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Alma humana, a

Jun 06, 2015

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AALMA

HUMANAdo nascimentoà eternidade

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AALMA

HUMANAdo nascimentoà eternidade

Uma compilaçãode textos de

Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá

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© 2001Todos os direitos reservados:

Editora Bahá´i do BrasilCaixa Postal 198

13800-970 Mogi-Mirim, SP

www.bahai.org.br/editora

ISBN: 85.320.0053-3

1ª edição: maio 20012ª edição: agosto 20013ª edição: 2003

Compilação e tradução: Osmar MendesRevisão: Rubens A. K. Dantas e Tiago Bassani Dantas

Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo

Impressão: R. Vieira Gráfica e Editora

Campinas, SP, Brasil

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ÍndiceApresentação vii

Introdução 1

A Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à Eternidade– textos de Bahá’u’lláh– textos de Bahá’u’lláh– textos de Bahá’u’lláh– textos de Bahá’u’lláh– textos de Bahá’u’lláh

1. Criação do Ser Humano 172. Grau a Ser Atingido 193. A Alma – Sinal de Deus 214. Grau a Ser Atingido no Mundo do Além 225. Progresso Contínuo 246. Capacidade para Conhecer a Deus 267. Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore 288. A Alma após a Morte 309. Associação das Almas nos Planos do Além 33

A Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à EternidadeA Alma Humana – do Nascimento à Eternidade– te– te– te– te– textxtxtxtxtos de ‘os de ‘os de ‘os de ‘os de ‘Abdu’l-BaháAbdu’l-BaháAbdu’l-BaháAbdu’l-BaháAbdu’l-Bahá

1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito 372. As Duas Naturezas do Ser Humano 413. O Espírito e a Mente Existem desde o Princípio 444. O Aparecimento do Espírito no Corpo 465. A Relação entre Deus e a Criatura 486. O Espírito Santo – O Poder Mediador entre

Deus e o Homem 497. A Imortalidade do Espírito – I 528. A Imortalidade do Espírito – II 55

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9. A Evolução do Espírito 5710. A Vida Eterna e a Entrada no Reino 6011. O Destino 6312. Livre Arbítrio 6413. O Propósito da Jornada da Alma para Deus 66

A Atitude Bahá’í diante da MorteA Atitude Bahá’í diante da MorteA Atitude Bahá’í diante da MorteA Atitude Bahá’í diante da MorteA Atitude Bahá’í diante da MorteA uma mãe que perdeu o filho 71Aos pais, pela morte de um jovem filho 72A uma esposa, pela perda do marido 73O desencanto terreno e a eternidade espiritual 74Pelo falecimento de um jovem discípulo 74A misericórdia e as graças de Deus 77As descobertas da alma no plano do além 78Verdades ocultas que serão entendidas após a morte 79A influência das almas santas e espirituais 80Os sofrimentos e provações deste mundo 80A unidade dos mundos de Deus 81A Missão do Manifestante Divino 82

Orações pelos que Deixaram este Plano da VidaOrações pelos que Deixaram este Plano da VidaOrações pelos que Deixaram este Plano da VidaOrações pelos que Deixaram este Plano da VidaOrações pelos que Deixaram este Plano da Vida 86

Perguntas e Respostas 94

Referências 97

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Apresentação

O tema apresentado neste livro, A Alma Humana –do Nascimento à Eternidade é, sem dúvida alguma, umassunto que tem sido sempre polêmico, mas é deimportância vital para todos nós, seres humanos. Afinal,trata-se de algo que nos diz respeito diretamente: nossaalma e sua sobrevivência após a morte.

A ciência, em especial neste século, aprofundou aomáximo suas pesquisas e descobertas sobre a parte físicada natureza humana – nosso corpo – com incursões,importantes também, na mente e na psique como umtodo: as emoções e o intelecto. Mas o lado espiritualdo homem continua sendo um desafio difícil de sersuperado pela ciência pragmática e por todos ospesquisadores que baseiam suas buscas apenas no ladomaterial e visível da natureza.

A alma, o espírito, a consciência suprafísica – quesão apenas alguns termos conhecidos para se definir olado espiritual do ser humano – continuam sendo temasda alçada específica das religiões, através da Palavrarevelada por seus Fundadores, como Krishna, Buda,Moisés, Muhammad, e, mais recentemente, no séculopassado, Bahá’u’lláh.

Trazendo ao conhecimento humano o conceito darelatividade da verdade religiosa, Bahá’u’lláh

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harmoniza e reconhece a veracidade relativa dasRevelações anteriores, acrescentando, como Suacontribuição singular à universalidade dos ensinamentosespirituais, novos conceitos sobre a realidade dohomem, sua alma, seu destino e sua sobrevivência àmorte física.

Tais ensinamentos foram sabiamente comentados eesclarecidos por Seu filho, ‘Abdu’l-Bahá (1844-1921),como Intérprete autorizado dos ensinamentos deBahá’u’lláh, oficialmente por Ele designado, inclusivecomo Centro de Seu Convênio e continuador de SuaCausa.

Compreender a alma é um ato de fé, algo espiritual.Somente os Mensageiros Divinos e, nesta era,Bahá’u’lláh, o mais recente dos Enviados de Deus àhumanidade, têm a iluminação inata, a percepçãoespiritual elevada que um ser humano não pode alcançar,e a autoridade inquestionável para explicar os mistériosda vida e da morte. Há nEles a certeza de que Seusensinamentos representam a expressão mais pura daVerdade.

Por essa razão a presente compilação traz algunsdos principais escritos, tanto de Bahá’u’lláh como de‘Abdu’l-Bahá, sobre a alma humana, focalizando-adesde seu nascimento até sua eternidade, na vida apósa morte.

Os esclarecimentos preliminares da Introdução sãotextos extraídos do livro The Covenant of Bahá’u’lláhde Adib Taherzadeh, conhecido autor bahá’í, e realmenteelucidativos ao tema focalizado nesta obra.

Editora Bahá’í do Brasil

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IntroduçãoTextos extraídos do livro

The Covenant of Bahá’u’lláh*

*(O Convênio de Bahá’u’lláh), de Adib Taherzadeh, p. 5-15

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A ALMA É UMA ENTIDADE ESPIRITUAL. Não temexistência física; não se pode observá-la ou entendê-lapor meios científicos ou através de outros meiosmateriais. Sua essência, sua realidade, estão além doentendimento e da compreensão do homem.

Em uma Epístola, Bahá’u’lláh refere-Se à almahumana como “um mistério divinamente ordenado esutil” e como o “sinal da revelação de Deus, Sempiterno,Todo-Glorioso”. Afirma que ninguém jamais conheceráa essência da alma:

“Fosses tu ponderar em teu coração, desdeagora até o fim que não tem fim, e com toda ainteligência e compreensão concentradas que asmaiores mentes atingiram no passado ou haverãode atingir no futuro, essa Realidade divinamenteordenada e sutil, esse sinal da revelação do DeusSempiterno, Todo-Glorioso, falharás emcompreender seu mistério ou avaliar sua virtude.”1

Embora seja impossível para o ser humano, pelomenos neste mundo, descobrir a essência de sua própriaalma, ele pode observar seus poderes e testemunhar a

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expressão de seus atributos em si mesmo. A crença naalma e o conhecimento de sua existência e de seusatributos vêm a nós, originalmente, através das palavrasdos Mensageiros de Deus. São Eles que, primariamente,concedem à humanidade a visão das realidades espirituais.

Em dispensações religiosas do passado a humanidadenão havia adquirido a capacidade de entender os reinosespirituais de Deus. Cristo confirmou este fato quandodeclarou:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, masnão podeis suportá-las agora. Porém, quando ele,o Espírito da Verdade, vier, irá guiar-vos a toda averdade...”2

Por isso os Manifestantes de antanho falaram sobrea alma mas não explicaram sua natureza ou revelaramqualquer de seus mistérios. Muhammad, o Profeta doIslã, que foi o último Mensageiro de Deus no CicloProfético e cuja Revelação foi a última de todas as antigasDispensações, referiu-Se à alma em apenas uma únicasentença no Alcorão:

“Eles te perguntaram quanto ao espírito. Dize:O espírito (foi criado) a mando de meu Senhor.Mas tu não tens conhecimento dado a ti, excetoum pouco.”3

Nesta Dispensação, no entanto, Bahá’u’lláh* e ‘Abdu’l-Bahᆠverteram muita luz sobre o tema. Em muitasEpístolas, afirmam a existência da alma, descrevem-na

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como uma realidade espiritual incog-noscível,reconhecem seu excelso grau, referem-Se a ela comoum “sinal poderoso de Deus”, e revelam muitas de suasqualidades e atributos, sua imortalidade, sua condição eprogresso na pós-vida. Tão vasto é o alcance dessesEscritos que se poderia compilar um grande volume comtodas as Suas explanações sobre o assunto. ...

Estas explicações são limitadas à descrição dascaracterísticas da alma; de forma alguma revelam arealidade da própria alma. Sendo uma entidade espiritual,a alma emana dos mundos espirituais de Deus, e é,portanto, impossível descrever em palavras sua essênciamais íntima; não pode ser entendida pelo intelecto oupor outros sentidos físicos humanos. Bahá’u’lláhconfirma isto em uma Epístola dirigida a um certo crenteconhecido como ‘Abdu’r-Razzáq:

“Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal deDeus, uma jóia celestial cuja realidade os maiseruditos dos homens não conseguiram apreendere cujo mistério mente alguma, por aguçada queseja, pode esperar jamais desvendar. ...

“Em verdade digo, a alma humana é, em suaessência, um dos sinais de Deus, um mistérioentre Seus mistérios. É um dos poderosos sinaisdo Onipotente, o precursor que proclama a

*Manifestante de Deus, Fundador da Fé Bahá’í. (n.t.)†Filho mais velho de Bahá’u’lláh, e intérprete autorizado de Seusensinamentos. (n.t.)

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realidade de todos os mundos de Deus. Dentrodela jaz oculto aquilo que o mundo atual écompletamente incapaz de apreender.”4

Entretanto, um estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh éesclarecedor. Aprendemos, dos Escritos, que a alma,sendo uma emanação dos mundos espirituais de Deus,vem à existência no momento da concepção, quando elatorna-se associada ao corpo físico. A crença de que aalma existe antes da concepção é, portanto, contrária aosensinamentos de Bahá’u’lláh. ... A alma, por ser elevadaacima das condições de entrada e saída no corpo,ascensão ou descida, não pode ser fisicamente colocadadentro de um corpo ou ter qualquer conexão com coisasmateriais.

Bahá’u’lláh declara, na mesma Epístola a ‘Abdu’r-Razzáq:

“Em verdade digo, a alma humana está elevadaacima de toda saída e regresso. É imóvel e, noentanto, voa; move-se, porém está quieta. É, emsi, um testemunho que prova a existência de ummundo que é contingente, bem como a realidadede um mundo que não tem princípio nem fim.”5

A associação da alma ao corpo é similar à associaçãoda luz ao espelho. A luz não está dentro do espelho, masreflete-se nele a partir de uma fonte diferente. Quando oespelho se quebra, a luz permanece inalterada.

Quando a alma torna-se associada ao corpo, um serhumano, com uma identidade única, é criado. Tal criação

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tem início no momento da concepção, mas não tem fim.‘Abdu’l-Bahá afirma: “O espírito do homem tem umcomeço, mas não tem fim; continua eternamente”6.Portanto, a alma é imortal e progredirá nos mundosespirituais de Deus por toda a eternidade. Tal conceitode vida eterna é, na verdade, uma visão mais elevada paraa raça humana. Este pensamento de imortalidade podeevocar no coração de todo crente os sentimentos damaior alegria e gratidão por ter sido dotado, por Deus,Todo-Poderoso, com a vida eterna. ...

Para entender qualquer realidade espiritual, énecessário ler os Escritos Sagrados e meditar sobre eles.... Uma compreensão mais profunda da verdade religiosapode ser alcançada quando o indivíduo reconhece o fatode que a criação de Deus é uma entidade única. Osmundos espiritual e material não são entidades separadas,mas partes integrantes de um único reino do ser. As leise princípios que governam o mundo da natureza sãosimilares àqueles que operam nos mundos espirituais deDeus, no mundo da religião e no mundo do homem. Paradar um exemplo: notamos uma grande semelhança entreas leis que governam a vida de uma árvore e aquelas quemotivam a vida do homem, tanto física comoespiritualmente. Observamos que a árvore empurra suasraízes profundamente no solo e absorve os minerais daterra para seu alimento. O solo é inferior à arvore; aárvore, todavia, depende dele para sua existência. Adespeito dessa dependência, a árvore cresce em sentidooposto, afastando-se do solo. Como que desgostando dosolo, ergue alto os seus galhos em direção ao céu. Isso é

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similar ao ser humano e seu estado de desapego domundo material, quando sua alma aspira às coisasespirituais e renuncia aos desejos mundanos.

Crescendo em direção ao alto, afastando-se do solo,a árvore torna-se recipiente dos raios do sol, a coisa maispreciosa neste mundo físico. Como resultado da efusãodas energias liberadas pelo sol, a árvore torna-severdejante e produz belas flores e frutos. Certamente, ocrescimento da árvore é involuntário. Mas suponhamosque ela tivesse uma escolha e, por causa de seu amor àterra e de sua dependência do solo, inclinasse seus ramospara baixo e se enterrasse sob o chão. Então, nunca maisela poderia receber os raios do sol; por fim, apodreceria.

Os mesmos princípios aplicam-se ao ser humano quetem que viver neste mundo e trabalhar para ganhar a vida,e que depende das coisas materiais para sua existência.Deus, entretanto, designou em Seu Convênio com ohomem que a alma humana deve tornar-se desprendidadas coisas deste mundo e aspirar aos reinos espirituais.Mas diferentemente da árvore, que não tem escolha, ohomem tem livre arbítrio. Se ele opta por ignorar asprovisões do Convênio e enamorar-se pelo mundo, suasvaidades e suas atrações materiais, então ele se torna umescravo das coisas terrenas, e sua alma, privada do poderda fé, torna-se empobrecida.

Por outro lado, quando o indivíduo aspira às coisasespirituais, volve-se ao Manifestante de Deus e nãodireciona todas as suas afeições a este mundo mortal,então sua alma torna-se iluminada pelos raios do Sol daVerdade e cumprirá o propósito para o qual foi criado. O

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exemplo acima, mostrando a similaridade entre a árvoree o homem, demonstra que os mundos físicos eespirituais de Deus são relacionados entre si através deleis similares. É possível, portanto, descobrir algunsprincípios espirituais examinando-se as leis físicas. Demaneira similar, as leis e ensinamentos básicos de umareligião podem ser vistos como leis da natureza em umreino mais elevado. A diferença é que, quando as leis deum reino inferior são aplicadas a um reino superior,certas características são adicionadas, as quais estãoausentes no inferior. Este fato foi observado no exemploacima; a característica adicional é que o homem exerceseu livre arbítrio para decidir seu próprio destino,enquanto a árvore cresce involuntariamente, sendo oelemento de escolha ausente no reino vegetal.

Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláh afirma que cadacoisa criada neste mundo físico tem alguma correlativanos mundos de Deus. Para identificá-las, podemos volver-nos às palavras e pronunciamentos dos Manifestantes deDeus e sermos guiados por Suas explicações. Porexemplo, o estudo dos Escritos de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá leva-nos a acreditar que um correlativo doManifestante de Deus neste reino físico é o sol. OManifestante de Deus, em relação à humanidade, é assimcomo o sol, que derrama sua energia sobre esta terra e éa causa da vida. O estudo de algumas das característicasdo sol pode ajudar-nos a apreciar alguns dos poderes eatributos do Manifestante de Deus, ao grau de nossaslimitações humanas.

Podemos perguntar qual é o correlativo físico da alma

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neste mundo. Do estudo dos Escritos, parece ser oembrião, crescendo no ventre de uma mãe. Do estudodestes, podemos deduzir alguns atributos e caracter-ísticas daquela! Podemos observar impressionantessimilaridades entre ambos; por exemplo, notamos que oembrião começa sua vida como uma célula. Não existemmembros e órgãos inicialmente, mas a célula tem acapacidade de multiplicar-se, e na plenitude do tempotransformar-se em um corpo humano perfeito. De modosemelhante, a alma, logo quando criada, é uma “jóiacelestial”. Não tem experiência e suas qualidades epoderes estão latentes nela, mas ela é capaz de adquiriressas qualidades latentes progressivamente no curso deuma vida. Deus decretou que o embrião desenvolvamembros e órgãos enquanto ainda protegido no ventrematerno. De forma similar, Ele ordenou que a almadesenvolvesse qualidades espirituais no curso de suaassociação com o corpo. É nesta vida, este mundo-ventre,que a alma pode adquirir virtudes e perfeições divinas.Se ela assim escolhe, pode tornar-se o repositório deconhecimento, de sabedoria, de amor e de todos osoutros atributos de Deus.

O crescimento de membros e órgãos na vidaembrionária, e o desenvolvimento das qualidadesespirituais pela alma, são governados pelos mesmosprincípios. Mas existe uma diferença principal. Ocrescimento do embrião é involuntário e ditado pelanatureza, enquanto que a alma tem liberdade de escolha.Isso representa uma dimensão adicional concedida à alma,que não existe no mundo físico da natureza.

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Em uma Epístola, Bahá’u’lláh afirma:

“E agora, quanto à tua pergunta relativa à criaçãodo homem. Sabe tu que todos os homens foramcriados na natureza feita por Deus, o Guardião, Oque subsiste por Si próprio. A cada um seprescreveu uma medida preordenada, segundodecretam as poderosas Epístolas guardadas deDeus. Tudo o que vós possuís potencialmente,porém, só se pode manifestar como resultado devossa própria volição.”7

Outra semelhança entre a alma e o embrião é que estecresce dentro do ventre somente por um curto períodode tempo. É um estágio transitório, não designado comoum lugar em que se viva para sempre. Este mundo étambém de duração limitada para a alma. Não é um lugarde residência eterna; todo ser humano, inevitavelmente,terá que deixá-lo. A meta de vida para toda criança é morrerpara o ventre e nascer neste mundo, seu próximo mundo.Assim também é a meta para a alma, cujo destino final épartir deste mundo e entrar nos mundos espirituais deDeus.

Outra semelhança entre a alma e o embrião é que acriança deve desenvolver seus membros e órgãos noventre de sua mãe. Se nascer sem algum desses, ele serádeficiente, pois é incapaz de adquiri-los nesta vida. Aalma também deve desenvolver suas qualidades nestemundo. A aquisição de sabedoria, conhecimento, amor,humildade e todos os outros atributos divinos é possívelapenas neste reino terrestre. Observamos que alguns

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membros e órgãos parecem ser desnecessários no mundouterino. Por exemplo, os olhos são incapazes de láenxergar, mas quando a criança nasce, a luz trará a visãopara seus olhos. A combinação dos dois – os olhosadquiridos no ventre materno e os raios de luz que existemneste mundo – dotam o ser humano com a capacidade devisão. De forma semelhante, as virtudes e perfeições quea alma adquiriu neste mundo, combinadas com ascondições dos mundos espirituais, que sãodesconhecidos por nós enquanto neste plano mortal,serão causa de progresso da alma na próxima vida.

Enquanto o ser humano vive neste mundo, a alma e ocorpo estão associados um ao outro. Quando ocorre amorte, essa associação chega ao final; o corpo retornaráa sua origem, que é a terra. A alma também retorna a suaorigem, que são os mundos espirituais de Deus. Oembrião começa sua vida como uma célula, mas terminaem um corpo perfeito por ocasião de seu nascimento. Aalma também. Quando emana primariamente dos mundosespirituais de Deus, ela não tem poderes. Mas se cresceuapropriadamente, viveu uma vida correta neste mundo eadquiriu as qualidades espirituais, então retorna a suaprópria habitação de origem em um estado de poder e deglória. Manifestando os sinais de Deus e possuindoatributos divinos, ela retém sua individuali-dade eidentidade próprias e, como Bahá’u’lláh promete,associar-se-á com os Mensageiros de Deus e SeusEscolhidos nos reinos do alto. ...

Podemos observar um imenso contraste entre a alma,no seu início, quando primariamente associada ao corpo

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no momento da concepção, e em sua consumação, quandoregressa à sua origem nos mundos espirituais de Deus.Inicialmente, desprovida de todo poder, ao final,possuidora de muitos atributos e qualidades espirituais.A condição da alma no próximo mundo é, portanto,dependente da aquisição de atributos espirituais, damesma forma que a condição da criança nascida nestemundo depende de seu desenvolvimento saudável nomundo do ventre materno. ...

A criança, no ventre materno, é incapaz de descobrirque o mundo no qual está destinada a nascer estáespantosamente próximo dela. Este princípio é aplicáveltambém aos reinos espirituais. Enquanto habita estemundo físico, o homem é incapaz de apreender ascaracterísticas do próximo mundo, que abrange o mundohumano e tudo que ele contém. Nem é ele capaz devisualizar a grandeza e o esplendor dos reinos celestiais.É somente após sua separação do corpo que a almaapreciará quão próximo esteve o mundo espiritual ecomo ele abrange este mundo físico. Compreenderá,então, como Bahá’u’lláh atesta em uma de Suas Epístolas:

“O mundo do além é tão diferente deste mundocomo este mundo é diferente daquele da criançaenquanto ainda no ventre de sua mãe.” 8

Deus não concedeu à criança, antes de nascer, acapacidade de descobrir a pequenez de sua moradatemporária, ou a vastidão e a beleza deste mundo. Deforma similar, Ele não dotou o ser humano, enquantoneste mundo, com a capacidade de perceber, mesmo em

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um grau infinitesimal, as condições dos mundosespirituais de Deus. Se Ele o tivesse feito, tanto aestabilidade como também o propósito desta vida teriamsido completamente solapadas. Bahá’u’lláh afirma emuma de Suas Epístolas que, fosse a posição destinada aum verdadeiro crente no mundo do além revelada namedida do orifício de uma agulha, toda alma expirariaem êxtase. ...

Bahá’u’lláh descreve a influência de almas puras esantas sobre a humanidade. Estas são Suas palavrasasseguradoras:

“Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, setiver seguido os caminhos de Deus, voltará,seguramente, e se associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingirum grau que nenhuma pena nem língua podedescrever. A alma que tiver permanecido fiel àCausa de Deus e se mantido inabalavelmente firmeem Seu Caminho, haverá de possuir, após suaascensão, tal poder que todos os mundos que oOnipotente criou podem ser beneficiados por seuintermédio.”9

A alma leva consigo, para o próximo mundo, atributosdivinos e qualidades espirituais, mas não pode levarconsigo más qualidades, pois a maldade não temexistência própria; ela é apenas a falta de bondade. A fimde esclarecer melhor este assunto, consideremos osseguintes exemplos. Notamos que a escuridão não temexistência real; é a ausência de luz. Com a pobreza ocorre

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o mesmo; um homem pobre não pode dizer que elecarrega sua pobreza consigo. O que ele tem é muitopouco dinheiro. Não existe um padrão para medirpobreza; ela somente pode ser definida como falta deriquezas, e é medida pelo padrão de riqueza. Uma pessoamá pode ser definida como alguém que tem muito poucasqualidades boas. Sua alma está empobrecida e, portanto,ela pode levar consigo apenas uma porção muito pequenade bondade para os mundos espirituais de Deus.

O grau do progresso de uma alma nos mundosespirituais de Deus depende da medida em que oindivíduo adornou seu ser com “os ornamentos de umcaráter bondoso e de virtudes louváveis”. Esta é a razãoprincipal pela qual Deus tem enviado Seus Manifestantes,para que possam lançar luz sobre o caminho do homemnesta vida e mostrar-lhe como adquirir qualidadesespirituais e atributos celestiais. Vimos que estesatributos, que podem ser comparados a membros eórgãos espirituais, são necessários no próximo mundopara o contínuo progresso de uma alma. A obediênciaaos ensinamentos de Deus dotarão a alma com atributosdivinos e, caso contrário, a alma retornará aos reinosespirituais de Deus em um estado de perda eempobrecimento. Em uma de Suas Epístolas, Bahá’u’lláhrevela estas importantes elocuções:

“Se [a alma] for fiel a Deus, refletirá a Sua Luze a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar emlealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eue da paixão, em cujas profundidades, finalmente,mergulhará.”10

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“Bem-aventurado o homem que tiver volvido aface a Deus e seguido firmemente em Seu amor,até que sua alma tenha alçado vôo a Deus, o SenhorSoberano de todos, o Mais Poderoso, a EternaClemência, o Todo-Misericordioso.”11

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AAlma

Humanado nascimentoà eternidade

Textos deBahá’u’lláh

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1. Criação do Ser Humano2. Grau a Ser Atingido3. A Alma – Sinal de Deus4. Grau a Ser Atingido no Mundo do Além5. Progresso Contínuo6. Capacidade para Conhecer a Deus7. Comparada ao Sol e ao Fruto de uma Árvore8. A Alma após a Morte9. Associação das Almas nos Planos do Além

Os textos a seguir apresentados foram selecionados por ShoghiEffendi, bisneto de Bahá’u’lláh e Guardião da Fé Bahá’í, no período de1921 a 1957.

Foram por ele traduzidos do persa para o inglês, publicados em umlivro que recebeu o título de Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, edesse idioma para o português, editado pela Editora Bahá’í do Brasil. Olivro em questão focaliza, em 166 seções, cerca de 300 diferentes assuntos.

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1. Criação do Ser HumanoTodo louvor à unidade de Deus e toda honra a Ele, o

Senhor soberano, o incomparável e todo-glorioso Reido universo, Quem, da inexistência absoluta, criou arealidade de todas as coisas, Quem, do nada, trouxe paraa existência os elementos mais refinados e sutis de Suacriação e, salvando Suas criaturas do rebaixamento daseparação e dos perigos da extinção final, as recebeu emSeu reino de glória incorruptível. Nada menos de Suagraça, que a tudo abrange, e de Sua mercê, que a tudopenetra, poderia ter realizado isso. De outro modo, comoteria sido possível o simples nada haver adquirido, por sisó, o merecimento e a capacidade para emergir de seuestado de inexistência para o domínio do ser?

Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e semove, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absolutae soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção ea capacidade incomparáveis de O conhecer e amar –capacidade esta que há de ser vista como o impulsogerador e o desígnio primário que baseiam toda acriação... A luz de um de Seus nomes, Ele irradiou sobrea mais íntima realidade de cada uma das coisas criadas,fazendo dessa realidade um receptáculo da glória de umde Seus atributos. Sobre a realidade do homem,entretanto, focalizou Ele o fulgor de todos os Seusnomes e atributos e o fez um espelho de Seu próprioSer. O homem, unicamente, dentre todas as coisas criadas,foi distinguido por tão grande favor, por uma graça tãoduradoura.

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Essas energias das quais o Sol da generosidade Divina,a Fonte da guia celestial, dotou a realidade do homem,jazem nele latentes, todavia, assim como a chama seoculta dentro da vela e os raios de luz estão presentes,potencialmente, na lâmpada. O brilho dessas energiaspode ser obscurecido por desejos terrenos, assim comoa luz do sol pode se esconder sob o pó e as impurezasque encobrem o espelho. Nem a vela, nem a lâmpadapodem acender-se por seus próprios esforços, semauxílio, nem será possível jamais que o espelho, por sisó, livre-se de suas impurezas. Está claro e evidente que,antes de se atear fogo, a lâmpada não será acesa, e a nãoser que se apague de sua face a impureza, o espelho jamaisrepresentará a imagem do sol nem lhe poderá refletir aluz e glória.1

E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação dohomem. Sabe tu que todos os homens foram criados nanatureza feita por Deus, o Guardião, O que subsiste porSi próprio. A cada um se prescreveu uma medidapreordenada, segundo decretam as poderosas Epístolasguardadas de Deus. Tudo o que vós possuís potencial-mente, porém, só se pode manifestar como resultado devossa própria volição.2

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2. Grau a Ser AtingidoAtravés dos Ensinamentos deste Sol da Verdade, todo

homem progredirá e desenvolver-se-á até atingir o grauem que possa manifestar todas as forças potenciais deque seu mais íntimo e verdadeiro ser foi dotado. É paraeste próprio fim que, em cada era e dispensação, osProfetas de Deus e Seus Eleitos aparecem entre oshomens e demonstram tal poder como é oriundo de Deus,e tal grandeza como somente o Eterno há de revelar.3

As alturas que o homem mortal pode atingir, nesteDia, através do mais benévolo favor de Deus, ainda nãoforam reveladas à sua vista. O mundo da existência jamaisteve revelação igual, nem para isso possui aindacapacidade. Aproxima-se o dia, entretanto, em que aspotencialidades de tão grande favor, em virtude de Seumando, manifestar-se-ão aos homens.4

A cada coisa criada confiou Ele um sinal de Seuconhecimento, proveniente do manancial excelso e daessência de Seu favor e generosidade... Este sinal é oespelho de Sua beleza no mundo da criação. Quanto maioro esforço que se fizer para o polimento desse sublime enobre espelho, mais fielmente se poderá fazê-lo refletira glória dos nomes e atributos de Deus e revelar asmaravilhas de Seus sinais e Seu conhecimento. ...

Sem a menor dúvida, em conseqüência dos esforçosque todo homem pode fazer, conscientemente, e comoresultado do exercício de suas próprias faculdadesespirituais, esse espelho pode a tal ponto se livrar da

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escória das contaminações terrenas e se purificar dasfantasias satânicas, que venha a aproximar-se dos pradosda santidade eterna e atingir as cortes da perene amizade.5

As potencialidades inerentes à condição do homem,a plena medida de seu destino na terra, a excelência inatade sua realidade – tudo isto se deve tornar manifesto nesteDia Prometido de Deus.6

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3. A Alma – Sinal de DeusTu Me perguntaste sobre a natureza da alma. Sabe tu,

em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóiacelestial cuja realidade os mais eruditos dos homens nãoconseguiram apreender e cujo mistério mente alguma,por aguçada que seja, pode esperar jamais desvendar.Entre todas as coisas criadas, é a primeira a declarar aexcelência de seu Criador, a primeira a Lhe reconhecera glória, a aderir à Sua verdade e a primeira a curvar-seem adoração diante dEle. Se for fiel a Deus, refletirá aSua Luz e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar emlealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu e dapaixão, em cujas profundidades, finalmente, mergulhará.7

Em verdade digo, a alma humana é, em sua essência,um dos sinais de Deus, um mistério entre Seus mistérios.É um dos poderosos sinais do Onipotente, o precursorque proclama a realidade de todos os mundos de Deus.Dentro dela jaz oculto aquilo que o mundo atual écompletamente incapaz de apreender. Pondera tu em teucoração a revelação da Alma de Deus que se insinua emtodas as Suas Leis, e vê como contrasta com aquelanatureza vil e apetitiva que se rebelou contra Ele, queproíbe os homens de se volverem ao Senhor dos Nomese os impele a seguir seus desejos lascivos e maléficos.Essa alma, em verdade, andou longe no caminho doerro...8

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4. Grau a Ser Atingido noMundo do Além

Tu Me perguntaste, além disso, a respeito do estadoda alma após sua separação do corpo. Sabe tu, emverdade, que a alma do homem, se tiver seguido oscaminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associaráà glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haveráde atingir um grau que nenhuma pena nem língua podedescrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa deDeus e se mantido inabalavelmente firme em SeuCaminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poderque todos os mundos que o Onipotente criou podem serbeneficiados por seu intermédio. Esta alma, a mando doRei Ideal e do Educador Divino, provê o levedo puro parafermentar o mundo dos seres e fornece o poder atravésdo qual as artes e maravilhas do mundo se tornammanifestas. Considera como a farinha necessita de levedopara ser fermentada. Aquelas almas que são os símbolosdo desprendimento são o fermento do mundo. Meditasobre isto e sê tu dos agradecidos.

Em várias de Nossas Epístolas referimo-Nos a estetema, expondo as diversas etapas no desenvolvimento daalma. Em verdade digo, a alma humana está elevada acimade toda saída e todo regresso. É imóvel e, no entanto,voa; move-se, porém está quieta. É, em si, um testemunhoque prova a existência de um mundo que é contingente,bem como a realidade de um mundo que não tem princípionem fim. Vê como o sonho que tiveste pode, após umintervalo de muitos anos, reapresentar-se diante de teus

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olhos. Considera como é estranho o mistério do mundoque te aparece em teu sonho. Pondera em teu coração ainescrutável sabedoria de Deus e medita sobre suasmúltiplas revelações...9

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5. Progresso ContínuoE agora a respeito de tua pergunta sobre a alma do

homem e sua sobrevivência após a morte. Sabe tu que,em verdade, a alma após sua separação do corpocontinuará a progredir até que atinja a Presença de Deus,em uma condição e um estado que nem a revolução dosséculos e eras, nem os acasos e as vicissitudes destemundo, poderão alterar. Durará enquanto durar o Reinode Deus – Sua soberania, Seu domínio e Seu poder.Haverá de manifestar os sinais de Deus e Seus atributos,e revelar Sua benevolência e generosidade. O movimentode Minha Pena aquieta-se quando tenta descrever, de ummodo digno, a sublimidade e a glória de tão excelsacondição. Tamanha é a honra da qual a Mão daMisericórdia investirá a alma, que nenhuma língua poderevelá-la adequadamente, nem qualquer outroinstrumento terreno descrevê-la. Bem-aventurada a almaque, na hora de sua separação do corpo, estiversantificada das vãs imaginações dos povos do mundo.Essa alma vive e atua segundo a Vontade de seu Criador eentra no Paraíso supremo. As Donzelas do Céu, habitantesdas mais elevadas mansões, circundá-la-ão e os Profetasde Deus e Seus eleitos procurarão sua companhia. Comeles essa alma conversará livremente, relatando-lhes oque teve de sofrer no caminho de Deus, o Senhor de todosos mundos. Se a alguém se disser o que é destinado aessa alma nos mundos de Deus, Senhor do trono nasalturas e do reino terrestre, todo o seu ser arderáinstantaneamente em seu anseio por atingir essa condição

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excelsa, santificada e resplandecente... A natureza da almaapós a morte não pode jamais ser descrita, nem éapropriado ou permissível revelar seu caráter plenamenteaos olhos dos homens. Os Profetas e Mensageiros deDeus têm sido enviados com o fim único de guiar ahumanidade ao reto Caminho da Verdade. É o intuitofundamental de Sua Revelação educar todos os homenspara que possam, na hora de sua morte, ascender ao tronodo Altíssimo no grau máximo de pureza e santidade, ecom desprendimento absoluto. Da luz irradiada por essasalmas dependem o progresso do mundo e o adiantamentode seus povos. Elas são como fermento que leveda omundo existente; constituem a força animadora que fazmanifestarem-se as artes e maravilhas do mundo. Porseu intermédio, as nuvens dispensam suas graças aoshomens e a terra produz seus frutos. É mister que todasas coisas tenham uma causa, uma força motriz, umprincípio animador. Essas almas, símbolos dodesprendimento, têm provido e continuarão a prover oimpulso supremo que move o mundo dos seres.10

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6. Capacidade para Conhecera Deus

Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e semove, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absolutae soberana, dignou-Se conferir ao homem a distinção ea capacidade incomparáveis de O conhecer e amar –capacidade esta que há de ser vista como o impulsogerador e o desígnio primário que baseiam toda acriação...11

Todo louvor e glória a Deus, Quem, através do poderde Sua grandeza, livrou Sua criação da nudez dainexistência e a vestiu do manto da vida. Dentre todas ascoisas criadas, distinguiu Ele para Seu especial favor apura, preciosa realidade do homem e a investiu de umacapacidade sem igual, a de O conhecer e de refletir agrandeza de Sua glória. Essa dupla distinção que lhe foiconferida limpou de seu coração a ferrugem de tododesejo vão e o tornou merecedor das vestes com queseu Criador dignou-Se cobri-lo. Valeu para salvar sua almada miséria da ignorância.12

O primeiro e proeminente testemunho paraestabelecer Sua verdade é Ele próprio. Depois destetestemunho, é Sua Revelação...

Por Ele, foi cada alma dotada da capacidade dereconhecer os sinais de Deus. Como teria Ele podido,de outro modo, cumprir Seu testemunho aos homens –se sois dos que ponderam Sua Causa em seus corações?...Jamais tratará Ele a qualquer um com injustiça, nem

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atarefará nenhuma alma além de suas próprias forças.Ele, em verdade, é o Compassivo, o Todo-Misericordioso.13

Não vos deixeis ser envolvidos nos véus densos devossos desejos egoístas, desde que aperfeiçoei em cadaum de vós a Minha criação, para que a excelência deMinha obra seja plenamente revelada aos homens. Segue-se, pois, que todo homem tem sido e continuará a sercapaz, por si só, de apreciar a Beleza de Deus, oGlorificado. Se ele não tivesse sido dotado de talcapacidade, como seria chamado para responder por suafalha?14

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7. Comparada ao Sol e ao Frutode uma Árvore

Sabe tu que a alma do homem está elevada acima detodas as enfermidades do corpo ou da mente eindependente delas. O fato de uma pessoa enfermamostrar sinais de fraqueza é devido aos empecilhos quese interpõem entre sua alma e seu corpo, pois a própriaalma fica isenta de qualquer mal do corpo. Considera aluz da lâmpada. Embora um objeto externo possainterferir em sua irradiação, a própria luz continua abrilhar sem diminuição de intensidade. Semelhante-mente, cada enfermidade que aflige o corpo do homemé um obstáculo que impede a alma de manifestar seupoder e força inerentes. Ao deixar o corpo, entretanto,ela mostrará tal ascendência e revelará tamanhainfluência, que força alguma na terra pode igualar. Cadaalma pura, evoluída e santa será dotada de tremendopoder e com júbilo extremo se regozijará.

Consideremos a lâmpada que se oculta debaixo de umalqueire. Embora sua luz resplandeça, sua irradiação, noentanto, esconde-se dos homens. Do mesmo modo,consideremos o sol que está obscurecido pelas nuvens.Observemos como seu esplendor parece haverdiminuído, quando, na realidade, a fonte dessa luzpermanece inalterada. A alma do homem deve sercomparada a esse sol, e todas as coisas na terra, a seucorpo. Enquanto nenhum obstáculo exterior se interpõeentre eles, o corpo continuará a refletir a luz da alma emsua plenitude e a ser sustentado pelo seu poder. Logo

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que um véu se interpõe entre eles, porém, o brilho dessaluz parece diminuir.

Consideremos outra vez o sol quando está completa-mente escondido atrás das nuvens. Embora a terra estejaainda iluminada com sua luz, a medida de luz que elarecebe é, não obstante, bem reduzida. Enquanto as nuvensnão se tiverem dispersado, o sol não irradiará outra vezna plenitude de sua glória. Nem a presença da nuvem,nem a sua ausência, pode afetar de modo algum o inerenteesplendor do sol. A alma do homem é o sol pelo qualseu corpo é iluminado e do qual deriva seu sustento.Assim deve ela ser considerada.

Vejamos, além disso, como o fruto, antes de se formar,jaz potencialmente dentro da árvore. Fosse a árvoredespedaçada, nenhum sinal ou parte do fruto, por menorque fosse, poderia ser percebido. Ao aparecer, porém,como já observaste, manifesta-se em sua admirávelbeleza e gloriosa perfeição. Certas frutas, de fato,atingem seu mais pleno desenvolvimento só depois deserem tiradas da árvore.15

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8. A Alma após a MorteÉ claro e evidente que, quando tiverem sido rompidos

os véus que ocultam as realidades das manifestações dosNomes e Atributos de Deus, ainda mais, de todas ascoisas criadas, visíveis ou invisíveis, nada permanecerásenão o Sinal de Deus – sinal este que Ele, Ele próprio,pôs dentro dessas realidades. Esse sinal perdurará tantotempo quanto for o desejo do Senhor teu Deus, o Senhordos céus e da terra. Se são estas as bênçãos conferidas atodas as coisas criadas, quão superior há de ser o destinodo verdadeiro crente, cuja existência e vida devem serconsideradas o propósito originador de toda a criação.Assim como o conceito da fé existe desde o princípioque não tem princípio e perdurará até o fim que não temfim, do mesmo modo o verdadeiro crente haverá de vivere perdurar eternamente. Seu espírito para todo o semprecirculará em volta da Vontade de Deus. Ele durará tantotempo quanto Deus mesmo durar. Através da Revelaçãode Deus, ele se revela e a Seu mando se oculta. Torna-seevidente que as mais sublimes mansões no Reino daImortalidade foram ordenadas como a morada daquelesque verdadeiramente acreditam em Deus e em Seussinais. A morte jamais poderá invadir aquele sagradoassento. Assim confiamos Nós a ti os sinais de teu Senhor,para que perseveres em teu amor por Ele e sejas dos quecompreendem esta verdade.16

O mundo do além é tão diferente deste mundo comoeste o é do mundo da criança ainda no ventre materno.

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Quando a alma atingir a Presença de Deus, assumirá aforma que melhor convier à sua imortalidade e for dignade sua morada celestial.17

Ó Meus servos! Não vos entristeçais se, nestes diase neste plano terreno, coisas contrárias aos vossosdesejos tiverem sido ordenadas e manifestadas por Deus,pois seguramente vos esperam dias de extasiantefelicidade, de deleite celestial. Mundos santos,espiritualmente gloriosos, desvendar-se-ão diante devossos olhos. Sois destinados por Ele, neste mundo e novindouro, a participar de seus benefícios, a obter umquinhão de suas alegrias e receber uma porção de suagraça sustentadora. A cada um destes, indubitavel-mente,atingireis.18

Sabe tu que todo ouvido que ouve, se for conservadopuro e sem corrupção, deve, em todos os tempos e detodas as direções, escutar a voz que pronuncia estaspalavras sagradas: “Verdadeiramente, somos de Deus e aEle haveremos de regressar”. Os mistérios da morte físicado homem e de seu regresso não foram divulgados e aindapermanecem sem serem lidos. Pela retidão de Deus! Sefossem revelados, causariam tamanho medo e tristezaque alguns pereceriam, enquanto outros se regozijariama ponto de desejarem a morte e suplicarem comincessante ânsia, ao Deus Uno e Verdadeiro – exaltadaseja Sua glória – que lhes apressasse o fim.

A morte oferece a todo crente confiante a taça que éa vida, em verdade. Confere júbilo e é portadora decontentamento. Concede a dádiva da vida eterna.

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Para aqueles que têm saboreado o fruto da existênciaterrena do homem, o qual é o reconhecimento do DeusUno e Verdadeiro – exaltada seja Sua glória – a vida noalém é tal como não podemos descrever. Conhecê-lacabe, tão somente, a Deus, o Senhor de todos osmundos.19

... a alma, após sua separação do corpo, continuará aprogredir até que atinja a Presença de Deus, em umacondição e em um estado que nem a revolução dosséculos e eras, nem os acasos e vicissitudes deste mundo,poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino de Deus– Sua soberania, Seu domínio e Seu poder.20

Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiverseguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, ese associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão deDeus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nemlíngua pode descrever. A alma que tiver permanecido fielà Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme emSeu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, talpoder que todos os mundos que o Onipotente crioupodem ser beneficiados por seu intermédio.21

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9. A Associação das Almas nosPlanos do Além

E agora, no tocante à tua pergunta se as almas humanascontinuarão a ser conscientes uma da outra, após suaseparação do corpo. Sabe tu que as almas do povo deBahá que tiverem entrado e se estabelecido dentro daArca Carmesim, haverão de se unir e comungarintimamente umas com as outras, estando tãoestreitamente associadas em suas vidas – em suasaspirações, seus objetivos e esforços, que serão comouma só alma. ...

O povo de Bahá, os habitantes da Arca de Deus, são,todos eles, bem conscientes do estado e da condição umdo outro, e estão unidos por laços de íntima amizade.22

Bem-aventurada a alma que, na hora de sua separaçãodo corpo, estiver santificada das vãs imaginações dospovos do mundo. Essa alma vive e atua segundo a Vontadede seu Criador e entra no Paraíso supremo. As Donzelasdo Céu, habitantes das mais elevadas mansões, circundá-la-ão e os Profetas de Deus e Seus eleitos procurarãosua companhia. Com eles, essa alma conversarálivremente, relatando-lhes o que teve de sofrer nocaminho de Deus, o Senhor de todos os mundos. ...

A natureza da alma após a morte não pode jamais serdescrita, nem é apropriado ou permissível revelar seucaráter plenamente aos olhos dos homens. Os Profetase Mensageiros de Deus têm sido enviados com o fimúnico de guiar a humanidade ao reto Caminho da Verdade.

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É o intuito fundamental de Sua Revelação educar todosos homens para que possam, na hora de sua morte,ascender ao trono do Altíssimo no grau máximo de purezae santidade, e com desprendimento absoluto.23

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AAlma

Humanado nascimentoà eternidade

Textos de‘Abdu’l-Bahá

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1. A Respeito do Corpo, da Alma e do Espírito2. As Duas Naturezas do Ser Humano3. O Espírito e a Mente Existem

desde o Princípio4. O Aparecimento do Espírito no Corpo5. A Relação entre Deus e a Criatura6. O Espírito Santo – o Poder Mediador entre

Deus e o Homem7. A Imortalidade do Espírito – I8. A Imortalidade do Espírito – II9. A Evolução do Espírito

10. A Vida Eterna e a Entrada no Reino de Deus11. O Destino12. O Livre Arbítrio13. O Propósito da Jornada da Alma para Deus14. Planejando o Futuro

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1. A Respeito do Corpo, daAlma e do Espírito

Há no mundo da humanidade três graus: o do corpo,o da alma e o do espírito.

O corpo é o estágio físico ou animal do homem. Doponto de vista do corpo, o homem é participante do reinoanimal. Os corpos dos homens e dos animais sãocompostos de elementos ligados pela lei da atração.

Como o animal, o homem possui as faculdades dossentidos, está sujeito ao calor, ao frio, à fome, à sede,etc.; diferentemente do animal, o homem tem almaracional, a inteligência humana.

Essa inteligência humana é o intermédio de seu corpoe seu espírito.

Quando o homem permite ao espírito, através da alma,iluminar seu entendimento, então ele contém toda aCriação; porque o homem, sendo a culminância de tudoo que veio antes e, assim, superior a todas as evoluçõesprecedentes, contém todo o mundo inferior dentro de sipróprio. Iluminada pelo espírito através do veículo daalma, a inteligência radiante do homem transforma-o noponto sublimado da Criação.

Mas, por outro lado, quando o homem não abre amente e o coração às bênçãos do espírito, e sim inclinaa alma para o lado material, em direção à parte corporalde sua natureza, então ele desce de sua alta posição etorna-se inferior aos habitantes do mais baixo reinoanimal. Neste caso, o homem está numa triste situação!Pois, se as qualidades espirituais da alma, aberta ao sopro

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do Espírito Divino, nunca são usadas, tornam-seatrofiadas, debilitadas, e, por fim, incapazes; enquantoque, exercitadas somente as qualidades materiais da alma,estas fazem-se terrivelmente poderosas – e o homeminfeliz e desencaminhado torna-se mais selvagem, maisinjusto, mais vil, mais cruel, mais malevolente do que ospróprios animais inferiores. Fortalecidos todos osdesejos e aspirações pelo lado inferior da natureza daalma, ele se embrutece cada vez mais, até que todo o seuser em nada supera os animais, que perecem. Homensassim planejam fazer o mal, ferir e destruir; não têmabsolutamente o espírito da compaixão Divina, pois aqualidade celestial da alma foi dominada pela qualidadematerial. Se, ao contrário, a natureza espiritual da alma étão fortalecida que subjuga o lado material, então ohomem aproxima-se do Divino; sua natureza humana vema ser tão glorificada que as virtudes da AssembléiaCelestial nele se manifestam; ele irradia a Misericórdiade Deus, estimula o progresso espiritual da raça humana,pois se transforma numa lâmpada para lhe iluminar ocaminho.

Percebeis como a alma é mediadora de corpo eespírito. De maneira semelhante, é esta árvore*

intermediária de semente e fruto. Quando o fruto daárvore aparece e fica maduro, então sabemos que ela éperfeita; se a árvore não produz fruto, terá simplesmentecrescimento inútil, sem nenhum proveito.

Quando a alma tem em si a vida do espírito, então elaproduz bom fruto e converte-se numa árvore Divina.Desejo que tenteis compreender este exemplo. Espero

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que a inexprimível bondade de Deus vos fortaleça a talponto que a qualidade celestial de vossa alma, a qual arelaciona com o espírito, domine para sempre o ladomaterial, governando os sentidos tão completamente quevossa alma se aproxime das perfeições do ReinoCelestial. Que vossas faces, firmemente voltadas para aLuz Divina, tornem-se tão luminosas que todos os vossospensamentos, palavras e obras brilhem com a RadiânciaEspiritual de vossas almas, de tal modo que nas reuniõesdo mundo mostreis perfeição em vossas vidas.

Certas pessoas ocupam-se unicamente com as coisasdeste mundo; suas mentes são tão limitadas poraparências e interesses tradicionais que ficam cegas aqualquer outro plano de existência, ao sentido espiritualde todas as coisas! Pensam e sonham com fama terrena,com progresso material. Prazeres sensuais e ambientesconfortáveis circunscrevem seu horizonte, suas maisaltas ambições concentram-se no sucesso das condiçõese circunstâncias mundanas! Não reprimem suas maisbaixas inclinações; comem, bebem e dormem! Como oanimal, não pensam senão no próprio bem-estar físico.É verdade que essas necessidades devem ser atendidas.A vida é um fardo que deve ser carregado enquantoestamos na terra, mas não devemos permitir que oscuidados com as coisas inferiores da vida monopolizemtodos os nossos pensamentos e aspirações. As ambiçõesdo coração devem ascender a um objetivo mais glorioso,a atividade mental deve alçar-se a níveis mais altos! Ohomem deve manter na alma a visão da perfeição celestial*Uma pequena laranjeira sobre a mesa.

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e lá preparar uma morada para a inexaurível generosidadedo Espírito Divino.

Que vossa ambição seja a conquista da civilizaçãoCelestial sobre a terra! Peço para vós a bênção suprema,a fim de que sejais tão plenos de vitalidade do EspíritoCelestial que vos torneis a causa de vida ao mundo.1

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2. As Duas Naturezas doSer Humano

Hoje é um dia de regozijo em Paris! Celebra-se ofestival de “Todos os Santos” (1o de novembro). Por quejulgais que essas pessoas eram chamadas “Santos”? Apalavra tem um significado muito real. Santo é quem levauma vida de pureza, quem se libertou de todas asimperfeições e fraquezas humanas.

No homem há duas naturezas: a superior, ouespiritual, e a inferior, ou material. Em uma, ele seaproxima de Deus, na outra, vive somente para o mundo.Sinais de ambas as naturezas encontram-se nos homens.No aspecto material, ele manifesta falsidade, crueldadee injustiça; tudo isto é efeito de sua natureza inferior. Osatributos de sua natureza Divina são expressos em amor,misericórdia, bondade, verdade e justiça, os quais sãotodos manifestações de sua natureza superior. Todos osbons costumes, todas as qualidades nobres, pertencem ànatureza espiritual do homem, enquanto que todas as suasimperfeições e ações pecaminosas nascem de suanatureza material. Quando a natureza Divina do homemdomina sua natureza material, temos um santo.

O homem tem o poder de fazer tanto o bem quanto omal; se seu poder para o bem predomina e suasinclinações para fazer o mal são vencidas, então ohomem, na verdade, pode ser chamado de santo. Mas se,ao contrário, rejeita as coisas de Deus e permite que suaspaixões maléficas o dominem, então ele não é melhordo que um simples animal.

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Santos são os homens que se libertaram do mundo damatéria e que sobrepujaram o pecado. Vivem no mundo,mas não lhe pertencem, estando seus pensamentossempre no plano do espírito. Suas vidas são passadas emsantidade e seus atos produzem amor, justiça e piedade.Eles são iluminados do alto; são quais lâmpadas brilhantese reluzentes nos lugares escuros da terra. Esses são ossantos de Deus. Os apóstolos, que foram os discípulosde Jesus Cristo, eram exatamente como os outroshomens; eles, como seus companheiros, eram atraídospelas coisas do mundo e cada qual pensava apenas emseu próprio interesse. Pouco conheciam da justiça, nemas perfeições divinas eram encontradas em seu meio.Mas, quando seguiram Cristo e nEle acreditaram, suaignorância deu lugar à compreensão, a crueldade foitransformada em justiça, a falsidade, em verdade e a treva,em luz. Tinham sido do mundo; tornaram-se espirituaise divinos. Tinham sido filhos da escuridão; tornaram-sefilhos de Deus, tornaram-se santos! Diligenciai, portanto,em seguir os seus passos, deixando para trás todas ascoisas do mundo e lutando para alcançar o ReinoEspiritual.

Rogai a Deus para que vos fortaleça na virtude divina,a fim de que sejais como anjos no mundo e fachos de luzdescobrindo os mistérios do Reino àquelescompreensivos de coração.

Deus enviou Seus Profetas ao mundo para ensinarem eiluminarem o homem, para lhe explicarem o mistério doPoder do Espírito Santo, para lhe habilitarem a refletir a luze, por sua vez, serem a fonte de orientação ao próximo.

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Os Livros Celestiais – a Bíblia, o Alcorão e osdemais Escritos Sagrados – foram concedidos por Deuscomo guias nas sendas da virtude Divina, do amor, dajustiça e da paz.

Conseqüentemente, eu vos digo que vos esforceispara seguirdes os conselhos desses Livros Abençoadose de tal modo ordenardes vossas vidas para que possais,seguindo os exemplos que vos foram demonstrados,tornar-vos, vós próprios, os santos do Altíssimo.2

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3. O Espírito e a Mente Existemdesde o Princípio

O princípio da existência do homem no globoterrestre é comparável à sua formação no ventre materno.Ele aqui cresce e se desenvolve até o nascimento, edepois continua a crescer e a desenvolver-se até alcançaro discernimento e a maturidade. Embora desde a infânciaapareçam no homem os sinais do intelecto e do espírito,estes não chegam logo à perfeição, estando de inícioimperfeitos. Só quando o homem atinge a maturidade éque a mente e o espírito se revelam com a máximaperfeição.

A formação do homem no ventre do mundo foianáloga à do embrião. Este progride gradativamente,crescendo e se desenvolvendo até atingir a maturidade,quando o intelecto e o espírito se revelam em todo seupoder. No começo de sua formação, já existem a mentee o espírito, porém ocultos, sendo que só mais tarde semanifestam. Também no homem, no ventre do mundo,existem, desde o princípio, mente e espírito, mas estãoocultos e só mais tarde se tornam manifestos. De modoidêntico, a árvore existe na semente, porém oculta, sóse revelando à medida que a semente se desenvolve ecresce. Assim, o desenvolvimento de todos os seres égradativo, de acordo com a organização divina universal,o sistema natural. A semente não se torna logo árvore;não é num instante que o embrião se transforma emhomem; o mineral não se torna, de repente, pedra. Não,crescem e se desenvolvem gradativamente até atingiremo limite de sua perfeição.

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Todos os seres, sejam grandes ou pequenos, foramcriados perfeitos e completos desde o princípio, massuas perfeições só vão se manifestando aos poucos. Aorganização de Deus é una; a evolução da existência éuna; é uno o sistema divino. Sejam pequenos ou grandes,todos os seres estão sujeitos a uma mesma lei e sistema.Cada semente, por exemplo, tem dentro de si, desde oprincípio, todas as perfeições vegetais, mas não de modovisível; depois, pouco a pouco, elas vão surgindo à luz.Assim, da semente primeiro surge o broto, depois osramos, as folhas, as flores e os frutos, mas isso tudo,desde o começo de sua existência, está na semente,embora em potencial apenas, e não visível.

De igual modo, o embrião possui desde o princípio todasas perfeições – o espírito, a mente, a vista, a olfação, agustação – enfim, todas as faculdades, porém elas não seacham visíveis, só aos poucos vindo a manifestarem-se.3

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4. O Aparecimento doEspírito no Corpo

A razão do aparecimento do espírito no corpo é aseguinte: o espírito humano é-nos confiado por Deus enecessita passar por todas as condições da existência, afim de adquirir suas perfeições. Assim, quando umhomem viaja e visita vários países e regiões, estudando-os sistematicamente, com método, vem a se aperfeiçoar,porque verá diversos lugares e cenas, e destartedescobrirá condições existentes nos outros países.Tornar-se-á conhecedor de sua geografia, suas maravilhase artes, familiarizando-se com os hábitos e costumes dospovos; constatará a civilização e o progresso da época;adquirirá conhecimento da orientação dos governos, edo poder e da capacidade de cada país. O mesmo sucedequando o espírito humano atravessa as várias condiçõesda existência: alcança novos graus e estados. Até mesmono corpo, pode, seguramente, adquirir perfeições.

Além disso, é necessário que apareçam neste mundoos sinais da perfeição do espírito, não só para que sejamproduzidos entre as criaturas inúmeros efeitos comotambém para que esse corpo receba vida e manifeste asgraças divinas. Os raios do sol devem brilhar sobre a terrae, assim, graças ao seu calor, os seres terrestresdesenvolver-se-ão; caso contrário, este planeta ficariainabitado, não progrediria, nem teria razão de ser. Damesma maneira, a menos que se manifestassem nomundo as perfeições do espírito, nenhuma iluminaçãoexistiria; a brutalidade é que haveria de dominar. É só

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quando o espírito se revela em forma física que o mundoé iluminado. Justamente como o corpo humano tem noespírito a causa da sua vida, também o mundo, como sefosse o corpo, depende do homem, o qual, por assimdizer, serve-lhe de espírito. Se não fosse o homem, nãose veriam as perfeições espirituais, nem resplandeceriano mundo a luz da inteligência. Este mundo seria, emverdade, um corpo sem alma.

Podemos comparar o mundo, também, a uma árvorefrutífera, e o homem a seu fruto, sem o qual a árvorenenhuma utilidade teria.

Além disso, essa composição – esses membros eelementos encontrados no organismo humano – agemcomo ímã para atrair o espírito; fatalmente, o espíritotem de se manifestar aí. Sem a menor dúvida, um espelholímpido deve atrair os raios do sol, tornando-se luminosoe refletindo admiráveis imagens. Assim, esses elementosexistentes, ao serem reunidos segundo a ordem natural,com perfeita força, tornar-se-ão um ímã para o espírito,o qual se manifestará neles com todas as suas perfeições.

Não se pode perguntar, então: “Que necessidade têmos raios solares de descer ao espelho?” Pois a relaçãoque existe entre as realidades das coisas, sejamespirituais, sejam materiais, implica no reflexo da luzsolar no espelho quando este se ache límpido e voltadopara o sol. De igual modo, quando os elementosestiverem dispostos e combinados de determinadamaneira, segundo o mais glorioso sistema e a maisperfeita organização, neles se manifestará o espíritohumano. Assim decretou o Poderoso, o Sábio.4

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5. A Relação entre Deus ea Criatura

A relação entre Deus e as criaturas é a que existeentre um criador e sua criação; é semelhante àquela quehá entre o sol e a escuridão dos seres contingentes; é arelação entre o artífice e as coisas por ele feitas. O solem sua própria essência é independente dos corpos queilumina, pois sua luz lhe é inerente, nada tendo que vercom o globo terrestre. Nosso planeta sim, está sob ainfluência do sol, dele recebendo sua luz; o sol e seusraios, porém, são inteiramente independentes da terra.De fato, sem o sol, não poderia existir nem a terra, nemum só dos seres terrestres.

As criaturas dependem, pois, de Deus, e essadependência é por emanação. Isto é, as criaturas emanamde Deus, e não O manifestam; a relação é de emanação,e não de manifestação, assim como a luz emana do sol,mas não o manifesta. É isto que se entende poremanação: é como o aparecimento dos raios daqueleastro que ilumina os horizontes do mundo.

A santa essência do Sol da Verdade não se divide,nem desce às condições das criaturas, assim como oglobo solar não se divide nem desce para a terra; apenasseus raios, que são suas graças, emanam e iluminam oscorpos escuros.5

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6. O Espírito Santo –O Poder Mediador entreDeus e o Homem

A Realidade Divina é Inconcebível, Ilimitada, Eterna,Imortal e Invisível!

O mundo da criação é limitado pela lei natural; é finitoe mortal.

A Infinita Realidade não pode ser expressa naconcepção de subir ou descer. Está além da compreensãodo homem e não pode ser descrita em termos que seaplicam à esfera dos fenômenos do mundo da criação.

O homem, pois, tem extrema necessidade do únicoPoder por meio do qual é capacitado para receber ajudada Realidade Divina, o único Poder que o coloca emcontato com a Fonte de toda a vida.

É necessário um intermediário para unir doisextremos um ao outro. Riqueza e pobreza, abundância ecarência: sem um poder intermediário nenhuma relaçãopoderia haver entre estes dois pares de opostos.

Assim, podemos dizer que deve existir um Mediadorentre Deus e o Homem, e este não é senão o EspíritoSanto, que põe a terra criada em relação com o “SerInconcebível”, a Realidade Divina.

A Realidade Divina pode ser comparada com o sol, eo Espírito Santo, com os raios do sol. Como os raios dosol trazem a luz e o calor do sol à terra, dando vida atodos os seres criados, assim os Manifestantes (de Deus)

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trazem do Sol Divino da Realidade o poder do EspíritoSanto para dar luz e vida às almas dos homens.

Vede: há um mediador necessário entre o sol e a terra;o sol não desce à terra, nem a terra sobe ao sol. Estecontato é feito pelos raios do sol que trazem luz e calor.

O Espírito Santo é a Luz do Sol da Verdade, trazendo,por seu infinito poder, vida e iluminação a toda ahumanidade, inundando todas as almas com ResplendorDivino, transmitindo ao mundo inteiro as bênçãos daMisericórdia de Deus. A terra, sem mediação do calor eda luz dos raios do sol, nenhum benefício pode receberdo sol.

Do mesmo modo, o Espírito Santo é a própria causada vida do homem; sem o Espírito Santo ele não teriaintelecto, seria incapaz de adquirir conhecimentocientífico, por meio do qual obtém grande influênciasobre o resto da criação. A iluminação do Espírito Santodá ao homem o poder do pensamento e habilita-o a fazerdescobertas por meio das quais submete as leis danatureza à sua vontade.

É o Espírito Santo que, através da mediação dosProfetas de Deus, ensina as virtudes celestiais ao homeme capacita-o a alcançar a Vida Eterna.

Todas essas bênçãos são trazidas ao homem peloEspírito Santo; conseqüentemente, podemoscompreender que o Espírito Santo é o Intermediárioentre Criador e criatura. A luz e o calor do sol fazemcom que a terra seja frutífera e criam vida em todas ascoisas que crescem; e o Espírito Santo vivifica as almasdos homens.

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Os dois grandes apóstolos, São Pedro e São João, oEvangelista, foram trabalhadores simples e humildes,lutando pelo pão de cada dia. Pelo Poder do EspíritoSanto, suas almas foram iluminadas e eles receberam asbênçãos eternas do Senhor Cristo.6

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7. A Imortalidade do Espírito – IOs Livros Sagrados falam da imortalidade do espírito:

é a base fundamental das religiões divinas. Dizem haverduas espécies de recompensas e punições: as desta vidae as do outro mundo. Em todos os mundos de Deus, sejaneste ou nos mundos celestiais, espirituais, há paraíso ehá inferno. Ganhar as recompensas é ganhar a vida eterna.Por isso Cristo disse que se deveria pelos atos mereceratingir a vida eterna e, nascendo da água e do espírito,entrar no Reino do Céu.

As recompensas desta vida são as virtudes eperfeições que adornam o homem. Por exemplo, ele estásubmerso em trevas e torna-se luminoso; tem poucoconhecimento, e adquire sabedoria; é descuidado, e torna-se vigilante; adormecido, e desperta; morto, e ressuscita;é cego, e adquire a visão; surdo, e ganha o poder de ouvir;de homem terreno, transforma-se em homem celestial;de materialista, em homem de espiritualidade. Em virtudede tais recompensas, alcança o nascimento espiritual; faz-se nova criatura. É-lhe aplicável, pois, o versículo doEvangelho que diz, com referência aos discípulos: “Estesnão nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nemdo desejo do homem, mas nasceram de Deus.”7 Equivalea dizer: libertaram-se das qualidades animais quecaracterizam a natureza humana e adquiriram as divinas,as graças de Deus. É isso que significa o segundonascimento. Para essas almas, não há maior tortura que ade serem excluídas de Deus, nem existe punição maissevera do que a de serem dominadas pelos vícios sensuais

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e desejos da carne, e estigmatizadas por baixezas eindignidades. Quando, graças à luz da fé, elas se libertamda escuridão de tais vícios, sendo iluminadas peloesplendor do Sol da Realidade e enobrecidas por todasas virtudes, nisso vêem sua maior recompensa – nissoreconhecem o verdadeiro paraíso. Da mesma maneira,elas consideram a punição espiritual, isto é, a tortura ouo castigo da existência, como equivalente a estar sujeitoao mundo da natureza, a ser privado de Deus, a ser brutale ignorante, dominado pela luxúria, absorvido pelafraqueza animal, caracterizado por más tendências, taiscomo a tirania, a crueldade, a mentira, o apego às coisasdeste mundo e a sujeição a idéias satânicas. Para essasalmas, tudo isso constitui a maior tortura, a mais severapunição.

De modo semelhante, as recompensas do outromundo são a vida eterna mencionada claramente em todosos Livros Sagrados, as perfeições e as graças divinas, e aeterna felicidade; são as perfeições e a paz alcançadasno domínio espiritual, após se haver deixado este mundo,assim como as recompensas desta vida são as verdadeirasperfeições luminosas obtidas neste mundo e causadorasda vida eterna, pois nelas consiste o próprio progressoda existência. Tal como sucede quando o homem passado estado embrionário para o da maturidade e assim setorna a manifestação destas palavras: “Abençoado sejaDeus, o melhor dos criadores”. As recompensas do outromundo são, pois, a paz, as graças espirituais, as várias

* Um farsakh é equivalente a quatro milhas, aproximadamente.

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dádivas espirituais no Reino de Deus, a realização dosdesejos da alma e do coração, e o encontro com Deusno mundo da eternidade; justamente como, por outrolado, as punições ou torturas do outro mundo consistemem achar-se destituído das bênçãos divinas especiais egraças absolutas, e em degradar-se aos graus inferioresda existência. Quem se priva destes favores divinos,embora continue a existir após sua partida deste mundo,é, no entanto, considerado pelo povo da verdade comosendo um morto. ...8

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8. A Imortalidade do Espírito – IIObservamos que tanto o poder de entendimento como

a capacidade de ação do espírito humano são de duascategorias; isto é, o espírito percebe e age de duasmaneiras diferentes: uma, por meio de instrumentos ouórgãos, como, por exemplo, vê com os olhos, ouve comos ouvidos, fala com a língua. Tal é a percepção dohomem – do espírito humano – e tal é seu modo de agir,por meio de órgãos. É o espírito quem vê, sendo os olhoso instrumento; o espírito, quem ouve, por meio dosouvidos; o espírito, quem fala, por intermédio da língua.

A outra maneira pela qual o espírito manifesta seuspoderes de perceber e agir não depende dos órgãos. Porexemplo, durante o sono, vê sem precisar de olhos, ouvesem usar os ouvidos, fala sem língua e move-se sem pés.Estas ações não dependem de instrumentos e órgãos.Quantas vezes acontece, durante o sono, a percepção,pelo espírito, de um sonho cujo significado se tornaclaro uns dois anos depois, ao sucederem os fatoscorrespondentes. Assim também, quantas vezes acontece,no mundo dos sonhos, a resolução de um problemainsolúvel no estado de vigília. Acordado, o homemenxerga com os olhos apenas uma pequena distância, aopasso que, em sonho, pode do oriente ver o ocidente.Acordado, vê o presente, enquanto dormindo, vê o futuro.Acordado o homem viaja, por meios rápidos, apenas vintefarsakhs* por hora; em sono, num abrir e fechar de olhos,atravessa o mundo, de leste a oeste. O espírito, pois, viajade dois modos: sem meios, sendo esta uma viagem

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espiritual, e com meios, no caso de uma viagem material,assim como um pássaro pode voar ou ser transportado.

Enquanto adormecido, o corpo parece morto: não vê,nem ouve; não sente, não tem consciência ou percepção;seus poderes estão inativos. O espírito, entretanto, vive,subsiste; ainda mais, sua penetração é aumentada, seu vôoé de maior alcance, sua inteligência é superior. Imaginarque o espírito pereça ao morrer o corpo é como imaginarque o pássaro morra ao quebrar-se-lhe a gaiola. Nada temo pássaro que recear, porém, com a destruição da gaiola.Nosso corpo é apenas a gaiola, enquanto o espírito é opássaro. Vemos que esse pássaro voa no domínio do sono,sem a gaiola; portanto, se esta for quebrada, ele continuaráa existir e seus sentimentos serão até mais poderosos,suas percepções, mais agudas e sua felicidade, maior.9

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9. A Evolução do EspíritoNão existe repouso absoluto na natureza. Todas as

coisas ou fazem progresso ou regridem. Tudo se move,para diante ou para trás; nada há sem movimento. A partirdo nascimento, o homem progride fisicamente até atingira maturidade e então, tendo chegado ao vigor da vida,começa a declinar; a força e as energias do corpodecrescem e ele, gradualmente, chega à hora da morte.Da mesma maneira, a planta se desenvolve da semente àmaturidade e então sua vida começa a reproduzir-se atéque murcha e morre. Um pássaro voa até certa altura e,havendo alcançado o mais alto ponto possível em seuvôo, começa a descer à terra.

Assim, é evidente que o movimento é essencial a todaa existência. Todas as coisas materiais progridem atécerto ponto e então começam a declinar. Esta é a lei quegoverna toda a criação física.

Agora, consideremos a alma. Vimos que o movimentoé essencial à existência; nenhuma coisa que tem vida éimóvel. Toda a criação, seja do reino mineral, vegetal ouanimal, é compelida a obedecer à lei do movimento; devesubir ou descer. Mas com a alma humana não há declínio.Seu único movimento é em direção à perfeição; somenteo desenvolvimento e o progresso constituem omovimento da alma.

A perfeição divina é infinita; por conseguinte, oprogresso da alma também é infinito. Desde o próprionascimento de um ser humano a alma progride, ointelecto se desenvolve e o conhecimento aumenta.

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Quando o corpo morre, a alma continua vivendo. Todosos diferentes graus dos seres físicos criados sãolimitados, mas a alma é ilimitada.

... No mundo do espírito não há retrocesso. O mundoda mortalidade é um mundo de contradições, de opostos;sendo o movimento compulsório, tudo deve ir para afrente ou retrair-se. No reino do espírito não há recuopossível, todo o movimento é obrigado a seguir emdireção a um estado perfeito. “Progresso” é a expressãodo espírito no mundo da matéria. A inteligência dohomem, seu poder de raciocínio, seu conhecimento, suasconquistas científicas, sendo manifestações do espírito,participam, todos eles, da lei inevitável do progressoespiritual e são, por isso, necessariamente imortais.

... Toda a criação física é perecível. Os corposmateriais são compostos de átomos; quando essesátomos começam a separar-se, a decomposição seestabelece e então vem o que chamamos morte. Essacomposição de átomos, que constitui o corpo ou oelemento mortal de qualquer ser criado, é temporária.Quando a força de atração que mantém unidos essesátomos é retirada, o corpo, como tal, deixa de existir.

Com a alma é diferente. A alma não é uma combinaçãode elementos, não é composta de muitos átomos, é deuma substância indivisível e é, pois, eterna. Estáinteiramente fora da ordem de criação física; é imortal!

A filosofia científica demonstra que um elementosimples (“simples” significando “não composto”) éindestrutível, eterno. A alma, não sendo uma composiçãode elementos, é, por sua característica, assim como umelemento simples e, portanto, não pode deixar de existir.

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A alma, sendo de uma só substância indivisível, nãopode sofrer desintegração nem destruição; portanto,nenhuma razão há para que chegue ao fim. Todas as coisasviventes mostram sinais de sua existência e disso se deduzque esses sinais não poderiam existir por si mesmos seo que eles expressam ou testemunham não tivesseexistência. Os múltiplos sinais da existência do espíritoestão constantemente diante de nós.

... Considerai o propósito da criação: será possívelque tudo seja criado para evoluir e desenvolver-se atravésdos tempos, tendo em vista esta pequena finalidade – unspoucos anos de vida do homem na terra? Não éinconcebível que isto seja o objetivo final da existência?

... Cessa o homem de existir quando deixa o corpo?Se sua vida chega ao fim, então toda a evoluçãoprecedente é inútil, sem objetivo algum! Pode-seimaginar que a Criação não tenha maior propósito do queeste?

A alma é eterna, imortal.... A inabilidade da mente materialista para entender

a idéia da Vida Eterna não é prova da inexistência dessavida.

A compreensão dessa outra vida depende do nossoconhecimento espiritual!10

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10. A Vida Eterna e a Entradano Reino de Deus

Perguntastes sobre a vida eterna e a entrada no Reino.A expressão usada para indicar o Reino é céu, mas isso éapenas uma figura, ou modo de dizer, e não uma realidadeou fato. O Reino aqui não é um lugar material, poistranscende o tempo e o espaço. É um mundo espiritual,divino, o centro da soberania de Deus; é independentedo corpo e daquilo que é corpóreo, e sua pureza esantidade pairam acima de toda a imaginação humana.Ser limitado pelo espaço é próprio dos corpos e não dosespíritos. Espaço e tempo envolvem o corpo, mas não amente ou o espírito. Vemos o corpo do homem confinar-se a um pequeno espaço, ocupar uns dois palmos de terra,ao passo que seu espírito e sua mente viajam a todos ospaíses e regiões, até mesmo através do ilimitado espaçodos céus, abrangendo tudo o que existe, fazendodescobertas nas mais elevadas esferas e mais infinitasdistâncias. Isso é porque para o espírito não existe espaçoe circunscrevê-lo é impossível. O espírito vê terra e céuscomo uma só coisa, fazendo em ambos as suasdescobertas. O corpo, por outro lado, está restrito a umespaço e nada sabe daquilo que estiver além desse espaço.

Há duas espécies de vida: a do corpo e a do espírito.A primeira é material, mas a segunda expressa aexistência do Reino, depende do Espírito Divino e dosopro de vida que emana do Espírito Santo. A vidamaterial, embora tenha existência, é, para os santos, purainexistência; é morte absoluta. Assim, o homem existe

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e esta pedra também existe, mas quão diferentes aexistência do homem e a da pedra! A pedra existe, masem relação ao homem é inexistente.

A vida eterna é uma graça concedida pelo EspíritoSanto, assim como o ar e as brisas primaveris, são asgraças da estação recebidas pela flor. Consideremos:esta flor tinha, a princípio, uma vida comparável à domineral; ao chegar a primavera, com as graças de suasnuvens e o calor do sol ardente, atingiu outra vida,adquiriu fragrância, delicadeza e frescor. A primeira vidada flor, em comparação com a segunda, é apenas morte.

Queremos dizer com isso que a vida do Reino é a doespírito, a vida eterna, pura e independente de lugar, assimcomo o espírito humano, que não é espacial. Seexaminardes o corpo humano, não encontrareis nenhumponto ou local destinado ao espírito, porque, sendoimaterial, nunca se localizou. Associa-se ao corpo domesmo modo que o sol a este espelho. O sol não estádentro do espelho, mas tem com ele alguma relação.

Assim também, o mundo do Reino é santificado acimade tudo o que é perceptível pela vista ou pelos outrossentidos – audição, olfato, gosto ou tato. A mente dohomem, cuja existência é reconhecida, em que parte docorpo está? Se com os olhos, ouvidos ou outros sentidosexaminardes o corpo, não a encontrareis; entretanto, elaexiste. Portanto, a mente não é espacial, mas se associaao cérebro. O Reino Divino também é assim. O amornão tem sede, mas está ligado ao coração.Semelhantemente, o Reino não se limita a um certo lugar,mas tem uma relação com o homem.

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A entrada no Reino é através do amor a Deus e dodesprendimento; depende de se ser santo e casto, sinceroe puro; é pela constância, pela fidelidade, e pelo sacrifícioda vida.

Estas explicações mostram que o homem é imortal,que vive eternamente. Para os que acreditam em Deus,que Lhe têm amor e fé, a vida é excelente, é eterna, maspara aquelas almas privadas de Deus, embora tenham vida,sua vida é obscura – comparada com a vida dos queacreditam em Deus, é inexistência.

Por exemplo, os olhos e as unhas têm vida, mas a dasunhas em comparação com a dos olhos equivale àinexistência. Esta pedra e este homem, ambos existem,mas a existência da pedra em comparação com a dohomem é a inexistência, pois quando o homem morre,seu corpo, decompondo-se, torna-se igual à pedra ou àterra. É claro, pois, que o mineral, embora exista, é, emrelação ao homem, inexistente.

De modo semelhante, as almas privadas de Deus,embora existam neste mundo e no vindouro, emcomparação com a santa existência dos filhos do ReinoDivino, são inexistentes e afastadas de Deus.11

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11. O DestinoHá duas espécies de destino: uma é pré-traçada,

enquanto a outra é condicionada a eventualidades. Odestino pré-traçado não pode ser mudado ou alterado eo destino condicional pode ou não ocorrer. Assim, paraesta lamparina, o destino decretado é que o óleo queimee se consuma. Sua extinção final é, portanto, um decretoimpossível de ser mudado ou alterado, porque é umafatalidade. Também no corpo humano foi criado um podervital, e quando este for destruído, esgotado, o corpodecompor-se-á, do mesmo modo que a lâmpada se apaga,forçosamente, ao esgotar-se o óleo.

O destino condicionado a eventualidades écomparável ao seguinte caso: há óleo ainda na lamparina,mas vem um vento muito forte e a apaga. Tal é o destinocondicional. É prudente evitá-lo, proteger-se contra ele,ser cauteloso e moderado.

O destino pré-traçado, porém, semelhante aoesgotamento do óleo na lamparina, não pode ser alterado– é imutável e impreterível. Tem de acontecer.Certamente a lamparina haverá de se apagar.12

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12. Livre ArbítrioEssa questão é uma das mais importantes e mais

abstrusas dos problemas divinos. Se Deus quiser, qualqueroutro dia, ao começo do jantar daremos uma explicaçãominuciosa desse assunto; agora explicá-lo-emosligeiramente, em poucas palavras, da maneira a seguir.

Algumas coisas estão sujeitas ao livre arbítrio dohomem, tais como a justiça e a eqüidade, ou a injustiça ea tirania, bem como todas as ações boas e más. É claroque estas ações, em sua maioria, são deixadas à vontadedo homem. Há certas coisas, por outro lado, às quais ohomem é forçado a submeter-se, tais como o sono, adoença, o declínio do poder, os danos e infortúnios, e amorte. Tudo isso é independente da vontade humana e,portanto, o homem não é responsável, sendo realmenteforçado a suportar tais coisas. Mas na escolha de açõesboas ou más, ele é agente livre; comete-as de acordocom sua própria vontade.

O homem pode, por exemplo, se ele quiser, passarseu tempo louvando a Deus, ou pode ocupar-se comoutros pensamentos. É-lhe possível ser uma luz acesapelo fogo do amor divino, um filantropo, ou absorver-secom as coisas materiais, e ser um misantropo. Ele podeser justo, como também pode ser cruel. Tudo isso estásob o controle da vontade do próprio homem, sendo ele,por conseguinte, responsável por tais atos.

Surge agora outro aspecto: o homem é uma criaturafraca e dependente, pois força e poder são próprios deDeus. Tanto seu enaltecimento como sua humilhaçãodependem do prazer e da vontade do Altíssimo.

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Está escrito no Evangelho: Deus é como um oleiroque faz “um vaso para a honra e outro para a desonra”. Ovaso desonrado não tem direito de censurar o oleiro eperguntar: “Por que não fizeste de mim uma taça preciosa,para ser passada de mão em mão?” Este versículo dá aentender que as condições dos seres são diferentes.Quem está no grau inferior da existência, no planomineral, não tem o direito de queixar-se, dizendo: “ÓDeus, por que não me deste as perfeições do vegetal?”Igualmente, não compete à planta queixar-se por não lheterem sido concedidas as perfeições do reino animal.Tampouco tem o animal o direito de se queixar porquelhe foram negadas as perfeições humanas. Não, para cadaum desses seres há perfeições próprias de seu grau etodos eles devem esforçar-se por alcançá-las. Os seresinferiores, como já dissemos, não têm direito àsperfeições próprias dos graus superiores, nem tampoucoà incapacidade de adquiri-las. Seu progressoforçosamente limita-se ao seu próprio grau.13

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13. O Propósito da Jornada daAlma para Deus

A realidade fundamental desta questão é que o espíritomau, Satã ou o que quer que seja interpretado como mal,refere-se à natureza inferior do ser humano. A naturezamais baixa do homem é simbolizada de várias maneiras.Existem duas formas de expressão: uma é a expressãoda natureza; a outra, a expressão do reino espiritual. Omundo da natureza é defeituoso. Observa-o atentamente,deixando de lado toda superstição e imaginação. Sedeixarmos um homem não educado e bárbaro viver nasflorestas da África, existiria alguma dúvida de quecontinuaria ignorante? Deus nunca criou um espíritomau; todas essas idéias e denominações são símbolosque expressam a natureza meramente humana ou terrenado homem. É uma condição essencial do solo da terraque espinhos, ervas daninhas e árvores infrutíferas possamdela crescer. Falando-se de uma forma relativa, isto é omal, é simplesmente o estado mais baixo e o produtomais básico da natureza.

É evidente, portanto, que o ser humano precisa deeducação e inspiração divinas, que o espírito e as graçasde Deus são essenciais para seu desenvolvimento. Issoquer dizer que os ensinamentos de Cristo e dos Profetassão necessários para sua educação e guia. Por quê?Porque Eles são Jardineiros divinos que cultivam o solodos corações e das mentes humanas. Eles educam ohomem, desarraigam as ervas daninhas, queimam os

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espinhos e remodelam os lugares agrestes em jardins epomares onde árvores frutíferas crescem. A sabedoria eo propósito de Sua educação é que o homem possa passarde grau a grau de desenvolvimento progressivo até que aperfeição seja alcançada. ...

O homem deve trilhar muitos caminhos e estarsujeito a vários processos no sentido de sua evolução.Fisicamente ele não nasce em sua estatura plena, maspassa por consecutivos estágios de feto, bebê, criança,jovem, adulto e velhice. Suponhamos que ele tivesse opoder de permanecer jovem por toda sua vida. Ele entãonão entenderia o significado da velhice e não poderiacrer que ela existisse. Se ele não pudesse imaginar acondição da velhice, não saberia que era jovem. Nãoconheceria a diferença entre jovem e velho semexperimentar a velhice. Se não tiver passado pela infância,como saberia que isto a seu lado é uma criança? Se nãohouvesse o errado, como você reconheceria o certo? Senão fosse o pecado, como você apreciaria a virtude? Semás ações não fossem conhecidas, como você poderialouvar as boas ações? Se não existisse a doença, comoentenderíamos a saúde? O mal não existe; é a ausênciado bem. A doença é a perda da saúde; a pobreza, a falta deriquezas. Quando a riqueza desaparece, você está pobre,você olha dentro da caixa de tesouro mas não encontranada. Sem conhecimento, há ignorância; portanto,ignorância é apenas a falta de conhecimento. A morte éa ausência da vida. Portanto, por um lado, nós temosexistência; por outro, inexistência, negação ou ausênciade existência.

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Em resumo, a jornada da alma é necessária. Ocaminho da vida é a estrada que conduz ao conhecimentoe ao alcance divinos. Sem a educação e a guia, a almajamais poderia progredir além das condições de suanatureza inferior, que é ignorante e defeituosa.14

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AAtitude Bahá’í

diante da MortePalavras de ‘Abdu’l-Bahá

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A uma mãe que perdeu o filho

“Ó serva amada de Deus! Embora a perda de um filhoseja verdadeiramente de partir o coração e transcendaos limites do que o ser humano pode suportar, aindaassim, a pessoa dotada de conhecimento e compreensãotem a convicção de que o filho não foi perdido, mas aocontrário, passou deste mundo a outro e ela haverá deencontrá-lo no reino divino. Essa reunião será por toda aeternidade, enquanto que aqui neste mundo a separaçãoé inevitável – e traz consigo uma dor pungente.

Louvado seja Deus por teres fé, estares com a facevolvida ao Reino sempiterno e creres na existência deum mundo celestial. Portanto, não fiques desconsoladaou abatida; não suspires, não lamentes nem chores; poisa perturbação e o luto afetam-lhe profundamente a almano domínio divino.

Esse filho amado, do mundo oculto assim se dirige ati:

‘Ó Mãe bondosa, rende graças à Providência divinapor eu haver sido libertado de uma pequena e sombriagaiola e, tal qual as aves dos prados, haver alçado vôo aomundo divino – um mundo espaçoso, iluminado eperenemente feliz e jubiloso. Por isso, não lamentes, óMãe, nem te consternes; não sou dos perdidos, nem fuiobliterado ou destruído. Livrei-me da forma mortal ehasteei meu estandarte neste mundo espiritual. A essaseparação seguir-se-á eterna comunhão. Tu meencontrarás no céu do Senhor, imerso num oceano deluz.’ ”1

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Aos pais, pela morte de um jovem filho

“Ó vós, duas almas pacientes! Vossa missiva foirecebida. A morte daquele amado jovem e sua separaçãode vós causaram a máxima dor e pesar; pois ele, na flor daidade e no verdor dos anos, alçou vôo rumo ao ninhocelestial. No entanto, libertou-se deste abrigo repleto desofrimento e volveu a face em direção ao ninho eterno doReino, e, livrando-se de um mundo escuro e exíguo,apressou-se na direção do domínio santificado da luz; nissoreside o consolo de nossos corações.

A inescrutável sabedoria divina está por trás dessesacontecimentos que partem o coração. É como se umjardineiro bondoso transferisse um arbusto viçoso e tenrode um local confinado para uma área muito espaçosa. Taltranslado não faz o arbusto murchar, nem se atrofiar ouperecer; ao contrário, tal mudança fará com que cresça ese desenvolva, que adquira frescor e delicadeza, queobtenha verdor e dê frutos. O jardineiro bem sabe destesegredo oculto, mas as almas inconscientes destas graçassupõem que ele, possuído de ira e cólera, tenha extirpadoo arbusto. Não obstante, para aqueles que são cientes, estefato oculto está manifesto e tal decreto predestinado épor eles tido como uma graça. Portanto, não vos sintaisconsternados ou desconsolados pela ascensão destepássaro da fidelidade; não, antes, sob todas ascircunstâncias orai por esse jovem, suplicando por eleperdão, e pela exaltação de sua posição.

Espero que venhais a atingir a suprema paciência,serenidade e resignação, e suplico e imploro, no Limiar

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da Unidade, rogando humildemente perdão e clemência.A esperança que nutro das infinitas dádivas de Deus é queEle abrigue esse pombo do jardim da fé e o faça habitarsobre os ramos da Assembléia Suprema, a fim de quegorjeie, com a mais dulcíssona das melodias, o louvor e aglorificação do Senhor dos Nomes e Atributos.”2

A uma esposa, pela perda do marido

“Ó tu que buscas o Reino! Tua carta foi recebida.Escreveste a respeito da severa calamidade que tesobreveio – a morte de teu respeitável marido. Essehomem honrado esteve tão sujeito à estafa e à tensãodeste mundo que seu maior desejo era ser libertado dele.Assim é esta morada mortal: um celeiro de aflições esofrimentos. É a ignorância que faz o homem prender-se a ela, pois nenhuma alma neste mundo pode assegurar-se de qualquer conforto, desde o monarca até o maishumilde cidadão. Se alguma vez esta vida oferece umataça doce, centenas de outras amargas lhe seguirão; tal éa condição deste mundo. O homem sábio, portanto, nãose prende a esta vida mortal nem confia nela; em algunsmomentos ele até anseia ardentemente pela morte, paraassim ser libertado dessas tristezas e aflições. Por issoocorre que algumas pessoas, sob pressão e angústiaextremas, cometem suicídio.

Quanto ao teu esposo, fica serena. Ele será imergidono oceano da absolvição e do perdão, e será alvo degenerosidade e favor. ...”3

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O desencanto terreno e aeternidade espiritual

“O encanto mortal há de desvanecer-se; as rosas hãode dar lugar a espinhos, e a beleza e a mocidade viverãoseus dias e não mais serão. O que perdura eternamente,porém, é a Beleza do Verdadeiro, porquanto seuesplendor não perece e sua glória subsiste para sempre;seu encanto é onipotente e seu fascínio, infinito. Bem-aventurado, pois, o semblante que reflete o esplendor daLuz do Bem-Amado! Graças ao Senhor, tu fosteiluminado por essa Luz, adquiriste a pérola do verdadeiroconhecimento e proferiste a Palavra da Verdade.”4

Pelo falecimento de um jovem discípulomuito amado

“Não sofras pela ascensão de meu amado Breakwell,pois ele elevou-se a um roseiral de esplendores nocoração do Paraíso de Abhá, abrigado pela mercê de seupoderoso Senhor, e está a bradar a plenos pulmões:

‘Oxalá pudessem os meus saber com que benevo-lência meu Senhor me outorgou Seu perdão e me incluiuno número dos que atingiram Sua Presença.’5

Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está agora tua belaface? Onde está tua língua eloqüente? Onde, teuiluminado semblante? Onde, tua resplendente formosura?

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Ó Breakwell, ó meu amado! Onde está teu fogo,ardente com o amor de Deus? Onde está teu enlevo anteSeus sagrados sopros? Onde estão teus louvores,sublimados a Ele? Onde está teu levantar para o serviçode Sua Causa?

Ó Breakwell, ó meu amado! Onde estão teusformosos olhos? Teus lábios sorridentes? As magníficasfeições? A formosa compleição?

Ó Breakwell, ó meu amado! Deixaste este mundoterreno e ascendeste ao reino, alcançaste a graça dodomínio invisível e ofertaste teu próprio ser no limiarde seu Senhor.

Ó Breakwell, ó meu amado! Abandonaste a lâmpadaque era teu corpo aqui, o vidro que era teu templo humano,teus elementos terrenos, tua forma de vida neste planoinferior.

Ó Breakwell, ó meu amado! Ateaste uma flama nointerior da lâmpada da Assembléia no alto, ingressasteno Paraíso de Abhá, encontraste refúgio à sombra daÁrvore Abençoada e atingiste a reunião com Ele no abrigodo Céu.

Ó Breakwell, ó meu amado! És agora uma ave do Céu;deixaste teu ninho terreno e alçaste vôo a um jardim desantidade no reino de teu Senhor. Tu te elevaste a umaposição plena de luz.

Ó Breakwell, ó meu amado! Teu cântico é agora comoum chilreio; vertes torrentes de versos em exaltação damercê de teu Senhor. Daquele que sempre perdoa, fosteum servo pleno de gratidão, em virtude do que obtivesteum quinhão de beatitude extrema.

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Ó Breakwell, ó meu amado! Em verdade, teu Senhorte elegeu para Seu amor e te conduziu a Seus recintos desantidade; Ele fez com que adentrasses o jardim daquelesque são Seus íntimos companheiros e te abençoou coma contemplação de Sua beleza.

Ó Breakwell, ó meu amado! Tu conquistaste a vidaeterna, e a dádiva que jamais se esvai, e uma vida paradeleitar-te plenamente, e graça copiosa.

Ó Breakwell, ó meu amado! Tu te transformaste numaestrela do firmamento superno e numa lâmpada entre osanjos do sublime Paraíso; tu te tornaste um espíritovivente no mais exaltado Reino, entronizado naeternidade.

Ó Breakwell, ó meu amado! Rogo a Deus que te atraiapara cada vez mais perto dEle, que te tenha junto a Sicada vez mais firmemente; suplico-Lhe que te rejubile ocoração com a proximidade de Sua presença, e te inundede luz e ainda mais luz, e te conceda ainda mais beleza, ete confira poder e grande glória.

Ó Breakwell, ó meu amado! Em todos os tempos,recordo-me de ti. Jamais hei de te esquecer. Oro por tidia e noite; vejo-te nitidamente ante mim, como que emplena luz do dia.

Ó Breakwell, ó meu amado!”6

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A misericórdia e as graças de Deus

“... Ó amados de Deus! Há algum dispensador dedádivas a não ser Deus? Ele elege para Sua mercê quemquer que deseje. Em breve haverá Ele de descerrar antevós as portas de Seu conhecimento e preencher vossoscorações com Seu amor. Ele haverá de vos animar asalmas com as suaves brisas de Sua santidade, e tornarárefulgentes vossos semblantes com os esplendores deSuas luzes, e exaltar-vos-á a memória no seio de todosos povos. Vosso Senhor é verdadeiramente oCompassivo, o Misericordioso.

Ele virá em vosso auxílio com hostes invisíveis,apoiando-vos com os exércitos da inspiração dentre aAssembléia no alto; Ele vos emitirá as doces fragrânciasdo mais elevado Paraíso e bafejará sobre vós as purasaragens que emanam dos jardins de rosas da Assembléianas alturas. Ele haverá de soprar o espírito da vida emvossos corações, far-vos-á ingressar na Arca da salvaçãoe vos revelará Seus testemunhos e sinais evidentes. Emverdade, isto é graça abundante. Em verdade, esta é avitória incontestável.”7

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As descobertas da alma no plano do além

“... No que tange à tua indagação sobre as descobertasda alma após haver esta se despido de sua forma humana:indubitavelmente, aquele é um mundo de percepções edescobertas, porquanto o véu interposto há de serremovido e o espírito humano há de contemplar almasque estão num plano superior, inferior e equivalente aoseu. Isso é análogo à condição do ser humano no útero,onde seus olhos encontram-se velados e tudo lhe estáescondido. Quando ele vem à luz, deixando a vida uterinae adentrando este mundo, percebe ser este –comparativamente ao ventre materno – um lugar depercepções e descobertas, e ele tudo observa através deseus olhos exteriores. Do mesmo modo, assim querpartir desta vida ele haverá de contemplar, naquele mundo,tudo o que aqui lhe estava oculto; lá, no entanto, ele haveráde ver e compreender todas as coisas com seus olhosinteriores. Lá haverá ele de fitar seus companheiros epares, bem como aqueles de graus superiores einferiores. Quanto ao que quer dizer a igualdade das almasno reino altíssimo: é que as almas dos crentes, nomomento de sua primeira manifestação no mundo docorpo, são iguais, sendo cada uma santificada e pura.Neste mundo, entretanto, principiarão a diferenciar-seumas das outras, atingindo algumas a mais exaltadaposição, outras ficando num grau intermediário, e, aindaoutras, permanecendo no mais baixo estágio do ser. Aigualdade de posição das almas dá-se no início de suaexistência; a diferenciação ocorre após o passamentodelas. ...”8

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Verdades ocultas serão entendidas após a morte

“... O perfume está intimamente associado e mescladoao botão, e tão logo este desabrocha, sua doce fragrânciadissemina-se por toda parte. A erva não está desprovidade fruto – embora assim aparente estar – pois nestejardim de Deus cada planta exerce sua própria influênciae possui suas propriedades peculiares, e toda planta podemesmo equiparar-se à risonha rosa de cem pétalas,deleitando os sentidos com sua fragrância. Tem tu certezadisso. Conquanto as páginas de um livro não tenhamconhecimento algum das palavras e significados nelasimpressos, ainda assim, devido à conexão que as vinculaa essas palavras, os amigos manuseiam-nas comreverência. Essa conexão, ademais, é graça absoluta.

Quando a alma humana se desprende deste monte fugazde pó, ascendendo ao mundo de Deus, então os véuscairão por terra, e as realidades virão à luz, e todas ascoisas outrora desconhecidas tornar-se-ão evidentes, eas verdades ocultas serão compreendidas.

Considera como um ser, no mundo uterino, tinha ouvidossurdos, olhos cegos e língua muda; como era destituído dequalquer percepção. Contudo, assim que, deixando aquelemundo de obscuridade, ele adentra este mundo de luz, seusolhos vêem, seus ouvidos ouvem e sua língua fala. Da mesmaforma, tão logo ele se apresse em partir deste lugar mortal eingressar no Reino de Deus, ele nascerá no espírito, e entãoos olhos de sua percepção descerrar-se-ão, os ouvidos de suaalma haverão de ouvir, e todas as verdades que anteriormenteignorava tornar-se-lhe-ão manifestas e evidentes. ...”9

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Os sofrimentos e provações deste mundo“... Mencionaste as aflitivas provações que te têm

assaltado. Para a alma fiel, uma provação não é senãograça e favor de Deus, porquanto o bravo apressa-se comjúbilo e ímpeto à violenta batalha no campo da angústia,enquanto o covarde, lamuriando-se com temor,estremece e vacila. Assim também, o estudanteproficiente que, com grande competência, haja dominadoas matérias e as tenha memorizado, exibirá alegrementesuas habilitações diante de seus examinadores no dia desuas provas. Da mesma forma, o ouro puro haverá decintilar e fulgurar maravilhosamente no fogo do teste. Épatente, então, serem as provações e tribulações, para asalmas santificadas, tão somente dádivas e graças de Deus,enquanto para o fraco são uma calamidade, imprevista esúbita.

Essas provações, assim como escreveste, narealidade apenas purificam o espelho do coração dasmanchas do ego, até que o Sol da Verdade nele possaprojetar seus raios, visto não haver véu mais obstrutivoque o ego; a despeito de quão tênue seja esse véu, afinalexcluirá por completo a pessoa, privando-a de seuquinhão da graça eterna. ...”10

A influência de almas santas e espirituais“... Com relação à pergunta se almas santas e

espirituais influenciam, ajudam e guiam as criaturasdepois de deixarem esta forma material – esta é umaverdade inquestionável para os bahá’ís. ...”11

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A unidade dos mundos de Deus

“... as almas dos filhos do Reino, após sua separaçãodo corpo, ascendem aos domínios da vida sempiterna.Se indagardes, porém, quanto ao lugar, sabei que o mundoda existência é um único mundo, se bem que os grausnele observados sejam vários e distintos. A vida mineral,por exemplo, ocupa seu próprio plano, mas uma entidademineral não tem absolutamente qualquer consciência doreino vegetal e, com efeito, sua língua interior nega haversemelhante reino. De modo igual, um ente vegetalconhecimento algum tem do mundo animal,permanecendo completamente desatento e inconscienteem relação a ele, porquanto a condição do animal ésuperior à do vegetal, e este está velado do mundo animale interiormente nega a existência de tal mundo – tudoisso enquanto animal, vegetal e mineral coabitam estemundo uno. ...”

“... os habitantes da Terra não têm a mínimaconsciência do mundo do Reino e negam-lhe a existência.Perguntam, por exemplo: ‘Onde está o Reino? Onde estáo Senhor do Reino?’ Essas pessoas são idênticas aomineral e ao vegetal, que nada sabem do animal e do reinohumano; não o vêem e tampouco o encontram. Nãoobstante, mineral e vegetal, animal e homem, todos vivemjuntos aqui, neste mundo da existência. ...”

“... o âmago do Sol da Verdade está no mundo superno– o Reino de Deus. As almas puras e imaculadas, quandoda dissolução de suas estruturas elementares, apressam-

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se rumo ao mundo de Deus, e aquele mundo está dentrodeste mundo. As pessoas que aqui vivem, entretanto, nãotêm consciência daquele mundo, e assemelham-se aomineral e ao vegetal, os quais conhecimento algum têmdos mundos animal e humano. ...”12

A Missão do Manifestante Divino

“... Bahá’u’lláh ergueu o tabernáculo da unidade dahumanidade. Quem quer que busque abrigo à sombradesse teto seguramente deixará outras moradas. ...”

“... Bahá’u’lláh tornou-Se manifesto para toda ahumanidade e a todos Ele convidou para a mesa de Deus,para o banquete da graça Divina. ...”

“... Bahá’u’lláh tornou-Se manifesto a fim de educara todos os povos do mundo. Ele é o Educador Universal,tanto dos ricos como dos pobres, dos negros como dosbrancos, quer dos povos do Oriente, quer dos doOcidente, do Norte ou do Sul. ...”13

“... os Manifestantes universais de Deus desvelamSeus semblantes diante do homem, suportam todacalamidade e penosa aflição e sacrificam Suas vidascomo resgate; é para que essas mesmas pessoas, as queestão preparadas, as que têm capacidade, tornem-sepontos do alvorecer da luz e seja-lhes conferida a vidaque jamais se esvai. ...”14

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“... durante toda a Sua estada neste mundo transitório,a Beleza Antiga (Bahá’u’lláh) foi sempre um cativo, orapreso por grilhões, ora a viver sob a espada; já sujeitadoa sofrimento e tormento extremos, já encarcerado naMáxima Prisão. Em virtude de Sua fraqueza física,provocada pelas torturas que sofreu, Seu abençoadocorpo desgastou-se a ponto de dele não restar mais queum sopro; era leve como um fio de teia de aranha emconseqüência da prolongada aflição. E a razão pela qualEle ombreou esse opressivo fardo e suportou toda essaangustia – que era semelhante a um oceano cujas vagasatingem o alto céu – o motivo pelo qual ofereceu-Se àspesadas correntes de ferro e veio a ser a própriapersonificação da absoluta resignação e humildade, foio de guiar todas as almas da Terra à concórdia, àsolidariedade e à unidade; a fim de tornar conhecido entretodos os povos o sinal da unicidade de Deus, de modoque a unidade primordial depositada na essência de todasas coisas criadas, enfim, desse seu fruto destinado, e oesplendor de ‘Nenhuma diferença podes ver na criaçãodo Deus de Misericórdia’15espargisse por toda a parteseus raios. ...”16

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Oraçõespelos que deixarameste plano da vida1

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... Suplico-Te, ó Tu que és a Luz do mundo e o Senhordas nações, neste momento exato, quando com as mãosda esperança me seguro à orla das vestes de Tua mercê ebondade – perdoa Teus servos que se elevaram à regiãoda Tua proximidade, dirigindo suas faces aos esplendoresda luz do Teu Semblante, volvendo-se para o horizonteda Tua aprovação e aproximando-se do oceano da Tuamisericórdia e que, durante toda a sua vida, expressaram-Te louvor e arderam com o fogo do seu amor por Ti.Ordena-lhes, ó Senhor meu Deus, tanto depois comoantes de sua morte, o que seja próprio de Tua sumabondade e excelsa misericórdia.

Possam os seres que a Ti ascenderam – eu Te peço, ómeu Senhor – recorrer Àquele que é o mais sublimeCompanheiro, e abrigar-se à sombra do Tabernáculo daTua majestade e do Santuário da Tua Glória. Do oceanodo Teu perdão, esparge sobre eles, ó meu Senhor, o queos torne dignos de permanecerem, por toda a duração daTua própria soberania, dentro de Teu mais excelso Reinoe Teu Domínio supremo. Potente és Tu para fazer o queTe apraz....1

Bahá’u’lláh

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Glória a Ti, ó Senhor, meu Deus! Não rebaixes acriatura que exaltaste através do poder da Tua soberaniaeterna nem removas para longe de Ti aquele que fizesteentrar no tabernáculo da Tua eternidade. Queres Tuexpulsar, ó meu Deus, o ser que amparaste com Tuaproteção, e consentes em afastar de Ti, ó meu Desejo,aquele para o qual foste um refúgio? Podes Tu humilhara quem elevaste, ou esquecer aquele a quem deste o poderde se lembrar de Ti?

Glorificado, imensamente glorificado és Tu! ÉsAquele que sempre foi o Rei da criação inteira e seuPrimeiro Impulsor, e haverás de permanecer para sempreo Senhor de todas as coisas criadas, O que as rege.Glorificado és, ó meu Deus! Se Tu deixares de sermisericordioso para com Teus servos, quem, então,haverá de lhes mostrar misericórdia? E se Tu recusaressocorrer Teus bem-amados, quem poderá socorrê-los?

Glorificado, imensuravelmente glorificado és Tu! Ésadorado em Tua verdade e a Ti nós todos, veramente,adoramos; e estás manifesto em Tua justiça, e a Ti nóstodos, veramente, damos testemunho. És, em verdade,amado em Tua graça. Não há outro Deus além de Ti, oAmparo no Perigo, O que subsiste por Si próprio.1

Bahá’u’lláh

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Ele é Deus, excelso é Ele, Senhor de misericórdia ebondade!

Glória a Ti, ó meu Deus, Senhor Todo-Poderoso!Atesto a Tua onipotência e grandeza, soberania e mercê,Teu poder e Tua graça, a Unidade do Teu Ser e da TuaEssência, e a Tua santidade e exaltação acima do mundoexistente e de tudo o que nele se acha.

Ó meu Deus! Tu me vês desprendido de tudo menosde Ti, e em Ti me apoiando, volvendo-me para o oceanoda Tua generosidade, para o céu do Teu favor e para aEstrela Matinal da Tua graça.

Senhor! Dou testemunho de que Tu depositastes TuaConfiança em Teu servo e este é o Espírito com o qualdeste vida ao mundo. Peço-Te, pela luz resplandecentedo Orbe da Tua revelação, que benevolamente aceitesdesse servo o que ele realizou em Teus dias. Permite-lhe, pois, investir-se da glória do Teu prazer e adornar-se com Tua aprovação.

Ó meu Senhor! Eu próprio e todas as coisas criadasdamos testemunho de Tua grandeza. Não afastes, imploro-Te, esse espírito que a Ti ascendeu, que se aproximou deTuas plagas celestiais, Teu sublime paraíso e os recintosda Tua Presença.

Ó Tu que és o Senhor de todos os homens! Permite,pois, ó meu Deus, que Teu servo se associe a Teus eleitos,santos e Mensageiros em lugares celestes, os quais nem

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a pena pode descrever, nem a língua relatar.Ó meu Senhor, o pobre apressou-se, em verdade, ao

Reino de Tua riqueza; o estranho, a seu lar dentro de Teusrecintos; o sedento, ao rio celestial da Tua generosidade.Ó Senhor, não o prives de seu quinhão no banquete deTua graça e dos favores de Tua mercê. Tu,verdadeiramente, és o Todo-Poderoso, o Benévolo, oGenerosíssimo.

Ó meu Deus, Tua Confiança regressou a Ti . Deacordo com Tua graça e bondade, as quais abrangemdomínios na terra e no céu, concede ao Teu recém-chegado Teus favores e dádivas, e os frutos da árvore daTua graça. És poderoso para fazer o que Te apraz. Não háoutro Deus senão Tu, o Benévolo, o Mais Generoso, oCompassivo, o Dispensador de Graças, o SupremoPerdão, o Precioso, o Onisciente.

Atesto, ó meu Senhor, que incumbiste os homens dehonrarem o hóspede, e esse que ascendeu a Ti, atingiurealmente a Ti e alcançou Tua Presença. Acolhe-o, pois,em harmonia com Tua graça e generosidade. Por Tuaglória! Sei com toda a certeza que a Ti próprio nãonegarás o que ordenaste a Teus servos, nem deixarásdestituído aquele que se segurou à corda da Tua bondadee ascendeu à Aurora da Tua riqueza.

Não há outro Deus senão Tu, o Uno, o Único, oPoderoso, o Onisciente, o Generosíssimo.1

Bahá’u’lláh

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Ó Senhor! Nesta, a Maior Dispensação, Tu aceitas aintercessão dos filhos em benefício de seus pais. É estauma das graças especiais, infinitas, desta Dispensação.Aceita, pois, ó Tu, Senhor bondoso, o pedido deste Teuservo no limiar de Tua unicidade e submerge seu pai nooceano de Tua graça, porque esse filho se levantou paraTe prestar serviço e, em todos os tempos, se esforça nocaminho de Teu amor. Verdadeiramente, és o Doador, Oque tudo perdoa e o Bondoso!2

‘Abdu’l-Bahá

Ó meu Deus! Ó Tu que perdoas os pecados! Tu queconcedes dádivas e afastas aflições!

Suplico-Te, verdadeiramente, que perdoes os pecadosdos que abandonaram as vestes físicas e ascenderam aomundo espiritual.

Ó meu Senhor! Purifica-os das transgressões; astristezas, desvanece-lhes e transforma sua escuridão emluz. Permite que entrem no jardim da felicidade,purifiquem-se com a água mais límpida e, no maissublime monte, contemplem Teus esplendores.1

‘Abdu’l-Bahá

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Ó meu Deus! Ó meu Deus! Verdadeiramente, esteteu servo, humilde ante a majestade de Tua divinasupremacia e submisso à porta de Tua unicidade,acreditou em Ti e em Teus versículos, e testificou Tuapalavra, tendo sido aceso com o fogo de Teu amor, imersonas profundezas do oceano de Teu conhecimento e atraídopor Tuas brisas. Ele confiou em Ti, volveu a face a Ti,ofereceu a Ti suas súplicas e recebeu a certeza de Teuperdão e indulgência. Ele abandonou esta vida mortal elevantou vôo para o reino da imortalidade, anelando pelagraça de atingir Tua Presença.

Ó Senhor! Exalta-lhe a posição; abriga-o à sombrado pavilhão de Tua mercê suprema; faze-o adentrar Teuglorioso paraíso e perpetua-lhe a existência em Teusublime jardim de rosas, a fim de que ele venha a seimergir num oceano de luz, no mundo dos mistérios.

Tu, em verdade, és o Generoso, o Poderoso, O quesempre perdoa, o Dispensador de Graças.1

‘Abdu’l-Bahá

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Oração de Finados(Esta é a única oração bahá’í congregacional; ela é obrigatória no enterro de

um bahá’í. Todas as pessoas presentes devem ficar de pé e em silêncio,enquanto somente uma pessoa recita esta oração)

Ó meu Deus! Este é Teu servo* e o filho de Teuservo, que acreditou em Ti e em Teus sinais e a Ti dirigiua face, desprendido completamente de tudo, salvo de Ti.Dos que mostram clemência, és Tu, em verdade, o maisclemente.

Ó Tu que perdoas os pecados dos homens e ocultassuas faltas, trata-o de um modo digno do céu da Tuagenerosidade e do oceano da Tua graça. Concede-lheentrada no recinto da Tua transcendente misericórdia, queexistia antes da fundação da terra e do céu. Não há outroDeus salvo Tu, O que sempre perdoa, o Mais Generoso.

(Que se repita, então, uma vez a saudação “Alláh’u’Abhá”antes de cada versículo e, em seguida, dezenove vezes, cadaum deles:)

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, adoramos a Deus.

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, nos curvamos perante Deus.

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, somos devotos a Deus.

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, damos louvores a Deus.

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, rendemos graças a Deus.

Alláh’u’AbháNós todos, em verdade, somos pacientes em Deus.1

Bahá’u’lláh

*(No caso do falecimento de uma mulher, que se diga:Esta é Tua serva e filha de uma serva Tua, etc.)

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Perguntas eRespostasO leitor encontrará a

resposta na página citadaao final da pergunta.

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I. Dos textos de Adib Taherzadeh1.O que é alma? Três definições, p. 12.Sendo uma entidade espiritual, de onde provém a alma? p. 33.Pode o intelecto humano, ou os sentidos físicos, entender a

natureza da alma? p. 44.A alma perece? Se não perece, por quanto tempo

progredirá? p. 55.Qual a correlativa da alma no mundo? p. 8, 9 e 106.Qual o grau a ser atingido pela alma que tiver seguido os

caminhos de Deus? p. 127.Que acervo de vida a alma leva para os planos do além?

p. 12 a 148.Qual a bem-aventurança prometida por Bahá’u’lláh? p. 14

II. Dos textos de Bahá’u’lláh1.Como ocorreu a criação do ser humano? p. 172.Qual a capacidade conferida por Deus ao homem? p. 173.De que forma poderá se manifestar o potencial humano

outorgado por Deus? p. 194.Que alturas pode atingir o ser humano neste Dia? p. 19 e 205.Como limpar o espelho da alma da escória das contaminações

terrenas? p. 206.O que diz Bahá’u’lláh sobre a natureza da alma? p. 20 e 217.O que acontecerá à alma após sua separação do corpo? p. 218.É contínuo o progresso da alma? Até onde? p. 22 e 239.Estando a alma elevada acima de todas as enfermidades do

corpo e da mente, como Bahá’u’lláh explica tal relaçãoutilizando a analogia do sol e do fruto da árvore? p. 26 e 27

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10.O que é o Sinal de Deus e por quanto tempo perdurará?p. 26 e 27

11.Que atitude devemos ter neste mundo diante das dificuldadese contrariedades da vida? p. 28 e 29

12.Que poder terá a alma que tiver permanecido fiel à Causade Deus após sua separação do corpo? p. 30

13.As almas continuarão a ser conscientes umas das outras apósa morte? p. 30 e 31

14.De que forma comungarão uma com as outras? p. 3115.Santificada das vãs imaginações dos povos do mundo, que

bem-aventurança alcançará a alma no plano do além? p. 31

III. Dos textos de ‘Abdu’l-Bahá1.Quais são os três graus do mundo da humanidade? p. 352.Quais as características do corpo físico? p. 353.Qual a função da alma racional ou inteligência humana? p. 354.Qual o papel da alma, com relação ao corpo e ao espírito? p. 365.Quando a alma produz bons frutos e converte-se em árvore

divina? p. 376.Que ambições deve o coração ter? p. 377.Que visão deve o homem manter na alma? p. 388.Quais são as duas naturezas existentes em todo ser humano?

p. 389.Com relação ao bem e ao mal, que poder tem o homem? p. 3910.O que se entende por um homem santo? p. 3911.Possui o homem, desde o princípio, mente e espírito, ou são

estes o resultado de sua evolução? p. 4112.Todos os seres foram criados perfeitos? p. 41 e 42

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13.Quais são algumas das perfeições humanas?p. 42 e 43

14.Qual a razão do aparecimento do espírito no corpo? p. 4215.O que o mundo ganha com as perfeições humanas? p. 43 e 4416.Qual a natureza da relação entre Deus e a criatura? p. 4517.O que é o Espírito Santo? p. 45 e 4618.Sem o Espírito Santo, o que aconteceria ao ser humano?

p. 46 e 4719.Falando da imortalidade do espírito, o que diz ‘Abdu’l-Bahá

sobre as recompensas desta vida? p. 4720.E da vida do além? p. 48 e 4921.O espírito percebe e age de duas maneiras diferentes – que

maneiras são essas? p. 50 e 5122.Todas as coisas ou fazem progresso ou regridem – quanto à

alma, qual é a direção de seu progresso? p. 52 e 5323.Há retrocesso no mundo do espírito? O que acontece com

a alma nesse mundo? p. 5324.Pode a alma deixar de existir? Por quê? p. 54 e 5525.O que significa entrada no Reino? p. 5526.Como ‘Abdu’l-Bahá compara a vida da alma com a analogia

da flor? p. 5627.O que significa viver no Reino? p. 5628.O que acontece com as almas privadas de Deus no plano

do além? p. 5729.Existe predestinação? p. 5830.Quais são as duas espécies de destino? p. 5831.Existe o livre arbítrio? p. 59 e 6032.Quais os poderes decisórios do ser humano? p. 59 e 6033.Por que é necessário à alma regressar ao Criador? p. 61

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Referências

Introdução1. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh (ed. 1977), LXXXIII.2. João 16:12-13.3. Alcorão 17:89.4. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, LXXXII.5. SEB, LXXXII.6. SEB, LXXVII.7. Respostas a Algumas Perguntas (ed. 2001), XXVIII.8. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, LXXXI.9. SEB, LXXXII.

10. SEB, LXXXII.11. SEB, LXXXVI.

A Alma Humana - textos de Bahá’u’lláh1. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, XXVII.2. SEB, LXXVII.3. SEB, XXVII.4. SEB, CIX.5. SEB, CXXIV.6. SEB, CLXII.7. SEB, LXXXII.8. SEB, LXXXII.9. SEB, LXXXII.

10. SEB, LXXXI.11. SEB, XXVII.12. SEB, XXXIV.13. SEB, LII.14. SEB, LXXV.15. SEB, LXXX.16. SEB, LXXIII.17. SEB, LXXXI.

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18. SEB, CLIII.19. SEB, CLXV.20. SEB, LXXXI.21. SEB, LXXXII.22. SEB, LXXXVI.23. SEB, LXXXI.

A Alma Humana – textos de ‘Abdu’l-Bahá1. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá (ed. 1997), p. 76-79.2. PA, p. 43-45.3. Respostas a Algumas Perguntas , p. 169-170.4. RAP, p. 170-172.5. RAP, p. 172.6. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá, p. 41-43.7. João, 1:13.8. Respostas a Algumas Perguntas , p. 185-187.9. RAP, p. 188-189.

10. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá, p. 69-75.11. Respostas a Algumas Perguntas , p. 198-200.12. RAP, p. 200.13. RAP, p. 202-203.14. The Promulgation of Universal Peace (ed. 1982), p. 294-296.

A Atitude Bahá’í diante da Morte1. Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá (ed. 1993), n.171.2. SEA, n. 169.3. SEA, n. 170.4. SEA, n. 175.5. Alcorão, 36:25.6. Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, n. 158.7. SEA, n. 157.8. SEA, n. 145.9. Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, n. 149.

10. Tablets of ‘Abdu’l-Bahá, vol. III, p. 543.11. SEA, n. 155.

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12. SEA, n. 163.13. SEA, n. 163.14. SEA, n. 31.15. Alcorão, 67:3.16. Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, n. 207.

Orações pelos que Deixaram este Plano da Vida1. Orações e Meditações Bahá’ís (ed. 2003), formato eletrônico.2. Bahá’í Prayers (ed. 1991), p. 65.

Os livros aqui citados foram publicados pela Editora Bahá'í do Brasile podem ser adquiridos via Internet (www.bahai.org.br/editora). Excetoa Bíblia Sagrada, o Alcorão e os livros bahá’ís em inglês (estes forampublicados pela Editora Bahá’í dos EUA).

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