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XV Encontro Latino Americano de Iniciao Cientfica e XI Encontro
Latino Americano de Ps-Graduao Universidade do Vale do Paraba
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ANLISE ERGONMICA DO BIOTRIO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA
Amorim, R. D.1, Peruck, M. B.2, Fernandes, S.C.3, Gonalves, L.
de O.n
1UNIVALI/Fisioterapia, Itaja - SC, [email protected]
2UNIVALI/Fisioterapia, Itaja - SC, [email protected]
3UNIVALI/Fisioterapia, Itaja - SC, [email protected]
nUNIVALI/Fisioterapia, Itaja-SC, [email protected]
Resumo- A ergonomia a cincia que estuda a relao existente entre
o homem e sua atividade laboral, contudo a fisioterapia vem para
atuar na preveno, resgate e manuteno da sade do trabalhador. No
referido estudo foi realizada a anlise ergonmica dos riscos fsicos
no Biotrio da Universidade do Vale do Itaja. Essa pesquisa
descritiva de carter quantitativo. Foram analisados os setores de
convvio, limpeza e experimento. Para coleta dos resultados foi
utilizada entrevista; check-list para observao de riscos de
lombalgias; anlise do mobilirio utilizado pelos funcionrios e
aplicao do clculo do Limite de Peso Recomendado (LPR) de acordo com
a Norma Regulamentadora (NR) 17 do Ministrio do Trabalho e Emprego.
Como resultado identificamos queixas de desconforto e dores em
membros superiores e coluna vertebral implicando em lombalgias de
origem msculo ligamentar por fadiga ou distenso oriundo das
atividades de trabalho e mobilirio inadequado. Verificou-se tambm o
ndice de Levantamento calculado oferece risco baixo a moderado de
desenvolvimento de leses no trabalho.
Palavras-chave: Fisioterapia, ergonomia, riscos ocupacionais.
rea do Conhecimento: Cincias da Sade
Introduo
A ergonomia a cincia que estuda a relao entre o homem e sua
atividade laboral, com o objetivo de melhorar a segurana dos
trabalhadores e proporcionar segurana e conforto na execuo das
atividades laborais. As atividades do ambiente de trabalho,
geralmente de ordem contnua, dispem de riscos de origens diversas,
predispondo os trabalhadores s doenas ocupacionais. Registros
recentes demonstram que em 2007 no Brasil 653.090 acidentes e
doenas do trabalho, entre os trabalhadores assegurados da
Previdncia Social. Entre esses registros contabilizou-se 20.786
doenas relacionadas ao trabalho (BARROS, FONSECA e SHIMANO, 2006;
BRASIL, 2008; LOPEZ, COELHO e MOREIRA, 2006).
O ambiente de trabalho do presente estudo trata dos Biotrios,
que so instalaes capazes de produzir e manter espcies animais
destinadas a servir como reagentes biolgicos em diversos tipos de
ensaios controlados. Sua finalidade consiste em atender as
necessidades dos programas de pesquisa, ensino, produo e controle
de qualidade nas reas biomdicas, cincias humanas e tecnolgicas
segundo os anseios da instituio, desta forma, os animais criados so
usados como reativos biolgicos.
Dentro do ambiente do Biotrio da Universidade do Vale do Itaja,
as solicitaes fsicas e posturais exigidas dos trabalhadores em suas
atividades laborais, so claramente
identificadas. Estas solicitaes exigidas dos trabalhadores tm
sido referidas por eles e concretizou-se tambm em um pedido formal
do responsvel pelo biotrio quanto necessidade de anlise e indicao
de melhorias a serem implantadas no local.
Uma das formas para que o Biotrio alcance seus objetivos, que so
as reaes uniformes, repetibilidade e a reprodutibilidade dos
resultados experimentais (CARDOSO, 2001), se faz atravs da
Fisioterapia.
A fisioterapia atua na preveno, resgate e manuteno da sade do
trabalhador, abordando diversos aspectos como ergonomia,
biomecnica, atividade fsica laboral e a recuperao de queixas ou
desconforto fsicos. Tem como objetivo melhorar a qualidade de vida
do trabalhador, evitando a manifestao das queixas e patologias
msculos-esquelticos de origem ocupacional ou no, gerando aumento do
bem estar, desempenho e produtividade. Compete ao fisioterapeuta
avaliar, prevenir e tratar leses decorrentes das atividades do
trabalho (BA, 2002).
Analisando tais consideraes, esta pesquisa teve como objetivo a
anlise ergonmica do biotrio da Universidade do Vale do Itaja
(UNIVALI) e como objetivos especficos de analisar o ambiente e as
condies de trabalho a que esto expostos os trabalhadores,
identificar as exigncias fsicas no intuito de melhora dos ambientes
utilizados pelos funcionrios apontando os riscos que os mesmos esto
sujeitos ao efetuar suas atividades laborais e traar diretrizes
para a
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construo de um plano de ao preventiva a partir dos riscos
detectados.
Metodologia
Este foi um estudo descritivo exploratrio e de carter
quantitativo, pois verificamos as caractersticas do local (Biotrio)
e do grupo de trabalhadores em relao ao ambiente, as condies de
trabalho, e as exigncias fsicas solicitadas aos trabalhadores.
A pesquisa foi desenvolvida no Biotrio Bloco 27, campus I da
Universidade do Vale do Itaja (UNIVALI), nas salas de manuseio dos
animais, limpeza dos materiais utilizados e sala onde esto os
animais em experincia. Participaram da pesquisa todos os
funcionrios do local de pesquisa, sendo cinco funcionrios.
Com o intuito de chegarmos aos objetivos do estudo utilizamos
quatro instrumentos especficos j validados sendo eles: Entrevista
aplicada individualmente aos funcionrios, com perguntas abertas e
fechadas em relao atividade realizada, as exigncias fsicas e
psquicas e tambm possveis desconfortos que possam ou no estar
presentes; Observao do funcionrio ao realizar o seu trabalho
utilizando uma ficha adaptada de Couto (1995), com 27 itens de
carter objetivo nos quais, as vrias fases do trabalho so
decompostas e interpretados individualmente, buscando com isso
identificar os possveis riscos de alteraes na coluna vertebral
destes trabalhadores; Anlise do mobilirio utilizado pelos
funcionrios atravs de mensuraes com fita mtrica e gonimetro durante
a realizao da atividade identificando posicionamento e adaptao de
cada trabalhador ao mobilirio; Utilizao do modelo de clculo para
Limite de Peso Recomendado (LPR) adaptado da Clinica Del Lavoro de
Milo de acordo com a Norma Regulamentadora (NR) 17 do Ministrio do
Trabalho e Emprego.
Para auxiliar na anlise da observao, utilizamos mquina
fotogrfica/filmadora para melhor visualizao do mobilirio e tambm
das posturas adotadas pelos funcionrios, ao realizar suas
atividades. Os dados quantitativos coletados a partir dos
instrumentos de pesquisa foram organizados em planilhas Microsoft
Office Excel 2007 e analisados estatisticamente para calcular mdias
e porcentagens.
Ainda como premissas para o desenvolvimento deste estudo, alm do
Termo de Compromisso Livre e Esclarecido para participao dos
sujeitos pesquisa devidamente assinado, antes do incio da pesquisa
houve aprovao do projeto pelo Comit de tica em Pesquisa (CEP) com
Seres Humanos da Universidade do Vale do Itaja UNIVALI e foi
aprovado sob o Parecer Consubstanciado da Comisso de tica em
Pesquisa da UNIVALI Cadastro n 499/09 de 27 de novembro de
2009.
Resultados
Na entrevista conseguimos caracterizar o grupo de trabalhadores.
Dos cinco funcionrios analisados 80% da amostra so homens e 20% so
mulheres tendo estes a mdia etria de 30 anos e 6 meses, com altura
e peso mdio de 1,72 metros e 86,4 quilogramas respectivamente. Nos
aspectos organizacionais do trabalho, a carga horria semanal destes
funcionrios era de quarenta horas distribudas nos turnos matutino e
vespertino de segunda a sexta-feira. Eles referiam trabalho
continuo nas funes do biotrio de duas horas e trinta minutos a trs
horas de trabalho por dia, com ciclo de trabalho de duas repeties
por minuto.
O trabalho era supervisionado e se desenvolvia com a utilizao de
Equipamentos de Proteo Individual (EPIs) recomendados. Os
trabalhadores consideraram que o trabalho no biotrio no era
estressante, possuam relacionamento bom ou timo entre os mesmos, e
apenas 20% destes apontou as tarefas como montonas.
Quanto s exigncias ambientais, os funcionrios relataram que o
local tem boa iluminao, temperatura confortvel, a limpeza do
ambiente era adequada e que o rudo no impunha incomodo, porm, 20%
dos mesmos referiram que o odor incomodava.
Em relao s exigncias fsicas relacionadas ao trabalho, os mesmos
referiam ter que segurar por tempo prolongado carga na mesma posio
e realizar fora durante o trabalho. 80% dos funcionrios descreveram
a velocidade necessria para execuo das atividades normal e 20%
velocidade necessria lenta.
Referem que o movimento mais realizado no trabalho era de elevao
dos braos, flexo e rotao de tronco, onde apenas 20% dos mesmos
queixavam-se de dor ao realizar os movimentos e a posio mantida
durante a maior parte do tempo era em p e caminhando.
Em relao h questo das dores em partes do corpo, 60% declararam
apresentar dores em ombro, 40% em membros superiores ou braos, 40%
em costas e apenas 20% destas dores em pernas.
Quando questionados se possuam algum problema de sade em
decorrncia da atividade, 80% deles responderam que no tinham ou
tiveram nenhum problema e 20% diz ter problema em decorrncia da
atividade e nunca sofreram acidentes de trabalho.
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Antes de partirmos para a observao sistemtica em relao a riscos
de lombalgias, nos foi necessrio compreender o processo de trabalho
do biotrio em relao ao desenvolvimento das atividades desenvolvidas
nos lados limpo e sujo. Trs trabalhadores desempenhavam suas funes
apenas no lado limpo onde dentre estes observamos o manejo dos
animais e recolhimento, limpeza e sada de materiais das salas
observadas em trs etapas.
A primeira etapa foi o desmame de camundongos e ratos, a segunda
etapa foi realizada a observao da troca de caixas de camundongos e
ratos e arremesso das grades de gua e caixas sujas, e na terceira e
ultima etapa de observao analisamos o descarregamento das
autoclaves (comida, gua e as caixas), troca de comida e bebedouros.
Nessas etapas encontramos um grande ndice de levantamento de cargas
e manuseio de posturas inadequadas com a maior parte do trabalho na
postura de p, posturas inadequadas como flexo da coluna vertebral
associada rotao e inclinao lateral e manuteno da flexo de cervical
e levantamentos de cargas incorretamente.
De acordo com os itens anteriormente descritos e a partir das
observaes realizadas, pode-se concluir segundo COUTO (1995), que os
trabalhadores observados nesta funo e setor esto expostos a
desenvolver lombalgias de origem msculo ligamentar por fadiga ou
distenso.
No setor de limpeza ou lado sujo apenas um trabalhador realiza
suas funes sendo que dentre estas observamos o processo de
autoclavagem que dividido em dois processos: materiais spticos e
asspticos e preparo dos materiais autoclavados que tambm foram
divididas em trs etapas.
A primeira etapa a de raspagem das caixas, a segunda etapa a de
limpeza e preparao e autoclavagem das guas e raes, e a terceira
etapa de lavao das caixas, preparo com maravalha e autoclavagem das
mesmas e das grades. Observamos posturas inadequadas e em algumas
delas a necessidade de ficar curvado em posio assimtrica para pegar
cargas, trabalho em mesa excessivamente alta e em postura em p,
levantamentos de cargas que embora no sejam pesadas impem posio
biomecanicamente incorretas e manuteno da postura em p.
O trabalhador deste setor tem grandes riscos de desenvolver
lombalgia. A lombalgia de origem msculo ligamentar, devido
sobrecarga muscular, ocasionando fadiga muscular e tambm por
distenso. Um outro risco levantado foi de origem no disco
intervertebral por protuso do ncleo pulposo.
Apenas um trabalhador faz as funes do biotrio onde se encontram
os animais em experimentos onde podemos observar as mesmas etapas
citadas acima e com os mesmos riscos. Com isso, conseguimos chegar
aos mesmos riscos de desenvolver lombalgia de origem msculo
ligamentar, lombalgia devido fadiga muscular e tambm por distenso e
o risco de lombalgias com origem no disco intervertebral por
protuso do ncleo pulposo.
O mobilirio analisado para o setor de criao dos animais ou lado
limpo onde os funcionrios A, B e C realizam as funes, era utilizada
uma bancada mvel para executarem as suas funes adequadamente,
colocando todos os materiais que utilizavam em cada funo na
bancada. Observamos que os funcionrios a utilizam principalmente
para realizar as trocas das caixas e o desmame dos animais, sendo
que, eles pegam as caixas nas prateleiras e s colocam sobre a
bancada, fazendo assim a troca da caixa ou o desmame dos
animais.
No lado sujo apenas o funcionrio D realiza as funes de limpeza
utilizando como mobilirio principal uma pia, onde podemos verificar
a atividade de limpeza das caixas e higienizao das mamadeiras dos
animais.
De forma similar, no setor que os animais j esto em experimentos
atua apenas um funcionrio (E) que realiza as funes utilizando uma
pia, sendo que neste local a pia utilizada tanto para fazer a
higienizao das mamadeiras e limpeza das caixas quanto para fazer as
trocas e desmame das mesmas. As medies dos trabalhadores e bancadas
em centmetros esto descritas na tabela 1 abaixo.
Tabela 1: Alturas e distncias do trabalhador e do mobilirio
Trabalhador
Medidas (cm) A B C D E
Distncia cotovelo-solo 112 105 109 108 91 Altura da bancada no
local 86 86 86 104 88 Altura ideal da bancada para o
trabalhador
100 a 97
95 a 90
99 a 94
98 a 93
81 a 76
Distncia cotovelo em flexo-dedo mdio
50 46 48 47 43
Distncia ombro extendido-dedo mdio
80 69 77 75 72
Profundidade da bancada no local 50 50 50 75 35
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O ltimo instrumento utilizado foi o Limite de Peso Recomendado
(LPR). Esse clculo realizado atravs da equao de NIOSH (National
Institute for Occupational Safety and Health, USA), que tem como
objetivo saber se o peso manuseado, movimentado ou carregado
oferece risco ao trabalhador, podendo-se em caso de risco,
redesenhar o posto de trabalho e evitar riscos de lombalgias por
exemplo.
O instrumento foi utilizado no lado limpo nas prateleiras onde
ficam as caixas dos animais, onde os trabalhadores realizam a maior
parte de suas funes.
No total foram seis descries neste setor conforme registrado na
tabela 2 abaixo.
Tabela 2: Atividades realizadas e ndice de levantamento dos
funcionrios do lado limpo.
Trabalhador
Atividade e ndice de Levantamento (IL)
A B C
Troca e desmame de camundongos - Prateleira alta - (IL)
0,706 0,588 1,088
Troca e desmame de camundongos - Prateleira mdia - (IL)
0,484 0,434 0,802
Troca e desmame de camundongos - Prateleira baixa - (IL)
0,625 0,523 0,965
Troca e desmame de ratos - Prateleira alta - (IL)
2,06 1,413 2,608
Troca e desmame de ratos - Prateleira mdia - (IL)
1,52 1,043 1,926
Troca e desmame de ratos - Prateleira baixa - (IL)
1,83 1,255 2,316
A partir dos resultados obtidos podemos observar que todos os
trabalhadores correm risco de desenvolver leses msculo-esquelticas
devido ao ndice de levantamento moderado (entre 1 e 3) encontrado,
principalmente quando realizadas as trocas e desmames dos ratos nos
trs nveis de prateleiras.
No setor de limpeza dos animais fizemos os clculos de acordo com
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador em relao ao IL para
este setor. Os resultados esto apresentados na tabela 3 abaixo.
Tabela 3: Atividades realizadas e ndice de levantamento do lado
sujo.
Trabalhador
Atividade e ndice de Levantamento (IL)
D
Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte alta da pilha - IL
0,213 Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte mdia da pilha -
IL 0,178 Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte baixa da
pilha - IL 0,195 Raspagem e Limpeza das caixas grandes parte alta
da pilha - IL 0,495 Raspagem e Limpeza das caixas grandes parte
mdia da pilha - IL 0,414 Raspagem e Limpeza das caixas grandes
parte baixa da pilha - IL 0,454 Preparao das guas e colocao nas
autoclaves IL 1,452
Com os resultados obtidos podemos observar que o funcionrio est
mais exposto a sofrer leses msculo-esquelticas devido ao ndice de
levantamento moderado encontrado na preparao das guas e colocao das
mesmas na autoclave.
No setor de experimentos dos animais que so realizadas todas as
funes do lado limpo e sujo, realizamos oito descries do IL
encontrados e descritos na tabela 4.
Tabela 4: Atividades realizadas e ndice de levantamento do setor
de experimentos.
Trabalhador
Atividade e ndice de Levantamento (IL)
E
Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte alta da pilha - IL
0,06 Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte mdia da pilha -
IL 0,064 Raspagem e Limpeza das caixas pequenas parte baixa da
pilha - IL 0,07 Raspagem e Limpeza das caixas grandes parte alta da
pilha - IL 0,133 Raspagem e Limpeza das caixas grandes parte mdia
da pilha - IL 0,143 Raspagem e Limpeza das caixas grandes parte
baixa da pilha - IL 0,157 Troca das Caixas dos Camundongos IL 0,31
Troca das Caixas dos Ratos IL 0,725
Conforme foi observado na tabela 4, podemos descrever que o
trabalhador E tem risco de sofrer leses em todas as suas atividades
descritas acima, contudo, podemos dizer que seu
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risco est nas atividades de troca das caixas de camundongos e
ratos que est prximo ao risco moderado, mas todas as suas
atividades determinam risco limitado a essas tarefas.
Discusso
As posturas que promovem a inclinao do tronco para frente
associado rotao, com elevao dos membros superiores e suportando
carga, contribuem no desenvolvimento de sintomatologia dolorosa e
complicaes do sistema msculo-esqueltico. As tarefas que exigem a
posio em p por tempo prolongado promovem fadiga muscular na regio
das costas e pernas, que piora com a inclinao do tronco e da cabea,
provocando dores na regio alta da coluna vertebral (BARROS, FONSECA
e SHIMANO, 2006).
O trabalho dinmico geralmente tem uma prevalncia de dores em
pernas devido posio em p facilitar a mobilidade, movimentao dos ps
e descarga do peso do corpo entre as pernas, entretanto, a posio
prolongada em p proporciona outros problemas, tais como fadiga
muscular, aparecimento de varizes e agravamento de leses
pr-existentes nos tecidos moles dos membros inferiores (PERES,
2002).
Descordando do autor citado acima, Ribeiro, Tereso e Abraho
(2009), descrevem em seus estudos que a primeira causa de dor ou
desconforto seria a coluna lombar e sacral, sendo seguido pelos
ombros, pescoo, os braos e os antebraos. Sendo assim, podemos
observar que dependendo da atividade realizada e se essa atividade
necessita de levantamento ou mobilizao de cargas a localizao das
dores podem se alterar.
Kroemer e Grandjean (2005), explicam em seus estudos que o tempo
de manuteno de uma postura deve ser o mais breve possvel. A
nocividade da postura funo do tempo de manuteno, contudo, a
apreciao do tempo de manuteno de uma postura deve considerar de um
lado o tempo unitrio de manuteno (sem possibilidades de modificaes
posturais) e o tempo total de manuteno registrado durante a jornada
de trabalho.
Com isso, Kroemer e Grandjean (2005), explica que a fadiga
expressa pela diminuio da capacidade funcional de um rgo, de um
sistema ou de todo o organismo, provocado por uma sobrecarga na
utilizao daquele rgo, sistema ou organismo, sendo assim, a fadiga
aumenta a possibilidade de erros, aumenta o tempo de reao do
indivduo e aumenta o risco de acidentes.
Trabalhos manuais e principalmente os trabalhos pesados so
susceptveis a provocar a
fadiga fsica. Nesse sentido, Couto (1995), ainda destaca que
durante o estado de fadiga, com o enfraquecimento de parte das
fibras musculares, passa a haver tambm um maior recrutamento de
unidades motoras, com o objetivo de manter o grau de tenso,
necessrio para o trabalho.
Lemos, Castro e Barnewitz (1996), dizem que no h um critrio nico
para caracterizar uma m postura e que permita avaliar seu custo
para o trabalhador, porm o dispndio energtico suplementar exigido
por uma postura desequilibrada permanece mnima, no traduzindo a
dificuldade gerada.
Peres (2002) relata que para manuteno da postura corporal,
utilizamos a coluna vertebral como principal estrutura de
transmisso de peso, capaz de sustentar grandes cargas, associada
com a manuteno de equilbrio e apoio corporal. A postura corporal
tambm responsvel pela determinao da amplitude de movimento do
tronco, possibilitando uma flexibilidade adequada.
Lemos, Castro e Barnewtiz (1996), dizem que a posio de tronco
inclinado impe sobre o disco intervertebral uma fora
aproximadamente trs vezes o peso da pessoa. Quando o indivduo est
inclinado o centro de gravidade do corpo muda da sua posio
original, envolvendo outras musculaturas para sustentar esta nova
postura, se o tronco flexionado para frente, e quanto mais
inclinado estiver, maior a ao da gravidade sobre ele.
Lara (2005), por sua vez, explica que o disco intervertebral
pode deslocar-se para fora do seu compartimento natural,
caracterizando uma condio denominada hrnia de disco. Alm de sua
resistncia alta para suportar presses, comparada com a dos demais
tecidos orgnicos, o disco protegido por ligamentos. Na regio lombar
o ligamento posterior afila-se medida que se aproxima do cccix,
tornando o disco mais vulnervel s presses, tendendo a deslocar-se
para o espao lateral-posterior menos protegido. A hrnia de disco
nem sempre um evento agudo, mas evolui ao longo dos anos e pode ser
precipitada por esforos relativamente pequenos.
As exigncias visuais so em geral as mais nocivas das ligaes
homem-mquina. O olho s v com mximo de acuidade dentro de um ngulo
muito pequeno do campo visual central. Assim, o olho tenta colocar
o objeto a ser visto dentro da sua zona de acuidade mxima
provocando uma rotao do eixo visual no sentido desejado. Os
movimentos dos olhos determinam tambm os reajustamentos da posio da
cabea, pois a mesma gira na direo requerida ou se inclina para
frente (KROEMER e GRANDJEAN, 2005).
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Com isso, os mesmos autores supracitados explicam que a manuteno
prolongada, ou a repetio a intervalos curtos, de atitudes da cabea
incorretas explica em grande parte a relao freqentemente observada
entre o aparecimento de dores cervicais e da fadiga visual no posto
de trabalho. Na prtica deve-se dar ateno localizao no campo de
trabalho dos sinais que exijam controle visual e ao tempo de
manuteno do controle visual.
De acordo com Brasil (2002), a Norma Regulamentadora 17 refere
que o levantamento de cargas uma das causas de lombalgia e outras
patologias musculoesquelticas freqentes no mundo do trabalho
atualmente. O uso da equao de NIOSH para o levantamento de cargas
como uma ferramenta til e sensvel que constitui um esforo a mais
para prevenir as alteraes na sade provocadas pela manipulao de
cargas.
A mesma Norma Regulamentadora aponta que seu carter
multiplicativo permite ver como a situao estudada se afasta da
situao ideal de levantamentos, sendo assim, podemos descobrir quais
fatores so mais influentes nesse desvio, o que nos possibilita
atuar sobre eles em um redesenha desse posto de trabalho.
Concluso
Ao final deste estudo compreende-se que os trabalhadores do
Biotrio da UNIVALI, apresenta riscos em todas as funes realizadas
nos trs setores. Evidencia-se que problemas nos msculos esquelticos
e m utilizao do mobilirio disponvel, corroboram com o surgimento de
lombalgias durante a execuo das atividades laborais inerentes a
profisso. Os dados obtidos nos instrumentos utilizados para anlise
e coleta de dados confirmam a entrevista com os trabalhadores do
setor, demonstrando que as exigncias fsicas em conjunto com a m
utilizao do mobilirio so os principais riscos afetando
principalmente a regio da coluna lombar.
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