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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA NOTÍCIAS Ano 1 - Nº 5 AEROESPAÇO Precision Aproach Radar - PAR Canoas/RS
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Aeroespaço05

Mar 31, 2016

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DECEA

NOTÍCIAS Precision Aproach Radar - PAR Canoas/RS Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA Ano 1 - Nº 5
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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA NOTÍCIASAno 1 - Nº 5

AEROESPAÇO

Precision Aproach Radar - PAR Canoas/RS

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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA, produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Ten Brig Ar José Américo dos SantosAssessor de Comunicação Social:Paullo Esteves - Cel Av R1Redação:Daisy Meireles (MTB 21286-DRT/RJ)Telma Penteado (RJ 22794-JP)Diagramação & Capa:Filipe BastosFotografia:Luiz Eduardo Perez Batista

Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraerE-mail: [email protected] ou [email protected]ço: Av. General Justo, 160 - Centro20021-130 - Rio de Janeiro/RJTelefone: (021) 2123-6585Fax: (021) 2262-1691Editado em: dezembro/2004Fotolitos & Impressão: Ingrafoto

Expediente

Para simplificar, temos agora um novo e-mail para você mandar suas mensagens e reporta-gens de sua OM: [email protected]

Envie também as fotografias referentes às reportagens, com no mínimo 2.0 Megabytes e 300 DPI de resolução. A nossa nova caixa de mensagens tem um limite de 50 Mb.

Parabenizo toda a equipe do Informativo Aeroespaço Notícias pela excelente publicação que periodicamente nos brinda. Gostaria, se possível, de receber o arquivo da foto de capa da revista de nº4, “crepúsculo amazônico”, pois merece ser emoldurado.

Nilton Sérgio Cavalcante Lopes – 1º Ten Esp Aer CTA Chefe do APP-FZ

Acuso o recebimento dos quatro exemplares da nova revista AEROESPAÇO NOTÍCIAS. Meus parabéns, não só para o Comandante, mas também para todos os participantes dessa revista. Contudo, os parabéns deveriam ser estendidos a todos os atuais componentes do SISCEAB, bem como para todos ex-componentes dos saudosos SPV e SISDACTA. Há alguns anos, quando ainda labutava no comando do CINDACTA (1973-78), que naquela época ainda não era o CINDATA 1, e mais tarde como Subdiretor de Operações da DEPV (1982/83), dizia freqüentemente a compa-nheiros que o SISDACTA era um império. Não viam isso aqueles que não compreendiam a mag-nitude do Sistema. Mas hoje o império está consolidado, aceito por todos pela concretização do SISCEAB e do novel DECEA. Todavia, se faltava algo no império, o novo órgão de divulgação, a AEROESPAÇO, acabou de completar o que, por acaso, estivesse omisso.

Ten Brig Ar Márcio Nóbrega de Ayrosa Moreira

Página 2• Índice/Expediente• Cartas dos leitores

Página 3• Editorial• Nossa Capa

Páginas 4 e 5 • Servidores-padrão são eleitos pelo DECEA

Página 6• Ações do DECEA otimizam o desempenho organizacional dos DTCEA

Página 7• “FAB 4517, ejetando!”

Página 8• “In Totvm Efficax Congeries” - Um conjunto de todo eficaz

Página 9• Dia do Controlador de Tráfego Aéreo é comemorado com festa no RJ• SRPV-SP homenageia pioneiros do controle do tráfego aéreo

Páginas 10 e 11 • “Imageando” o DECEA

Páginas 12 e 13• Seção: Eu não sabia! Tema: Inspeção em Vôo

Página 14• Missão com final feliz• SRPV-MN recebe visita da ECEMAR

Página 15• Semana da CIPA é realizada no SRPV-RJ• Exposição aeronáutica e concurso literário movi-

mentam o aeroporto de Congonhas

Página 16• Helicópteros em São Paulo - O Grande Desafio

Página 17• CINDACTA 1 comemora 28º aniversário• O ICA no VI COBRAC

Páginas 18 e 19• Seção: Conhecendo o DTCEA SINOP/MT

Páginas 20 e 21•Integração total na 33ª Reunião Anual de Pilotos Inspetores

Página 22• Realizada auditoria de qualificação na Sala AIS-EG• CINDACTA 1 recebe visita do Ministro dos Transportes• DTCEA-SJ tem novo comandante

Página 23• O PARA-SAR no Sistema de Salvamento e Resgate da FAB

Cartas dos leitores

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Vamos nos aproximando do fim do ano.Os meses de novembro e dezembro são de intensas atividades, mais do que os demais meses do ano, talvez

por conta da finalização do exercício financeiro, o que pode passar a sensação de atropelo de providências.De todo modo - e isto é muito comum - a “correria” de fim de ano faz parte de nossa cultura. Se pararmos

para pensar, veremos que os dois últimos meses do ano, tirando as tradicionais festas, são exatamente iguais aos demais.

No entanto, ainda que apenas psicologicamente, somos acometidos de uma pressa, que não se explica e tampouco se justifica, sobretudo no SISCEAB, onde não há tréguas nem recessos. Aí está, por exemplo, uma das peculiaridades do Sistema.

Com a chegada do fim do ano, o ritmo de nossas atividades não se altera.Quando mencionamos que nosso trabalho dá-se 24 horas por dia e 365 dias do ano, estamos sendo absolu-

tamente fiéis à realidade. Parece que, ao tempo em que expiramos do esforço de uma tarefa, tomamos fôlego para a próxima, em um ato contínuo que se perpetua e, do qual, muitas vezes, sequer nos damos conta.

Este giro quase permanente ocorre ao sabor de nossos compromissos e responsabilidades, se auto-sustenta e se recicla muitas vezes por dia, retroalimentando este formidável complexo de homens, máquinas, normas e procedimentos, garantidos por uma - não menos formidável - estrutura moral e profissional, sedimentada por décadas de eficaz e ininterrupto serviço à nação.

Isto somos nós. De janeiro a janeiro, com ou sem sensação de pressa, com ou sem sensação de calmaria, fazendo uso de conhecimento, método, ritmo e disciplina.

Esta é a 5ª Edição da “Aeroespaço Notícias”, retomada editorial que já ocupa espaço interessante em nosso meio. Neste número estamos trazendo mais uma seção que pretende fazê-los conhecer as peculiaridades dos nossos DTCEA.

Nossa idéia é mostrar como vivem nossos companheiros nos mais distantes rincões de nossa Pátria, afinal, este Brasil é imenso e nós estamos praticamente em todos os lugares, morando por lá e não somente de pas-sagem.

Nestas localidades vivemos com nossas famílias, lá estudam nossos filhos, interagindo com irmãos brasileiros de padrão cultural diferente do nosso e aprendendo, enriquecendo nosso espírito e ampliando nossa cidada-nia. Um pouco de tudo isto vai ser contado nas páginas de nossa revista na seção “Conhecendo o DTCEA”.

No mais, nesta que é a última edição do ano de 2004, aproveitamos para desejar à toda a família SISCEAB os votos de um Feliz Natal e um ano de 2005 pleno de trabalho e muitas realizações, agradecendo, mais uma vez, a todos que vêm contribuindo com a revista. Sua participação, para nós, é muito importante. O nosso muito obrigado, em nome da equipe desse informativo.

Ten Brig Ar José Américo dos SantosDiretor-Geral do DECEA

Informativo “Aeroespaço Notícias”

A ferramenta indispensável ao “recolhimento” das aeronaves de caçaPrecision Aproach Radar - PAR Canoas/RS

Esta imagem de excepcional beleza plástica é a antena do PAR (Precision Aproach Radar) - Radar de Aproximação de Precisão ins-talado na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul. O PAR é um auxílio à navegação aérea de alta precisão, que pode orientar as aeronaves para pouso sob as mais severas condições climáticas, mesmo que o teto e a visibilidade do aeródromo seja zero. No Brasil, os Sistemas PAR são utilizados em Bases Aéreas que abrigam Uni-dades de Caça. Referimo-nos a um Sistema porque o equipamento em si nada faz sozinho. Embora o Radar tenha uma alta resolução que permite correções mínimas de rampa de pouso e alinhamento da aeronave em relação à pista de aproximação, o controlador PAR e o piloto, devidamente treinados, completam o Sistema. Como se

sabe, a autonomia de vôo de uma aeronave de Caça é limitada e, ao término de uma missão, ao regressar para sua Base de origem, essa aeronave tem que pousar, porque, invariavelmente, ao regressar, seu combustível está curto. O Sistema PAR é que garante o “recolhimento” em segurança de nossas aeronaves de Caça.

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Para expressar o reconhecimento pelo empenho dos homens e das mulheres que, através dos seus trabalhos, às vezes discretos, porém de invulgares relevân-cias, têm contribuído para a manuten-ção da segurança nacional, o DECEA criou, este ano, a eleição de servidores-padrão. Foram eleitos três componentes de seu efetivo, como legítimos represen-tantes dos valores éticos que fazem con-vergir as mais diversas especialidades para a formação de um único imaginário coletivo, o que caracteriza o espírito do Departamento de Controle do Espaço Aéreo.

Foram, então, premiados dois gradu-ados, sendo um suboficial e um cabo, além de um servidor civil que, após análises das diversas chefias do Depar-tamento, foram considerados como ver-dadeiros exemplos de profissionalismo e dedicação.

Os títulos de graduados-padrão foram conferidos ao SO BMT João Batista Pereira Valadão e ao CB SAD José Carlos Teixeira dos Santos.

A escolha desses militares foi justi-ficada por suas qualidades pessoais e

pelo desempenho cotidiano. Eles se destacaram de seus pares, contribuindo de modo louvável para o bom êxito das missões do DECEA. A premiação dos gra-duados foi norteada, ainda, pela análise do aspecto profissional, levando-se em consideração a eficiência no desempe-nho de suas atividades; o volume de trabalhos realizados; o nível de conhe-cimento e interesse demonstrado na especialidade; a iniciativa, criatividade e adaptabilidade; a aptidão para o tra-balho em equipe e, também, a cultura geral.

O SO Valadão é auxiliar de seção na Divisão de Patrimônio (SDAD). No pri-meiro momento ficou surpreso com a sua indicação, principalmente pelos outros grandes valores humanos do DECEA no quadro de graduados. “Per-cebi que fazer parte da galeria de graduados-padrão do DECEA, represen-tando meus pares, é uma honra que me engrandece na carreira militar”.

O CB Teixeira - encarregado da seção da SDAD, diz que “o reconheci-mento profissional foi fundamental, pois é muito importante ser valori-

zado pelos superiores. Senti que o meu trabalho de 24 anos no Sistema está sendo útil e fico feliz por contri-buir”.

Já o título de civil-padrão foi conce-dido ao servidor Ivanil Bernardo Cabral, que trabalha no Sistema desde 1972. Hoje, Cabral é chefe da seção de Tipo-grafia e Boletim do DECEA e chefe do Pessoal Militar das CISCEA/CCSIVAM. “O reconhecimento foi muito impor-tante para a minha vida profissional. A emoção foi a mesma quando, como civil, recebi a Ordem do Mérito Aeronáutico”.

E, por seus méritos, Cabral demonstrou elevada envergadura profissional nesses 32 anos de serviços, e personificou, em sua jornada de trabalho, um exem-plo da amadurecida comunhão que a sociedade civil, gradativamente, vem estabelecendo em relação ao anseio de um eficiente controle do espaço aéreo. A premiação do civil-padrão foi levada a efeito, tendo-se em vista a qualidade e quantidade de trabalho produzido; a iniciativa e a cooperação; a assiduidade e a pontualidade; a disciplina e a cama-radagem; a maturidade e o senso de responsabilidade.

Na formatura mensal do DECEA, rea-lizada no dia 29 de outubro, no pátio

SO Valadão trabalha há 26 anos no Sistema

DECEA elege servidoUm suboficial, um cabo e um servidor civil foram con

CB Teixeira: feliz pelo reconhecimento Cabral - altamente gratificado pela homena-gem

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do GEIV, além da home-nagem aos servidores-padrão 2004/2005, foram entregues distintivos do DECEA aos seguintes mili-tares recém-transferidos para o Departamento: o Capitão de Infanta-ria Carlos Eduardo Silva Barbedo, que exercerá a função de Chefe de Seção de Segurança e Defesa; o Cabo Especialista em Suprimento Marcelo Affonso Carvalho, que será lotado na secreta-ria do Subdepartamento de Tecnologia da Infor-mação; e o Soldado de Primeira Classe do Ser-viço de Guarda e Segu-rança Ricardo Ribeiro dos Santos Júnior, que vai trabalhar na secretaria do Chefe do Gabinete do DECEA.

Dando continuidade ao evento, foram entregues medalhas

militares, como recompensa pelos bons serviços prestados aos oficiais e praças em serviço ativo. Recebe-ram medalha de ouro os militares que completaram 30 anos de servi-ços, medalha de prata os que fizeram 20 anos e medalha de bronze os que

estão na FAB há dez anos.Na formatura, a banda de música da

Base Aérea do Galeão executou, pela primeira vez, a “Canção do DECEA”, com arranjo musical do Suboficial Músico Eri-valdo Fraga da Silva.

A banda da BAGL toca a canção do DECEA pela primeira vez

res-padrão de 2004siderados exemplos de profissionalismo e dedicação

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Brig Pinheiro sendo condecorado com a medalha de ouro pelo Diretor-Geral do DECEA

Ouro - 30 anos Brig Ar Álvaro Luiz Pinheiro da CostaTen Cel Int Wilton Castro de AssisTen Cel Int Sérgio Corrêa de SouzaPrata - 20 anosTen Cel Eng Mário Sérgio CorbelliTen Cel Inf Luiz Enrique SpiesMaj Int Luiz Henrique Carrilho ChavesMaj Av Marcelo Moraes de OliveiraCap Av Jaime Farias Martinez JúniorCap Com Nilton de FariaSO SAD Mário Estevão da SilvaSO BCO Jonilson dos Santos RaggioSO BMA Gerson Montrezor DantasSO SAD Geisha Portes Costa2S BCO Flavio Zau de SouzaCB SAD Djalma Barbosa de Lima FilhoBronze - 10 anosCap Eng José Eduardo Mendonça de FonsecaCap Av Manoel Araújo da Costa JúniorCap Av João Roberto Campos Elia Chrisostomo da Silva1S BMA Jacques Rafael Resende1S BCT Josimar Oliveira Lima1S BCT Rogério Soares Dantas dos Santos2S BCO Mauro de Carvalho Coelho3S BET Fábio Augusto AlvesCB SGS Enilton Aparecido da RochaCB SEM Jair Nascimento FreitasCB SCF Glauco

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O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através da Divi-são de Apoio ao Homem (D-APH), criou o Programa de Atenção aos Destaca-mentos do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), rea-firmando o seu compromisso com o presente e o futuro de seus integrantes e familiares, retomando uma tradição de apoio irrestrito no processo de interiori-zação da Organização no País.

O objetivo do Programa é implemen-tar ações que otimizem o desempenho organizacional e gerem melhoria da qualidade de vida dos integrantes dos Destacamentos, visando a excelência da Organização.

O DECEA, ao implantar o programa, possibilita o desenvolvimento de ações preventivas e educativas, identificando e suprindo as necessidades das áreas de

Apoio ao Homem, contemplando ativi-dades que tragam benefícios ao efetivo e seus dependentes nas áreas de saúde e assistência social, bem como a reali-zação de atividades que promovam o desenvolvimento organizacional e pes-soal, a higiene e a segurança do traba-lho, a segurança no controle do espaço aéreo, a segurança e a defesa das insta-lações dos DTCEA, a implementação e a manutenção da gestão pela qualidade.

O programa conta com uma equipe multidisciplinar de profissionais, que se utiliza de instrumentos adequados: relatório de levantamentos de necessi-dades e interesses, questionários, dentre outros.

Os Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) que garantem a operacionalidade do SISCEAB, pos-suindo características próprias, e locali-zando-se em áreas distintas e, às vezes, bem distantes da Organização Sede à qual se subordinam, totalizam 78 Des-tacamentos e 14 Organizações distribuí-dos por todo o País.

A coordenação do Programa é de res-ponsabilidade das Organizações-Sede (CINDACTA 1, CINDACTA 2, CINDACTA 3, SRPV-RJ, SRPV-SP e SRPV-MN), que visi-tam anualmente os seus Destacamentos

subordinados. O Programa é um pro-cesso cíclico dividido em quatro etapas:

• levantamento de necessidades (diagnóstico);

• elaboração do Programa para aten-der às necessidades;

• implementação e execução; e• avaliação dos resultados, através de

uma metodologia que visa acelerar o processo de integração entre os DTCEA e suas respectivas OM Sedes.

O DECEA decidiu enfrentar o desafio das distâncias geográficas existentes entre as OM Sedes e os Destacamen-tos e investiu no que tem de melhor: o seu patrimônio humano, partindo do princípio de que o ser humano é essencialmente social. Assim, o DECEA segue cumprindo a missão de Apoio ao Homem dos Destacamentos no SISCEAB.

Ações do DECEA otimizamo desempenho organizacionaldos DTCEAs

O Programa gera melhoriada qualidade de vida dos integrantes dos DTCEA, visando a excelência da

Organização

O DECEA enfrentou o desafio das distâncias geográficas

existentes entre as OM Sedes e os Destacamentos e investiu no que tem de melhor: o seu

patrimônio humano

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Na noite de 03 de março de 2000, comecei a trabalhar às 21 horas. Como sempre, já assumi a posição radar preparado para o volume de tráfego previsto para uma noite de carnaval: além dos vôos comerciais, havia ainda muitos outros vôos extras e particulares.

VASP, TRANSBRASIL, TAM e VARIG voavam, pousavam e decolavam sob minhas orientações. Centenas de vidas esta-vam em minhas mãos, mas elas não sabiam disto. O controlador de tráfego aéreo é, muitas vezes, apenas uma voz, é um desco-nhecido que maneja os aviões no espaço como se fosse um intrincado “vídeo game”. Acontece que esta profissão, mesmo me trazendo muito prazer, não é uma diversão, porque não se pode falhar. Mas o prazer que este “jogo” me proporciona eu conheço bem. Quem é controlador de vôo sabe a satisfação que é trabalhar enfren-tando desafios, mane-jando velocidades, fazendo cálculos e resolvendo situações operacionais, em tempo real com precisão e, muitas vezes, emoção.

Naquela noite, o Centro de Controle Recife transferiu para a minha área radar o FAB4517, uma aeronave Xavante de ataque e reconhecimento, voando de Natal para Salvador.

Em tempos de paz e carnavais a presença desta nave militar era apenas mais um vôo de treinamento de navegação noturna. Após 18 minutos de vôo, o piloto informou que havia perdido a potência dos motores e declarou-se em emergência. Imediata-mente acionei os meios de apoio de urgência do Aeroporto de Salvador. Ambulâncias e bombeiros se posicionaram próximos à pista, como anjos, preparando-se para o atendimento.

Segundos depois, a aeronave me pergunta se não há outro aeródromo mais próximo, significando dizer que, pelos cálcu-los do piloto, sua velocidade e distância não seriam suficientes para alcançar a pista. Não havia outro aeródromo mais pró-ximo. Senti o chão fugir dos meus pés e, naquele momento, fiquei intimamente desesperado. Cheguei mesmo a ouvir as batidas do meu coração e, segurando o microfone, minhas mãos tremiam como nunca. A reação se explicava. Era como se eu - o responsável pelas operações aéreas na área - estivesse

falhando. Senti-me impotente. Não havia muito mais o que fazer, a não ser pedir a Deus que sustentasse o Xavante voando até o pouso. Mais alguns segundos se passaram (e me parece-ram séculos), quando o Piloto com sua voz denotando algum nervosismo disse que ia se ejetar. Senti-me novamente redu-zido à minha condição de simples mortal e sem nenhum poder de impedir o que estava por acontecer. Foi então que lembrei-

me das milhares de pessoas em terra, que brincavam seu carna-val alheias ao perigo nos céus.

Se o piloto se eje-tasse naquela posição, o Xavante poderia cair sobre a população que brincava o Car-naval na orla de Sal-vador.

I n s t i nt i va m e nte, comandei curva à esquerda de 120° para que a aeronave se afastasse da cidade e caísse no mar. O Xavante curvou con-forme minha instru-ção. Foi então que o ouvi dizer: “Força Aérea 4-5-1-7, eje-tando!”.

Esta última frase, como uma despedida,

ainda hoje não me sai da cabeça. Fixei meus olhos no alvo-radar até que ele desaparecesse da minha tela. Desviei outras aeronaves que voavam próximas daquela área. Os pilotos de outras aeronaves escutaram todo o procedimento e ficaram silenciosos, a fim de que o Xavante pudesse ter toda a atenção do controle-radar.

Começaram os procedimentos de busca e salvamento. Um helicóptero e uma aeronave-patrulha voaram baixo no local do acidente, buscando avistar algo. Os patrulheiros lançaram pára-quedas com iluminadores e o helicóptero voava rasante, a fim de procurar pelos dois tripulantes.

O co-piloto foi resgatado no mar por um pescador e nada sofreu. Desafortunadamente, o piloto foi encontrado na manhã seguinte preso à cadeira de seu avião à 10m de profun-didade na Baía de Todos os Santos. Por alguma circunstância o comandante da aeronave não logrou ejetar-se e, como conta a velha tradição dos bravos comandantes, prosseguiu com sua nave até o momento derradeiro. Para ele, os colegas - que na noite anterior iluminaram o céu sobre o mar nas incansáveis tentativas de avistá-lo - acabaram por prestar-lhe uma última homenagem, despedindo-se dele em um funeral de luz.

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“FAB 4517, ejetando!”

Michel Krueger - 1S BCTNa época, operador radar da Terminal Salvador - BA (Aeroporto Internacional Luiz Eduardo Magalhães). Atualmente exerce a mesma função em Fortaleza - CE.

Michel Krueger

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Sabe-se que existem Organizações Militares do COMAER espalhadas por todo o nosso imenso território e que em cada uma delas existem militares destinados a manter os mais diversos serviços para atender às necessida-des, não só do COMAER mas também e principalmente da nação brasileira.

E quem são estes militares, muitas vezes esquecidos? São os especia-listas, graduados e/ou oficiais que têm por missão manter em funcio-namento equipamentos sofisticados que dão suporte à navegação aérea civil e militar.

E estão sozinhos? É claro que não. Há um imenso aparato de apoio a eles e suas famílias.

Lembro-me, perfeitamente, quando me formei na minha querida Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) em Guaratinguetá, lá pelos idos de 1967 e, então, com 18 anos de idade, ouvia de meus companheiros mais antigos que - dentro em breve - estarí-amos enfrentando a possibilidade de servirmos em Destacamentos longín-quos e inóspitos.

Como graduado em Radiotelegrafia de Terra (RT-TE), hoje BCO, sentia um certo medo. Ao ser classificado no Ser-viço Regional de Proteção ao Vôo de Brasília (SRPV-BR), mais tarde absor-vido pelo Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego

Aéreo (CINDACTA 1), continuei a sentir pavor só de ouvir falar em Destaca-mentos no meio da floresta Amazô-nica, principalmente o Destacamento de Santa Isabel do Morro - Tocantins (SBSY), naqueles idos tempos deno-minado de Aeródromo Base de Santa Isabel do Morro (AB-SBSY).

Casei-me no ano de 1969 com uma moça maravilhosa, Maria do Amparo Costa, que passou a me amparar e apoiar em todas as minhas preten-sões.

Certo dia, no ano de 1971, cheguei em casa do serviço e disse-lhe que gostaria de experimentar uma trans-ferência e dei-lhe várias alternativas. Qual foi a sua escolha? Isso mesmo, Santa Isabel do Morro. E lá fomos nós para aquele lugarejo “inóspito”.

Passamos um ano e dois meses naquele “inóspito” lugar. Aprendemos que o pavor era infundado. Acabamos gostando, não só da localidade, como principalmente, das pessoas humil-des que lá residiam. Foi lá que vimos a solidariedade do ser humano, prin-cipalmente dos militares dessa minha segunda família que é a Força Aérea Brasileira (FAB). Conheci o verdadeiro significado do título desse artigo “IN TOTVM EFFICAX CONGERIES”, uma expressão em latim. Quem sabe o seu significado? Todos os integrantes da Força Aérea?

Certamente os especialistas o sabe-rão, mas não tanto quanto aqueles que já serviram em Destacamentos como o de Santa Isabel do Morro. Isso mesmo: “um conjunto de todo eficaz”. Esse é o lema do sucesso de um grupo de pessoas determinadas a atingir um mesmo objetivo, qual seja, servir à Pátria e à Nação Brasileira, prestando serviços não só à Navegação Aérea, mas também à população local, atendendo as pessoas carentes com saúde e educação, dando exemplos de civismo e patriotismo. São espe-cialistas trabalhando em conjunto com os pilotos e ases para um fim comum, que é o bem e o progresso da Nação Brasileira e, particularmente, da FAB. São profissionais de várias especialidades, servindo em todas as Organizações do Comando da Aero-náutica, seja ele graduado ou Oficial. É importante salientar que, por mais longínqua que uma Organização Mili-tar da Aeronáutica esteja localizada, lá haverá um especialista mantendo e/ou operando equipamentos comple-xos e caros, necessários às atividades da Circulação Aérea civil e militar.

É importante que todos nós, irma-nados no espírito de camaradagem, saibamos valorizar estes profissionais que, com os pilotos e ases da FAB, formam “um conjunto de todo eficaz”.

As atividades atribuídas ao Comando da Aeronáutica (COMAER) são inúmeras e complexas, exigindo de seus integrantes constante e

contínuo aprimoramento profissional, a fim de atender as crescentes necessidades de suas atividades constitucionais

“IN TOTVM EFFICAX CONGERIES”

Campos - Ten CelOficial Especialista em Comunicações, formado pela Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica (EAOAR), começou sua carreira militar, ingressando na Escola de Especial-istas da Aeronáutica (EEAR), em 01 de outubro de 1965.

Um conjunto de todo eficaz

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SRPV-SP homenageia pioneiros do controle de tráfego aéreoUma solenidade

militar alusiva ao Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo foi programada pelo SRPV-SP, no dia 20 de outubro. O evento teve signifi-cado especial, pois reuniu muitos pro-fissionais que inicia-ram essa atividade no Brasil, inclusive o SO Ref Francisco Drezza, controlador de tráfego aéreo, primeiro colocado da primeira turma da antiga Escola Técnica de Aviação, anteces-sora da Escola de Especialistas da Aeronáu-tica, e pioneiro das Torres de Controle dos

Aeroportos de Santos-Dumont e Congo-nhas, implementadas na década de 40.

Na ocasião, os 20 controladores mais antigos receberam das mãos dos mais modernos uma homenagem pelos ser-

viços prestados. Outro reconhecimento

foi dado ao Cel Av Ref Onofre Ramos, Chefe do Serviço de Rotas da 4ª Zona Aérea, no período de maio de 1961 a julho de 1962, responsável pela implantação do primeiro sistema radar para con-trole de tráfego aéreo no Brasil, localizado em Con-gonhas.

O simbolismo do gesto de integração das distin-tas gerações de profis-sionais de tráfego aéreo

sensibilizou a todos os presentes ao evento. O ato foi entendido como um preito de gratidão aos antigos e um voto de apoio e motivação ao atual efetivo.

Dia do Controlador de Tráfego Aéreo é comemorado comfesta no RJ

O salão principal do restaurante Demoi-selle foi escolhido para que a Comunidade Aeroportuária do Internacional do Rio de Janeiro Antônio Carlos Jobim comemo-rasse, no dia 22 de outubro, o Dia do Con-trolador de Tráfego Aéreo. A celebração já virou uma tradição salutar.

Tal evento foi acompanhado de um almoço, oferecido pelo Sr. Modesto Lopes, sócio-gerente da empresa, onde se reuni-ram autoridades e convidados especiais, dentre eles o Chefe do SRPV-RJ, Ten Cel Av Almir Coelho Santos Filho; o Comandante do DTCEA-GL, Maj Av Jorge Luiz França

Alves, e alguns Gerentes do Comitê das Empresas Aéreas do AIRJ.

O clima de descontração e alegria, aliado ao ambiente agradável, contribuiu para que a confraternização entre os controladores de tráfego aéreo lotados no DTCEA-GL e os demais presentes transcorresse em perfeita harmonia.

Sem dúvida, o evento teve o seu ápice quando o Maj Av França, Comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão, pediu a atenção dos presentes para homenagear o trabalho, por vezes tão oculto, dos profissionais de

tráfego aéreo, agradecendo o empenho ímpar de seus subor-dinados; e convidando o Chefe do SRPV-RJ para entregar a placa comemorativa aos Controlado-res Destaque de 2004, sendo agraciados os DACTA Luiz Edu-ardo Monteiro, do APP-RJ e 1º SGT BCT Jorge Luiz, da Torre de Controle do Galeão.

Deve-se ressaltar que a premia-ção, nascida do próprio meio de profissionais do tráfego aéreo, através de eleição democrática, tem o objetivo de homenagear

os operadores exemplares por seu traba-lho e profissionalismo, sempre prontos a aplicarem os seus conhecimentos técnicos para prover a fluidez e segurança do trá-fego aéreo. O maior prêmio que a família aeroportuária de todo o Brasil recebe é saber que - mesmo não sendo conhecido a fundo o seu trabalho - o Controlador de Tráfego Aéreo continua conduzindo tran-qüilamente a vida de cidadãos brasileiros e visitantes estrangeiros no nosso espaço aéreo.

A homenagem aos pioneiros sensibilizou a todos

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“Uma imagem vale mais que mil palavras”. Este chavão, à esta altura, batidíssimo, continua sendo o que há de

melhor para representar o valor da representação fotográfica como instru-mento de comunicação.

De fato, uma fotografia pode traduzir - em alguns segundos - o que terí-amos que explicar em muitas linhas de texto e, mais ainda, correndo o risco de não sermos corretamente interpretados.

Convivendo com o universo da fotografia desde 1989, portanto há 26 anos, quando aperto o botão da minha máquina na captura de uma imagem, tenho sempre a mesma sensação: percebo e sou atingido pela fantástica energia do “agora”. Cada momento, cada gesto, cada expressão facial é única, assim como aquele instante. Daí porque os fotógrafos, por vezes, acotovelam-se para estar na melhor posição para não perder o “ins-tante mágico do agora”.

O que mais fascina é - exatamente - estar presente e poder contar com sua imagem o que de fato ocorreu. Quando estive trabalhando na revista Caras, cada evento trazia este desafio, afinal, eram fotos, na sua maioria de celebridades, flagradas, muitas vezes, em instantes de descontração ou, quando não, tratando de esconder-se da mídia.

Luiz EduardoPerez Batistaé repórterfotográfico,registrado naFENAJ (FederaçãoNacional deJornalismo),em 1990.Gaúcho denascimento,vive noRio de Janeirodesde 1965.É casado epai de dois filhos.Seu ingressono SISCEABocorreu em1999, na CISCEA,através doProjeto SIVAM.Atualmentecompõe aequipeda Ascomdo DECEA.

“Imageando”o DECEA

Luiz Eduardo Perez Batista

Unidade de Vigilância - Boa Vista/RR Lagoa Azul - Lençóis Maranhenses/MA

Luiz Perez em ação - Rio Guaporé/RO

Farol Rio Preguiça/MA

Festa dos Peixes Ornamentais - Barcelos/AM Dunas do Rio Preguiça/MA Unidade de Telecomunições - S. F. do Araguaia/MT

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Ser um “paparazzo” eventual trouxe-me algumas formidáveis vivências que enriquece-ram minha experiência profissional, sobretudo em administrar bem o espaço, a posição e o momento presente, para não perder o instante, fosse como fosse.

Das fotos do meu primeiro emprego, no jornal O Povo, fotografando basicamente gente morta por atropelamento, afogamento ou por tiros, passando pelas revistas Manchete e Caras, e - posteriormente - no jornal O Globo, muito longo foi o meu caminho até ingressar na Aeronáutica com a incumbência de registrar o Projeto Sivam, do seu nascimento até à sua conclusão.

Pela minha objetiva passaram todas as ima-gens que hoje compõem o banco de fotografias das Comissões CISCEA/CCSIVAM e foi a mais rica e entusiástica missão na qual estive envolvido.

Digo rica, porque me deu a oportunidade de percorrer os mais distantes rincões da nossa Pátria, principalmente da Amazônia, e conhe-cer a minha terra, reconhecendo a importância da integração. Entusiástica, porque sentia-me fazendo parte da equipe e pude testemunhar o quanto os militares, oficiais, graduados e praças, além dos engenheiros, arquitetos, economistas, administradores e técnicos do Sistema atiravam-se ao Projeto com uma paixão desinteressada.

A missão tudo pretere. Esta foi uma das lições

que aprendi em minha jornada pelo SIVAM.Quando, finalmente, o Projeto foi entregue ao

Governo em 2002 , eu estava lá, como testemu-nha viva da conquista e dando vida à ela com minhas imagens. Confesso que senti um orgulho imenso de ter feito parte da caminhada e, acima de tudo, em ter sido o fotógrafo que registrou cada passo.

Minha convivência com o pessoal da Aero-náutica nos últimos cinco anos deu-me uma nova dimensão da palavra companheirismo. De fato, o companheirismo não é um atributo apenas dos militares, transferiu-se ao civis das Comissões, que - como todos sabem - são maio-ria. Era deveras impressionante como o espírito de solidariedade e companheirismo se fazia pre-sente todo o tempo. Sigo fazendo amigos neste ambiente. E eles são muito especiais.

Agora, diante de mim, mais um desafio: “ima-gear” o Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Este mega Sistema ainda é um desconhe-cido para a maioria da população. Temos feito um grande esforço em mostrá-lo.

Apesar do Sistema ter uma característica interessante - seu universo de atuação é apenas sentido, isto é, a segurança, a velocidade e a flui-dez do tráfego aéreo, amparadas por uma série de outras atividades subjacentes, não se pode quantificar, é apenas uma sensação. Seja como

for, esta é a minha nova missão. Na revista Aeroespaço Notícias já estão estampadas imagens recentes do DECEA.

Para finalizar, cabe lembrar que a função do fotógrafo em uma Assessoria de Comuni-cação Social não é apenas fotografar cerimô-nias oficiais, formaturas e eventos sociais. Há que tratar de corresponder aos interesses de divulgação do Departamento, fazendo com que as imagens, a par da beleza plástica, tra-duzam o melhor da mensagem. Quando não, seja a imagem a própria mensagem.

Ademais disto, é preciso dominar todos os programas de informática (ligados ao trata-mento de imagens) e os acessórios ao desem-penho da função, além de cobrir as eventuais necessidades de montagem e desenho grá-fico das nossas páginas eletrônicas, tarefa cotidiana para a qual é indispensável atenção e cuidado, porque, afinal, são elas as nossas grandes vitrines.

Neste depoimento, a mensagem é: “faça você o que fizer, coloque sempre o coração em primeiro lugar e dê o seu melhor”. Tudo que se faz com dedicação e entusiasmo sempre produz riqueza, em especial àquelas relativas à alma humana.

Jarcel Celulose - Laranjal do Jari/AP Tuiuiú - Pantanal Matogrossense/MS

Pelotão de fronteira - Oiapoque/AP H800 XP do GEIV em Fernando de Noronha/PE

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Eu não sabia!Você está recebendo uma informação completa e precisa sobre uma área do SISCEAB. Agora não dá mais pra dizer:

Tema: Inspeção em VôoTexto: Paullo Esteves - Cel Av R1

Os auxílios à navegação aérea são equipamentos instalados em terra que têm como objetivo servir como ferra-mentas de orientação às aeronaves em vôo.

Além de servirem como balizadores de rotas em aerovias, servem também para a execução de procedimentos de aproximação e pouso. Esses equipa-mentos emitem sinais eletromagnéti-cos ao espaço através de um sistema irradiante (as conhecidas antenas). Os sinais são captados pelos aviões e “tra-duzidos” em instrumentos de bordo que permitirão aos pilotos orientarem-se nas diversas fases do vôo. Ocorre que, ao serem emitidos ao espaço atra-vés das antenas, esses sinais eletromag-néticos sofrem alterações significativas, distorcendo-se por lá.

Embora as causas desta alteração não tenham até hoje sido bem defini-das, estima-se que a ocorrência se dê por interação dos sinais eletromagné-ticos com as partículas ionizadas da atmosfera ou outros fenômenos físicos ou meteorológicos que ainda não são conhecidos.

O fato é que os sinais se distorcem e, portanto, necessitam ser “calibrados” em vôo - que é onde os sinais serão efetivamente utilizados. Como a grande maioria dos auxílios à navegação, apro-ximação e pouso dependem de muita precisão, qualquer ajuste em vôo depen-deria de equipamentos especiais, capa-zes de captar os sinais e submetê-los a uma grande “lente de aumento”, como se fosse um microscópio. Esta chamada “lente de aumento” poderia então per-mitir ajustes minuciosos de intensidade e direção. É aí que entra a aeronave-laboratório. É um avião como os demais, com a diferença de possuir, instalado dentro dele, um laboratório eletrônico de precisão, para corrigir os sinais dos auxílios à navegação, em vôo. O equi-pamento em terra fica completamente alterado em seus padrões de irradiação,

porém, no ar, os sinais estão perfeitos, milimetricamente ajustados e prontos para serem utilizados pelos aviões.

Resultado de anos de trabalho, pes-quisa e observação, esta atividade, essencial à navegação aérea, chama-se Inspeção em Vôo.

Há alguns detalhes que chamam à atenção, como, por exemplo, a instala-ção deste “microscópio eletrônico” - que no Brasil chamamos de “Console ou Sis-tema de Inspeção em Vôo” - a bordo de um avião.

Inicialmente - e não fica difícil ima-ginar porquê - este conjunto de equi-pamentos deve estar rigorosamente “calibrado” para poder prestar-se ao papel de paradigma eletrônico de sinais.

Qualquer disfunção poderia trazer

ajustes equivocados com conseqüên-cias desastrosas. Por outro lado, há que se considerar também, que o sistema não pode permitir a interferência eletrô-nica de outros sistemas e equipamen-tos de bordo, o que nos faz concluir o quanto de cuidado e trabalho não existe para transformar uma aeronave comum em uma aeronave-laboratório.

Praticamente, toda a engenharia de “aviônica” e de eletroeletrônica do avião é alterada para essa transformação. Todo este sistema é importado e seu custo é da ordem de dois milhões de dólares, por avião.

No contexto do SISCEAB, quem faz inspeção em vôo no Brasil é o Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV), única unidade aérea do DECEA, que

O que é, porque se faz, quem faz e como se caracteriza

A aeronave-laboratório do GEIV voa sobre Fernando de Noronha

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Eu não sabia!Você está recebendo uma informação completa e precisa sobre uma área do SISCEAB. Agora não dá mais pra dizer:

Tema: Inspeção em VôoTexto: Paullo Esteves - Cel Av R1

conta com dez (10) aeronaves-labora-tório, sendo seis (06) turboélices C-95 (Bandeirante) e quatro jatos de alta per-formance, conhecido como H800XP (de última geração).

A equipagem de uma aeronave-labo-ratório é composta de:

- um (01) Piloto Inspetor: Oficial Aviador, Comandante Operacional da Missão;

- um (01) Primeiro Piloto de Inspeção em Vôo: Oficial Aviador com treina-mento específico para o vôo de Inspe-ção;

- um (01) Operador de Sistema de Ins-peção em Vôo: Oficial de Engenharia ou Graduado da Especialidade de Comuni-cações;

- dois (02) Operadores de Teodolito: Graduados de qualquer especialidade e

- Um (01) Mecânico de vôo.

O Piloto Inspetor e o Operador de Sistema de Inspeção em Vôo fazem um Curso específico de especialização, realizado no Instituto de Controle do

Espaço Aéreo (ICEA) - no Centro Técnico Aeroespacial (CTA) em São José dos Campos, SP.

O GEIV é uma Unidade ímpar no uni-verso da Força Aérea, não só por ser a única unidade aérea do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, mas, também, por realizar somente missões reais.

O Grupo Especial de Inspeção em Vôo tem algumas místicas interessantes. A primeira delas é que, ao longo de mais de 31 anos de existência, jamais um acidente aeronáutico teve como fator contribuinte o desajuste de um auxílio à navegação, aproximação e pouso. Isto comprova o grau de apuro profissio-nal e responsabilidade de sucessivas gerações de Pilotos Inspetores e Opera-dores de Sistema de Inspeção em Vôo nas homologação, aferição, vigilância e inspeções periódicas de todos os 571 (quinhentos e setenta e um) auxílios à navegação aérea do Brasil.

Outra virtude do GEIV é ser reconhe-cido como padrão de referência da ati-vidade de Inspeção em Vôo em toda a América Latina, tendo sido freqüente-mente solicitado para realizar Inspeção em Vôo em outros países da América

Central e do Sul.A natureza da missão e suas caracte-

rísticas emprestam ao GEIV uma outra faceta interessante - a união de seus integrantes. Como a atividade é abso-lutamente dependente do trabalho em equipe, onde cada elemento tem, obri-gatoriamente, que contribuir para o bom desempenho do outro, sob pena de comprometer a missão como um todo, uma equipagem de aeronave-laboratório é mais reconhecida pelo trabalho solidário do que pelo arranjo hierárquico/operacional.

Isto é Inspeção em Vôo: uma das mais nobres e fundamentais atividades do SISCEAB.

O que é, porque se faz, quem faz e como se caracteriza

A aeronave-laboratório do GEIV voa sobre Fernando de Noronha

Foto: Luiz Perez

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Missão com final felizÀs 15h30 local do dia 05 de julho de 2004, o Sal-

vaero Amazônico foi informado de que a aeronave PT-DAP, tipo Cesna 182, procedente de Ericó, com destino à Fazenda Urariquera, na região de Roraima, iria tentar efetuar um pouso forçado devido a pro-blemas técnicos na aeronave. O PT-DAP estava com quatro pessoas a bordo, a serviço do Governo de Roraima, realizando vacinações nas localidades de Surumu, Ericó e Fazenda Urariquera, região indígena de Roraima.

Imediatamente após receber a informação do pro-vável pouso forçado, o Salvaero Amazônico consi-derou a aeronave PT-DAP na fase de perigo, dando início aos procedimentos regulamentares para a ati-vação da missão de busca.

Em coordenação com o Comando de Operações Aéreas da 2ª Força Aérea (COA-2), foram acionados os recursos aéreos SAR principais, SAR 6542 (C-95) do 2º/10º GAv e SAR 8688 (UH-1H) do 7º/8º GAv.

Consolidando o espírito SAR de salvar vidas e, respaldado pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, algumas aeronaves civis baseadas na região engaja-ram-se, espontaneamente, na missão, atuando como recursos aéreos SAR secundários, com o objetivo de tentar localizar e resgatar, o mais rápido possível, os ocupantes da aeronave desaparecida. Tal iniciativa foi coroada de pleno êxito, pois às 10h17 local do dia seguinte (06 de julho), o helicóptero PP-FEC locali-zou a aeronave sinistrada em local de difícil acesso,

entre Ericó e a Fazenda Urariquera.Em seguida, o Salvaero Amazônico, responsável

pelo controle dos recursos aéreos SAR principais e secundários engajados, deu início aos procedimen-tos para a realização da missão de salvamento e res-gate, de modo que todo o esforço aéreo disponível fosse utilizado da forma mais eficaz possível. Fato é que, sob coordenação do Salvaero Amazônico, o helicóptero PP-FEC, do Governo de Roraima, resga-tou o piloto acidentado, enquanto que o SAR 8688, da Força Aérea Brasileira, efetuou o resgate dos outros três sobreviventes. Todos foram transporta-dos para Ericó e, posteriormente, para Boa Vista (RR), a fim de serem encaminhados ao hospital geral de Roraima.

Mais uma vez, a pronta resposta do Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico e o eficaz emprego dos recursos SAR disponíveis possibilitaram o res-gate e o salvamento do piloto e dos passageiros de mais uma aeronave acidentada em região inóspita do nosso País.

Esse desfecho feliz possibilitou que mais quatro sobreviventes de acidente aéreo pudessem teste-munhar a veracidade do lema SAR internacional: “para que outros possam viver”, sempre orgulhosa-mente respeitado e aplicado pelo Sistema SAR Aero-náutico Brasileiro (SISSAR), que não mede esforços para honrar seu significado.

O Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus (SRPV-MN) recebeu a visita dos Oficiais-alunos da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica - ECEMAR, do Curso de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (CCEM), no dia 22 de setem-bro.

A comitiva, chefiada por Maj Brig Ar José Maria Custódio de Mendonça e composta de seis oficiais-instrutores e 127 oficiais-alunos, foi recepcionada pelo Chefe do SRPV-MN.

Na ocasião, o Coronel Scariot cum-primentou os visitantes e proferiu uma palestra sobre as atividades exercidas, destacando a importância do SRPV-MN dentro do Sistema de Controle do Espaço Aéreo na Região. Os visitantes ainda conheceram o Centro de Controle de Área, a Sala de Simulação, a Sala de Monitoramento de Equipamentos e a Sala da Célula de Defesa Aérea.

SRPV-MN recebe visita da ECEMAR

Cel Scariot guia os alunos da Ecemar na visita ao SRPV-MN

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Como parte das comemorações alusi-vas à Semana da Asa 2004, em São Paulo, foi inaugurada no dia 19 de outubro a Exposição Aeronáutica no saguão central do Aeroporto Internacional de Con-gonhas.

A organização da Exposição ficou a cargo do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP). A ceri- mônia de inauguração foi presidida pe- lo Comandante do Quarto Comando Aéreo Regio-nal (IV COMAR), con-tando, ainda, com a presença de diversas autoridades civis e militares.

A Mostra ficou em exposição até o dia 22 de outubro e os visitantes tiveram a oportunidade de ver como é realizado o controle em um dos espaços aéreos mais movimentados do mundo.

O destaque do evento ficou por conta

do encerramento do Concurso Literário

2004, onde alunos de escolas públicas

do Estado de SP, subordinadas à Direto-

ria de Ensino Centro-Oeste da cidade de

São Paulo, ligadas à Secretaria Estadual

de Educação, receberam prêmios pelos

seus trabalhos sobre o tema: “O primeiro

vôo de um mais pesado que o ar”.

Semana da CIPA no SRPV-RJ

Foi realizada no Serviço Regional de Prote-ção ao Vôo do Rio de Janeiro (SRPV-RJ) a SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho).

A SIPAT tem como objetivo integrar e cons-

cientizar os trabalhadores sobre a impor-tância de conservar e proteger a saúde e a integridade física dos mesmos. O evento é realizado anualmente, desenvolvendo pales-tras, tendo temas voltados para segurança e

saúde do trabalhador. O evento constou de cinco palestras minis-

tradas no Auditório do SRPV-RJ, no período de 08 a 11 de novembro, abordando os temas abaixo:

Na abertura dos trabalhos, o Chefe do SRPV-RJ, Ten Cel Av Almir Coelho Santos Filho, enalteceu a importância da realização dessas palestras, como forma de reunir os diversos setores operacional, técnico e administrativo, em torno de um assunto comum a todos, enriquecendo os seus conhecimentos e con-tribuindo de maneira positiva para o aprimora-mento profissional de cada um.

Participaram das palestras os militares e civis do efetivo da Sede do SRPV-RJ, do DTCEATM-RJ, e dos DTCEA Galeão, Afonsos e Santa Cruz.

Exposição aeronáutica e concurso literário movimentam o aeroporto de Congonhas

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Militares e civis atentos à uma das palestras do SIPAT

A exposição aeronáutica idealizada pelo SRPV-SP

Maj Brig Vilarinho, Comandante do

IV Comar, naabertura do evento

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Está em funcionamento, na Área de Apro-ximação final da pista 17 do Aeroporto de Congonhas (SP), o novíssimo Controle de Helicópteros de São Paulo. Ativado oficial-mente desde 10 de junho deste ano como uma posição operacional da Torre de Con-trole do Aeroporto de Congonhas, tem por função otimizar o uso do espaço aéreo entre helicópteros e as aeronaves de asas fixas que demandam à pista 17 de Congo-nhas ou decolam da pista 35 do mesmo aeródromo.

Trata-se de um quadrilátero de aproxi-madamente 100 quilômetros quadrados, sobre os bairros de Moema, Campo Belo, Itaim, Jardim Paulista e Pinheiros che-gando até o Alto da Lapa, região essa que abriga os núcleos de comando de inúmeras empresas, as quais administram cerca de um quarto do produto nacional bruto. São cento e oito helipontos, quase todos eleva-dos, instalados nos edifícios da região e que geram cerca de 250 vôos diários.

O helicóptero, como meio de desloca-mento seguro e imediato, foi adotado pelos

empresários como solução para os proble-mas de segurança e trânsito em cidades como São Paulo. Foi de tal monta o êxito dessa opção de transporte que, hoje, já se registra o número de 450 usuários, todos muito ativos. Além desses, há aqueles regis-trados em outros centros, mas que exer-cem, aqui, suas atividades principais.

Sensível às modificações de demanda, o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo, responsável pela gerência da circula-ção aérea nessa região, não hesitou em criar condições para que a atividade dos helicóp-teros pudesse conviver, com critérios e res-ponsabilidade, com o tráfego de aviões nas proximidades do aeroporto de maior movi-mento da América Latina. Tal providência é totalmente pioneira no mundo da aviação não existindo, sequer, literatura específica para o tema. Este é um caso em que a criati-vidade natural da nossa gente e a coragem de criar se fizeram necessárias.

No período de 100 dias após a ativação do Controle de Helicópteros ocorreram 60.000 operações de pouso/decolagens

de aviões em Con-gonhas, simul-tâneas a 17.500 operações de helicópteros. Uma análise simples nos autoriza a afirmar que, seguindo a mesma demanda serão cerca de 216.000 aviões e 64.000 helicópte-ros em um ano. O número de aviões é nada mais que uma constatação quase rotineira

para esse aeroporto, mas, a quantidade de helicópteros, em vôo controlado, justifica plenamente as providências tomadas pelo SRPV-SP. Provavelmente, são poucos os centros aeronáuticos nacionais que pode-rão, ao final de um ano, demonstrar núme-ros de movimento de aviões como os que se projetam para helicópteros controlados em São Paulo.

Entre outras aplicações, naturalmente que o helicóptero é também utilizado como forma de escape para o lazer. Essa, talvez, seja a razão que justifica o acrés-cimo de movimento das sextas-feiras. As estatísticas demonstram que as quartas e as sextas-feiras são os dias de maior movi-mento, chegando a quase 260 movimentos diários, enquanto nos finais de semana a média cai para 120 movimentos. Enquanto se justifica o transporte da família para o descanso semanal, talvez, uma extrapola-ção estatística pudesse demonstrar que as quartas-feiras são os dias de pico das deci-sões administrativas.

Cabem, ainda, alguns esclarecimentos. Existem os usuários e os não usuários. Essa foi uma preocupação pensada no momento da ativação do sistema. Ocorre que as rotas para vôo dos helicópteros sobre a cidade obedecem aos traçados dos eixos princi-pais das grandes vias de acesso, no solo. O ruído provocado pelo vôo desses aparelhos foi, pensadamente, reduzido para os valo-res mínimos possíveis. Não há milagres! Reduz-se o ruído se a altura do vôo sobre a área habitada for maior. Elevando-se as alti-tudes obrigatórias de sobrevôo pelas rotas especiais para helicóptero, ganha-se maior segurança para o vôo e reduz-se o ruído provocado. Esse é um pequeno retrato do Controle de Helicópteros de São Paulo.

Helicópteros em São PauloO Grande Desafio

CARLOS HEREDIA - Ten R1 CTAConsultor de Tráfego Aéreo

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O Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA 1), que iniciou suas atividades em 22 de outubro de 1976, come-morou, no dia 27 de outubro, o seu 28º aniversário de operacionalidade.

A cerimônia militar foi presidida pelo Exmº Sr. Ten Brig Ar Flávio de Oliveira Lencastre, ministro do Superior Tribunal Militar e primeiro Diretor-Geral do DECEA. Durante a comemoração houve entrega do Prêmio CINDACTA 1 aos militares e civis que mais se destacaram em suas atividades no corrente ano e, também, entrega de medalha militar, leitura da Ordem do Dia do Coman-dante da Organização e desfile da tropa.

Estiveram presentes à cerimônia o Comandante-Geral do Pessoal, o Vice-Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, o Comandante de Defesa Aeroespa-cial Brasileiro, o Vice-Diretor Executivo do DECEA, o Chefe do Estado-Maior do Comando Geral do Ar, o Comandante do Sexto Comando Aéreo Regional, o Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, além de outras autoridades.

No mesmo dia foi inaugurada, também, a capela ecumênica, aten-dendo aos anseios da comunidade religiosa. Os capelães católico e evangélico dirigiram a cerimônia, que constou de mensagens de consa-gração e gratidão a Deus.

CINDACTA 1 comemora 28º aniversário

A cerimônia de inauguração da nova capela

O Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) teve participação relevante no VI Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário (COBRAC), realizado no Centro Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis-SC, no período de 10 a 14 de outubro.

O COBRAC é realizado a cada dois anos e conta sempre com a presença de vários congressistas nacionais e internacionais, os quais apresentaram expressivos trabalhos de cunho técnico-científico, relacionados especialmente ao ordenamento territorial.

A participação efetiva do ICA revestiu-se, principalmente, de palestra institu-cional, a cargo do Diretor do Instituto, e de representantes que tomaram parte em mesa redonda, versando sobre o Projeto SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) e, ainda, em palestra técnica sobre a Atuação da Subdivisão de Operações de Campo.

O estande do ICA foi bastante visi-tado pelos congressistas, que tiveram interesse nos diversos trabalhos técnicos expostos.

O material foi elaborado pela Seção de Zona de Proteção de Aeródromos e constaram de informações sobre as atividades do Instituto, no âmbito do SISCEAB.

O ICA noVI COBRAC

No palanque, autoridades que prestigiaram o evento

A mesa redonda discutiu o projeto SIRGAS

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O Destacamento da Aeronáutica

O DTCEA-SI (Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de SINOP) foi criado pela Portaria 728/GC3, de 11/11/99, com a designação de DPVDT 45 (Destaca-mento de Proteção ao Vôo e Detecção 45). Posteriormente teve sua designa-ção alterada pela Portaria 183/GC3, de 27/02/03, para DTCEA-SI.

O Destacamento é uma UVT (Unidade de Vigilância Transportável) e tem como objetivo assessorar o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus (SPRV-MN) no controle e defesa do espaço aéreo da Amazônia, especificamente na sua área de abrangência.

O primeiro comandante do DTCEA-SI foi o 2º Tenente George Sandry Des-saune, que em 2002, após sua formatura no CFOE (Curso de Formação de Oficiais Especialistas), decolou, junto com sua família, para assumir o desafio.

Os primeiros graduados a serem trans-feridos para o Destacamento, em 2002, foram o 3S BET Cleverson Ferri (ainda no DTCEA) e o 3S SEL Fabio Ferreira de Lima (transferido para o DTCEA-RF), que permaneceram nesse ano em Manaus, fazendo cursos. Já o primeiro graduado a se apresentar no Destacamento foi o 3S BET José Wilton Ferreira Lima (transferido do DTCEA-PV). Sendo assim esses quatro militares foram os fundadores o DTCEA-SI.

O DTCEA-SI possui diversos mili-tares dentre eles um Oficial, que é o Comandante e diversos Sargentos nas especialidades de Eletrônica (BET), Ele-

tromecânica (SEM), Eletricidade (SEL) e Administração (SAD).

Os Sargentos desempenham as funções técnicas no DTCEA, atinentes a sua especia-lidade como segue:

BET - é quem faz a manutenção do Radar Tridimensional Transportável (TPSB 34), assuntos relativos à informática e telefonia e

EMS (Estação Meteorológica de Superfície).SEL - cuida de toda a rede de alta e baixa

tensão, UPS (sistema de força ininterrupto), USCA (Unidade Supervisora de Corrente Alternada), todos os painéis elétricos, ETA (Estação de Tratamento de Água), Climati-zação e SEC (sistema de supervisão e segu-ranças e segurança). Os serviços inerentes a esta especialidade recebem o auxílio do militar da especialidade de SEM.

SEM - realiza a manutenção das viaturas, GRUGER (Grupo Gerador), ETA, motores elé-tricos e auxilia o Sargento da especialidade de SEL na execução de suas tarefas.

SAD - controla e confecciona todos os documentos no DTCEA, controle do Supri-

mento, Almoxarifado e materiais de expe-diente.

O DTCEA-SI está assim situado, em linhas gerais, dentro do organograma do Comando da Aeronáutica:

Como é a vida em SINOP-MT

SINOP (Sociedade Imobiliária do Noroeste Paranaense) está localizada no Estado do Mato Grosso e fica a 500 Km de Cuiabá. Possui, aproximadamente, 100 mil habitantes, sendo a maioria

deles da região Sul do País.

Economia - a principal atividade é a agricultura, predominando o cultivo da soja.

Infra-estrutura - a maioria das ruas é asfaltada, porém, a rua onde está loca-lizada a Vila Residencial da Aeronáutica ainda não possui asfalto, o que causa muita poeira, somando-se a isto a fumaça das queimadas, no mês de agosto atinge o seu máximo.

Educação - o município conta com cinco faculdades, sendo uma Fede-ral, uma Estadual e Municipal possui

COMAER

SRPV-MN

DECEA

DTCEA-SI

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Entrevista

Ten SergioChefe do DTCEA-SINOP

De acordo com suas informações, o efetivo do DTCEA tem 3 pessoas casa-das e três solteiras. O que há para os solteiros na cidade? E as famílias dos militares casados estão satisfeitas?

TS - Todos procuram tirar proveito do que a cidade pode oferecer. Porém, os solteiros acham que o lazer oferecido é muito deficiente. Há alguns locais de encontro para jovens, casas de forró, samba e pagode. Temos os clubes do SESI, da AABB e o Amazônia Clube. Os três são de pequeno porte, mas sempre há bailes, o que movimenta um pouco a vida dos solteiros.

Como as famílias gastam seu tempo de lazer?

TS - Nos clubes temos os bailes e as piscinas. E, em breve, será inaugurado um shopping center na cidade. Temos, ainda, as emissoras de TV: Globo, Record, SBT e, também, uma repetidora da Rede TV! Porém, não há teatro em Sinop, mas de vez quando tem uma peça sendo apresentada no auditório da faculdade Estadual. Há, também, um Centro de Tradições Gaúchas.

E na vila habitacional há algum lazer?TS - Sim, e temos aproveitado bas-

tante a quadra de vôlei e a churras-queira.

A cidade sabe da existência do DTCEA? E como somos vistos pela população local e pelas autoridades?

TS - O DTCEA está completando três anos. Ainda é pouco conhecido na cidade, mas os que nos conhecem têm orgulho de ter uma unidade da Aero-náutica no município. Não recebemos visita da população em virtude das características do Destacamento.

E a falta de praia? TS - Nos meses de julho e agosto, o rio

Teles Pires, que banha a cidade, forma bancos de areia como se fosse uma praia. Nessa época, acontece o Festival Praia, que é realizado em dois finais de semana, programados pela Prefeitura. Muitas pessoas vão para acampar, per-manecendo todo o final de semana. É bem animado e muito bem estrutu-rado. A Prefeitura promove shows com cantores famosos à noite. A maioria dos freqüentadores é da própria cidade, mas sempre aumenta o movimento.

E as condições das estradas para sair da cidade? Percorrer 500 km e ir para a Chapada e outras localidades, vale a pena?

TS- As estradas, como muitas outras no Brasil, não estão em boas condições, alter-nando entre boa, regular e ruim, depen-dendo da época do ano. Nos meses de chuva, outubro a março, as condições

pioram. Por outro lado, sabemos que um paulistano enfrenta até cinco horas de engarrafamento para ir ao litoral e o carioca para a região dos Lagos em época de férias ou feriados prolongados.

O que não pode faltar para o militar que serve na região Amazônica é o espí-rito aventureiro, o que permitirá superar as dificuldades com certa facilidade. Os grandes tesouros estão bem escondidos e requerem muita perseverança para serem encontrados. Assim são as belezas da região Amazônica. Para serem encon-tradas temos que andar por estradas de chão, a pé, enfim, transpor muitos obstá-culos.

Esperamos que as informações sobre SINOP tenham sido úteis. Porém, caso haja interesse maior, sugerimos visita ao site da prefeitura local: www.sinop.gov.br.

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uma qualidade satisfatória, dentro dos padrões do ensino no Brasil. Já a rede particular de ensino oferece uma grande variedade tanto de instituições como de métodos de ensino.

Saúde - a baixa umidade do ar, seme-lhante ao que ocorre no Planalto Cen-tral, provoca problemas respiratórios na população - há que se ter cuidado. A cidade dispõe de dois hospitais particu-

lares e um Pronto Atendimento Muni-cipal, que oferece um atendimento inicial. Já os casos de emergência são encaminhados para Sorriso, municí-pio distante 80 Km de Sinop.

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O Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e o Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV) promoveram, nos dias 11 e 12 de novembro, a 33ª Reunião Anual de Pilotos Inspetores.

O tradicional encontro reúne pilotos inspetores e honorários, da ativa e da re-serva, com o intuito de man-ter a integração de todos os que fazem ou fize-ram parte do GEIV, além de promover pales-tras referentes às atividades atuais deste grupo.

Realizada em São José dos Campos, a Reu-nião de Pilotos Inspetores fez a diplomação de quatro novos pilotos inspe-tores: Maj Av Martinez, Cap Av Ismail, Cap Av Naylor e Cap Av Pinheiro e, ainda, de cinco novos operadores de sistema de inspeção em vôo: Ten Eng Verônica, primeira operadora de sistema de

inspeção em vôo, 2S BCO Fernando César, 2S BCO Gláucio, 3S BET Rocha e 3S BET Valverde.

Com cerca de 130 participantes, a programação contou com churrasco e torneio de tênis no Clube Campestre Luso-Brasileiro e um jantar de confra-

ternização no dia 11.No dia 12, no auditório do ICEA,

houve uma solenidade, presidida pelo Exm.º Ten Brig Ar José Américo

dos Santos, Diretor-Geral do Departa-mento de Controle do Espaço Aéreo. Estiveram presentes o Diretor do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), o Comandante do Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR), o Vice-Diretor Executivo do DECEA, o Chefe

do Subdeparta-mento de Logís-tica do DECEA e o Comandante da Escola Pre-paratória de Cadetes do Ar (EPCAR).

Como parte das atividades relativas à reu-nião, o ICEA realizou a for- matura de en-cerramento do curso CNS 001 - Pilotos Inspeto-res e Ope- rado-res de Sistema de Inspeção em Vôo, coorde-nado e execu-

tado pelo Instituto, com o objetivo de capacitar pilotos e operadores de sistema para a missão especial de inspeção em vôo.

O piloto inspetor é o responsável pelo vôo de inspeção, tendo que coordenar a inspe-ção em vôo, realizar cálculos e anotações, consultar as publicações pertinentes e fazer

o acompanhamento dos dados obtidos através do Sistema de Inspeção em Vôo

Integração total na 33ª Reunião Anual de Pilotos Inspetores

O Diretor-Geral do DECEA cumprimenta o Cap Av Ismail pela primeira colocação na turma de 2004

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Abaixo, estamos publicando parte do discurso proferido

pela Ten Eng Verônica, primeira operadora de

painel do GEIV, na cerimônia de formatura.

O ineditismo da situação e a pertinência das suas

palavras em relação aotrabalho do DECEA merecem

destaque no Informativo Aeroespaço.

“... Inicialmente, gostaria de con-vidar a todos os presentes para uma viagem em um Boeing 747 da Europa para o Brasil (Rio de Janeiro). A bordo dessa aeronave temos 400 passageiros e as vidas de todos eles, inclusive as nossas, estão nas mãos do Comandante.

“Esse Comandante vai iniciar seu vôo algumas horas antes do horá-rio previsto para a decolagem e, nesse momento, ele vai consultar todas as informações pertinentes à sua rota de vôo, à sua origem, ao seu destino e às suas alternativas.

“De posse de todas essas infor-mações, o Comandante estará apto para iniciar os procedimentos e, então, partir com segurança para mais uma jornada, que começará com uma autorização de tráfego. Depois, outras: de táxi, de decola-gem, de nível de vôo, de descida, de procedimento de aproximação, de pouso e, novamente, de táxi e estacionamento.

“Tanto para o Comandante, como para os passageiros, é tudo simples e transparente. Porém, eles não têm a verdadeira noção do traba-lho hercúleo, desenvolvido pelo DECEA e por todas as suas Divi-sões, para que esta jornada seja exatamente assim, a mais simples possível.

“Nessa viagem, o Comandante utilizou, sem se dar conta, todo o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, todas as divisões do DECEA.

“Gostaria de convidá-los também para ‘tirar’ um Serviço de Alerta em um dos nossos esquadrões de interceptação.

“O piloto estará sempre pronto para qualquer acionamento.

“De repente, ouve-se uma sirene, o caçador estará nos céus em poucos minutos, ascendendo para um nível de vôo e em uma proa ‘pagos’ pelo COpM.

“Interceptará uma aeronave con-siderada hostil, fará o reconheci-mento da mesma, se necessário, mostrar-se-á e orientará o alvo, conforme as intenções do COpM, podendo, agora, até mesmo, abatê-la.

“Após o cumprimento da missão, o caçador retornará para a “maloca” com toda a segurança.

“Vimos, até agora, as principais missões do SISCEAB, mas por quê?

“Porque está sendo formada hoje mais uma turma de pilotos inspeto-res e operadores de sistema de ins-peção em vôo. Nós temos que ter em mente que passamos - agora - a fazer parte do SISCEAB com mais uma grande responsabilidade, pois

seremos, como todos sabem, e é repetido em diversos momentos, os olhos e os ouvidos do Diretor-Geral do DECEA.

“Tenho certeza de que é uma grande honra para todos nós, for-mandos, formados e os que fazem parte desta Organização, cada vez que uma aeronave decola e pousa em segurança, ou quando uma aeronave é interceptada e identifi-cada.

“Porém, nós - formandos - deve-mos entender que nossa nova missão é garantir que todo o Sis-tema esteja funcionando de acordo com as normas técnicas e operacio-nais vigentes, pois o Sistema não pode falhar.

“Não há lugar para falhas quando se trabalha com vidas humanas.

“Sendo assim, assumimos, hoje, um grande compromisso que nos enche de orgulho, devido a enorme confiança em nós depositada.

“Nós, os novos pilotos inspeto-res e operadores de sistema de inspeção em vôo, retribuiremos essa confiança com muito trabalho e nos juntamos, agora, ainda um pouco mais do que antes, àqueles que garantem o controle do espaço aéreo brasileiro.

“Por fim, não poderíamos deixar de agradecer a todos que, direta ou indiretamente, participaram da nossa formação”.

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Auditores do Instituto de Fomento e Coordenação Indus-trial do CTA, realizaram auditoria de manutenção da Cer-tificação do Sistema de Gestão da Qualidade da Sala de Informações Aeronáuticas - AIS-EG do Destacamento de Proteção ao Vôo Eduardo Gomes - DTCEA-EG, no dia 14 de setembro de 2004.

Essas auditorias são realizadas duas vezes por ano, com o objetivo de verificar a conformidade do Sistema de Gestão.

O Certificado do Sistema da Qualidade - NBR ISO 9001:2000 - foi concedido à Sala AIS-EG, no dia 06 de janeiro de 2003. A aferição dos Sistemas da Qualidade foi criada pela Organização Internacional para Normatização (International Organization for Standartization - ISO), com sede em Genebra, na Suíça. A certificação ISO é concedida através da avaliação baseada num conjunto de normas, que visa padronizar e melhorar a qualidade de Empresas e Organizações em todo o mundo.

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DTCEA-SJ tem novo comandante

Realizada auditoria de qualificação da Sala AIS do DTCEA-EG

O Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Con-trole de Tráfego Aéreo (CINDACTA 1) recebeu, no dia 05 de novembro, a visita do Ministro dos Transportes Alfredo Pereira do Nascimento.

Após ser recebido pelos Comandantes da Aeronáutica e do CINDACTA 1, com as honras de estilo, o Ministro visitou o Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS), onde - na oportunidade, conversou com os controladores de tráfego aéreo e pode verificar como o vôo é controlado na área de jurisdição daquele Centro.

Na ocasião, também esteve presente o Comandante-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).

No encerramento da visita, o ministro Alfredo Nascimento agradeceu a hospitalidade e enalteceu o trabalho desen-volvido pela Instituição do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

CINDACTA 1 recebe visita do Ministro dos Transportes

No dia 11 de novembro, o 1° Ten Esp Aer COM Antonio Barros Palandi assumiu o comando do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de São José dos Campos (DTCEA-SJ), recebendo o cargo do Cap Esp Aer CTA Norberto José Calixto.

A cerimônia foi presidida pelo Chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP) e contou com a pre-sença de diversas autoridades civis e militares da comunidade aeronáutica em São José dos Campos.

O DTCEA-SJ tem como missão prestar os serviços de controle do espaço aéreo no aeródromo de São José dos Campos - SP, utilizado entre outros, pela Divisão de Ensaio em Vôo do CTA, EMBRAER, Comando de Aviação do Exército (CAVEX), Aeroclube de São José dos Campos, Helibras e aeronaves particulares.

Após a cerimônia de passagem de comando, o Cap Calixto, que está sendo transferido para a reserva remunerada, recebeu uma justa homenagem pelos seus mais de 30 anos de bons ser-viços prestados ao Comando da Aeronáutica.

O Comandante da Aeronáutica acompanhou o Ministro Alfredo Pereira na visita ao ACC-BS

A cerimônia da passagem de comandoA qualidade da sala AIS foi verificada pelos auditores do IFI

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Antes de abordar o tema propriamente dito, retorno ao passado e relembro um episódio que teve grande importância na minha vida profissional.

Em junho de 1966, encontrava-me ser-vindo no Núcleo de Proteção ao Vôo de Belém, como sargento controlador de vôo da Torre de Controle de Val de Cãns, quando fui notificado que o PARA-SAR estava requi-sitando voluntários para servir naquela Organização e que, naqueles dias, estaria em Belém, efetuando uma avaliação física preliminar dos interessados.

Embora eu tenha demonstrado total interesse e, a meu julgamento, ser capaz de vencer tal desafio, não obtive parecer favorável da minha chefia, devido à carên-cia de controladores de vôo que, já àquela época, se fazia sentir nos órgãos de controle de tráfego aéreo e eu ser um controlador recém-formado. Apesar de entender as razões, fiquei imensamente frustrado por não poder participar da jovem, porém já respeitada e conceituada, organização mili-tar, o PARA-SAR.

Entretanto, quis o destino que, em 15 de junho do ano seguinte (1967), eu me encon-trasse servindo no Núcleo de Proteção ao Vôo de Manaus, no Centro de Informação de Vôo de Manaus (FIC-MN), quando tomei conhecimento de que o FAB 2068, com 25 pessoas a bordo, decolara de Belém com destino a Jacareacanga e, posteriormente, com destino a Cachimbo, para cumprir missão determinada pelo Estado-Maior da 1ª Zona Aérea.

Lamentavelmente, o desfecho foi total-mente infeliz, pois o FAB 2068 não conse-guiu chegar ao seu destino final (Cachimbo), vindo a acidentar-se após voar noite e selva adentro e consumir toda a sua autonomia de, aproximadamente, oito horas de vôo.

Os meios aéreos e o PARA-SAR foram ime-diatamente acionados e, com a chegada da equipe de coordenação SAR proveniente de Belém, tinha início, em 16 de junho de 1967, a minha experiência no Serviço de Busca e Salvamento. Começava, também, a minha admiração e respeito pelo Esqua-drão Aeroterrestre de Salvamento, o glo-rioso PARA-SAR.

Devido a esse grave acidente, onde foram empregados diversos recursos SAR, pude conviver, durante mais de três semanas, com o pessoal do PARA-SAR e sentir de

perto o valor que representava a presença desses abnegados, quando a bordo das aeronaves SAR (aviões e/ou helicópteros), nas dezenas de missões de busca realiza-das, bem como pela certeza do emprego imediato daqueles que ficavam em terra, aguardando ansiosos a ordem para embar-que e deslocamento para realizarem a missão de salvamento.

Sabíamos, todos nós, que - a cada minuto que transcorria sem a localização do FAB 2068, acidentado em plena selva amazô-nica - as chances de sobrevivência dos seus integrantes diminuíam assustadoramente.

Passados longos dez dias, finalmente, os destroços do FAB 2068 foram avistados, dando-se início à missão de salvamento dos sobreviventes e resgate daqueles que fale-ceram no glorioso cumprimento da missão.

Na execução do árduo trabalho de aber-tura de clareiras na selva virgem, da descida

por rapel, dos primeiros-socorros aos sobre-viventes, da identificação e resgate dos corpos, enfim, de todos os procedimentos necessários após a localização da aeronave sinistrada, lá estava o PARA-SAR, sempre ativo, participante, executando ou coorde-nando a difícil tarefa pós acidente.

Creio que, ainda hoje, ecoa na selva ama-zônica o grito de sofrimento e alegria de um dos cinco sobreviventes que, ao deparar-se com o militar do PARA-SAR, surgindo entre as enormes árvores, externou toda a sua confiança, esperança e gratidão ao dizer: “eu sabia que vocês viriam!”

Essa foi uma das inúmeras missões em que a participação do PARA-SAR demons-trou ser de extrema importância para a

busca e salvamento, muito embora tenham existido outras de igual relevância, nas quais a atuação desses incansáveis profis-sionais contribuiu, significativamente, para que diversos sobreviventes de acidentes SAR pudessem ser socorridos em tempo hábil, bem como para a identificação e res-gate dos corpos daqueles que não tiveram a mesma sorte.

Hoje, no Brasil, a Busca e Salvamento vive uma outra realidade respaldada pelo SISSAR (Sistema SAR Aeronáutico) e pelo COSPAS-SARSAT (Sistema de Busca e Salva-mento por Rastreamento de Satélites), pos-sibilitando que a localização das aeronaves e embarcações acidentadas ou em perigo, possuidoras de equipamentos transmisso-res de emergência em funcionamento, se processe com incrível rapidez e segurança. Isso garante aos SALVAEROS a definição quase imediata da área do acidente, com dimensões mínimas e plotagem precisa, significando dizer que, praticamente, a missão de busca deixará de existir, dando lugar, de imediato, à missão de salvamento, a qual não poderá prescindir da participa-ção do PARA-SAR, seja para o socorro ime-diato dos sobreviventes, seja para o resgate dos falecidos.

Essa nova realidade do SAR Nacional traz para os usuários do espaço aéreo e da área marítima sob responsabilidade brasileira, a garantia de que, em caso de acidentes ou em situação de perigo, a pronta resposta da “busca e salvamento” será quase instantâ-nea. Entretanto, a simples determinação da área do acidente, em muitos casos, não será suficiente, principalmente quando o sinistro ocorrer em áreas de difícil acesso, como, por exemplo, florestas, regiões montanhosas e mares revoltos, onde poderá ser necessária a prática do rapel e/ou lançamento de pára-quedistas especializados.

Pode-se afirmar que, a partir de agora, e mais do que nunca, a busca e salvamento necessitará da participação da equipe do PARA-SAR, de forma a garantir que o SISSAR cumpra a sua missão de salvar vidas, empregando com rapidez, eficácia e segu-rança todos os recursos SAR disponíveis, sejam eles marítimos, terrestres, aéreos ou aeroterrestres.

“....tinha início, em 16

de junho de 1967, a minha experiência no Serviço de Busca e

Salvamento.Começava, também, a minha admiração e respeito pelo

Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, o glorioso

PARA-SAR”

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Jair Sampaio - Ten Cel Esp CTA R1Assessor SAR do DECEA, lotado na D-SAR - Divisão de Busca e Salvamento

O PARA-SAR no Sistema deSalvamento e Resgate da FAB

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