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ABORDAGEM DE PRTICAS CONSERVACIONISTAS NA RECUPERA O DE
VOOROCAS
Joo Carlos Costa Guimares1, Willian Fernandes de Almeida2, Paula
SantAnna
Moreira Pais3, Maria Luiza de Carvalho Andrade4
1Doutorando em Engenharia Florestal, Departamento de Cincias
Florestais, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitrio,
Caixa Postal 3037, Lavras
MG, Brasil ([email protected]) 2Doutorando em
Engenharia Agrcola, Departamento de Engenharia, Universidade
Federal de Lavras, Lavras MG, Brasil. 3Doutoranda em Cincia do
Solo, Departamento de Cincia do Solo, Caixa Postal
3037, Universidade Federal de Lavras, Lavras MG, Brasil.
4Mestranda em Cincia do Solo, Departamento de Cincia do Solo, Caixa
Postal
3037, Universidade Federal de Lavras, Lavras MG, Brasil.
Recebido em: 04/05/2012 Aprovado em: 15/06/2012 Publicado em:
30/06/2012
RESUMO
Vooroca um fenmeno geolgico que consiste na formao de grandes
buracos de eroso causados pelas precipitaes em solos desprotegidos
de vegetao. Devido a grande perda de massa de solo, as voorocas so
consideradas a forma mais severa da eroso, responsveis por graves
danos ao meio ambiente e tambm ao prprio meio antrpico. fundamental
entender o fenmeno e adotar medidas de preveno e controle. Este
trabalho apresenta um balano bibliogrfico sobre a formao das
voorocas e as prticas conservacionistas usadas na recuperao das
mesmas. Foram destacadas as prticas vegetativas, edficas e mecnicas
assim como seus principais objetivos. Vale ressaltar que, exceto em
casos especiais, deve-se sempre buscar pelos mtodos menos onerosos,
assim como pela conscientizao da populao em relao preservao
ambiental. PALAVRAS-CHAVE: conservao de solo, eroso, revegetao.
APPROACH OF CONSERVATION PRACTICES ON RECUPERATION OF
GULLIES
ABSTRACT
Gully is a geological phenomenon which consists in the formation
of large holes of erosion caused by rainfall on unprotected soil
vegetation. Due to the great loss of soil mass, the gullies are
considered the most severe erosion, responsible for serious damage
to the environment and also to the own anthropic middle. It is
worth mentioning that it is therefore essential to understand the
phenomenon and that prevention and control. Thus, this paper
presents a review literature on the formation of gullies and
conservation practices in the recovery of the same. Practices
vegetative, edaphic and mechanical as well as its main objectives
were highlighted. It is worth mentioning that, except in special
cases, you should always seek the least costly methods and as the
public awareness about environmental preservation. KEYWORDS: soil
conservation, erosion, revegetation.
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1 INTRODUO A eroso o processo de desprendimento e arraste
acelerado das partculas
do solo causado pela gua ou pelo vento. Os processos erosivos so
causados por foras ativas, estas, relacionadas com as chuvas,
declividade do terreno e capacidade de absoro de gua do solo, e por
foras passivas, como a resistncia que exerce o solo ao erosiva da
gua e a densidade da cobertura vegetal (BERTONI & LOMBARDI
NETO, 2010). Sendo assim, esse processo pode ser considerado o
resultado da ao de diversos agentes morfogenticos, sendo que a
intensidade depende das caractersticas fsicas da rea e dos fatores
envolvidos. Nas ltimas dcadas, tem-se percebido uma acelerao de
tais processos, devido, principalmente, maior atuao do homem, em
virtude da presso demogrfica atrelada ao avano tecnolgico, que lhe
permite modificar o ambiente cada vez mais (FURTADO et al.,
2006).
A ausncia de vegetao de uma determinada rea deixa-a exposta
eroso. Aps um longo perodo de precipitao, acaba-se gerando um fluxo
de sedimentos que podem originar sulcos, e se tal processo for
contnuo e provocar um incessante aprofundamento do solo, pode-se
chegar ao nvel de uma vooroca.
As voorocas constituem a forma de eroso mais severa e de acordo
com MACEDO et al., (1998) se desenvolvem melhor onde h um horizonte
C muito profundo e um solum (horizontes A e B) de pequena
espessura. Segundo os mesmos, a decapitao de todo o solum em alguma
parte da encosta, geralmente nas partes mais baixas, expe o
horizonte C intensa remoo de partculas e, por solapamento, a
vooroca cresce rapidamente no material pouco coerente desse
horizonte, culminando com a perda do solo como um todo. Eroses do
tipo voorocas podem chegar a vrios metros de comprimento e de
profundidade, suas dimenses e a extenso dos danos que podem causar
esto intimamente relacionados com o clima, topografia do terreno,
gnese do solo, forma de manejo e classe de solo. FERREIRA et al.,
(2007) afirmam que as voorocas so consideradas um dos piores
problemas ambientais em reas de rochas cristalinas nas regies
tropicais de montanha onde so freqentes e podem alcanar grandes
dimenses.
Inmeras so as medidas de preveno e correo desenvolvidas e
utilizadas na recuperao dos processos erosivos. Em reas propensas
ao voorocamento a busca de prticas que utilizem tcnicas de natureza
mecnica, fsica e edfica que aumente a infiltrao do excesso do fluxo
hdrico e contribua para reteno da gua atravs do uso adequado do
solo, so fundamentais para diminuir o potencial erosivo da chuva
(NARDIN et al., 2010).
Vale ressaltar que um plano de controle da vooroca no deve ser
abordado de forma isolada, mas como um conjunto de medidas para a
estabilizao de toda a rea afetada. Segundo BERTONI & LOMBARDI
NETO (2010) o controle realizado com os seguintes objetivos: (a)
intercepo da enxurrada acima da rea de voorocas, com terraos de
diverso; (b) reteno da enxurrada na rea de drenagem, por meio de
praticas de cultivo, de vegetao e estruturas especificas; (c)
eliminao das grotas e voorocas, com acertos do terreno executados
com grandes equipamentos de movimentao de terra; (e) revegetao da
rea; (e) construo de estruturas para deter a velocidade da gua ou
at mesmo armazen-las; (f) completa excluso do gado; (g) controle da
sedimentao das grotas e voorocas ativas.
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Este trabalho teve como objetivo discutir a formao, bem como as
principais medidas preventivas e corretivas para conter o avano das
voorocas.
2 EROSO E FORMAO DE VOOROCAS O processo de desprendimento e
arraste acelerado das partculas do solo,
causado pela gua ou pelo vento denominado eroso (BERTONI &
LOMBARDI NETO, 2010). Segundo ROCHA (2007), geralmente so
identificadas duas formas de processos erosivos, a eroso geolgica,
processo natural de evoluo da superfcie terrestre, caracterizado
pela desagregao e transporte de partculas do solo pelos agentes
erosivos, e a eroso acelerada que aquela desenvolvida
principalmente pela ao antrpica que gera desequilbrio nas fases da
eroso natural e de sedimentao, j que se trata de um processo
acelerado e destrutivo. BERTONI & LOMBARDI NETO (2010) relatam
que no Brasil mais comum a eroso causada pela gua (eroso hdrica) e
esta a principal causa do depauperamento acelerado dos solos.
A eroso hdrica envolve a sequncia de dois importantes eventos: o
primeiro relacionado desagregao de partculas provocada pelo impacto
da gota de chuva no solo e o segundo relacionado ao transporte do
material desprendido atravs do escoamento superficial (BERTONI
& LOMBARDI NETO, 2010).
A eroso hdrica pode ocorrer nas formas clssicas, tais como a
eroso laminar, sulcos e voorocas, e em formas mais especializadas,
deslocamentos de massas, eroso em pedestal, pinculo e em tnel. A
eroso laminar se caracteriza pela remoo de camadas delgadas da
superfcie do solo, sendo apenas perceptvel aps uma grande
quantidade de solo ter sido removida. A eroso em sulcos se
caracteriza pela formao de pequenas irregularidades no sentido da
declividade do terreno, fazendo com que o escoamento superficial se
concentre nos pontos mais baixos, atingindo volume e velocidade
suficientes para formar canais mais ou menos profundos. Em
complemento, caracterizam-se como voorocas, o deslocamento de
grande quantidade de solo com a formao de canais de grandes
dimenses, impedindo o trnsito de mquinas e reduzindo a rea de
plantio (CARVALHO et al. 2002; BERTONI & LOMBARDI NETO, 2010).
A vooroca considerada o estgio mais avanado da eroso hdrica
(FERREIRA et al., 2011a).
Nessa forma de eroso a gua se acumula em canais estreitos e
remove o solo dessas reas a profundidades considerveis (variando de
0,5 at 30m) em perodos curtos (SSSA, 2008) acarretando na
instabilidade de nascentes, sub-bacias hidrogrficas ou dos prprios
cursos dgua, podendo comprometer a qualidade dos recursos hdricos
(FERREIRA et al., 2011a).
A eroso hdrica do tipo vooroca causa a degradao do solo,
comprometendo grandes reas (GOMIDE et al., 2011). Alm disso, gera
grandes prejuzos, atravs da perda de solos e investimentos pblicos
em obras de infraestrutura (SILVA & LIMA - notas de aula),
havendo necessidade de fornecer subsdios para estabelecimento de
sistemas racionais de manejo visando a manuteno de ecossistemas
sustentveis (CARNEIRO et al., 2009).
Os fatores que controlam o processo de voorocamento so vrios e
esto intimamente ligados, tais como a litologia, os solos, a
topografia e a vegetao (GUTIRREZ et al., 2009). Alm desses fatores
deve-se considerar tambm o uso e o manejo do solo (FERREIRA et al.,
2011a).
importante ressaltar que, como as voorocas so resultados da
tendncia de equilbrio entre disponibilidade e dissipao de energia
em sistemas naturais, elas ocorrem independentemente da ao humana,
embora esta atue como agente
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causador ou acelerador do processo erosivo (BOCCO, 1991), dessa
forma, devido a importncia do problema em questo, torna-se
necessrio tomar medidas preventivas ou mitigadoras para que haja
harmonia entre o homem e o meio em que vive.
3 MTODOS E PRTICAS DE CONTROLE DE VOOROCAS A primeira etapa para
o controle de voorocas consiste na conteno da gua
pluvial (e do esgoto urbano) que atinge a rea por meio do
escoamento superficial, atravs da implantao a montante vooroca de
canais divergentes e ou de terraos em desnvel para a conduo da gua
interceptada at outros escoadouros naturais ou artificiais, onde a
energia da enxurrada (ou esgoto) dissipada (MARTINS & BAHIA,
1998; MACHADO et al., 2006b). Algumas alternativas para construo
destas estruturas so o concreto armado ou alvenaria, gabies,
barragem de pedra, barragem de arame, barragem de tocos de rvores
ou de bambus, canais escavados no solo com proteo vegetal ou
tubulaes de concreto ou ao (MARTINS & BAHIA, 1998).
Adicionalmente ao controle da gua que adentra a vooroca,
torna-se fundamental o impedimento do acesso de bovinos e equinos
atravs da instalao de cercas com arames farpados em todo o permetro
da vooroca (MACHADO et al., 2006b), sendo que idealmente a cerca
deve manter uma distncia mnima da borda da vooroca equivalente ao
desnvel da menor cota do interior da vooroca at a cota da sua borda
mais alta, de maneira que se forme uma cunha com inclinao mxima de
45 em todo o permetro, conferindo maior estabilidade ao terreno
(FIGURA 1). A presena destes animais dificulta ou mesmo impede a
regenerao da vegetao, seja de maneira direta atravs do pisoteio ou
pastoreio, ou indireta pelos efeitos negativos do solo compactado
ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas (GUIMARES et
al., 2008; FERREIRA et al., 2011b). A compactao das camadas
superficiais do solo reduz a taxa de infiltrao de gua pluvial e
consequentemente potencializa a ocorrncia de enxurradas (CASTRO,
2001; MATA et al., 2007).
FIGURA 1. Vista lateral do relevo demonstrando a cota mais baixa
do interior de
uma vooroca, a cota da borda mais alta, e o local mais prximo
que a cerca de isolamento deve ficar em relao a borda, garantindo a
formao de uma cunha no solo com inclinao mxima de 45. Onde: h =
altura mxima entre a menor cota da vooroca e a borda mais alta; d =
distncia mnima entre a cerca e a borda da vooroca.
FONTE: Elaborado pelos autores.
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Outro fator de degradao que demanda controle so os incndios, os
quais
so altamente prejudiciais por eliminarem a vegetao
recolonizadora da vooroca, sendo que neste caso recomenda-se a
confeco de aceiros no incio da estiagem (MACHADO et al., 2006b;
GANDOLFI & RODRIGUES, 2007). Os aceiros tm a funo de formar um
cinturo livre de material combustvel no entorno da vooroca,
impedindo que incndios advindos de reas externas atinjam sua borda
ou o seu interior. A largura destes aceiros variar em funo do porte
da vegetao, do regime de ventos da regio, e da declividade do
terreno, sendo que a regra bsica a adoo de aceiros mais largos para
locais com vegetao de porte alto, onde predominam ventos fortes e,
ou, reas com declividade acentuada (ou conforme a combinao destes
trs fatores). Em locais com situao oposta s anteriores podem-se
adotar aceiros mais estreitos.
Atividades de educao ambiental com a comunidade do entorno para
sensibilizao dos efeitos nocivos de tal prtica tambm devem ser
incentivadas (SILVA & CURI, 2001), uma vez que o grande nmero
dos eventos de incndios tem origem antrpica.
Contudo para a efetiva estabilizao do processo de voorocamento
torna-se fundamental o restabelecimento da cobertura vegetal sobre
o solo (POMPIA, 2005), que contemplada atravs de outras aes
complementares, tais como a bioengenharia e o uso de espcies
nativas e exticas.
3.1 BIOENGENHARIA NO CONTROLE DE VOOROCAS
A bioengenharia uma associao de alternativas, envolvendo
elementos biologicamente ativos, em obras de estabilizao de solo e
de sedimentos, junto com elementos inertes como, por exemplo,
concretos, madeiras, ligas metlicas, polmeros e mantas
confeccionadas com fibras vegetais, chamadas de biotxteis (RIBEIRO
et al., 2010).
Em decorrncia de seu baixo custo, requerimento tcnico
relativamente simples para instalao e manuteno, adequao paisagstica
e ambiental, a bioengenharia tem encontrado largo campo de aplicao
(PEREIRA & COELHO, 2006), dentre eles, o controle de
vooroca.
Como alternativas utilizadas para auxiliar no controle de
voorocas podem ser utilizadas biomantas, hidrossemeadura, paliadas,
espcies que contribuam para a estabilizao do processo erosivo, como
o capim Vetiver, estilozantes, Andropogon, crotalria, dentre outros
(PEREIRA, 2006a).
Conforme DEFLOR (2005) as biomantas constituem de material
confeccionado industrialmente, a partir de fibra vegetal, palha
agrcola, fibra de coco e fibra sinttica, que so costuradas de modo
a formando uma trama resistente, protegida por redes de
polipropileno ou juta. Apresentam como principal vantagem, ser de
fcil e rpida aplicao, protegendo o solo imediatamente sua aplicao,
at que a vegetao se estabelea e ainda com vantagem dessa vegetao
poder ser gramnea ou leguminosa, dependendo das condies favorveis
para a escolha (DEFLOR, 2005).
Outra tcnica de bioengenharia utilizada no controle e
estabilizao de voorocas a hidrossemeadura, que consiste na aplicao
de massa pastosa composta de sementes, fertilizantes, compostos
orgnicos, adesivos lquidos apropriados, aglutinantes e corretivos
de solo utilizando a gua como veculo (BASSO, 2008). Esta tcnica
utilizada onde a mecanizao se torna difcil pelo relevo acidentado.
Tem como principais vantagens o uso de gramneas e
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leguminosas, que em determinados casos apresentam efeito
corretivo do solo, fcil transporte, permite aplicao em grandes reas
em tempo reduzido, e rpido crescimento, proporcionando proteo
quanto aos processos erosivos. Uma espcie que tem se mostrado
promissora o capim Vetiver (PEREIRA, 2006b).
O Vetiver uma gramnea perene, de incidncia nos mais variados
climas, sobretudo tropical e subtropical. Pode ser usado como
barreira para reter sedimentos transportados pela gua e na
estabilizao de aterros e reas erodidas. A formao de um terrao
natural atrs das cortinas do capim, evita a degradao do solo e
quebra a intensidade do fluxo descendente das guas pluviais.
Experimentos utilizando o Vetiver em vrias situaes como: controle
de eroso e sedimentos, proteo de margens de cursos dgua e em
taludes de aterro, mostraram-se eficientes e apresentaram baixos
custos (PEREIRA, 2006b).
Por se tratar de uma espcie no invasora, cujas caractersticas
permitem a recomendao pelo Banco Mundial e pelos rgos ambientais em
todo o mundo, o vetiver dever ter grande expanso no Brasil
(PEREIRA, 2006b), expandindo consequentemente, o uso de tcnicas de
bioengenharia no controle de eroso do solo.
Dentre as diversas alternativas de estabilizao do solo, a
bioengenharia dispe ainda do uso de paliadas, que consiste em
quebrar a fora da enxurrada e reter os sedimentos principalmente
dentro da vooroca, e devem ser construdas com materiais de baixo
custo e facilmente disponveis, como bambu e sacos de rfia (MACHADO
et al., 2006b).
3.1.1 Uso de paliadas no controle de voorocas
As paliadas so um tipo de prtica fsica que utiliza estruturas
artificiais para reduo do escoamento da gua, interceptando-a e
fazendo com que no atinjam energia suficiente para ocasionar perda
de solo acima dos limites tolerveis (PRUSKI et al., 2006). O uso
dessas prticas de extrema importncia uma vez que nem sempre as
prticas edficas e vegetativas por si s so suficientes para o
controle da eroso, principalmente onde ocorrem chuvas de grande
intensidade (MACHADO, 2007).
Elas consistem em barreiras transversais construdas nos
estreitamentos dos processos erosivos (COUTO et al., 2010), com a
finalidade de quebrar a fora do fluxo erosivo e reter os
sedimentos, reduzindo o assoreamento de fontes e corpos dgua assim
como danos s residncias situadas a jusante (MACHADO, 2007; NARDIN
et al., 2010) e com vantagem de ser uma tcnica de baixo custo
(MACHADO, 2007).
Conforme COUTO et al. (2010), a dimenso da paliada ser calculada
em funo da necessidade do local, podendo ser simples ou dupla.
Ainda segundo os autores, uma paliada deve se distanciar da outra o
suficiente para que a altura mxima da paliada abaixo esteja em nvel
com a base da paliada acima, sendo esta diferena de nvel preenchida
pelos sedimentos.
De acordo com PEREIRA & COELHO (2006), as paliadas podero
ser construdas de madeira rolia, dormentes ou bambu ou tambm com
fardos de material vegetativo enraizvel, conhecido como paliadas
vivas (ARAJO et al., 2009). As paliadas de madeira so as comuns, e
devem ser utilizadas madeiras impermeabilizadas. As dimenses das
peas de madeira so variveis com a dimenso da eroso. As peas devem
ser fixadas e dispostas verticalmente, formando um ngulo de 15 a
montante com o p das estacas, e devem ficar
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totalmente unidas umas s outras; se for necessrio, elas devem
ser aparadas, de maneira a evitar frestas entre as peas.
A fixao deve ser feita atravs de uma vala cuja profundidade seja
no mnimo 50% do comprimento da pea de madeira e deve ser totalmente
em linha (COUTO et al., 2010).
importante tambm, conforme COUTO et al. (2010), que sejam
aplicados retentores de sedimentos na interface das laterais das
paliadas com o solo, a fim de evitar que os sedimentos passem pelas
interfaces, o que normalmente tm acontecido quando esses cuidados
no so observados.
Atrs da paliada (a montante) e no engastamento nas ombreiras
devem ser aplicados geotxteis filtrantes ou retentores de
sedimentos, do p da paliada at o topo, e amarradas na paliada,
evitando assim a fuga de sedimentos e a passagem de gua pelas
ombreiras e na interface da paliada com o solo (COUTO et al.,
2010).
Avaliando a eficcia da implantao de paliadas vivas na reduo da
eroso do solo em Urutua GO, COSTA et al. (2011), observaram reduo
de 75% no movimento do solo em relao ao controle, concluindo,
portanto, que a instalao das paliadas vivas na rea foi eficaz no
controle da eroso.
NARDIN et al. (2010) realizando estudos de implantao de paliadas
de bambu com sacos de rfia servindo de escora, em uma vooroca em
Uberlndia MG, concluram que o mtodo foi eficiente, apresentando
alta taxa de conteno do material carreado pelo fluxo hdrico. Alm
disso, perceberam que aps eventos chuvosos intensos ocorridos na
rea de estudo, a ao erosiva da gua no tomou forma de fluxo contnuo
carregando partculas do solo, pelo contrrio, acumulou-se permitindo
a reduo deste fluxo e permanncia de grande parte do material no
local. O que fundamental para fornecer condies bsicas de
estabilidade inicial ao crescimento de espcies vegetais. Em estudos
de conteno de uma vooroca no municpio de Prados MG, MACEDO et al.
(1998), verificaram que a utilizao de paliadas de bambu e eucalipto
em conjunto com bacias de conteno contriburam para a estabilizao da
vooroca e reduo da eroso hdrica na rea de contribuio. MACHADO
(2007) tambm obteve resultados satisfatrios utilizando paliadas de
bambu e pneus usados alm de leguminosas e terraos com bacias de
conteno nas extremidades, em voorocas no municpio de Pinheiral RJ,
havendo reduo de 98% de perdas de solo. Ressalta-se a importncia de
que a implantao das paliadas deve ocorrer com antecedncia para que
no momento do plantio, no incio do perodo chuvoso, todos os esforos
sejam direcionados para as prticas de revegetao (MACHADO et al.,
2006b). Sendo assim, de acordo com resultados dos estudos
supracitados, pode-se perceber que a utilizao de paliadas uma
medida eficaz na estabilizao de voorocas, porm medidas mecnicas
como estas servem apenas para estabelecer condies mnimas para o
estabelecimento de prticas vegetativas, ou revegetao (ANDRADE et
al., 2005; MACHADO et al., 2006b). Logo, para que seja recuperada
uma rea com vooroca, no se deve abrir mo de estratgias que utilizem
da interao de prticas mecnicas, vegetativas e edficas, buscando com
isso resultados mais eficazes.
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3.2 REVEGETAO DE VOOROCAS COM ESPCIES NATIVAS E EXTICAS Existe
uma variedade enorme de opes para a revegetao de reas
degradadas, incluindo neste contexto as voorocas. Contudo a
deciso sobre a tcnica mais adequada dever ser balizada por alguns
fatores, destacando-se: presena de regenerao natural de espcies
nativas ou de regenerao de espcies exticas na borda ou no leito da
vooroca; vegetao predominante na matriz; e presena no entorno da
vooroca de fragmentos florestais nativos.
Nas situaes que a regenerao natural ocorre satisfatoriamente na
borda e interior da vooroca, o simples isolamento da rea e retirada
dos fatores de degradao tender a um processo de estabilizao dos
processos erosivos (GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).
Na ausncia de regenerao natural, faz-se necessrio a introduo de
vegetao por ao antrpica. Neste contexto, podem ser utilizados desde
semeadura de espcies gramneas exticas que apresentem capacidade de
se estabelecer em subsolos pobres em termos nutricionais (POMPIA,
2005), at o plantio de mudas de espcies florestais nativas (POMPIA,
2005; GOULART et al., 2006; GANDOLFI & RODRIGUES, 2007;
GUIMARES, 2008; LOSCHI et al., 2010). A diferena entre estes dois
extremos reside no objetivo de uso final da rea. Caso seja apenas o
de controlar o processo erosivo, a primeira tcnica mais indicada,
por ser mais barata e apresentar maior probabilidade de xito
(POMPIA, 2005). Porm quando se deseja que esta rea degradada volte
a cumprir as funes e ter estrutura (biodiversidade) similar a de um
ecossistema natural, o uso exclusivo, ou quase, de espcies nativas
tpicas do ecossistema de referncia da regio deve ser preconizado
(POMPIA, 2005; GANDOLFI & RODRIGUES, 2007; GUIMARES, 2008).
Contudo, a revegetao com espcies florestais nativas requer maior
investimento, seja para a coleta de sementes de espcies
representativas da flora regional e a formao de mudas em viveiros,
seja pela maior exigncia na aplicao de insumos que sero
fundamentais para viabilizar o estabelecimento e desenvolvimento
destas mudas na rea. Alm disso, demanda o monitoramento da vegetao
por um longo perodo (alguns anos), onde aspectos tais como, formao
de serrapilheira, banco de plntulas no sub-bosque, ocorrncia de
ciclos fenolgicos (estgio reprodutivo das plantas) devero ser
observados como garantia para a sustentabilidade do ecossistema em
processo de restaurao (GUIMARES, 2010).
O reflorestamento pode ser potencializado pela presena nas
adjacncias de remanescentes de florestas nativas, uma vez que estas
atuaro como fontes de propgulos que podero atingir a rea, e elevar
a riqueza de espcies, assim como fornecero elementos da fauna que
atuaro posteriormente nos processos de polinizao e disperso de
sementes, permitindo a ocorrncia dos ciclos reprodutivos (MACHADO
et al., 2006a).
Em situaes extremas cujo substrato seja altamente pobre e
instvel, anteriormente ao plantio de mudas de espcies nativas poder
ser necessrio recuperar alguns atributos do solo, tais como teor de
nutrientes e matria orgnica, os quais sero fundamentais para o
estabelecimento das mudas. Em alguns casos a escolha de espcies
leguminosas para adubao verde, apresenta grande potencial para
acelerar a fixao de nitrognio (MACHADO et al., 2006b; PEREIRA &
COELHO, 2006) e, portanto, devem ser semeadas previamente introduo
de espcies arbreas. Somente aps a melhora das condies edficas por
estas espcies que dever ser introduzida a comunidade florestal.
Ressalta-se que em situaes altamente crticas poder ser necessrio
o uso de equipamentos pesados em uma etapa prvia, tais como
escavadeiras e tratores
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de esteira, para a remodelagem topogrfica das bordas da vooroca,
a fim de gerar uma condio mais susceptvel estabilizao dos processos
erosivos. Quando necessrio este tipo de manejo fundamental que se
faa alguma ao no sentido de romper a compactao do terreno,
reduzindo as restries fsicas infiltrao de gua pluvial, e melhorando
o desenvolvimento radicular da vegetao (IBAMA, 1990; TTOLA &
BORGES, 2000; GARDNER & BELL, 2007; GUIMARES, 2010).
Uma alternativa para melhoria das condies edficas de voorocas a
introduo de uma camada de solo superficial (topsoil), o qual se
destaca pela elevada concentrao de nutrientes, microbiota e
sementes de plantas (IBAMA, 1990; KOCH, 2007; GUIMARES, 2010;
SANTOS, 2010), sendo que este produto pode ser aproveitado de reas
destinadas a outros usos, tais como, loteamentos, abertura de
rodovias e estradas, construo de barragens, etc. claro que a
distncia entre a vooroca e o empreendimento poder inviabilizar o
aproveitamento deste material, especialmente em funo do frete.
Contudo, em algumas regies, existem alternativas em alguns
processos de licenciamento ambiental de utilizar o instrumento da
medida compensatria ambiental, e conferir ao empreendedor a
obrigatoriedade de destinar o topsoil a esse uso, arcando com as
despesas de transporte, e em alguns casos, inclusive fornecendo
equipamentos para a remoldagem e espalhamento do topsoil.
Ressalta-se que esta deciso poder ser tomada desde que este
material no v ser necessrio para mitigar algum impacto do
empreendimento, e tambm, em funo do porte do empreendimento e
intensidade e abrangncia dos respectivos impactos ambientais.
4 CONSIDERAES FINAIS A adoo de prticas conservacionistas para a
mitigao do processo de
eroso por voorocamento deve contemplar alguns aspectos: a) a
estabilizao de uma vooroca depende dos mesmos fatores envolvidos no
processo de sua formao; b) a primeira medida de controle a ser
considerada consiste no desvio da enxurrada montante da vooroca e a
preservao da cobertura vegetal natural no seu interior; c) quando
no for possvel efetuar estes procedimentos a soluo adotar praticas
vegetativas, edficas e mecnicas no interior da vooroca, cujas funes
so a reduo do impacto da gota da chuva, manuteno da fertilidade do
solo, reduo da fora da enxurrada, aumento da infiltrao, reteno de
sedimentos, entre outras; d) h inmeras prticas conservacionistas,
cada uma para um determinado objetivo, entretanto, os custos
relacionados a estas prticas so bastante variveis e, exceto em
casos especiais, deve-se sempre buscar pelos mtodos menos onerosos;
e) a paliada uma medida eficiente e de baixo custo utilizada
principalmente para obstruo da enxurrada e reteno de sedimentos
tanto nas encostas quanto no interior da vooroca, porm deve ser
utilizada associada s prticas vegetativas; f) a sensibilizao da
comunidade do entorno deve ser realizada atravs de prticas de
educao ambiental, de modo que esta reconhea a importncia e
necessidade de se preservar a vegetao do interior e borda das
voorocas, assim como no descartar lixo e entulho em seu
interior.
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