A L D E I A S D E X I S T O CÂMARA MUNICIPAL DE LOUSÃ 1 1 – CARACTERIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO As ALDEIAS DE XISTO ALDEIAS DE XISTO ALDEIAS DE XISTO ALDEIAS DE XISTO da Serra da Lousã, situam-se na área compreendida entre as coordenadas 19.0 e 19.5 Este e 34.5 a 35 Norte. A altitude máxima é de 1202 do Castelo no Trevim, encontrando-se as aldeias entre 700 e os 820 metros de altitude. A orientação da Serra é na direcção Norte - Nordeste e Sul – Sudoeste, confinando a Norte com o profundo Vale do Ceira, que a separa de S. Pedro de Açor e a Sul pelo Rio Zêzere. A ponta final da cordilheira central que atravessa quase toda a Península Ibérica, acabando no Pico do Espinhal. P P P L L L A A A N N N O O O D D D E E E A A A L L L D D D E E E I I I A A A P P P L L L A A A N N N O O O D D D E E E A A A L L L D D D E E E I I I A A A P P P L L L A A A N N N O O O D D D E E E A A A L L L D D D E E E I I I A A A P P P L L L A A A N N N O O O D D D E E E A A A L L L D D D E E E I I I A A A P P P L L L A A A N N N O O O D D D E E E A A A L L L D D D E E E I I I A A A
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C Â M A R A M U N I C I P A L D E L O U S Ã 1
1 – CARACTERIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO As ALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTO da Serra da Lousã, situam-se na área compreendida entre as
coordenadas 19.0 e 19.5 Este e 34.5 a 35 Norte. A altitude máxima é de 1202 do Castelo
no Trevim, encontrando-se as aldeias entre 700 e os 820 metros de altitude. A
orientação da Serra é na direcção Norte - Nordeste e Sul – Sudoeste, confinando a Norte
com o profundo Vale do Ceira, que a separa de S. Pedro de Açor e a Sul pelo Rio Zêzere. A
ponta final da cordilheira central que atravessa quase toda a Península Ibérica, acabando no
Pico do Espinhal.
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INSERÇÃO NA SERRA DA LOUSÃ
A descoberta da Serra da Lousã encerra em si o abrir de espaços múltiplos. Visões largas e
abertas contrapostas com espaços acanhados e estreitos perpetuados no tempo,
emergindo da pedra, sem história escrita. Lugares de Montanha que se sucedem junto a
estradas que serpenteiam as suas encostas e Vales profundos. Na Primavera o amarelo
electrizante das giestas entra em sintonia com o dourado do sol em Cabeços
arredondados e caules.
Manchas de verde claro dos castanheiros na imensidão de tom escuro da vegetação, os
roxos violetas e azuis, sucedem-se no panorama total de céu azul que proporciona
sensações de especialidade ilimitada.
As ALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTOALDEIAS DE XISTO têm uma identidade própria que tem como espaço produtor a
Serra da Lousã, com grande densidade de relações dentro do conjunto, onde se
encerram tanto a socialização da criança como as actividades produtivas dos adultos.
Outro factor de identidade tem a ver com as práticas religiosas em que, não havia
deslocação dos habitantes para fora do Núcleo deste grupo de aldeias para outras que
não fossem as Festas Religiosas dos respectivos lugares.
GEOLOGIA
Do ponto de vista geológico a identidade das ALDEIALDEIALDEIALDEIAS DE XISTOAS DE XISTOAS DE XISTOAS DE XISTO é fortemente marcada
pelo material de que é formada esta parte Oeste da Serra da Lousã. Terra de Xisto, de
origem sedimentar pré-cambrica , metamorfizado na era Primária no período
ordoviciano que emergiria a quando dos movimentos hersínicos. A erosão provocada
durante milhões de anos pelas pequenas ribeiras da Serra, pelas chuvas e pelos ventos,
cavaram Vales profundos.
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Esta origem comum da parte Oeste da Serra da Lousã vai definir os contornos propondo
um relevo arredondado e escalvado, influindo no património construído. O Xisto com a
altura toma uma cor cinzenta acastanhada acentuadamente micácio e ferruginoso.
FLORA E FAUNA
A FAUNA não seria abundante, encontrando-se provavelmente o cervo, o lobo, a
raposa, o javali, a águia e alguma caça. Actualmente essas espécies cinegéticas estão
praticamente extintas salvo raras excepções apontando-se o javali e a raposa , como os
mais resistentes.
Recentemente tem-se vindo a fazer a reposição de algumas espécies em extinção
nomeadamente de veados e coelhos bravos, pelo que é usual encontrar alguns animais
de rapina, caso da águia e do milhafre.
Quanto á FLORA , ainda encontramos castanheiros, o velho carvalho lusitano e o
sobreiro, grandes manchas de pinhal, eucalipto e acácia.
IDENTIDADE E CULTURA
A Serra da Lousã tem , como se referiu uma identidade própria.
Os mais importantes centros teriam sido o Stº António da Neve e a Catraia da Tia
Joaquina ou simplesmente Catraia. O Stº António da Neve era tido como a Assembleia
dos Povoados da Serra, já que nas festas aí efectuadas se discutiam de forma mais ou
menos ritualizada (jogo do pau) os interesses e necessidades dos Povoados. Também aí
se desenvolviam algumas actividades económicas, principalmente a venda de gado.
O Centro mais importante terá sido a Catraia da Ti Joaquina. A Catraia, como hoje é
conhecida mas praticamente inexistente, era um importante centro económico.
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Era um ponto obrigatório de passagem de almocreves, de gado, de tecidos e artigos de lã
vindos do outro lado da Serra, era o local onde se fazia a tosquia colectiva e o seu leilão,
servindo ainda de alojamento e diversão para os pastores.
Do ponto de vista das práticas religiosas a Ermida da Sr.ª da Piedade seria o elo de ligação
com o Vale, a meio caminho entre este e a Serra. Neste contexto é de referir que de
entre os nove lugares havia sub-grupos de três com festa comum e baile separado se o
lugar tivesse gente para tal. Esta trilogia, segundo alguns está ligada á ideia da Stª
Trindade. Assim a Capela do Catarredor incluía os lugares do Candal e Vaqueirinho; a
Capela das Silveiras incluía as Silveiras (de Baixo e de Cima) e a Cerdeira; Finalmente a
Capela do Chiqueiro incluía os lugares de Talasnal e Casal Novo. De referir que a Capela
do Chiqueiro tinha Pároco residente.
As práticas religiosas eram simples e pouco extensivas fortemente marcadas por uma
individualização condicionada pelo próprio espaço físico. Nesses lugares existia uma
forte abstenção de experiência comunitária, não se encontrando nem fornos, nem
lavadouros de uso comum, sendo apenas e excepcionalmente em alguns casos a eira ou
eventualmente o moinho, que eram usados colectivamente.
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HISTÓRIA
Não existem, até à data, vestígios de nenhum achado arqueológico que nos leve a crer
estarmos perante um assentamento de origem castrense. Esta hipótese era pouco
provável, dadas as condições de habitabilidade destes lugares, traduzidas em escassez de
terra e géneros alimentícios dado que não permitiam uma produção de alimentos capaz
de assegurar uma vivência efectiva e permanente.
A fixação da população teve início por volta do Século XVIII, no período de
consolidação pós-descobertas, em que se verifica a introdução progressiva e lenta de
novos géneros alimentares, nomeadamente o milho grosso ou maíz, a batata e o feijão,
o que conduziu á intensificação da cultura de regadio. Estes novos alimentos
proporcionam uma maior produção e consequentemente um maior e melhor suporte
alimentar.
As culturas até então praticadas era do centeio e algumas de sequeiro, pelo que as
populações se alimentavam de castanhas, alguma carne e centeio.
Os principais documentos oficiais encontrados, referem os anos de 1679 e 1687, a multas
lançadas pela Câmara e a um registo de propriedade forreira.
O despovoamento das aldeias tem inicio nos anos 40 com a emigração, primeiro para
o Brasil e nos anos 50 para a América.
ANÁLISE SOCIOLÓGICA E RAZÕES DA EMIGRAÇÃO
As actividades económicas envolvidas, resumiam-se á agricultura e á pastorícia. A
Agricultura estava limitada á escassez da terra e á sua pouca produtividade. A pastorícia
estava limitada por falta da componente comercial que as circunstâncias de então não
favoreciam.
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O rebanho tinha para a família a sua expressão de riqueza, sendo como um cofre, porque
no rebanho estavam empregues as poucas ou míseras economias que juntavam.
Este quadro levou a que os habitantes, primeiro imigrassem sasonalmente para o
Alentejo e Ribatejo e mais tarde para Lisboa, a partir de 1890. Em Lisboa, especialmente
no seu porto, onde trabalham na estiva, ouvem falar do Brasil e da América, passando
desde logo a imaginar o ideal para si e para a sua.
A emigração para o Brasil e para a América começa a progredir, criando-se
inclusivamente uma “ponte” com ligações muito fortes entre o Brasil e a Serra.
Fazendo uma leitura do registo de população e tendo em conta que o primeiro censo
seja de 1911, vê-se que as aldeias da Serra tiveram um aumento da população até 1940.
Tudo indica que em 1940 se atingiu o maior número de residentes, havendo
posteriormente uma descida drástica da população, referindo que o censo de 1981 regista
para a Cerdeira, Vaqueirinho e Casal Novo, como lugares desertos, sendo irrisórios os
números apontados para os outros lugares.
O quadro seguinte ilustra os valores segundo o recenseamento da população pelo
Instituto Nacional de Estatísticas:
1911 1940 1960 1970 1981 1991
Cerdeira 75 79 51 18 0 8
Candal 129 201 100 72 19 15
Vaqueirinho 43 46 29 20 0 16
Catarredor 109 120 67 23 2 5
Chiqueiro 11 45 26 12 4 2
Casal Novo 58 79 43 32 0 0
Talasnal 129 135 90 59 2 2
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MORFOLOGIA E ESTRUTURA URBANA
As construções existentes nestes lugares mantêm características comuns a todas elas,
com dois tipos principais de construções, sendo as primeiras em pedra de xisto solto
simplesmente apoiada e com coberturas em colmo, e xisto como piso, das quais já não
existem exemplares em condições de uso, nem mantendo as características
arquitectónicas iniciais.
Estas construções eram destinadas ao animais, funcionando como currais. O outro tipo
de construção era destinado á habitação dos pastores, sendo o primeiro andar de uma
única divisão com forno de pão a um canto e o rés do chão destinado a curral ou
armazém agrícola. A cobertura era em lajetas de xisto e colmo, sendo posteriormente
substituídas por telha de canudo e beirados de lajetas de xisto, os quais chegaram mais ou
menos adulteradas até aos nossos dias. As pedras de xisto, eram ligadas com massa de
argila e palha de forma a criar uma maior segurança e estabilidade.
A estrutura das construções era feita de madeira de castanho ou pinho, sendo a
cobertura em barrotes, recobertos por colmo e xisto como se referiu.
O soalho do primeiro andar era assente em barrotes de madeira, sendo a parte inferior o
tecto da divisão do rés do chão.
O acesso ao piso superior era normalmente feito por escadas em xisto de espelho de
grande altura. Em alguns casos, a entrada para o primeiro andar é feita de nível com o
acesso exterior, já que o desnível do terreno assim o permitia, favorecendo ainda a
criação de lojas em cave.
Os materiais empregues nas construções eram o xisto e a madeira, visto não haver neste
lugares qualquer oficinas de transformação de materiais, para além de as disponibilidades
económicas não o permitirem.
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Utilizavam madeira, nas dobradiças de portas e portões que funcionavam como eixo, bem
como nas portas das janelas, as quais abriam para dentro de par em par.
Estas aberturas não eram dotadas de segundas janelas com vidros, funcionando pois a
janela interior como peça de climatização e de obscurecimento do interior.
Como se referiu os telhados de colmo foram substituídos por telha de canudo com
beirados em xisto, mantendo-se esse aspecto até aos nossos dias, com a inclusão de uma
segunda janela com vidros de forma quadrangular.
Para a recuperação das construções serão tidos em conta os seguintes parâmetros:
- Manutenção das características arquitectónicas iniciais, não esquecendo contudo as
necessidades actuais;
- Manutenção de janelas com vidros e telhados em telha de canudo por ser
impossível recriar o ambiente primitivo;
- Manter os métodos de construção utilizados na recuperação das habitações com
parede em xisto, com massa de ligação ficando o cutelo á vista;
- Janelas e portas com as características iniciais;
- Tornar como área habitável o rés do chão, sempre que possível;
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ESTRUTURA EDIFICADA, CÉRCEAS E USOS
Analisando as plantas dos aglomerados e os levantamentos das habitações, constatamos
que a norma aplicada nas construções era de dois pisos sendo o piso superior uma
aquisição recente que em alguns casos era compartimentada por finas tábuas que
separavam o pequeno quarto de dormir da cozinha.
As cérceas predominantes não iam além de 4 a 5 metros em virtude da inclinação
acentuada dos terrenos permitir construir no desnível o chamado curral ou loja.
As construções dispunham-se ao longo dos estreitos arruamentos aproveitando a
exposição solar, as condições dos socalcos e o espantoso elo de ligação entre a geologia
das serras xistosas e a cobertura vegetal dominante.
As construções em banda são uma das características dos aglomerados da Serra da Lousã,
tanto mais que era usual a utilização das chamadas paredes meeiras.
O uso inicial das edificações era como se referiu destinado a palheiros e currais, vindo a
ser utilizados muito mais tarde como habitações dos pastores e dos carvoeiros.
ENVOLVENTE PAISAGÍSTICA
As ALDEIAS DE XISTO desenvolveram-se tendo como base o refúgio dos pastores e o
abrigo dos rebanhos, sendo por isso destinadas á agricultura de subsistência e a áreas de
pastagem para os rebanhos. Com a saída das populações a partir dos anos 40 assistiu-se a
uma mudança da paisagem, face ao abandono das terras e á ausência dos rebanhos pelo
que se assistiu á descaracterização completa da envolvente paisagística das aldeias.
Nos aglomerados, o brotar espontâneo das espécies arbóreas com crescimento sem
qualquer nexo ou função, criou um aspecto de abandono total.
A proposta de intervenção paisagística terá como princípio fundamental o tratamento
das áreas envolventes aos lugares, e o tratamento das designadas áreas urbanas, com a
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limpeza de matos e a plantação de espécies conducentes com a realidade da Serra da
Lousã.
INFRAESTRURAS EXISTENTES
Actualmente todas as aldeias têm um rudimentar sistema Abastecimento de Água, com
captações precárias e pequenos tanques ou reservatórios. O Abastecimento de Água ao
domicilio feito na época de 70, foi construído pelos novos proprietários com a
colaboração da Câmara Municipal a partir de um ou outro fontanário existente.
Não há Rede de Esgotos em qualquer das aldeias, já que não existiam casas de banho ou
retretes, quando muito um buraco quadrado no soalho que dava para as lojas ou currais.
Os Arruamentos dentro dos lugares são em terra batida, havendo nos locais de maior
declive degraus com espelhos em lousa, aparecendo nos finais do anos 70 em algumas
aldeias pavimentos em xisto com juntas refechadas a cimento que deverão ser
substituídos com a intervenção que se propõe.
Com a excepção do Lugar da Cerdeira, todos os outros Lugares têm energia eléctrica
colocada nos finais dos anos 70.
Os Caminhos de ligação da Vila às Aldeias formam um circuito que interessam melhorar
e que presentemente se encontra em macadame ou em terra batida.
É importante para as ALDEIAS DE XISTO da Lousã, dotá-las de melhores condições de
circulação e acesso para que seja possível tornar dentro de poucos anos novamente as
Aldeias como espaço habitacional para quem queira ter uma qualidade de vida no espaço
rural.
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RITUAIS
Os Serranos como eram designados os habitantes das Aldeias da Serra, só participavam
nos festejos, que não se realizavam na Vila, mas sim a meio caminho entre a Montanha e
a Vila, no Santuário da Sr.ª da Piedade. Os Serranos não se incorporavam na procissão
que percorria as ruas da Vila aguardando que a Santa voltasse á igreja, só depois descendo
á Vila, e em procissão traziam a Santa de volta ao Santuário da Srª da Piedade. Este ritual
simbolizava a diferença entre os Serranos e os habitantes da Vila, sendo o Santuário o
limite entre a Serra e o Vale.
Os próprios mortos eram transportados apenas por quatro homens serra abaixo, por
caminhos inclinados e difíceis, sem acompanhamento da família, até ao cemitério da
Vila, onde eram deixados sem se aguardar pelo Padre ou o enterro.
A influência do meio serrano é de tal modo marcante e determinante na cultura destas
comunidades que se reflectia desde as casas ao modo de vida.
O DRAMA
O drama em que se tornou a vida dos povos Serranos resulta de motivações complexas.
Uma das causas, talvez a maior, teria sido a degradação crescente das pastagens que se
acentuou quando se introduziu o gado caprino. Outra das circunstancias foi a
introdução do milho americano que obrigou que os Serranos com enorme dificuldade
construíssem os socalcos para consolidação das terras e maneio das águas e rega. A
fragilidade das técnicas de instalação resultaram na maior desilusão, já que o maior
esforço de energia resultou em minguados grãos sob a folha encarquilhada de
massarocas sedentas de águas. O milho, na Serra já lá não está, e em seu lugar como se
fossem tumbas, os muros esbarrondados e o solo ravinado pelas águas das tempestades.
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Outro dos dramas foi a Doença da Tinta que atacou os majestosos soutos de
castanheiros que forneciam a castanha como alimento básico, fundamental para os
Serranos e os seus porcos. Esta doença representou um prejuízo enorme.
Para concluir, o que ficou na Serra foi a Urze, ou melhor a Torga, planta espontânea
com a qual os Serranos preparavam o carvão. E o carvão foi a última esperança oferecida
pela Serra exausta aos seus habitantes. Os Serranos queimaram a Torga e com ela,
dramaticamente as raízes que os prendiam á Serra onde nasceram, abandonaram-na e até
agora nenhum voltou.
Curiosamente essas aldeias enchem-se de gente na altura da respectiva festa, em que
muitos dos seus antigos habitante e seus descendentes regressam ás origens que apesar de
tudo são a marca mais forte da sua identidade; Durante dois dias falam, comem, bebem,
dançam e de vez em quando olham para o meio que os rodeia e dizem:
“É TERRA QUE JÁ FOI TERRA”.
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2 – FUNDAMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO
Como se referiu as Aldeias de Xisto fazem parte de um conjunto com uma forte
homogeneidade, geográficamente tão próximas , que podemos considerá-las como um
único núcleo.
A Câmara Municipal ao apresentar os “Planos de Aldeias” pretende criar documentos
que permitam uma intervenção real, nas áreas de preservação e recuperação dos lugares e
zonas envolventes, criando as condições para que a memória dos Serranos, seja
relembrada, sem nunca esquecer o equilíbrio ecológico, bem como a herança cultural
que as Aldeias de Xisto encerram.
Os estudos realizados tiveram como base o seguinte:
- Preservação das características Arquitectónicas dos lugares;
- Levantamento dos edifícios existentes e sua recuperação;
- Preservação da Fauna e Flora locais;
- Criação e Reforço das Infraestruturas Básicas, nomeadamente água, esgotos e
electricidade;
- Pavimentação das estradas existentes entre Aldeias e eventual construção de
novas vias de forma a facilitar a ligação entre as aldeias;
- Criação de uma Rede de Percursos da Serra de Lousã;
- Criação de percursos de BTT e Todo o Terreno Turístico;
- Aproveitamento das potencialidades turísticas existentes como:
- Central Hidroeléctrica da Ermida;
- Santuário da Srª da Piedade
- Castelo da Lousã
- Estrada Panorâmica do Trevim
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- Neveiros de Stº António da Neve
- Catraia da Ti Joaquina;
- Casa dos Cantoneiros
- Infra-estruturas de apoio, nomeadamente parques de merendas, mirantes,
miradouros e Parque de Apoio ao Campista;
As Aldeias de Xisto como elemento fundamental na estrutura orgânica do Ecomuseu da
Serra da Lousã, em todas as suas vertentes.
Estes são os objectivos fundamentais que a Câmara Municipal pretende atingir para que a
recuperação deste valioso património Concelhio e da Humanidade seja preservado.
As propostas de intervenção basearam-se em:
- Na identidade cultural das Aldeias de Xisto como um elemento forte que
devemos honrar e respeitar , pelo que é nossa intenção manter o princípio
religioso da Trilogia da Santíssima Trindade ao propor Planos de Aldeia
individuais que englobem uma intervenção em sub-grupos assim definidos:
- Sub-grupo da Cerdeira e (Silveiras de Baixo e de Cima);
- Sub-grupo do Catarredor, Candal e Vaqueirinho;
- Sub-grupo do Chiqueiro, Casal Novo e Talasnal;
ou seja ao pretender-mos analisar e estudar aldeia a aldeia, entendemos obter uma
mais valia de conhecimentos e soluções que foram agrupadas em termos de execução
física de obra, já que permitem integrar um vasto conjunto de acções capazes de
melhorar a eficiência das intervenções, quer em qualidade Técnica, quer em termos
de custos.
Assim os “PLANOS DE ALDEIA” contemplarão como elemento único a
Caracterização e Fundamentação da Intervenção, sendo apresentado em separado as
Propostas de Intervenção, os Programas de execução e Financiamento, que se
1 – CARACTERIZAÇÃO - Localização - Inserção na Serra da Lousã - Geologia - Flora e Fauna - Identidade e Cultura - História - Análise Sociológica e Razões da Emigração - Morfologia e Estrutura Urbana - Estrutura Edificada, Cérceas e Usos - Envolvente Paisagística - Infraestruturas Existentes - Rituais - O Drama
2 – FUNDAMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO 3 – PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
- Análise Arquitectónica - Método de Recuperação - Pormenores Construtivos - Dos Edifícios Particulares - Infraestruturais
- Rede de Águas - Rede de Águas Residuais - Rede de Águas Pluviais - Rede de Abastecimento Eléctrico e Iluminação Pública - Rede Telefónica - Tanque para Combate de Fogos Florestais - Rede Viária - Intervenção Na Envolvente
QCA III QCA III QCA III QCA III –––– P.O. CENTRO P.O. CENTRO P.O. CENTRO P.O. CENTRO
EIXO II EIXO II EIXO II EIXO II –––– MEDIDA II.6 MEDIDA II.6 MEDIDA II.6 MEDIDA II.6 –––– AIBT do Pinhal Interior AIBT do Pinhal Interior AIBT do Pinhal Interior AIBT do Pinhal Interior