5/2/2012 | Maristela Barenco Corrêa de Mello | (24) 2237-5801 Alguns dedos de Prosa: conversando sobre Psicologia, Educação Ambiental, Cultura da Paz e Espiritualidade Este Informativo é uma publicação quinzenal dedicada a Educadores, cujos conteúdos são de inteira responsabilidade da autora. Seu objetivo é formativo: oferecer subsídios e reflexões em Psicologia, Educação Ambiental, Cultura da Paz e Espiritualidade, e renovar o propósito rumo a uma educação transformadora. Wabi Sabi: o desafio de se aprender com a arte da beleza imperfeita Um conceito fundamental no seio de uma Educação Ambiental emancipadora é o de estética. A tarefa de transformação – seja de nós mesmos, de nossos valores, de nossas formas de ver, nossos modos de nos relacionar com a vida, de nosso mundo -, não pode estar calcada em num ideário mecanicista, de fabricação e produção em série, mesmo em relação aos projetos considerados mais importantes coletivamente. Transformação tem a ver com criação, com arte, com ateliê, com singularidade. Daí a importância de uma dimensão estética. O paradigma da modernidade não apenas reduziu nosso horizonte estético, mas impôs um modelo hegemônico e homogêneo daquilo que é belo e deve ser perseguido como valor fundamental. Trazendo para nossas vidas, equivale a dizer que não só nos acostumamos com as paisagens urbanas consideradas feias – os lixos espalhados nas ruas, as paisagens de concreto, a pichação nos muros, a poluição dos rios -, como estamos sendo alfabetizados em um padrão estético que, longe de constituir-se apenas em cenários do cotidiano, modelam nossas formas de sentir, de ser e de nos relacionar. Precisamos estar atentos à dimensão ética que toda estética delineia, e à dimensão sociopolítica enunciada por toda proposição espacial. O cenário proposto pela modernidade está comprometido, de forma subliminar e irrestrita, com alguns conceitos filosóficos e modeladores de um tipo subjetividade em detrimento de muitos outros. Um dos principais é a noção de tempo, ou melhor, é o ideal de um eterno presente, de uma contemporaneidade soberana. Isto se traduz na avidez que temos pelo nosso tempo, por aquilo que é novo e inovador, por simetria, por objetos e cenários lineares e considerados “clean”, pela obsessão com a idade e com um corpo sem rugas e qualquer marca de envelhecimento, Boletim No. 12, Ano I
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5/2/2012 | Maristela Barenco Corrêa de Mello | (24) 2237-5801
Alguns dedos de Prosa:
conversando sobre Psicologia,
Educação Ambiental, Cultura
da Paz e Espiritualidade
Este Informativo é uma
publicação quinzenal dedicada
a Educadores, cujos conteúdos
são de inteira responsabilidade
da autora. Seu objetivo é
formativo: oferecer subsídios e
reflexões em Psicologia,
Educação Ambiental, Cultura
da Paz e Espiritualidade, e
renovar o propósito rumo a
uma educação transformadora.
Wabi Sabi: o desafio de se aprender com a arte
da beleza imperfeita
Um conceito fundamental no seio de uma Educação Ambiental emancipadora
é o de estética. A tarefa de transformação – seja de nós mesmos, de nossos valores, de
nossas formas de ver, nossos modos de nos relacionar com a vida, de nosso mundo -,
não pode estar calcada em num ideário mecanicista, de fabricação e produção em série,
mesmo em relação aos projetos considerados mais importantes coletivamente.
Transformação tem a ver com criação, com arte, com ateliê, com singularidade. Daí a
importância de uma dimensão estética.
O paradigma da modernidade não apenas reduziu nosso horizonte estético,
mas impôs um modelo hegemônico e homogêneo daquilo que é belo e deve ser
perseguido como valor fundamental. Trazendo para nossas vidas, equivale a dizer que
não só nos acostumamos com as paisagens urbanas consideradas feias – os lixos
espalhados nas ruas, as paisagens de concreto, a pichação nos muros, a poluição dos rios
-, como estamos sendo alfabetizados em um padrão estético que, longe de constituir-se
apenas em cenários do cotidiano, modelam nossas formas de sentir, de ser e de nos
relacionar. Precisamos estar atentos à dimensão ética que toda estética delineia, e à
dimensão sociopolítica enunciada por toda proposição espacial.
O cenário proposto pela modernidade está comprometido, de forma
subliminar e irrestrita, com alguns conceitos filosóficos e modeladores de um tipo
subjetividade em detrimento de muitos outros. Um dos principais é a noção de tempo,
ou melhor, é o ideal de um eterno presente, de uma contemporaneidade soberana. Isto
se traduz na avidez que temos pelo nosso tempo, por aquilo que é novo e inovador, por
simetria, por objetos e cenários lineares e considerados “clean”, pela obsessão com a
idade e com um corpo sem rugas e qualquer marca de envelhecimento,
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energizante e de purificação, precisa ser
escondida. Esteticamente é deselegante
expor ao varal as roupas que usamos. Ainda
que os corpos possam ser exibidos, de todas
as formas, até as mais vulgares, as peças
íntimas de uma família não podem ser
mostradas. Seca-se a roupa às escondidas,
muitas vezes em locais inadequados. Outro
exemplo pode ser encontrado nas cozinhas
da modernidade. As mais antigas eram
espaços privilegiados de reunião da família.
Eram oficinas de experimentação, de
trabalho artesanal, expressão de vida. No
interior, ao redor de um fogão à lenha, nas
noites frias, as famílias se encontravam. Não
sou do interior, mas minha memória olfativa
pela artificialidade dos modos de ser, pelo
esvaziamento das dimensões da existência,
pela efemeridade nos modos de consumir.
Alguns exemplos podem expressar
melhor esta tendência. Moro numa região
serrana de expansão de grandes
empreendimentos imobiliários que atendem às
classes média e alta dos centros urbanos. Nos
condomínios em questão, persevera uma
ditadura estética: os latões de lixo são
padronizados, as casas e jardins precisam
seguir um padrão de acabamento e sofisticação
e, o mais interessante, a meu ver: não se
podem exibir varais de roupas. A prática dos
antigos de lavar as roupas e quará-las (clareá-
las) ao sol e ao vento, numa perspectiva
Tal estética é um convite para engendrarmos, em nossos processos educacionais, a
simplicidade, a rusticidade, o cotidiano, o artesanal, o imperfeito e o impermanente, seja no
pensar, no refletir, no fazer.
recorda-se do cheiro de janta que exalava da cozinha da minha avó em todos os finais
de tarde: eram vestígios de vida! Atualmente muitas cozinhas são espaços apenas
decorativos: frios, desérticos, artificiais, cuja estética e assepsia não comporta a feitura
de alimentos, e onde cozinhar significa, para alguns, muito trabalho e sujeira. Nesta
perspectiva, a estética da casa é a da vitrine, onde um conjunto de objetos prontos, de
consumo impessoal, está disposto e equivalem a troféus de acesso a uma
modernidade idílica. Mas em tudo deve haver a negação da passagem do tempo e da
vida, que sempre deixa muitas marcas, e da proximidade com os elementos naturais...
De fato, a modernidade instaurou um modelo de tempo no qual estamos
sempre em débito. Quarar roupas, fazer janta todos os dias são afazeres para os quais
não temos mais tempo. Mas o sequestro do tempo vai muito além deste cotidiano.
Porque o tempo que não tenho para tais afazeres, sou obrigada a ter para ficar nas
filas de banco, no trânsito diário dos grandes centros, na vistoria de um carro, como
fiquei ontem, exatamente por três horas! E na correlação de valores, o tempo dos
afazeres da casa, que a modernidade “produziu” como desqualificado, potencialmente
tem muito mais vida do que o tempo cronológico a que somos submetidos
diariamente, “produzido” como valoroso. Temos opções de escolha?
Em contraponto a esta lógica, há uma filosofia milenar inspirada na
observação da natureza, que pode refecundar o nosso modo de compreender a vida,
os nossos espaços e as práticas de educação ambiental. É uma concepção estética, de
inspiração japonesa, chamada Wabi Sabi. Ela surge na periferia de um tempo,
contrapondo-se à emergência de uma ostentação por parte da nobreza e dos líderes
militares, pelos monges e sacerdotes orientais, ganhando expressão na chamada
cerimônia do chá, onde os utensílios eram feitos de cerâmicas artesanais queimadas
por horas, em fornos, sempre irregulares e por objetos talhados de bambu. Sua prática
era a da extrema atenção e delicadeza. Mais tarde, tal filosofia irá inspirar o budismo
Sugestões de Leituras
DENÓRIO, Darcy França. Cora Coralina. Seleção. Coleção Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2004, 358 p. Uma forma única de fazer poesia. Olhar para a vida e o cotidiano. Aí, avistar o que há de mais miúdo, desprezado, imperceptível, sofrido. Olhar sensivelmente. Transformar sensibilidade em escrita poética. É isso que Cora Coralina nos proporciona ao poetizar o processo de sua própria vida. Ela cria arranjos entre monturos de lixo e ouro, entre muros e avencas, entre casebres e becos, entre jasmineiros e quintais, entre rios e lavadeiras, entre sofrimento e superação. Conhecer seus versos é visitar sua terra, Goiás, e beber nas fontes da esperança: seu sonho de ser escritora e ter seu primeiro livro publicado é realizado quando ela tinha 75 anos. Para Cora, a escrita é emancipação! Seus versos emocionam. Vale à pena conhecer seus versos!
Primeiramente gostaria de agradecer o convite da querida amiga Maristela para fazer parte desta ideia cheia de informação, reflexão e acima de tudo sensibilidade, uma característica peculiar da nossa Stela. A proposta aqui será a de trazer pequenas sinopses e indicações de filmes de nacionalidades diferentes com o objetivo de possibilitar interações variadas com a imagem e as narrativas cinematográficas. Espero que gostem.
Nosso primeiro filme chama-se VERMELHO COMO O CÉU (2006), produção italiana, dirigida por Cristiano Bortone e que narra a vida de Mirco, um garoto de 10 anos de idade que vive na região da Toscana e é apaixonado por cinema. Após um acidente perde a visão e, rejeitado pela escola pública, é enviado para um instituto para cegos na cidade de Gênova. É neste ambiente, após a descoberta de um gravador, que começa a criar histórias sonoras que mudarão sentidos e paradigmas. Realizado com extrema sensibilidade – algo muito peculiar no cinema italiano – “VERMELHO COMO O CÉU”, traz a superação como possibilidade sempre real e por isso envolve o espectador de maneira única – assim como qualquer ser humano – diante das transformações, sejam elas vistas das mais variadas formas. Para finalizar, um pequeno registro para quem curte as curiosidades que envolvem as narrativas cinematográficas: a história do filme é baseada na vida real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indústria cinematográfica da Itália – o elemento que faltava para se envolver de vez com o filme. Até a próxima.
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Sugestões de Atividades
Oficina do Pão Colocar literalmente as
mãos na massa. Compreender que
fazer é uma forma de conhecer. Atuar
em grupo. Preparar o alimento que
será coletivamente partilhado.
Pesquisar sobre os ingredientes e
sobre modos de fazer com os
familiares. Estudar a trajetória do pão,
seu significado simbólico, bíblico,
sagrado. Obedecer ao tempo da
fermentação. Observar o pão crescer.
Levar ao forno. Aguardar. Ver a
transformação. Preparar uma mesa
bonita, com toalha e flores. Refletir
sobre todas as fases do processo.
Degustar o pão partilhado em clima
de celebração.
Normalmente, nas Escolas,
há muitas tarefas práticas e
artesanais, mas nem todas refletidas.
Fazer por fazer não é algo educativo.
Trabalhar artesanalmente
compreendendo que isso também é
uma tecnologia, obedecer aos ritmos
dos processos, não se impacientar
com a espera, encantar-se com os
processos que envolvem natureza-
trabalho-processo é uma atividade
muito importante. Mais ainda se for
interdisciplinar, envolvendo vários
momentos, professores, disciplinas.
Precisamos resgatar
urgentemente a mística do trabalho
criativo, simbólico, que gera vida e a
faz prosperar na perspectiva da
abundância emocional e material.
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zen.
A filosofia Wabi Sabi significa a arte da beleza imperfeita e tem como finalidade
evidenciar uma estética que emerge da imperfeição, da assimetria, da rugosidade, da
austeridade, da passagem do tempo, da simplicidade dos objetos e modos de viver, nos
elementos naturais e disponíveis. Nesta filosofia minimalista, menos é mais, e a
simplicidade e a autenticidade são valores imprescindíveis. É a conjugação entre o
simples, o rústico, o fresco (Wabi), que sugere a eliminação do supérfluo, e o
impermanente, a serenidade daquilo que atravessa o tempo e se desgasta, o que
necessita de reparos (Sabi), que sugere um apaziguamento com a passagem da
temporalidade.
Para os precursores deste pensamento, os “wabibitos”, a casa era, sobretudo,
um santuário, e os objetos eram testemunhas da própria vida, repletos de significados.
Sua escolha se dava em função de sua utilidade, de sua beleza ou de o seu significado
sentimental. Mas os objetos eram expressão de escolhas e não determinações de um
mercado. Para os wabibitos, as casas não são lugares de perfeição, mas locais onde deve
se concentrar a beleza natural, para que a vida prospere. Daí a ênfase na eliminação de
ruídos, na iluminação natural e no gosto pelas formas irregulares.
Tenho na minha casa um banco herdado da minha infância. Para ser precisa,
não herdei nada. Foi sendo deixado ao longo das mudanças. Ele é azul, mas possui várias
cores que se descortinam em seus descascados. Já foi cor de madeira, já foi azul claro e
vermelho também. É um banco forte e vem, bravamente, atravessando as gerações. Vez
por outra alguém me diz: “que banco feio... por que não o pinta?” As pessoas veem-no
como um sinal de desleixo. Mas não entendem que aquele banco e eu conversamos. Que
ele me conta, sem precisa falar, de muitos acontecimentos, histórias e tramas. E é assim
que pretendo deixá-lo no passar deste tempo... Assim é em toda a vida: a passagem da
temporalidade deixa marcas em tudo o que existe. E tudo o que existe retrata a
passagem do tempo. Nossos fios de cabelos brancos, que ojerizam a muitos, contam
histórias, registram transformações, amadurecimentos, aquisições. Nossas marcas e
rugas também. Se quisermos viver longos anos, precisamos entender que o tempo causa
desgastes... que este processo pode ter um encantamento.
A estética Wabi Sabi é uma forma de conceber poesia e beleza a este processo.
É a arte de trazer contrastes para dentro da vida, para que estes expandam nossas
singularidades. Há muitas outras artes. Cora Coralina, por exemplo, fazia poesia dos
muros velhos de sua Cidade, que “cochichavam” uns com os outros e sobre os quais o
tempo plantava avencas... Tal estética é um convite para engendrarmos, em nossos
processos educacionais, a simplicidade, a rusticidade, o cotidiano, o artesanal, o
imperfeito e o impermanente, seja no pensar, no refletir, no fazer. Para além da
temporalidade, temos gerado, como culturas, processos sociais e históricos de muita
imperfeição, assim como modos relacionais que necessitam de muitos “reparos”. É
preciso olhar com amorosidade esta esquizofrenia que se alimenta da simetria e da
perfeição e produz assimetrias e imperfeições. A estética Wabi Sabi nos ensina que
precisamos aprender a contemplar o que produzimos com realismo e com esperança.
Afinal, a tesssitura que queremos construir é feita da complexidade de muitos fios: aquilo
que foi, aquilo que é, aquilo que não devia ter sido, aquilo que pode vir a ser, aquilo que
Primeiramente gostaria de agradecer o convite da querida amiga Maristela para fazer parte desta ideia cheia de informação, reflexão e acima de tudo sensibilidade, uma característica peculiar da nossa Stela. A proposta aqui será a de trazer pequenas sinopses e indicações de filmes de nacionalidades diferentes com o objetivo de possibilitar interações variadas com a imagem e as narrativas cinematográficas. Espero que gostem.
Nosso primeiro filme chama-se VERMELHO COMO O CÉU (2006), produção italiana, dirigida por Cristiano Bortone e que narra a vida de Mirco, um garoto de 10 anos de idade que vive na região da Toscana e é apaixonado por cinema. Após um acidente perde a visão e, rejeitado pela escola pública, é enviado para um instituto para cegos na cidade de Gênova. É neste ambiente, após a descoberta de um gravador, que começa a criar histórias sonoras que mudarão sentidos e paradigmas. Realizado com extrema sensibilidade – algo muito peculiar no cinema italiano – “VERMELHO COMO O CÉU”, traz a superação como possibilidade sempre real e por isso envolve o espectador de maneira única – assim como qualquer ser humano – diante das transformações, sejam elas vistas das mais variadas formas. Para finalizar, um pequeno registro para quem curte as curiosidades que envolvem as narrativas
Fundação Projeto Pereyra (Argentina):
Com amor ou com medo? Uma escolha
em Educação Ambiental
Desde que começamos a trabalhar com Educação Ambiental,
há uns 20 anos, deparamo-nos com um panorama ambiental cada vez
mais degradado, mais contaminado, mais arrasado. Digamos, então,
que poderíamos ter apenas más notícias para dar: a água de rios,
córregos e aquíferos envenenados com poluentes industriais, a
devastação da terra pelas monoculturas e seus agrotóxicos associados,
camponeses sendo expulsos de suas terras, o desmatamento de
milhões de florestas e matas nativas, grandes mineradoras a céu aberto
destruindo montanhas e contaminando geleiras e rios, provocando
secas e inundações. E a lista poderia seguir... Contudo, estamos
convencidos de que apenas a informação a respeito desta realidade não
é suficiente para que as pessoas tenhamos a consciência do Todo do
qual somos parte e então possamos compreender o mundo de relação
em que estamos imersos e possamos modificar nossos costumes, e
formas de fazer, de modo que freiem, revertam e remedeiem ou evitem
os desastres ambientais que cada dia visualizamos com mais recorrência
e mais próximos. E mais, poderíamos dizer que, em muitos casos,
resulta contraproducente “bombardear” com problemas ambientais,
sobretudo, às crianças pequenas. E também aos adolescentes e aos
adultos, quando estão em situações emocionais de muito estresse ou
desconexão com a Natureza. Pode acontecer que o resultado, ao
contrário do que esperávamos, seja o desinteresse, o isolamento, a
angústia, uma sensação de impotência, em que tudo se torna grande e
é preferível ignorar o tema e seguir como se nada se passasse. Assim é
com todas as emoções que tem por fundamento o medo. É uma decisão
que devemos tomar como educadores: queremos investir com nossa
prática um mundo de amor ou um mundo de medo? Para que
tenhamos tal resposta é necessário que revisemos nossas formas de
trabalhar, as ferramentas que elegemos e também o que poderíamos
chamar de “currículo oculto”, isto é, todas estas coisas que ensinamos
através da forma de ensinar, do estilo de comunicação que geramos no
grupo, as atitudes de “recompensa”, o exemplo da coerência (ou não)
que damos nós mesmos, entre outras coisas. Tudo isso que “ensinamos
enquanto ensinamos” e que as crianças e jovens “aprendem enquanto
aprendem” é uma forma de VER o mundo, uma forma de nos
RELACIONARMOS conosco e com todo Outro (os outros nossos pares,
os outros distintos de nós, o outro a Natureza e todas suas formas de
vida).
Encontramo-nos, então, frente a um dilema: como abordar
efetivamente nossa tarefa como educadores ambientais, objetivando
transmitir uma visão realista do que acontece e que seja
suficientemente esperançosa para nos entusiasmar e nos comprometer