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Adesivos Odontológicos de Prof. Dr. Fernando Mandarino 1 Introdução O maior problema da Dentística Restauradora era a falta de adesão dos materiais restauradores às estruturas dentárias, a qual permitia uma infiltração marginal, que leva à descoloração marginal, fraturas marginais, reincidência de cárie, sensibilidade pós-operatória e reações pulpares (8,31) . No entanto, através da introdução da técnica do condicionamento ácido do esmalte por Buonocore (9) , em 1955, criou-se uma nova perspectiva nos procedimentos restauradores dando início à Odontologia Adesiva. O condicionamento ácido do esmalte cria uma descalcificação seletiva, formando poros. Esses poros na superfície do esmalte aumenta o embricamento mecânico pela penetração da resina formando o que se chama de “tags” permitindo a adesão (22) . A adesão ao esmalte é um processo universalmente aceito e de efetividade comprovada, entretanto, nem sempre as margens de uma restauração estão exclusivamente em esmalte (18, 20) . Com a finalidade de obter o mesmo sucesso que o condicionamento ácido do esmalte, esta técnica foi realizada na dentina, sem contudo obtê-lo, pois apesar do esmalte e a dentina serem tecidos mineralizados e
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Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Feb 14, 2015

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Page 1: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Adesivos Odontológicos

de Prof. Dr. Fernando Mandarino

1 Introdução

            O maior problema da Dentística Restauradora era a falta de adesão dos materiais

restauradores às estruturas dentárias, a qual permitia uma infiltração marginal, que leva

à descoloração marginal, fraturas marginais, reincidência de cárie, sensibilidade pós-

operatória e reações pulpares (8,31) . No entanto, através da introdução da técnica do

condicionamento ácido do esmalte por Buonocore (9), em 1955, criou-se uma nova

perspectiva nos procedimentos restauradores dando início à Odontologia Adesiva.

            O condicionamento ácido do esmalte cria uma descalcificação seletiva,

formando poros. Esses poros na superfície do esmalte aumenta o embricamento

mecânico pela penetração da resina formando o que se chama de “tags” permitindo a

adesão(22). A adesão ao esmalte é um processo universalmente aceito e de efetividade

comprovada, entretanto, nem sempre as margens de uma restauração estão

exclusivamente em esmalte(18, 20). Com a finalidade de obter o mesmo sucesso que o

condicionamento ácido do esmalte, esta técnica foi realizada na dentina, sem contudo

obtê-lo, pois apesar do esmalte e a dentina serem tecidos mineralizados e conterem os

mesmos componentes inorgânicos, apresentam diferenças morfológicas e na

composição orgânica, que são fundamentais no processo de adesão nesses tecidos(9). A

dentina é um tecido histologicamente complexo, predominantemente tubular, com a

presença de umidade e prolongamentos odontoblásticos, fatores estes que dificultam a

adesão dos materiais a sua superfície. Com a evolução dos sistemas adesivos,

conseguiu-se uma melhora na capacidade de adesão e redução da microinfiltração

marginal em dentina. Para isso, houve a necessidade de realizar procedimentos

invasivos nesse tecido que poderiam acarretar danos à polpa, uma vez que, a dentina

abriga em seu interior prolongamentos de células do tecido pulpar, portanto, não

podendo ser considerada um tecido isolado, e sim um complexo dentino-pulpar( 42,43,47,45).

Iremos apresentar os aspectos relacionados com a reparação pulpar frente ao

condicionamento ácido, demonstrando os aspectos principalmente biológicos.

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2 Esmalte

2.1 Composição química do esmalte e estrutura

            O esmalte dental é um tecido mineralizado poroso de estrutura basicamente

prismática. A porção inorgânica constitui 96%, formada principalmente por fosfato de

cálcio na forma de hidroxiapatita. Ainda está composto por 3% de água, e o material

orgânico, formado principalmente por proteínas(011). A Figura 1 ilustra a proporção dos

componentes química do esmalte.

Figura 1. proporção dos componentes química do esmalte.

            O componente orgânico é constituído de proteínas soluvéis e insolúveis e

peptídeos que estão presentes em quantidades aproximadamente iguais. O esmalte varia

consideravelmente em espessura nas diferentes regiões do dente e entre os diferentes

tipos de dentes. É mais espesso nas cúspides e nas bordas incisais é  mais delgado

terminando na margem cervical.

           A porção inorgânica apresenta-se sob a forma de cristais, que unidos originam os

prismas de esmalte. Esses prismas iniciam-se na junção amelodentinária e dirigem-se

para a superfície, apresentando uma variação de tamanho de 4 a 7 µm (Firuga 2).

Porém, a porção mais externa do esmalte está constituído principalmente pela porção

orgânica, desprovida de prismas, pois os cristais apresentam-se paralelos uns aos outros

e perpendicular à superfície externa do esmalte, sendo denominada dessa forma de

esmalte prismático(0 1).

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Figura 2. Estrutura do esmalte.

2.2 Condicionamento Ácido do Esmalte

            O condicionamento ácido remove aproximadamente 10 µm da superfície de

esmalte e cria poros de 5 à 50 µm de profundidade. Assim quando o adesivo é aplicado,

ele flue nos microporos criando uma retenção micromecânica com o esmalte.  Ainda o

condicionamento aumenta o molhamento e a área de superfície do esmalte.

            GWINNETT et al(23) & SILVERTONE et al(46) descreveram os três padrões de

condicionamento ácido do esmalte). O mais comum ou o tipo I , o padrão de

condicionamento envolve a remoção preferencialmente do núcleo dos prismas de

esmalte; os prismas periféricos permanecem relativamente intactos (Figura 3). O tipo II

de padrão de condicionamento é o contrário do  anterior ou seja, a periferia é removida

e o núcleo mantém-se intacto (Figura 4). E o tipo III inclue áreas alternadas de cada tipo

de padrão de condicionamento (Figura 5).

Figura 3. Padrão de condicionamento tipo I

Page 4: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Figura 4. Padrão de condicionamento tipo II

Figura 5. Padrão de condicionamento tipo III

            Dois tipos de tags de resina têm sido descritos como:

=>Macrotags - são formados nos núcleos dos prismas de esmalte.

=>Microtags - são formados nos núcleos dos prismas de esmalte. Os microtags

provavelmente contribuem mais para a resistência adesiva por causa da quantidade e

largura da área de superfície.

2.3 Fatores que Interferem no Condicionamento Ácido do Esmalte:

=> Tipo de ácido usado

            Vários são os ácidos utilizados mas, o ácido fosfórico na concentração de 30 à

40% tem sido recomendado como a melhor forma para obter uma superfície para

adesão. Por causa do ácido fosfórico ser relativamente agressivo removendo quantidade

substancial de esmalte, outros agentes desmineralizantes tem sido testado como: EDTA,

ácido pirúvico(10%).

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=> Concentração do ácido

            Existe alguma controvérsia sobre a concentração do ácido fosfórico, que

promove um bom padrão de condicionamento ,porque alguns ácidos tem sido descritos ,

que formam precipitados na superfície a qual interfere na adesão. Um estudo

demonstrou que a aplicação do ácido fosfórico à 50% por 60 segundos no esmalte

produziu um precipitado de fosfato monocálcio monohidratado que pode ser removido.

Já o precipitado de fosfato dicálcio dihidratado produzido pelo condicionamento ácido

com o ácido fosfórico numa concentração menor que 27% não foi removido facilmente.

Assim este tecido na concentração entre 30 à 40%, são freqüentemente utilizados sem

comprometer a adesão ao esmalte.

=> Tempo de aplicação

            O tempo de condicionamento tem sido reduzido do tradicional 60 segundos 

com 30 `a 40% do ácido fosfórico para 15 segundos. Estudos com SEM tem

demonstrado que o tempo de condicionamento ácido de 15 segundos promove a mesma

rugosidade que no tempo de 60 segundos. Estudos laboratorias têm demonstrado que  a

resistência  ao cisalhamento e a infiltração marginal são similares tanto em 15 /60

segundos no tempo de condicionamento.

=> Apresentação do ácido

            Os ácidos podem apresentar-se sob 2 formas: Gel e Solução.

=> Tempo de lavagem

            A lavagem é uma fase importante. O tempo de lavagem de no mínimo 15

segundos é geralmente utilizado para a remoção do precipitado formado pelo

condicionamento ácido.

=> Composição química e condição do esmalte

=> Dente decíduo ou permanente

=> Esmalte flouretado/ manchado/ desmineralizado

Page 6: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            A estrutura do esmalte interfere no padrão de condicionamento, ou seja, o

mesmo pode apresentar maior ou menor resistência (Figura 6).

Figura 6. Esmalte prismático e aprismático.

3 Dentina

            Com o sucesso do condicionamento ácido no esmalte, os pesquisadores

começaram a realizar o condicionamento ácido em dentina, que até hoje não se

encontrou uma maneira efetiva para obter uma melhor adesão. Recentemente os

sistemas adesivos estão apresentando um melhor desempenho aumentando  o nível de

sucesso clínico.

            A dentina é composta por 70% de substância inorgânicas (hidroxiapatita), 20%

de substância orgânica(colágeno) e 10% de água. A Figura 7 ilustra a proporção da

composição química da dentina.

Figura 7. Proporção da composição química da dentina.

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            As entidades estruturais básicas da dentina são: prolongamentos odontoblásticos,

túbulos dentinários, espaço periodontoblástico, dentina peritubular'e a dentina

intertubular (Figura 8).

Figura 8. Estrutura da dentina.

                A dentina apresenta um aspecto tubular, com os túbulos dirigidos

perpendicularmente à superfície em relação ao plano oclusal. Sua quantidade e diâmetro

médios variam de acordo com a proximidade com o tecido pulpar. Onde próximo à

junção amelodentinária apresenta, em média, 10.000 túbulos mm2, na porção média,

30.000 túbulos mm2 e, próximo à polpa, 50.000 túbulos mm2 (Figuras 9 e 10). Em

relação aos diâmetros são de 0,87 m próximo à junção amelodentinária e de 2,5 m

próximo da polpa.

Figura 9. Dentina superficial

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Figura 10. Dentina profunda

            Esse importante tecido mineralizado, a dentina, deve ser visto como uma

extensão anatômica e fisiológica da polpa, apresentando componentes estruturais

básicos, os prolongamentos odontoblásticos, os túbulos dentinários, o espaço

periodontoblástico e a dentina peritubular e intertubular Os túbulos dentinários alojam

os prolongamentos odontoblásticos que se formam durante a dentinogênese(49,37). Eles

permanecem nos túbulos da dentina completamente formada e se estendem por toda a

extensão dentinária. O diâmetro e o volume do lúmen dos túbulos variam, dependendo

da idade do dente e da localização dentro da dentina.  O espaço periodontoblástico

localiza-se entre a parede do túbulo e o prolongamento odontoblástico. Este “espaço”

contém    líquido tecidual e alguns constituintes orgânicos tais como fibras colágenas, e

isso é importante porque ocorreram neste local mudanças tissulares na dentina. Os

prolongamentos odontoblásticos constituem o tecido vivo da dentina.

            As dentinas peritubular e intertubular são mineralizadas. A dentina peritubular

envolve os túbulos e é caracterizada por seu alto conteúdo mineral. Já a dentina

intertubular se acha situada entre os túbulos dentinários ou na periferia da dentina

peritubular, sendo menos mineralizada, constituindo a massa dentinária propriamente

dita. Apesar do seu alto grau de mineralização, cerca da metade do seu volume é

composto por uma matriz orgânica representada por fibras colágenas envolvidas por

substância amorfa (Figuras 11 e 12). Devido a estas diferenças morfológicas e de

composição, mecanismo de adesão à estrutura dentinária se torna mais complexo

quando comparada ao do esmalte.

Figura 11- Dentina intertubular

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Figura 12 - Dentina peritubular

            Desde o estágio de desenvolvimento inicial até o seu amadurecimento, a dentina

sofre transformações no que diz respeito da mineralização. Sendo um processo contínuo

que pode ocorrer, fisiologicamente com a idade do indivíduo ou patologicamente como

resposta a um estímulo podendo ser carioso ou como resposta aos procedimentos

operatórios e restauradores. Tais modificações ocorrem ao nível peritubular (Figuras 13

e 14).

Figura 13 - Processo carioso

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Figura 14 - Fisiológico

            A capacidade formadora dos odontoblastos continua mesmo com a erupção do

dente. A atividade odontoblástica durante a formação do dente é de 4mm de dentina por

dia. Após a formação radicular ocorre diminuição da deposição de dentina, para 1mm

de dentina por dia. Quando se observa um preparo cavitário profundo, a deposição

dentinária aproxima-se de 3,5 mm por dia durante os 27 a 48 dias pós-operatório.

            Em 1959, Kuttler(32), propôs uma classificação para identificar as várias formas

de dentina, classificando-as em três tipos básicos:

=> Primária - é a dentina original ,normal e regular, a maior parte formada antes da

erupção do dente.

=> Secundária - é a que se forma devido aos estímulos de baixa intensidade, decorrente

de função biológica normal durante a vida clínica do dente. Difere da primeira, por

apresentar túbulos dentinários mais estreitos e tortuosos. A dentina secundária é

depositada em toda a superfície pulpar, especialmente no teto e no assoalho da câmara

pulpar. Como resultado da contínua deposição de dentina secundária, o volume pulpar

vai se tornando cada vez menor com o passar da idade. Os túbulos dentinários sofrem

uma mudança brusca de direção na região onde termina a dentina primária e começa a

secundária, caracterizando microscopicamente uma linha de demarcação nítida entre os

dois tipos de dentina.

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=> Terciária - Desenvolve-se quando existem irritações pulpares mais intensas, como

cárie, preparo cavitário, erosão, abrasão, irritações mecânicas, térmicas, químicas,

elétricas e outras. A dentina terciária difere dos outros tipos por apresentar seus túbulos

mais irregulares, tortuosos, reduzidos em número ou mesmo ausentes. Localizam-se

subjacentes `a zona de irritação. A irregularidade dos canalículos dentinários da dentina

reparadora pode ser atribuida à morte dos odontoblastos ou à interferência metabólica

tanto nas células sobreviventes como nas recém-diferenciadas.

4 Smear Layer

            Uma  vez que a superfície dentinária é cortada ou desgastada com instrumentos

rotatórios ou  manuais, formam-se macro e micropartículas semelhantes ao pó

produzido pela serragem da madeira.

            O termo “smear layer” é mais usado para descrever os microfragmentos ou

microdetritos deixados sobre a dentina durante o preparo cavitário. O termo também se

aplica a qualquer tipo de fragmento produzido iatrogenicamente pelo corte ou desgaste,

não somente da dentina mas também do esmalte, cemento e mesmo da dentina do canal

radicular.

            A palavra Smear layer foi  mencionado pela primeira vez por

BOYDE,SWITSUR & STEWART(04), em 1963, e definido por EICK(13), em 1970.

            A expressão inglesa, foi referida em português como camada agregada, barro ou

lama dentinária, é um substrato dinâmico, produzido clinicamente e consiste de duas

camadas: a camada externa superficial e amorfa (“smear on”), agregada  sobre

superfície dentinária, e a interna (“smear  in” ou “plug”) , formada por micropartículas

que forçadamente penetram por alguns  micrômetros no interior do complexo tubular da

dentina.

            A consideração dessa camada de partículas aderidas às paredes cavitárias

aumenta quando se entende que ela pode abrigar microorganismos que, por sua vez,

podem promover a reinstalação da cárie e inflamação pulpar. Entretanto, para a maioria

dos pesquisadores , o completo entendimento da importância da “smear layer” está

ainda longe de ser alcançado e sua remoção das paredes cavitárias pode trazer, ao

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mesmo tempo, benefícios e prejuízos para as técnicas restauradoras, em função do tipo

de procedimento restaurador.

            O diâmetro ou tamanho das partículas da camada agregada varia de 50 a menos

de 2m. As partículas pequenas ( com menos de 2m) obstruem e selam parcialmente

os túbulos dentinários seccionados, formando os “plugs” que diminuem a

permeabilidade dentinária, enquanto as partículas maiores que 20m repousam sobre a

superfície dentinária e poderiam interferir na adaptação de materiais restauradores ou de

cimentação.

            A smear layer é composta de pequenas partículas de matriz colágena

mineralizada, bem como partículas dentinárias inorgânicas, saliva, sangue e numerosos

microorganismos (Figuras 15 e 16).

 

Figura 15

Figura 16

4.1 Vantagens da Smear Layer

=> Redução da permeabilidade a fluídos bucais e produtos tóxicos, como toxinas

bacterianas e ácidos presentes em certos materiais.

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=> Redução da difusão ( movimento dos fluídos dentinários em direção à polpa).

=> Prevenção da penetração bacteriana nos túbulos dentinários.

4.2 Desvantagens

            A pesar de ter sido demonstrado que a “smear layer” é uma proteção contra a

penetração de bactérias, diversos autores acreditam que ela é permeável a produtos

bacterianos, que podem resultar em resposta inflamatória pulpar e mostram que

remanescentes bacterianos nesta camada podem sobreviver e se multiplicar.

            PASHLEYl(40) em 1984, demonstrou  de maneira objetiva o problema da

remoção ou manutenção da camada agregada. De acordo com o autor, o aspecto

benéfico da não remoção da lama dentinária, é que ela constitui um forrador cavitário

iatrogênico que reduz a permeabilidade dentinária mais efetivamente que qualquer

selante cavitário. Por outro lado ela interfere com a adesão de alguns materiais

odontológicos com a dentina ao mesmo tempo que pode servir como depósito de

bactérias ou de seus produtos. A “smear layer” pode permanecer quando o clínico

pretende usar materiais restauradores convencionais não adesivos sujeitos à infiltração

marginal.

5 Agentes de Limpeza Cavitária

            Os procedimentos para efetuar a limpeza cavitária consistem em remover os

resíduos deixados ou acumulados sobre as paredes e concomitantemente, destruir, inibir

e/ou remover as bactérias soltas na cavidade ou infiltrada na dentina.

                A escolha do agente de limpeza dependerá do conhecimento do clínico, porém

deve-se levar em consideração a ação  de biocompatibilidade do material. Não deve ser

irritante aos tecidos bucais apresentar uma concentração, atividade tensiométrica,

eletrolítica e pH aceitáveis ao meio bucal.

            BRÄNNSTRÖM & NYBORG(05) ,em 1973,  consideravam como fator

preponderante para a irritação pulpar a presença de bactérias no assoalho da cavidade e

que a aplicação de substâncias ácidas sobre a dentina não produzia efeito nocivo a

polpa, desde que não houvesse penetração bacteriana através da margens do preparo.

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            Os agentes de limpeza cavitária devem possuir as seguintes características e

ações físico-químico-biológicas:

=> Limpar as paredes cavitárias, removendo os microfragmentos orgânicos e dentários,

contaminados ou não, acumulados durante a instrumentação do preparo.

=> Não ser tóxico e facilitar a ação dos agentes protetores

=> Combater ou eliminar possíveis microorganismos patogênicos no interior da

cavidade.

            Esses agentes devem desempenhar essas funções sem injuriar o complexo

dentino pulpar e , portanto, sua escolha se baseava nas propriedades físicas, químicas e

biológicas que apresentam, de modo a atender aos objetivos da limpeza e desinfeção da

cavidade.

            Existem dois tipos de agentes para limpeza cavitária:

=> Não desmineralizantes: ação de lavagem, removendo os detritos pela força do

impacto do jato da substância ou por esfregaço.        Exemplos: Germicidas, Soluções

fluoretadas, Soluções de clorexidina, detersivos e alcalinizantes.

=> Desmineralizantes: considerados bons limpadores por reagirem com os

microfragmentos dentinários, removendo total ou parcialmente a “smear layer”.

            Deve-se a BUONOCORE(09) em 1955, o desenvolvimento de um método para

limpar, condicionar e aumentar a adesão das resinas restauradoras á superfície do

esmalte. Inicialmente foi utilizado o ácido fosfórico a 85% para ataque da superfície do

esmalte. Logo após a introdução deste ácido, iniciou-se  a procura por substâncias que

proporcionassem além da limpeza uma união mais adequada a dentina, considerando a

possibilidade de promover a formação de microporosidades à semelhança do esmalte.

            Uma vez estabelecida a necessidade de tratar, limpar e condicionar a dentina,

diversas pesquisas empregando substâncias ácidas foram realizadas, para a avaliação

destas substâncias sobre a superfície dentinária relacionando com a “smear layer” .

Foram utilizadas vários tipos de ácidos entre eles o ácido poliacrílico, fosfórico , EDTA

e outros.

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            Alguns aspectos deve ser considerados com relação ao uso das substâncias

ácidas: o elevado potencial irritativo dessas soluções e a desmineralização da dentina

peritubular.

5.1 EDTA

            Foi introduzido na prática endodôntica em 1957, sob a forma de solução aquosa

a 15,5% e pH de 7,3 e para limpeza cavitária em 1980 por BRÄNNSTRÖM(07).

            Pode ser empregado separadamente ou associado com outras substâncias, a fim

de conseguir um melhor efeito de limpeza, pois é um composto quelante que se une ao

cálcio, formando ligações covalentes com o significado de remoção da camada agregada

tanto da porção radicular como do preparo cavitário.

            A aplicação deve ser executada após o preparo momentos antes da colocação de

um material protetor, adesivo ou prévio a restauração, sendo utilizado como esfregaço

com uma bolinha de algodão sobre a superfície dentinária. Tem a ação de desobliterar

parcialmente os túbulos dentinários e tem a capacidade de destruir a dentina peritubular

(Figura 17).

Figura 17

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5.2 Ácido Poliacrílico

            Evidências clínicas e científicas têm demonstrado que o ácido poliacrílico de

alto peso molecular é eficaz na remoção da camada de partículas agregadas, sem

contudo, desobstruir a embocadura dos túbulos dentinários. Esta remoção parcial é

recomendada para aumentar a força de união à dentina de materiais como o cimento de

ionômero de vidro. Porém o ácido não deve ser aplicado sobre a polpa exposta, se

houver zonas próximas da polpa, esta deve ser protegida com um forrador ou uma base.

            A mínima toxicidade pulpar produzida pelos ionômeros de vidro é devido ao

alto peso molecular, que torna menos móvel e penetrante e seu pH maior comparado

com o ácido fosfórico. Deve utilizar o ácido poliacrílico na concentração de 12 a 25%,

também é utilizado como esfregaço com uma bolinha de algodão ou pincel por 15

segundos sobre a superfície cavitária e deve ser lavado em seguida com jatos de água e

seca com ar (Figura 18).

Figura 18

5.3 Ácido Fosfórico

            Várias pesquisas demonstraram que algumas soluções ácidas, especialmente as

fosfórica, promoviam uma limpeza completa da superfície dentinária. O estudo feito por

LEE(33) em 1973, onde utilizou o ácido fosfórico e o ácido  cítrico ambos a 50%, revelou

que estes ácidos utilizados por cinco minutos na área afetada, mostrou que  os

condicionadores não penetravam profundamente e exerciam pouco efeito na superfície

dentinária. Por outro lado, RETIEF(43) em 1974, observou que a aplicação do ácido

Page 17: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

fosfórico a 50% em dentina de macaco resultou em uma resposta  pulpar severa e por

essa razão, sugeriu a proteção o emprego de protetores pulpares.

            Em 1979, FUSAYAMA (18), relataram a técnica do condicionamento ácido total

in vivo empregando o ácido fosfórico a 37% para condicionar o esmalte e a dentina para

posterior aplicação do sistema adesivo. NAKABAYASHI(38) definiram a formação da

camada híbrida, resultante da infiltração de monômeros resinosos entre as fibras

colágenas expostas, devido à remoção total da “smear layer” e da maioria dos “smear

plugs” e da dentina peritubular e intertubular.

            Em relação ao condicionamento da dentina, no início utilizava o ácido fosfórico

a 50%, mas esta concentração foi considerada muito forte , e hoje existe um

direcionamento para a utilização de uma concentração menor como 10 ou 37% com o

intuito de diminuir a possível agressão ao complexo dentino pulpar. E o ácido fosfórico

apresentou um melhor padrão de condicionamento (Figuras 19, 20 e 21).

Figura 19. Ácido fosfórico10%

Figura 20. Ácido fosfórico32%

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Figura 21. Ácido fosforico37%.

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6 Condicionamento Ácido Total de Dentina e Esmalte

            Uma das maiores contradições mundiais relaciona-se ao uso do ácido na

superfície do complexo dentino pulpar, uma vez que , era até recentemente era aceito de

forma geral pela maioria da classe odontológica que aplicação deliberada ou acidental

do ácido fosfórico a 37 ou 50% na superfície da dentina propiciava grandes chances de

causar necrose pulpar. Este fato baseava-se em ensaios biológicos de laboratório e

observações clinicas geralmente relacionadas aos sistemas adesivos de primeira

geração, aos cimentos de fosfato de zinco , silicato e sílico fosfato.

            A técnica do condicionamento total esta indicada em cavidades que apresentam

estruturas remanescentes suficientes de dentina na paredes de fundo das cavidades, pois,

de acordo com MERYON(35), uma espessura de 0,5 mm e 1 mm de dentina

remanescente pode reduzir a toxicidade dos materiais restauradores em até 75% e 90%

respectivamente.

            Os autores que condenam o condicionamento da dentina com ácido fosfórico a

37% sustentam que o ataque ácido causa a remoção completa de Smear Layer com o

alargamento da embocadura  dos túbulos com o processo de degeneração, afunilados e

propiciando fácil caminhos para as bactérias atingirem a polpa. Além disso, quando a

aplicação do adesivo vários “tags “são formados, mais a adesão obtida é muito pequena,

devido  a polimerização incompleta destas projeções resinosas, seja pelo oxigênio

existente, ou pela umidade presente causado pelo fluído intertubular. Esses autores

contra indicam a utilização do ácido fosfórico alegando que o mesmo causa inflamação

pulpar.

            FUSAYAMA(19) tem recomendado que a superfície de dentina deva ser

condicionada com ácido fosfórico antes da aplicação do agente de união, pois o mesmo

vem obtendo com tal técnica um aumento potencial na adesividade entre o agente de

união e a superfície dentinária sem nenhum problema relacionado a sensibilidade pós

operatória   ou necrose pulpar.  Mais recentemente , KANCA III,J. E BERTOLLOTI,

difundiram o mesmo conceito, o qual apesar de ainda sofre resistência , vem se

transformando em uma tararia mais aceita entre os clínicos mais atualizados.

Aparentemente de fácil execução, não é, no entanto, tão simples e duas considerações

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sobre o condicionamento ácido da dentina são fundamentais e deve ser discutidas: O

tempo de condicionamento e a concentração do ácido. Quanto maior a concentração e

mais longo for o período for qual o material permanece em contato com a superfície da

dentina cortada maior será o grau de reação.

            Realmente, o uso de ácidos fortes nas superfície da dentina remove de forma

agressiva o esfregaço ( Smear Layer) abre os túbulos e remove parte da dentina

peritubular. Caso essa superfície não sejam completamente vedadas, a possibilidade de

invasão bacteriana torna-se uma preocupação muito séria. Falhas na indicação clínica e

a utilização de técnicas apropriadas prontamente resultam em invasão bacteriana a qual

ocasiona necrose pulpar. Convém lembrar , uma vez mais, que até agora nenhum

sistema restaurador sela  hermeticamente um preparo cavitário, quando muito se

consegue um bom vedamento marginal.

            Pesquisas contrarias parecem ter sufocado a técnica do condicionamento total

por um certo período e condicionar a dentina com o mesmo ácido preconizado para o

esmalte tornou-se inaceitável na maioria das escolas ocidentais. FUSAYAMA (19).

persistem em dever a técnica de condicionamento total, alegando ser a melhor forma de

evitar a sensibilidade pós operatória e a microinfiltração ; GOTO e JORDAN,

comparando espécimes tratados por ácido fosfórico a 50% com grupo controle, não

encontraram diferenças significante quanto a respostas pulpar; BRÄNNSTRÖM e

NYBORG(05), COX et al(12). , constataram que materiais tidos como tóxicos, fosfato de

zinco, cimento silicato e sílico fosfato, que contem ácido fosfórico em sua composição,

não necrosam a polpa, mesmo quando em contato com ela, desde que sejam inseridos na

forma asséptica sugerindo fortemente que o que causa necrose não é o material 

restaurador nem o ácido, mas sim a presença de bactérias. Todavia, o que se questiona é

conseguir um ambiente cavitário asséptico antes, durante e após restauração do dente.

            Em 1970, JONHSON(26), observaram  que a espessura da dentina remanescente

teve influência apenas para os dentes tratados com ácidos, pois quanto menor esta

espessura, mais severa a reação inflamatória.

            ERIKSEN (15), em 1974, concluiu que a limpeza da cavidade com uma solução

concentrada de ácido cítrico aumentou de forma significante a resposta do tecido pulpar

à posterior restauração de resina.

Page 21: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            Também em 1974, RETIEF etal.(43), observou após um período de 4/14/42 dias

que a aplicação de ácido fosfórico sobre a dentina recém exposta, produziu reações

pulpares mais severas que a simples colocação de  cimento de óxido de zinco e eugenol

sem a utilização do ácido, sugerindo que um material protetor deve ser utilizado para

cobrir o tecido dentinário antes do condicionamento com ácido fosfórico à 50%.

            STANLEYl(47), em 1975, avaliaram a resposta do tecido pulpar frente a materiais

restauradores, assim como, ao pré tratamento ácido da dentina. Foram utilizados os

materiais ZOE, resina mas sem o pré tratamento da dentina, e resina com pré tratamento

da dentina com ácido  fosfórico a 50% por 60 segundos ou com ácido cítrico à 50%.

            Os resultados demonstraram que, para os casos onde a resina foi aplicada sem o

pré tratamento ácido, a reação inflamatória não foi severa quando o remanescente

dentinário foi maior que 1 mm. de espessura, entretanto quando este foi menor que 1

mm, severa resposta inflamatória foi observada diminuindo após 60 dias. Também, para

os dentes que foram realizados o pré tratamento, mínima  reação pulpar pode ser

observada quando o remanescente dentinário foi mais que 1 mm de espessura, sendo

que o   tratamento   intensificou   quando   o  remanescente foi menor que 1 mm.

Baseado nestes resultados,  os autores sugerem que o tecido pulpar deve sempre ser

protegido com materiais a base de hidróxido de cálcio.

            A avaliação realizada por , MACKO(34) em 1978, com o colocação do ácido a 2,6

mm da polpa, com o ácido fosfórico à 50% por 60 segundos, com o tempo de 30 e 90

minutos do procedimento operatório mostrou aspiração do núcleo de odontoblastos para

o interior dos túbulos dentinários e presença de eritrócitos na região subjacente ao

preparo cavitário, e poucas células inflamatórias foram observadas. O caráter crônico

era diferente do grupo controle (ZOE). Os autores concluíram que o ácido fosfórico à

50% sobre a dentina de cavidades rasas, causou moderada reação pulpar, não devendo

ser utilizado sobre a dentina não protegida.

            Um trabalho realizado por, FRANQUIN & BROUILLET(16) em 1988, avaliaram

a resposta do complexo dentino pulpar após a confecção de cavidades profundas de

classe V restauradas de seguinte forma: aplicação de adesivo e resina composta sem

condicionamento ácido; condicionamento ácido à 37% por 60 segundos, primer, adesivo

e resina; ou no lugar do ácido fosfórico o EDTA por 30 segundos. E como controle foi

Page 22: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

utilizado o IRM. Os dentes foram avaliados Histologicamente após períodos de 20 a 50

dias (avaliação intermediária) e num período de 51 a 381 dias (avaliação a longo prazo).

Os resultados relacionados ao grupo controle, no qual todos os dentes foram extraídos

aos 40 dias, demonstraram suave reação pulpar. Os autores observaram que a utilização

do adesivo sem o prévio condicionamento ácido das paredes dentinárias, pode ser

considerada como aceitável, uma vez que não foram observadas reações pulpares

severas ou muito severas em nenhum período, e houve diminuição na sua intensidade

com o decorrer do tempo. Quando o condicionamento ácido foi realizado, a

biocompatibilidade do adesivo não foi aceitável. Reações pulpares severas forma

observadas. Os autores concluíram que as técnicas as quais requerem o pré-tratamento

ácido, não devem ser realizadas em cavidades profundas, com base nos riscos que

podem representar para o complexo dentino pulpar. A espessura de dentina

remanescente foi um fator importante quando da avaliação da intensidade da resposta

pulpar, sendo que as reações mais graves ocorreram quando o remanescente dentinário

foi menor. A dentina terciária não deve ser considerada um fator positivo necessário

para assegurar a proteção da polpa, mas sim, como resultado de uma irritação inevitável.

            Com objetivo de avaliar a biocompatibilidade de um sistema adesivo dentinário,

ELBAUM (14), em 1991, prepararam cavidades classe V em dentes, que após o

condicionamento ácido do esmalte por 60 segundos, e aplicação do sistema adesivo,

foram restaurados com resina composta. Como grupo controle foi utilizado o IRM.

Decorridos períodos de 21 a 120 dias, os dentes foram extraídos e colocados em grupos

definidos Grupo A, dentes extraídos entre 21 e 49 dias, Grupo B dentes extraídos entre

50 e 120 dias. Para o grupo A, 15% dos dentes apresentaram resposta pulpar suave,

70% reação moderada e 15% reação severa. No Grupo B, 14% dos dentes apresentaram

resposta pulpar suave, 80% reação moderada e não houve casos de reação severa.

Baseados em seus resultados, concluíram que nas condições experimentais empregadas,

o sistema adesivo utilizado foi irritante ao complexo dentino pulpar.

            HEBLING(24), em 1999, demonstraram a possibilidade de difusão de material

resinoso através dos túbulos dentinários quanto menor a espessura de dentina entre o

assoalho cavitário e o espaço pulpar. Nestes caso, específicos a resposta inflamatória

associada a desorganização tecidual foi evidente. Ruptura da camada odontoblástica e

aspiração de odontoblastos para o interior dos túbulos dentinários.

Page 23: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            Em relação a fatores associados, FUSAYAMA(19) em 1987, descreveu à

inflamação do tecido pulpar como fatores químicos provenientes dos materiais

restauradores, microinfiltração, presença de bactérias, efeitos do preparo cavitário e o

afastamento dos materiais resinosos das paredes dentinárias, devido a contração de

polimerização. Embora relatasse o potencial irritante de alguns materiais restauradores,

o autor mostrou acreditar que o principal promotor de irritação pulpar é a separação

entre a resina e a polpa. Relatou também quadros inflamatórios mesmo na ausência de

bactérias, sugerindo que a irritação pulpar é o resultado da associação de vários fatores,

o que parece justificar os diferentes resultados obtidos por vários pesquisadores.

            A presença de bactérias sendo também um fator de importância para a irritação

pulpar, GRIEVE(21), em 1991, relataram um estudo onde dentes foram restaurados com

cavidades classe V com resina composta com  e sem a utilização de sistemas adesivos,

objetivando avaliar a resposta pulpar. O grupo controle foi restaurado com cimento

óxido de zinco e eugenol. Após períodos de 7,14 e 28 dias observaram um variado

quadro de reações inflamatórias, sendo que não houve diferença entre os dois sistemas

adesivos avaliados e a utilização apenas da resina. Observaram também uma associação

entre a presença de bactérias e inflamação pulpar e concluíram que a resina composta e

os sistemas adesivos testados não foram os únicos responsáveis pela a irritação do

tecido pulpar, entretanto,  acreditam ser de fundamental importância a colocação de uma

base ou forramento para prevenir que microorganismos  alcancem o assoalho da

cavidade, promovendo tanto uma barreira física como química, através de uma atuação

antimicrobiana.

            FUJITANI(17), em 1992, prepararam 115 cavidades profundas de classe V em

dentes de macacos, e as restauraram com resina composta após o condicionamento

ácido com o ácido fosfórico à 37% por 60 segundos, com resina composta após

condicionamento de esmalte e dentina com o mesmo ácido e mesmo tempo de

aplicação, e com cimento de óxido e zinco e eugenol ou cimento silicato como grupo

controle negativo e positivo, respectivamente. A resposta pulpar para o grupo controle

restaurado com cimento de óxido de zinco e eugenol, mostrou-se suave ou ausente aos 3

dias, sendo que após 30 dias, reações moderadas ou severas foram observadas em

metade dos espécimes. Aos 90 dias metade doas espécimes apresentaram moderada e

severa formação de dentina de irritação. Entretanto, não foram encontradas bactérias em

Page 24: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

nenhum espécime. Para o grupo do cimento de silicato as reações foram mais severas

em todos os períodos, enquanto bactérias foram encontradas ao longo das paredes

dentinárias com um aumento em número com o decorrer do tempo.

            Para  os grupos experimentais, reações mais severas foram observadas aos 3 dias

quando do condicionamento ácido total, porém com o transcorrer dos períodos a

intensidade desasas reações diminui. Bactérias foram encontradas em poucos espécimes

para ambos os grupos. Baseados em seus resultados, os autores concluíram que o

condicionamento ácido da dentina induz a uma resposta inflamatória pulpar inicial,

porém transitória, diminuindo com o tempo, e que a principal causa de irritação pulpar

foi considerada como sendo a microinfiltração e consequentemente a infecção de

bacteriana.

            WHITE(50), em 1992, desenvolveram um trabalho com o objetivo de observar o

processo de reparo pulpar após o condicionamento ácido da dentina e aplicação de

sistemas adesivos em 112 cavidades confeccionadas em dentes de macacos. Os

resultados mostraram que o condicionamento ácido da dentina realizado em cavidades

profundas não impede o processo de reparo pulpar. Os casos com reação severa, foram

associados à presença de bactérias na dentina remanescente na parede axial. As

cavidades utilizadas como controle e restauradas com cimentos ácidos, apresentaram

respostas pulpares mais severas.

            Em relação aos fatores químicos, QVIST (41), em 1989, avaliaram a resposta do

tecido pulpar frente a diferentes técnicas de restauração com resina composta, utilizando

58 dentes pré-molares humanos que receberam cavidades de classe V com

aproximadamente 2 mm. de profundidade. Após 4 meses, observaram que nas

restaurações onde resina com baixa viscosidade ou uma solução foi aplicada após o

condicionamento ácido, a infiltração marginal foi reduzida. Entretanto a utilização de

resina de baixa viscosidade, resultou na maior freqüência de formação e abcessos e

necrose, além de maior redução da quantidade de odontoblastos e da deposição de

dentina terciária. Este quadro não se repetiu quando a dentina foi protegida com algodão

estéril antes do condicionamento. Os autores concluíram que o ácido fosfórico por si só,

teve um efeito agudo, porém minimo sobre o tecido pulpar, e que o aumento da

permeabilidade dentinária, produzida pelo ácido, aumentou o efeito citotóxico dos

materiais e de bactérias e suas toxinas. Recomendaram que a dentina exposta seja

Page 25: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

protegida em cavidades a serem restauradas com resina, uma vez que uma perfeita

adaptação marginal ainda não pode ser assegurada por nenhuma técnica ou material

restaurador.

            KANCA(27) em 1990, avaliou a possibilidade de outros fatores que não o

condicionamento ácido da dentina causarem inflamação pulpar. Argumentou, que

através da literatura, que os trabalhos que inicialmente criticaram a realização desta

prática, estiveram equivocados, pois a reação pulpar por eles demonstrados teria sido

causada pelo material restaurador empregado, cimento óxido de zinco e eugenol, e não

pelo ácido. O autor concluiu que o tratamento ácido realizado sobre a dentina não causa

por si só as injúrias à polpa, entretanto, falha no selamento da restauração após este

condicionamento, é que poderia causar problemas pulpares, principalmente pela

penetração de bactérias na interface dente restauração.

            Para as fendas como um dos fatores associados à inflamação pulpar associados,

FUSAYAMA(19) em 1987, descreveu à inflamação do tecido pulpar deveria ser

provenientes pelo efeito do preparo cavitário e o afastamento dos materiais resinosos

das paredes dentinárias, devido a contração de polimerização.

            HEBLING (24) em 1997, em seu estudo para a resposta do complexo dentino

pulpar à aplicação de um sistema adesivo em cavidades profundas com ou sem

exposição pulpar, conclui que a utilização do sistema adesivo e resina composta, e

cimento hidróxido de cálcio mais adesivo mais resina composta, que o sistema adesivo

apresentou biocompatibilidade aceitável, na dependência da espessura dentinária, que a

aplicação diretamente sobre a polpa, o sistema adesivo não foi biocompatível, agressão

ao complexo destino pulpar foi discretamente maior nos grupos que foram

contaminados, em todos os grupos e para o período avaliado, o sistema adesivo foi mais

citotóxico, que os materiais a base de hidróxido de cálcio, a correlação entre a presença

de bactérias e reação celular inflamatória foi de 11,2% e não houve correlação entre os

achados clínicos e radiográficos e os eventos histopatológicos.

            A conclusão final frente ao condicionamento ácido total que são vários fatores

que interferem na resposta pulpar e o profissional através do senso clínico deve

minimizar estes fatores( proteção pulpar adequada).

Page 26: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

7 Proteção de Cavidades Profundas

7.1 Hidróxido de Cálcio

            Segundo MONDELLI(37), os produtos à base de hidróxido de cálcio são

atualmente empregados, graças à sua comprovada capacidade de estimular a formação

de dentina esclerosada, reparadora e proteger a polpa contra os estímulos

termoeléctricos e a ação dos agentes tóxicos de alguns materiais restauradores.

            A indução de neoformação dentinária parece ser decorrente ao pH altamente

alcalino do material, embora seu mecanismo não seja conhecido. Desde que este

material é particularmente efetivo em estimular a formação de dentina reacional e

reparadora , é o material de escolha para ser utilizado em cavidades profundas,

particularmente quando ocorre exposições pulpares. Além de bloquear os túbulos

dentinários, neutralizar o ataque de ácidos e aumentar a espessura dentinária.

7.2 Cimento Ionômero de Vidro

            Quanto ao comportamento biológico do material, este pode ser aplicado

diretamente sobre cavidades rasas, médias e em cavidades profundas deve ser utilizado

previamente o cimento hidróxido de cálcio. A sua discreta reação pulpar é devido a:

=> Ácidos fracos com baixa toxicidade;

=> Alto peso molecular (macromolécula);

=> Cadeia poliônica grande.

7.3 Polpa Dental

            A polpa dental é um tecido conjuntivo frouxo altamente especializado, rica

mente vascularizado , inervado , e consequentemente, responsável pela vitalidade do

dente. Ocupa a cavidade pulpar, formada pela câmara pulpar coronária e canais

radiculares, e está diretamente conjugada ao sistema circulatório e tecidos periapicais

através do feixe vasculonervoso que entra  e sai pelos forames apicais.

Page 27: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            Os principais componentes do tecido pulpar e seu envolvimento dentinário são a

dentina tubular, a pré-dentina, a camada odontoblástica, a zona acelular de Weil, a zona

rica em células e o tecido pulpar profundo, onde se concentram fibrosblastos, células

mesenquimais indiferenciadas,vasos sanguíneos, fibras colágenas, e fibras nervosas. O

reconhecimento desses elementos é de grande auxílio na compreeensão dos fenômenos

biológicos que envolvem o tecido pulpar diante dos procedimentos operatórios e

algumas formas de agressões.

            Os odontoblastos são  células do tecido pulpar altamente diferenciadas. Deles é a

responsabilidade de produzir dentina desde o início da formação do dente até a

degeneração e o desaparecimento da polpa. As células odontoblásticas, uma vez

diferenciadas, são consideradas pós-mitóticas, incapazes de se dividirem, e como os

neurônios, pertencem à população de células estáticas as quais não se reproduzem na

idade adulta. Encontram-se na região mais superficial da polpa, em intimidade com a

pré-dentina. Esta é uma camada de matriz orgânica constituída de fibras colágenas e

precursora da dentina calcificada. À medida que os odontoblastos vão organizando a

matriz orgânica, deixam aprisionados na massa pré-calcificada seus prolongamentos

citoplasmáticos. Assim, pode-se entender que existe um odontoblasto para cada

canalículo dentinário formado. Esta íntima relação do tecido pulpar, representada pelos

odontoblastos, com a estrutura dentinária desenvolvida, torna difícil a compreensão dos

fenômenos que ocorrem numa e noutra região separadamente. Polpa e dentina

compõem, portanto, um sistema que se convencionou chamar complexo dentino-pulpar.

A mínima intervenção nas porções superiores de dentina é, portanto, imediatamente

percebida pelo tecido pulpar e uma resposta de ordem local ou geral, começam a se

desenvolver.

            A principal função da polpa dental é produzir dentina. Sua primeira atividade

consiste, entretanto, em induzir a diferenciação do epitélio oral em lâmina dental e

formação do orgão do esmalte(indutiva), além de ser responsável pela identidade do

dente formado. Em sua função formativa, a polpa dental, através de seus odontoblastos,

produz, matriz orgânica e promove sua calcificação, formando dentina tubular, com o

desenvolvimento gradativo dos processos odontoblásticos.

            A polpa proporciona nutrição à dentina através dos prolongamentos dos

odontoblastos, os quais conduzem elementos essenciais para o metabolismo local.

Page 28: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            A polpa dental exerce também função de proteção ao dente. Graças a essa

função, que se manifesta através da dor, mediante estímulos físicos e químicos, o

indivíduo está capacitado a perceber alterações na superfície do dente. Fibras nervosas,

as quais penetram ao nível das foraminas apicais compondo o feixe vasculonervoso, são

as responsáveis pela mediação da sensação de dor. São as fibras nervosas mielínicas que

acompanham o curso dos vasos sanguíneos. As fibras não-mielínicas mantêm íntima

relação com os vasos sanguíneos e seus terminais nas células musculares das arteríolas,

controlando a ação vasomotora.

            Um verdadeiro mecanismo de defesa é acionado cada vez que as estruturas

dentárias são estimuladas. Por meio deste a polpa exerce uma de suas principais

funções, a de defesa ou reparadora. Dependendo da intensidade do estímulo e de sua

capacidade individual de resposta, a polpa poderá iniciar o esclerosamento dos túbulos

dentinários e ao, mesmo tempo, formar dentina terciária ou reparadora ou simplesmente

sucumbir aos efeitos de um processo inflamatório intenso.

            Ao nível pulpar ocorrem modificações em resposta a estímulos externos. Estas

são representadas pelo aumento do fluxo sanguíneo e pela mobilização das células de

defesa da polpa. Constituem, em conjunto, o desenvolvimento de um processo

inflamatório e, as características da resposta inflamatória dependem do tipo e

intensidade do estímulo.

            Fazem parte do sistema celular defensivo da polpa as células mesenquimais

indiferenciadas, os histiócitos ou macrófagos e ainda os neutrófilos, linfócitos e

plasmócitos, que migram para os locais de inflamação através da corrente sanguínea.

            As células mesenquimais indiferenciadas reservam uma grande capacidade de

diferenciação e proliferam em todo o tecido pulpar, especialmente na zona rica em

células próxima à camada odontoblástica. O papel mais importante destas células é a

diferenciação em odontoblastos e, em consequência, a reativação da capacidade

reparadora da polpa na região da camada odontoblástica desorganizada pela injúria.

            Se as células indiferenciadas são as responsáveis pela recomposição da camada

odontoblástica, os macrófagos juntamente com os neutrófilos oferecem condições

Page 29: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

definitivas de reparo através da fagocitose de bactérias, células degeneradas e corpos

estranhos.

7.4 Exposição Pulpar

            A proteção direta consiste na aplicação de um agente protetor numa exposição

do tecido pulpar, a fim de promover o restabelecimento da polpa e protegê-la de

irritação adicional, mantendo a sua vitalidade, bem como para estimular o

desenvolvimento de nova dentina.

            As proteções diretas estão indicadas na ocorrência de exposição mecânica

acidental, estando a polpa num estágio reversível. Caso a camada de odontoblastos seja

também inadvertidamente perfurada, essa penetração deve ser rasa e a hemorragia

estancar-se com rapidez. Quando essa perfuração for patológica, a proteção direta cede

lugar a outras condutas conservadoras, tais como a curetagem pulpar e a pulpotomia.

            Para que possa ser realizado a proteção direta, algumas diretrizes e requisitos

básicos devem ser seguidos. São eles:

=> Campo operatório - as proteções diretas deverão sempre que possível ser realizadas

sob isolamento absoluto com dique de borracha e o campo descontaminado com

soluções bactericida, como álcool iodado.

=> Presença de bactérias - embora exista comprovação científica de que exposições

pulpares mecânicas acidentais possam cicatrizar normalmente  por capeamento direto ,

um ambiente isento de bactérias é necessário. O sucesso de uma proteção pulpra direta,

que culmina com a formação de barreira mineralizada para vedar a exposição  e manter

a vitalidade pulpar está condicionada a técnicas operatórias ideais ou seja campo

operatórioi, polpa e local da exposição livres de contaminação.

=> Idade do paciente - o paciente deve ser jovem, porque as polpas de indivíduos mais

velhos têm, segundo BERNICK & NEDELMAN(03) e COHEN & BURNS(11), fibrose

aumentada e um suprimento sanguíneo diminuído, depósito de cálculos pulpares que

reduzem o estroma pulpar e, em função disso, capacidade reduzida para mostrar uma

resposta eficaz aos microorganismos e de reparo biológico similar às polpas jovens.

Page 30: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

=> Tamanho da exposição - os capeamentos pulpares diretos devem ser realizados

apenas quando uma pequena exposição (menos que 1mm de diâmetro), e for tratada

imediatamente ou até poucas horas após a injúria.

=> Agente capeador - a exposição deve ser coberta com o hidróxido de cálcio, devido a

sua comprovada capacidade de promover reparo biológico em alta porcentagem. Porém

não devem ser colocados sobre polpas sangrentas ou hemorrágicas.

=> Vedamento do dente - deve ser restaurado temporária  e/ou definitivamentte com um

material que vede adequadamente a cavidade, a fim de impedir contaminação bacteriana

posterior.

            O hidróxido de cálcio foi o primeiro material capeador utilizado por Hermann

em 1930. O hidróxido de cálcio serve como barreira protetora para o tecido pulpar não

somente bloqueando os túbulos dentinários mas também,neutralizando o ataque dos

ácidos inorgânicos. Quando colocado sobre a polpa exposta estimula a formação da

ponte dentinária.

            Muitos problemas no capeamento pulpar são criados pela falta de critério

histológico uniforme para avaliar o sucesso e a falha. Finalmente doze critérios foram

considerados pela ISO 1997, quando o teste do capeamento é feito para analisar a

biocompatibilidade.

            O hidróxido de cálcio puro na sua fórmula original age destruindo uma certa

quantidade de tecido pulpar, quando colocado em contato direto com a polpa. Essa

caracteristica destrutiva de cauterização química, estimulou a busca de  fórmulas que

pudessem estimular a dentina reparadora, para formar a barreira sem sacrificar o

remanescente pulpar. No entanto o mecanismo exato pelo qual o hidróxido de cálcio

forma a barreira mineralizada não tem sido elucidado mas, a ação caústica é produzida

pelo pH alcalino(11-13), onde o mesmo é solubilizado induzindo uma zona de

mumificação do tecido pulpar em contato direto. O sucesso da técnica ocorre e pouca

atenção é dada a presença de microorganismos por causa do efeito bactericida dos

produtos à base de hidróxido de cálcio. Por causa da variação do pH do hidróxido de

cálcio, existem duas formas de reparo:

7.4.1 Hidróxido de cálcio com pH elevado

Page 31: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            O tecido pulpar em contato direto com o hidróxido de cálcio é frequentemente

desordenado por causa do efeito cáustico. Esta zona de obliteração consiste de debris,

fragmentos, fragmentos dentinários, hemorragia, coágulo sanguíneo, pigmentos

sanguíneos e partículas do hidróxido de cálcio. O tecido com a zona de obliteração sofre

a uma ação do hidróxido de cálcio com um efeito químico fraco alcançando a área

subjacente e resultando numa zona de necrose e trombose dos capilares denominada de

zona de mumificação. Esta zona de mumificação (0,2- 0,5 mm) representa o tecido

desvitalizado sem completa obliteração e com pouco infiltrado  e células inflamatórias.

No entanto o componente celular é diminuído, hemólise dos eritrócitos, odontoblastos

mortos.

            A zona de mumificação estimula o tecido pulpar adjacente a responder com

formação de barreira mineralizada. A sequência de reparo do tecido começa com

mudanças vasculares, migração de células inflamatórias e eliminação dos agentes

irritantes.

     O hidróxido de cálcio, com o seu elevado pH, é capaz de induzir a mumificação, a

zona de mumificação é removida pela fagocitose, e substituição pelo tecido de

granulação com maturação e formação da barreira mineralizada.

Injúria química intensa => Zona de mumificação => fagocitose =>

=> Tecido de granulação => Barreira mineralizada

7.4.2 Hidróxido de cálcio com baixo pH

            Não existe zona de mumificação assim a injúria química é menor. Apresenta

capacidade de formar uma barreira mineralizada mais mineralizada, a qual é a grande

vantagem.

Injúria química intensa => Zona de mumificação => fagocitose =>

=> Tecido de granulação => Barreira mineralizada mais uniforme

7.4.3 Hidróxido de cálcio - Ação bactericida

Page 32: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            Muitos estudos demonstraram que há uma mínima relação no sucesso do

capeamento pulpar em exposições contaminadas, expostas ao ambiente oral por três

horas, cinco ou sete dias, quando produtos à base de hidróxido de cálcio são usados.

            Testando o potencial bactericida do hidróxido de cálcio, ISERMANN &

KAMINSKI(25) infectaram intencionalmente polpas expostas com Streptococus faecalis

e Streptococus sanguis antes do capeamento com esse agente e encontraram pequena

diferença na resposta de reparo com e sem contaminação. BRANNSTROM(07), em 1979

colocaram um filtro embebido com Streptococus sanguis sobre polpas expostas de cães

por dois dias e dez semanas, após o que encontraram barreira mineralizada muito

espessas. Estes fatos contrapõem-se as opiniões de que o capeamento pulpar é

recomendado apenas para exposições traumáticas ou mecânicas pequenas e tratadas

imediatamente ou poucas horas após a injúria.  STANLEY (48) não acredita no conceito

de que os microorganismos permaneçam latentes numa polpa durante meses e anos após

a contaminação de uma exposição e então repentinamente comecem a se multiplicar  e

produzir um episódio agudo doloroso. É difícil aceitar que o tecido pulpar possa

necrosar, pelos microorganismos latentes e, depois, causarem pulpite aguda purulenta e

desse modo responsabilizarem a contaminação, ocorrida meses antes. Quando ocorre a

necrose meses ou anos depois do capeamento é porque ocorreu uma nova infecção.

7.4.4 Condicionamento Ácido em Polpa Exposta

            Um dos critérios para avaliação do resultado de um tratamento restaurador se

fundamenta na  resposta do complexo  dentinopulpar a esse procedimento,  cuja

interpretação dentro do contexto clínico-biológico está diretamente relacionada com a

organização estrutural e funcional desse complexo, sob condições normais e

fisiológicas, assim como sob influências terapêuticas e patológicas.

            O interesse pela técnica do condicionamento ácido do complexo dentinopulpar

começou a ganhar mais adeptos  a partir de observações de BRANNSTROM &

NODERVALL(06) quando, em algumas ocasiões de seus experimentos, ocorreu

inadvertidamente o contato de soluções ácidas em pequenas exposições pulpares de

cavidades profundas. O fato foi descoberto nos exames histopatológicos e, de acordo,

com esses resultados, foi relatado que quando a infecção era evitada não ocorria danos à

polpa, devido ao efeito ácido. A partir daí, estudos anteriores enfocando o tipo de

Page 33: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

resposta pulpar frente ao condicionamento ácido da dentina começaram a ser

contestados. Atribui-se aos materiais de vedamento e/ou protetores empregados nesses

trabalhos a causa pela resposta inflamatória ocorrida no tecido pulpar. O excesso de

eugenol por suas características químicas, apesar do óxido de zinco/eugenol ser bom

vedador biológico, e o cimento de hidróxido de cálcio, por não aderir adequadamente à

estrutura dentária e permitir a invasão bacteriana, poderiam efetivamente ser os

responsáveis pela resposta inflamatória da polpa.

            Sendo assim, existe uma tendência a se acreditar que, se for conseguido um

selamento hermético nas margens da restauração, o eventual trauma causado por

exemplo, por um condicionameto ácido é perfeitamente superado pela polpa. É comum

ouvir-se que se deve condicionar a dentina, mesmo que existam exposições pulpares

antes da aplicação de um agente dentinário de quarta ou quinta geração, os quais, como

já  mencionado, formam a camada híbrida e impedem o ingresso de bactérias pela

interface dente/restauração, o que levaria ao completo restabelecimento da saúde pulpar,

inclusive ocorrendo a formação de barreira mineralizada.

            Soluções ácidas fortes, como ácido fosfórico a 37%  ou 50%, podem em função

de seu pH baixo causar danos ás células odontoblásticas, o que possivelmente seja

superado pela capacidade de recuperação de um tecido conjuntivo saudável. Associado

a esta possibilidade, deve-se considerar que o processo de dissociação iônica, ou seja, de

liberar íons H+, pode causar uma desmineralização acentuada, aumentando a

permeabilidade dentinária e, ainda remover o suporte mineral natural de fibras

colágenas muito em profundidade, regiões essas em que os primers atuais

provavelmente não conseguirão penetrar, permanecendo fibras desprovidas de proteção,

sem suporte mineral.

            Houve uma melhora na capacidade de união dos sistemas restauradores

adesivos, mas isto se deu à base de procedimentos invasivos, como o condicionamento

ácido da dentina, para a obtenção da camada híbrida.

            Inúmeros fatores estão relacionados com a aplicação de soluções ácidas sobres a

dentina come sem exposição pulpar e este tipo de procedimento não pode ser

empregado sem a devida análise de cada caso, além do que a infiltração marginal pode

Page 34: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

ocorrer mesmo quando se empregam sistemas adesivos de quarta e quinta geração ,

como demonstraram SANO(44).

            O condicionamento ácido por si só não leva à degeneração pulpar em situações

consideradas normais, clinicamente nem sempre esta condição está presente, ou seja a

associação de estímulos irritantes de natureza variada, fragmentos dentinários

contaminados, coágulo e ação dos primers e adesivos podem deixar sequelas, o que

compromete a capacidade de regeneração pulpar. Isto pode ser diagnosticado por meio

de testes de sensibilidade pulpar ou pela anamnese. Respostas exageradas ou

inexistentes frente à estímulos térmicos, dor espontânea ou qualquer situação fora da

normalidade devem sempre ser melhor analisadas.

            É importante lembrar que não somente o condicionamento ácido é o elemento

agressor da polpa, pois muitos dos componentes dos sistemas adesivos são diretamente

tóxicos para as células pulpares. Os resultados conflitantes de biocompatibilidade de

materiais revelam a complexidade do padrão de respostas e reações pulpares.

Enfatizam-se, assim a necessidade de uma análise multifatorial da influência das

diferentes causas que afetam a qualidade de uma restauração adesiva.

            Isto está diretamente relacionado com seus efeitos clínico e biológico, ou seja, a

passagem de bactérias, fluidos, moléculas ou íons entre a parede cavitária e o material

aplicado sobre o complexo dentinopulpar. Vários são os fatores que influenciam o

resultado da proteção e respectiva restauração adesiva como: considerações sobre o

paciente, técnica ; tipo; profundidade e localização do preparo cavitário; quantidade e

qualidade da dentina e do esmalte cervical; seleção do sistema adesivo; técnica de

aplicação; fotoativação e polimento da restauração.

            Considerando o vedamento marginal como principal fator para o sucesso das

técnicas restauradoras adesivas, alguns estudos em animais têm demonstrado que

exposições pulpares mecânicas diretas podem cicatrizar normalmente, independente do

pH do material utilizado, quando o dente for vedado hermeticamente. Isto foi suficiente

para que surgisse o  questionamento sobre a necessidade do uso do hidróxido de cálcio

como agente de proteção do complexo dentino/pulpar.

Page 35: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

            Alguns autores como KASHIWADA; & TAKAGI(30) avaliaram clínica e

microscopicamente, enquanto  KANCA (28) E BARATIERI (01), avaliaram clinicamente o

emprego do sistema adesivo, para capeamento pulpar por dois anos em humanos, e

nenhum sinal e sintoma de dor ou morte pulpar foi encontrado.

            HOLLAND et al, em 1995, avaliou o efeito do sistema adesivo ALL BOND 2

em proteções diretas e pulpotomias em dentes de cães, por um período de trinta dias

tendo verificado a ocorrência de necrose pulpar, alémm de outros eventos prejudiciais a

esse tecido, e ausência de barreira mineralizada em todos os dentes tratados

experimentalmente.

            HEBLING,J.(24) em 1997, realizou avaliações histológicas após a aplicação de

proteções diretas e indiretas com os sistema adesivo ALL BOND 2, em cavidades classe

V de dentes humanos, que seriam extraídos por razões ortodônticas. Nos eventos

microscópicos após períodos de 7,14,30,45 e 60 dias, verificou-se  a presença de

inflamação crônica, geleificação da matriz extracelular e ausência de barreira

mineralizada.

            Contrapondo  ao que foi visto anteriormente KANCA e BARATIERI , relataram

casos clínicos com até dois anos de controle, sem sintomatologia dolorosa e com tecido

pulpar sadio, com verificação através de tomadas radiográficas, e por essas razões

sugerem e indicam a hibridização pulpar ao invés da utilização do hidróxido de cálcio

nas exposições pulpares. Segundo  COX (12) e BRANNSTROM (07); KANCA (28) ; na

ausência de bactérias , o tecido pulpar não seria injuriado pelos componentes do sistema

restaurador adesivo ou qualquer agente tóxico e reagiria favoravelmente a esse

procedimento de hibridização( ataque ácido + primer + adesivo + resina composta).

            Apesar de afirmarem com base nos controles clínicos e exames radiográficos por

períodos mais ou menos prolongados a eficiência desta técnica, há necessidade de

embasamento científico para os resultados, além de comprovação microscópica. Outra

dúvida que ocorre, e que todo clínico procura saber é se só o controle através dos testes

de vitalidade e exame radiográfico seriam suficientes para comprovar o sucesso da

hibridização pulpar. Não se deve esquecer que apenas o exame microscópico é que pode

provar a vitalidade pulpar e que os testes clínicos avaliam apenas a sensibilidade pulpar

Page 36: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

ou do dente. Segundo BASTOS (02),existe uma carência de informações acerca dessas

reações pulpares em polpas de humanos.

            No Simpósio de Estética - XII Encontro do GBPD foi concluído que:

=> O condicionamento ácido não deve ser utilizado indiscriminadamente

=> Devem ser observados alguns princípios básicos, como:

- Concentração do ácido/tipo

- Capacidade de dissociação iônica

=> O ácido por si só não é fator preponderante no processo patológico pulpar;

=> Ação limitada do ácido, uma vez que não permanece em contato com o tecido.

Resina composta posterior

Auxiliar

Filomena Salgado- Graduada pela Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas (EFOA) em 1984  - Pós-Graduada em Dentística Restauradora pela Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas em 1995

Maria Elisa Amarante Botelho de Carvalho  ( [email protected] )- Cirurgiã-dentista - Graduada pela Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas (EFOA) em 1978.  - Pós-Graduada em Dentística Restauradora pela Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas em 1995.- Membro da Associação Brasileira de Odontologia Estética (SBOE).  

As autoras realizaram uma revisão de literatura sobre Resina Composta Posterior, mostrando a evolução do material, seus requisitos, indicações e propriedades. Também foi detalhada a técnica de restauração.

Monografia apresentada à Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, como requisito para obtenção do título de Especialista em Dentística Restauradora.Orientador: Prof. Pedro Rehder Filho.   

II. INTRODUÇÃO    

A partir da descoberta da Resina Composta, há mais de 25 anos, por BOWEN (7) nenhum outro material recebeu tanta atenção na odontologia.   

Page 37: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

A melhoria das propriedades físico-mecânicas para tornar a Resina Composta um substituto para o amálgama, tem sido alvo constante de pesquisas.   

A crescente demanda estética no consultório odontológico, onde o desejo do branco dos dentes naturais ocupou o lugar do amarelo do ouro em dentes posteriores, coincide com o surgimento de uma gama variada de novos materiais e técnicas.    

Isso pode gerar confusão ao profissional no uso da Resina Composta Posterior, levando à resultados clínicos insatisfatórios.   

Um outro fator determinante da substituição de restaurações de amálgama é a preocupação, ainda que sem comprovação científica, quanto ao risco de intoxicação pelo mercúrio contido nesse material.   

O objetivo do presente trabalho é fazer uma revisão dos materiais disponíveis, orientar uma correta indicação e detalhar passos técnicos de uma restauração de Resina Composta Posterior.   

Os resultados obtidos serão melhores à medida que o profissional considerar o aprimoramento técnico exigido; fatores inerentes ao paciente, tais como oclusão, hábitos higiênicos, alimentares e parafuncionais; e restrições da restauração em particular.   

III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1963 - BOWEN (7), desenvolveu o polímero reforçado com sílica (resina composta) e descreveu suas propriedades.   

1969 - WIBBLESMAN (38), propõe um novo sistema de resina restauradora desenvolvida para uso universal anterior e posterior.   

1972 - ASMUSSEN & JORGENSEN (2), investigaram a adaptação microscópica de alguns materiais plásticos às paredes cavitárias dentais.   

1977 - KUSY & LEINFELDER (21), relataram o modelo de desgaste em restaurações compostas posteriores.   

1979 - DICKINSON (14), avaliou as propriedades físico-químicas e o desgaste da resina composta.   

1980 - LEINFELDER (22), avaliou, por um período de 5 anos, restaurações compostas anteriores e posteiores.

1982 - BAUSCH (5), em um estudo de tese, concluiu que a contração de polimerização da resina composta varia em 2 a 3% do volume.   

1985 - SANTOS et alii (32), avaliaram a importância do bisel no preparo cavitário, concluindo que este não desempenha papel de importância clínica.   

1986 - LEINFELDER & WILDER (23), analisaram as porções de desgaste de resinas compostas posteriores. 

LEINFELDER et alii (24), avaliaram a viabilidade do emprego de resinas compostas em dentes posteriores.   

Page 38: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

1987 - SIMONSEN & STALLARO (34), analisaram, durante 1 ano restaurações preventivas utilizando resina composta com carga diluída.   

COX et alii (13), concluiram que fatores de toxidade química, tal como ácidos e componentes dos materiais restauradores por si só, são menos significantes na causa de injúria pulpar do que a infiltração bacteriana ao redor das margens da restauração.

BASTOS et alii (4), concluiram que as resinas de micropartículas se comportam melhor como restauradoras de dentes posteriores, em relação às resinas com partículas maiores que 1µm, porém não se comparam ao amálgama. Restaurações satisfatórias podem ser conseguidas, desde que indicadas com critério.    

1988 - BURGESS et alii (8), concluiram que apesar dos melhoramentos da resina composta posterior, esta não pode ser considerada como substituta do amálgama ou restaurações metálicas. Aprendizagem, aplicação de novas técnicas, seleção de casos e necessidade estética, devem ser consideradas para o uso deste material.   

SANTOS (31),cita as taxas de desgaste oclusal permitidas pela ADA no credenciamento provisório e definitivo e as implicações deste desgaste na saúde oral.    

MONTEIRO JR. (29), indica a pré cunhagem como meio de maximizar a separação dos dentes, proporcionando um melhor contato proximal. Matrizes de aço delgadas, seccionadas, são as mais indicadas para restabelecer um contorno adequado.   

GALANTE (19), compara as propriedades da resina composta em relação ao amálgama. Indica a resina composta somente em casos selecionados onde a estética é primordial.

CONSANI (12), cita o fator estético, habilidade para aderir ao esmalte acondicionado pelo ácido, eficiente selamento marginal e possível uso em cavidades conservativas, como vantagens que coloca o desenvolvimento da resina composta para dentes posteriores numa posição promissora. Porém algumas características ainda restringem o seu uso. Recomenda a observação e marcação dos pontos oclusais, antes do preparo cavitário, para que estes não sejam envolvidos durante a restauração.   

VIEIRA, ANDO E PRADO (37), descrevem uma técnica alternativa para restauração conservadora do tipo classe I, associando resina composta com selante de fóssulas e fissuras.

LEINFELDER (25), compara as propriedades da resina composta às do amálgama. Conclui que apesar do grande desenvolvimento em materiais e técnicas, a resina composta não pode ser considerada como substituta do amálgama. Cntudo, oferece ao clínico uma oportunidade de tratar os pacientes de uma forma jamais vista, devido à sua grande grande habilidade em combinar cores.   

SANTOS et alii (33), propõem um preparo cavitário modificado, com bisel curto no esmalte para obtenção de melhores reseultados em restaurações cl. I e II.   

1989 - FERRACANE et alii (17), concluem que a falta de correlação entre os resultados obtidos en vivo e in vitro, impede a formulação de um padrão seguro de resina composta. Novas informações são necessárias para que uma especificação razoável possa ser escrita com base em evidências experimentais sólidas.   

MANDARINO et alii (27), desenvolveram uma nova técnica para restauração dos dentes posteriores com resina composta, que utiliza uma matriz direta de cimento cirúrgico fotopolimerizável, a fim de facilitar a conformação anatômica original do dente.   

Page 39: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

1990 -DICKINSON et alii (15), propõem o uso de um selante superficial de alta penetração, como forma de reduzir o desgste da resina composta posterior.   

1991 - CHRISTENSEN (9), concluiu que ainda não existe uma resina composta universal para uso em anteriores e posteriores. Sugere a associação de uma resina composta híbrida com outra de micropartículas para obtenção de melhores resultados. 

JORDAN & SUZUKI (20), concluem que resinas compostas se comportam bem em restaurações de cl. I e II de molares e pré-molares, desde que sejam conservativas no sentido V-L. Amálgama ou RMF a ouro oferecem melhores soluções para problemas restauradoes difíceis.   

ANDRADA & BARATIERI (1), relatam requisitos para a substituição de um amálgama por resina composta e concluem que a indicação deste material ainda é limitada a casos em que a estética é primordial e onde os contatos oclusais possam ser mantidos em esmalte.   

1992 - COHEN & JOÃO (11), concluem que o embricamento mecânico entre resina composta e esmalte condicionado, através dos “tags, oclui hermeticamente a cavidade. Portanto, este embricamento não é suficiente para impedir o rompimento das margens de esmalte pela contração de polimerização dos material restaurador.   

CHRISTENSEN (10), considera a resina composta posterior aceitável em restaurações de cl. II, desde que as situações clínicas sejam controladas.   

MAZER & LEINFELDER (28), num estudo clínico sobre o Heliomolar (Vivadent), concluem que a diminuição apresentada do desgaste, se deve à melhoria de adesão entre as partículas de enchimento pré-polimerizadas e a matriz de resina. Por isso, essas resinas de microenchimento são adequadas para restauração de cl. I e II conservativas. O menor desgaste atribuído ao Heliomolar se deve também ao tamanho das partículas (< 1 m). A liberação de flúor, ainda que insignificante estatísticamente, pode ser favorável clínicamente. A degradação marginal apresentada se auto limitou com o passar do tempo.   

TERUYA et alii (36), propõem uma nova técnica para restaurar dentes posteriiores com resina composta, onde são acrescentados incrementos pré polimerizados da própria resina, com finalidade de proporcionar condensação do material restaurador.

FERRACANE (18), conclui que, apesar dos melhoramentos das resinas compostas posteriores, não existem dados que apoiem o uso deste material como substituto do amálgama. Soluções como restaurações tipo inlay-onlay trazem melhorias nos resultados, mas não se sabe se são significativas clinicamente. Para o uso adequado da resina composta posterior, deve-se considerar a habilidade do profissional, fatores do paciente e da restauração em particular.   

1993 - DICKINSON, GERBO & LEINFELDER (16), concluem que a formulação do Herculite XRV Incisal, apresenta a metade do desgaste da formulação convencional, ao final de 3 anos.   

RADA (30), propõe o uso de megapartículas de vidro cerâmico quartzo-beta no interior da resina composta, como forma de diminuir o desgaste e proporcionar melhores contorno e contato na área proximal.   

SUZUKI & LEINFELDER (35), mostram que resinas compostas com partículas > 1m podem promover desgaste do esmalte da cúspide antagônica, desde que stress suficiente esteja envolvido.   

WILLEMS et alii (39), estabelecem como padrões fisiológicos o esmalte e a dentina para novas formulações de resinas compostas posteriores. Resinas compostas de carga compacta

Page 40: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

ultrafina (média de desgaste de 110-149 m após 3 anos), serão o material de escolha no século XXI por se enquadrarem melhor nesses padrões. Consideram a resina composta com um futuro promissor.   

1994 - LEINFELDER (26), expõe através de tabela e gráficos, a evolução da resina composta, suas indicações e propriedades. Detalha ainda, passos técnicos de restauração de resinas compostas posteriores..   

BAYNE, HEYMANN & SWIFT (6), concluem que resinas compostas evoluem continuamente produzindo excelentes restaurações anteriores e podendo ser usadas em situações selecionadas em superfícies oclusais. Novos compósitos, como as nanopartículas por exemplo, mostram-se promissores em aplicações mais amplas, podendo com isso decrescer o uso do amálgama.   

IV. DISCUSSÃO   

1. Evolução do material   

As resinas acrílicas para restaurações diretas, comuns da década de 50, se transformaram, no início da década de 70, em resina composta. A evolução se deu pela introdução de macropartículas de quartzo (10-100µm) na matriz resinosa, melhorando as propriedades físico-mecânicas.   

WIBBLESMAN (38), em l969, considerou o Sistema Adaptic satisfatório para as restaurações anteriores e posteriores em qualquer tipo de cavidade. Segundo LEINFELDER (22), embora esse material fosse passível de mudanças de cor, quanto aos testes de sorpção era satisfatório.   

Estudos por períodos mais prolongados apontaram o desgaste superficial acentuado como principal contra indicação do uso desses materiais em dentes posteriores.(24)   

O primeiro melhoramento em Resina Composta Posterior foi a modificação do Concise (3M CO) para dentes anteriores, cujas partículas de carga passaram do tamanho de 30µm e concentração de 76% para 3µm e 83%, respectivamente. Foi então introduzido o P-10, uma resina composta autopolimerizável para uso em dente posterior, cuja resistência ao desgaste foi aumentada, passando de aproximadamente 100m /ano para menos que 50 m/ano. (23,25).   

Seguiram-se outros melhoramentos que incluem: pré-misturas, altas porcentagens de carga, polimerização física por Ultra Violeta e posteriormente por luz halógena(26).   

Na década de 80 (26) existiam 3 tipos de tamanho de partícula: partícula fina (1,0-5,0µm), micro-partícula (0,02-0,07µm) e a partícula híbrida (0,04-5,0µm). Essa variação de tamanho das partículas proporciona diferentes índices nas propriedades, como pode ser visto na tabela 1 e figs. 1, 2, 3 e 4.   

Tab. 1 - Propriedades dos Compósitos   

The Dental Advisor   

Page 41: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Fig. 1   

Nenhuma Baixa Média

Fig. 2  

   

Nenhuma Baixa Média   

Fig. 3   

Nenhuma Baixa Média Alta   

Fig. 4   

Page 42: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

   

Nenhuma Baixa Média Alta   

Sistemas atuais são sastifatórios para casos selecionados de classe I e II, e utilizam partículas menores que 1 µm, numa concentração em peso de 75-86%. Desses materiais os mais populares são Herculite XR, Prisma APH e P-5O (híbridas) e o Heliomolar (micropartícula). (20)   

A resistência ao desgaste é aumentada, introduzindo-se partículas de microenchimento pré polimerizadas com adesão melhorada à matriz de resina. (20,28)   

As resinas de megapartículas incorporam vidro para proteger do desgaste.(6,30). À partir desses melhoramentos, o desgaste oclusal médio da Resina Composta Posterior teve uma redução acentuada, como mostra a fig. 5.(26)   

Pesquisas atuais envolvem o uso de partículas pequenas com melhores propriedades de enchimento, partículas radiopacificadoras mais eficientes, monômeros que expandem na fotopolimerização e eficiência de polimerização em qualquer volume.(6)   

As nanopartículas, em pesquisa, são partículas virtualmente invisíveis, cujo tamanho (0,005-0,01µm) está abaixo do comprimento de onda de luz visível. O ajuste perfeito entre essas partículas permite uma concentração em peso de 90-95%, melhorando grandemente as propriedades físicas e diminuindo a contração de presa. (6)   

As resinas compostas do século XXI terão padrões fisiológicos de comparação ao esmalte e a dentina. Provavelmente as resinas de escolha serão de partículas compactas ultrafinas para todas as finalidades. (6,39)

Fig. 5   

   

   2. Requisitos da Resina Composta Posterior   

Page 43: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Como dito anteriormente, esmalte e dentina serão usados como padrões fisiológicos para pesquisa de novos materiais. (1, 6, 39)   

- Rugosidade intrínseca: deve ser menor ou igual à do esmalte em área de contato oclusal (R.a=0,64µm).   

- Dureza das partículas: não deve ser maior do que a dos cristais de hidroxiapatita (3.39 GPa), previnindo assim o desgaste de cúspides antagônicas. Segundo SUZUKI e LEINFELDER (35), partículas > 1m podem desgastar cúspides antagônicas, desde que stress suficiente esteja envolvido.   

- Módulo de elasticidade: deve ser maior ou igual ao da dentina (18599 µPa).   

- Resistência à compressão comparada à do esmalte (384 µPa) e da dentina (297 µPa).   

- Resistência mecânica semelhante à resistência à fratura do dente natural (Molar=305 µPa e PM=248 µPa).   

- Resistência ao desgaste in vivo comparada à do esmalte (39µm/ano) em molar.   

- Radiopacidade deve ser ligeiramente maior que do esmalte (198% Al).   

Além desses padrões, outros requisitos são necessários: (1,39)   

-Selamento marginal impermeável e duradouro.   

-Permitir acabamento sem destruição do esmalte.   

-Estética agradável em termos de cor e translucidez.   

-Deve ser viável economicamente e de fácil manipulação.   

Resinas compostas compactas ultrafinas que desgastam em área de contato oclusal, em média 110.149µm/ 3anos, provavelmente sejam os materiais que melhor se enquadrem nesses padrões.(39)   

A A.D.A. aprova a Resina Composta Posterior segundo critérios de desgaste oclusal:(6)   

- Para uso irrestrito em posterior: Se a porção de desgaste não ultrapassar 25µm/ano. Atualmente nenhuma resina foi aprovada nessa categoria.

- Para uso restrito (restaurações conservativas).   

Aprovação provisória: O desgaste não deve ultrapassar 125µm após 2 anos e 175µm após 4 anos. Várias resinas já receberam essa aprovação (Estilux Post, Kulzer; Bisfil P, Bisco; Heliomolar, Vivadent; Herculite XR, Kerr).    

Aprovação definitiva: máximo de 250µm após 5 anos em permanentes e 4 anos em decíduos.(31)   

3. Indicações   

Algumas considerações clínicas devem ser feitas quando da indicação da Resina Composta Posterior. (1, 8, 19)   

Page 44: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

-A restauração não deve envolver as cúspides.   

-Não existir contato oclusal direto sobre a restauração.   

-Não existir sinais de desgaste excessivo causado por hábitos parafuncionais.   

-A largura V-L da restauração não deve ultrapassar 1/3 da distância intercuspídea.   

-A parede gengival do preparo deve estar situada em esmalte sadio.   

-O dente permite isolamento absoluto.   

-A estética é primordial.   

Segundo SIMONSEN (34), uma das maiores indicações da Resina Composta Posterior é como restauração preventiva. Esta técnica foi detalhada por VIEIRA et alii (37), onde a Resina Composta Posterior é associada ao selante de fóssulas e fissuras.   

Alguns autores concordam que as resinas compostas de micropartículas se comportam melhor em restaurações posteriores. Quando inidicadas com critério (classe I e II conservativas) podem produzir restaurações satisfatórias com um tempo de vida útil prolongado.   

A maioria dos autores (1, 18, 33) afirma que a Resina Composta Posterior, apesar dos grandes melhoramentos, não pode ser indicada como substituto do amálgama. Os mesmos autores são unânimes em indicar a resina composta para restaurações conservativas, principalmente quando a estética é exigida. Nestes casos a resina composta oferece uma forma de tratamento ímpar, devido à sua grande habilidade de combinar cores. (8,33)  

Alternativas são propostas para resolver casos de restaurações mais amplas, como por exemplo, resina composta inlay/onlay. Mas não se sabe até que ponto essas alternativas apresentam melhorias com significado clínico. (1,18)   

Após mais de 22 anos de estudos clínicos controlados, as Resinas Compostas Posteriores são consideradas aceitáveis quando a técnica de restaurações é seguida e em situações oclusais selecionadas. (6,10)   

Com os melhoramentos já alcançados e os que estão sendo pesquisados, a Resina Composta Posterior é considerada com um futuro promissor.(8)   

4. Propriedades   

4.1- Desgaste   

O desgaste que ocorre in vivo não corresponde aos resultados obtidos em laboratório(17). A perda da forma anatômica é uma somatória do ataque químico do meio bucal e desgaste mecânico(12), tendo implicações na saúde oral, tais como: perda de contato interoclusal, migração do antogonista, alteração do plano oclusal e ciclo mastigatório.(31)   

A fricção entre os dentes pode causar desgaste interproximal levando à alteração da dimensão M-D dos arcos.(12, 4)   

Vários fatores são apontados como causas do desgaste da resina composta. Em 1977, KUSY e LEINFELDER (21), associaram o desgaste oclusal à fadiga termomecânica causando fendas no material.   

Page 45: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Numa avaliação feita durante 5 anos com uma resina composta posterior de micropreenchimento, MAZER e LEINFELDER (28), concluiram que partículas de enchimento com tamanho maior que 1µm se sobressaem na superfície funcionando como obstáculos ao deslize do bolo alimentar. Isto gera tensão que é transmitida ao interior da matriz orgânica causando rachaduras e perda de material, que resultam num desgaste decrescente. Em resinas compostas de micropreenchimento (carga < 1µm), como o Heliomolar por exemplo, o bolo alimentar desliza livre sobre a superfície, diminuindo a taxa desgaste, que nesse caso, é de forma linear.(6, 9, 26 28). Esse processo está esquematizado nas figuras 6 e 7.   

Fig. 6. Desgaste em resina composta com partículas > 1µm

Fig. 7. Desgaste em resina composta com partículas < 1µm

Esquema mostrando o deslize do bolo alimentar numa superfície restaurada com resina de partículas maiores que 1m e em outra, restaurada, com resina de partículas menores que 1m.   

No mesmo estudo foi concluído que a diminuição do desgaste também se deve a difusão do monômero não polimerizado da matriz na superfície das partículas prépolimerizadas, formando embricamento mecânico quando da polimerização.   

Compósitos de megapartículas incorporam vidro cerâmico de quartzo beta para proteger do desgaste.(6,30)   

Além desses fatores inerentes ao material restaurador (tipo, tamanho e concentração de carga), outros são determinantes de desgaste oclusal. (26)   

- Localização e tamanho da cavidade: Quanto maior e mais distal, maior o desgaste. 1ºM > 2ºM > 2ºPM > 1ºPM. (Fig. 8)(4, 19, 26)   

1º PMI - 1 x   

2º PMS - 3x   

2º Pms - 4x   

Mss - 5x   

Mis - 6x   

- Técnica de acabamento: A alta taxa de desgaste nos 6 primeiros meses (a metade do total em 3 anos) está relacionada com a técnica de acabamento(12). Resinas polidas se desgastam mais que as não polidas e pontas diamantadas causam mais desgaste que as

Page 46: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

carbides. O desgaste seria devido à formação de microrachaduras na superfície e degradação da matriz pelo calor gerado.   

- Localização e magnitude da força oclusal.    

- Grau de polimerização.   

Fig. 8

Nas resinas atuais, a proporção de desgaste tende a diminuir, se tornando insignificante após 3-5 anos(6). O desgaste de várias resinas se aproxima do amálgama (5-10µm/ano) e esmalte (2-5µm/ano)(6, 18, 26). Em cavidades maiores esse valor aumenta de 3-5 vezes.(18)   

Segundo DICKINSSON et alii (16), a formulação do Herculite XRV Incisal apresenta aproximadamente a metade do desgaste da formulação convencional no final de 3 anos, sendo portanto vantajosa em áreas de alta tensão oclusal.   

O uso de selante penetrante (Fortify,Bisco) tem sido sugerido após acabamento, polimento e novo condicionamento da superfície (15,26). A penetração do Fortify nas microfendas superficiais pode reduzir em até 50% o desgaste oclusal (14,15). A aplicação anual do selante pode aumentar a longevidade da restauração.(14)   

4.2- Biocompatibilidade   

A resina Composta é bem aceita pelo tecido pulpar, desde que infiltração bacteriana seja impedida. (13,15,18)   

O selamento das margens após a restauração com uma resina fluida de alta penetração pode ajudar a diminuir a infiltração bacteriana. (18)   

Adesivos dentinários da nova geração permitem vedamento hermético da restauração sem sensibilidade pós operatória. (20)   

4.3- Integridade Marginal   

Depende da contração de polimerização, expansão térmica, sorpção de água, adesão à estrutura dental, carga mecânica e degradação marginal. (21)   

A contração de presa, que varia, segundo BAUSCH et alii (5), de 2-3% em volume, pode ser diminuída com melhorias do material restaurador, material adesivo, técnica de inserção incremental e restaurações indiretas.   

Page 47: Adesivos e Resina Posterior Imprimido

Materiais com polímeros livres de contração e com polimerização lenta, são estudados como solução desse problema (6,18). O embricamento mecânico entre os "tags" de resina e o esmalte condicionado promove selamento hermético da restauração (1). MUNKSGAARD e ASMUSSEN (3), sugerem que a força de adesão dentinária deve ser maior que 20µPa para garantir integridade marginal em paredes sem esmalte. Ainda não se sabe sobre a manutenção da adesão conseguida. (18)   

Resina composta de nanopartículas são materiais pesquisados atualmente, cuja concentração de carga chega a 90-95% em peso, diminuindo grandemente a contração e melhorando a integridade marginal. (6)   

Num acompanhamento clínico do Heliomolar, as restaurações apresentaram fendas marginais nos 12 primeiros meses. Durante os cinco anos de observação, a quantidade de degradação se autolimitou. (28)   

A adição de partículas de óxidos metálicos de trifluoreto de itérbio, com o objetivo de promover radiopacidade, gera uma característica especial ao Heliomolar, que é a liberação de flúor. Quando comparado à outras resinas que não liberam flúor, o Heliomolar promove uma menor incidência de cáries secundárias. Embora essa diferença não seja estatísticamente importante, ela pode ser clínicamente significativa.(28)   

5. Técnica de restauração   

Estudos desde 1968 comprovam que tanto as técnicas, quanto os materiais resinosos são aceitáveis para muitas situações de classe II, principalmente devido à boa estética e economia de tecido dental.   

Segundo LEINFELDER (22) características peculiares da resina composta em relação ao amálgama, exigem técnica diferenciada para confecção de uma boa restauração, principalmente classe II. Por esse motivo, demandam de 1 vez e meia à 2 vezes mais de tempo.   

5.1 - Profilaxia.   

5.2 - Seleção da cor.   

5.3 - Marcação dos pontos oclusais. (12)   

5.4 - Isolamento absoluto : essencial (10, 27)   

5.5- Pré cunhagem com cunha lubrificada: promove espaçamento para a fita matriz permitindo adequado contato proximal, além disso orienta no preparo da parede gengival (20,36). Em restaurações MOD, duas cunhas são colocadas durante o preparo. No momento da restauração só permanece a cunha e respectiva matriz da caixa que está sendo preenchida.(29)   

5.6- Preparo: deve ser o mais conservativo possível, limitando-se à remoção de cárie. Restaurações menores têm maior longevidade, devido ao menor desgaste (26). Os ângulos internos são arredondados (10,20,26). Preparos clássicos de classe I e II são contra indicados. (33)   

A confecção ou não de bisel é um ponto discutido. Alguns autores recomendam ausência de bisel oclusal (10,20) e confecção de bisel nas paredes com acesso das caixas proximais (6). O condicionamento das paredes em término de 90º (sem bisel) permite abertura dos prismas com maior adesão. além de fornecer maior corpo de resina na margem (26). SANTOS et alii (32) em 1985, concluíram que o bisel não influi significativamente no

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comportamento clínico da resina; no entanto, num estudo de 1988, concluíram que um bisel curto em esmalte nos leva a melhores resultados (33).   

5.7- Forramento: o uso de liner ou base deve ser o mais limitado possível, porque a resina é mais resistente e igualmente isolante (6). Além disso, os adesivos dentinários da nova geração permitem um selamento hermético da restauração. (20)   

5.8- Colocação de matriz: Matriz de aço delgada, flexível, pré-contornada e brunida de encontro à superfície proximal vizinha, perfaz melhor área de contato, que é o ponto mais crítico na classe II (10,20). Bandas transparentes proporcionam contato aberto e juntamente com cunhas refletivas não acrescentam polimerização. (20)   

Em cavidades classe I, a anatomia oclusal pode ser reproduzida com auxílio de uma matriz de cimento cirúrgico fotopolimerizável (Barricaide), moldada antes do preparo cavitário. (27)   

5.9- Seleção da resina: as mais usadas são o P-50 (3M), Prisma APH (Caulk), Herculite XR (Kerr) e Heliomolar (Vivadent). (9,10)   

5.10- Inserção: o material não permite condensação efetiva, mas apenas acomodação. A técnica de inserção incremental diminui ligeiramente a contração de polimerização (20,26), mas pode produzir porosidade e falha na adaptação (10). Cada camada deve ser polimerizada por 20 segundos (26). O preenchimento deve ser o mais próximo possível da anatomia final para evitar acabamento grosseiro (20). Após a inserção é feita uma polimerização complementar por 1 minuto. (10,26,27)   

5.11 - Ajuste oclusal.   

5.12- Acabamento: segundo ASMUSSEN e JORGENSEN (2), o acabamento deve ser protelado para a sessão seguinte, permitindo absorção de líquido pelo material, que aumenta de volume e alivia as tensões na interface dente/restauração. Sem este alívio, o procedimento de acabamento poderia romper porções de esmalte.    

O acabamento e o polimento são feitos com brocas multilaminadas, tiras e discos de lixa Soflex, pasta profilática de granulação decrescente (Nupro J.J.) e pontas de borracha abrasiva.(10,20,26)    

5.13-Polimerização final, após polimento, por 40 segundos na face oclusal. (10,20,26)   

5.14-Condicionamento ácido e aplicação do Fortify. (20)   

- Reparo de resinas: restauração nova pode ser aderida à velha com resistência aproximada de 85% do sistema original. (6).   

V. CONCLUSÕES   

Com base na revisão de 39 artigos sobre Resina Composta Posterior, concluimos que:   

A Resina Composta Posterior apresenta vantagens, como por exemplo, estética e economia de tecido dental, em relação ao amálgama.   

O desgaste oclusal apresentado pelas resinas atuais, que em geral possuem partículas de carga < 1 m em alta concentração se aproxima do desgaste do amálgama e do esmalte.   

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Aprimoramento técnico e seleção de casos são exigidos, para que o resultado seja satisfatório.   

Por ausência de comprovação clínica por perído mais prolongados, a Resina Composta Posterior ainda continua sendo indicada em preparos conservativos de cl. I e II. O seu uso como substituta do amálgama não é recomendado.   

Com os melhoramentos apresentados e os que ainda estão sendo pesquisados, a Resina Composta Posterior se apresenta com um futuro promissor.