IntroduoAs doenas alrgicas afectam cada vez mais pessoas. Na
verdade, ningum est totalmente ao abrigo de, mais cedo ou mais
tarde, sofrer uma reaco alrgica.O fenmeno da alergia extremamente
complexo, mas, ao longo dos anos, os investigadores aprenderam a
conhec-lo e a combat-lo melhor. Os medicamentos so hoje mais
numerosos, ainda que frequentemente mal utilizados. Por exemplo, o
uso frequente de aerossis para o tratamento de alergias
respiratrias pode ter efeitos secundrios prejudiciais
sade.Actualmente, os primeiros cuidados orientam-se para a preveno.
Esta comea logo aps o nascimento, com a opo, sempre que possvel,
pelo aleitamento materno. Quando, apesar de tudo, se manifestam os
primeiros sintomas, a prioridade dada identificao das substncias
que provocam a alergia. Na impossibilidade de evitar todo e
qualquer contacto com estas substncias, passa-se ento ao tratamento
possvel. O ambiente quotidiano pode revelar-se, para as pessoas
mais sensveis, uma fonte de agresses mltiplas, contra as quais no
existe remdio totalmente eficaz.Podemos considerar vrias
manifestaes alrgicas, que podem aparecer de forma isolada ou
combinadas. Estas manifestaes so de ordem:-Cutnea (urticria,
eczema, angiodema)-Respiratria (rinite alrgica, aspergilose, crise
de asma)-Ocular (conjutivite, eczema das plpebras,
blefarite)-Digestivas (edema da glote e sintomas diversos)Os
sintomas manifestam-se de forma mais ou menos acentuada e, em casos
extremos, podem por em risco a vida do doente. o caso das crises de
asma graves ou do choque anafilctico, uma reaco brutal e
generalizada do organismo que pode incluir perda de conscincia e
perturbaes cardiovasculares.A soluo pode ter de passar pelo
afastamento do gato, dos brinquedos de peluche ou das almofadas de
penas e, ainda, por uma limpeza minuciosa e frequente da habitao.No
nosso trabalho pretendemos sintetizar a informao existente sobre as
alergias, tanto no que respeita aos tipos de reaco, as causas, os
mecanismos de desenvolvimento e os tratamentos disponveis.
Falaremos tambm dos meios de diagnstico e a preveno.Definio de
alergiaOs fenmenos alrgicos sempre existiram e podem mesmo
encontrar-se algumas descries precisas em textos dos mdicos da
Grcia Antiga. Nos tempos de Hipcrates, os mdicos j tinham elaborado
uma lista dos alimentos susceptveis de provocar reaces indesejveis
em certas pessoas (queijo, mariscos, nozes, ovos, etc.). No
entanto, foi apenas a partir do final do sculo passado que os
mdicos comearam a estudar realmente tais fenmenos. interessante
notar que muitos desses mdicos sofriam, eles prprios, de
alergias.Em 1993, Ch. Blackley demonstrou que a febre-dos-fenos era
provocada pelo plen. Nos anos vinte, tornou-se evidente que as
reaces alrgicas se produziram atravs de uma substncia presente na
circulao sangunea. Essa substncia s foi identificada no fim dos
anos sessenta. Trata-se de uma protena, uma imunoglobina especfica
chamada IgE. O estudo das alergias, ou alergologia, faz hoje parte
dessa disciplina da medicina, em evoluo permanente, que a
imunologia clnica.A alergia uma resposta imunolgica, ou seja, do
sistema imunitrio, excessiva e inapropriada de pessoas sensveis a
uma determinada substncia alrgeneo. Os exemplos mais comuns de
alrgeneos so, por exemplo: o plen das flores, poeiras, plos dos
animais.As reaces de hipersensibilidade (alergia) podem ser
desenvolvidas atravs, de uma resposta humoral ou celular, podendo
ser sistmica ou local (inflamao). A resposta imune pode levar a
leso do tecido ou at mesmo disfuno de um rgo.O aparelho respiratrio
e a pele so os rgos mais frequentemente afectados, devido a uma
maior exposio ao meio ambiente.As alergias podem aparecer em
qualquer perodo da vida, da infncia at idade avanada. Contudo, as
tendncias alrgicas declaram-se normalmente at aos quarenta anos.O
momento em que o indivduo desenvolve uma sensibilizao em relao a
uma substncia, depende da quantidade da mesma e do tempo que actua.
possvel que a alergia se desenvolva, durante vrios anos, sem que o
indivduo tenha conscincia do facto.O mecanismo pelo qual se
desenvolve um ataque alrgico tpico passa, em primeiro lugar, pelo
contacto com o alrgeneo. Por consequente o organismo produz
anticorpos, que so utilizados normalmente para combater agentes
patognicos que vo neutralizar o alrgeneo. Durante este processo, d
se a produo de histamina e outras substncias qumicas responsveis
por muitos dos sintomas desagradveis.Origem da alergiaUm dos
aspectos mais intrigantes das alergias so as suas causas, muito
difcil identificar com preciso qual o factor que poder fazer que
certas pessoas possam sofrer de alergia e outras no.Existam vrias
hipteses elaboradas para explicar a origem das alergias. Iremos
citar quatro teorias individualmente mas estas podem estar
relacionadas.Hiptese genticaEsta hiptese defende que a alergia
seria provocada por factores gentico individuais. As vrias
evidncias que comprovam esta teoria so:-O primeiro locus no
cromossoma 5q a regio que codifica uma variedade de citoquinas,
incluindo IL-3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-13 e GM-CSF, que induziro os
sintomas da alergia. O segundo locus, no cromossoma 11q a regio
onde ocorre a codificao da cadeia da IgE, essencial para a ligao ao
receptor Fc. Provavelmente esto envolvidos outros loci pois a
atopia multignica.-20 a 30 % da populao apresenta rinite e 10 a 15
% das crianas so atpicas. A atopia tem uma forte predisposio
familiar.-Quando ambos os pais so atpicos, a criana apresenta 50%
de probabilidade de ser atpica.-Quando ambos os pais apresentam a
mesma manifestao alrgica (rinite, asma ou dermatite), as
probabilidades aumentam para 72% da criana tambm desenvolver a
mesma manifestao alrgica.Hiptese do linfcito T supressorO linfcito
T supressor um tipo de linfcito T regulador, que inibe respostas
imunolgicas exageradas. Nos processos alrgicos, haveria uma reduo
no nmero de linfcitos T supressores de origem desconhecida ou
gentica o que ocasionaria uma exacerbao da resposta
imunolgica.Hiptese da populao ambientalO nmero de casos de alergia
est a aumentar no mundo, assim postula-se que esse aumento seja
devido ao incremento da populao industrial, provocado pelo aumento
populacional e pela crescente industrializao. Nos pases menos
industrializados, o nmero de alrgicos menor.Esta hiptese
encontra-se em descrdito, uma vez que se demonstrou que em algumas
cidades com alto teor de poluio de ar, apresentam menos casos de
alergia.Hiptese da higieneEsta hiptese tem ganho cada vez mais
adeptos. Defende que o excesso de higiene, a melhora das condies de
higiene e de sade das populaes o uso excessivo de antibiticos e
vacinas estariam na origem do vinculado ao aumento dos casos de
alergia.Pensa-se que uma vez que o sistema imunolgico activo no est
em contacto com vrus ou bactrias, este vai atacar e responder
exageradamente a antignio comum.Tipos de reaco alrgicaConsiderando
o tempo que decorre entre o contacto com a substncia da origem da
alergia e o aparecimento dos sintomas, as reaces podem dividir-se
em trs categorias:-Imediata (alguns minutos)-Semi-retardada
(algumas horas)-Retardada (alguns dias)Para alm desta classificao,
podemos ainda considerar outra, mais importante, pois feita com
base na natureza da resposta imunitria ao antigeneo.Peter Gell e
Robert Coombs propuseram a classificao em 4 tipos de reaces de
hipersensibilidade. Os trs primeiros tipos de hipersensibilidade
ocorrem atravs do complexo antigenio-anticorpo. Sendo o tipo I
mediada por IgE, o tipo II por anticorpos e o tipo III pelo
complexo imune. O quarto tipo de reaco envolve diferentes tipos de
mecanismos de clulas e molculas mediadoras. Tornando-se assim uma
reaco retardada denominada de DTH.Reaco de hipersensibilidade do
tipo IEsta resposta induzida por um certo tipo de alergnio (agente
que causa a alergia) que desencadeia uma resposta humoral. Contudo
este tipo de resposta humoral diferente de outras, devido segregao
de IgE no plasma da clula.A IgE liga-se com grande afinidade atravs
do receptor Fc membrana do mastcito ou do basfilo, ficando estes
sensibilizados (esquema 1). Uma nova exposio ao alergnio vai
provocar a desgranulao do mastcito, libertando mediadores, em os
quais a histamina, provocando vasodilatao e contraco muscular
(sistmica ou localizadas - dependendo da durao da libertao do
mediador).AlergniosA maioria das pessoas produzem IgE, em caso de
defesa de infeces de parasitas. Depois de um indivduo ser exposto a
um parasita, o nvel de IgE aumenta e apenas diminue quando o
parasita eliminado do sistema.Contudo existem pessoas que possuem
uma predisposio herdada, para o desenvolvimento imediato de IgE
(quantidades inadequadas), quando em contacto com antignios comuns.
Esta anomalia designada por atopia. Levando assim uma reaco de
hipersensibilidade que poder levar a danificao de tecidos. Os
indivduos atpicos possuem nveis de circulao de IgE e de eosinfilos
mais elevados que o normal, sendo mais susceptveis s alergias tais
como o eczema e a asma, pois os eosinfilos possuem receptores de
IgE e transportam-nos do sangue para os tecidos.O termo alergneo
refere-se especificamente aos antignios no parasitas capazes de
estimular respostas do tipo I em indivduos alrgicos.A resposta
anormal das IgE nos indivduos atpicos principalmente gentica.
Passando de gerao em gerao. Esta predisposio gentica foi mapeada em
vrios loci.O primeiro locus no cromossoma 5q a regio que codifica
uma variedade de citoquinas, incluindo IL-3, IL-4, IL-5, IL-9,
IL-13 e GM-CSF, que induziro os sintomas da alergia. O segundo
locus, no cromossoma 11q a regio onde ocorre a codificao da cadeia
da IgE, essencial para a ligao ao receptor Fc. Provavelmente esto
envolvidos outros loci pois a atopia multignica.A maioria das
respostas alrgicas ocorre na superfcie da membrana das mucosas
devido estas serem um local de entrada de alergnios no corpo, por
inalao ou ingesto.Os alergnios mais comuns esto contidos na tabela
a baixo (tabela 1).Tabela 1. Alergnios associados a resposta do
tipo I
-Protenas-Plen de
plantas-DrogasoPenicilina-AlimentooAmndoasoOvosoFeijo,
ervilhaoLeite-Produtos de insectosoVeneno de abelhaoVeneno de
vespaoVeneno de formiga-Plos de animais
IgEO nvel de IgE num indivduo normal de aproximadamente 0,1 0,4
g/ ml, mas na maioria das pessoas susceptveis s alergias o nvel
raramente ultrapassa 1 g/ml. Estes valores tornam os estudos
fisioquimicos sobre a IgE muito difceis.A IgE constituda por duas
cadeias pesadas E e duas cadeias leves com uma combinao molecular
de 190 mil, de peso. Comparando com IgG (150 mil) a IgE tem um peso
molecular maior devido presena do domnio da regio constante (Ch4),
que facilita a ligao do receptor Fc aos receptores glicoproteicos
da membrana dos basfilos e dos mastcito. Embora o tempo mdio de
durao de uma IgE seja de apenas dois a trs dias, uma IgE que est
ligada a um mastcito ou basfilo estabiliza e persiste durante vrias
semanas.Ligao IgE Receptor FcA actividade de reaco da IgE depende
da habilidade desta se ligar atravs da cadeia pesada E regio do
receptor Fc. Assim, dependendo da ligao podemos identificar dois
tipos de receptor de IgE. No tipo FceRI h uma maior afinidade de
ligao da IgE ao mastcito ou ao basfilo. O tipo FceRII especfica
para o domnio Ch3 tendo portanto, uma baixa afinidade para a IgE
(esquema 2).Agentes farmacuticos que mediam as reaces do tipo IAs
manifestaes clnicas nas reaces de hipersensibilidade do tipo I esto
relatadas nos efeitos biolgicos da libertao dos mediadores durante
a desgranulao dos mastcitos ou basfilos. Estes mediadores so
agentes farmacologicamente activos tanto nos tecidos como nas
clulas que produzem efeitos secundrios, tais como, os eosinfilos,
os neutrfilos, os linfcitos T, os moncitos e as plaquetas.Estes
mediadores servem como mecanismo para amplificar o efeito terminal,
muitos dos sistemas complementares servem como amplificadores e
efectores das interaces antigenio-anticorpo. Quando se gera numa
resposta de infeco parastica, estes mediadores iniciam processos de
defesa benficos, incluindo a vasodilatao e o incremento da
permeabilidade vascular, que aumentam o fluxo de plasma e das
clulas inflamatrias que vo combater o patogneo.Por outro lado a
libertao de mediadores induzida por antignios inapropriados, com os
alergnios, vai provocar um aumento de permeabilidade vascular e
inflamao desnecessria.Os mediadores podem ser classificados como
primrios ou secundrios. Os primrios so produzidos antes da
desgranulao e do armazenamento nos grnulos, so exemplos:
histaminas, proteases e heparinas. Os mediadores secundrios so
sintetizados depois da activao da clula alvo ou pela libertao da
membrana fosfolipdica durante o processo de desgranulao. Nestes
mediadores incluem-se os factores de activao das plaquetas e vrias
citoquinas.As diferentes manifestaes de hipersensibilidade do tipo
I, em espcies diferentes ou diferentes tecidos, reflectem as
variaes da presena dos mediadores primrios e secundrios.HistaminasA
histamina formada a partir da descarboxilao da histadina. a maior
componente dos grnulos dos mastcitos (10% do peso dos grnulos). Os
seus efeitos biolgicos so observados aps alguns minutos da activao
dos mastcitos, devido serem armazenados nos grnulos. Aps a sua
libertao dos mastcitos ligam-se inevitavelmente a receptores
especficos em vrias clulas alvo.Foram identificados trs tipos de
receptor de histamina designados por: H1, H2 e H3. Estes receptores
tm diferentes distribuies nos tecidos e por consequncia diferentes
efeitos quando ligados a histaminas.Quando a histamina se liga ao
receptor H1 ocorrem os principais efeitos biolgicos das reaces
alrgicas. Esta ligao induz a contraco intestinal e dos brnquios,
aumentando a permeabilidade dos vasos e o incremento da segregao do
muco.A interaco da histamina com o receptor H2 aumenta a
permeabilidade dos vasos sanguneos (dilatao) e estimula as glndulas
excrinas. Quando a histamina se liga ao receptor H2 a desgranulao
dos mastcitos e basfilos suprimida, pois a histamina produz um
feedback negativo na libertao doa mediadores.CitoquinasA parte da
complexidade da reaco do tipo I,existe uma grande variedade de
citoquinas libertadas pelos mastcitos e eosinfilos. Alguns tipos de
citoquinas contribuem para manifestaes clnicas tpicas de
hipersensibilidade do tipo I. Citoquinas so protenas produzidas por
leuccitos que regulam a resposta imunitria.Os mastcitos humanos
segregam vrios tipos de citoquinas tais como:IL-5, IL-6 e TNF-, que
alteram o microambiente levando ao recrutamento de clulas
inflamatrias como os neutrfilos e eosinfilos.A citoquina IL-4
incrementa a produo de IgE dos linfcitos B. POR sua vez a citoquina
IL-5 importante, tambm, pois especialista no recrutamento e activao
dos eosinfilos. Por fim os TNF- egragados pelos mastcitos em altas
concentraes, contribuindo para o choque anafiltico sistmico.Reaces
sistmicas / reaces locaisAs reaces do tipo podem ser sistmicas ou
locais.Anafilaxia sistmicaA anafilaxia sistmica parece com um
choque e por vezes letal, ocorrendo alguns minutos aps a reaco.Esta
foi a resposta observada por Portier e Richet em ces depois de
injectar o antignio. A anafilaxia sistmica podeser induzida em
vrios animais experimentais e s se observa ocasionalmente em
humanos. Cada espcie exibe sintomas caractersticos que reflectem
diferenas na distribuio dos mastcitos e do conceito biolgico dos
seus grnulos. O animal escolhido para o estudo de anafilaxia
sistmica foi o porco-da-ndia. A anafilaxia pode ser induzida com
facilidade neste animal e os sintomas so quase iguais aos
observados nos humanos.Ao injectar uma protena estranha, neste caso
a albumina, activa-se a sensibilizao. Depois de estar a incubar
durante 2 semanas, o animal comea a ficar desassossegado, a sua
respirao torna-se afogante e a sua presso arterial baixa. O animal
sofre tambm uma constrio gastrointestinal e bronquial, provocando a
sua morte, 2 a 4 minutos aps ter sido injectado. Um exame post-
mortem revela que as principais causas da sua morte foram a grande
quantidade de edemas, o choque e a constrio bronquial.A anafilaxia
sistmica nos humanos caracterizada por uma sequncia de
acontecimentos similares. Uma vasta gama de antignios tem vindo a
provocar muitas reaces a pessoas sensveis. Estes so: venenos
provenientes de abelha, vespa, vespo e formiga; drogas tais como a
penicilina, insulina; mariscos e amndoas (frutos secos). Se no
forem tratados rapidamente as reaces podem ser fatais. A
epineferina vai contrariar os efeitos dos mediadores, tais como: as
histaminas, vais relaxar os msculos essenciais para a respirao, e
vai reduzir a permeabilidade vascular. A epineferina tambm aumenta
a probabalidade de ataques cardacos, por isso tem que se ter
cuidado com o colapso vascular, durante uma reaco
Anafiltica.Anafilaxia local (atopia)Na anafilaxia local, a reaco
est limitada a um tecido ou a um rgo especfico, frequentemente
envolvendo a superfcie epitelial no stio de entrada do alergeneo. A
tendncia para a manifestao de anifilaxia local devido a
hereditariedade e chamada por atopia. As alergias atpicas que
afectam aproximadamente 20% da populao em pases desenvolvidos,
incluindo rinites alrgicas, asma, dermatites atpicas (eczema) e
alergias alimentares.Rinite alrgicaA atopia mais comum, afectando
10% da populao dos E.U.A, a rinite alrgica, mais conhecida por
febre-dos-fenos. Estes resultados provm da reaco de alrgeneos do ar
com mastcitos sintetizadosnas conjutivas e mucosas nasais, que vo
libertar mediadores farmacologicamente activos dos mastcitos. Estes
mediadores, posteriormente, causam vasodilatao local e aumenta a
permeabilidade capilar. Os sintomas incluem a libertao de gua da
conjutiva, mucosa nasal e do trato respiratrio superior, assim como
espirros e tosse.AsmaOutra manifestao comum de anafilaxia local a
asma. Em alguns casos, alrgeneos do ar ou transportados pelo
sangue, tais como plen, p, fumos, produtos de insectos ou antignios
virais provocam crises asmticas. Em outros casos, a crise asmtica
pode ser induzida por exerccio ou frio, aparentemente independente
da estimulao do alergneo.Tal como a febre-dos-fenos, a asma
desencadeada pela degranulao dos mastcitos com a libertao dos
mediadores. Esta reaco desenvolve-se nos tractos respiratrios
inferiores.Na maioria das vises clnicas, a asma considerada como
uma doena inflamatria.A resposta asmtica pode ser dividida em
resposta antecipada e em resposta retardada. (Esquema 3).A resposta
antecipada ocorre aps a exposio ao alergneo, envolvendo histaminas.
O efeito deste mediador leva a uma constrio bronquial e uma
vasodilatao.A resposta retardada ocorre horas aps a exposio e
envolve mediadores adicionais, incluindo IL-4, IL-5, IL-16, TNF-,
EFC (eosinophil chemotactic factor) e PAF (platelet-activing
factor). Uma outra funo destes mediadores incrementar a adeso das
clulas endoteliais assim como o recrutamento de clulas inflamatrias
(eosinfilos e neutrfilos) no tecido bronquial. Os neutrfilos e os
eosinfilos so capazes de causar a danificao de tecidos, pois
libertam enzimas txicas, oxignio radical e citoquinas. Esta
resposta vai induzir vrios sintomas tais como a respirao ofegante e
edema.Alergia alimentarVrios alimentos tambm podem induzir
anafilaxia local em indivduos alrgicos.O alrgeneo liga-se IgE, que
por sua vez se liga aos mastcitos em todo o sistema
gastrointestinal. Induzir a contraco dos msculos para a respirao e
a vasodilatao. Os sintomas mais frequentes so os vmitos e a
diarreia.A desgranulao dos mastcitos ao longo do intestino vai
incrementar a permeabilidade da membranas das mucosas para que o
alrgeneo possa entrar na circulao sangunea. Algumas pessoas podem
ter um ataque de asma e outras de urticria quando comem um alimento
a que so alrgicos.Dermatite atpica (eczema alrgico)O eczema atpico
uma doena inflamatria da pele, frequentemente associada a uma
histria familiar.A doena frequentemente observada em crianas mais
novas e desenvolvida principalmente na infncia.O nvel de IgE do
soro frequentemente elevado.O indivduo alrgico desenvolve erupes
cutneas que podem causar infeco e at mesmo pus.Ao contrrio da reaco
do tipo de hipersensibilidade retardada (que envolve mais clulas
H1), a leso da pele na dermatite atpica tem clulas H2e uma grande
quantidade de eosinfilos.Reaces de fase retardada incluem reaces
inflamatrias locaisDurante a ltima fase da reaco do tipo I, os
mediadores induzem frequentemente reaces inflamatrias locais. Esta
resposta comea aps 4 a 6 horas da ocorrncia da primeira fase da
reaco e persiste durante 1 a 2 dias. caracterizada pela infiltrao
de neutrfilos, eosinfilos, macrfagos, linfcitos e basfilos podendo
ser mediados por citoquinas. Os eosinfilos tm um papel importante
nesta reaco.Os mediadores ECF libertados pelos mastcitos no incio
da reaco, vo recrutar numerosos eosinfilos para o local infectado.
Vrias citoquinas vo permitir a diferenciao e crescimento de
eosinfilos.Os eosinfilos expressam Fc para os istopos IgE e IgG e
ligam-se directamente ao anticorpo-antignio revestidos. Contudo os
mediadores de eosinfilos, como resposta aos alrgeneos, contribuem
para uma extensa destruio dos tecidos.O fluxo de eosinfilos na fase
retardada da resposta contribui para uma inflamao crnica da mucosa
bronquial.Os neutrfilos tambm tm um papel importante nesta reaco
representando 30 % das clulas inflamatrias. Estes so recrutados
para a rea da reaco do tipo I por NCF, libertados por desgranulao
dos mastcitos.Tambm so libertados para o local, algumas citoquinas
(IL-8) com a funo de activao de neutrfilos atravs da libertao dos
constituintes dos grnulos.Vrios mtodos usados para a deteco da
reaco de hipersensibilidade do tipo IA reaco do tipo frequentemente
identificada atravs do teste da pele. Pequenas pores de potenciais
alrgeneos so introduzidas na pele por via endmica ou por raspagem
superficial. Se a pessoa for alrgica ao alrgeneo, a desgranulao dos
mastcitos e a libertao de histaminas e de outros mediadores vo
provocar uma mancha em menos de 30 minutos. A vantagem do teste da
pele poder identificar vrios alrgeneos, mas tambm h desvantagens
tais como a provocao de um choque anafilctico ou ainda novas
tendncias alrgicas.Outro mtodo para identificar a reaco do tipo I
determinar o nvel total de IgE no soro atravs do teste de Rdio
Allergo Sorbent Test (RAST). Neste teste, o soro do paciente posto
em contacto com um disco de agarose codificado por anti-IgE
(rabbit). Depois da lavagem dos discos adicionado 125I-labeled
rabbit anti-IgE. A quantidade da ligao da IgE ao alrgeneo ento
medida pela adio de 125I-labeled rabbit anti-IgE lavando o disco e
contando a repercusso da radioactividade.Reaces de
hipersensibilidade do tipo I podem ser controladas por
medicamentosA preveno sem dvida o melhor remdio.A terapia
imunolgica que implica a injeco de quantidades crescentes de doses
de alrgeneos, tem sido usada para a reduo de vrios tipos de reaco
do tipo I ou at mesmo a sua eliminao por completo (principalmente
em indivduos que sofrem de rinite). Este tipo de terapia vai
induzir a formao de linfcitos-T que vo suprimir a resposta feita
pela IgE.Outra terapia imunolgica utilizada o monoclonal anti-IgE
humano. Aqui, este antignio liga-se IgE (mas s se a IgE no estiver
ligada ao FcRI). Este ltimo vai levar eliminao de histaminas
(anticorpos monoclonais esto especificamente selecionados para se
ligar s IgE).O conhecimento do mecanismo da desgranulao dos
mastcitos e dos mediadores intervenientes na reaco do tipo I,
abriram o caminho para as drogas teraputicas.Os anti histamnicos tm
sido as drogas mais usadas para o tratamento dos sintomas da rinite
alrgica. Actuam pela ligao aos receptores de histamina nas clulas
alvos, bloqueando a ligao da histamina. Os receptores H1 so
bloqueadas pelos anti-histamnicos clssicos, e os receptores H2 por
uma nova gama de anti-histamnicos.Vrias drogas bloqueiam a libertao
dos mediadores, interrompendo em vrios passos da maturao e
desgranulao dos mastcitos.A Teofilina administrada no tratamento da
asma, bloqueando fosforiastema (enzima que catalisa a quebra da
ligao de cAMP com 5AMP), incrementando ao nvel de cAMP os blocos de
desgranulao.A Epiniferina administrada durante choques anafilticos,
ligando-se aos receptores -adrenergic nos msculos dos brnquios e
dos mastcitos (elevando o nvel cAMP nestas clulas). O aumento do
nvel de AMP provoca o relaxamento dos msculos bronquiais e
reduzindo a desgranulao dos mastcitos.A cortisona e alguns
inflamatrios tambm servem para reduzir a reaco do tipo I.Reaco de
hipersensibilidade do tipo IIA reaco de hipersensibilidade do tipo
II tambm conhecida por reaco citotxica, envolvendo
anticorposmediadores que destroem as clulas. O anticorpo pode ser
activado por um sistema complemento, criando poros na membrana da
clula estranha, ou pode ser mediada a destruio da clula por um
anticorpo dependente de uma clula citotxicas (ADCC). Neste processo
as clulas citotxicas ligam-se s regies Fc dos anticorpos das clulas
alvo e promovem a morte das clulas.O complemento mais comum o
complexo Ag/Ac (IgM/IgG). Forma-se o complexo de ataque membrana do
antigeneo (CAM) e ocorre a lise da clula. Quando o complemento
activado so produzidas molculas (C3a e C5a) que so quimiotcticas
(promovem a passagem das clulas do sangue para os tecidos) e
anafilotoxinas (ligam-se aos mastcitos e basfilos para a
desgranulao).Quando a clula alvo muito grande, h estimulo
fogocitose mas o processo no ocorre, formando-se intermedirios
oxidativos que so libertados. A fagocitose frustada.A via
desencadeada diferente de acordo com a ligao entre os receptores e
o Fc. Existem trs tipos de RFc:I ligao forte e estimula a
fagocitoseII, III- ligao fraca, estimula a citotoxicidade, activa e
destri o complemento.Exemplos de hipersensibilidade do tipo
II-Transfuses sanguneas : imcompatibilidade ABO-Rejeio hiperaguda a
transplantes de rgos-Doenas auto-imunesoAnemias
HemolticasoTireodite de hashimotooSndrome de goodpostureoMiostenia
graveoDiabetes mellitus juveniloPinfigooCastrite reumadideoLpus
eritemotora sistmicaReaco de hipersensibilidade do tipo IIIAs
reaces do tipo III tambm so conhecidas por reaces por
imunocomplexos. Geralmente estes complexos de antignios com
anticorpos facilitam a limpeza por clulas fagocticas. Em alguns
casos, sem restrio, grande quantidade de imunocomplexos pode
conduzir danificao dos tecidos.A intensidade da reaco depende da
quantidade de imunocomplexos assim como a distribuio dos mesmos no
corpo. Quando os complexos so depositados nos tecidos cercando a
entrada dos antignios ocorre uma reaco localizada. Quando os
complexos so formados no sangue, a reaco ocorre no stio em que
estes so depositados. Em particular, a deposio dos complexos
frequentemente observado nas paredes dos vasos sanguneos. Esta
deposio vai iniciar uma reaco cujo o resultado o transporte de
neutrfilos no local. O tecido vai ser destrudo devido libertao dos
grnulos.A reaco de hipersensibilidade do tipo III desenrola-se
quando os complexos imunes activam o sistema de complemento.As
reaces do tipo III podem ser locaisA injeco de um antignio num
animal que tem grandes nveis de anticorpos especficos para este
antignio conduz formao de imunocomplexos locais, por uma reaco
aguda denominada por Arthur que ocorre aps 4 a 6 horas
exposio.Exames microscpicos revelam a presena de neutrfilos junto
ao endotlio vascular, estes migram no tecido para locais de depsito
de imunocomplexos. Este processo leva a danos a nvel tecidular,
podendo ocorrer acumulao de lquidos (edema) e de glbulos vermelhos
(eritema) e pode variar desde uma simples inflamao at morte do
tecido.Esta reaco do tipo semi- retardado, j que os sinais clnicos
surgem entre as 4 e 6 horas aps aexposio ao antignio.As alveolites
alrgicas extrnsecas, como a doena dos criadores de aves ou o pulmo
do fazendeiro, so alguns exemplos da reaco do tipo III.As reaces do
tipo III podem ser sistmicasQuando uma grande quantidade de
antignio entra na circulao sangunea pode formar complexos imunes na
circulao. Se o antignio estiver em excesso forma pequenos
complexos, o que vai facilitar a fagocitose.Tipicamente, aps uma
semana a quinze dias da exposio ao antignio o indivduo comea a
manifestar sintomas chamados de serum sikness (febre, debilidade,
edemas, eritemas e artrites). Este doena contudo depende da
quantidade de imunocomplexos formados.Alguns exemplos de respostas
a reaces do tipo III:-Doenas auto imunes (artrite reumtica e
sindroma de goodposture)-Reaco a medicamentos (alergia
penicilina)-Doenas infecciosas (meningite, hepatite, malria e doena
do sono)Reaces de hipersensibilidade do tipo IVTrata-se de uma
reaco retardada, pois apenas se manifesta 24 a 72 horas aps o
contacto ao antignio.As reaces do tipo IV ocorrem por intermdio dos
linfcitos T capazes de identificar determinados antignios e reagir
sua presena. Estas reaces levam a leses inflamatrias nos tecidos
que podem ser irreversveis (rejeio de transplantes e alergia
cutneas). Este tipo de reaco pode ocorrer em qualquer indivduo (ao
contrrio da reaco do tipo I que aparece em indivduos com
predisposio gentica).Robert Koch foi o primeiro a descrever este
tipo de reaco, quando observou indivduos infectados com
micobacterium tuberculosis que desencadeiam uma reaco quando
injectados com um filtrado de uma cultura de micobactrias-
tuberculin reaction.Vrias fases da resposta DTHA ocorrncia da
resposta DTH comea com uma fase inicial sensorial de uma a duas
semanas depois do primeiro contacto com o antignio. Durante este
perodo, os linfcitos T so activados e propagados pelo antignio
apresentado junto ao MHC II na clula. A variedade tem sido mostrada
pela activao da resposta DTH induzindo clulas dendrticas e
macrfagos. As clulas dendrticas encontram-se na epiderme e servem
para apanhar os antignios que entram pela pele e so transportados
at aos ndulos linfcticos onde os linfcitos T so activados pelo
antignio.Em algumas espcies incluindo os humanos as clulas
vasculares endoteliais expressas pela classe II dos MHC funcionam
como clula apresentadoras de antignio para desenvolver a resposta
DTH. Geralmente, os linfcitos activados durante a fase de
sensibilizao so os CD4+ e em poucos casos os CD8+ induzem a
resposta DTH.Uma exposio secundria ao antignio induz a fase
efectora da resposta DTH. Na fase efectora, as clulas TH1 segregam
citoquinas que vo recrutar e activar os mastcitos e outras clulas
inflamatrias. H um atraso na reflexo da segunda resposta, e isto
deve-se ao tempo prolongado que as citoquinas levam a activar os
mastcitos.Os macrfagos so os principais efectores na resposta DTH.
As citoquinas elaboradas pelas clulas TH1 induzem moncitos para
aderir ao tecido endotlico.Durante este processo, os moncitos
diferenciam-se em macrfagos activos.A influncia e a activao dos
macrfagos na resposta DTH so importantes na defesa de outros
parasitas e bactrias que vivem dentro da clula rodeada por
anticorpos que podem actuar sobre ela.Este tipo de reaco
identificada atravs de um teste de pele. As respostas mais comuns
so as dermatites.Reflexo crticaApesar de possuirmos vrios
conhecimentos sobre alergia, este trabalho permitiu-nos aprofundar
sobre este tema. Embora esta anlise no seja muito extensa, permite
uma clarificao de alguns aspectos principais sobre
alergias.Gostamos de realizar este trabalho, e esperamos que possa
ser til comunidade escolar e no s.
BibliografiaGoldsby,A. ,Richard, et al, Immunology 5
edition,W.H.Freemanand Company, 2003.Prescott,M.,Lansing, et al,
Microbiology 5 edition, McGraw Hill, 2002Revista Sade e Bem-estar,
Edies Represse, nmero 107, Maro 2003