SEMINÁRIO ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS - O CASO DO GRUPO TRIVALOR - Nome do autor: Márcio Natchaty Tavares Pereira Aluno nº 97456 - [email protected]Nome do orientador: Professora Doutora Raquel Barbosa Ribeiro 22 JUNHO 2017
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ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA … · No quarto ponto serão analisados os ... trabalhos encontrados vão no sentido da ... o GT serve 96 milhões de refeições por
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•Cria e difunde mensagens junto a destinatários, estimulandoa curiosidade e apelando à compraPublicidade
•Utiliza os meios digitais para promover produtos, através de e-mails, banners, pop-ups, que têm ligação direta com a empresa Publicidade Online
•identifica determinados produtos ou serviços, diferenciando os da concorrência, criando valor para o consumidor e para a organização. Consiste na razão social da organização em marca, e não aparece nos produtos da organização Marca Institucional
•elabora estratégias para criarem a imagem institucional da empresaRelações Públicas
•Cria ligações entre uma marca e uma determinada ação mediática, além de que pretende fortalecer a sua imagem e notoriedade através de um acontecimento, pessoa ou causa apoiada
Patrocínio Institucional
•Ferramenta interativa entre a marca e o consumidor através de equipas de vendasMarketing de Campo
•Utiliza toda uma série de ferramentas como: Directmail, catálogos, marketing direto, telemarketing, tendo sempre em conta alguns fatores: o preço do produto, quem paga o custo do tratamento da encomenda, que opções de produto se devem oferecer, como motivar os consumidores e como facilitar a resposta
Estratégia Adotada
•Operam a vários níveis: redes de relacionamentos, profissionais e comunitária, conseguindo promover osprodutos através de redes como o Facebook e o TwitterRedes Sociais Online
•Expõem, testam e mostram produtos ao consumidor, demonstrando as vantagens de forma credível Feiras e Exposições
•Divulga serviços/produtos em meios de entretenimento Product Placement
Figura 1 - Técnicas de comunicação
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As políticas de sustentabilidade ambiental têm recomendações quanto aos
processos comunicacionais. Será necessário permitir que certas noções sejam
apreendidas de forma clara e acessível por todos, traduzindo linguagens técnicas e
complexas ao mesmo tempo que se mantém a validade científica da informação. As
empresas devem manter uma política de diálogo e transparência com os seus
Stakeholders. Os objetivos das organizações e as suas ações devem ser claramente
identificados, assim como os respetivos resultados (Oliveira & Nader, 2007). Desta forma,
as empresas reforçam também o seu compromisso com os seus públicos vincando as
políticas de sustentabilidade ambiental como parte integrante das suas responsabilidades
e não apenas como um mero instrumento publicitário.
A comunicação para a sustentabilidade e responsabilidade implicam uma forte
transmissão de valores. Para Hofstede (2011), são os valores coletivistas que refletem a
interação com os outros e a pertença a grupos sociais que marcam o destinatário da
mensagem. É assim comum encontrar neste tipo de comunicação imagens de várias
crianças ao invés de apenas uma, grupos em vez de personagens singulares.
As temáticas do ambiente e da responsabilidade social já foram sobejamente
estudadas nos últimos anos. O grupo GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania
Empresarial) desenvolveu, a partir de 2010, relatórios e guias para a RSE. Perante um
cenário de globalização de mercados, que levanta várias questões de natureza social,
ambiental e económica, a RSE deixa de ser voluntária para passar a ser quase imposta
pelos consumidores, legisladores, reguladores e concorrentes (GRACE Editorial, 2011).
Também Ribeiro e Lourenço (2013) analisaram a relação entre a comunicação para a
responsabilidade e os valores das crianças portuguesas, avaliando a importância da
ecologia e a influência da comunicação das organizações.
O GT, grupo empresarial em estudo neste trabalho, insere as suas políticas e
estratégias de comunicação numa lógica de DS (ver anexo 3) e “reconhece a
responsabilidade social como um dos pilares da sustentabilidade tomando em
consideração, nas suas decisões de gestão, a comunidade e as diferentes partes
interessadas” (Trivalor, s.d.). Uma parte significativa do volume de negócio do grupo é
relativa à restauração coletiva. Sendo uma das empresas responsáveis por servir as
refeições a milhares de crianças todos os dias, será a mensagem de sustentabilidade
passada a essas crianças que o investigador se propõe estudar.
3.1.3 - As crianças como veículo de valores e destinatário da comunicação
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A criança é definida como “todo o ser humano com menos de 18 anos, exceto se
a lei nacional confere a maioridade mais cedo” (Assembleia Geral nas Nações Unidas,
1990, p. 6). É esta a definição dada pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a
Infância), na Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral
nas Nações Unidas em 20 de Novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de
Setembro de 1990, pelo que terá valor legar no nosso país. Este mesmo documento foca
no seu artigo 27 que “o Estado deve garantir à criança o acesso a uma informação e a
materiais provenientes de fontes diversas, e encorajar os media a difundir informação que
seja de interesse social e cultural para a criança. O Estado deve tomar medidas para
proteger a criança contra materiais prejudiciais ao seu bem-estar” (Assembleia Geral nas
Nações Unidas, 1990, p. 12). Também para este estudo interessa o artigo 24 que
recomenda “assegurar que todos os grupos da população, nomeadamente os pais e as
crianças, sejam informados, tenham acesso e sejam apoiados na utilização de
conhecimentos básicos sobre a saúde e a nutrição da criança, (…) a higiene e a
salubridade do ambiente” (Assembleia Geral nas Nações Unidas, 1990, p. 18).
Se do ponto de vista legal, a idade adulta só começa a partir dos 18 anos, há no
entanto outras definições e aquela que seguiremos é a do Instituto Nacional de
Estatística (INE), para quem a criança é a pessoa com idade inferior a 15 anos (INE,
2005). Estão dentro deste parâmetro as refeições servidas pelo GT às crianças
portuguesas, pelo que nos é profícua esta definição.
Segundo Harris & Nolte (1998), as crianças são como esponjas. Absorvem tudo o
que fazemos, tudo o que dizemos. Por outro lado, as crianças desempenham atualmente
um papel importante na sociedade de consumo ao influenciarem as decisões de
consumo. Esta influência é tal que já não fica restrita aos produtos que ela apenas utiliza,
mas também aos da própria família (Montigneaux, 2005). Os mais novos tornam-se desta
forma alvos para campanhas de diversa origem, nomeadamente as que incluem valores
de responsabilidade, pelo que a criança passa a ser um ator social potencialmente
habilitado (Tisdall & Punch, 2012).
Neste trabalho, o investigador optou por estudar as mensagens transmitidas às
crianças na escola. O contexto escolar ganha especial relevo, pois a criança recebe
nestas instituições uma parte considerável da sua alimentação diária (Nunes, 2001). Por
outro lado, a escola é um ambiente propício para criar bons hábitos alimentares e para
modelar as atitudes e os comportamentos das crianças em relação à alimentação
(Waxman, 2004). Adicionalmente, as crianças não são apenas influenciadas pelos
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adultos, mas podem também influenciá-los reciprocamente, a criança tem cada vez mais
influência na família e um papel importante nas decisões familiares, incluindo as de
consumo (Pettersson & Fjellstrom, 2006).
Tem-se assistido ao incremento de programas educacionais, com base na relação
entre o comportamento de consumo adulto e a aprendizagem ainda na infância de
conceitos de sustentabilidade (Ribeiro, Quintino, & Romano, 2014). O sucesso destes
programas depende da eficácia da comunicação. Esta eficácia centra-se na informação,
recordação e persuasão e para isso é necessária a “correta identificação e conhecimento
do público-alvo, assim como a qualidade da mensagem, a qual deve chamar a atenção e
ser credível, mas também facilitar a compreensão e estimular a memorização do público-
alvo” (Ribeiro & Lourenço, 2013, p. 69). Segundo as autoras, a comunicação para a
responsabilidade será mais eficaz quando aliada a sensações agradáveis, de bem-estar
e satisfação, que irão estimular o recetor a reagir de uma forma positiva à mensagem.
A imagem, o texto e a música são os elementos principais da publicidade e todos
eles cumprem diferentes funções (Caetano & Estrela, 2004). A comunicação dirigida
especificamente às crianças deve ter elementos que despertem a sua atenção, como as
cores, contrastes, música, entre outros. Deverá ter também argumentos simplificados, ou
seja mensagens simples e claras (Higgs & Pereira, 2005). Por outro lado, o elemento do
personagem é também bastante relevante. Higgs e Pereira (2005) consideram que a
criança tem tendência a imitar as personagens contidas na publicidade, principalmente se
essas forem mais velhas. Para os autores, a utilização de personagens mais velhas
estimula o desenvolvimento de mecanismos de identificação por aspiração, ou seja,
proporciona à criança modelos para imitar, favorecendo a sua aprendizagem.
A memorização de uma criança é mais gráfica do que verbal e, por esse motivo,
fazem associação do produto a um personagem ou símbolo, o que aumenta as suas
hipóteses de memorização. Para Montigneaux (2005), “personagem é definido como um
tipo especial de símbolo de marca – símbolo que assume características humanas ou da
vida real. Eles geralmente são introduzidos mediante propaganda e podem desempenhar
um papel central em campanhas publicitárias e no design de embalagens”. No público
infantil, os personagens ou as mascotes são facilmente reconhecidos pelas crianças. Os
desenhos com cores vivas e a expressividade das emoções fazem das mascotes
instrumentos privilegiados das empresas. Estudos mostram que a criança pode associar
corretamente um personagem ao produto correspondente já a partir dos quatro anos de
idade. As formas e cores são muito importantes nesse processo, embora o significado da
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marca possa ainda não ser compreendido (Britto, 2010). A tipografia e grafismo utilizados
também são relevantes. Segundo o mesmo autor, estes componentes podem emprestar
estéticas de dinamismo, movimento e disposição, que são mensagens importantes para o
público-alvo. As fontes com profundidade e cores fortes geram um aspeto divertido e atrai
o olhar do público infantil.
Vários estudos apontam que as atividades extracurriculares são uma fonte de
aprendizagem muito rica no que diz respeito à SA. Lautenschlager e Smith (2007)
sugerem que atividades como a jardinagem, por exemplo, podem ser uma abordagem
eficaz para aumentar na população infantil a consciência das questões ambientais,
incluindo a produção sustentável de alimentos. Se a esta atividade for aliada uma
mensagem de SA, e uma interação da comunidade escolar e familiar, os resultados
poderão ser bastante alavancados.
As novas tecnologias também têm o seu lugar neste processo. Alguns
especialistas creem que o uso das novas tecnologias é mais eficaz do que as
abordagens mais tradicionais no fornecimento de informação e na promoção da mudança
de hábitos alimentares (Brug, Oenema, & Campbell, 2003). Os computadores ou outros
dispositivos tecnológicos são ferramentas poderosas para melhorar o conhecimento
nutricional de criança pois atraem a sua atenção e incentivam processos de
aprendizagem (Oenema, Brug, & Lechner, 2001). Tem sido relatado que os jogos de
vídeo podem ser instrumentos eficazes para educar ao mesmo tempo divertido, pois têm
grande apelo e a capacidade de simplificar temas complexos (Silk, Sherry, Winn,
Keesecker, Horodynski, & Sayir, 2008).
4 – Análise de resultados
Neste ponto serão apresentados e analisados os resultados obtidos através da
metodologia definida anteriormente. Serão exploradas as entrevistas a especialistas,
assim como a comunicação do GT.
4.1 - Contributo da comunicação das empresas de restauração coletiva para a
alteração de hábitos alimentares infantis
De forma a demonstrar o contributo da comunicação das empresas de
restauração coletiva na alteração de hábitos alimentares infantis, foram realizadas
entrevistas a diversos especialistas e profissionais da área. De acordo com Maria
Engrácia Leandro (socióloga), o papel da comunicação é “importante, na medida que
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sendo um difusor de imagens, veicula simultaneamente comportamentos a adotar no que
à alimentação diz respeito” (apêndice 8, pergunta 3). Ao mesmo tempo, vê na criança um
essencial destinatário para as mensagens de alteração de hábitos alimentares (apêndice
8, pergunta 4). Já Fernanda Pinto (socióloga), destaca as crianças como um “motor para
a alteração de hábitos alimentares (…) pelo que aprendem em contexto escolar e
transportam para a família” (apêndice 14, pergunta 2). Para a socióloga, a solução
passará por educar tanto as crianças como os seus pais (apêndice 14, pergunta 6). A
opinião das duas sociólogas aponta para uma convergência positiva entre o papel da
criança e da comunicação, relativamente ao contributo das empresas de restauração,
conforme ilustra a figura 2.
Figura 2 - O papel da criança e da comunicação na alteração de hábitos alimentares
Fonte: Elaboração própria a partir das entrevistas feitas a especialistas e profissionais da área
Relativamente ao papel das empresas de restauração coletiva, as opiniões
convergem, destacando a importância das mesmas na alteração de hábitos alimentares
infantis. Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da alimentação
Saudável, da Direção Geral de Saúde (DGS), afirma que “as empresas de restauração
coletiva têm aquilo que eu chamo faca e queijo na mão. São parceiros completamente
essenciais na revolução dos hábitos alimentares das crianças” (apêndice 7, pergunta 7).
ALTERAÇÃO DE HÁBITOSALIMENTARES
Já vai havendo mais preocupação na comunicação utilizada
•Maria Engrácia Leandro
Vai havendo preocupação na comunicação porque as crianças são facilmente manipuláveis
•Fernanda Pinto
Importante difusor de imagens e veicula simultaneamente comportamentos
•Maria Engrácia Leandro
A vivência e a experiência são mais importantes que a comunicação
•Fernanda Pinto
Em primeiro lugar educar os pais
•Maria Engrácia Leandro
(Educar) os dois, pais e crianças, com recursos diferentes
•Fernanda Pinto
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Já Margarida Gomes, coordenadora do Programa Eco-Escolas, reconhece a sua
importância, mas acrescenta o peso da legislação e da regulamentação por parte do
governo e das autarquias (apêndice 11, pergunta 11).
Raquel Ferreira, nutricionista e coordenadora do serviço de alimentação e nutrição
escolar da Câmara Municipal de Sintra trabalha neste momento com a empresa de
restauração ICA, a qual serve as crianças das escolas do concelho, mas trabalhou
anteriormente com a GERTAL, empresa do GT que foi responsável pelo catering das
escolas de Sintra entre os anos 2000 e 2014. Raquel Ferreira considera que “as
empresas têm preocupação na comunicação” (apêndice 13, pergunta 9). No entanto,
observa que com as empresas a quem as refeições da autarquia têm sido adjudicadas,
tanto a GERTAL, como a ICA, essa preocupação não se tem sobreposto ao peso dos
custos. “Para as empresas, a grande questão é obviamente uma melhor gestão do
orçamento disponível, e não ter danos económicos, o que é legítimo. A questão neste
momento é reduzir custos e portanto, se calhar investirem um pouco mais na
comunicação, tendo em conta a mensagem que querem passar” (apêndice 13, pergunta
10).
Na figura 3 são descritas as opiniões dos especialistas relativamente ao papel das
empresas de restauração coletiva na alteração de hábitos alimentares.
Fonte: Elaboração própria a partir das entrevistas feitas a especialistas e profissionais da área
Figura 3 - O papel dos parceiros nas alterações de hábitos alimentares
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Os mesmos especialistas expuseram também o que faltará ainda fazer no plano
da comunicação para a SA das crianças, conforme se pode analisar na figura 4.
Fonte: Elaboração própria com o apoio do wordidout.com, a partir das entrevistas feitas a especialistas e profissionais da
área
4.2 - Instrumentos de comunicação das empresas de restauração coletiva para
transmitir Sustentabilidade Alimentar às crianças
Sobre este assunto, consideramos a opinião das mesmas sociólogas, as quais se
focam nas ideias de consciencialização e experiência. Para Maria Engrácia Leandro, o
caminho a seguir é “preocupar-se com a formação dos gostos alimentares desde tenra
idade e paulatinamente proceder à transmissão de conhecimentos que possam levar as
crianças a tomar consciência da importância desta problemática e adotar os respetivos
comportamentos” (apêndice 8, pergunta 4). Já Fernanda Pinto considera que “a melhor
ferramenta é o exemplo, a experiência vivida”. Para a socióloga, “como as crianças
passam muito tempo em contexto escolar, pode ser interessante a escola dar informação
através da experiência”, aprendendo a fazer alimentos saudáveis (apêndice 14, pergunta
4).
As opiniões retiradas das entrevistas aos restantes especialistas vieram
acrescentar mais informação relativamente aos instrumentos de comunicação mais
adequados para a transmissão de SA junto das crianças. Pedro Graça acredita que o
segredo está em repetir as experiências positivas de ações passadas, como a da
defende o envolvimento dos mais novos, através de jogos, ateliers e atividades “para
Figura 4 - Os próximos passos na comunicação da SA
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motivar investigação e sensibilização para o tema” (apêndice 10, pergunta 9). A
coordenadora do Programa Eco-Escolas, talvez pela sua vasta experiência em projetos
com as crianças, deixou algumas ideias merecedoras de destaque, nas quais o foco vai
para três ideias chave: Comunicação, Participação e Envolvimento, conforme está
ilustrado na figura 5.
Fonte: Elaboração própria a partir da entrevista a Margarida Gomes
No que concerne à estratégia de comunicação, segundo o testemunho de Raquel
Ferreira, “tem de ser uma estratégia bem realizada, que atinja os diferentes atores do
processo. E às vezes os municípios não têm recursos adequados, não têm o dinheiro
para avançar com esse tipo de campanhas, que as empresas de restauração podem ter”
(apêndice 13, pergunta 17). A entrevistada aponta várias frentes de incidência da
comunicação das empresas de restauração coletiva: o uso das tecnologias, redes sociais
e a comunicação com todos os atores envolvidos nas escolas, desde os professores às
crianças e seus pais. No entanto, refere também que “a comunicação pode não ser
“Todas as estratégias de comunicação que pressuponham o envolvimento direto, a participação ativa das crianças e jovens funcionam. Quando é só ministrar informação,
como as palestras. A informação fica, mas nem sempre se transforma em mudança que é o que nós queremos.”
Comunicação
Participação
Envolvimento
“A aprendizagem interpares é muito importante, e um jovem ou criança ouve melhor outro jovem outra criança do que o professor. Eles
aprendem para ensinar aos outros. É uma das melhores motivações para a aprendizagem. É essa mensagem que passa melhor! Estão mais
próximos que os adultos, têm outras formas de comunicar “
“Com alunos, uma das abordagens, e é uma entre muitas, é através de jogos e ateliers. É uma maneira de falar de determinados temas,
com eles de uma maneira mais interativa”
“Comunicação é informação! Mas a informação nem sempre provoca mudança de hábitos! A questão é que o que faz o clique, o que é que faz a informação se transforme em mudança. E no nosso ponto de vista é a pessoa estar envolvida,
ou seja só se muda quando se participa, quando se põe a mão na massa!”
“Funciona, normalmente aqueles alunos que têm mais problemas de integração em termos cognitivos e que às vezes se desinteressam da
escola porque não têm um aproveitamento excecional, aderem muito bem a essas atividades”
Figura 5 - As ideias chave de Margarida Gomes sobre Comunicação, Participação e Envolvimento
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suficiente”. Raquel Ferreira defende que à estratégia de comunicação deverá ser
associada uma estratégia de marketing (apêndice 13, pergunta 19).
Na figura 6 poderá consultar as ferramentas apontadas pelos três especialistas.
Fonte: Elaboração própria a partir das entrevistas feitas a especialistas e profissionais da área
Figura 6 - Instrumentos de comunicação das empresas de restauração coletiva
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4.3 - Mensagens das empresas de restauração coletiva sobre nutrição e
Sustentabilidade Alimentar para crianças
De forma a identificar as principais características das mensagens emitidas pelas
empresas de restauração coletiva, recorreu-se aos resultados das entrevistas efetuadas
aos responsáveis e também à análise de alguns exemplos, como panfletos e cartazes. É
também importante analisar a posição das empresas concorrentes ao GT e também os
programas institucionais em vigor.
4.3.1 - Empresas de restauração coletiva concorrentes e Programas Institucionais
Para obter uma visão mais abrangente deste fenómeno, foram analisadas as
empresas de restauração coletiva concorrentes ao GT, das quais se destaca a Eurest,
pelo número de refeições servidas. Na figura 7 é possível analisar a informação obtida
através do site da Eurest, no que diz respeito à sua posição em relação à SA e RSE.
Fonte: Elaboração própria a partir do site www.eurest.pt
Foi possível obter mais esclarecimentos através de Beatriz Oliveira, Diretora de
Qualidade & Marketing da Eurest Portugal. Segundo a responsável, a RSE tem um peso
cada vez maior no planeamento da empresa. Para Beatriz Oliveira, o papel das empresas
Escolas-Promoção da educação alimentar com a adoção de ementas saudáveis-Valorização da qualidade alimentar escolar -Servem 100.000 jovens Consumidores.
Missão
Prestação de serviços de restauração especializados de
acordo com o perfil e especificidades dos Clientes e
Consumidores
Objetivo
Obter excelentes resultados ao nível financeiro, ambiental
e socialmente sustentável
Certificação
Comprovativo de um percurso de sucesso
Áreas de ação
Saúde
Empresas
Escolas
Vending
Ações sustentáveis
Choose Beans
Choose Veg
Low Salt
Low Fat
Azeite Aromatizados
Aproveitamento Integral dos Alimentos
Figura 7 - Eurest, RSE e SA
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Missão
• Garantir um serviço de qualidade na área da restauração e baseado na formação dos seus colaboradores . Aposta na conciliação do novo com o tradicional da gastronomia
Atividades
• Empresas Privadas;
• Empresas Públicas;
• Ensino;
• Restauração Pública;
• Saúde;
• Social
de restauração coletiva na alteração de hábitos alimentares das crianças é crucial, mas
não pode ser desempenhado exclusivamente por estas (apêndice 12, pergunta 10). De
acordo com a responsável, a Eurest prefere veicular a sua mensagem através de jogos e
atividades interativas: “muito raramente gostamos de fazer momentos de palestra. Em
termos de transmissão não é a mesma coisa. Os miúdos pensam que estão numa sala
de aula e não aprendem da mesma forma” (apêndice 12, pergunta 4). Para Beatriz
Oliveira, é preciso “meter a mão na massa”, convidar as crianças a entrar na cozinha e
tomarem contacto com os alimentos, através de jogos e workshops (apêndice 12,
pergunta 5)
Existem outras empresas de restauração coletiva a fazer catering em escolas,
mas com uma expressão menor. Os seus sites não nos revelam a posição das empresas
relativamente a questões como a SA ou a RSE. Poderão ainda assim ser analisadas as
informações recolhidas nos sites da Ica e da Uniself nas figuras 8 e 9.
Figura 8 - ICA, missão e atividades
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Fonte: Elaboração própria a partir do site www.ica.pt
Fonte: Elaboração própria a partir do site www.uniself.pt
A análise estendeu-se também a programas institucionais de promoção da
alimentação saudável e dos bons hábitos de SA. Destaque-se o Programa Eco-escolas,
que surgiu em 1996, no seguimento da Agenda 21. De acordo com a informação
presente no seu site, “pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade
desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental para a Sustentabilidade”. O
mapa do site poderá ser analisado em pormenor no apêndice 3.
Foi explorado também o site do Movimento 2020, que conta com o apoio e
participação do GT. Trata-se de um projeto da Associação Portuguesa de Dietistas, com
o objetivo de, segundo a plataforma digital, “promover e implementar as boas práticas no
que respeita à saúde alimentar e hábitos de vida saudável”. Para isso, lança desafios
para alcançar uma sociedade mais esclarecida e sustentável. Estes desafios poderão ser
analisados no apêndice 4.
4.3.2 - O Caso do Grupo Trivalor
Este trabalho pretende compreender a SA na estratégia de comunicação das
organizações. Foi escolhido para base de apoio prático o estudo do caso do GT, uma
holding nacional com 50 anos de atividade em ramos tão diversos como a restauração
coletiva, logística, segurança e limpeza. O grupo emprega atualmente 31.000
Empresa de restauração coletiva que aos longos dos anos tem vindo a procurar soluções, equipamentos e
tecnologias, para as atividades que desenvolve : exploração e
gestão de refeitórios
Desenvolve as suas atividade em diferentes áreas: escolar, saúde, sector público, e privado
(hoje já presente na restauração pública, possuindo restaurantes próprios)
Figura 9 - Uniself, missão e atividades
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colaboradores, em 20 empresas com um volume de negócios de 770 milhões de euros.
No setor alimentar, aquele que nos interessa nesta investigação, o GT serve 96 milhões
de refeições por ano, em unidades espalhadas por todo o país e ilhas, conforme se pode
constatar na figura 10.
Fonte: Elaboração própria a partir do site www.trivalor.pt
De acordo com informação recolhida no site oficial do grupo (apêndice 5) o GT
rege-se por uma lógica de DS, incentivando nos seus modelos de gestão o compromisso
com o DS, nas suas vertentes económica, social e ambiental. O GT reconhece a RSE
como “um dos pilares da sustentabilidade tomando em consideração, nas suas decisões
de gestão, a comunidade e as diferentes partes interessadas, bem como o ambiente em
que as empresas operam” (Grupo Trivalor, s.d.). Segundo o site, há também um
compromisso do grupo com a certificação e “integração de referenciais normativos
internacionalmente aceites e reconhecidos, como são os casos das Normas NP EN ISO
9001 (qualidade), 14001 (ambiente), 22000 (segurança alimentar) e OHSAS 18001
(segurança e saúde no trabalho) ”. Esta informação poderá ser complementada com a
leitura do anexo 3, onde se encontra uma listagem das ações de RSE protagonizadas
pelo GT.
Das diversas áreas de atuação do GT, neste estudo apenas será dissecado o
sector alimentar, e dentro deste, o foco será dado ao catering escolar. O GT tem duas
Figura 10 - Indicadores Grupo Trivalor
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empresas que cumprem este propósito, a Gertal, criada em 1973, e o Itau, fundada em
1963, mas apenas adquirido pelo GT em 1988. A figura 11 aponta a posição de cada
uma das empresas do GT.
Fonte: Elaboração própria a partir dos sites ww1.gertal.pt e www.itau.pt
Não foi possível obter dados por parte do Itau. Em todo o caso, a sua expressão
nas escolas é mínima se comparada ao campo de atuação da empresa Gertal. Desta
forma, o caso do GT será apresentado com base em informações recolhidas em
newsletters, panfletos e no site do grupo, mas especificamente com dados obtidos
através de responsáveis da Gertal, que apenas a esta empresa são referentes.
A diretora de segurança alimentar da Gertal, Patrícia Olas, declara que a RSE tem
um grande peso em todas as comunicações do grupo, tanto para crianças como para
adultos (apêndice 10, pergunta 8). A comunicação para a sustentabilidade, segundo a
mesma responsável, é tratada com muito cuidado pelo GT: “no início de cada ano letivo é
desenvolvido um plano de animações e atividades com dias, semanas temáticas que vão
ocorrendo durante o ano, o objetivo é a promoção de alimentos mais saudáveis em
MISSÃOPrestação de serviços com níveis de Qualidade e Segurança Alimentar Total e sempre em respeito com princípios de preservação do meio ambiente.
SEGMENTOS DE ATUAÇÃOA obesidade nos jovens é um grave problema na saúde pública e que se está a prolongar para a idade adulta. A ITAU com a sua experiência pretende alterar esta tendência atuando nas escolas, uma vez que está provado que os hábitos alimentares se conseguem modificar num período de dois meses.
RESPONSABILIDADE SOCIAL Plano ITAU (Previne a Obesidade)Separação de resíduos alimentares
MISSÃOAtuar no setor da restauração, com ênfase na Qualidade, Ambiente e Segurança
SEGMENTOS DE ATUAÇÃOPresentes em Jardins-de-infância, Escolas, Colégios, Universidades e Institutos Politécnicos com um serviço de qualidade adaptado às exigências de um público-alvo muito específico, servem atualmente 200.000 refeições/dia no segmento de ensino.
RESPONSABILIDADE SOCIAL Desenvolvem a sua atividade cumprindo com os princípios de crescimento sustentável, valorização e proteção ambiental.
Figura 11 - Empresas do GT com catering escolar
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detrimento de outros” (apêndice 10, pergunta 4). A mesma fonte refere que a Gertal
desenvolveu o programa Gertal Educa – Alimentação saudável para crianças: “sendo a
nossa atividade o serviço de refeições, nomeadamente nas escolas, a Gertal considera
que tem a responsabilidade de participar na educação e formação das novas gerações,
ajudando-os a desenvolverem bons hábitos alimentares.” (apêndice 10, pergunta 3). O
projeto Gertal Educa consiste no desenvolvimento de várias ações para as crianças, tais
como rastreios nutricionais, jogos sobre alimentação, teatro infantil, palestras, entre
outros. De acordo com Patrícia Olas, “a comunicação chega também às famílias”, através
de workshops para pais e filhos e de todos os materiais expostos que estão também
acessíveis aos pais (apêndice 10, pergunta 6). Na figura 12, poderá analisar a estratégia
de comunicação da Gertal e do GT e alguns exemplos da comunicação desenvolvida
pela empresa.
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Marca institucional
Relações Públicas
Patrocínio Institucional
Estratégia Adotada
Feiras e Exposições
Product Placement
Redes SociaisOnline
Figura 12 – Comunicação desenvolvida pela Gertal e GT
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
34
Fonte – Elaboração própria a partir de material fornecido pela Gertal
As entrevistas a responsáveis da Gertal, assim como a análise de panfletos,
cartazes e outras ações promocionais do GT permitiram compreender as mensagens
emitidas pelo grupo.
Segundo Cláudia Oliveira, nutricionista do GT, o papel das escolas é bastante
importante na medida em que as crianças passam a maior parte do seu tempo em
ambiente escolar (apêndice 9, pergunta 4). Em consequência, uma parte das refeições
consumidas pelas crianças é feita, também na escola e fornecida pelas empresas de
restauração coletiva. Patrícia Olas declara que “os refeitórios escolares são espaços
privilegiados para a comunicação com as crianças” (apêndice 10, pergunta 5). A mesma
fonte indica que a Gertal realiza durante o ano letivo várias ações, distribui flyers,
cartazes, desenvolve atividades lúdicas como o jogo da glória ou o “quantos-queres” e
promove também produtos regionais.
Segue-se a análise de algumas ações promocionais do GT, exemplificativas da
mensagem de SA que é transmitida às crianças servidas.
Individual produzido em material durável, ao invés
dos individuais em papel, passível de ser
reutilizado
Utilização de linguagem informal e simples, na
segunda pessoa para valorizar o trabalho de
equipa e incentivar a um compromisso, interesse e
cumplicidade
Verbos utilizados remetem à ação
Utilização de diversos tamanhos de fontes e
recurso ao negrito, na mensagem que se quer
transmitir
Utilização de margens foco da informação no
centro para destacar a mensagem
Recurso a imagens que contemplam alimentos que
devemos incluir numa refeição saudável e
sustentável
Utilização de imagens com pratos decorados para
mostrar que as refeições também podem ser
divertidas e convencer as crianças a comer certos
alimentos
Disponibilização do nome e do site da empresa
Frases curtas
Proposta de tarefas de fácil realização e com
resultados práticos
Utilização de cores naturais e uma paleta extensa
Figura 13 – Base Individual – ilustração e análise
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
35
Fonte: Material fornecido pela Gertal
Fonte: Material fornecido pela Gertal
Figura 15 – Jogo da Alimentação – ilustração e análise
Fonte: Material fornecido pela Gertal
Utilização de cores vivas em contraste com um fundo branco
Disponibilização do nome das entidades envolvidas
Utilização de uma fonte de fácil leitura, em contraste com o fundo e
de tamanho razoável
Utilização de imagens estilizadas
Componente interativa
Recurso a uma disposição gráfica que remete para a roda dos
alimentos
(Não foi possível o acesso ao jogo, pelo que a análise refere-se
apenas à caixa do jogo)
Imagem superior: Utilização de cores associadas à expressão
dramática Recurso a imagens associadas ao teatro –
pano e palco
Utilização de cores vivas nas imagens do
tema central
Recurso a um contraste de cores associado
a um efeito de luminosidade dando foco a
uma das questões faladas na peça – Roda
dos Alimentos
Personificação dos alimentos para criar um
maior envolvimento das crianças
Disponibilização do nome das entidades
envolvidas
Texto inferior:
Linguagem utilizada simples e direta
Utilização de dois tipos de fontes fáceis de
ler e com contraste com o fundo
Personagens com nomes apelativos ao
público mais jovem
Recurso a uma comunicação alternativa
Valorização da expressão artística do público-alvo
Utilização de imagens sob a forma de vetores de fácil
perceção
Disponibilização do nome da empresa
Suporte com recurso à reimpressão
Figura 16 – Cartaz da peça de teatro – ilustração e análise
Figura 14 – Máscara Nutrida – ilustração e análise
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
36
Fonte: Material fornecido pela Gertal
Fonte: Material fornecido pela Gertal
Patrícia Olas descreve também o projeto 100% Alimento, desenvolvido em
parceria com o Chefe Hélio Loureiro, no qual que se busca a utilização integral do
alimento, utilizando partes deste que habitualmente são desperdiçadas, contribuindo
assim para uma maior SA (apêndice 10, pergunta 5). Em 2014, foi editado pela Gertal o
e-book “100 % Alimento – Por uma alimentação saudável e de qualidade” (Gertal, S.A.,
2014). Poderá ser consultado no apêndice 6 um resumo elaborado a partir do e-book. Em
2015 foi editado um novo e-book, com o título “Os 4 S’s da Alimentação – Dicas para
garantir a sustentabilidade alimentar”. Para melhor compreender o conceito, analise a
figura 18.
Figura 18 – Os 4 S´s da Alimentação
Utilização de cores vivas em contraste com as fontes
utilizadas de cor branca
Utilização de uma fonte de fácil leitura, em contraste com o
fundo e de tamanho razoável
Utilização de imagens realistas
Utilização de uma linguagem simples e direta
Disponibilização do nome da empresa
Perguntas sobre os vários meses do ano
Folheto informativo sob a forma de um antigo jogo de
construção – Origami alusivo a mensagens do Dia Mundial da
Alimentação
Dimensão média e dobrável
Passível de ser utilizado em diversos contextos, com uma
forte componente interativa
Utilização de verniz e de um cortante
Dificuldade de execução média
Figura 17- Quantos Queres – ilustração e análise
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Fonte: Elaboração própria a partir do E-book “Os 4 S’s da Alimentação – Dicas para garantir a sustentabilidade alimentar
Para outros exemplos de ações do GT, poderá consultar o apêndice 15.
Quando questionada sobre o retorno das ações de comunicação junto das
crianças, a responsável da Gertal declarou que “a aceitação por parte da comunidade é
muito boa. O facto de utilizamos ferramentas simples ajuda-nos a passar a mensagem,
tivemos uma encarregada de educação que nos disse que passados 5 anos de os seus
filhos terem assistido à peça de teatro “Roda que Roda” ainda sabiam a letra das
músicas” (apêndice 10, pergunta 7).
5 – Discussão de resultados
O presente projeto de investigação tinha como principal objetivo compreender o
contributo da comunicação das empresas de restauração coletiva na alteração de hábitos
alimentares infantis, nomeadamente através da transmissão de mensagens de
sustentabilidade alimentar. Os resultados permitiram apurar que é reconhecidamente
importante o papel das empresas de restauração coletiva neste processo.
As entrevistas realizadas a especialistas e profissionais da área possibilitaram
comprovar que as empresas de restauração coletiva são parceiros essenciais na
alteração dos hábitos alimentares das crianças. Beatriz Oliveira, da Eurest e Patrícia
Olas, da Gertal, confirmam que a RSE e o conceito de participação têm um peso cada
vez maior no planeamento e estratégia de comunicação das empresas de restauração.
No que diz respeito à comunicação organizacional, a participação tem vindo a evidenciar-
se, também impulsionada por uma nova ecologia mediática que transformou a forma
como as empresas se relacionam com os média e com os seus públicos, implementando
novos modelos de gestão mais participativos e novos paradigmas de comunicação, mais
abertos e multidirecionais (Fernandes & Miranda, 2014).
A análise à comunicação da Gertal e do GT mostra um determinado planeamento
no sentido de comunicar, interna e externamente, as atividades da empresa.
Internamente dispõem de várias newsletters, como a eMotiva, da Gertal, ou a trimestral
Itau. Para o exterior, o grupo aposta pouco na publicidade, com exceção de publicações
muito específicas dentro do meio alimentar e destinadas apenas a profissionais do ramo.
Desenvolve antes vários projetos para promoção de alimentação saudável e sustentável,
onde passa a sua marca institucional. São exemplos disto mesmo o programa Gertal
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
38
Educa, o projeto 100% Alimento ou a campanha Zero desperdício. As suas ações são
também promovidas através de flyers, cartazes e workshops.
Por outro lado, as profissionais que pisam mais o terreno, em contacto com as
crianças, como Margarida Gomes do programa Eco-Escolas e Raquel Ferreira, da
autarquia de Sintra alegam que este trabalho das empresas de restauração coletiva,
sendo essencial, é muitas vezes secundarizado relativamente ao objetivo principal que é
o apertado controlo de custos. Isto, apesar de as diretrizes europeias serem concretas no
sentido de sensibilizar as empresas no “sentido de divulgar as orientações e os princípios
de responsabilidade social das empresas e de fazer com que as empresas da UE tenham
um impacto positivo nas economias” (Comissão Europeia, 2011, p. 17). As entrevistadas
apontam que para as empresas de restauração coletiva, a principal preocupação é a
gestão do orçamento disponível, e que essa seria uma razão para investirem ainda mais
na comunicação. Esta afirmação vai ao encontro do que entende Marconi (2004) para
quem as empresas compreendem que podem retirar proveitos deste investimento em
programas sustentáveis, aumentando a fidelidade e boa vontade dos consumidores.
A análise documental e a revisão da literatura possibilitaram reconhecer o papel
essencial da criança e da própria escola. Segundo Samuelsson e Kaga (2008), a
educação para o DS deve começar na infância, pois é neste período que as crianças
desenvolvem os seus valores básicos, atitudes, habilidades, comportamentos e hábitos.
Acrescente-se ainda o papel que as crianças desempenham atualmente na sociedade de
consumo ao influenciarem as decisões de compra, as suas e as dos pais (Montigneaux,
2005), o que torna os mais novos em alvos para campanhas que incluem valores de
responsabilidade passando a ser atores sociais potencialmente habilitados (Tisdall &
Punch, 2012). Este mesmo contributo foi confirmado durante o trabalho de investigação.
As sociólogas entrevistadas com vista a apurar a função da criança neste processo
admitem o seu papel fundamental. Veem na criança um essencial destinatário para as
mensagens de alteração de hábitos alimentares e um impulsor para a alteração de
hábitos alimentares pelo que aprendem em contexto escolar e depois transmitem em
casa para as suas famílias.
Para esta investigação, foi escolhida a escola como palco, pois o investigador
considera relevante o tempo diário passado pela criança na escola. Esta opinião é
corroborada por Nunes (2001), para quem o contexto escolar ganha especial relevo por a
criança receber nestas instituições uma parte considerável da sua alimentação diária, e
por Waxman (2004), o qual defende que a escola é um ambiente propício para criar bons
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
39
hábitos alimentares e para modelar as atitudes e os comportamentos das crianças em
relação à alimentação. Cláudia Oliveira, Nutricionista do GT e responsável pelas ementas
servidas nas cantinas escolares, também considera bastante importante o papel das
escolas na medida em que as crianças passam a maior parte do seu tempo em ambiente
escolar e é aqui, consequentemente, que recebem uma parte significativa das refeições
diárias (apêndice 9, pergunta 4).
A importância crescente da comunicação para a alteração de hábitos ambientais,
com vista a uma maior sustentabilidade reforça o incremento de programas educacionais,
com base na relação entre o comportamento de consumo adulto e a aprendizagem ainda
na infância de conceitos de sustentabilidade (Ribeiro, Quintino, & Romano, 2014). Neste
aspeto as opiniões dividem-se. Se por um lado Margarida Gomes do programa Eco-
Escolas e Raquel Ferreira, da C.M.Sintra destacam a importância da comunicação,
embora apelando a que as empresas de restauração apostem mais neste âmbito, por
outro a socióloga Fernanda Pinto considera que a alteração de hábitos alimentares passa
mais pela vivência e experiência da criança, do que pela comunicação (apêndice 14,
pergunta 3). Já a socióloga Maria Engrácia Leandro afirma ser importante o papel da
comunicação na alteração dos comportamentos e hábitos alimentares das crianças, na
medida em que é um difusor de imagens e um veículo para comportamentos saudáveis a
adotar (apêndice 8, pergunta 3).
Os restantes profissionais entrevistados também dão a sua opinião relativamente
aos instrumentos de comunicação mais eficazes na transmissão de SA às crianças. É
dado aqui um especial destaque às ideias transmitidas por Margarida Gomes, que com a
sua vasta experiência em projetos com os mais novos, deixa-nos valiosos conselhos à
volta de três ideias chave: comunicação, participação e envolvimento. Para a
coordenadora do programa Eco-Escolas, a chave está numa estratégia de comunicação
que implique o envolvimento direto a participação ativa da criança. A interação também é
importante, pois motiva na criança a investigação e a sensibilização para o tema, assim
como a aprendizagem interpares, pois a criança ouve melhor outra criança do que o
professor e ainda aprende para ensinar aos outros. Jogos e ateliers funcionam melhor do
que palestras. Para a coordenadora, nem toda a informação transmitida provoca
mudança de hábitos e aquela que mais efeitos tem é a que implica a participação e
envolvimento (apêndice 11, pergunta 12 e 13).
O investigador justifica o destaque dado a estas ideias pois acredita ser este o
caminho para o sucesso na transmissão de uma mensagem eficaz com vista à alteração
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
40
de hábitos alimentares das crianças. Ribeiro e Lourenço (2013) defendem que o sucesso
dos programas educacionais depende da eficácia da comunicação, a qual se centra na
informação, recordação e persuasão, sendo para isso necessária uma “correta
identificação e conhecimento do público-alvo”. Sendo o público as crianças, o
investigador apoia a importância da comunicação, participação e envolvimento.
Raquel Ferreira, da C.M.Sintra, acrescenta ainda a necessidade de as empresas
de restauração coletiva utilizarem as novas tecnologias e redes sociais (apêndice 13,
pergunta 19), indo ao encontro do que já havia sido assinalado nas teorias dos
especialistas Brug e outros (2003), segundo os quais o uso das novas tecnologias é mais
eficaz do que as abordagens mais tradicionais no fornecimento de informação e na
promoção da mudança de hábitos alimentares.
Neste trabalho foi estudado o caso do GT e para isso foram entrevistados os seus
responsáveis e analisados o seu site e publicações. A diretora de segurança alimentar da
Gertal, Patrícia Olas, confirmou o peso da RSE no planeamento da comunicação do
grupo, considerando que a empresa tem a responsabilidade de formar as novas
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Anexos
Anexo 1 - Crescimento da população por Área, 1950-2030
Fonte: adaptado de (United Nations, 2015)
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Anexo 2 - Contribuição de emissões em cada fase do sistema alimentar
Etapas de Transporte
Fonte: adaptado de (Garnett, 2008)
Produção agrícola (importação de sementes,
ferilizantes, pesticidas, produção de sementes , etc)
Agricultura
Embalagem
Armazenar alimentos, cozinhar, lavar a louça, etc..
Transformação/ produção alimentar
Inputs Embalagens
Deposição de Resíduos
Consumo
Distribuição
Centro de Distribuição
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- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Anexo 3 - Ações de Responsabilidade Social – Grupo Trivalor
Programa Gertal Educa - Alimentação Saudável para crianças, (intervenções em 130 escolas
abrangendo uma população de 15000 crianças e encarregados de educação)
Consultas de nutrição aos empregados das empresas clientes,
Formação em alimentação e dietética em dezenas de instalações dos nossos clientes, (ex.: Curso de
Culinária "Alimentação Saudável" - com a apresentação de 5 grupos temáticos - Entradas, Sopas,
Massas Alimentícias, Saladas e Sanduíches),
Implementação das medidas "Sopa sem Sal" e do "Pão a meio-sal",
Oferta de Pedómetro no dia Internacional da Saúde,
Lançamento de novo Toalhete de papel com mensagens de educação alimentar (1.000.000 un. por
mês),
Lançamento de campanhas como "Consumo Consciente" e "Tabuleiro Solidário", traduzidas na
orientação junto dos nossos clientes, para evitar desperdício, convertendo os resultados em ofertas de
alimentos a favor do Banco Alimentar;
Subscrição da CARTA DO DIREITO À ALIMENTAÇÃO", integrando a Trivalor a Comissão de Honra.
Como consequência deste compromisso, foram já celebrados protocolos com clientes, que se
traduzem na produção de refeições acima das necessidades previstas, com o intuito de as vir a doar a
instituições de solidariedade social.
Protocolo com o Centro Pedro Arrupe, Centro Jesuíta para o Acolhimento de Refugiados, que se
destina a formar refugiados na área da cozinha e produção de refeições.
Protocolo estabelecido com a associação "Dar i Acordar", em que diariamente são disponibilizados
produtos de "vending", pastelaria e sandes, com validade a terminar no dia ou dia seguinte, e que são
distribuídos por diferentes IPSS;
Doações de alimentos ou convertíveis em alimentos, a entidades como o Banco Alimentar contra a
fome ou a Associação Bagos d'Ouro;
Encaminhamento dos consumíveis informáticos em benefício da Ajuda de Berço, Liga Portuguesa
Contra a Sida, Ajuda de Mãe, Casa do Gaiato, Associação Portuguesa dos Deficientes e AMI,
Oferta das atividades de limpeza ao Banco Alimentar (no MARL);
Formação dos colaboradores da Entrajuda, em segurança alimentar;
O apoio a projetos de responsabilidade social desenvolvidos pelos nossos clientes, como é o caso do
Banco de Portugal.
Fonte: adaptado de (Grupo Trivalor, s.d.)
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Apêndices
Apêndice 1 – Guião de entrevistas
1 - Entrevista a Pedro Graça - Diretor do Programa Nacional para a Promoção da alimentação Saudável,
da Direção Geral da Saúde.
1. Há quanto tempo é Diretor do Programa Nacional para a Promoção da alimentação Saudável, da Direção Geral
da Saúde?
2. Como surgiu o Programa Nacional para a Promoção da alimentação Saudável?
3. Qual o feedback que estão a receber do programa?
4. Qual o papel dos parceiros (empresas de restauração coletiva) para alterar hábitos alimentares nas crianças?
5. Na sua opinião, quais as ferramentas de comunicação mais adequadas para passar a mensagem de
sustentabilidade alimentar às crianças?
6. O que falta ainda fazer no plano de comunicação para a sustentabilidade alimentar das crianças? Qual o próximo
passo a dar, tanto a nível governativo como pelas empresas de restauração coletiva?
2 - Entrevista a Maria Engrácio Leandro - Socióloga, investigadora CIES - ISCTE/Instituto Universitário de
Lisboa.
1. Como nasceu o seu interesse sociológico nas crianças?
2. Que lugar ocupam as crianças no processo de alteração de hábitos comportamentais, os seus e o dos próprios
pais?
3. Qual é o papel da comunicação na alteração dos comportamentos e hábitos alimentares das crianças?
4. Quais as ferramentas mais adequadas para a transmissão de mensagens de sustentabilidade alimentar às
crianças?
5. Sente que existe preocupação por parte das empresas, nomeadamente de restauração coletiva, em relação à
comunicação direcionada para crianças?
6. Educar as crianças ou educar os pais para as questões da sustentabilidade alimentar? Qual é caminho?
3 - Entrevista a Cláudia Oliveira - Nutricionista e responsável pela elaboração de ementas escolares no
GT.
1. Há quanto tempo é nutricionista?
2. Qual é a sua função no grupo Trivalor?
3. Fale-me da sua experiência profissional no que diz respeito à alimentação infantil. Já trabalhou noutros
contextos?
4. Qual o papel das escolas na educação das crianças (e respetivas famílias) para hábitos alimentares
sustentáveis?
5. Que técnicas e instrumentos de comunicação utiliza o GT para passar uma mensagem de sustentabilidade
alimentar às crianças?
6. A comunicação do GT considera também o alcance das famílias para além das crianças? Como, de que
forma…?
7. O que acha que ainda pode ser feito tanto pelo GT como por outras empresas de restauração coletiva para
promover a SA das crianças?
4 - Entrevista a Patrícia Olas - Diretora do departamento de Segurança Alimentar do GT.
1. Há quanto tempo trabalha como Diretora do departamento de Segurança Alimentar do GT?
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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2. Quais são as suas principais funções como Diretora do departamento de Segurança Alimentar do GT?
3. Fale-me do Programa Gertal Educa - Alimentação Saudável para crianças.
4. Como é planeada a comunicação com as crianças servidas pelo GT?
5. Quais são os instrumentos de comunicação que o GT utiliza para passar uma mensagem de sustentabilidade
alimentar?
6. O GT analisa o retorno das ações de comunicação junto das crianças? Se sim, quais os resultados?
7. Qual o peso da responsabilidade social nas ações de comunicação do GT?
8. Em que se distancia o GT de outras empresas da área, no que diz respeito à sustentabilidade alimentar?
9. Têm outras ações de comunicação pensadas para um futuro próximo?
5 - Entrevista a Margarida Gomes - Coordenadora do Programa Eco-escolas.
1. Há quanto tempo é Coordenadora do Programa Eco-escolas?
2. Como surgiu o programa?
3. O que é Projeto Alimentação Saudável e Sustentável e que iniciativas foram tomadas no âmbito deste projeto?
4. Na sua opinião, quais as ferramentas de comunicação mais adequadas para passar a mensagem de
sustentabilidade alimentar às crianças?
5. Qual o papel dos parceiros (empresas de restauração coletiva) para alterar hábitos alimentares nas crianças?
6. O que falta ainda fazer no plano de comunicação para a sustentabilidade alimentar das crianças? Qual o próximo
passo a dar, tanto a nível governativo como pelas empresas de restauração coletiva?
7. Como convida o programa Eco-Escolas os parceiros a participar ativamente na transmissão dos valores de
sustentabilidade alimentar?
6 - Entrevista a Beatriz Oliveira - Diretora da Qualidade & Marketing da Eurest Portugal, Nutricionista e
Membro da Comissão de Alimentação Coletiva e Restauração da Ordem dos Nutricionistas.
1. Há quanto tempo trabalha como Diretora da Qualidade & Marketing da Eurest?
2. Quais são as suas principais funções como Membro da Comissão de Alimentação Coletiva e Restauração da
Ordem dos Nutricionistas?
3. Existem programas de Alimentação Saudável e Sustentável para crianças na Eurest.
4. Como é planeada a comunicação com as crianças servidas pela Eurest?
5. Quais são os instrumentos de comunicação que a Eurest utiliza para passar uma mensagem de sustentabilidade
alimentar?
6. A Eurest analisa o retorno das ações de comunicação junto das crianças? Se sim, quais os resultados?
7. Qual o peso da responsabilidade social nas ações de comunicação da Eurest?
8. Em que se distancia a Eurest de outras empresas da área, no que diz respeito à sustentabilidade alimentar?
9. Têm outras ações de comunicação pensadas para um futuro próximo?
8 - Entrevista a Raquel Ferreira – Nutricionista, coordenadora do serviço de alimentação e nutrição
escolar da CMSINTRA.
1. Fale-me um pouco das suas funções enquanto coordenadora do serviço de alimentação e nutrição escolar.
2. Existem programas de Alimentação Sustentável para as crianças do concelho?
3. Qual o papel das empresas de restauração coletiva para alterar hábitos alimentares nas crianças?
4. Sente que existe preocupação por parte das empresas, nomeadamente de restauração coletiva, em relação à
comunicação direcionada para crianças?
5. Na sua opinião, quais as ferramentas de comunicação mais adequadas para passar a mensagem de
sustentabilidade alimentar às crianças?
6. O que falta ainda fazer no plano de comunicação para a sustentabilidade alimentar das crianças? Qual o próximo
passo a dar, tanto a nível governativo como pelas empresas de restauração coletiva?
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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9 - Entrevista a Fernanda Pinto - Socióloga, investigadora CIES - ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa.
1. Como nasceu o seu interesse sociológico nas crianças?
2. Que lugar ocupam as crianças no processo de alteração de hábitos comportamentais, os seus e o dos próprios
pais?
3. Qual é o papel da comunicação na alteração dos comportamentos e hábitos alimentares das crianças?
4. Quais as ferramentas mais adequadas para a transmissão de mensagens de sustentabilidade alimentar às
crianças?
5. Sente que existe preocupação por parte das empresas, nomeadamente de restauração coletiva, em relação à
comunicação direcionada para crianças?
6. Educar as crianças ou educar os pais para as questões da sustentabilidade alimentar? Qual é caminho?
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Apêndice 2 - Linha do Tempo da Sustentabilidade
Ano Linha do Tempo da Sustentabilidade
1972 Conferência de Estocolmo
1976 Consagração no texto originário da Constituição da República Portuguesa de 1976 do “direito a um ambiente de vida humano sadio e ecologicamente equilibrado"
1987 Relatório de Brundtland - O Nosso Futuro Comum
1987 Aprovação da Lei de Bases do Ambiente que aponta para um: “desenvolvimento integrado, harmonioso e sustentável” (art.º3) -Portugal
1992 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Desenvolvimento - Cimeira da Terra (Agenda 21 e Declaração do Rio)
1992 Tratado de Maastricht - destaca o crescimento sustentável e o respeito pelo ambiente
1995 Cimeira Social de Copenhaga - integração da vertente social como terceiro pilar do conceito de desenvolvimento sustentável
1995 Resolução do Conselho de Ministros sobre o Plano Nacional de Política de Ambiente (PNPA), onde a menção ao desenvolvimento sustentável como objetivo surge de modo claro -Portugal
1997 Protocolo de Kyoto
1997 Criação do Conselho Nacional para o Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável - Portugal
2001 Conselho Europeu de Gotemburgo -completa o compromisso político de renovação económica e social assumido pela UE, e que acrescentou à Estratégia de Lisboa uma terceira dimensão, de carácter ambiental, estabelecendo uma nova abordagem para a definição de políticas
2002 Conselho Europeu de Barcelona - coerência, a longo prazo, das diferentes políticas da UE, reiterando que “o crescimento atual não deverá em caso algum pôr em risco as possibilidades de crescimento das gerações futuras
2002 Resolução do Conselho de 28 de Maio de 2002 aprovou as Grandes Linhas de Orientação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) - Portugal
2007 Tratado de Lisboa - Estabelece-se que um dos objetivos fundamentais da União Europeia é o Desenvolvimento Sustentável
2010 Cimeira de Joanesburgo - reafirma os compromissos dos países que participaram da reunião no Rio de Janeiro
2012 Rio +20- Desenvolvimento Sustentável
2016 Entrada em vigor da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”, constituída por 17 objetivos, desdobrados em 169 metas, que foram aprovados pelos líderes mundiais
Fonte: elaboração própria
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Apêndice 3 – Site Eco-Escolas
Fonte: elaboração própria a partir do site https://ecoescolas.abae.pt/
Sobre
Quem somos
Inscrições
Implementar o eco-escolas
Documentação
Comissão nacional
Parceiros
Perguntas Frequentes
Testemunhos 20 anos
Eco-escolas Internacional
Contactos
Quem Somos
(...) pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de
qualidade desenvolvido pela escola , no âmbito da Educação
Ambiental para a Sustentabilidade(...)
Documentação
(...)
Guias Fundamentais
Guia do Professor Eco-escolas
Escola e Municípios
Escolas
Municípios
Eco-universidades
Projetos
2016/2017
2015/2016
2014/2015
CLIMACT
Anos Anteriores
2016/2017
Alimentação Saudável e Sustentável
Hortas Bio
Criar um Super Vegetal
(...)
2015/2016
Alimentação Saudável e Sustentável
Hortas Bio
Cria uma fruta
(...)
Encontros
Galardão / Dia Bandeiras Verdes
Seminários Nacionais
Eco-universidades
Reunião diretores de Agrupamentos
Outros Encontros Regionais
Destaques
Noticias Eco-escolas
Newsletter
Newsletter Intenacional
Terrazul
Newsletter
Prova regional Eco -cozinheiros
(...)
Recursos
Documentação
Jogo Eco-escolas
Exposições Eco-escolas
Loja Eco-escolas
Ecoteca
Jogo Eco-escolas
Alimentação Saudável
-Jogo das leguminosas
- Alimenta a roda
-Alimentação pelo mundo
-Jogo do olfato
-Jogo do tato
-Painel das bebidas
(...)
Login
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Apêndice 4 – Site Movimento 2020
Fonte: elaboração própria a partir do site https://www.movimento2020.org/
Movimento 2020
Projeto da Associação Portuguesa dos Dietistas com o objetivo de promover e implementar boas práticas na área
da saúde e hábitos de vida saudável
Desafios
Aumentar os níveis de hidrataçãoAumentar o consumo de frutas e
vegetaisAumentar o consumo de leguminosasAumentar o consumo de pescadoAumentar o consumo de produtos
nacionaisReduzir o consumo de açúcaresReduzir o consumo de salReduzir o consumo de gordurasReduzir o desperdício alimentarAumentar a ingestão e a qualidade do
pequeno-almoçoMelhorar a saúde alimentar da
grávida/pré-mamãDiminuir o excesso de peso aos 36
meses de idadeMelhorar a qualidade dos lanches
escolaresAumentar as Food Skills das crianças e
jovensMelhorar o estado nutricional das
pessoas idosasAumentar o acesso a consultas de
dietética e nutrição nos Cuidados de Saúde Primários
Garantir a identificação do risco nutricional nas Instituições de Saúde
Aumentar a atividade físicaVoltar a colocar a Dieta Mediterrânica
na mesaAumentar os níveis de felicidade dos
portugueses
CriançasPublicações - O Terrível Senhor Sal e o reino Corpo Humano e o Espinafre, Batata-Frita e o CoraçãoJogos - jogos de memória, jogos de alimentação , puzzles
O objetivo é alterar os hábitos e comportamentos alimentares , com pessoal enfoque em determinados grupos , nomeadamente grupos : professores , crianças e restauração
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Apêndice 5 – Site Trivalor
Fonte: elaboração própria a partir do site http://www.trivalor.pt/
O Grupo
Perfil
História
Valores e Missão
Estratégia
Corpos Sociais
Certificações
(...) actua no segmento de Business & Facility SErvices , na área da restauração social e pública ,
catering, eventos, (...)
Certificações
ISO 9001
ISO 14001
OSHAS 18001
ISO 22000
ISO/IEC 27001
Áreas de actuação
Restauração colectiva
Tickets de Serviços
Representações e Logistica
Limpeza
Segurança Humana e Electrónica
Restauração Pública
e Catering de Eventos
Vending
Gestão Documental
Gestão Integrada de Serviços
Serviços Partilhados
Restauração Colectiva
Gertal
Itau
...
Indicadores Sustentabilidade
Enquadramento
Responsabilidade e Transparência nos modelos de Gestão
Comprometimento com a Eco Eficiência e Proteção Ambiental
Valorização das Pessoas, do Trabalho e da Dimensão Social
Ações de Responsabilidade Social
Ações de Responsabilidade Social
(...)
Programa Gertal Educa - Alimentação Saudável para crianças
Media Center
Banco de Imagens
Noticias
Logotipos
Gertal
Itau
Carreiras
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Apêndice 6 – E-book 100 % Alimento
Fonte: elaboração própria a partir do e-book 100% Alimento
Os gastos de recursos naturais na alimentação
humana e de animais são evidentes e, grande parte desta produção massiva é desperdiçada de diversas
formas. Os sistemas agroalimentares têm de
promover práticas e dietas sustentáveis.
É importante que os consumidores sejam mais
informados e conscientes dos produtos que adquirem,
porque têm um
papel ativo na adoção de uma abordagem sustentável
da produção e consumo alimentar.
É importante refletir sobre a questão do aproveitamento dos
alimentos.
Reconhece-se a fase de consumo alimentar como
uma das etapas onde se verificam os maiores
desperdícios , decorrentes de variadíssimas práticas.
É imprescindível planear devidamente as refeições a realizar, sem esquecer
os princípios orientadores
da Roda dos Alimentos.
Só assim se consegue gerir adequadamente as suas refeições e a minorar o desperdício alimentar.
Solução : utilizar o alimento na sua
totalidade é uma mais-valia, em termos
nutricionais, económicos e
ambientais.
A atuação face ao desperdício alimentar passa por : facultar ofertas alimentares tendo em conta os gostos e preferências dos utilizadores das cadeias de
restauração e em fornecer alternativas que deverão ser saudáveis para o corpo e para
o ambiente.
Para se viver num planeta mais eficiente o consumidor tem de
ser consciente e apostar no proveitamento total dos
alimentos, gerindo e equilibrando a sua alimentação
quotidiana.
ABORDAGENS À SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR NA COMUNICAÇÃO PARA AS CRIANÇAS
- O CASO DO GRUPO TRIVALOR -
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Apêndice 7 – Entrevista a Pedro Graça
Entrevista presencial no dia 04-05-17 à margem do XVI Congresso de Nutrição e Alimentação da APN -
Associação Portuguesa dos Nutricionistas no Centro de Congressos de Lisboa. -“Pedro Graça - Diretor do
Programa Nacional para a Promoção da alimentação Saudável, da Direção Geral da Saúde”.
Email enviado
Caro Pedro Graça,
Tenho acompanhado o seu destacado trabalho na promoção da alimentação saudável.
Sou investigador de Ciências da Comunicação no ISCSP – U. de Lisboa e encontro-me a realizar um trabalho
sobre Sustentabilidade Alimentar e a forma como essa mensagem é passada às crianças.
Neste âmbito, o seu contributo seria bastante relevante, pelo que o convido a participar numa rápida entrevista a
decorrer em local à sua escolha. Teria disponibilidade em algum momento durante o mês de Abril?
Abaixo encontra os tópicos que iremos abordar.
Se assim o desejar, poderei garantir a confidencialidade e anonimato das suas respostas, embora o seu nome
traga uma validade acrescida ao meu trabalho. Estarei ao seu dispor para qualquer esclarecimento através do email