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O TEATRO AMADOR COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO TEATRAL Um estudo de caso na Serra Gaúcha
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Abrace 2010

Dec 19, 2014

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Taís Ferreira

Apresentado no Congresso da ABRACE em 2010.
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O TEATRO AMADOR COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO TEATRAL

Um estudo de caso na Serra Gaúcha

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VI Congresso ABRACE, SP, novembro de 2010.

Julho de 2010 a julho de 2011.

Fase atual: construção de dados em andamento (contatos com sujeitos, revisão bibliográfica, levantamento de acervos disponíveis).

Cronograma da pesquisa:Pesquisadora: Taís FerreiraContato: [email protected]

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Questão e caso de pesquisa:

Caso: a crescente profissionalização do campo teatral em um espaço geográfico, social e cultural específico (Serra Gaúcha), nas últimas duas décadas (anos 1990 e 2000); fenômeno sócio-histórico recente e contemporâneo.

Questão: como o teatro amador cumpriu (e cumpre) função pedagógica (de pedagogia do teatro) na formação destes profissionais e do campo?

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Localização da Serra Gaúcha (região Centro-Nordeste) no mapa do RS:

Municípios com sujeitos participantes até o momento: Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Santa Teresa.

Municípios pretendidos: Canela e Gramado (Região das Hortênsias).

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Objetivo central:

Investigar, a partir de estudo de caso com sujeitos e documentos de uma região do Rio Grande do Sul, como acontecem, contemporaneamente, processos formativos de profissionais do teatro a partir ou atravessados por experiências do teatro amador.

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Objetivos específicos:

Realizar entrevistas, questionários e depoimentos com profissionais do teatro que atuam na Serra Gaúcha e que participaram do movimento e ou de atividades do teatro amador em algum momento de suas vidas (construção de dados).

Mapear as atividades teatrais de grupos, coletivos e profissionais da Serra Gaúcha nas últimas três décadas (estudo do contexto).

Realizar pesquisa documental sobre atividades do campo teatral (grupos, espetáculos e festivais de teatro amador) em municípios da Serra Gaúcha durante o século XX (análise de múltiplas evidências para estudo do contexto e do caso).

Construir uma breve genealogia do movimento teatral amador, estudantil e profissional na Serra Gaúcha na duas últimas décadas do século XX e primeira década do século XXI, percebendo os espaços pedagógicos nestas atividades.

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Justificativa para escolha do método de estudo de caso para esta pesquisa:

Esta pesquisa, segundo as definições de Yin (2010, 4ª edição revista e ampliada) acerca dos estudos de caso, encontra condições para o desenvolvimento de um estudo de caso único e integrado (um caso único, em um contexto único, porém com várias unidades de análise), pois trata-se de uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo (em profundidade) e em seu contexto de vida real, no qual os limites entre fenômeno e contexto não são claramente evidentes e sobre os quais o pesquisador não tem controle (p.39).

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Procedimentos metodológicos:

Realização de estudo de caso da Região Serra Gaúcha, a partir de contatos com sujeitos de pesquisa artistas e/ou agentes culturais atuantes em diferentes municípios da região e de investigação documental.

Em relação aos sujeitos de pesquisa, os procedimentos metodológicos adotados serão:

1. Elaboração de lista de possíveis sujeitos, seguida de contato inicial e disponibilidade para participar da pesquisa.

2. Questionário por escrito.3. Entrevista semi-estruturada.4. Pesquisa documental em arquivos pessoais e

dos grupos dos quais sujeitos participaram.

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Procedimentos metodológicos:

No que concerne à pesquisa acerca da constituição do campo teatral na Serra Gaúcha (contexto), estão em andamento:

1. contatos com órgãos públicos como secretarias de cultura, bibliotecas e arquivos públicos, a fim de coletar dados e material iconográfico,

2. bem como serão acessados arquivos pessoais e de grupos teatrais e/ou escolas de teatro.

3. Faz-se necessária revisão bibliográfica acerca da constituição histórica, social, econômica e cultural da região, que também está em fase de realização.

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Sujeitos de pesquisa participantes até o momento:

M.C. – ator, bailarino, diretor, coreógrafo, professor de dança e de teatro, 49 anos, Bento Gonçalves e Santa Teresa.

M.B. – atriz, produtora e coordenadora de grupos amadores, 41 anos, Bento Gonçalves.

M.Q. – diretora da Casa de Cultura de Caxias do Sul, produtora, atriz e professora, 48 anos, Caxias do Sul.

G.B. – ator, diretor, produtor e músico, 42 anos, Caxias do Sul e Flores da Cunha.

G.M. – atriz e musicista, 25 anos, Garibaldi, Caxias do Sul e Porto Alegre.

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Moacir Côrrea

Ator, bailarino, diretor, coreógrafo, professor de dança e de teatro, 49 anos, Bento Gonçalves e Santa Teresa.

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Magali Quadros

Diretora da Casa de Cultura de Caxias do Sul, produtora, atriz e professora, 48 anos, Caxias do Sul.

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Gutto Basso

Ator, diretor, artista plástico, professor de teatro e expressão corporal, músico, compositor , 42 anos, Caxias do Sul e Flores da Cunha.

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Mônica Blume

Atriz, produtora e coordenadora de grupos amadores, 41 anos, Bento Gonçalves.

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Grasiela Müller

Atriz e musicista, 25 anos, Garibaldi, Caxias do Sul e Porto Alegre.

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Primeiras questões suscitadas a partir das respostas dos questionários escritos pelos artistas:

O que é ser um profissional das artes cênicas? Os limites (tênues e nebulosos) entre ser um profissional e um amador no campo teatral.

“Não sei dizer ...em tempos passados, profissional se preocupava com linguagem, e estudava, amador só fazia... nos atuais, amador é quem não tem DRT ou, não está regularizado com a receita, com a regularização de autônomo, ou do simples, como empresa. Então, embora tenha sempre me preocupado com isso, essas coisas da legalidade questionável nunca impediram a mim ou aos que observo ao meu redor de exercer esta atividade ou profissão.” (Gutto Basso é multiartista e atua em diversas funções e grupos de diferentes municípios)

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O que é ser um profissional das artes cênicas? Os limites (tênues e nebulosos) entre ser um profissional e um amador no campo teatral.

“Sim, me classifico como uma profissional que nasceu do trabalho teatral considerado amador, onde tudo era feito primeiro pelo simples “amor” ao fazer teatral. Neste sentido continuo no amador (pelo amor ao teatro), mas por ter escolhido ele ,“o teatro”, como forma de ganhar a vida, também me posiciono como profissional.” (Mônica Blume, 41 anos, atua há 20 anos no Grupo Teatral Orelhas de Abano, de Bento Gonçalves)

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Primeiras questões suscitadas a partir das respostas dos questionários escritos pelos artistas:

O que é preciso para se ter o direito de denominar-se um artista? Da necessidade da militância e do posicionamento político do artista para alcançar apoio do poder público e reconhecimento sócio-cultural.

“Há 8 anos atrás enfrentávamos muitas dificuldades em reconhecimento da importância do teatro e a divulgação para a população. Primeiramente por não ter uma secretaria só de cultura, com fundos de incentivo à prática da arte na cidade, outra porque o teatro era visto como uma brincadeira de jovens que militavam e enfrentavam politicamente a administração. Atualmente vejo que a população reconhece, participa e percebe a importância dessa arte na vida.” (Grasiela Muller tem 25 anos e refere-se a sua cidade natal, Garibaldi)

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Primeiras questões suscitadas a partir das respostas dos questionários escritos pelos artistas: Se aprende teatro na escola? O estudo autodidata

como fator de desenvolvimento de um conhecimento teatral, ao lado das vivências práticas com o teatro amador.

“Desde cedo, ainda na escola, freqüentei diversas oficinas de teatro, mas principalmente a minha formação foi de autodidata: lia livros sobre teatro, participava de oficinas de teatro ou de áreas afins, participava de festivais de teatro, assistia, sempre que possível à espetáculos teatrais. (...) Na Universidade continuei a minha formação de maneira informal, participando de cursos de teatro no Brasil e no exterior e fazendo teatro amador. Mais tarde cursei pós-graduação e Mestrado na área do teatro.” (Magali Quadros, 48 anos, tem graduação em Filosofia e participa de atividades teatrais desde o EF)

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Se aprende teatro na escola? O estudo autodidata como fator de desenvolvimento de um conhecimento teatral, ao lado das vivências práticas com o teatro amador.

“Trinta e poucos anos, só fazendo isso, sinceramente estudando, exercitando, buscando e questionando faz de qualquer ‘ilegal’, mais profissional que qualquer outro que entre numa faculdade, conclua sem ter a menor importância o “para quê” desta atividade, o objetivo em si.” (Gutto Basso tem 42 anos, dos quais mais de 30 dedicados às vivências artísticas)

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Primeiras questões suscitadas a partir das respostas dos questionários escritos pelos artistas:

Existe alguém formado em teatro? Da necessidade da pesquisa e estudo constantes nos processos de formação em arte.

“Eu não sou formado em nada. Não gosto da palavra ‘formado’ pois acho limitante demais. Na arte não pode ter limites. É uma busca constante. A arte se renova. Eu tive oportunidade e privilégio de conhecer pessoas muito importantes que apareceram em minha vida em momentos ideais. Fiz uma infinidade de cursos e oficinas no Brasil e no exterior. Estou aprendendo ainda. E isso não é modéstia, é a pura realidade, pois a cada leitura que faço, descubro que menos sei.” (Moacir Côrrea é graduado em Dança e pós-graduado em Pedagogias do Corpo)

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Primeiras questões suscitadas a partir das respostas dos questionários escritos pelos artistas:

Ser professor de arte é fazer arte? Da docência como parte componente da profissionalização no campo.

“Apesar de não sobreviver exercendo funções eminentemente teatrais, como atriz, ou diretora, exerço atividades ligadas a área, como professora de teatro, agente de cultura e produtora. Fui por 4 anos Coordenadora da Unidade de Teatro da Secretaria Municipal da Cultura e atualmente exerço o cargo de Diretora da Casa da Cultura.” (Magali Quadros é também professora de teatro na Universidade de Caxias do Sul há mais de uma década)

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Bibliografia

ALVES-MAZZOTTI, Alda J. Usos e abusos dos estudos de caso. Cadernos de Pesquisa. vol.26 no.129, São Paulo, Set./Dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742006000300007&script=sci_arttext>. Acesso em 02/11/2010.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte – gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Cia das letras, 2002.

______. A Distinção – crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP, Porto Alegre: Zouk, 2007.

KUHNER, Maria Helena. Teatro Amador – radiografia de uma realidade. Rio de Janeiro: INACEN, 1987.

MERVANT-ROUX, M.M. Le théâtre amateur e amateur. In.: CORVIN, Michel. Dictionnaire encyclopédique du theater à travers le monde. Paris: Editions Bordas, 2008.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.

VARGAS Maria Thereza. Teatro amador. In.: GUINSBURG et AL (coord.). Dicionário do Teatro Brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 2006.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.