ABORDAGEM SISTÊMICA EM TERAPIA FAMILIAR COM FAMÍLIAS DE EMPRESAS FAMILIARES Maria Beatriz Rossatti Consultório Particular de Terapia de Família e de Casal [email protected]Resumo No Brasil, as ações de empreendedorismo que se intensificaram a partir da década de 90, têm justificado a constituição de empreendimentos familiares para inúmeras famílias. Estas empresas representam hoje, mais de 80% da população total de empresas constituídas no mundo. São comuns processos terapêuticos com famílias destes sistemas, assim como são complexas as demandas conflitantes. Tem exigido de terapeutas a abordagem sistêmica destes sistemas: família e empresa familiar, que são distintos, porém interconectados e sofrem influências tanto das questões sociopolíticas e econômicas do país, como também das transformações ocorridas na família contemporânea, que traz a participação feminina, como um fenômeno crescente à frente de empresas familiares. Este estudo tem por objetivo rever na literatura de artigos publicados o que se fala desta relação, entre família e empresa familiar, assim como identificar processos de diagnóstico e, melhores práticas de intervenção, realizadas no Brasil e no mundo. Palavras-Chave: Família, Empresa Familiar, Terapia Familiar Sistêmica. Abstract In Brazil, the actions of entrepreneurship that intensified from the 90s, have justified the creation of family businesses for many families. These companies represent over 80% of the total population of companies incorporated in the world. Therapeutic methods are common families with these systems as are the conflicting demands complex. Has required the therapists systemic approach to these systems: family and family business that are distinct, but interconnected and are influenced both the sociopolitical and economic issues of the country, as well as the changes taking place in the contemporary family, which brings female participation, as a growing phenomenon in front of family businesses. This study aims to review published articles in the literature that speaks of the relationship between family and family business, and identify diagnostic procedures and best practice interventions, performed in Brazil and worldwide. Keywords: Family, Family Business, Family Systemic Therapy.
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ABORDAGEM SISTÊMICA EM TERAPIA FAMILIAR COM
FAMÍLIAS DE EMPRESAS FAMILIARES
Maria Beatriz Rossatti Consultório Particular de Terapia de Família e de Casal
Resumo No Brasil, as ações de empreendedorismo que se intensificaram a partir da década de 90, têm justificado a constituição de empreendimentos familiares para inúmeras famílias. Estas empresas representam hoje, mais de 80% da população total de empresas constituídas no mundo. São comuns processos terapêuticos com famílias destes sistemas, assim como são complexas as demandas conflitantes. Tem exigido de terapeutas a abordagem sistêmica destes sistemas: família e empresa familiar, que são distintos, porém interconectados e sofrem influências tanto das questões sociopolíticas e econômicas do país, como também das transformações ocorridas na família contemporânea, que traz a participação feminina, como um fenômeno crescente à frente de empresas familiares. Este estudo tem por objetivo rever na literatura de artigos publicados o que se fala desta relação, entre família e empresa familiar, assim como identificar processos de diagnóstico e, melhores práticas de intervenção, realizadas no Brasil e no mundo. Palavras-Chave: Família, Empresa Familiar, Terapia Familiar Sistêmica.
Abstract In Brazil, the actions of entrepreneurship that intensified from the 90s, have justified the creation of family businesses for many families. These companies represent over 80% of the total population of companies incorporated in the world. Therapeutic methods are common families with these systems as are the conflicting demands complex. Has required the therapists systemic approach to these systems: family and family business that are distinct, but interconnected and are influenced both the sociopolitical and economic issues of the country, as well as the changes taking place in the contemporary family, which brings female participation, as a growing phenomenon in front of family businesses. This study aims to review published articles in the literature that speaks of the relationship between family and family business, and identify diagnostic procedures and best practice interventions, performed in Brazil and worldwide. Keywords: Family, Family Business, Family Systemic Therapy.
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 2
Introdução
Terapeutas Familiares em atendimento a indivíduos, casais e/ou famílias que possuem
negócios em conjunto, têm percebido dilemas complexos e dolorosos, que surgem no
processo terapêutico, cuja origem está nos conflitos da relação família e empresa familiar.
Estes conflitos se expressam de diversas formas tanto no ambiente familiar como no
ambiente empresarial. Têm sido os mais difíceis de serem resolvidos e têm sido mais bem
tratados, quando se aplicam os pressupostos da visão sistêmica no diagnóstico e na
intervenção.
E, profissionais que lidam com estes conflitos têm tido maior sucesso quando
compreendem o contexto e o processo em que surgiram as empresas familiares, cujas
características no Brasil foram construídas na década de 90, dentro de um contexto de
transformações no mundo do trabalho e na família.
Esta revisão de bibliografia parte também da hipótese de que possíveis conflitos
gerados nesta relação podem estar relacionados a acontecimentos que precederam a formação
da própria empresa familiar, mas que se não foram compreendidos ou resolvidos no passado
fomentam conflitos nas questões relacionais presentes.
Assim como é importante perceber como profissionais de distintos saberes têm
trabalhado estes conflitos e se na prática existe trabalho interdisciplinar.
E com têm sido definidos família, empresa familiar, negócio e sociedade?
Machado (2005) define a família como um grupo composto por pais e filhos,
incluindo também parentes próximos – família nuclear e extensiva, porém a autora apresenta
este conceito como sendo insuficiente para descrever o que é família hoje, principalmente no
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que se refere às mudanças provocadas pelo declínio do modelo patriarcal que eleva a
participação da mulher.
Cerveny (2007) complementa que a elevação da participação da mulher trouxe
mudanças não apenas na estrutura de comando, mas também na forma como a família se
comunica, faz seus planos para o futuro e lida com as questões de sexualidade.
A importância de se compreender estas alterações no modelo de família é que não
existe homogeneidade de modelos. Isto promove diversos conflitos que se refletem nas
questões relacionais, em especial quando estão envolvidos negócios em família.
Adachi, (2003) já conceitua a família tendo como característica predominante uma
forte visão socialista, porque busca oportunizar aos seus membros, direitos e deveres de
forma igualitária. Em contraposição conceitua a empresa familiar como uma organização
com personalidade jurídica própria, distinta de seus membros, que são neste caso, uma
família ou grupo familiar. O vínculo que se estabelece é econômico e o negócio objetiva
retorno financeiro com apropriação capitalista, privada e diferenciada.
Adachi (2003) diferencia ainda os conceitos de negócio e sociedade onde o negócio é
a atividade da empresa, cuja operação pode extrapolar o ramo da própria empresa, mas é o
que dá a ela a possibilidade de obter ganho financeiro. E sociedade define como o vinculo
que se estabelece entre os proprietários que dentre outras funções determina a parcela do
capital social que é de direito de cada um.
Para Adachi (2003) o não reconhecimento desses ambientes: o mundo familiar, o
mundo corporativo e o mundo societário que se relacionam entre si, porém são distintos,
geram conflitos e saber diferenciá-los é essencial nos processos de mediação e resolução de
conflitos.
O tema não é novo. No Brasil ganha destaque a partir dos anos 90, quando as
transformações no mundo do trabalho fomentaram incentivos ao empreendedorismo,
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justificaram a criação de empresas familiares e reforçaram determinadas características no
empreendedor, que na relação interpessoal tem sido identificada também como fonte
geradora de conflitos familiares.
Por essa razão se pensou nesta revisão de literatura, objetivando identificar como se
dá a relação entre a família e a empresa familiar nos artigos publicados, para nortear
melhores práticas de resolução de conflitos com indivíduos, casais e famílias que possuem
negócios em conjunto.
Por que sob a ótica da prática sistêmica?
Porque o pensamento sistêmico – o novo paradigma da ciência contemporânea é o
que melhor percebe a complexidade do mundo atual em seus três pressupostos básicos.
Esteves de Vasconcelos (2009) define paradigmas como um conjunto de regras,
regulamentos e padrões que funcionam como filtros de nossa percepção e influenciam nossas
ações. A autora pontua ainda as diferenças entre o paradigma da ciência tradicional - em seus
pressupostos básicos: o da simplicidade, o da estabilidade e o da objetividade aos do
pensamento sistêmico: da complexidade, da instabilidade e da intersubjetividade. Assim
como ambos diferem entre si, não apenas conceitualmente, mas em especial na forma da
percepção de mundo e em como, em virtude desta percepção ocorre à intervenção na vida
cotidiana.
Esteves de Vasconcellos (2009) nos remete a um quadro de referência que nos propõe
a pensar em como a simplicidade do paradigma tradicional obscurece as inter-relações entre
os fenômenos e de como se torna imprescindível lidar com a complexidade do mundo em
todos os seus níveis. Assim como nos apresenta que a imprevisibilidade dos fenômenos e o
fator das múltiplas versões da realidade como uma construção social, dentro do novo
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paradigma da ciência contemporânea, nos permite ter uma visão mais abrangente da
realidade.
A importância de se adotar os pressupostos sistêmicos em terapia familiar no
atendimento de indivíduos, casais e/ou famílias que possuem conflitos originados da inter-
relação deles com a empresa familiar, nos remete a pensar não apenas na complexidade e
interdependência entre os sistemas vigentes, mas no contexto, no processo e na dinâmica que
foi e é construída e vivenciada.
Por isso se torna importante olhar para o antes. Em como surgem os incentivos à
criação de empresas familiares no Brasil, em como este processo de empreendedorismo
promoveu crises na família na busca de soluções e em como é construída a pessoa do
empreendedor. Que pode não ter nascido com características de empreendedor, mas as teve
que construir no processo de mudanças nas quais precisou se submeter.
Isto tudo promove conflitos que não são simples e nem podem ser vistos
separadamente.
Como se originaram as ações de empreendedorismo e quem são estes empreendedores?
Dornelas (2008) afirma que o movimento de empreendedorismo no Brasil, assim
como seu conceito, começou a se intensificar na década de 90, em virtude de diversas
mudanças ocorridas no panorama político, econômico e social a nível mundial e que no
Brasil estas mudanças levaram a perda de milhares de empregos formais por parte dos
trabalhadores, em especial na categoria bancária. Relata que em 1994, após a publicação da
Medida Provisória 542, que institui o Plano Real - um programa brasileiro de estabilização e
reformas econômicas cujo objetivo foi de combate à inflação houve um incentivo à sociedade
brasileira às ações de empreendedorismo. Recorda à venda do Banespa, o Banco do Estado
de São Paulo, o maior banco estadual do país, que quebrou devido a um rombo superior a R$
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30 bilhões de reais, sofreu a intervenção do Banco Central do Brasil em sua administração e
alguns anos depois foi vendido para o Banco Santander, em um dos leilões públicos mais
contestados da história recente das privatizações.
Fortuna (2002) reforça ainda sobre a reestruturação do Sistema Financeiro Nacional,
que neste mesmo ano de 1994, o Banco Central do Brasil assina o Acordo da Basileia junto
ao BIS (Banco de Compensações Internacionais), uma organização internacional que fomenta
a cooperação entre os bancos centrais e outras agências, sediado em Basileia na Suíça e diz
que ser membro assinante comprometia o país a criar ações que visassem garantir a sua
estabilidade monetária e financeira.
Segnini (1999) apresenta a assinatura do Acordo da Basileia como um marco no
processo de reforma do Sistema Financeiro Nacional e as ações de reestruturação dos bancos
no Brasil, que são consequências desse processo, a compreende como uma das características
constitutivas do próprio capitalismo, pois se trata de um processo de intensificação da
internacionalização do capital, acompanhado pela expansão do ideário neoliberal.
Este processo de reestruturação dos bancos no Brasil fomentou uma série de ações de
saneamentos, privatizações e fusões que intensificaram as mudanças na organização do
trabalho, mudanças estas percebidas através dos processos de incentivos às demissões
voluntárias. Parte significativa desses demissionários decide por empreender negócios
familiares próprios.
Segnini (1999) sobre a importância que os bancos têm e o papel que desempenham na
construção da política monetária e creditícia do país, além da regulação da própria moeda, diz
que é parte fundamental do controle da inflação, uma das condições para a manutenção da
estabilidade e crescimento econômico do país. E apresenta os seguintes dados: neste processo
de reestruturação do Sistema Financeiro Nacional o Brasil, que possuía 245 bancos em 1994
passa a ter em 1997 somente 225 e a categoria bancária que em 1986 possuía um milhão de
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trabalhadores, no ano de 1996 cai para apenas 497 mil bancários. Ou seja, mais de 500 mil
postos de trabalho assalariado desapareceram num período de apenas 10 anos.
Luna (2012) afirma que estas mudanças na organização do mundo ocorrem após os
anos 70 em diversas corporações de trabalho que apresentam crises no modelo taylorismo-
fordismo de produção - um modelo de produção que se caracterizou principalmente pela
racionalização do trabalho, ausência de autonomia e pela produção e consumo em massa.
Começam a surgir então, novas formas de organização do trabalho que passam a se
caracterizar, pelo surgimento de novos mercados, pela inovação comercial, tecnológica e
organizacional e uma por cultura empreendimentista que altera valores sociais e humanos,
exalta o individualismo competitivo, a diferença, o efêmero, a moda entre outros.
Desta forma as ações de empreendedorismo no Brasil têm seu início e sua
popularização, na década de 90. Caracterizada inicialmente por um empreendedorismo por
necessidade, imposta pelo ideário neoliberal, incentivada pelo Plano Real, pela abertura
econômica ao capital estrangeiro, pelas mudanças na forma de organização do trabalho e,
vem se desenvolvendo e assumindo outras características ao longo dos últimos anos. Sua
importância é que levaram a intensificação no processo de criação de empresas, em especial
de empresas familiares.
No relatório do GEM 2012, (Global Enterpreuneuship Monitor), um relatório que
mede ações de empreendedorismo a nível mundial, a pesquisa aponta que o sonho de 44%
dos brasileiros atualmente é ter uma empresa própria e não mais um emprego formal.
Apresenta como dados que em 2002, eram apenas 21% da população brasileira envolvidos na
construção de um negócio próprio. O relatório aponta que esta mudança tem relação com o
dinamismo da economia brasileira devido ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e
com o crescente número de consumidores que o país apresenta. (Antunes et al., 2012).
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 8 Entre outros dados importantes, o Relatório do GEM (2012) aponta que o Brasil
integra esta pesquisa, de âmbito mundial, que conta com a participação de 69 países, desde o
ano de 2000; o Brasil está em 2º lugar entre os países pesquisados, das pessoas que
consideram o início de um novo negócio como uma opção desejável de carreira; as condições
para empreender no Brasil, estão acima da média mundial, considerando clima econômico,
normas culturais e sociais e infraestrutura comercial e profissional; a TTE (Taxa Total de
Empreendedorismo) observada no país em 2012 é superior a 30% dos países onde o relatório
GEM é realizado.
Isso significa dizer que no Brasil em 2012 cerca de 36 milhões de brasileiros estavam
empreendendo negócios, em fase nascente, novo ou estabelecido.
O relatório do GEM (2012) destaca ainda a crescente participação feminina em ações
de empreendedorismo no Brasil; estimava nove milhões de mulheres empreendedoras em
estágio inicial, um dado que se deve ao fato que grande parte das mulheres brasileiras está
buscando diversificar suas formas de sobrevivência. (Antunes et al., 2012).
Quanto à motivação por empreender existem dois tipos classificados pelo GEM
(2012): por decorrência de necessidade (aqueles que iniciam um empreendimento por não
terem opção de trabalho, a fim de garantir a subsistência de si mesmo e de sua família) e por
decorrência de oportunidade (aqueles que optam por abrir um negócio novo, apesar de
possuírem oportunidade de emprego ou renda). Em 2000, quando o Brasil iniciou sua
participação na pesquisa GEM, era superior o número de empreendimentos por necessidade.
Em 2012 a taxa de investimentos em empreendimentos por oportunidade já é superior, na
ordem de 2,3 vezes. Por último, vale ressaltar que os especialistas do GEM recomendam
investimentos nas áreas de políticas governamentais, educação e capacitação e apoio
financeiro, na ordem de 62%, 59% e 42% respectivamente.
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Qual a importância de se criar uma empresa e por que se criam empresas?
Para Adachi (2003) se fundam empresas por uma oportunidade percebida e
diagnosticada pelo fundador, que possui um espírito empreendedor, com visão de futuro em
busca de lucro e de independência. A importância de se criar uma empresa, apesar das
dificuldades no processo de formação são muitos, pois se inserem num processo macro de
natureza econômica. Na produção de riquezas.
Silva e Luiz (2001) apontam que os indivíduos têm necessidades a serem satisfeitas,
individuais e coletivas. Para satisfazê-las envolvem-se em sistemas distintos: trabalho, capital
e recursos naturais que são sistemas utilizados na produção de bens e serviços. O fim é a
produção de riquezas, que tem um conceito próprio e mais amplo. E a riqueza de um país é
definida como a soma dos recursos naturais disponíveis, mais sua população e tudo o que
tiver sido produzido e preservado pela economia do país durante a sua existência.
Madanes e Madanes (1994) afirmam que o dinheiro apresenta vários significados:
quando utilizado na compra de bens, serviços e poupança. Significa promoção da justiça,
promove a satisfação dos desejos e necessidades e é força capaz de trazer felicidade e evitar a
dor. Mas também fomenta diversos conflitos nos seus significados secretos. Ao se constituir
uma empresa familiar, estes conflitos se apresentarão de forma mais complexa que
invariavelmente interferirão nos resultados empresarias e familiares.
Método
O tipo de estudo é uma revisão de literatura de artigos publicados nos últimos 10
anos.
Com os descritores família e empreendedorismo da base de dados da BVS (Biblioteca
Virtual de Saúde) foram encontrados 52 artigos e escolhidos três artigos cujos critérios
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foram: as transformações ocorridas no mundo do trabalho; a participação feminina nos
movimentos de empreendedorismo e por último, demandas conflitantes.
Da base de dados da SciELO, pelo Google Acadêmico utilizou-se um artigo cujo
critério adotado para inclusão foi o de contextualizar o período de reestruturação do segmento
bancário.
Com os descritores família e empresa familiar foram encontrados 596 artigos e três
foram utilizados. Os critérios foram: concepções de família e empresas familiares; valores,
ética e julgamento moral; a complexa relação empresa-família distinguindo suas modalidades
de funcionamento.
Com os descritores família e negócios foram encontrados 126 artigos e selecionados
cinco. Os critérios utilizados na escolha destes artigos foram voltados para o trabalho de
terapeutas familiares em sistemas de famílias empresarias: cujos negócios da família estão
enfrentando processo de sucessão; abordagens de consultoria feitas por terapeutas familiares,
às tipologias existentes de empresas familiares, baseado no Modelo Circumplexo de Olson; e
como último critério: incentivo para terapeutas familiares a tornarem-se mais interessados na
prática com famílias que detém negócios próprios – empresas familiares.
Resultados
Os artigos selecionados para este estudo, cuja apresentação e discussão encontram-se
na tabela a seguir obedeceram à seguinte ordem:
Primeiramente definir e refletir sobre as concepções de família e empresa familiar,
negócio e sociedade contextualizando-as dentro da realidade brasileira, dentro do processo de
transformações no mundo do trabalho, dentro das ações de empreendedorismo que se
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intensificaram após os anos de 90 e como estas ações influenciaram as mudanças nas formas
de organização familiar.
Dentre os artigos selecionados há que se destacar: reflexões sobre concepções de
família, de Hilka Vier Machado, pela percepção de que os estudos feitos sobre empresas
familiares ainda são desenvolvidos com base na família patriarcal em sua grande maioria e
que a família na atualidade, apresenta arranjos diversos que influenciam a empresa familiar.
Como resultado das transformações no mundo do trabalho, que no Brasil teve maior
visibilidade na década de 90 durante o processo de reestruturação do sistema financeiro
nacional, cresce a participação feminina, que introduz no cenário sociopolítico e econômico
uma nova forma de administrar, mas cuja participação tem exigido um olhar diferenciado não
apenas pelas questões de gênero, mas especialmente pelas singularidades que as mulheres
têm introduzido na resolução de conflitos frente às inúmeras demandas: profissionais e
familiares.
Sobre a complexidade destas relações, como terapeutas de família têm lidado com
estes sistemas, quais as formas de intervenção praticadas por terapeutas de família e outros
profissionais que trabalham nestes sistemas família-empresa.
Existem poucos estudos sobre a interdisciplinaridade.
No entanto já existe esta preocupação tanto de profissionais da área da administração
como das áreas de família entre outras, do trabalho interdisciplinar nestes contextos
complexos.
Porém há que se destacar que as dificuldades de se encontrar artigos publicados sobre
interdisciplinaridade, foram maiores quando se pesquisou em artigos nacionais.
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10º Congresso Brasileiro de Sistemas 15
Discussão
Cole e Johnson (2012), citam que Chenail, Tuttle e Todde (1997), na Conferência da
AAMFT (American Association for Marriageand Family Therapy), que fazem um discurso
em plenária, incentivando terapeutas a expandir sua prática sistêmica de terapia de família no
contexto empresarial. Falaram que o crescimento de terapeutas de família em consultorias
organizacionais, treinamentos empresariais dentre outras razões, se dá pela necessidade de ter
profissionais capacitados a trabalhar com relações tensas. Exemplificam as diversas
composições que as empresas familiares podem assumir: como exemplo a Ford Motors
Company original e a Revista Playboy (EUA) dirigida por pai e filho e pai e filha
respectivamente, a Mrs Fields Cookies(EUA) iniciada por marido e esposa, Dennis e Ann
Ratner (EUA) uma empresa de serviços de beleza, com diversas subsidiarias, dirigidas por
um casal divorciado. Apontam a dualidade destas relações que podem ser confusas: quando
casais com negócios em conjunto têm que cultivar a relação íntima ao mesmo tempo em que
devem manter o foco nos negócios. Esta relação em disfunção grave, quando a relação
comercial corrompe a pessoal o desfecho pode levar a situações extremas, tais como
sacrificar o negócio para salvar o casamento ou se divorciar para que o negócio sobreviva.
Cole e Johnson (2012) promovem uma revisão do tema revendo o que terapeutas têm
escrito, sobre famílias com negócios, incluindo MacClendon e Kadis (1991) que foram os
primeiros a discutir o papel da teoria dos sistemas na compreensão da dinâmica da família de
empresas familiares, prevendo o ingresso de mais terapeutas de família no campo da
consultoria de negócios em empresas familiares.
Portanto já é de conhecimento amplo que existe um grande potencial de problemas,
quando relações familiares são combinadas com relações comerciais e terapeutas de família
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 16
já tem prestado serviço terapêutico, pois sabem que estas relações duais se não tratadas,
afetam negativamente tanto a relação familiar quanto às relações empresariais.
Esta complexidade da relação entre família e empresa familiar e o potencial de
conflitos que se apresentam não se restringem apenas a esta dualidade
Onde é possível surgir conflitos na relação da família com a empresa familiar?
Luna (2012) aponta na multiplicidade de papeis que as mulheres desempenham de
modo geral, revelando as desigualdades na relação conjugal/familiar que impactam a relação
com o trabalho e promovem o surgimento de diversos tipos de conflitos.
Natividade (2009) aponta na não participação equânime das mulheres no mundo do
trabalho. Evidencia o avanço, mas reforça que as mulheres ainda enfrentam conflitos
relativos às diferenças relacionados às questões de gênero.
Machado (2005) aponta no declínio do poder patriarcal motivado pelos movimentos
feministas, que promoveram a inserção das mulheres no mercado de trabalho, pelas
transformações tecnológicas que propiciaram o controle da natalidade e a redução no número
de filhos, pelas lutas por direitos e igualdade no trabalho e sugere uma revisão de literatura de
tudo o que se escreve sobre empresas familiares, pois a maior parte da literatura sobre
empresas familiares ainda segue o modelo patriarcal.
Monteiro, Espírito Santo e Bonacina (2005), trazem como fonte de conflitos a relação
com a ética e a moral diante da ambiguidade e da complexidade das práticas empresariais
dentro das organizações familiares.
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 17
Os conflitos da empresa familiar com a família podem surgir onde?
Schinitmam e Rotemberg (2009) percebem conflitos na forma de construção da
empresa familiar. Aponta a existência de duas modalidades de funcionamento de empresa: a
empresa familiar que prioriza as problemáticas e dinâmicas afetivas vinculadas da família
sobre as empresariais e a família empresária que prioriza o crescimento da empresa e as
questões vinculadas à direção da economia. Essa diferença de percepção promove dilemas,
conflitos e articulações entre o contexto familiar e empresarial que exigem alternativas de
resolução de conflitos diferentes frente às situações problemáticas. Os autores apontam ainda
que existem melhores possibilidades de êxito de diagnóstico e de intervenção se, se
distinguirem não apenas as modalidades de funcionamento da empresa, como também os
contextos em que os conflitos devem ser tratados: familiares ou empresariais.
Michel-Tsabari e Lavee (2012) discorrem sobre os conflitos em empresas familiares
de primeira geração e o quão pouco se sabe sobre elas. Destacam que nenhuma empresa
familiar pode ser entendida sem entender sua família e a sua dinâmica de funcionamento. E
que esta compreensão da dinâmica da família tem sido o que falta nas pesquisas de gestores
de negócios. Citam Kets de Vries (1996) quando este afirma existir uma característica
predominante nos fundadores do negócio: um caráter dominante e controlador, tanto com
relação aos negócios da família como na condução da própria família e na primeira geração
todo o poder tende a se concentrar nas mãos do fundador.
Utilizando o modelo de sistemas circumplexo de Olson: conjugal e familiar – um
modelo desenvolvido para descrever o comportamento de uma família concentrando-se nos
fatores de coesão e flexibilidade, Michael-Tsabari e Lavee (2012) apresentam a seguinte
análise feita em empresas familiares de primeira geração:
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 18
Família rigidamente emaranhada
Empresa familiar de primeira geração
Coesão
Energia muito alta, proximidade emocional dos indivíduos com
foco na família.
Coesão significativamente maior na primeira geração; funcionários da empresa se tornam
“parte da família”; colaboradores fazem parte da “grande família”.
Limites Alta proximidade; limites
emocionais mínimos, inexistência de separação do
pessoal.
Empresa familiar cheia de questões de fronteira, pessoas que não identificam onde sua identidade
termina e começa a outra, sentimento de encarceramento.
Lealdade É solicitada alta lealdade da
família e pouca autonomia é permitida.
Individualidade é vista como traição; individualização e negócios não são separados,
lealdade e antiguidade significam garantia de sucesso.
Dependência Elevada dependência. Os membros da família são dependentes do
fundador. Papel Estritamente definidos,
tradicionais e de pouca mudança.
Esposa e filhos desempenham papeis submissos, os membros devem cooperar obedientemente.
Decisões familiares importantes são feitas por um pai dominante e autoritário.
Nota: Michael-Tsabari, N e Lavee, Y. Too close and too rigid: applying the circumplexmodel of family systems to first-generation family firms. J Marital Fam.Ther; 38 (1): 105-16
Do ponto de vista da flexibilidade, os autores apontam que o baixo nível de
flexibilidade é caracterizado pela liderança autoritária, negociações limitadas e regras
imutáveis, descrições que conferem com as características da família patriarcal. O que é
interessante apontado por estes autores é que de acordo com as pesquisas estas famílias,
rigidamente emaranhadas, têm um desempenho melhor nos negócios. Trata-se de uma
questão bem contraditória e ainda revelam que os sistemas familiares podem não questionar
sua funcionalidade, mesmo sendo considerados disfuncionais.
Kets de Vries, Carlock e Florent-Treacy (2009) apontam ainda, em se tratando de
empreendedores fundadores, que são comuns algumas características de personalidade dos
fundadores - indivíduos que gostam de assumir responsabilidades, criativos e de contagiante
entusiasmo, mas que podem desenvolver grande obsessão por controle, desconfiança,
paranoia e medo de traição. Apontam ainda que podem desenvolver estruturas defensivas de
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 19
dissociação e projeção. Afirmam que “ocorre muito frequentemente que os empreendedores
estão sozinhos no topo – quer porque se afastam de parceiros e amigos, quer porque sua visão
paranoica os impede de confiar naqueles que poderiam ajudá-los”. (Kets de Vries, Carlock e
Florent-Treacy, 2009, p.147).
Como terapeutas de família têm contribuído na resolução de conflitos?
Solomon et al. (2011) estudaram sobre a questão da sucessão em empresas familiares.
Os assuntos são tão complexos que sugerem serem usadas múltiplas perspectivas para
entendê-los e explicá-los. Realizaram um estudo onde utilizam como medida a história de
vida dos participantes. Observaram que em nenhum lugar as complexidades sistêmicas se
destacam mais do que quando uma empresa vivencia um processo de sucessão, pois existem
dois aspectos que são enfrentados: o comercial, que passa desde o lado da venda de seu
estoque pessoal para viver confortavelmente na aposentadoria até a gestão do processo em si,
na escolha do sucessor e o humano, onde se incluem todos os fatores de relacionamento, que
é onde foca a pesquisa do artigo: as relações multifacetadas que os donos têm com os seus
negócios, suas famílias e a sucessão. Pontuam que nas narrativas das histórias de vida destes
empresários, o que os autores percebem é o contexto de significados dos processos decisórios
narrados. No processo de sucessão percebem quatro influências principais: “o negócio em
si”, como uma construção internalizada do negócio, que captura duas categorias
intrapsíquicas de diferenciação e controle; “o casamento”, os participantes que tinham um
casamento tradicional, apresentavam não haver muita satisfação conjugal por viverem em
mundos separados e, em muitos aspectos distantes. Já os participantes que possuíam uma
vida conjugal mais atraente e ativa, fruto até mesmo de segundos arranjos matrimoniais,
tinham mais facilidade de se separar dos negócios enfrentando a sucessão com menos apego
e mais planos para o futuro; “os filhos” estes como herdeiros em potencial. Na vida de alguns
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 20
desses empresários o nascimento de um filho homem é narrado como esperado já prevendo a
possibilidade de sucessão e pontuam que as questões de gênero impactaram as narrativas
destes empresários e “a visão de aposentadoria”, onde parece existir um consenso que a
chegada da aposentadoria assusta vários participantes, tornando o processo de sucessão algo
temeroso de se fazer, pois pode estar significando o fim de muitos contextos de significados
construídos ao longo da vida profissional.
Mas em se tratando de processos de intervenção em terapia, Distelberg e Castanos
(2012) vão além. Fazem uma crítica sobre a pouca menção de empresas familiares nos cursos
de formação de terapeutas de família, principalmente tendo em vista que famílias envolvidas
com negócios próprios são uma população significativa no mundo, destacam que estes
sistemas de empresas familiares estão em um status de suprassistemas complexos e a prática
clinica em nível de consultoria deve articular intervenções éticas e organizadas, tendo em
vista as diferenças de abordagem do trabalho do terapeuta de família e dos demais
consultores organizacionais. Revelam que terapeutas de família em algum momento de sua
prática vão interagir com estes suprassistemas e que nos EUA, raramente os terapeutas
perguntam aos seus clientes se são proprietários de empresas familiares reforçando o quanto
estes profissionais oferecem benefícios quando trabalham com empresas familiares.
Distelberg e Castanos (2012) afirmam que terapeutas de família, por terem uma visão
sistêmica, estão numa posição única, devido suas habilidades em lidar com grande
quantidade de informações, interdependentes e complexas e propõem níveis de intervenção
conforme quadro abaixo:
Níveis de Intervenção propostos para Terapeutas de Família
Níveis Descrição Compromisso Habilidades
Nível Cinco: Trabalha problemas Avaliação dos níveis Formação Sistêmica,
10º Congresso Brasileiro de Sistemas 21
Terapia de Família.
Foco no Sistema da
Família.
psicológicos e familiares estimulando
mudanças nos padrões de interação
familiar.
ecológicos mais elevados de influência
sobre a família.
foco no processo e na dinâmica dos sistemas,
expansão da aliança terapêutica.
Nível Quatro:
Intervenções breves e focadas.
Foco: Sistema
Empresa Familiar
Trabalha a identificação e
mudança nos padrões de interação entre a família, negócios e
sistema de propriedade.
Aliança equilibrada entre os sistemas
sobrepostos: família-empresa. Expandir alianças e objetivar estabelecer limites
diferenciados.
Habilidades em terapia, teoria de organizações em saúde e mudança.
Desenvolver uma especialização.
Nível Três:
Facilitador de grupos.
Foco: multiplicar o sistema da empresa
familiar.
Trabalha como facilitador na mudança
por meio de transferência de
conhecimentos entre os sistemas.
Inclusão de indivíduos do sistema da
empresa familiar. Envolvimento do
sistema da empresa familiar através de
processos de motivação.
Tornar-se especialista no assunto, permitindo que o cliente seja um
especialista de mudança no seu
sistema da empresa familiar.
Nível Dois:
Especialista e Líder.
Foco: exossistema da Empresa Familiar
Atividades de educação em
colaboração com membros da empresa familiar em torno de
conhecimento de conteúdo.
Inclusão de pessoas de todo o sistema da família e da empresa familiar, bem como do
exossistema.
Excepcionais habilidades de comunicação. Habilidades de
empreendedorismo. Título de
especialização.
Nível Um:
Liderança dos negócios.
Foco: macrossistema
negócio da família
Atividades de educação que foquem em conhecimento do
negócio e da organização.
Engajamento expandido em grande universo e instituições
de ensino.
Formação em educação e gestão de negócios
e/ou gestão de recursos humanos.
Nota: Distelberg B; Castanos C. Levels of interventions for MFT’s working with family businesses. J Marital FamTher; 2012 Jun, 38 (1): 72-91.
Para cada nível de intervenção Distelberg e Castanos (2012) propõem que deve haver
um nível de engajamento e de habilidades e experiências necessárias o que torna a ação do
terapeuta de família diferenciada e responsável. No nível Cinco, onde há o tratamento de
problemas psicológicos e familiares e o trabalho para o estímulo a mudança nos padrões de
interação familiar, os autores sugerem que o terapeuta deva expandir sua visão do sistema
familiar para fora da sala para não correr o risco de ignorar a interdependência dos sistemas.
Os autores citam Von Bertalanfly (1969) quando pedem para olharmos para os sistemas
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adjacentes, entre eles pessoas que não são da família, mas que de certa forma pertencem ao
sistema empresa e que tiveram fundamental importância na construção do negócio.
Já Lee e Danes (2012) usam a lógica da indução analítica para dados qualitativos de
consultores de família, com e sem formação em terapia familiar para elucidar as diferenças de
abordagens em consultoria. Estes autores citam que empresas de propriedade familiar sofrem
todos os problemas relativos ao negócio sobrepostos aos processos e dinâmicas dos
problemas familiares. Destacam que quando os membros da família não são capazes de criar
laços de confiança e harmonia o negócio torna-se altamente vulnerável e pode mesmo falir se
não houver um processo de tratamento das rupturas de relacionamento. Por isso defendem
que os consultores de negócios não podem apenas olhar as questões da empresa, mas em
especial a sobreposição e a interação do sistema familiar sobre o negócio da família.
Para uma consultoria em uma empresa sugerem trabalho interdisciplinar. (Lee e
Danes, 2012). Porém estes autores apontam a existência de pouca pesquisa interdisciplinar
sobre consultoria em empresas familiares e sugerem mais investigações no campo da
produção de conhecimento de como diferentes disciplinas podem trabalhar em consultoria
para beneficiar estes sistemas.
Lee e Danes (2012) apontam como o trabalho de terapeutas de família difere dos
demais consultores de negócios e destacam que terapeutas de família têm o objetivo de
proporcionar o bem estar dos membros do sistema, enquanto consultores organizacionais
visam o funcionamento da organização; que terapeutas de família têm como foco a pessoa,
enquanto consultores organizacionais focam no papel; que terapeutas visam à resolução do
sintoma, enquanto que consultores organizacionais visam à resolução do papel
desempenhado. Apontam a estrutura relacional e a dinâmica interpessoal como fatores
críticos para avaliar problemas em organizações. Trata-se de questões de hierarquia, limites,
coalizões, questões de fronteiras, questões estruturais: quando limites não são claros as
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empresas podem não funcionar de forma eficiente. Quando consultores de negócios
percebem problemas nestes subsistemas eles tendem a ignorar as questões de pertencimento,
questões de conexão, questões de justiça que podem ser a origem dos conflitos familiares na
empresa. Terapeutas de família eventualmente não irão ignorar estas questões.
Consultores de negócios conforme pesquisa dos autores apontados, tendem a enfatizar
conflitos de papeis, em diferentes contextos, comum na relação família-empresa e
recompensas financeiras, como possível solução e sistemas de premiação, mais do que a
estrutura relacional e a dinâmica interpessoal. Por isso sugerem o trabalho interdisciplinar
como forma de alcançar melhores resultados.
Considerações Finais
Terapeutas de família na prática clínica, têm se deparado com demandas conflitantes
cujas origens encontram-se em situações geradas nestes sistemas complexos e têm atuado em
vários níveis de intervenção em especial porque são especialistas experientes nas áreas
relacionais, na compreensão das dinâmicas familiares e, no trabalho em contextos com
relações difíceis, assim como especialistas em organizações têm se debruçado para dar
resposta às profundas demandas negociais para garantir não apenas o crescimento do
negócio, mas a sua sobrevivência em contextos competitivos permeados de situações de
riscos.
No entanto, nesta revisão de literatura pouco foi encontrado de trabalhos
interdisciplinares que incluem terapeutas de família e especialistas de organizações
trabalhando em conjunto. O aumento da complexidade que envolve estes dois sistemas pede
esta ação e o exercício da interdisciplinaridade não apenas na prática, mas em especial no
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processo de formação desses profissionais: terapeutas de família e gestores de negócios, pois
lidamos com situações complexas, no processo de transformação produtiva do meio.
Frente aos diversos conflitos que esta relação família-empresa pode enfrentar, caso as
rupturas de relacionamento sejam ignoradas e não tratadas adequadamente, fechar uma
empresa para salvar um casamento significa comprometer a vida funcionários e de familiares
ligados a ela e, não necessariamente garante salvar o casamento e as relações familiares. Pode
acontecer o contrário. Divorciar-se ou ignorar a importância da família na vida dos
empreendedores, não garante que a administração do negócio vai ser mais lucrativa, nem a
sobrevivência da empresa e a qualidade de relações e satisfação que o empreendimento pode
proporcionar para ao empreendedor. Pelo contrário. O empreendedor pode ser dominado por
um profundo vazio emocional e relacional.
Este é um assunto que não se esgota com facilidade nem tem soluções simples.
Fazem-se necessários conhecimentos dessas diversas áreas com competências e
investimentos no incentivo na busca de soluções interdisciplinares.
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Referências
Adachi, P.P. (2006). Família S/A. Gestão de Empresa Familiar e Solução de Conflitos. São
Paulo. Atlas.
Antunes A.L. & Pereira F.F. & Sarfati G. & Righi G.B. & Félix J.C. et al. (2012).
Empreendedorismo no Brasil. Global Entrepreneurship Monitor. Curitiba.G562.