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Allyvanried 15

Aug 05, 2016

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A história deste livro foi inspirada no misterioso incêndio de 2002 que consumiu a Escola Pública J.M. Weathrwax na cidade estadunidense de Aberdee, no Estado de Washington... Foi nessa cidade que nasceu Kurt Cobain, músico estadunidense fundador da Banda Nirvana, e, nessa escola Kurt e Krist Novoselic, guitarrista da Banda, estudaram.
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São Paulo – 2016

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Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Pub Comunicação ([email protected])

Diagramação Jacilene Moraes

Revisão Vanise Macedo

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________A143

Abrão, Vitória Porto Ally Van Ried / Vitória Porto Abrão. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2014.

ISBN 978-85-7923-697-6

1. Romance brasileiro. I. Título.

14-17789 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________13/11/2014 13/11/2014

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Where do bad folks go when they die?

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A história deste livro foi inspirada no misterioso incêndio de 2002 que consumiu a Escola pública J. M. Weatherwax na cidade estadunidense de Aberdeen, no Estado de Washington...

No sábado, cinco de janeiro, após a meia-noite, o prédio principal, um dos edifícios históricos de Aberdeen construído em 1909, que abrigava a biblioteca, escritório de aconselhamento e muitas salas de aula da tradicional escola de Ensino Médio, ardeu em chamas até o chão...

Foi nessa cidade que nasceu Kurt Cobain, músico es-tadunidense fundador da Banda Nirvana, e, nessa escola Kurt e Krist Novoselic, guitarrista da Banda, estudaram...

O livro foi escrito entre os 12 e os 14 anos de ida-de por Vitória Porto, e, aborda fatos fictícios que teriam ocorrido até a data do fatídico incêndio em vários perío-dos da vida de uma aluna: Ally Van Ried.

Sua história, sua filosofia de vida, suas perturba-ções, traumas e medos são narrados pela autora de uma maneira original e interessante. Não há passado, presen-te ou futuro...

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Se a loucura conduz todos a um estado de cegueira onde todos se perdem, o louco, pelo con-trário, lembra a cada um sua verdade.

Michel Foucault

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É só mais uma historia tola, da qual você não entenderá muito, porém verá o que vi.

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Capítulo IPara mamãe e papai

Tudo começa quando não existe o eu nem o outro. Quando uma criança, a mãe e o mundo são uma coisa só, pelo menos até os seis meses.

Aberdeen, Washington 2001Ally Van Ried agora já estava quase completando

seu décimo sétimo ano de vida, já sabia que ela e a mãe não eram uma só.

Onze e cinco, onze e seis, onze e sete, Onze e oito... No lugar de sempre o relógio fazia seu monótono dever. Um relógio de parede bem comum sem nada em espe-cial que deva ser destacado, a não ser um pequeno deta-lhe: ele nunca havia saído dali desde que chegou em mil novecentos e noventa. Um relógio bem velho, presumo. Nunca presenciou nada novo, sempre a mesma rotina:

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ver alunos almoçando, conversando, e às vezes até bri-gando, mas nada novo é claro!

Sem pressa alguma as horas continuavam a cami-nhar. Ele nunca tinha pressa.

Quem poderia fixar o olhar em um velho e entedia-do relógio que nunca fizera algo de novo, além de marcar as horas? Somente uma pessoa, sozinha, olhava atenta-mente para o Senhor Relógio.

Ally continuava concentrada no relógio. Ambos ti-nham algo em comum: a mesma expressão de sempre. Desviou o olhar rapidamente para o corredor em frente à cantina na Escola pública J. M. Weatherwax. Dra. Sulli-van passava por lá

— Talvez não seja ela — pensou Ally, mas o jeito desengonçado de andar não deixou dúvida que fosse sua velha amiga Dra. Kate Sullivan. Ela caminha para a esca-da que dava acesso ao terceiro andar. Seus passos apres-sados se destacavam no ouvido de Ally, até que alguns deles cessaram. Após uma pequena coleção de segundos, correu atrás dela, até chegar ao terceiro andar.

O terceiro andar era o mais isolado, era enorme. Parte dele ainda não havia sido explorada. Poucas salas se encontravam em funcionamento. A sala da Dra. Sullivan, ficava um pouco à frente de um labirinto de corredores. Um grupo de adolescestes, em um canto, fumava. Ally desviou o olhar para lá por um segundo, quase chegando à sala da Dra. Sullivan, o macho alpha Joseph Cathmor, reagiu, indo rapidamente em sua direção.

— Você não deveria estar aqui — Gritou ele. Jo-seph sempre era ouvido. Alto e forte provocava respeito

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entre as outras criaturas. Tinha cabelos pretos e olhos cor violeta.

Ally o encarou e correu para um corredor, e ao fi-nal, do lado esquerdo, havia uma porta branca encardida com uma janelinha. Era uma sala muito iluminada, seria impossível um vampiro viver ali — mas isso não vem ao caso, essa não é uma historia de vampiros. Reinavam pela pequena abertura os raios de sol. A sala tinha outra jane-la. Enorme, digna de cortinas maiores ainda. Uma mesi-nha velha, como tudo naquela sala. Em cima só alguns livros: a frente um sofá. Claro que esperava um divã, mas também esperava que o Hitler não invadisse a Iugoslá-via... Em frente a esse sofá tinha outro menor onde Dra. Sullivan se encontrava. E presente ali, em um canto, três galões de gasolina, lembrança do antigo zelador.

A sala estava desocupada há quatro anos. Ally para-da perto da parede respirava alto e vagarosamente.

— Ah, me desculpe. — falou, desviando o olhar para suas mãos, que puxavam seu casaco de linha mar-rom longo e aberto para perto do peito.

— Aqui está ficando cada vez mais frio. — Dra. Sullivan tinha belos dentes. Sempre usa o cabelo casta-nho preso, alguns fios escapavam, flutuavam devagar. E os mesmos óculos arredondados pendurados no pesco-ço. Formou-se em Psicologia em 1989, há quatro anos se mudou para Aberdeen a trabalho, acredito que não esperava atender crianças perturbadas em um “consultó-rio” caindo aos pedaços. Morava em uma dessas casinhas pequeninas que ficam esquecidas na beirada rio. Ainda consigo me lembrar daquela época: um tempo não tão

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distante. Ally fugindo de um de seus acessos de raiva a encontrou no lugar que agora é a sua sala: à direita da es-cada do sexto corredor. Talvez você possa ver a sala como um refúgio, mas para ela podia simplesmente ser chama-do de um “lugar calmo e tranquilo”, onde pudesse passar horas em silêncio — a coisa que mais gosta de fazer. Nes-se tempo, Ally ainda era a mesma, pouco falava.

E assim, em silêncio, as duas passavam longos meses. — Pensei que houvesse desistido disso — Disse a

Dra. Sullivan — Achei que pelo menos comigo você pu-desse ter uma conversa com mais de três sílabas.

Ally só a olhou, mas ao mesmo tempo, desviou o olhar para baixo como se tivesse medo. Confesso que não foi um conversa muito longa, após Dra. Sullivan a con-vencer que deveria se sentar, passaram o resto da tarde em silêncio.

[...]

Já o Sr. Durmistein amava sua esposa e filho. Acor-dava às sete da manhã, crepitava os pés duas vezes antes de pisar o chão, penteava sempre ao meio seu cabelo. Saia de pijama xadrez pela rua e comprava garrafas de leite, vol-tava para casa, fazia panquecas e as deixavam quentinhas em cima da mesa redonda da cozinha. Sua esposa sem-pre estava atrasada, acordava correndo e levava sua filha para escola, e o Sr. Durmistein sempre acabava comendo sozinho. Assim, sozinho, era sua rotina. E Ally sempre a observava. Foi exatamente igual na manhã gelada de terça-feira. Diferente do Sr. Durmistein, Ally acorda às cinco da manhã com a enorme ajuda de Johnny Cash.

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Olha para a janela sem nenhum objetivo, só por olhar. Coloca os pés sobre o chão, e às escuras, caminha para o banheiro que fica há duas portas do seu quarto. Ela para antes de chegar ao banheiro e pensa trinta vezes antes de entrar. Com o medo ardendo nos olhos, entra.

Em um canto tem uma banheira, em outro, duas pias e espelhos, e outras coisas que existem em banhei-ros. O resto é só espaço. Ally parou em frente a um dos espelhos, e olhou para si mesma. Penteava sua franjinha torta duas vezes, e, em questão de minutos saia. Saia de lá o mais rápido que podia.

Sem pensar ou sentir medo entrava no outro quarto que fica entre o seu e o banheiro. Era do seu irmão mais velho, Tate Ried. As paredes eram beges de texturas ris-cadas com janelas gigantescas à frente da porta. O quarto era parecido com uma sala do estúdio de Ballet que Ally frequenta desde os quatro anos. Uma das paredes era só espelho, grande e um pouquinho embaçado. Em cima de uma cadeira estava seu uniforme. Com cuidado colocava sua meia-calça e depois o collant, sentava-se no chão e calçava suas velhas sapatilhas de ensaio. Prendia o cabelo com um coque bem feito e por cima colocava uma fiti-nha que virava um laço. Após esse momento melancólico de fitinhas e nó de sapatilhas, começava a girar, girar, e a girar, com os olhos firmes no reflexo dela mesma. Tinha uma postura certinha, e um pescoço extremamente ereto. Depois de duas horas e meia de treino, descia as escadas sem pressa. Como o relógio, ela nunca tinha pressa.

Olívia Ried tinha trinta e oito anos, era também conhecida como a mãe de Ally. Estava saindo de carro,