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ADVENTISMO DO STIMO DIA
Palavra inicial: Respeitamos o adventismo e temos em alta
considerao crist os adventistas. No momento, porm, que divulgam
suas doutrinas peculiares pela mdia escrita, falada e televisiva,
alcanando e desafiando membros de outras denominaes, temos o
direito e tambm o dever de expor s ovelhas de nosso aprisco os seus
ensinos denominacionais, que no aceitamos por absoluta contradio
com os primados confessionais calvinistas; e no so poucos nem
desprezveis. Exporemos comunidade a fundamentao adventista de seus
dogmas particulares em desacordo com os fundamentos bblicos
reformados. Deixaremos evidentes as fontes no bblicas em que se
baseiam para, a partir delas, tentarem apoio escriturstico,
inclusive as vises pessoais de Ellen White, apresentadas como
verdades reveladas indiscutveis. Os seguidores da referida
profetisa externam publicamente o que teologicamente so; ns
mostraremos apenas aos domsticos da f, pastoralmente, o que somos e
quem so eles, mas sem contundncia nem ofensas de quaisquer
naturezas.
HISTRICO O Adventismo do Stimo Dia nasceu com a pregao do
lavrador batista, William
Miller, do Estado de Nova Iorque, E.U.A. Ele, de Daniel 8.13,14,
concluiu que as 2.300 tardes e manhs eram 2.300 anos. Partindo de
457 a. C., chegou ao ano 1883, afirmando que Cristo,
infalivelmente, voltaria nessa data. No voltando, Miller, alertado
por um de seus seguidores, Samuel Snow, verificou que havia
cometido erro de clculo, por ter usado o calendrio judaico e no o
romano. Convencido do equvoco, remarcou o retorno de Cristo para o
dia 22 de outubro de 1884. Desiludido, porque sua previso mais uma
vez falhara, deixou de pregar o advento; voltou sua igreja de
origem na qual findou os seus dias aos 68 anos incompletos, no dia
20 de dezembro de 1849. Do concretismo da matemtica, que no
funcionou, o adventismo passou s vises individuais. E assim, de
viso em viso, estruturou seu sistema doutrinrio vigente.
Viso do Altar celeste: Na manh de 1885, um millerista fantico,
Hiram Edson, anunciou que havia tido uma viso, na qual vira Cristo
em p ao lado do Altar celeste, concluindo, por sua experincia
pessoal no testemunhada, que Cristo de fato havia voltado, no para
a terra, mas para o Altar, que se localiza em algum lugar no cu,
cumprindo Dn 8.14. A senhora Ellen White, tambm por meio de vises
reveladoras, teve, da parte do Esprito, a confirmao do retorno do
Messias do Cu para o Cu, ocupando o Santo dos Santos celeste, onde
assumiu, com o papel secundrio de Sumo Sacerdote, o supremo posto
de Juiz investigador. Melhores esclarecimentos sobre a questo
daremos posteriormente.
Um ancio, James White, marido da jovem Ellen White,
interpretando Ap 14. 6-12, chegou concluso de que Miller entendeu
bem as mensagens dos dois primeiros anjos, as quais indicam o
movimento adventista dos ltimos tempos antes da volta de Cristo
para o Santo dos Santos celeste, mas no entendeu a pregao do
terceiro anjo( Ap 14..9-12) que, segundo ele, estabelece a
prioridade sabtica e assinala com o sinal da besta todos os que
quebram a lei, especialmente aqueles que profanam o Sbado,
trocando-o pelo Domingo.
Foi dona Ellen White, como profetisa cannica do movimento, que,
por revelao direta, estruturou o adventismo do stimo dia,
organizado em Igreja no ano de 1860. O
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binmio doutrinrio fundamental, Advento e Sbado, determinou o
nome da seita: Igreja Adventista do Stimo Dia.
Eis um quadro esquemtico das doutrinas adventistas com as quais
no concordamos:
a- Dormncia da alma na sepultura. b- Inexistncia do inferno e
das penas eternas. c- Liquidao dos mpios. d- Expiao compartilhada:
Cristo e Satans. e- Juzo Investigativo. f- Fixao do Sbado judaico.
g- Escatologia: Pr-milenismo especfico.
DORMNCIA DA ALMA (Psicopaniquia).
O adventismo afirma, pela profetisa Ellen e por Spicer,
respectivamente, que: Os que descem sepultura esto em silncio. No
mais sabem de coisa alguma que se faz debaixo do sol(J 14. 21).
Bendito descanso para o justo cansado! Seja longo ou breve o tempo,
no para eles seno um momento. Dormem, e so despertados pela
trombeta de Deus para uma imortalidade gloriosa(White, Elen, O
Conflito dos Sculos, 11 Ed., CPB,SP, 1972, pg. 549). O Estado a que
somos reduzidos pela morte de silncio, de inatividade e de inteira
inconscincia( Spicer, apud J.K. Baalen: O Caos das Seitas, 2 Ed.
Imp. Bat. Regular, 1974, SP, pg. 151).
Pressupostos biopsquicos. A doutrina do Sono da Alma, dormente
no corpo decomposto, fsica e quimicamente dissolvido e reintegrado
aos elementos originais( p da terra), uma heresia antiga. Na Idade
Mdia defendiam-na os psicopaniquianos. Pregavam-na alguns grupos
anabatistas no tempo da Reforma. O irvingitas ingleses ensinavam-na
(Berkhof, Louis: Teologia Sistemtica, Luz Para o Caminho, 4 Ed.m
1996, Sp, pg. 695). Alguns telogos liberais defendem-na. Os
adventistas tomaram-na, converteram-na em dogma e a popularizaram.
Filosoficamente, fundamenta-se tal conceito em dois princpios
antropofsicos: Primeiro: a alma simples respirao vital do corpo, no
podendo ter existncia e expresso independentemente dele. Segundo: A
conscincia, o raciocnio e a compreenso so funes cerebrais. Morto o
crebro, ficam liquidadas a cognio e a volio, e a alma, na concepo
adventista, entra em estado de inatividade completa. Em oposio ao
argumento materialista de que o esprito no se expressa sem crebro,
a revelao nos ensina: Deus Esprito incorpreo dotado de inteligncia
e vontade. Os anjos so igualmente incorpreos, porm, inteligentes,
ativos e perceptivos. Tambm as almas ou espritos humanos
desencarnados levam para a existncia, no estado intermedirio entre
a morte a ressurreio, a vitalidade consciente e a expressividade
volitiva, isto , conservam todos os elementos racionais de um ser
inteligente e espiritualmente dinmico. Sobre esta questo, falaremos
depois. Pressupostos bblicos. Ao adventistas citam muitos textos
bblicos, especialmente do Velho Testamento, para provarem a
psicopaniquia. Os textos avocados, porm, no falam de sono da alma;
descrevem, ou a inatividade do morto ou, analogicamente, comparam a
morte ao
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sono do homem, ser uno e integral no conceito vetotestamentrio,
no separadamente de sua alma. Cristo, por exemplo, disse que seu
amigo Lzaro havia adormecido. Ele no afirmou, como induzem os
adventistas, que a alma de Lzaro dormia. Incompreendida, por seus
discpulos, sua linguagem figurada( Jo 11. 12,13), o Mestre falou
claramente: Lzaro morreu( Jo 11. 14). Aqui, incontestavelmente,
sinnimo de morte. E se sono igual a morte neste caso, deduz-se que
deve ser em todos os outros em que a palavra sono seja usada para
significar morte. Lembremos que a morte de Lzaro aconteceu, segundo
os planos divinos, para que o Filho de Deus revelasse seu poder
sobre a morte e fosse glorificado( Jo 11.4), no sobre um suposto
sono. Um caso semelhante de morte de quem se destina ressurreio
preordenada por Cristo a da filha de Jairo. Sobre ela tambm Jesus
afirma: Ela no est morta, mas dorme( Lc 8.52; leia: 8.49-56). Mais
uma vez, repetimos, o Salvador no disse: a alma da menina dorme,
mas: ela no est morta, mas dorme. A tese de que a morte dos que se
destinam ressurreio pode ser comparada a um sono, pois seus corpos
no permanecero indefinidamente sob o seu poder, vale para
entendermos Paulo, quando se refere ressurreio dos justos: No
queremos, porm, irmos, que sejais ignorantes com respeito aos que
dormem, para no vos entristecerdes como os demais, que no tm
esperana. Pois, cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim tambm
Deus, mediante Jesus, trar, em sua companhia, os que domem. Ora,
ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: ns, os vivos, os
que ficarmos at vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que
dormem( I Ts 4. 13-15). A morte dos justos, cujos corpos aguardam a
ressurreio prometida e garantida por Cristo para a vida eterna
glorificada, comparada a um sono. Foi nessa convico que Estvo
adormeceu( At 7.60). A analogia com a morte e a ressurreio
temporria de Lzaro e da Filha de Jairo pertinente. No se diz, no
Novo Testamento, do mpio morto que ele dorme. No VT, em que a
doutrina da ressurreio no estava bem desenvolvida e, portanto, no
fazia parte da confisso de f de Israel, o verbo dormir usou-se para
significar a morte de justos e injustos( Dn 12.12). H, porm, um
problema exegtico, que nos impede de firmar doutrina sobre este
texto: Daniel fala da ressurreio de muitos, no de todos os mortos.
Daniel no fala de dormncia da alma, mas de dormncia do homem. A
esperana da ressurreio leva-nos a considerar a morte um estgio
temporrio de separao corpo-alma, um sono analgico. O mesmo no
acontece com os rprobos, cujas almas aguardam a ressurreio para
juzo final; e, portanto, no a desejam, no depositam nela qualquer
esperana. Os textos do Saltrio servem mais aos Testemunhas de Jeov,
para os quais a alma no passa de respirao de homens e de animais,
que para os adventistas, que defendem sua existncia e permanncia,
mesmo em condio de sonolncia durante o perodo intermedirio, pois
falam do morto como inexistente. Ei-los: Sl 6.5; Sl 39.13; Sl 88.
3-13; Sl 94. 17; Sl 115.17; Sl 146. 4). H adventistas que sustentam
a mesma doutrina russelita: a alma um flego de vida,
extinguindo-se, portanto, com a morte. Neste caso, no podem falar
de ressurreio, mas recriao. Os salmos 94. 17 e 115. 17, chamam o
sepulcro ou sheol de regio do silncio: silncio do morto no de sua
alma separadamente. Veremos, a seguir, a Conscincia da Alma depois
da morte.
A ALMA NO ESTADO INTERMEDIRIO
Estado de Conscincia. A morte, conseqncia do pecado, estabelece
a temporria separao da unidade original corpo-esprito ou
corpo-alma( pneumossoma ou psicossoma). Deus, por sua infinita
misericrdia e inefvel graa, no permitir que os efeitos da queda
permaneam
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danificando seus eleitos. Ele os reunificar, incorruptveis, pela
ressurreio do ltimo dia. Enquanto, porm, perdurar a separao, o
esprito, dado pelo Criador, ficar sob sua proteo, aguardando o dia
da reunificao, quando se restabelecer a condio ideal, conforme a
criao. O esprito, provisoriamente separado de seu corpo pelo qual
veio existncia e se expressou vitalmente como ser humano, tendo
voltado para Deus( Ec 12.7), encontra-se, no Seio de Abrao, em
pleno gozo de suas faculdades cognitivas e volitivas, esperando a
promessa de sua idealidade, a plenitude de sua realidade final:
humanamente perfeito no ser ressurreto. Provas bblicas da
conscincia do esprito ou alma. Do Velho Testamento:
Sl 16.11: Tu me fars ver a vida; na tua presena h plenitude de
alegria; na tua destra, delcias perpetuamente. No pode haver
plenitude de alegria e delcias perpetuamente para uma alma dormente
ou liquidada.
Sl 73. 24: Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na
glria. Deus recebe na glria quem fica dormindo no tmulo?
Sl 116.15 Preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.
Seria preciosa ao Senhor um morto no sepulcro com sua alma dormindo
nele, inexplicavelmente presa matria, somente saindo com ela na
ressurreio? Ec 12.7: E o p volte terra, como era, e o esprito volte
a Deus que o deu. Se volta a Deus, no fica dormindo no leito do
corpo dissolvido. Do Novo Testamento: Em Dt 31. 16 Deus predisse
que Moiss, em breve, estaria dormindo com seus pais. Na interpretao
adventista, sua alma estaria dormente no sepulcro. No entanto, ele
aparece, transfigurado, no Monte da Transfigurao: Mc 9.4:
Apareceu-lhes Elias e Moiss, e estavam falando com Jesus. No consta
que Moiss ressuscitou, maneira de se despertar do sono, conforme a
tese adventista; e mais, falou com Jesus. Elias foi transladado( II
Rs 2.11), mas Moiss dormia, com seus pais, isto , estava morto.
Como ento apareceu falando com Jesus? Mt 22.32: Eu sou o Deus de
Abrao, o Deus de Isaque e o Deus de Jac? E ele no Deus de mortos, e
sim, de vivos(cf Mt 8. 11). Deus de vivos, no de almas letrgicas
inconscientes ou totalmente liquidadas, presas aos elementos fsicos
de seus cadveres. Lc 23. 34: Em verdade te digo que hoje estars
comigo no paraso. No paraso, isto , no jardim do Rei, nos cus, no
em sono sem sonhos na matria putrefeita. Lc 23.46: Pai, na tua mo
entrego o meu Esprito! E, dito isto, expirou. Cristo, como
verdadeiro homem e no uma fantasia humana, no conceito adventista,
deveria entrar em profundo estado letrgico, entregar o seu esprito
ao sono sepulcral. Pelo contrrio, entregou-o ao Pai, levando com
ele o companheiro de cruz para o Paraso celeste: Hoje estars comigo
no Paraso. Fp 1.22,23: Entretanto, se o viver na carne traz fruto
para o meu trabalho, j no sei o que hei de escolher. Ora, de um e
outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar
com Cristo, o que incomparavelmente melhor. Partir e estar com
Cristo, no ficar dormindo no leito tumular. II Co 5: Entretanto,
estamos em plena confiana, preferindo deixar o corpo e habitar com
o Senhor(Leia II Co 5. 1-8). Deixar o corpo e habitar com o Senhor,
certamente no seu Paraso. A alma adventista, na verdade, no deixa o
corpo: fica dormindo nele at a ressurreio. I Pe 3. 19: ...Foi e
pregou aos espritos em priso. Espritos que rejeitaram a mensagem de
No e pereceram no Dilvio. Pregou-lhes a novidade da graa em
Cristo
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Jesus, para que conhecessem o Juiz de todos os seres humanos.
Esprito vivos, conscientes, no almas dormentes. Ap 6. 9-11: Quando
ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que
tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do
testemunho que sustentavam. Clamavam em grande voz, dizendo: At
quando, Soberano Senhor, santo e verdadeiro, no julgar, nem vingas
o nosso sangue dos que habitam a terra? Ento, a cada um deles foi
dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda
por pouco tempo, at que tambm se completasse o nmero dos seus
conservos e seus irmos que iam ser mortos como igualmente eles
foram. Almas conscientes e ativas sob a proteo de Deus, isto ,
debaixo do altar, reclamavam a justia divina sobre seus algozes.
Cristo aconselha tais almas a aguardarem com pacincia e
tranqilidade porque a soluo final do julgamento somente aconteceria
quando se completasse o nmero dos eleitos e mrtires. Aqui se
explicita claramente que as almas dos justos mortos vo para o altar
celeste, onde ficam sob a proteo do Salvador. Lendo texto como
este, ainda possvel acreditar na dormncia ou inconscincia da alma?
Ap 20. 4b: Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos
quantos no adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e no
receberam a marca na fronte e na mo; e viveram e reinaram com
Cristo durante mil anos. Almas dos que morreram por martrio,
vivendo e reinando com Cristo durante mil anos. Conscincia no Cu e
no Inferno. Jesus Cristo, o Verbo encarnado, Mestre incontestvel,
esclareceu-nos, convincente e definitivamente, sobre a situao
consciente dos mortos, justos e injustos, no estado intermedirio,
por esta extraordinria parbola, o Rico e Lzaro: Ora, havia certo
homem rico que se vestia de prpura e de linho finssimo e que, todos
os dias, se regalava esplendidamente. Havia tambm certo mendigo,
chamado Lzaro, coberto de chagas, que jazia porta daquele; e
desejava alimentar-se das migalhas que caam da mesa do rico; e at
os ces vinham lamber-lhe as lceras. Aconteceu morrer o mendigo e
ser levado pelos anjos para o seio de Abrao; morreu tambm o rico e
foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos
e viu ao longe a Abrao e Lzaro no seu seio. Ento, clamando, disse:
Pai Abrao, tem misericrdia de mim! E manda a Lzaro que molhe em gua
a ponta do dedo e me refresque a lngua, porque estou em tormento
nesta chama. Disse, porm, Abrao: Filho, lembra-te de que recebeste
os teus bens em tua vida, e Lzaro igualmente, os males; agora,
porm, aqui, ele est consolado; tu, em tormentos. E, alm de tudo,
est posto um grande abismo entre ns e vs, de sorte que os que
querem passar daqui para vs outros no podem, nem os de l passar
para ns. Ento, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes minha casa
paterna, porque tenho cinco irmos; para que lhes d testemunho, a
fim de no virem tambm para este lugar de tormento. Respondeu Abrao:
Eles tm Moiss e os Profetas; ouam-nos. Mas ele insistiu: No, Pai
Abrao; se algum dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-o.
Abrao, porm, lhe respondeu: Se no ouvem a Moiss e aos Profetas,
tampouco se deixaro persuadir, ainda que ressuscite algum dentre os
mortos Negar esta parbola com o objetivo de rejeitar a situao dos
mortos no estado intermedirio menosprezar a revelao direta sobre a
matria, feita pelo prprio Deus encarnado em Jesus Cristo.
Deturpar-lhe o significado, como fazem alguns, corromper a Palavra
de Deus. Aceita nos seus termos, como realmente deve ser, ficam
estabelecidas as seguintes doutrinas, rejeitadas pelos adventistas:
Na morte, Corpo e Alma separam-se: Aconteceu morrer o mendigo e ser
levado pelos anjos para o seio de Abrao; morreu tambm o rico e foi
sepultado(v.22). Cristo, pois, no defende a tese adventista de que
a alma fica dormindo com o corpo: separa-se dele. Tal separao,
porm, dura somente enquanto durar o Estado Intermedirio, que ser
interrompido pela ressurreio tanto de justos como de injustos, e
num nico dia. Os justos ressuscitaro para o gozo eterno; os mpios
para o juzo eterno.
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As Almas ativas e Conscientes: Vejam as atitudes volitivas e
cognitivas da alma do rico: Viu: Levantou os olhos e viu(v. 23);
Clamou: Pai Abrao...; Requereu: Manda a Lzaro...; Sentiu: Estou
atormentado; Intercedeu: Imploro que o mandes minha casa paterna;
Altercou com Deus: No, Pai Abrao; se algum dos mortos for ter com
eles, arrepender-se-o. Quer uma alma mais consciente e ativa que
essa? O rico, certamente, preferiria o sono, mas isto no lhe foi
possvel. Cu e Inferno: Jesus ensinou a existncia do Cu, onde Lzaro
recebe o consolo divino, repousado no seio de Abrao, isto , como
comensal privilegiado do Pai(v. 22 cf 25), aguardando dias melhores
ainda, quando a idealidade humana completar-se na ressurreio; e do
Inferno(hades), onde o rico se encontra em tormento( vs. 22,23 cf
25), aguardando dias piores. Castigo Eterno: Disse, porm, Abrao:
Filho, lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e
Lzaro igualmente, os males; agora, porm, aqui, ele est consolado; e
tu, em tormentos( v. 25). O castigo imposto alma pela justia divina
no Hades, continuar na Geena depois da ressurreuo. Os que pregam o
sono da alma no tempo intermdio entre a morte e a ressurreio e,
portanto, a sua inconscincia; os que proclamam a inexistncia do
inferno e das penalidades eternas, gostariam que a Parbola do Rico
e Lzaro no constasse dos escritos sagrados, mas no so poucas as
tentativas de negar-lhe a autoridade doutrinria com a alegao de que
Jesus no a contou para falar da vida futura no Estado Intermedirio.
Impossvel, porm, negar o inegvel.
CONCLUSES sobre o estado intermedirio e final da alma: As Almas
dos Justos Esto no Cu:
a- O ex-ladro convertido na cruz foi convidado por Cristo a
estar com ele no Paraso imediatamente aps a morte( Lc 23.43). E o
Paraso o Cu: Conheo um homem em Cristo que, h quatorze anos, foi
arrebatado at ao terceiro cu( se no corpo ou fora do corpo, no sei,
Deus o sabe); e sei que o tal homem( se no corpo ou fora do corpo,
no sei, Deus o sabe), foi arrebatado ao paraso e ouviu palavras
inefveis, as quais no lcito ao homem referir (II Co 12. 2-4).
b- As almas dos redimidos, aperfeioadas, esto includas no rol da
Igreja celeste: universal assemblia e Igreja dos primognitos
arrolados nos cus, e a Deus, Juiz de todos, aos espritos dos justos
aperfeioados( Hb 12. 22b, 23).
As Almas dos mpios esto no Inferno: Veja a situao da alma do
rico( Lc 16. 23, 25). Compare o ensino do divino Mestre na
parbola do Rico e Lzaro com o que nos revela Pedro em I Pe 3.
19,20; II Pe 2. 9. Punio eterna: A bno do salvo eterna, mas a
maldio do rprobo tambm eterna;
comea no estado intermedirio com o tormento do Hades, continua
no fogo da Geena, depois de ressurreto. Sobre as penalidades
eternas, ouamos o Mestre dos mestres: Se a tua mo te faz tropear,
corta-a; pois melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas
mos, ires para o inferno, para o fogo inextinguvel [ onde no lhes
morre o verme, nem o fogo se apaga]. E se teu p te faz tropear,
corta-o; melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois ps,
seres lanado no inferno [ onde no lhes morre o verme, nem o fogo se
apaga]. E, se um dos teus olhos te faz tropear, arranca-o; melhor
entrares no reino de Deus com um s dos teus olhos do que, tendo os
dois, seres lanado no inferno, onde no lhes morre o verme nem o
fogo se apaga( Mc 9. 43-48). O fogo e a imundcia do Vale de Hinon
so tomados por Cristo para ilustrar o castigo eterno dos mpios.
Mais duas sentenas de Cristo: Ento, o Rei dir tambm aos que
estiverem esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o Diabo e seus anjos( Mt 25. 41). E iro
estes para o castigo eterno, porm, os justos, para a vida eterna(
Mt 25. 46 cf Dn 12. 2; Mt 5.22; Mt 8. 11,12; Mt 18. 8,9; Jd 7; Lc
3. 17; Hb 10. 27; Ap 19.20; Ap 20.10,14,15; Ap 21.8).
Nada, segura e indiscutivelmente, h no Novo Testamento sobre:
dormncia da alma, inexistncia do inferno; extino dos mpios. Para
ns, a Escritura a nica regra de f; para os adventistas: a Bblia,
como documento de confirmao, e a Palavra cannica de Ellen White
(terceiro testamento), como revelao fundamental, so regras de
f.
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PRESSUPOSTOS FALSOS Falsa Interpretao de Daniel. A doutrina
adventista da expiao procede de uma falsa compreenso de Daniel
8.14. O fundador da seita, senhor William Miller, supondo ter
interpretado corretamente a profecia, previu o retorno de Cristo
para 22 de outubro de 1844. Cristo no veio. A decepo foi, para ele
e seus seguidores, traumatizante e constrangedora. A senhora Ellen
White, para que a profecia do mestre prevalecesse, usando a
habilidade que lhe era peculiar, fez a Bblia comprovar que o
vaticnio de Miller era verdadeiro, pois o que predisse Daniel ( Dn
8.14) real e literalmente se cumpriu, porque l se declara que,
depois das duas mil e trezentas tardes e manhs, o santurio ser
purificado. Ela conclui, por revelao direta, no por exegese, que o
santurio de que falou Daniel era o do Cu, no o da terra,
contrariando os propsitos da profecia e a lgica interpretativa, alm
de no perceber que duas mil e trezentas tardes e manhs referiam-se
a dois mil e trezentos sacrifcios, dois em cada dia, que deixariam
de ser oferecidos a Jav, perfazendo um total de 1.150 dias.
Transferncias arbitrrias. A primeira inconseqncia foi
transformar um dia de sacrifcio, ofertas matutinas e vespertinas,
em dois dias. A Segunda, converter arbitrariamente dias em anos. A
terceira, tomar a data do retorno de Esdras como ponto de partida
dos clculos. A concluso falsa, quando parte de premissas falsas. o
que acontece com o adventismo. Verifica-se, pois, que: a- Duas mil
e trezentas tardes e manhs so, na verdade, 1.150 dias. b- Dois mil
e trezentos dias no so dois mil e trezentos anos. c- A contagem, a
partir do decreto de Artaxerxes, que autorizou o regresso de Esdras
Palestina(457 a. C.), no segura, porque h dois reis sucessivos com
o mesmo nome: Artaxerxes I e Artaxerxes II. Se foi no stimo ano do
reinado de Artaxerxes I, o decreto deve datar-se, aproximadamente,
de 458 a.C.; se ocorreu no reinado de Artaxerxes II, a data provvel
398 a. C.( Esdras: Dic. Enclopdico da Bblia, Editora Vozxes, Trad.
da 3 Ed. Holandesa, Petrpolis, RJ, 1992), a mais aceita por
Albright e H. H. Rowley( Samuel Schultz: Hist. De Israel, Edit.
Vida Nova,SP, 1980, pg 251- rodap). Parece certo que o ltimo tempo
da ira( Dn 8.19) o fim do cativeiro babilnico, onde comea a viso,
pois Dn 8.20 fala do poder medo-persa, destruidor do imprio
babilnico. Segue o poderoso bode, o imprio grego( Dn 8. 21 cf 8.5),
que derrotou a Prsia em 480 a. C. No final do imprio helnico nasceu
um chifre pequeno, Antoco Epifnio, dspota elenizante, que marchou
contra a terra gloriosa, a Palestina(Dn 11.16,41) massacrando, em
trs dias, 40.000 judeus, profanando o Santo dos Santos, erguendo um
altar a Zeus e oferecendo sobre o Altar das ofertas queimadas uma
enorme porca. A inominvel profanao fez, no somente cessar o
sacrifcio no templo, mas estabelecer a sua inviabilidade posterior(
J.K. Van Baalen: O Caos das Seitas, Imp. Bat. Reg., SP, 1974, pg.
153).
O cumprimento da profecia de Dn 8.14 verificou-se com exatido.
Antoco ofereceu a porca em sacrifcio no Altar Sagrado em 25 de
dezembro de 168 a.C. No dia 25 de dezembro de 165 a.C., vitoriosa a
revoluo macabaica, ofereceu-se o sacrifcio sobre um altar novo, no
profanado, sendo o Altar purificado, depois de trs anos de
profanao, isto , depois de 2.190 tardes e manhs de sacrifcios no
realizados. Como os sacrifcios, diante da iminncia de invaso e das
impossibilidades criadas pelos conflitos blicos, j haviam sido
suspensos tempos antes, as 2.300 omisses sacrificiais
completaram-se( J.K. Van Baalen, obra citada, pagsa. 152-153). Isto
o que realmente aconteceu; o resto fantasia de mentes fanatizadas
e, por isso mesmo, delirantes.
Concluso: Miller, subtraindo a data incerta de 457 a.C. dos
supostos 2.300 anos, chegou concluso de que a marca do retorno de
Cristo apontava, invariavelmente, o ano
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de 1843. Cristo, contudo, no veio, como matematicamente previra
o profeta. Ele descobriu que o Messias no retornara porque havia
calculado erradamente, mas que poderiam esper-lo porque, com
certeza, apareceria no dia 22 de outubro de 1844. No apareceu. A
profetisa Ellen White, tomando os dados falsos do profeta Miller,
inspirada, dogmatizou que Cristo realmente voltou, no para o altar
terreno, projeo do celeste, mas para o altar dos cus, o Santo dos
Santos. Em cima do advento por ela imaginado e convertido em dogma
doutrinrio, o adventismo, estabeleceu a sua antibblica teologia da
expiao, que estudaremos posteriormente.
NOMOLATRIA
ENTRONIZAO DA LEI. O adventismo, confessionalmente, nomoltrico,
isto , confessa e pratica verdadeira idolatria da lei, acreditando
e ensinando que o Declogo registrado nas tbuas de pedra no Sinai,
posteriormente guardadas na Arca, projeo exata do que preexistia no
Santurio Celeste. Eis o que diz a senhora White: A Lei de Deus no
santurio celeste o grande original, de que os preceitos inscritos
nas tbuas de pedra, registrados por Moiss no Pentateuco, eram uma
transcrio exata. Ningum poderia deixar de ver que, se o santurio
terrestre era uma figura ou modelo do celestial, a lei depositada
na arca, na terra, era uma transcrio exata da lei na arca que est
no cu( White, Ellen: O Conflito dos Sculos, 11 Ed, CPB. SP, 1972,
pgs. 433, 434). Sente-se nestas afirmaes dogmticas forte cheiro de
platonismo: Tudo que se nota no mbito fenomenal projeo do real
existente no mundo dos arqutipos ou das idias perfeitas. O Declogo,
no conceito adventista, ocupa posio divinizada e eterna no Santo
dos Santos celeste, ao lado de Jesus Cristo, entronizado
posteriormente. Assim, com o privilgio da precedncia, iguala-se em
poder e dignidade ao Filho de Deus. O cdigo decalogal, pois,
eternamente concorre, no mesmo nvel de autoridade, com o Verbo
encarnado. So, portanto, duas potestades no tal Santurio do Cu: A
Lei, que sempre esteve l, e Jesus Cristo, que somente chegou em
1884; a primeira, como regente, o segundo, como Juiz investigativo.
Alm da proemincia celeste, o adventismo destaca os dez mandamentos
com a designao de Lei moral, escrita direta e pessoalmente por Jav.
Quaisquer normas fora do Declogo, dizem, so leis cerimoniais,
escritas por Moiss. No entanto, Jesus, com a prerrogativa de
Segunda Pessoa da Trindade, modificou-lhe o contedo no Sermo do
Monte( Mt 5-7), deixando de mencionar o mandamento sabtico,
certamente por irrelevncia: suas atitudes para com o Sbado
demonstram que no tinha esse preceito legal como necessrio a um
cristianismo internacional, fundamentado na graa, no na lei. Alm do
mais, o divino Mestre, infinitamente superior senhora White,
resumiu os mandamentos em apenas dois: Amars o Senhor teu Deus de
todo o teu corao, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Este o grande mandamento. O Segundo, semelhante a este, : Amars o
teu prximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda
Lei e os Profetas.. Cristo, porm, como Deus encarnado, no os
transcreveu das tbuas originais depositadas no Santo dos Santos
celeste, mas das chamadas, pelos adventistas, de leis cerimoniais.
Para a formulao do primeiro mandamento o inquestionvel Rabino
recorreu a Dt. 6.5. O segundo, ele o fundamenta em Lv 19.18. Os
dois mandamentos dos quais toda Lei e os Profetas dependem no so
projees da Lei depositada no Santurio dos Cus. Cristo ignorou o tal
original celeste. Ele veio cumprir a lei compendiada nas
Escrituras, constante de todas ordenanas, no ab-rog-la(Mt 5. 18).
Cumpriu-a, menosprezando o literalismo decalogal, mas afirmando os
preceitos gerais. Fundamentou o seu cdigo substituto no
-
primado do amor, jamais na implacvel legalidade preceitual. O
atributo do amor encontra-se em Deus, no nas tbuas da lei cujo
original se encontra, segundo White, na Arca do Santurio celeste.
Lei cabalmente cumprida justia totalmente satisfeita. Foi o que
Cristo fez, encerrando o ministrio soteriolgico da lei mosaica.
MORRE O LEGALISMO, RESSUSCITA A GRAA. Jesus declarou o seguinte: A
Lei e os Profetas duraram at Joo; desde esse tempo, vem sendo
anunciado o evangelho do reino de Deus( Lc 16.16). mais fcil passar
o cu e a terra do que cair um til sequer da Lei( Lc 16.17). A Lei e
os Profetas eram os modos pelos quais Deus comandava e doutrinava o
seu povo. Agora ele o faz por meio do Filho encarnado, substituindo
o legalismo estereotipado, gravado em tbuas de pedra, pelos
mandamentos do amor, implantados no corao dos eleitos( Jr 31. 31) e
tornados efetivos pelo Esprito Santo, que em ns habita. Na
abalizada opinio de Jesus Cristo, os maiores sob a lei eram menores
que o menor no reino dos cus, a Igreja de Cristo( Cf Mt 11. 11). Na
velha dispensao, pecava mortalmente quem quebrasse a lei; na nova,
peca imperdoavelmente quem ofende o Esprito Santo, o aplicador da
lei da graa no interior de cada regenerado(Mt 12. 31, 32). Na
vigncia do legalismo mosaico, a lei revelava o pecado(Rm 7. 7), mas
no domnio da graa quem nos convence do pecado, da justia e do juzo
o Esprito Santo, que nos foi outorgado( Jo 16.8-11). Os
mandamentos, na qualidade de esteretipos, vigoraram at o Batista, o
ltimo dos profetas vetotestamentrios. A partir de ento, o governo
das almas recai sobre o Cordeiro(Jo 1.16,17), que as gere pelo amor
e as habilita, por meio do Parclito, a guardarem todos os
mandamentos resumidos nos primados do amor incondicional a Deus e
no amor interativo ao prximo. O velho pacto legal, com o surgimento
da graa, tornou-se antiquado e intil( Hb 8.13 cf Hb 7. 18,19), pois
Cristo aboliu, pela encarnao, a lei e as suas ordenanas( Ef 2. 15).
No nos achamos, pois, debaixo da lei, mas da graa( Rm 6.15). Somos
guiados pelo Esprito Santo, que atua em ns, conformando-nos lei de
Cristo( Mt, caps. 5-7), no externamente pelos velhos mandamentos,
mesmo tendo os seus originais no Cu( Gl 5. 18 cf II Co 3. 7-11)).
Leiam, por favor, Glatas: 2. 4,16,21; 3. 1,2,10-13, 21,24; 4.
21-31; 5. 1-8. Leiam tambm Hebreus, captulos 7,8,9,10. O adventismo
contraditrio: prega a justificao pela f, mas professa a salvao
pelas obras da lei. So doutrinas entre si antagnicas,
irreconciliveis.
AINDA A LEI DE DEUS
O adventismo, para justificar e fundamentar o seu apriorstico
legalismo, faz a seguinte distino entre lei moral e lei cerimonial:
Lei moral: A que foi dita por Deus( Ex 20. 11-17); escrita por
Deus( Dt 31. 18); escrita em tbuas de pedra( Dt 9.10s); colocada na
Arca( Dt 10. 1-15); eterna( Sl 11.7,8); boa( Ne 9. 13; Rm 7. 12); o
homem por ela viver( Ez 20. 11s). Lei cerimonial: A que foi dita
por Moiss( Ex 21. 1); escrita por Moiss( Dt 31. 9); escrita num
livro( Dt 31. 24; Ex 24. 4-7); colocada ao lado da Arca( Dt 31. 26)
devia cessar( Os 2. 11; Hb 7. 12); no se havia de viver por ela( Ez
20. 25)( Estudois Bblicos, CPB, 2 Ed, pg 79). Semelhante distino
sabatista leva-nos a concluir, contra a realidade bblica
contextual, o seguinte: a- Os dez mandamentos, procedendo
diretamente de Deus, constituem a nica parte
moral da lei, sendo de natureza eterna. b- Moiss no foi a boca
de Deus, o grande profeta, mas falou humanamente, e o que disse no
tem valor perptuo.
-
c- Deus, no Sinai, no passou de um simples amanuense, copiando,
literalmente, os preceitos decalogais das tbuas celestes. d- O que
Jav falou por meio de seu legtimo porta-voz, no conceito
adventista, no tem permanente e real autenticidade divina. e- A
proeminncia e a santidade do Declogo esto no fato de ter sido
lavrado em tbuas de Pedra. Paulo, no entanto, contrariando o
adventismo, afirma que o que fora lavrado em tbuas de pedra
constituiu-se em ministrio da morte e da condenao: E, se o
ministrio da morte, gravado em tbuas de pedra, se revestiu de
glria, a ponto de os filhos de Israel no poderem fitar a face de
Moiss, por causa da glria do seu rosto, ainda que desvanecente,
como no ser de maior glria o ministrio do Esprito! Porque, se o
ministrio da condenao foi glria, em muito maior proporo ser
glorioso o ministrio da justia. Porquanto, na verdade, o que,
outrora, foi glorificado, neste respeito, j no resplandece, diante
da atual sobrecelente glria. Porque, se o que desvanecia teve sua
glria, muito mais glria tem o que permanente(II Co 3. 7-11). Paulo
contrasta a Lei, ministrio da morte e da condenao, com a graa,
ministrio da vida e do perdo; uma gravada no granito inerte,
estereotipada, letra morta; outra, impressa pelo Esprito Santo no
corao regenerado, palavra viva.
O que no se encontra no Declogo, afirmam os milleristas, pode
cessar. Todos os textos, porm, que falam da cessao da lei no dizem
que apenas cessam as leis cerimoniais, porque, realmente, as
Escrituras no isolam, para destacar, as leis morais das cerimoniais
nem sustentam que as leis morais encontram-se exclusivamente no
Declogo. Os mandamentos do amor, repetidos e ressaltados no Novo
Testamento como suficientemente perfeitos para substiturem os
preceitos decalogais, nunca demais repetir, no se encontram no
Declogo como j se observou. H simbolismos cerimoniais que serviram
para apontar o advento do Messias e o real significado de sua
encarnao, vida, paixo, morte e ressurreio, encerrando em si o que
era simplesmente simblico na velha dispensao. A Lei de Cristo.
Todos sabemos, inclusive os adventistas, que a lei de Cristo a do
amor: amor a Deus e ao prximo. O seu cdigo mandamental bivalente,
sntese de todas as ordenanas divinas, , indubitavelmente, a base e
o centro do contedo moral dos preceitos sagrados, mas no se
encontra nas tbuas de pedra depositadas na arca celeste. O Mestre
dos mestres, Deus encarnado, depositrio e emissrio da Palavra de
Deus, tabernaculando conosco, ignorou o tal cdigo original do Cu,
intocvel e imutvel, pois, usando a sua autoridade divina(Eu, porm,
vos digo), aprofundou os mandamentos, ampliando-lhes e
modificando-lhes o significado mosaico e at excluindo alguns. Por
exemplo, ao mandamento: No matars, acrescentou: no irars, no
isultars( Mt 5. 21,22). Ao mandamento: No adulterars, adicionou: No
desejars a mulher do prximo, no repudiars tua mulher( Mt 5. 27-32).
Alm das alteraes e acrscimos, Jesus aboliu alguns mandamentos. Por
exemplo: No jurars falso; Jesus o modifica para: De modo algum
jureis( Mt 5. 33-37); Amars o teu prximo e odiars o teu inimigo; O
Filho de Deus corrige-o, modificando: Amai os vossos inimigos( Mt
5. 43,44). A lei de talio Cristo a ab-rogou completamente( Mt 5.
38-42). Como se observa, todo o legalismo mosaico, de dentro e de
fora do Declogo, foi reformado pelo Messias luz do cdigo do amor.
Hoje, no so as tbuas de pedra que nos obrigam obedincia; guardamos
a lei por impulso e compulso do Esprito Santo, que em ns habita.
Assim, os mandamentos, modificados por Cristo, prevalecem no Novo
Testamento, no como princpios soteriolgicos, mas como padres ticos
da vida e do testemunho cristos. Reinterpretados conforme a lei do
amor os mandamentos objetivamente so referidos e mantidos como
normas ticas do cristianismo. Encontramo-los em muitos textos
-
neotestamentrios(Mt 4.10; I Co 10. 14; I Jo 5. 21; Mt 5. 34, 38;
Tg 5. 12; Mt 19. 19; Ef 6. 2,3; Mt 19.18; Rm 13. 9). Antes do
Verbo, a Lei operava como palavra autoritativa de Deus; agora,
opera a lei do Evangelho revelada no Novo Testamento e entronizado
nos coraes regenerados. O nomocentrismo cedeu lugar ao
cristocentrismo. Agarrar-se Lei, especialmente ao preceito sabtico,
significa apegar-se ao superado judasmo, ao ministrio da morte e da
condenao, necessrio como indicador e aio, mas inoperante como poder
redentor, pois a vida eterna s possvel em Cristo Jesus( Leia Gl 3.
19-29). A graa no deixa espao nomolatria e nomocentria
adventistas.
A EXPIAO ADVENTISTA Preliminarmente, antes de qualquer
detalhamento, necessrio se faz explicitar as
seguintes teses adventistas sobre a expiao: a- A expiao de
pecados no se realiza na cruz pelo ato em si da crucificao, mas no
alm, quando se completar o juzo de investigao.
b- A expiao dar-se- no Santo dos Santos celeste, quando Cristo
apagar os registros de pecados no livro de assentamentos,
depositado na Arca do Tabernculo do Cu.
c- Todos os pecados confessados ao Sumo Sacerdote, Jesus Cristo,
so por ele transferidos para o Santurio dos Cus, sendo confrontados
com a Lei que l se encontra.
d- Os pecados dos que apresentarem os mritos do arrependimento e
da f, no final do juzo investigativo, sero retirados do santurio e
depositados sobre Satans, que os levar para sempre.
Expiao fora da cruz. Van Baalen, mencionando documento
adventista, registra: Ns discordamos da opinio que a expiao foi
efetuada na cruz, conforme geralmente se admite. E, citando Ellen
White: Aps sua ascenso, nosso Salvador devia comear sua obra como
nosso Sumo Sacerdote...O Sangue de Cristo, embora visasse libertar
da condenao da lei o pecador arrependido, no tinha por objetivo
anular o pecado; ficaria em registro no santurio at a expiao final(
J. K. Van Baalen, O Caos das Seitas, pgs 156, 157, Imprensa Bat.
Regular, SP, 1974). Vejam que, para o adventismo, o efeito expiador
do sangue de Cristo ser a posteriori, quando o prprio Cristo, por
investigao, chegar concluso de que o requerente a ele faz jus. Tudo
fica registrado no livro celeste para posterior aplicao.
Expiao no Santurio Celeste. Os pecados confessados e colocados
sobre Cristo pela f so transferidos para o santurio celeste.
Deixemos que a prpria White defina a expiao adventista: O sangue de
Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos,
assegurava-lhes perdo e aceitao perante o Pai; contudo, ainda
permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no servio
tpico havia uma expiao ao fim do ano, semelhantemente, antes que se
complete a obra de Cristo para a redeno do homem, h tambm uma
expiao para tirar o pecado do santurio.
Em o novo concerto, os pecados dos que se arrependem so, pela f,
colocados sobre Cristo e transferidos, de fato, para o santurio
celeste. E como a purificao tpica do santurio terrestre se efetuava
mediante a remoo dos pecados pelos quais se polura, igualmente a
purificao real do santurio celeste deve efetuar-se pela remoo, ou
pagamento, dos pecados que ali esto registrados. Mas antes que isso
se possa cumprir, deve haver um exame dos livros de registro para
determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e f em Cristo, tem
direito aos benefcios de expiao. A purificao do
-
santurio, portanto, envolve uma investigao- um julgamento(O
Conflito dos Sculos, 11 Ed. ,CPB, 1972, pg.420 cf pgs 486 e
548)).
Satans, expiador de pecados. isto mesmo: Satans carregando
pecados do povo de Deus. Eis o que ensina a
senhora White: Como o sacerdote, ao remover do santurio os
pecados, confessa-os sobre a cabea do bode emissrio,
semelhantemente Cristo por todos esses pecados sobre Satans, o
originador e instigador do pecado( Obra citada, pg. 485). Ao
completar-se a obra de expiao no santurio celestial, na presena de
Deus e dos anjos do Cu e dos exrcitos reunidos, sero postos sobre
Satans os pecados do povo de Deus( CS, pg. 655). Tendo sido os
pecados dos justos transferidos para Satans, tem ele de sofrer no
somente pela prpria rebelio, mas por todos os pecados que fez o
povo de Deus cometer( CS, pgs. 669/70).
Quem verdadeiramente expia os pecados, para o adventista,
Satans. O sangue do Cordeiro vicrio apenas credencia o Juiz
investigador, no final da investigao, a transferi-los para o Sat
sofredor, que os carregar, penando, durante mil anos numa terra
desolada(Cf CS, pg. 670). Se tudo ser feito, conforme a senhora
White, seguindo o ritual do sacrifcio tpico do santurio terrestre,
segue-se que Cristo impor as mos sobre a cabea de Satans para
transferir-lhe os pecados dos justificados, repetindo,
literalmente, o procedimento sacerdotal para com o bode emissrio,
Azazel. Isto algo tanto deduzvel desse esdrxula doutrina como
inimaginvel.
No se pode chamar de crist uma seita que ensina o seguinte: a-
Os pecados dos justos pelos quais Cristo morreu no ficam
eliminados, mas
permanecem transcritos no livro de registro, depositado no
santurio celeste ao lado da Lei.
b- A expiao no se deu na cruz; dar-se- no santurio celeste. c-
Tem direito eficcia expiatria do sangue de Cristo, registrado no
santurio, os
que se arrependem e os que crem, isto , pelos mritos pios dos
esforados. d- Os pecados no so imediatamente expiados por Cristo
mediante o seu sacrifcio
vicrio, mas transferidos para o santurio celeste para posterior
avaliao e purificao. e- Os pecados dos justos, no final do juzo
investigativo, sero retirados por Cristo
do santurio e colocados sobre Satans, o bode sofredor da terra
desolada. f- A justificao um ministrio exclusivo da lei, sendo a f
uma virtude humana,
que viabiliza e possibilita a obedincia aos mandamentos. A causa
operante da salvao no a graa, mas a lei.
EXPIAO POR AZAZEL
A senhora White, profetisa inspirada do adventismo, descobriu a
doutrina da expiao compartilhada- Cristo e Satans- em Lv. 16.
20-22. Este texto fala de dois bodes sacrificiais para os quais os
pecados do povo de Deus foram simbolicamente transferidos, sendo um
sacrificado substitutivamente e outro, mantido vivo, mas abandonado
na solido dos ermos. Ela, dicotomizando o sacrifcio, viu no bode
substituto sacrificado o tipo de Cristo e no vivo alienado, a
figura do prncipe dos demnios. Ento, imaginativamente, conclui:
a- O bode abatido, cujo sangue faz a purificao do santurio,
prefigura Jesus Cristo que, pelo seu sangue imaculado, purificar o
altar do Santo dos Santos celeste; fato que ocorrer no fim do Juzo
Investigativo.
-
b- O bode emissrio, Azazel, prefigura Satans, para o qual Cristo
transferir todos os pecados de seu povo, que se encontram
registrados no livro arquivado no santurio, e o desterrar para a
terra desolada, onde permanecer em estado de inominvel sofrimento
por seus prprios crimes e pelos delitos dos justos pelos quais
diretamente responsvel. Esse ato de transferncia expiatria ocorrer
no encerramento do juzo investigador, dando incio ao perdo dos
justos, que habitaro com Cristo, e ao milnio, durante o qual o
Azazel Expiatrio vagar, com seus anjos maus, pela terra convertida
em deserto, terrivelmente rida.
O Papel do Diabo na Expiao Adventista. A vtima expiatria, na
verdade, Satans, no Jesus Cristo. O sangue de Cristo, de fato, no
exerce expiao: ele transferido para o santurio celeste, onde se
encontram os pecados dos justos registrados em livro prprio. Quem,
no juzo final, tiver merecimento por arrependimento e f, o depsito
do sangue de Cristo a seu favor garantir-lhe- a remoo dos pecados,
que sero colocados sobre o Demnio regente. Este, sim, funcionar
como bode expiatrio, carregando os pecados dos santos, sofrendo por
eles e, porteriormente, no final do milnio, morrer expiatoriamente,
eliminando as culpas de todos os filhos de Deus. Quem, finalmente,
vai morrer pelos pecados, conforme os adventistas, Satans.
Inacreditvel!
O Sacrifcio e Azazel. Sacrifcio nico. luz do contexto
sacrificial, no se pode imaginar sacrifcios
expiatrios independentes, um do bode sacrificado, outro do vivo.
Ora, o culto sacrificial do Dia Nacional da Expiao era uno, com um
nico significado: purificao do arraial ou do santurio e perdo dos
pecados coletivos. A cerimnia constava de dois bodes: um que,
carregando os pecados do povo, eliminava-os pela morte vicria;
outro que, igualmente levando as culpas dos eleitos, continuava
vivo, mas em lugar onde a contaminao fosse impossvel. Nesse ato
simblico, a morte sacrificial e a vida sacrificial prefiguravam,
prolepticamente, um s evento: a vida, paixo e morte de Cristo, o
que carregou o nosso pecado( Is 53. 4,8 cf Jo 1. 29, 36; I Jo 3.5))
e, ao mesmo tempo, encravou-o na cruz(Is 53. 5-7). Os dois bodes,
ambos vtimas sacrificiais, so, com certeza, figuras de Jesus
Cristo, que se fez pecado por ns e por ns entregou sua vida. A
purificao do leproso curado, que simbolizava um pecador purificado
de seus pecados, tambm era feita por dois pombos; um, destinado
morte sacrificial; outro, a carregar, pelo sangue da vtima, a doena
para longe( Lv 14. 1-9)( Dic. Int. de Teol. Do A. T., Ed. Vida
Nova, 1 Ed, 1998, pg. 1.099, 1593). Introduzir papel Satnico no
culto sacrificial, especialmente no que tipificava a vida encarnada
de Cristo, feita pecado por ns, mais que inconseqncia,
abominao.
Azazel. Retirar doutrina de tal relevncia e tantas conseqncias
de um texto vetotestamentrio isolado e a partir de uma nica palavra
de difcil interpretao no de bom alvitre. Alguns entendem que azazel
vem das razes hebraicas: ez(bode) e `azal(virar-se). Outros dizem
que a palavra procede do rabe: azala(banir, tirar, remover). Os
rabinos, em sua maioria, entendiam que Azazel era o local, no
deserto, para onde o bode era enviado( Obra citada, pg. 1.100).
Como, na crena israelita, o deserto era a habitao de espritos
malficos, muitos concluram que Azazel era um esprito malfico. No h
consenso sobre o verdadeiro significado de Azazel. A partir de uma
palavra indefinida definiu um dogma duvidoso.
O bode no era Azazel. Em todas as incidncias, o termo azazel
aparece com a preposio prefixal para. Portanto, a palavra
significa: para Azezel. Desta maneira, o bode emissrio, carregando
os pecados do povo de Deus, levado para Azazel, isto , para um
local ou para um esprito malfico com esse nome. Dona White sustenta
que Azazel prottipo de Sat no sacrifcio expiatrio prefigurativo;
sendo, portanto, o prprio Satans, na expiao final do juzo
investigativo, quem levar os pecados dos justos para a
-
terra milenar desolada. Assim, o bode emissrio, em vez de ser
para Azazel, converte-se em Azazel, o Demnio expiatrio. Ento, a
expiao passa a ser efetuada, compartilhadamente, pelo Deus do bem,
Jesus Cristo, e pelo deus do mal, Prncipe das trevas. O redimido,
na soteriologia adventista, tem de ser grato a Sat por sofrer e
perecer em seu lugar; ele, efetivamente, foi maldito ao colocar o
pecado no mundo, mas ser bendito ao retir-lo, sofrendo e,
finalmente, morrendo pelos pecadores.
Difcil crer que algum tenha coragem de produzir semelhante
doutrina; mais difcil ainda acreditar que uma comunidade crist
conserve-a como dogma de f.
SABATISMO SABADOCENTRIA. O adventismo vai alm da simples
observncia do princpio
sabtico, o de descansar um dia depois de seis de efetivo
trabalho, cumprindo a determinao divina da mordomia do tempo: seis
dias para o homem e um para Deus. Partindo do judasmo para o qual o
Sbado era um dos importantes sinais do pacto( Ex 31. 13 cf Ez
20.12), ao lado da circunciso e da pscoa, estabeleceu um sistema
teolgico sabadocntrico que chega s raias da sabadolatria. Mantendo
o declogo, entronizado no Santurio celeste, e deste ressaltando o
preceito sabtico, o adventista professa um legalismo incompatvel
com a obra redentora da graa em Cristo Jesus. Os smbolos rituais
bsicos do judasmo, representativos do velho concerto, a circunciso
e a pscoa, foram convertidos em signos cristos, Batismo e Santa
Ceia, respectivamente, por Jesus Cristo, mudando-lhes a forma, o
contedo, a aplicao e o significado. Por que ento o sbado no pode
ser transformado em sinal da expiao graciosa em Cristo Jesus,
guardado no dia da ressurreio, comemorando a libertao do pecado? Da
dispensao da lei para a dispensao da graa tudo se modificou,
inclusive o fixismo sabtico do legalismo mosaico, pois Cristo o
Senhor do sbado, isto , o sbado que se submete a ele.
DO SBADO AO DOMINGO. Decreto de Constantino. O adventismo diz
que o imperador Constantino, em
maro de 321 d. C., instituiu a guarda do Domingo. O decreto
efetivamente real, mas ele apenas legalizou um procedimento
habitual e geral dos servos de Cristo. E se no fosse assim, os
cristos teriam protestado veementemente e rejeitado decisivamente
uma imposio de tamanha amplitude. Porm, nenhuma reao houve. Por
outro lado, alguns sabatistas argumentam que o imperador fez isso
para agradar os cristos. Ora, se foi para agradar, ento acabam
confirmando que a observncia do domingo era praxe comum entre os
seguidores de Cristo. Porque o Dia do Sol coincidia com o Dia do
Senhor, memorativo da ressurreio de Cristo, primcias da nossa,
ficou fcil para o poltico Constantino decretar a guarda geral desse
dia, satisfazendo a gregos e a troianos. O Cristo no guarda o
Domingo por ser o Dia do Sol, mas o Dia do Senhor, o Dia da
Ressurreio de Cristo. Uma coisa nada tinha a ver com a outra.
O DOMINGO NA HISTRIA. A histria confirma a prtica da guarda do
domingo antes do decreto
regulamentador de Constantino: Carta de Barnab( 100 d. C.): Ns
celebramos o oitavo dia com regozijo, no
qual Jesus ressuscitou da morte, e aps ter aparecido, subiu aos
cus(Apud Jos Gonalves Salvador: O Didaqu, Imp. Metodista, 1957, SP,
pg. 50).
Incio de Antioquia( 107 d. C.): No sejais enganados com
doutrinas estranhas, nem com fbulas velhas, que no so proveitosas.
Pois se ainda vivemos conforme a lei
-
judaica, reconhecemos que no recebemos a graa...Se, portanto,
aqueles que foram educados segundo a antiga ordem de coisas
alcanaram a posse de uma nova esperana, no mais observamos o Sbado,
vivendo na observncia do Dia do Senhor( Kuriach Hemera), no qual
tambm nossa vida reviveu por ele e por sua morte( Apud Jlio Andrade
Ferreira: Apostila sobre Religies Em Balano, Seminrio Presb. do
Centenrio, 1968, pg. 134). Ainda Incio de Antioquia( 110 d. C.), em
sua Carta aos Magnesianos, cap. IX:1: O cristo, deixando a velha
ordem, j no guarda o Sbado, seno o Domingo, dia em que tambm
amanheceu nossa vida por graa do Senhor e mrito de sua morte( Apud
J. Gonalves Salvador: obra citada, pg. 51). Policarpo, discpulo do
apstolo Joo, recomendou os escritos de Incio( Apud Jlio Ferreira,
obra citada, pg. 134).
O Didach, documento dos primeiros tempos da Igreja: Reunindo-vos
no dia do Senhor, parti o po e da graas, para que o vosso sacrifcio
seja puro(Apud J. Gonalves: obra citada, pg. 75). Obs.: O Didach
usa a expresso: he Hemera Kuriach , Dia do Senhor, a mesma usada em
Ap. 1. 10, sempre traduzida para o latim por Dies Domini =
Domingo.
Justino Mrtir( 145 d. C.): E, no dia chamado Domingo, todos,
quer das cidades quer dos campos, reunem-se em um lugar; lem as
memrias dos apstolos e dos profetas; trazem po e vinho; dando
graas, o presidente ora e o povo responde: Amm. Todos ns fazemos
reunies comunitrias aos domingos, porque o primeiro dia da semana
no qual Deus formou o mundo; e porque Jesus Cristo nosso Salvador,
nesse dia, ressuscitou dos mortos. Pois ele foi crucificado no dia
que precedeu o de Saturno(Sbado), e, no dia seguinte ao de Saturno,
que o dia do sol, tendo aparecido aos seus discpulos e apstolos,
ensinou-lhes estas coisas que ns tambm submetemos vossa
considerao(Apud Jlio A. Ferreira: obra citada, pg. 134).
O DOMINGO NA HISTRIA Dionsio, Bispo de Corinto(170 d. C.), no
seu comentrio das cartas paulinas Igreja de Corinto, no primeiro
captulo, afirma que a Igreja havia passado a guardar o Dia do
Senhor- Domingo( Apud J. Ferreira: obra citada, 134). Clemente de
Alexandria( 194 d. C.): Ele, cumprindo o preceito, guarda o Dia do
Senhor, quando abandona toda m disposio e glorifica a ressurreio do
Senhor em si mesmo(Apud J. Ferreira: obra citada, 134). O gnstico
srio Bardesanes de Edessa( 180 d. C.): Em certo dia, o primeiro da
semana, reunimo-nos, lendo e abstendo-nos de alimentao(Apud J.
Ferreira: obra citada, 134). Tertuliano(200 d. C.): Da mesma
maneira, se no destinamos o Dies Solis ao gozo de um motivo muito
diferente do da adorao do sol, temos semelhana com alguns de
vs(judeus), que consagram o dia de Saturno recriao e ao luxo.
Aquele que defende a guarda do Sbado e da circunciso tem de provar
que Ado e Abel e os bispos da antigidade observavam estas
coisas(Apud J. Ferreira: obra citada, 134). Note-se que este um
texto apologtico em defesa do Domingo contra os judaizantes.
Orgenes( 225 d. C.): Ns costumamos guardar certos dias, como, por
exemplo, o Dia do Senhor(Apud J. Ferreira: obra citada, 134).
Anatlio, Bispo de Laodicia(270 d. C.): A festa solene da ressurreio
do Senhor deve ser comemorada no Dia do Senhor(Apud J. Ferreira:
obra citada, 134). Constituies Apostlicas, seo 7,( III sculo): No
dia da ressurreio do Senhor, isto , no Dia do Senhor, no deixeis de
vos reunir, dando graas a Deus(Apud J. Ferreira: obra citada,
134).
-
Cipriano, Bispo de Cartago( III Sculo): Quando, porm, Cristo
veio, tudo, em verdade, foi cumprido. Pela razo do oitavo dia, isto
, o primeiro dia depois do Sbado, ser aquele em que o Senhor havia
de ressuscitar e vivificar-nos, dando-nos a circunciso do esprito;
assim, o oitavo dia, tambm chamado Dia do Senhor veio antes em
figura(Apud J. Ferreira: obra citada, 134). Pedro, Bispo de
Alexandria( 306 d. C.): Ns guardamos o Dia do Senhor como o dia de
alegria por causa daquele que nesse dia ressuscitou(Apud J.
Ferreira: obra citada, 134). Euzbio de Cesara, grande historiador(
fim do s. III e incio do IV), descrevendo a vida da Igreja crist,
sobre o domingo registra: Nesse dia, o primeiro da luz( Gn 1), e o
dia do verdadeiro sol(Cristo), ns nos reunimos, depois de um
intervalo de seis dias, e celebramos o Sbado santo e espiritual,
como fazem os cristos reunidos atravs de todo o mundo(Apud J.
Ferreira: obra citada, pg. 135).
INSTITUIO DO DOMINGO: Constantino ou o Papa? Os adventistas,
mestres das contradies, ora afirmam que foi Constantino que mudou o
dia de guarda do Sbado para o Domingo, ora que foi o papa quem o
fez., mas no apontam o pontfice romano responsvel pela alegada
mudana. Instados, indicam o Conclio de Laodica de 364 d. C. Foi
Constantino em 321 ou o Conclio de Laudica em 364? Ento o conclio
fez a mudana do mudado? O Conclio de Laodica no foi romano, mas
oriental. O bispo de Roma no esteve l nem mandou representante. O
que esse Conclio parcial fez foi baixar uma pastoral recomendando o
que j era praxe na Igreja desde sua origem, a guarda do Domingo: Os
cristos no devem judaizar, descansando no Sbado, mas sim, devem
trabalhar nesse dia, preferindo o Dia do Senhor. Onde quer que for,
sendo achados a judaizar, que estejam separados de Cristo(Apud J.
Ferreira: obra citada, pg. 135). O romanismo tem, na verdade,
afirmado que mudou o dia de descanso de Sbado para Domingo, mas
apenas uma pretenso, sem nenhuma confirmao histrica. O Domingo
nasceu da centralidade eclesiolgica e teolgica na ressurreio de
Cristo: o Dia dos dias do cristo. Pelos indisputveis testemunhos
histricos, alguns aqui mencionados, ficam refutados os seguintes
argumentos adventistas contra o Domingo: a- O Domingo tem origem
pag, pois o dia do deus Sol. Ento o Sbado tambm o , pois era
comemorado no dia do deus Saturno. O fato de Cristo ter
ressuscitado no dia do deus Sol paganiza a ressurreio? Igualmente,
o Sbado judaico por coincidir com o dia do deus Saturno
paganiza-se? A honestidade nos leva a fugir de tais argumentos e
posturas levianos. b- A expresso Dia do Senhor( kuriach hemera),
significa Sbado. A histria mostra que os cristos dos primeiros
sculos jamais entenderam assim. Para eles, o Dia do Senhor era o
Domingo, Dies Domini, exatamente como se declara em Ap 1. 10), o
primeiro dia da semana.
CRISTO E O SBADO Jesus Cristo, como judeu e Messias, esteve sob
Lei, cumpriu-a e a ela submeteu-se,
como se submeteu morte, para resgatar-nos de ambas e fazer
imperarem a graa e a vida. Embora at a sua ressurreio estivesse
submisso aos imperativos da Lei, ao ressurgir, triunfou sobre a
morte e substituiu o domnio legalista imperante na velha dispensao
pela direo do Esprito, que atua por meio das Escrituras,
implantando a vontade divina no interior de cada regenerado. Desta
maneira, e luz da graa, o sbado foi reinterpretado
-
para ser servo do homem; no, como antes, uma instituio da qual o
eleito era escravo. Em virtude da reinterpretao do mandamento
sabtico, Jesus teve de enfrentar a oposio do sabatismo farisaico de
seu tempo. Freqentador da Sinagoga como bom judeu( Lc 4. 16), foi
nela e fora dela que teve conflitos com os sabatistas judaicos.
Tomemos alguns casos para exemplos:
Mc 2. 23-26 cf Mt 12.1-8; Lc 6- 1-5. Num sbado, os discpulos
colheram espigas de trigo. Jesus, justificando-lhes a desobedincia
ao preceito sabtico, alega fome, citando o caso de Davi e seus
homens que, pelo mesmo motivo, tambm quebraram o quarto mandamento
( I Sm 21. 1-6 cf II Sm 8. 17; Dt 23. 25). Parece-nos que o sbado
no era to imperativo para o divino Mestre como o foi para Moiss no
xodo, que teve de ordenar a colheita em dobro do Man na Sexta-feira
para no violar o sbado( Ex 16.5,22-30). No poderiam os discpulos
ter colhido tais espigas sexta-feira? No as colheram no dia
anterior porque, certamente, no lhes preocupava o rigorismo
sabtico, mas simplesmente o provimento dirio, inclusive no sbado.
Ento, a fome emergente, embora previsvel, mais imperativa que o
sbado. Jesus, pois, justifica com o argumento da fome a quebra do
sbado, quando, certamente, a guarda irrestrita era possvel. O rei
dos reis, definitivamente, no era sabadlatra, pois, com autoridade
divina, relativizou o sbado, liquidando-lhe o absolutismo.
Ma 3.1-6 cf Mt 12. 9-14; Lc 6. 6-11. Jesus, no sbado, cura um
homem da mo ressequida, alegando que a prtica do bem(cura ou
salvamento de vida) tem prioridade sobre o sbado. Entre o 4
mandamento e o amor exercitado em defesa da sade e da vida do
prximo, prevalece o amor. Cristo est procurando eliminar a
prioridade sabtica, deslocando a centralidade radical do legalismo
para a incondicionalidade do amor ao semelhante. Cristo desaprova o
sabadocentrismo.
Lc 13. 10-17. Jesus, como rabino, ensinava na Sinagoga num dia
de sbado, mas certamente no sobre o quarto mandamento. Uma mulher,
tristemente enferma, entra, e Jesus a cura. O chefe da Sinagoga
repreende-a, dizendo-lhe que ela tinha seis dias para procurar a
cura, por que fazer isso no dia de sbado? Jesus argumenta que se os
judeus permitiam a abeberao dos animais aos sbados, por que no a
cura de um ser humano? Mais uma vez, a caridade sobrepuja a estrita
obedincia lei.
Lc 14. 1-6. Jesus entrou, num sbado, na casa de um fariseu para
comer po: atitudes no muito sabatistas. Havia ali um hidrpico. Ele
perguntou aos intrpretes da Lei se era lcito ou no curar no Sbado.
Nenhuma resposta recebeu. Ele ento curou o enfermo, dizendo-lhes
que o regulamento lhes permitia salvar um filho ou boi que, no
sbado, cassem no poo. Por que no curar um semelhante no sbado?
Jo 5. 1-10, 16,17. Jesus, no sbado, eliminou uma enfermidade de
trinta e oito anos e determinou ao curado que tomasse seu leito e
andasse. Duas atitudes anti-sabticas: curar e mandar o ex-enfermo
tomar o leito e andar. Foi duramente censurado e perseguido( v.
16), especialmente ao determinar ao beneficirio que sasse
carregando o cama(v.10). A base legalista da perseguio: Jesus fazia
estas coisas no Sbado. O Mestre mostrando, na prtica, que era
efetivamente Senhor do sbado, negou o argumento do descanso eterno
de Deus, iniciado no Sbado da criao( Gn 2. 2,3): Meu Pai trabalha
at agora, e eu trabalho tambm(v.17). A tese de que devemos manter
rigorosamente o repouso sabtico porque Deus descansa, ou descansou
de tudo que fizera, fica negada por Jesus Cristo, negao sustentada
pragmaticamente pela cura, pela ordem de tomar o leito e andar, e
pela declarao formal do Rei eterno. Argumentam os adventistas que
Jesus fazia trabalho espiritual permitido, mas o texto no restringe
nem especifica o tipo de trabalho realizado: o que ele nos informa
que Jesus curou(trabalho beneficente) sem nenhuma efeito patente de
natureza espiritual(converso e perdo), e mandou o curado carregar o
leito. Nada disso se enquadra no argumento sabatista. Se Deus, por
uma deduo lgica,
-
governa o universo diuturnamente, e nele age criadoramente sem
soluo de continuidade, certamente faz trabalhos no permitidos pelo
mandamento sabtico. Ele Rei das ordens fsica e espiritual, e sobre
elas governa ativa e incessantemente na providncia e na redeno. E
Cristo, partcipe da criao( Jo 1.1-3), trabalha continuamente, no
podendo ser sabatista. E como Deus Criador e gerenciador da obra
criada, ele Senhor do sbado( Mc 2. 27,28). Jesus, portanto,
desaprova a doutrina adventista de um Sbado, existente por si mesmo
e eterno, no Tabernculo Celeste. O Messias afirma que o sbado foi
estabelecido por causa do homem. Como Cristo mudou o homem, mudou
tambm o sbado que lhe era associado. sbado: smbolo da velha criao,
encerrada no sexto dia. Domingo: smbolo da nova, iniciada no
primeiro dia. Mt 5. 16-18: No penseis que vim revogar a lei ou os
profetas; no vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade
vos digo: at que o cu e a terra passem, nem um i ou um til jamais
passar da Lei, at que tudo se cumpra. Comentrio: O contexto. Os
sabatistas regozijam-se com a citao bblica acima. Alegam: se Jesus
no deixa passar um i ou um til da Lei, no deixa passar tambm o
sbado. O texto, no entanto, est no contexto do Sermo do Monte no
qual Jesus reinterpreta a Lei, modificando-a consideravelmente,
fazendo-a adaptar-se dispensao da graa. O Mestre transfere os
mandamentos, depois de modific-los, das tbuas de pedra do Sinai
para o corao dos seus eleitos no regime da graa.
Omisso. Jesus, no Sermo do Monte, omite o mandamento sabtico. O
Monte no qual o Filho nos d a nova lei o substituto do Monte Sinai,
onde o Pai deu o Declogo, com nfase no sbado, a Israel. A omisso,
neste caso, significa que Jesus no deseja que o sabatismo conste de
deu cdigo tico paralelo e sucedneo. Os sabatistas dizem: Ele o
omitiu por ser um mandamento intocvel, o sinal de Israel. Cremos
que a omisso se deu, alm da razo exposta acima, porque: a- O sbado
no um mandamento universal por se firmar na instabilidade da
mensurao do tempo, varivel segundo a posio que se ocupa no globo
terrestre, e contingente ao calendrio adotado. c- Destinou-se
exclusivamente a um povo, o judeu, servindo-lhe de memorial da sada
do Egito( Dt 5.15). O que particular dos judeus Jesus no impe aos
gentios. d- No de natureza moral, mas cerimonial. A guarda do dia
sabtico representava obedincia a um ritualismo religioso ligado a
dias, meses, anos, luas, locais e pessoas especficas: os
circuncisos. Jesus trata, no Sermo do Monte, de princpios morais e
espirituais de abrangncia universal. e- O prprio Jesus, como vimos,
desfez a proeminncia e a intocabilidade do sbado, quebrando-o por
causas mais nobres: A sade do prximo, a fome do semelhante e
expresso de vitalidade como, por exemplo, um enfermo, prostrado h
38 anos, ser capaz de andar, carregando a prpria cama, num dia de
sbado. f- Jesus e todo o Novo Testamento omitem o mandamento
sabtico, o que nos parece demonstrar a sua secundariedade e
irrelevncia. Eis um quadro demonstrativo: 1 mandamento(Ex 20.2,3),
citado em I Co 8.4-6; At 17. 23-31. 2 mandamento( Ex 20.5,6),
citado em I Jo 5.21. 3 mandamento(Ex 20.7), citado em Tg 5.12. 4
mandamento(Ex 20.8-11), no diretamente citado. 5 mandamento(Ex
20.13), citado em Ef 6. 1-3. 6 mandamento( Ex 20.13), citado em Rm
13. 9. 7 mandamento( Ex 20.14), citado em I Co 6.9,10. 8
mandamento( Ex 20.15), citado em Ef 4.28. 9 mandamento(Ex 20.16),
citado em Cl 3.9; Tg 4.11. 10 mandamento( Ex 20.17), citado em Ef
5.3( Apud J. Cabral, Religies, Seitas e Heresias; Univ. Produes, 4
Ed, pg. 173).
Jesus guardou a Lei. O Filho do Homem foi o nico que real e
rigorosamente cumpriu a Lei, no deixando margem do cumprimento
sequer um i ou til. Na condio de consumador da velha dispensao,
representativo de todos os eleitos, gerador da nova
-
humanidade, na sua pessoa e obra tudo se aperfeioa, realiza-se.
O sbado era o tempo do descanso do escravo libertado e pactuado com
Deus no Sinai, simbolizando o descanso eterno que se realizaria em
Jesus Cristo: Vinde a mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei( Mt 12. 28). Ao sbado real,
conquistado por Jesus Cristo, de que a ressurreio o smbolo, todos
os eleitos tero direito ao repouso eterno: Bem aventurados os
mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Esprito, para
que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham(Ap
14.13). O Verbo eterno, na qualidade de Criador e Salvador,
perfeito em tudo, fiador de uma nova e superior aliana((Hb
7.22,28), assumiu a responsabilidade de recriar a humanidade,
instituiu seu prprio cdigo de f e conduta firmado no amor,
estabeleceu, em si mesmo, o descanso (sbado) para todos os aflitos
eleitos e regenerados.
Os gigantes da f violaram a Lei: Abrao ( 20.1-12); Isaque(Gn
26.7). Jac( Gn 27. 19) mentiram. Moiss, alm de ter sido assassino
antes do chamamento, fraquejou muitas vezes, no tendo a permisso
divina para entrar na Terra da Promisso( Nm 20. 2-13; Dt 37; 3. 27;
4. 21). No houve ningum, a no ser Jesus Cristo, que tenha cumprido
a Lei. Portanto, como meio de salvao ela foi abolida e no seu bojo,
consequentemente, o sbado( Rm 3. 4,5; Gl 2. 3-5). Em Cristo tudo
est consumado. A velha Lei, cumprida, chega ao fim; entra em vigor
a nova: Um novo mandamento vos dou...(Jo 13.34). O novo no remenda
o velho( Mc 2.21,22).
Mt 24.20: Orai para que vossa fuga no se d no inverno nem no
sbado. Os sabatistas dizem que Jesus, por esta declarao, claramente
sanciona a guarda
sabtica. No, ele apenas constata fatos: Os judeus, sabatistas
fanticos como os adventistas modernos, deixar-se-iam,
possivelmente, massacrar para no quebrarem o sbado. Alm do mais, os
portes da cidade estariam fechados ao comrcio e ao trnsito normal,
dificultando a sada em caso de emergncia. A ordem final era, mesmo
que o cerco se desse no sbado, fugir( Mt 24. 16), isto : quebrar o
sbado. O salvamento da vida mais importante que a guarda do Sbado.
A mesma razo alegada para que se ore, pedindo que a fuga no se d no
Sbado, a de que se suplique para que no acontea no inverno, pois
seriam dois fatores impeditivos, de conseqncias trgicas. O pior que
a tragdia prevista aconteceu no ano 70 da era crist.
O Sbado da Criao. O sabatismo evidencia e at idolatra o sbado da
criao, ressaltando que: Deus o inseriu no conjunto dos dias
criacionais; sua destacada importncia reside no fato de ser o tempo
que lembra o trmino do trabalho divino, a obra criadora; foi o nico
dia semanal abenoado e santificado; assinala, comemorativamente, a
concluso do universo, dando incio ao descanso de Deus.
Os argumentos utilizados para comprovar a proeminncia do sbado
criacional so, primeira vista, convincentes e biblicamente
corretos. Analisemos, porm, os fatos exatamente como se encontram
registrados, levantando as seguintes questes: O Dia na criao. O
termo dia(yom) no designava uma unidade precisa de tempo nem um
espao temporal marcado em algum calendrio, que ainda no existia. Um
dia de trabalho de Deus no precisa corresponder, necessariamente, a
um dia de trabalho do homem. O yom divino pode ser de alguns
instantes, de um milnio ou de uma era geolgica. Mil anos para o
Senhor como um dia para ns(II Pe 3.8). H respeitveis telogos que,
para adequar o tempo da criao divina do universo sua idade
cientificamente comprovada, sustentam a tese de que cada yom
genesaco eqivale uma era de formao do mundo. Vejam que no
definitiva a concluso de que o dia da criao continha exatamente 24
horas, isto , um dia semanal.
-
s dificuldades de definir com preciso o dia(yom) da criao
acrescenta-se o fato de os trs primeiros dias, embora tenham tarde
e manh, no foram determinados pela rotao do sol ou translao da lua,
ainda no criados. No temos meios de especificar-lhes a chegada das
trevas da noite(crepsculo) nem a sada(aurora). Tais dias no podiam
satisfazer o padro sabtico de pr a pr do sol.
A Semana da Criao. Resta-nos saber, e possivelmente jamais
saberemos, que semana foi a da criao, ordenada de um a sete, isto ,
do imperfeito ao perfeito, do caos ordem: Foi de sete dias do
calendrio do Criador, desconhecido para ns? De sete dias do
calendrio lunar, o primeiro a ser adotado no estgio nomdico da
humanidade? De sete dias do calendrio solar, verificado nas
dinastias faranicas do velho Egito? Em qualquer desses trs
calendrios, o sbado no pode ser o que conhecemos hoje, determinado
pelo calendrio romano, juliano e gregoriano, com dois meses
consagrados a imperadores despticos: Julho: a Jlio Csar; Agosto: a
Csar Augusto, e o stimo dia dedicado a Saturno. Cremos que a semana
civil dos tempos do xodo no era cpia literal da semana de criao,
mas sua representao social e cltica. Assim, litrgica e
representativamente, podemos afirmar, como faz a nossa Confisso de
f, que Deus criou o universo em seis dias semanais do calendrio
vigente. Dado importante, que no deve ser olvidado: Jesus, o
partcipe da criao, diz que o dia tem doze horas(Jo 11.9), excluindo
o perodo noturno.
Deus criou em seis dias o universo; logo, a semana da criao tem
abrangncia universal e, por conseqncia, o Sbado. Ento, os dias
semanais da criao, limitados por tardes e manhs, no podem depender
do nosso Sol, mas de luz e trevas csmicas por ns desconhecidas. O
stimo dia da criao seria o mesmo em durao e simultaneidade em todos
os planetas do universo? A semana do homem smbolo da de Deus.
Tarde e Manh; Luz e Trevas. O sbado judaico e adventista vai do
pr do sol de um dia ao pr do sol do outro, de anoitecer a
anoitecer. No final de cada dia da criao h a expresso: Houve tarde
e manh.... Os nmades, que viviam do pastoreio, trabalhavam durante
a noite, divida em viglias, orientados e ajudados pela lua. O dia
de trabalho dos pastores orientais ia do pr-do-sol ao amanhecer.
Para os sedentrios agricultores, o dia era de manh tarde, pois
cuidavam da lavoura orientados e ajudados pelo sol. O que marca, no
entanto, o dia da criao e, consequentemente o sbado, a separao que
Deus fez entre a luz e as trevas no-fsicas e fsicas,
respectivamente, conforme Gn 1. 4,5 cf Gn 1.14-18. A luz e as
trevas so irreconciliveis, mas ambas criaes, certamente, divinas(
Is 45.7). A tarde marca o incio do domnio das trevas, que s no
absoluto porque o brilho da lua interfere. A manh assinala o comeo
do imprio total da luz, sem qualquer intromisso das trevas. Assim,
no tempo real de Deus no pode haver dia sem tarde e manh. Um sbado,
portanto, que no tenha tarde nem manh, no se h de compar-lo com o
da Criao. Assim, o sbado nos plos, conforme o modelo da criao,
cumprindo o esquema: houve tarde e manh, ter meses de durao. L, o
sabatista, para guardar o sbado, que no pode ser nem de iluminao
exclusiva nem de ausncia de luz, mas do pr-do-sol ao pr-do-sol ( Gn
1. 5,8,13,19,23,31), ou do entardecer ao entardecer, conforme o
ocorrido nos trs primeiros dias criacionais, precisa repousar
durante seis meses. Somente desta maneira se cumpriria o sbado
criacional.
Criao dos Luminares. Os dias solares ou lunares surgiram
realmente no
quarto dia, quando Deus criou o sol, a lua e as estrelas( Gn
1.14-18). Ento, que dias e noites acontecerem at esse dia( cf Gn 1.
4,5)? Que limites havia entre luz e trevas? Como se determinavam as
horas sem a sua causa imediata? Mensuramos e cronometramos o
-
tempo, inclusive o sabtico, pela rotao da terra em rbita em
torno do sol. Sem esse referencial, no como se determinam os trs
dias pr-solares? A luz foi criada por Deus; e as trevas? Antes da
separao, luz e trevas misturavam-se? O dia da luz no-fsica era de
vinte e quatro horas? So perguntas irrespondveis. O certo que os
trs primeiros dias da criao no se enquadram no esquema sabtico de
pr-do-sol ao pr-do-sol.
O sexto Dia. Os sabatistas so literalistas e, em decorrncia de
tal posio teolgica, certamente no admitem a tese liberal de duas
narrativas da criao, uma de Gn 1.1 a 2.3, onde Deus chamado de
Helohim, e outra, a partir de Gn 2.4, sendo a divindade denominada
Jav Helohim. Considerando que a histria da criao generalizada no
primeiro relato e especificada detalhadamente no segundo,
especialmente em relao ao homem e seu habitat, temos de,
forosamente, admitir que o sexto dia no pode ser de apenas vinte e
quatro horas, pois alm de nele realizar-se a criao da vida animal,
do den, de Ado, do estabelecimento do pacto de obras, concedeu-se
ainda ao homem solteiro o tempo suficiente para nominar
individualmente todos os seres viventes e, percebendo que os
animais existiam em casais, sentiu-se solitrio. E solido no se
sente em poucos minutos, especialmente no caso do homem primevo,
sem nenhuma experincia pessoal de companheirismo e sem modelos
sociais externos. Deus, para quebrar o solitarismo de sua obra
prima, fez-lhe uma companheira idnea, a quem ele chamou de Varoa,
por ser tomada do Varo. No foi em alguns minutos nem com pouco
esforo que nosso ancestral, sozinho, recm criado por Deus, sem
contar com sua extraordinria auxiliadora, desencumbiu-se da imensa
e complexa tarefa de dar nome a todos os seres vivos. Tal operao,
em virtude da complexidade e da extenso, demandou considervel
tempo, certamente vrios perodos de vinte e quatro horas, e tudo
enfeixado no espao temporal do sexto dia. Difcil, dificlimo, um
ortodoxo literalista negar as evidncias de que esse dia estendeu-se
por um longo tempo. No creio que o sabatista sincero ousaria
quebrar a unidade e a autenticidade das Escrituras para defender o
seu sbado a qualquer custo, valendo-se do argumento liberal das
narrativas divergentes da criao. Sobre o longo sexto dia falou-nos
o telogo do Velho Testamento, Walter Kaiser Jr: O sexto perodo de
tempo da criao deve ter durado mais do que vinte e quatro horas,
porque Ado tornou-se carente de companhia( Gn 2. 20). Po certo,
isto levou mais do que uma nica tarde de pensamento ocioso! Alm
disso, foi-se ocupando com a tarefa de dar nomes aos animais,
quando sua solido comeava a aumentar. Finalmente, Deus criou uma
mulher e ainda era o sexto dia(Kaiser, Walter, Teol. do Antigo
Testamento, Ed. Vida Nova, SP, 1980, pg. 77). No absolutamente
seguro afirmar que os dias da criao tiveram a durao exata de vinte
e quatro horas. E ento, como fica o Sbado?
Sbado: cessao de obra. Em cada dia da criao Deus concluiu uma
tarefa, nada deixando para o dia seguinte. Na semana, o Criador
terminou tudo( Gn.2. 1), no restando coisa alguma para a semana
subsequente. por isso que o Sbado o nico dia em que a expresso
tarde e manh no ocorre. Na verdade, ningum, por mais zeloso que
seja, cumpre o preceito sabtico da criao, porque no h quem conclua
definitivamente a tarefa semanal, pois, para o homem finito e por
meio dele, nada se completa. Ele morre deixando seus ideais
inconclusos, suas obras em andamento. Deus, contudo, ser
absolutamente perfeito, descansou de tudo que fizera, no tendo de
concluir nada mais, pois sua obra estava completa, perfeita,
irretocvel. O homem apenas suspende suas atividades para descansar.
Labores, muitos deles interminavelmente repetitivos, esperam-no na
semana ulterior; logo, rigorosa e literalmente, no se guarda o
Sbado da criao como Deus o guardou. O stimo dia marca a concluso do
universo, do mundo biofsico, a criao da humanidade. Deus, porm,
inicia a no menos gigantesca obra de governo e providncia das
coisas e dos seres criados. Imaginar um Deus infinitamente
descansando conceber um universo automtico, funcionando como
-
imensurvel mecanismo moto-contnuo, auto-suficiente, automotivo,
autoprogramvel e auto-sustentvel, ficando seu Criador na
regozijante condio contemplativa de perptua inrcia. As Escrituras,
porm, apresentam-nos no apenas um Deus criador, mas tambm
governador, preservador e redentor perpetuamente em ao, sem
descanso.
O Dia do Descanso de Deus O texto, literalmente interpretado,
diz que o
Criador terminou a obra criadora no stimo dia, no no sexto: E,
havendo Deus terminado no dia stimo a sua obra, que fizera,
descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito(Gn 2. 2). O
stimo dia, portanto, confluncia do fim da obra da criao e incio do
descanso eterno, incluindo, no mesmo dia, o trmino do trabalho e o
comeo do repouso. O sbado dos sabatistas de inteira inatividade
humana na reas ergolgicas da criao e produo. O modelo sabtico do
stimo dia no perfeito, no podendo servir de parmetro direto para o
sbado semanal. Como smbolo, sim; como espelho ou molde, no. O
descanso divino no tem paralelo exato no humano. No possvel,
corretamente, guardar o Sbado da criao; e qualquer incorreo implica
violao. Cremos, por outro lado, estar presente, simbolicamente, no
Sbado de Deus o eterno sbado ou descanso do redimido( Hb
4.3-10).
Deus descansa? No, porque Deus, na atributiva condio de
onipotente, fonte e agncia de poder, no tem fraquezas de quaisquer
natureza. No se pode conceber um Deus fatigvel; isto seria a negao
do atributo da onipotncia e, consequentemente, da divindade. Deus
ilimitado e, como ser espiritual, incansvel. Alm do mais, temos a
palavra do prprio Deus encarnado em Jesus Cristo: Meu Pai trabalha
at agora. E eu trabalho tambm( Jo 5.17). E o Mestre fez tal
declarao num contexto de discusso sobre o descanso sabtico. Deus
encerrou a obra da criao no stimo dia, comeando a do governo e a da
providncia, incluindo a da redeno depois da queda da humanidade. O
Salmo 121 afirma que Deus cuida de ns diuturnamente, sem um cochilo
sequer, isto , sem descanso ou sem Sbado. O Salmo 127 diz que Deus
sustenta os seus amados durante o sono: enquanto dormem.
Concluso: a- Deus no humano, um ser fsico, e, portanto, sem
fragilidade e limitao
biolgica e psicolgica. A divindade no necessita de descanso,
pois ilimitada e ilimitvel.
b- O Criador mantm-se contnua e ativamente no governo do
universo, na providncia geral e na gerncia de seus eleitos.
c- Deus infinito, no se limita ao espao temporal objetivo ou
subjetivo. d- O tempo de Deus eterno e, portanto, imensurvel, tanto
quanto despido de
categorias atribudas s coisas como profano(seis dias) e sagrado,
sbado. e- O registro da logicamente prolongada atividade do homem,
antes da formao
da mulher, demonstra que o sexto dia, pelo menos, no pode ter
sido de apenas vinte e quatro horas, constatao que derruba a tese
de que os dias da criao eram semanais, conforme regulamentao
calendrica.
f- O Sbado da criao significa cessao da obra da criao, no
descanso. Como criaturas cansveis jamais imitaremos o Incansvel.
Para o ser humano em geral o Sbado(descanso) fsica e socialmente
necessrio; para os crentes, um meio preestabelecido pelo Salvador
para que seu povo dedique-lhe um dia em sete e preste-lhe o culto
devido.
-
SBADO, DESCANSO DE DEUS?
A INTEMPORALIDADE DE DEUS. Deus no pode ter um sbado eterno nem
sbados semanais pelas inferncias lgicas e naturais: a- O cansao de
natureza fisiolgica, resultando de esforo fsico intenso,
ultrapassando os limites biofsicos e biopsquicos do agente: animal
ou humano. Deus Esprito e, alm de ser espiritual, em si mesmo
infatigvel, absoluto em poder, ilimitado em sabedoria e imutvel em
seu ser infinito. No se pode imaginar um Deus cansado. O seu shabat
no significa repouso, inatividade, descanso, mas cessao da obra da
criao. Por exemplo: se voc se empenha em construir uma casa, e o
faz sem descanso; quando a termina, pode dizer: graas a Deus, de
construo estou decansado. No entanto, exatamente porque construiu,
comea o trabalho de administrao e manuteno do edificado. Semelhante
foi o descanso de Deus no stimo dia: concluiu a obra de criao;
comeou a da providncia. b- Deus, embora trino, uno; no tem
substituto. Atuando s, no h como descansar: age contnua, solitria e
sistematicamente no domnio do universo, no governo da providncia,
na regncia dos povos e na agncia da redeno. Da tarefa criadora ele
descansou, mas prossegue trabalhando diuturnamente na perfeita
conduo da ordem criada, na administrao das leis naturais e na
conduo de seus eleitos. Deus no guarda o sbado. c- Onde Deus guarda
o sbado? Sendo onipresente, est em todos os lugares
concomitantemente( Sl 139). Quando sbado no Brasil no o no Japo:
como a divindade, sendo una, pode descansar l e trabalhar aqui,
cumprindo a Lei em uma parte e quebrando-a em outra? Deus pode
exercer, simultaneamente, mltiplas funes em lugares diversos, o que
no pode contradizer-se, obedecendo o preceito sabtico em uma rea e,
sendo uno, violando-o em outra. Deus no cria regras contraditrias,
e ele mesmo no se contradiz.
Os adventistas dizem que o sbado universal por ser um dia fixo.
O que , de fato, universal o tempo imensurvel, no um dia de vinte e
quatro horas, varivel conforme a posio em que se encontra no
esfrico planeta terra. Imaginem um sabatista guardando o sbado
bordo de um super-snico intercontinental ou fazendo turismo na Lua
ou em Mrtir.
AO DE DEUS NA PROVIDNCIA. Deus criou o universo e o submeteu a
leis fsicas, qumicas, matemticas e
biolgicas, mas o automatismo universal, harmonicamente
estruturado, submete-se sistemtica providncia divina: conduo,
manuteno, superviso e controle. Alteraes, mutaes e mudanas na ordem
natural so resultados verificveis e demonstram que o universo no
apenas uma mquina gigantesca esttica e imutvel, mas incrivelmente
dinmica: h um ser superior na direo de tudo.
As Escrituras ensinam-nos que Deus rege providencialmente sobre:
a- O universo em geral( Sl 103.19; Dn 5.35; Ef 1.11). b- O mundo
fsico( J 37.5,10; Sl 104.14; Sl 135.6; Mt 5.45). c- Os seres
inferiores(Sl 104. 21,28; Mt 6. 26; Mt 10. 29 d- As naes( J 12. 23;
Sl 22. 28; Sl 66. 7; At 17. 26). e- O homem: nascimento, vida e
destino( I Sm 16. 1; Sl 139. 16; Is 45. 5; Gl 1.
15,16). f- Sucessos e fracassos dos seres humanos( Sl 75. 6,7;
Lc 1. 52).
-
g- Coisas e fatos acidentais ou insignificantes( Pv 16. 33; Mt
10. 30). h- Os justos, protegendo-os( Sl 4. 8; Sl 5. 12; Sl 63. 8;
Sl 121.3; Rm 8. 28). i- As condies para suprimento de seus eleitos(
Gn 22. 8,14; Dt 8.3; Fp 4. 19). j- O atendimento s oraes de seu
povo( I Sm 1. 19; Is 20. 5,6; II Cr 33. 13; Sl
65. 2; Mt 7.7; Lc 18. 7,8). k- A revelao dos erros e castigo dos
mpios( Sl 7. 12,13: Sl 11. 6)( Cf Louis
Berkhof, Teol. Sistemtica, Luz para o Caminho, 1990, 1 Ed., pg.
167). Em suma, Deus governa e preserva todas as coisas( Dt 33. 12,
25-28; I Sm 2.9; Ne
9.6; Sl 107.9; Sl 127. 1; Sl 145. 14,15; Mt 10. 29; At 7. 28; Cl
1. 17; Hb 1. 3). O Ser divino trabalha incessantemente. Cristo,
Deus encarnado, seguindo a normalidade do Criador, Governador e
Salvador, tambm no teve sbados: Meu Pai trabalha at agora, e eu
trabalho tambm( Jo 5. 17). E ele disse isto, justificando a quebra
do sbado judaico. A Segunda Pessoa da Trindade, portanto, afirma
que Deus no descansa, isto , no guarda sbados de quaisquer
naturezas: semanais, mensais, anuais.
SBADO E SBADOS
O sabatismo insiste na radical diferena entre o sbado decalogal,
que dizem ser sbado moral por tratar-se de mandamento universal, e
os do mandamento, sinal do pacto sinatico, corao da Lei, era
chamado por Deus de meu sbado, enquanto os sbados festivos mensais
e anuais cerimoniais o Senhor os chamava de vossos sbados. Esses, o
Senhor preconizou-lhes a abolio no Velho Testamento( Os 2.11; Is 1.
13), e a eles que o apstolo dos gentios em Gl 4. 9,10 refere-se:
Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
podres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais
dias, e meses, e tempos, e anos. Os contextos anteriores e
posteriores mostram que Paulo falava a no-judeus recm-convertidos,
mas influenciados pelos judaizantes com o apoio de Pedro( Gl 2.
11-16), que levaram muitos deles a judazarem-se, inclusive Barnab(
Gl 2. 13), adotando o nomocentrismo, isto , salvao pela Lei( Gl
2.16, 19; Gl 3. 23-26; Gl 4. 5; 4-10). O ltimo texto relacionado
indica que no se trata apenas de catequese dos convertidos cristos
ao cerimonialismo judaico, mas Lei, incluindo, obvio, o sbado: De
Cristo vos desligastes, vs que procurais justificar-vos na lei; da
graa decastes(negrito nosso). Porque ns, pelo Esprito, guardamos a
esperana da justia que provm da f. Porque em Cristo Jesus, nem a
circunciso, nem a incircunciso tem valor algum, mas a f que atua
pelo amor. Vs correis bem; quem vos impediu de continuardes a
obedecer a verdade? Esta persuaso no vem daquele que vos chama. Um
pouco de fermento leveda toda massa. Confio de vs, no Senhor, que
no alimenteis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba,
seja ele quem for, sofrer a condenao( Gl 5. 4-10). Afirmar que o
texto em apreo no se refere lei e, consequentemente, ao sbado,
torcer o seu sentido natural, fazendo-o provar os pressupostos
sabatistas. O termo Lei inclusivo, abrangendo todas as ordenanas de
Deus: morais, cerimoniais e civis. Sbado e sbados.
Sustentam os sabatistas que sbados, no plural, sempre se referem
aos sbados anuais, festivos, excluindo o sbado singular. E
concluem: Os. 2.11 e Cl 2.16 registram sbados e, portanto, falam de
festas cerimoniais, no do quarto mandamento. claro que Paulo em
Colocenses 2. 16 fala do cerimonialismo, mas depois de condenar
todas as ordenanas legais do mosasmo: Tendo cancelado o escrito de
dvidas, que era contra
-
vs e que constava de ordenanas, o qual vos era prejudicial,
removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz( Cl 2. 14). O
manuscrito de ordenanas cancelado, contando de julgamentos e
maldies, no de amor e perdo, no outro seno o da lei, conforme
sentencia Paulo em Efsios: Aboliu, na sua carne, a lei dos
mandamentos na forma de ordenanas, para que dos dois criasse, em si
mesmo, um novo homem, fazendo a paz( Ef 2.15). O sbado no singular
e os sbados no plural foram abolidos com a abolio das leis morais e
cerimoniais. Todo legalismo vetotestamentrio desapareceu,
permanecendo a liberdade dos salvos sem lei, mas pela graa, de
respeitar-se a Palavra de Deus, mandamental e prescritivamente,
pela atuao do Esprito Santo, que habita o regenerado. Porm, todos
os mandamentos resumem-se no pleno exerccio do amor a Deus e ao
prximo, no na estrita observncia de sbados: semanais ou anuais. A
distino sabatista de meus sbados e vossos sbados no se verifica nas
Escrituras. Esta uma maneira de demonstrar que o povo recebe e
pratica( vossos) o que Deus determina(meus). Assim, vossos sbados e
meus sbados so a mesma coisa ( Ex 21. 13; Lv 23. 28; Os 2. 11).
Exemplos paralelos: Vosso templo, meu templo( Is 56. 7; Mt 23.8).
Vossos sacrifcios, meus sacrifcios(( Nm 28.2; Lv 10. 13; Dt 12. 6).
Vossas festas, minhas festas( Lv 23. 2-4; Nm 29. 39; Os 2.11).
Singularidade e pluralidade no distinguem sbados semanais, mensais
ou anuais: Em Mt 28. 1; Lc 4. 16 e At 13. 14, o sbado aparece
pluralizado em grego(sabbatwn- sabbaths), interpretativamente
traduzido pelo singular, significando sbado semanal. O mais
importante, porm, que em Ex 31. 13 e Ez 20. 12, textos
ressaltadssimos pelos sabatistas, por se referirem ao sbado sinal
entre Deus e seu povo, grafam-se sbados, no plural. Eis os
respectivos textos: Tu, pois, falars aos filhos de Israel e lhes
dirs: Certamente, guardareis os meus sbados(negrito nosso); pois
sinal entre mim e vs nas vossas geraes; para que saibais que eu sou
o Senhor, que vos santifica. Tambm lhes dei os meus sbados(negrito
nosso), para servirem de sinal entre mim e eles, para que soubessem
que eu sou o Senhor que os santifica. Alm da pluralidade dos sbados
de Deus, tais sbados foram dados como sinal pactual da aliana entre
Deus e Israel, sendo inextensivo aos gentios, povos no pactuados.
Ns no estvamos includos. As Escrituras falam de festividades(
anuais), festas da Lua Nova(mensais), e sbados(semanais)( I Cr 23.
30,31; II Cr 2. 4; 31. 3 cf Nm 10.33; Ez 45. 17; Os 2. 11; Cl 2.
16,17). Argumentar que os sbados referidos so anuais menosprezar a
exegese lgica