ALENTEJO – uma SEARA VOCABULAR – 08 Riquezas dos Falares Regionais Manuel João da Silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985) 08 MJSilva José Rabaça Gaspar – 2012 11
Aug 06, 2015
ALENTEJO – uma SEARA VOCABULAR – 08
Riquezas dos Falares Regionais
Manuel João da Silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985)
08 MJSilva
José Rabaça Gaspar – 2012 11
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
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GLOSSÁRIO ALENTEJANO
In Riquezas dos Falares Regionais, de Manuel João da silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985)
TERMO / expressão or. CITAÇÃO/INFORMAÇÃO
/Significado
OBRA Pag
ABALAM DESENGAITERADOS
Abalam a correr MJdaSilva C3
ABALAR DE ESCALHO
TAPADO
Abalar à pressa sem dizer nada a ninguém MJdaSilva C7
ABALAR DE RABO RIPADO Abalar à pressa e envergonhado, de qualquer lugar por ter sido expulso ou por ter medo.
MJdaSilva C7
ABALOU DE RABO RIPADO Abalou à pressa e envergonhado por ter levado uma
descompostura ou uma tarefa
MJdaSilva C3
ABAXAR O FACHO A pessoa calar-se ou começar a falar menos, durante uma discussão.
MJdaSilva C7
ABÊSPRA Vespa. Pessoa que se zanga rápida e violentamente MJdaSilva C7
ABROGOAR Acabar uma tarefa nos trabalhos agrícolas. Guardar
alfaias e produtos colhidos
MJdaSilva C4
ACABEDOU-ME Pertenceu-me MJdaSilva C4
ACAREAR Juntar bens materiais, produzir, angariar MJdaSilva C6
ACÊRAR Andar a observar disfarçadamente uma pessoa ou coisa MJdaSilva C7
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
3
ACERTAR NA MUJA Pôr uma bala, uma malha, etc., no ponto central dum
alvo
MJdaSilva C5
ACILHAR Assentar, permanecer MJdaSilva C3
ADARNANDO Pessoa que caminha com dificuldade debaixo duma grande carga (Será corruptela de adernar)
MJdaSilva C7
AFIAMBRAR Diz-se quando várias pessoas fazem qualquer actividade
em competição e cada um faz o melhor que sabe
MJdaSilva
AGORA É QUE VOCEIA ME PARTIU
Deixou atrapalhado MJdaSilva C5
AGUENTAR O PUXO Aguentar o trabalho ao desafio com outra pessoa MJdaSilva C6
AH! AGORA CÁ Nada disso! MJdaSilva C1
AI QUE ME DERRETO TODA...
Dito com que se pretende ridicularizar uma pessoa presumida, que fala de maneira afectada com intenção
de se tomar muito simpática ou fazer-se passar por
pessoa culta
MJdaSilva C7
AINIM Ferimento, estrago causado por qualquer objecto MJdaSilva C2
AJUNTAR Trabalho geralmente feito por mulheres, que consistia
em juntar as paveias em braçados que eram colocados
sobre os atilhos, para fazer os molhos, que os homens, como mais possantes, apertavam e enrolavam as pontas
para não se desatarem
MJdaSilva C7
ALARGAR OS COSES DAS CALÇAS
Como o trabalho é muito violento, as pessoas emagrecem e as calças ficam largas
MJdaSilva C6
ALBARDAS ISSO (TU)? Tu consentes ou admites ofensas? MJdaSilva C7
ALBORCADA Tacho ou prato com grande quantidade de comida MJdaSilva C6
ALCRAPOCHAR-SE Zangar-se, tomar atitudes agressivas MJdaSilva C3
ALCURSAR Conseguir MJdaSilva C6
ALDEAGAR Conversa que uma pessoa faz para se defender ou MJdaSilva C7
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
4 justificar, mas sem convencer ninguém
ALFAQUE Cova na estrada, geralmente causada pela água da
chuva
MJdaSilva C2
ALGOSO Egoísta, pessoa que quer tudo para si MJdaSilva C2
ALICATES Os dedos MJdaSilva C7
ALOA Falatório numa localidade, escândalo motivado por uma
má acção praticada
MJdaSilva C7
ALOMBAR Pôr às costas MJdaSilva C4
AMEZIAR Denunciar uma pessoa à autoridade por qualquer infracção que tenha cometido
MJdaSilva C2
ANDAR A ASSOMBRAR Andar a exercer influência sobre uma pessoa ou coisa MJdaSilva C6
ANDAR A CARREGAR
PEDRAS
Diz-se do rapaz que vai visitar a namorada MJdaSilva C3
ANDAR COM AS VENTAS
NO AR
Andar - dum lado para o outro de cabeça n ar,
conquistando as raparigas
MJdaSilva C3
ANDAR GRUNDANDO Animal que anda entretido a procurar alimento, em
liberdade
MJdaSilva C2
ANDAR NA AMANSIA Dizia-se das crianças quando começavam a trabalhar à
jorna, em comparação com os bezerros ou outros
animais domésticos quando começavam a ajudar o homem nos trabalhos campestres
MJdaSilva C6
ANDAR ÔS TIRAPUXOS Puxar e empurrar violentamente alguém. Lutar MJdaSilva C7
ANDEM AQUI DE TIRA
VIRÃ
Quando uma pessoa provoca outra continuamente,
aproveitando todas as ocasiões para a ofender
MJdaSilva C7
ANDI PEGADA A PATROA Andei a lutar corpo a corpo MJdaSilva C7
APANHAR O PAU Chegar tarde ao trabalho MJdaSilva C6
APANHAR UMA
CHARAMBUTADA
Apanhar uma repreensão de forma violenta e rápida MJdaSilva C2
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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APANHAR UMA
CHARUTADA
Apanhar uma repreensão no trabalho dado pelo patrão
ou pelo encarregado
MJdaSilva C6
APANHAR UMA PESSOA ONDE SÓ 4 OLHOS VEJAM
Diz-se quando se ameaça de agressão uma pessoa quando se encontra só
MJdaSilva C6
APORREAR Provocar com palavras ofensivas ou sarcásticas MJdaSilva C7
APRACER ASSIM Aparecer grávida MJdaSilva C3
APRACER EM CASA O
GAJO DA BOTA FINA OU APRACER O GASPAR
Acabar-se a alimentação ou haver dificuldades em casa
do pequeno agricultor
MJdaSilva C5
APRACEREM A UMA ILHA
DE CORNOS
Geralmente quando uma pessoa se zangava com outra
mandava-a «ap'racer a esta ilha». Era uma frase ofensiva
MJdaSilva C7
APRACEREM COM OS
SALÊROS EM BAIXO
Aparecerem com os cornos partidos (cabeça partida)
Salêros - Espécie de caixas feitas em chifre de boi onde os trabalhadores usavam o sal
MJdaSilva C3
APRELAITADA Que apresenta modos e vestuário de pessoa fina (Cremos
ser corruptela de «aperaltada»)
MJdaSilva C7
APUS DELA Ir em sua perseguição MJdaSilva C7
ARARA Pessoa fraca MJdaSilva C4
ARMANHA Grande volume MJdaSilva C4
ARRAMADA Casa onde os bois dormem e se alimentam durante a
noite
MJdaSilva C6
ARREPARTIR A CEIA Pôr a comida na mesa MJdaSilva C4
ARROMBAR Deslocar os ossos ou os músculos por causa de um grande esforço
MJdaSilva C4
ARROTI-LE Respondeu à letra, a alguém mostrando não ter medo.
Ameaçar
MJdaSilva C7
ASTICIOSOS Artistas. Mas neste caso tinha a sentido contrário MJdaSilva C7
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
6 ASTÓIRO DE FAMILA Muita gente junta a ouvir uma discussão, a ver uma
zaragata, um espectáculo (Cremos que este termo é corruptela de auditório)
MJdaSilva C7
ATABANITO Espiga de trigo pequena e enfezada, quase sem grão MJdaSilva C4
ATAR Na ceifa manual, o trigo é atado em molhos com atilhos
feitos com os caules do trigo ceifado
MJdaSilva C7
ÁTÉ TENHO RESCUNHO Até tenho nojo, aborrecimento MJdaSilva C7
ATÉI É PENA ANDAR À SEMANA
Comentário e crítica que se faz a uma pessoa com pretensões a ser «gente fina» mas que tem que trabalhar
nos serviços rudes do campo
MJdaSilva C7
ATIÇAR Incitar uma pessoa a fazer mal a outrem MJdaSilva C7
ATINGÉINO Discussão acalorada, escândalo MJdaSilva C7
ATRÁS DAS ESTEVAS No campo, no monte MJdaSilva C5
BACAISO Tiro de espingarda MJdaSilva C2
BALDEADO Individuo «aéreo», sem orientação de vida MJdaSilva C3
BALSA Espécie de alcofa de palma, com tampa e uma faixa para
trazer ao ombro
MJdaSilva C7
BARROSOS, LAIMAS Pés MJdaSilva C4
BASTA QUE SIM Expressão que significa que a pessoa desconhecia o que
ouviu dizer ou para mostrar atenção à pessoa que fala
MJdaSilva C7
BATATAS BALHADAS Batatas sem qualquer outro alimento a acompanhar MJdaSilva C4
BATER AS COLHERES Morrer MJdaSilva C7
BATUCALHO Ataque epiléptico MJdaSilva C2
BELO TRABALHO PARA
FAZER MACACO
Fazer dor nas costas por se andar curvado muito tempo MJdaSilva C6
BENZE-TE Não apanhas nada, não tens sorte nenhuma MJdaSilva C6
BILHARDÊRA Mulher pouco asseada MJdaSilva C2
BILHARÊTA Malandrice, má acção MJdaSilva C3
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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BISCAINHA Mulher má, que gosta de ver as pessoas em desordem MJdaSilva C7
BOI CAPADO NÃO SE
DESCAPA
Não se pode desfazer aquilo que foi feito MJdaSilva C3
BORNICOS Pequenos galhos secos que caem dos sobreiros, com ao cortiça por fora e a madeira apodrecida por dentro
MJdaSilva C7
BORRALHADA Tiro de espingarda caçadeira MJdaSilva C2
BORRASÊRO Chuva miudinha MJdaSilva C2
BORREFA Pessoa modesta, exageradamente vaidosa, que se julga importante
MJdaSilva C7
BRIGAR Esforçar-se, teimar até conseguir o que pretende MJdaSilva C5
BUFÊRO Cu MJdaSilva C6
CACAISOS Copos de vinho na taberna MJdaSilva C6
CAGÁ SENTENÇAS Só a mandar os outros trabalhar, ou dar opiniões descabidas
MJdaSilva C7
CAGANIFÃINÇA Pequena quantidade ou coisa sem importância MJdaSilva C7
CAGOU CAROCHO Nada, nunca, de modo nenhum. Ex: A respeito de pagar
o que deve, cagou carocho
MJdaSilva C3
CAGUFE Medo MJdaSilva C3
CAIR DA BURRA ABAXO Compreender de momento, uma situação que desconhecia
MJdaSilva C3
CALATRÓIA Refeição cozinhada à pressa, geralmente feita no campo MJdaSilva C7
CALHOU A COTA COM A PERDIGOTA
Diz-se quando se juntam duas coisas más ou com os mesmos defeitos
MJdaSilva C3
CANORÇA Termo para exprimir uma mulher desajeitada no falar e
no vestir
MJdaSilva C6
CARA DE ESCÁRNE De modo escarninho MJdaSilva C7
CARAS ALTAS QUE ANDA A FORTUNA A RÉS 00
Expressão que as pessoas usam para se avisarem umas às outras quando alguém deita gases malcheirosos
MJdaSilva C4
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
8 CHÃO
CARCACHADA Gargalhada MJdaSilva C5
CARGUIO Carga grande MJdaSilva C4
CARPINTINA Barulho que uma pessoa faz quando está zangada, ou se lamenta por muito tempo em voz alta
MJdaSilva C2
CARRIÇOS Sobreiros pequenos que nascem debaixo dos outros
maiores e têm que ser desbastados
MJdaSilva C6
CARROLÊRA Caminho feito pelas rodas das carroças, através dos campos
MJdaSilva C2
CARROLÊRO Copo de vinho (na taberna) MJdaSilva C2
CASA NÃO PRECISA DE
MOIRÕES (A)
Isto dizem os pais das raparigas para afastar os rapazes
que se vão encostar às paredes da casa para as namorar
MJdaSilva C3
CASCOS Pinhas secas para queimar MJdaSilva C4
CASÊRO Porco de engorda, do pequeno agricultor MJdaSilva C2
CASMARROS Pequenos sobreiros que se arrancam quando é preciso
desbastar o montado
MJdaSilva C7
CAVAR MILHO Sachar milho MJdaSilva C6
CELIMA Cinema MJdaSilva C7
CHALDABALDA Diz-se quando se queima qualquer coisa em que o fogo faz grandes labaredas mas de pouca duração
MJdaSilva C6
CHEGAR A ALBARDA P'RA
DIANTE A ALGUÉM
Agredir, bater em alguém MJdaSilva C4
CHEGAR O VINAGRE AS
VENTAS
Arreliar-se, começar a zangar-se MJdaSilva C4
CHEIA DE NOVE HORAS À
MEIA NÔTE
Diz-se com ar de crítica quando uma pessoa se apresenta
com luxo exagerado
MJdaSilva C7
CHÊRANDO MANTUROS Um rapaz andar de casa em casa à procura de raparigas MJdaSilva C3
CHUPÃO Pequena chaminé só para fazer lume e aspirar o fumo MJdaSilva C4
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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CILHA DE TERRA Terreno bastante comprido e estreito MJdaSilva C4
COCA ou COQUEIRA Cozinheira que no campo faz a comida para os
trabalhadores rurais
MJdaSilva C6
COCARIA Lugar onde os trabalhadores dum grupo, fazem o comer e dormem, isto nos trabalhos do campo, conjuntamente
com os utensílios de cozinha e roupa
MJdaSilva C6
COM A BUTANA APEGADA AO CHÃO
Sentada com o rabo no chão sem se levantar, nem incomodar
MJdaSilva C7
COMEÇOU A COZER
ABOBRA
Mudar de atitude por medo das consequências,
arrepender de ter tomado uma decisão
MJdaSilva C7
COMO QUEM PISOU UM SACO DE ALACRARAS
(LACRAUS)
neste «dito» pretende-se comparar as pessoas más com os lacraus quando são provocados
MJdaSilva C7
COMO QUEM PRANTOU PITROL NO LUME
Quer dizer que uma pessoa se zangou rápida e violentamente
MJdaSilva C7
CONDO O RELÃO TUFA
QUE FARÁ. O PÓ
Aqui cita-se o rolão (farinha grosseira) e o pó (farinha
fina) para significar que se uma pessoa é vaidosa sendo pobre, o que faria se fosse rica. Tufa cresce, incha
MJdaSilva C7
CONTARÊLOS Alcovitices, mentiras MJdaSilva C7
CORNO (O) O saleiro. Os trabalhadores rurais usavam geralmente o
sal dentro dum chifre de boi cortado e ralhado nas duas extremidades
MJdaSilva C7
CU P'LOS TORRÕES (O) Pessoa baixa MJdaSilva C3
CUDE NAS SUAS OVELHAS
QUE OS MÊS CARNÊROS ANDAM À SOLTA
Esta expressão é dita pelas mães que têm filhos às que
têm filhas
MJdaSilva C3
DAR ÀS HORAS Fazer cumprir o horário de trabalho num grupo de
trabalhadores
MJdaSilva C7
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
10 DAR UM MALHÃO Cair, dar uma queda (Serra E. – deu um carvalhós…) MJdaSilva C4
DAR UMA REMALHA Dar uma tareia MJdaSilva C4
DAR UMA TUNA Dar uma tareia MJdaSilva C7
DAR VIVAS À QUESTINA Lamentar-se uma pessoa ou protestar violentamente por qualquer coisa que lhe desagradou
MJdaSilva C2
DE RAMOTÃO De mau modo. Com brutalidade MJdaSilva C7
DEIXAR FURAR A MANTA Diz-se quando o pastor deixa o gado fazer estragos nas
searas ou outras plantas
MJdaSilva C6
DEIXARAM O CAPOTE EMPENHADO
Expressão que significa que num rancho de pessoas a ceifar, os atadores não conseguem ao mesmo tempo,
atar em molhos, todo o trigo que os companheiros ceifam
MJdaSilva C7
DELADOIRO Desordem, desarrumação de objectos, casa desarrumada MJdaSilva C2
DELANÊRO Luta, zaragata MJdaSilva C7
DERREMUNHO Remoinho de vento. Diz-se de uma pessoa que dá muitas
voltas, rapidamente, na dança, principalmente
MJdaSilva C7
DESABAGACHADAS Com o fato desabotoado MJdaSilva C7
DESCOSER-SE A MANTA Descobrir-se um segredo MJdaSilva C2
DESEMBOGAR Dar a primeira lavagem à roupa ou à loiça para lhe tirar a maior quantidade de sujidade
MJdaSilva C4
DESEMBOGAR A LOIÇA Dar-lhe a primeira lavagem para uma vez com mais
tempo lavar convenientemente
MJdaSilva C7
DESPADIR Partir a correr MJdaSilva C5
DESSEM QUE FAZER Admitissem no trabalho, empregassem MJdaSilva C7
DESTAQUES Palavras descabidas ou inconvenientes MJdaSilva C7
DÊTAR OS BOFES PELA
BOCA
Estar muito cansada MJdaSilva C7
DÊTO-LE OS CABOS Agarrei-a com as mãos MJdaSilva C7
DEVE SER MAIS OUTRA É uma expressão que se diz quando se ouve uma pessoa MJdaSilva C3
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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PELE ameaçar outra e se pretende ridicularizar a pessoa que
ameaça, fazendo crer que vai matar a outra e tirar-lhe a pele, para juntar a outras que já tem
DIABO CAGOU PEDRAS
(O)
Diz-se dum lugar onde há muitas pedras ou outras coisas
prejudiciais
MJdaSilva C6
É CAJADIÇO Tendência para Ex.: é cajadiço a adoecer MJdaSilva C4
É COMO A BICHA, TEM QUE PICAR TRÊS VEZES O
DIA
Segundo a crença popular nalgumas regiões, a bicha (víbora) tem que picar seja no que for, três vezes por
dia. Comparava-se então com este animal, à pessoa má
ou «neurótica» que tem de ofender os outros mesmo sem motivo justificado
MJdaSilva C7
É COMO LAVAR A CABEÇA
A UM BURRO E MANDÁ-LO P'RÓ ESPOJÊRO
Usa-se esta expressão quando se aconselha uma pessoa
para o bem e ela procede ao contrário
MJdaSilva C2
É POETA É esperto, desembaraçado, artista MJdaSilva C5
EMBÊRADA Bocado de terra húmida onde se cultivam produtos de
hortejo
MJdaSilva C4
EMPESTADA Ofendida, zangada MJdaSilva C4
EMPINADELAS Discussões acaloradas MJdaSilva C4
EMPINAR AS AIVECAS Morrer MJdaSilva C4
ENCABECIONAR Manter uma ideia fixa, apaixonar-se MJdaSilva C3
ENCHER A MALVADA Encher a barriga MJdaSilva C6
ENCHER A MULA Encher a barriga MJdaSilva C2
ENFUSTO COM ELA Invisto com ela, empurrei-a violentamente MJdaSilva C7
ENGRENÇO Criança de tenra idade ou ainda por nascer MJdaSilva C3
ENREGAR A PESCAR Começar a cabecear com sono MJdaSilva C4
ENSAMPADO Muito admirado MJdaSilva C4
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12 ERA FÊTA DE CHÊXOS
BRANCOS
Calhaus de quartzo MJdaSilva C4
ERA UMA BOA FÔCE Era uma boa ceifeira MJdaSilva C7
ESBORNICOU-SE Partiu-se, estragou-se MJdaSilva C5
ESCOPAITA Pessoa que quer as coisas muito perfeitas e geralmente
põe defeitos em tudo quanto os outros fazem
MJdaSilva C2
ESMANGRITAR-SE Desfazer-se, encangalhar-se MJdaSilva C7
ESPALAIADA Mulher que usa de modos e amabilidades exageradas. Afectada na maneira de falar
MJdaSilva C7
ESPERNEGO-TE Mato-te, dou cabo de ti MJdaSilva C7
ESPOJÊRO DUM BURRO Pequena courela MJdaSilva C4
ESTABERNEQUIAVA Som produzido pela mulher que lava a louça, arruma os
móveis, mexe em objectos..
MJdaSilva C4
ESTAFOREIA Lida agitada, trabalho feito à pressa MJdaSilva C6
ESTAR DELAINHO Diz-se do tempo quando está muito chuvoso, ou duma
pessoa que está bem disposta e fala muito
MJdaSilva C2
ESTAR NA MÓ DE BAIXO Estar numa posição inferior em relação a outra pessoa MJdaSilva C5
ESTARRABAGIDA Termo onomatopaico. Significa o som produzido por um carro que trava repentinamente, um animal que
escorrega com as ferraduras
MJdaSilva C4
ESTENDER A APÊRAJA Cair. Ficar estendido no chão MJdaSilva C7
ESTICÃO Grande caminhada MJdaSilva C2
ESTRAFANÁIRA Estouvada, «aérea», pouco cuidadosa MJdaSilva C4
ESTRELAIO - Coisa mal apresentada por desmazelo, desarrumação MJdaSilva C4
FALAR A POLÍTICA Falar na linguagem das pessoas cultas MJdaSilva C5
FALE BEM QUE JÁ TEM
DENTES
Era uma forma suave de repreender uma pessoa pelas
palavras indecentes ou ofensivas que proferia
MJdaSilva C7
FANGUÊROS (120) 120 escudos MJdaSilva C7
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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FARRAJO DE PÃO Naco de pão MJdaSilva C7
FARRAMACHOS DE ANO
SECO
Diz-se quando uma pessoa se mostra muito zangada e
faz muito barulho, mas por fim tudo fica em nada. Grande aparato que não corresponde à realidade. Coisa
aparatosa que se desfaz em nada.
MJdaSilva C6
FAZ O TRABALHO POR CIMA DA BURRA
Faz o trabalho imperfeito por desmazelo, falta de cuidado ou má intenção
MJdaSilva C7
FAZER A ATADA ASSIM À
CACHAMÔRRA
Fazer propositadamente como vingança um serviço
imperfeito
MJdaSilva C7
FAZER BORRÊGOS Em grande parte dos casos, os lavradores eram avarentos para as suas mulheres, ao ponto de algumas
terem sérias dificuldades para comprarem quaisquer
objectos para uso doméstico ou mesmo roupa para si e para os filhos. Então vendiam produtos da propriedade
(feijão, trigo, milho, etc.) às escondidas dos maridos, a pessoas da sua confiança. Estes produtos eram vendidos
mais baratos que o preço corrente para os compradores
guardarem segredo. Era fazer um «borrego»
MJdaSilva C7
FAZER CARDENHOS Roubar géneros de pouco valor, pequeno roubo MJdaSilva C7
FAZER FIO DE PORCA
MAGRA
Andar apressadamente em qualquer direcção sem
atender nem reparar no que fica ao lado
MJdaSilva C5
FAZER GOVERNO Casar MJdaSilva C3
FAZER QUERENA Fazer um gesto de quem quer praticar qualquer acção MJdaSilva C4
FAZER UMAS RUAS Fazer uns aceiros MJdaSilva C7
FAZEREM UM CALCO Fazerem uma ideia. Avaliar MJdaSilva C7
FERROLHO Espingarda velha MJdaSilva C2
FÊTA À FACA Feita à pressa e de forma imperfeita MJdaSilva C7
FÊTA NUMA MIRRA Múmia. Cadáver que se disseca sem entrar em MJdaSilva C7
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
14 putrefacção, ficando só a pele e os ossos
FICAR NO CARRINHO Ser ultrapassado, no trabalho da ceifa, pelos
companheiros mais desembaraçados
MJdaSilva C6
FROXÉIS Roupa interior de senhora MJdaSilva C7
FURAR A GAMELA Comer toda a comida que se apresentou para a refeição MJdaSilva C6
FUSCATONA Mulher apresentável MJdaSilva C7
GAIFONAS Carinhos fingidos, modos muito graciosos com o fim de
conquistar alguém
MJdaSilva C7
GAITINHAS Centeio. Chama-se assim porque os garotos fazem gaitas com os caules deste cereal
MJdaSilva C6
GALGUÊRA Tarimba, cama improvisada MJdaSilva C3
GALHAPANÇO Gaiato, rapazote MJdaSilva C4
GANHANHA Pessoa desajeitada e preguiçosa MJdaSilva C6
GANHAR O CORNO DA MERDA
Dizia-se quando um trabalhador prejudicava os companheiros a favor do patrão para ganhar as «boas
graças» dele ou pequenos favores como recompensa
MJdaSilva C7
GARREAR COM OS CÃJE DOS LAVARDORES
Como uma desgraça nunca vem só, os cães odiavam e perseguiam os mendigos, certamente pelos andrajos que
traziam, o alforge e os sacos com farrapos para
improvisarem uma cama onde pernoitavam. Se chegasse uma pessoa bem vestida a casa do lavrador, os cães
geralmente não ladravam
MJdaSilva C7
GARROADA Aguaceiro, bátega MJdaSilva C2
GARROCHADA Aperto de mão MJdaSilva C2
GASGUÊRO Chapéu velho MJdaSilva C6
GIMBRAR (A) A trabalhar MJdaSilva C7
GOUCHA Pequena extensão de terreno coberta de mato MJdaSilva C6
GOZEAR O grunhir aflitivo dos porcos quando os estão matando. MJdaSilva C7
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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Neste caso significa sofrer
GRAMIÇO Pescoço MJdaSilva C7
HAVER CHAPUZ COM
COUVE
Haver zaragatas, conflitos violentos MJdaSilva C7
HORTA - Seara de milho MJdaSilva C6
HORTALIÇO Meeiro que cultiva uma seara de milho a meias com o
dono da terra, em que este semeia o milho e o outro
parceiro faz todos os trabalhos da cultura e da colheita
MJdaSilva C6
IA DEZENDO UMA
BRABURA
Ia dizendo uma palavra indecente MJdaSilva C7
IGREJA Taberna, venda MJdaSilva C2
IR A ESCOLA Ir ao mato buscar um feixe de lenha às costas MJdaSilva C4
IR A FALCA Ir à esmola MJdaSilva C6
IR A MATO Ir evacuar MJdaSilva C1
IR ABAXAR-SE Ir evacuar MJdaSilva C4
IR DE ESGALHARÊTA Ir apressadamente aos trambolhões MJdaSilva C7
IR LEVAR AS ALCOFINHAS Ir contar a outras pessoas, tudo o que sabe a respeito de
terceiros, com o fim de os prejudicar
MJdaSilva C7
IR PARA A CAGAMANCHA Ir para a cadeia MJdaSilva C2
IR RABOLINDO Sair apressadamente dum lugar, donde se foi expulso MJdaSilva C3
ISSO QUE ZUNA! Incitar alguém a trabalhar depressa MJdaSilva C7
ISTO ATÉ ME DÁ
FERNICOQUES
Expressão que se usa quando qualquer coisa faz enervar
uma pessoa e esta não pode desabafar
MJdaSilva C4
JÁ TAR PASSAGÊRO Já estar esquecido ou ter perturbações mentais devido à idade
MJdaSilva C5
JA VISTE O CU DA JUILA? Esta frase emprega-se em atenção à pessoa que
concordou com as nossas ideias
MJdaSilva C7
JAGÁS Burro MJdaSilva C2
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
16 JANEIRINHA Cevada que se semeia em Janeiro MJdaSilva C6
JARDO Terreno onde foi queimado o mato existente MJdaSilva C4
JOGO DE LOBOS Diz-se quando a casa se encontra desarrumada,
balbúrdia de objectos
MJdaSilva C2
JOGO DE MARJAS - O número de margens que cada ceifeiro ceifava duma
vez. As mulheres ceifavam 2 margens e os homens 3.
MJdaSilva C6
LÁ ESTÃO ELES NO
SURRADOIRO
Diz-se dos namorados quando estão a falar muito juntos
um ao outro
MJdaSilva C3
LÁ NOS SITOS ONDE A
ZORRA CANTA
Nos campos, nos montes MJdaSilva C5
LABORDA Desarranjo e porcaria MJdaSilva C6
LAMBANA Comida mal confeccionada e de sabor desagradável por falta de substâncias nutritivas (temperos)
MJdaSilva C7
LANCE COM A FÔCE Cada vez que se mete a foice à seara e se corta uma
mão cheia de caules de trigo
MJdaSilva C7
LANÊTA Coelho MJdaSilva C2
LASÊRO Aberta entre duas chuvadas MJdaSilva C2
LAVOR Melancial MJdaSilva C4
LEVANTAR-SE COM A
ESTRELA COM QUE O BOI
MÓSCA
É com o Sol que aparecem as moscas que apoquentam
os bois
MJdaSilva C5
LEVAR COM A TÁVUA NO
CU
Dizia-se quando um patrão despedia um trabalhador e
cortava relações com ele, de forma a nunca mais ser
admitido em qualquer trabalho nessa casa
MJdaSilva C7
LEVAR UM CAMAÇO Levar uma tareia MJdaSilva C7
LEVAS UM ENXUGO Levas uma tareia MJdaSilva C3
LEVAS UM ENXUGO Levas uma tareia MJdaSilva C6
LEVAS UMA REMALHA Levas uma tareia MJdaSilva C4
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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LINHO (NINHO) Cama MJdaSilva C4
LOMBERÃO Preguiçoso MJdaSilva C6
LOMBÊRONA Preguiçosa MJdaSilva C4
LUGARÊRO QUE NA PAGA LUGUEL, FORA COM ELE
Esta expressão era usada pelas pessoas, querendo dizer que as coisas inúteis (neste caso os «gases») deviam ser
expulsos como o inquilino que não paga renda
MJdaSilva C7
LUMES FUGIDOS Incêndios no campo MJdaSilva C7
MACHOCHINHO Pequena porção de qualquer coisa, coisa de pouco valor MJdaSilva C6
MANDAR NA FAMILA Orientar e vigiar um grupo de trabalhadores. Serviço de manajeiro ou capataz
MJdaSilva C7
MANGÔRRA Preguiça, falta de vontade para trabalhar MJdaSilva C6
MÃO DE TERRA Faixa de terreno com cerca de 10 metros de largura,
entre dois regos. «Enregava-se» assim a terra quando o trabalho da sementeira e adubação era manual
MJdaSilva C6
MÃO LAVA A OUTRA E AS
DUAS LAVAM O ROSTO (UMA)
Quer isto dizer que devemos retribuir às pessoas que nos
fazem favores
MJdaSilva C5
MARJA Cordão de cereal entre dois regos. Margem MJdaSilva C6
MASCAVLA Defeito, ferida, aleijão MJdaSilva C2
MEDIR UNS COPOS Encher copos de vinho ao balcão MJdaSilva C6
MÊS DA FÊRA DA ABELA Mês de Outubro MJdaSilva C6
MÊS DA FÊRA DE GARVÃO Maio MJdaSilva C6
MÊS DE ÊRAS Julho. Quando se faz o trabalho de debulha nas eiras MJdaSilva C6
MÊS DE S. JOÃO Junho MJdaSilva C6
MÊS DO BANHO DO 29 OU
DE S. ROMAO
Mês de Agosto MJdaSilva C6
MÊS DO NATAL Dezembro MJdaSilva C6
MÊS DOS SANTOS Novembro MJdaSilva C6
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
18 MILHARADA TA NA
BARRIGA DUMA TRAVOADA (UMA)
Esta expressão teve origem no facto de chover no Verão
quase só quando há trovoadas o que vai beneficiar as searas de milho que se cultivam nesta época
MJdaSilva C6
MILHO SAI ARRABOLÃO
(O)
Isto passa-se nas eiras onde vários meeiros punham o
milho a secar. Alguns menos honestos faziam rebolar as
maçarocas das «pélas» dos outros para as suas
MJdaSilva C6
MOÊRA Mangual, utensílio para malhar cereais MJdaSilva C6
MULHER POMBINHA Mulher que só vive para se enfeitar MJdaSilva C3
MUNTO CEGO ÉI QUE(n)iM
N A VÊi POR UMA REDE DE OVELHAS
Frase que se diz para manifestar o desagrado pela
ingratidão ou incompreensão duma pessoa
MJdaSilva C7
NÃ QUERIA DAR CRÉTO Ofereceu resistência. Não se queria deixar dominar MJdaSilva C7
NÃ QUERO AQUI
PATEFARIAS
Nã quero aqui palavras ofensivas ou atitudes
provocadoras
MJdaSilva C7
NÃ QUERO CÁ BACROS COM GUIZO
Não quero situações duvidosas ou que as pessoas possam censurar
MJdaSilva C7
NÃ TEM OS CINCO
ALQUEIRES BEM MEDIDOS
Não regula bem da cabeça MJdaSilva C7
NÃO CONHECER UMA LETRA DO TAMANHO DUM
BURRO
Ser analfabeto MJdaSilva C5
NÃO É CAPAZ DE DEITAR UMA ZORRA FORA DUM
VALE
Pessoa sem préstimo nem actividade MJdaSilva C2
NÃO HÁ MÉ NEM MEIO MÉ Não há nada a fazer MJdaSilva C3
NÃO QUERO CHOCOS Não quero namoros demorados MJdaSilva C3
NÃO SE DAR JUNTO
DENTRO DUMA ALCOFA
Expressão usada quando doem os músculos todos,
motivado pelo esforço do trabalho
MJdaSilva C4
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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VELHA
NEGÓIÇQ DA POÊRA Era a expressão usada pelos mendigos para designar a
esmola que apanhavam - geralmente uma tigelinha de farinha de milho. Farinhas = pó, poeira
MJdaSilva C7
NEM UMA BALA ME
PASSAVA
Expressão usada para significar que a pessoa está muito
zangada
MJdaSilva C7
O QUE NÃ VAI A ÊRA V AI À FÊRA
Que dizer que o cereal que não se aproveitou na ceifa, se não ia para a eira, era comido pelo gado que se vendia
na feira. Deste modo pouco se perdia
MJdaSilva C7
ONDA MARINHÊRA Diz-se quando num momento a pessoa per de a cabeça e pratica uma acção violenta
MJdaSilva C7
PANDÊRÃO Homem corpulento mas sem actividede. Indolente MJdaSilva C7
PANINHO DE ARMAR Rapaz pobre e pouco trabalhador mas que gosta de
andar bem vestido. (Esta expressão vem dos panos vistosos com que se armavam as barracas nas feiras,
festas, etc.)
MJdaSilva C3
PAPELOTE Espectáculo. Ridículo que provoca riso MJdaSilva C7
PARA NÃO ME ENCHER DE CABELOS NEM QUERO A
BURRA
Diz-se quando se prescinde de qualquer favor ou conveniência, sabendo de antemão que isso nos trará
aborrecimentos
MJdaSilva C2
PARDO LAMBARDO Ao anoitecer, lusco-fusco MJdaSilva C4
PASSAR DA BONECA Endoidecer MJdaSilva C3
PASSAR O MILHO À PÁ Trabalho nas eiras em que se lança o cereal ao ar para
que o vento leve as impurezas
MJdaSilva C6
PATACA Espécie de caixa de cabedal com tampa, própria para guardar tabaco, que se usava no bolso
MJdaSilva C7
PATINHAS DO MÊ GATO Deitei a correr MJdaSilva C7
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
20 (AH!)-
PEGA TUDO Começámos a luta MJdaSilva C7
PEL D'IRÓ Termo depreciativo geralmente usado pelo marido, em
relação à companheira
MJdaSilva C7
PÊLA Camada de maçarocas de milho que se estende na eira
para secar
MJdaSilva C6
PELADIÇO Extensão de terreno limpo no meio do matagal MJdaSilva C2
PELGAZONA Termo depreciativo que significa mulher que não merece consideração. Mulher forte e desajeitada
MJdaSilva C7
PERDIZES Papas de milho MJdaSilva C2
PÉS DA MULHER (OS) Assim se chama aos animais (geralmente burros) em que
as donas de casa do campo ou as ciganas, se deslocam nas suas viagens
MJdaSilva C2
PESPENÊGA Velhaca, mulher mal intencionada MJdaSilva C7
P'LAS CANDEIAS Na época da Senhora das Candeias que se festeja em 2
de Fevereiro
MJdaSilva C6
PÔR A ARREATA EM CIMA Expressão usada quando uma pessoa pretende educar outra, ou tenta chamá-la ao bom caminho e depois de
ver que não consegue o que pretende, a abandona deixando-a fazer tolices à vontade
MJdaSilva C3
POR AQUELES
CHARALDOS AFORA
Por matos e charnecas, nos descampados MJdaSilva C5
PÔR O CACIFRE A TRABALHAR
Pôr a frigideira ao lume para fazer um petisco MJdaSilva C2
PÔR O PENÊRO NOS
OLHOS DE ALGUÉM
Enganar alguém por grande espaço de tempo sem que
este se aperceba que está a ser enganado
MJdaSilva C2
PÔR PITAFE Pôr defeito MJdaSilva C3
PÔR-SE EM SÊ PÉ E EM SÊ Resolver-se a abalar ou a fazer qualquer coisa depois de MJdaSilva C4
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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TRAPO hesitações e dificuldades
PÔS-LHE AS PERAS A
OITO
Repreender asperamente e mandar embora uma pessoa
que nos quer prejudicar
MJdaSilva C3
PRESUNTOS Pés MJdaSilva C3
QUARTA (medida) Infusa, vasilha de barro para a água MJdaSilva C6
QUE Só COM UM CORNO Diz-se quando a terra está muito dura em que se torna
muito difícil o trabalho agrícola
MJdaSilva C4
QUEM ACOSTUMA BURROS A ASSOVALHOS,
TEM DOBRADOS OS
TRABALHOS
Isto quer dizer que quando se trata demasiadamente bem as pessoas ou animais, estes tornam-se mais
exigentes e de difícil convivência, ou seja mais
impertinentes
MJdaSilva C2
QUEM MUNTO SE ABAXA
O CU L'APARECE
Quando alguém se mostra muito tolerante, geralmente é
prejudicado e ofendido pelas pessoas más
MJdaSilva C7
QUEM NÃ TEM PANELA NÃ
PRESTA
Quem não tem «panela» (aqui significa vaidade e brio)
não presta por ser uma pessoa desmazelada
MJdaSilva C7
QUÊMOU-SE LOGO Deu-se sinal de ter sido atingida MJdaSilva C7
RABACÊRO Namoradeiro, perseguidor de mulheres MJdaSilva C3
RAIVENTA Pessoa feia e sem qualquer simpatia MJdaSilva C7
REPUXOU Deu, fez sair com força MJdaSilva C7
RESMORDER Criticar, repreender, resmungar MJdaSilva C7
RETALHÊRA Lebre MJdaSilva C2
REZÃO Palavra, expressão
RUA É DOS CÃES (A) A rua é livre. Ninguém pode mandar alguém embora
quando está na rua
MJdaSilva C3
SABUGO Maçaroca de milho, pequena, que não se criou
devidamente por falta de condições para se desenvolver
MJdaSilva C6
SAINONA Pessoa imbecil e pouco activa MJdaSilva C2
SAIR FORA 00 CORTE DE Sair fora do local onde trabalha para fazer qualquer MJdaSilva C6
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22 TRABALHO necessidade
SALTA P'RA TERRÊRO Expressão que se usa quando se desafia alguém para
medir forças
MJdaSilva C6
SALVAR A JORNA Trabalhar no campo por conta própria e ganhar tanto como se trabalhasse à jorna
MJdaSilva C6
SAMEAR BUANO (GUANO) Adubar as terras espalhando adubo com a mão MJdaSilva C6
SAPELGA,.. SAPELGA... A
SALAMANQUEAR
Diz-se quando um coxo ou uma pessoa trôpega vai
andando depressa
MJdaSilva C6
SARMOCINA Repreensão ou discussão monótona e continua MJdaSilva C4
SEM CAJÃO Sem haver prejuízo, sem nada de mal MJdaSilva C4
SER O ESFREGÃO Ser uma pessoa que sofre debaixo do domínio de outra MJdaSilva C7
SEREMONIANOO
Cerimomiando
Cantarolando em voz baixa MJdaSilva C4
SERENA Gás mal cheiroso que sai sem ruído pelo ânus MJdaSilva C4
SINGELÊIRO Homem que tem como meio de vida uma carroça puxada
por uma parelha ou junta de bois
MJdaSilva C2
SÓ O MESTÉIRO QUE TEM Só o valor que tem MJdaSilva C3
SOL COELHÊRO NÃ ENGANA CABRÊRO
Diz-se quando em épocas de chuva o sol aparece descoberto e muito brilhante de manhã
MJdaSilva C2
SORTE DE CÃO CAPADO,
ATÉ AS CADELAS LE MORDEM
Expressão usada quando as coisas correm mal a uma
pessoa
MJdaSilva C7
SOVADA AVEIA Aveia MJdaSilva C6
SOVADA BRANCA Cevada MJdaSilva C6
SURRADOIRO Namoro «muito chegado» MJdaSilva C3
TÁ QUÊTA BIA! Nem pensar nisso! MJdaSilva C2
TAMÊRA Espécie de cabana improvisada com ramos para os caçadores se esconderem quando esperam caça
MJdaSilva C2
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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TAPAR O VELHO Ir a favor, defender MJdaSilva C7
TAS AÍ FÊTA CADELA Estás a ofender ou tratar mal alguém MJdaSilva C7
TASGANA Foice de ceifar MJdaSilva C6
TEMPO REMOLGOU (O) Diz-se quando depois de um período de bom tempo, aparecem sinais de chuva
MJdaSilva C7
TENHO A BARRIGA
APEGADA AS COSTAS
Frase usada pela pessoa que está cheia de fome e sente
a desagradável sensação de vazio no estômago
MJdaSilva C7
TENHO VISTO MUNTOS OLHOS PRETOS, AGORA
ASSIM CARA E TUDO NA É
FÁCEL
Comentário que se faz quando se observa qualquer acção menos correcta que choca as pessoas
MJdaSilva C6
TER A BURRA NAS
COUVES
Isto diz-se a qualquer pessoa quando as coisas não
correm bem
MJdaSilva C3
TER LETRAS Ter estudos, saber ler MJdaSilva C5
TER O RABO ENTALADO Ter cometido qualquer acção que não lhe interessava que fosse divulgada
MJdaSilva C7
TERRA CRÊRA Terra com xisto e saibro, argila MJdaSilva C4
TESTUGÓES Apertões, pressão feita com os punhos MJdaSilva C7
TIÇQS Bocados de lenha meio queimada (Tição) MJdaSilva C4
TODA ARREGOUGADA Espevitada, com ares de pessoa importante MJdaSilva C7
TODO DE CODILHO Todo duma só vez sem descansar MJdaSilva C7
TODO ENTRANQUILHADO Todo trôpego, caminhar com dificuldade e passo incerto, motivado pelas dores e velhice
MJdaSilva C7
TODO PARTIDO Moído de trabalho MJdaSilva C4
TOMOS NAS CANDEIAS Estamos a 2 de Fevereiro (dia da Senhora das Candeias) MJdaSilva C6
TOU A SERVIR DE ESPARRAGIL
Estou a servir de objecto de vexames, de escárnio, de «gozo»
MJdaSilva C7
TOUQUEMÔCHO Pessoa taciturna e atrasada MJdaSilva C2
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
24 TUDO NUM FRAGUME Muita gente a trabalhar apressadamente, cada um no seu
trabalho
MJdaSilva C7
ULA-ULA Diz-se quando o trabalho é feito à pressa e sem cuidado na sua perfeição.
MJdaSilva C6
UMA ZORRA TEM SETE
MANHAS E ELA TEM MANHAS DE SETE
ZORRAS
Ditado que se emprega quando se pretende denunciar as
más qualidades de uma mulher
MJdaSilva C7
VAI ABAXAR-TE Vai fazer as necessidades, evacuar MJdaSilva C4
VERGONHA NELE É COMO MANTÊGA EM FOCINHO
DE CÃO
Não tem vergonha nenhuma MJdaSilva C3
VIR COM A LUA BRABA Vir de mau humor ou com a «neura». Pessoa que se apresenta conflituosa em certos dias
MJdaSilva C7
VIR P'LO BURRO, VOLTAR
P'LA ALBARDA
Ir a um lugar em vão, sem realizar o que pretendia MJdaSilva C5
VOLTA AS TRUQUESES Morde com as mandíbulas, defende-se MJdaSilva C7
VOLTAR ALGUÉM DO AVESSO
Dominar alguém pela força física sem que o outro possa replicar
MJdaSilva C3
VOLTAR UM ANIMAL Enxotá-lo de qualquer cultura onde esteja a fazer dano MJdaSilva C3
ZAMBURINO Bordão, cacete MJdaSilva C3
ZÉ ANTÓINO AGARROU-SE A RODA DO CARRO
O carro ficou atascado ou caiu numa cova donde é difícil tirá-lo
MJdaSilva C2
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
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recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
26 Alentejo_searavocavular_SIGLAS usadas nos diversos documentos desta IMENSA SEARA VOCABULAR.
Siglas usadas nas tabelas:
AFAlves
Os Comeres dos Ganhões – Memórias de outros Sabores
Aníbal Falcato Alves
Campo das Letras Editores, S. A. Porto,
Maio de 1994
BCamacho
Memórias e Narrativas Alentejanas Brito Camacho - Guimarães Editores,
1988
CFicalho
O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS,
publicado in em A TRADIÇÃO de Serpa,
a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129
e in NOTAS HISTÓRICAS ACERCA DE SERPA e O ELEMENTO ÁRABE NA
LINGUAGEM DOS PASTORES
ALENTEJANOS, que nessa obra vai da página 141 a 173, Lisboa 1979
Conde de Ficalho Francisco Manuel
de Melo Breyner
Serpa, 27 de Julho de 1837 –
Lisboa, 19 de Abril de 1903), foi
um botânico
português e o 4º conde de Ficalho.
Tradiçao de Serpa, 1899
Notas Históricas
acerca de Serpa, 1979
Delgado
A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e
o Dialecto Barranquenho,
Manuel Joaquim
Delgado
2ª ed. Ed. Assembleia
Distrital de Beja, 1983
FMRamos
Alcunhas Alentejanas
Francisco Martins
Ramos
Monsaraz, 1990
JPulga
Alentejanando – Estórias e Sabores Joaquim Pulga Editor, Casa do Sul 2006
Lobato
Amareleja Rumo à sua História Padre JoãoRodrigues
Lobato
Gráfica Eborense, 1961
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
27
Loendrero
Memórias de Manuel Loendrêro Humor à Alentejana
Luís Santa Maria Chiado Editora, 2011 07
Machado
Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente Machado
Ed. Da Biblioteca – Museu de Vila Verde
de Ficalho, 1980
MFlorencio
Dialecto Alentejano Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001
MJSilva
RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS
Manuel João da
Silva
Ed. Câmara Municipal
de Santiago do Cacém e Sines – 1985
MRitaSerpa
Cancioneiro de Serpa Maria Rita Ortigão
Pinto cortez,
Edição da Câmara
Municipal de Serpa, 1994
PJardim
Crónicas do Avô Chico Nostalgia da minha Infância no Alentejo
Pedro Jardim Chiado editora, 2011
Roque
Alentejo CEM por Cento Professor Joaquim
Roque
Ed. CM Ferreira do
Alentejo - 2ª ed. 1990
VFBarros+
Dicionário de Falares do Alentejo - Ed.
Vítor Fernando Barros
Lourivaldo Martins Guerreiro
Campo das Letras – 2005
xCuba Alunos da EBI Fialho de Almeida- Cuba
xHMatos dotempodaoutrasenhora Hernâni Matos blog.net
xjTC, n° 0 Fev.94
Jornal Terras do Cante, Nº 0, FEV. 94 J. M. Monarca Pinheiro…
http://www.terrasdentro.pt/Edicoes/
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
28 xOlivenca José Luís Valiña Reguera
xxBarrancos1
A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e o Dialecto Barranquenho – (Estudo
etnofilológico) –
Manuel Joaquim Delgado
2ª edição - Ed. da Assembleia Distrital de
Beja – 1983
xxBarrancos2
Filologia Barranquenha SEARA VOCABULAR – colecção feita na
máxima parte pela Excelentíssima Senhora D. Cesária de Figueiredo e
aumentada um pouco, e aqui e além
anotada por J. L. de V.
José Leite de Vasconcelos
Fac-simile de 1955 - Imprensa Nacional –
Casa da Moeda, 1981 – Outubro
Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais
29
trabalho realizado por @ JORAGA
Vale de Milhaços, Corroios, Seixal 2012
JORAGA
JORAGA
recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012
30
08 – MJSilva
Corroios - www.joraga.net - 2012