça à criança para fazer o som do avião (“vvvv..”) e depois para colocar os indicadores

nos ouvidos.

33. Invente uma história com personagens cujo nome comece ou tenha a letra “v”. A criança

pode repetir quando pedir, ou pode responder a perguntas que lhe vai fazendo e que as

respostas impliquem a emissão das palavras em questão.

Fonema s

34. Peça à criança para dizer várias vezes: “sa, se, si, so e su”;

35. Conte à criança uma história sobre uma Serpente. Quando disser a palavra “serpente”, a

criança terá de fazer o som “sssssssssss”.

Fonema z

36. Peça à criança para dizer várias vezes: “za, ze, zi, zo e zu”;

37. Conte à criança uma história sobre uma abelha. Quando disser a palavra “abelha”, a

criança terá de fazer o som “zzzzz”.

38. Peça para a criança colocar os indicadores nos ouvidos quando faz o som “zzz”, e

pergunte o que sente.

Fonema x/ch

39. Conte histórias com as palavras: “chapéu, chuva, chave, xícara, chá, chinês, xadrez,

chaminé, bruxa, etc”.

Fonema j

40. Peça à criança para dizer várias vezes “já, je/ge, ji/gi, jo e ju”

41. Construa frases com palavras que tenham a letra “j”.

42. Disponha vários objectos que comecem pela letra “j” e pergunta à criança “O que é

isto?”. Exemplo: janela, jarro, jornal, laranja, feijão etc.

Fonema L

43. Peça à criança para dizer várias vezes “la, le, li, lo e lu”. Pergunte onde toca a língua.

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44. Diga frases como: “A Lalá comeu laranja; A Lelé comeu um bolo; A Lili comeu Limão; A

Loló comeu um caramelo; A Lulu comeu chocolate.”

Fonema lh

45. Actividades que visam a repetição dos sons: “lha, lhe, lhi, lho e lhu”.

46. Pergunte à criança “O que é”, quando a mesma está a ver “folha, abelha, coelho,

palhaço, milho, telhado, toalha, agulha, etc”.

Fonema r/R

47. Peça à criança para dizer várias vezes “ara, ere, iri, oro e uru”.

48. Encontre em livros imagens de animais como: “aranha, cobra, crocodilo, rã, barata,

cabra, rato, tartaruga, girafa, tubarão, etc” ou de frutos: “pêra, laranja, amora, morango,

cereja, etc”.

49. Peça à criança manter um pouco de água na boca e gargarejar. Repetir mas sem água.

50. Aponte para o nariz da criança e pergunte-lhe o que é. Depois aponte para a sua barriga

e pergunte o que é. De seguida pergunte-lhe “Carregaste mais no “r” na palavra nariz ou

barriga?”. Pode utilizar mais pares de palavras como: “Rã/Rato; aranha/arranha”.

Organização semântica

(Receptivo)

51. É importante que a criança saiba cumprir ordens. Desta forma pode jogar todo o tipo de

jogos, certificando-se que dá ordens de forma clara, que a criança compreendeu, e no

caso de não ter compreendido explique de novo podendo recorrer à demonstração;

52. Enquanto lê uma história de um livro à criança, peça-lhe para que através das imagens,

diga o que é e para que serve. Comece por coisas simples, nomeadamente objectos que

façam parte do dia-a-dia da criança como bolas, talheres, carros, etc.

53. Coloque uma imagem com animais, pessoas, brinquedos; etc, e peça à criança para

apontar para a imagem que representa uma pessoa, etc;

54. Conte histórias, e pergunte sempre o que é que a criança pensa que vai acontecer

depois; onde decorreu a acção; o que é que o personagem “tal” fez e onde; para definir

muito bem a ideia principal da história, etc.

(Expressivo)

55. Estimule a criança a descrever o que está a fazer; o que fez e o que aconteceu;

pergunte o que fez em casa ontem; para onde foi nas férias e o que fez; o que fez nas

escola (o que gostou mais e menos); ao que brincou no recreio, etc;

Page 13: Alterações da linguagem verbal (3)

56. Explique e ensine a criança o significado das palavras e do que vê; estimule-a com

perguntas como:

“ As vacas dão-nos o quê para beber?”;

“ O animal que faz ão ão é o….?”;

“ O campo tem muitas árvores ou muitos prédios?”;

“ Nós acordamos de manhã ou de noite?”;

“ Onde é que se colocam os alimentos para ficarem frescos?”;

“ O sol é quente ou frio?”;

“ Onde dormimos?”;

“ Aquele menino está a correr ou a andar?”;

“ O que é que as galinhas põem?”

“ O avião anda na terra ou no céu? E o carro?”;

Pode pedir à criança para lhe dizer se a frase é verdadeira ou falsa:

“As pessoas alegres choram.”

“As galinhas voam.”

“A cor preta é escura.”

“Comer fruta faz muito bem.”

“Comer hortaliça faz mal.”

57. Pode também fazer uma lista de palavras ligadas à cidade e ligadas ao campo, e

perguntar a que grupos pertencem. Se a criança souber ler, proponha que leia e que depois

faça a ligação, caso não saiba ler ainda, dite as palavras e pergunte a que grupos

pertencem; faça esta actividade para outros grupos (estações do ano; objectos de dentro e

fora de casa; animais de terra, de água e ar; etc) com brinquedos, livros, etc.

É importante que perceba a importância que tem a experiência para as crianças em geral, e

em especial para estas crianças. Se possível, proporcione situações em que a criança possa

tocar e ver, estimulando-a verbalmente com descrições, perguntas, e até mesmo

proporcionando situações de comparação.

Exemplo do que pode fazer com algumas imagens:

a)

- Faz uma cruz nos animais;

- Faz uma cruz azul nos animais que andam na água;

- Faz uma cruz preta nos animais que andam na terra;

Page 14: Alterações da linguagem verbal (3)

- Faz uma pinta amarela nos animais que voam;

- Faz uma bola à volta das coisas que tens em casa;

- Faz uma cruz castanha nos objectos pesados;

- Faz uma cruz vermelha nos objectos leves;

- Faz uma cruz amarela nos objectos duros;

- Faz uma cruz cor-de-rosa nos objectos que são moles.

b) Liga as palavras às imagens:

Nadam

Voam

São grandes

São pequenos

Page 15: Alterações da linguagem verbal (3)

Desenha uma coisa que seja:

Doce

Bonita

Peluda

Salgada

Verde

Para escrever

57. Sempre que tiver um livro, uma revista com imagens, etc, peça à criança para observar

e para depois descrever o que está a ver; pode pedir-lhe para fazer um desenho sobre o

que viu, e depois peça para descrevê-lo;

58. Desafie a criança a inventar uma história a partir de um objecto, por exemplo, a partir de

um urso de peluche, ou até mesmo de um sapato. Se a criança tiver dificuldade ajude-a;

59. Peça para a criança recontar a história que acabou de lhe contar;

60. Incentive a criança a dizer sinónimos e antónimos de palavras.

Exemplos:

(Antónimos- contrário)

“Uma pessoa que não é bonita é…?”

“Uma coisa que não é pequena é…?”

“Quando não é noite é…?”

“Qual o contrário de quente?

“Qual o contrário de comprido?”

Page 16: Alterações da linguagem verbal (3)

(Sinónimos - o equivalente)

Liga as palavras de uma coluna à outra (têm de ser sinónimas):

Bonito Agradável

Sujo Organizar

Simpático Lindo

Gigante Porco

Arrumar Enorme

Perfumado Veloz

Rápido Cheiroso

Alegre Contente

Organização morfosintáctica

61. Converse com a criança utilizando diferentes tipos de frase, com enunciados simples e

complexos (tendo em conta a idade da criança, ou seja, o desenvolvimento da

linguagem e a idade correspondente).

Pragmática e gramática da comunicação

62. É muito importante que comunique com a criança, tendo em atenção o uso do contacto

visual, e exigindo o mesmo da criança. Se não for característico da mesma (o contacto

visual), pode fazer jogos em que há troca de palavras entre si e a criança, e quem olhar

para outro lado perde;

63. Estimule a criança a comunicar através da linguagem; a falar sobre diversos assuntos;

64. Estimule a criança a adequar o que diz à pessoa com quem comunica e aos diferentes

contextos. Para tal pode recorrer aos jogos faz de conta, em que o adulto irá adoptar

diversas personagens em diversos contextos, e a criança vai ter de alterar a sua forma

de comunicar. Deve inverter os papéis, podendo até começar por exemplificar, todavia a

dada altura, é importante que a criança diga e faça por si, deixando aos poucos de o

imitar;

Neste grupo de actividades, deve proporcionar situações em que a criança tem de

manifestar a sua opinião, as suas necessidades, os diversos estados de espírito, e em que

se deve afirmar e também negar.

Page 17: Alterações da linguagem verbal (3)

AFASIA E HIPOACUSIA

As crianças com Afasia, tanto a Afasia Sensorial como a Afasia Expressiva, e com Hipoacusia,

necessitam de ser acompanhadas de forma semelhante à das crianças com atraso de

linguagem.

No caso das crianças com Afasia Sensorial, há que dar maior ênfase à parte da compreensão do

significado das palavras (semântica), no entanto é necessário que haja um acompanhamento às

restantes áreas; a Afasia Expressiva requer uma maior ênfase na organização fonológica, na

morfosintaxe e na pragmática e gramática da comunicação.

Quando as crianças com Hipoacusia recuperam a audição, ou a perda foi parcial, ficam com

atraso da linguagem. Por isso, as actividades propostas para as crianças com atraso da

linguagem são utilizadas para estas crianças.

BIBLIOGRAFIA

Page 18: Alterações da linguagem verbal (3)

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Casanova, J. (2002), Manual de Logopedia, Barcelona, Masson;

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Linguagem, Rio de Janeiro, Revinter;

Torres, R; Fernandez, P. (2001), Dislexia, disortografia e disgrafia, Amadora, McGraw Hill;

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destinado a uma população com perturbações da linguagem e comunicação, Instituto Piaget

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