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PARMETROS DE CONTROLE DE QUALIDADE DE GUA DE CHUVA REVISO PARA
USO EM EDIFICAES
Karine Bassanesi [email protected] Universidade
Federal de So Carlos
Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia
Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil
Rod. Washington Lus, km 235
13.565-905 So Carlos So Paulo
Douglas Barreto [email protected] Universidade Federal de So
Carlos
Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia
Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil
Rod. Washington Lus, km 235
13.565-905 So Carlos So Paulo
Resumo: Esse artigo aborda o tema de qualidade de gua de chuva
em edificaes, com dados retirados de pesquisa
bibliogrfica de estudos anteriores sobre captao pluvial,
nacionais e internacionais, que abordaram sistemas de captao
distintos entre si em escala real. O presente artigo consiste em
um estudo sobre a anlise da qualidade de gua de chuva em
diferentes pontos do sistema de captao, em alguns casos antes
mesmo de entrar em contato com a superfcie que ir
canalizar a gua. O objetivo geral desse trabalho propor
parmetros de qualidade de gua de chuva com seus respectivos
valores de aceitao para alguns usos dentro da edificao.
Palavras-chave: aproveitamento pluvial, qualidade da gua,
edificaes.
PARAMETERS OF QUALITY CONTROL OF RAINWATER - REVIEW FOR USE IN
BUILDINGS
This abstract addresses the issue of quality of rainwater in
buildings, with data taken from literature survey of previous
studies on rain, national and international fundraising that
addressed funding disparate systems together in real scale.
This
paper presents a study on the analysis of the quality of
rainwater at different points of the feedback system, in some
cases
even before contact with the surface which will channel water.
The general objective of this work is to propose parameters of
quality of rainwater with their respective values of acceptance
for some uses within the building.
Keywords: rainwater use, water quality buildings.
1. INTRODUO
A conservao da gua consiste em estabelecer aes para
aperfeioamento do consumo de gua e consequentemente a
reduo do volume a partir do conceito do uso racional.
Em 1958, o Conselho Econmico e Social das Naes Unidas,
estabeleceu uma poltica de gesto
para reas carentes de recursos hdricos, que suporta este
conceito: a no ser que exista grande disponibilidade, nenhuma gua
de boa qualidade deve ser utilizada para usos que toleram guas
de
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qualidade inferior. (Conservao e Reuso da gua em Edificaes,
2005). O mesmo conceito pode ser transportado para as edificaes
como princpio para gesto da conservao da gua,
considerando que para cada uso possvel utilizar guas com
qualidades distintas. Utilizando assim fontes alternativas,
como
reuso poos artesianos, captao pluvial para obter guas com
qualidades diferentes da potvel.
Segundo Tomaz (2003) alguns estudos conduzidos no pas
identificam redues considerveis do consumo de gua potvel
atravs de fontes alternativas. possvel estimar uma economia de
30% da gua pblica com a utilizao de gua da chuva.
Por sua vez, a deteno, tratamento e reteno da gua pluvial com o
posterior aproveitamento tambm contribuem
para a reduo do consumo de gua potvel, alm de constituir uma
medida para o controle de inundaes, devido reduo
do escoamento superficial.
Nesse contexto, um ponto importante no aproveitamento da gua da
chuva a qualidade captada e tratada. Para
REBELLO (2004), alguns fatores locais podem alterar essa gua
como o grau de poluio atmosfrica e o tipo de material
utilizado para captao assim como a manuteno do sistema de
aproveitamento de gua da chuva. Neste caso se faz
necessrio definio do uso desta gua assim como o seu tratamento
aps captao.
2. OBJETIVO E METODOLOGIA DO ARTIGO
O objetivo principal desse artigo apresentar uma comparao dos
parmetros fsicos, qumicos e biolgicos da gua
proveniente de precipitao a partir de uma pesquisa bibliogrfica
em fontes de referncia, identificando os parmetros que
devem ser atendidos para permitir o uso de gua de chuva dentro
das edificaes, tais como rega de jardins, descargas,
lavagens de ptios e de veculos, sem que prejudiquem os usurios
assim como os equipamentos utilizados durante o
processo.
A metodologia deste trabalho consiste na abordagem terica sobre
a captao de gua de chuva de maneira qualitativa,
atravs de fontes de referncia de dissertaes, teses e artigos de
outros autores envolvidos no assunto.
Neste contexto a pesquisa bibliogrfica teve como foco trabalhos
anteriores que envolviam a qualidade da gua
pluvial, assim como legislaes, guias e normas nacionais e
estrangeiras com a inteno de identificar quais parmetros
podem ser adotados para o uso seguro da gua da chuva dentro das
edificaes.
Para cada artigo ou dissertao/tese foi analisado o objetivo da
pesquisa, assim como os parmetros analisados, incluindo o
mtodo de anlise e a metodologia adotada na pesquisa. Alm dos
parmetros foram pesquisados os tipos de tratamento
aplicados para a gua de chuva. Posteriormente foi feita uma
classificao dos resultados obtidos permitindo a comparao
dos ndices utilizados para diagnosticar se a qualidade da gua de
chuva atende o uso para o qual se destina.
3. REVISO BIBLIOGRFICA
O gerenciamento do uso da gua e a procura por novas alternativas
de abastecimento como o aproveitamento de guas
pluviais, a dessalinizao da gua do mar, a reposio das guas
subterrneas e o reuso da gua esto inseridos no contexto
do desenvolvimento sustentvel, o qual prope o uso dos recursos
naturais de maneira equilibrada e sem prejuzos para as
futuras geraes (AGENDA 21, 2001).
3.1. Aproveitamento de gua de chuva
O aproveitamento de guas pluviais em edificaes no um conceito
recente. No Brasil, ele foi introduzido pelos norte americanos,
1943, com a construo de um sistema de captao na Ilha de Fernando de
Noronha. (MAY, 2004).
Tabela 1. Sistema de Aproveitamento das guas de chuva para fins
no potveis.
Tipo de Edificao Custo de Implantao Economia de gua
Condomnio Vertical Baixo Menor
Condomnios Horizontais e Residncias
Unifamiliares
Menor se projetado antes da
construo Depende do tamanho do reservatrio
Galpes e Armazns Retorno aceitvel Depende da intensidade de
uso
Loteamentos indstrias e residncias e Relativamente baixo Boa
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aeroportos
Fonte: SICKERMANN (2002)
SICHERMANN (2002) afirma de maneira qualitativa que um sistema
de captao instalado possvel balizar o custo de
implantao e a economia gerada conforme o tipo de edificao
escolhido para a implantao. Ele ressalta que cada caso
nico, mas podem-se definir algumas regras gerais, como na Tabela
1.
Outra viso de uma metodologia bsica para projeto de sistemas de
coleta, tratamento e uso de gua de chuva pode ser
encontrado no manual da ANA/FIESP & SindusCon - SP (2005),
que envolvem as seguintes etapas: Determinao da
precipitao mdia local (mm/ms); Determinao da rea de coleta;
Determinao do coeficiente de escoamento; Projeto
dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulaes, etc.);
Projeto do reservatrio de descarte; Escolha do sistema de
tratamento necessrio; Projeto da cisterna; Caracterizao da
qualidade da gua pluvial; Identificao dos usos da gua
(demanda e qualidade). Para melhor visualizao das etapas de
envolvem o sistema de captao pluvial, possvel
esquematizar atravs de um fluxograma os componentes como mostra
a Figura1.
Figura 1. Esquema do sistema de captao pluvial. Fonte: Adaptado
de ANA, 2005.
Depois de definir o tipo de sistema de captao utilizado
imprescindvel determinar a qualidade da gua para os usos
pretendidos. Segundo a Agncia Nacional de guas ANA, a qualidade
da gua de chuva influenciada por: Localizao, regime de chuvas,
condies climticas da regio, zona urbana ou rural; Caractersticas da
bacia, densidade demogrfica, rea impermeabilizada, declividade,
tipo de solo, rea recoberta por vegetao e seu tipo;
Tipo e intensidade de trfego; Superfcie drenada e tipo de
material constituinte: concreto, asfalto, grama, etc; Lavagem da
superfcie drenada, frequncia e qualidade da gua de lavagem; Os
exemplos de perfis j estabelecidos (THACKRAY et al. 1978; DeOREO,
2006) mostram que eles so bastante
dependentes de fatores culturais que se refletem da forma de
construir o edifcio e os sistemas de abastecimento ao
comportamento pessoal ditado por hbitos, tradies e religio,
entre outras caractersticas. Para a realizao de estudos
visando determinao do perfil do consumo considera-se, em carter
preliminar, que os seguintes fatores devem ser levados
em conta:
numero de habitantes da residncia e tempo de permanncia durante
os dias da semana; rea construda e nmero de aparelhos sanitrios
disponveis; caractersticas tcnicas do servio pblico e predial de
abastecimento com especial ateno para as diferenas entre
abastecimento direto e indireto;
clima da regio; caractersticas culturais da comunidade; perdas e
desperdcios nas instalaes prediais e nos usos; renda familiar;
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valor da tarifa de gua; estrutura e forma de gerenciamento do
sistema de abastecimento.
3.2. Consumo de gua nos diferentes pontos de consumo
O conhecimento do consumo total de gua, desagregado segundo os
diversos pontos de utilizao em uma residncia de
fundamental importncia para conhecimento das priorizaes da
conservao da gua em edificaes. O consumo de gua
analisado separadamente denomina-se perfil de consumo
residencial de gua. Esses usos tm sido denominados tambm usos
finais (DEOREO, 2000) para enfatizar que se trata da utilizao no
ponto de uso interno a residncia como, por exemplo,
gua usada para tomar banho de chuveiro, gua usada para lavagem
de roupas em tanques e gua para preparao de
alimentos. (Alves, W.C. et. al, 2009 - PROSAB).
Para determinao do sistema preciso conhecer a demanda para
utilizao de gua de chuva em alguns pontos da
edificao, em uma das publicaes do PROSAB (Programa de Pesquisa e
Saneamento Bsico), Uso da gua e da Energia Volume 5, a definio de
demanda exemplificada como consumo efetivo. Que a quantidade de gua
utilizada na
consecuo de determinado uso, frequentemente expressa em termos
de volume ou vazo. No consumo efetivo somente se
quantifica o volume necessrio para perfazer o uso considerando
as condies ditadas pelas circunstancias do momento ou
perodo do uso. Entre essas circunstancias destacam-se o tipo e
condies das tecnologias disponveis associados ao uso em
questo, bem como as condies culturais relativas ao usurio.
(Alves, W.C. et. al, 2009).
Para May (2009) consumo de gua residencial constitui mais da
metade do consumo total de gua nas reas urbanas.
Segundo Rodrigues (2005), na regio metropolitana de So Paulo,
por exemplo, o consumo residencial de gua corresponde
a 84,4% do consumo total urbano (incluindo o consumo em pequenas
indstrias).
O consumo de gua residencial inclui tanto o uso interno quanto o
uso externo nas residncias.
Para Terpstra (1999), esse consumo pode ser classificado em
quatro categorias:
higiene pessoal; descarga de banheiros; ingesto; limpeza.
Segundo Alves (2009) as atividades de limpeza e higiene so as
principais responsveis pelo consumo interno,
enquanto que o externo deve-se a irrigao de jardins, lavagem de
reas externas, lavagem de veculos, piscinas, entre outros.
De acordo com essa classificao, a gua destinada ao consumo
humano pode ter dividida em:
potvel higiene pessoal, ingesto e preparao de alimentos (usos de
gua com rigoroso padro de potabilidade, conforme estabelecido na
legislao aplicvel);
no potvel lavagem de roupas, carros, calcadas, irrigao de
jardins, descarga de vasos sanitrios, piscinas, entre outros. Da
mesma publicao realizada pelo PROSAB, foram apresentados alguns
dados de consumo efetivo, que podem ser uma
orientao no clculo da demanda para utilizao de gua de chuva
dentro das edificaes:
6,8 L por descarga de uma bacia sanitria disponvel no mercado
brasileiro, sob diversos modelos e marcas e que observe a norma
brasileira NBR 15.097/2004;
30 L.pessoa.dia para o banho em chuveiro eltrico com durao de 10
minutos a vazo de 0,05 L.s; 0,3 L.m2.dia para rega de plantas de um
jardim. Trata-se da quantidade necessria e aproveitada pelas
plantas em condies especificas de ocupao do solo pelos vegetais e
em condies climticas determinadas. O consumo
efetivo no considera a permeao pelo solo que no e utilizada
pelas razes e a evaporao direta da superfcie do
solo;
110 L.hab.dia de gua potvel em usos diversos em uma residncia. O
nmero corresponde soma dos consumos efetivos desses usos, em termos
mdios, por pessoa ao longo do tempo. No esto computadas as perdas
por
vazamento no sistema predial, por evaporao evitvel ou
desperdcios associados a negligencia ou deficincia de
conhecimento e formao;
Outra fonte para determinao dos valores de consumo mdio a norma
tcnica da Sabesp NST 181 contm alguns dados
que contribuem para a caracterizao do consumo de gua em
edifcios, identificados na Tabela 2. Esses dados so
importantes para referenciar que tipo de edificao esta em
anlise.
Tabela 2. Estimativa de Consumo Predial Mdio Dirio.
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Edificao Consumo (L/dia)
Apartamentos 200 per capita
Garagens 50 por automvel
Jardins 1,5 por m
Lavanderias 30 por kg de roupas
Fonte: Norma Tcnica NST 181
3.3. Legislao, normas e guias sobre aproveitamento pluvial e
qualidade da gua
Existem algumas legislaes nacionais que podem auxiliar na tomada
de deciso e nas diretrizes que precisam ser
consideradas para o aproveitamento pluvial nas edificaes. Este
tpico discorrer sobre esse assunto. Algumas delas ainda
so generalistas e no proporcionam uma base slida no que se
refere qualidade da gua pluvial. Neste contexto sero
apresentadas algumas legislaes, normas e guias internacionais
que podem auxiliar como base de dados para escolha dos
parmetros e ndices de qualidade da gua pluvial abordados nos
prximos captulos. No Brasil, at o momento existe
somente uma norma que aborda aspectos da qualidade da gua
pluvial, a NBR 15.527/2007 (Aproveitamento de coberturas
em reas urbanas para fins no potveis Requisitos).
3.3.1. Legislao Municipal
Em Curitiba com a criao em 2003 da n Lei 10.785, de 18 de
setembro, que regulamenta o Programa de
Conservao e Uso Racional de guas em Edificaes, institui medidas
de conservao de gua, do uso racional de gua e da
utilizao de fontes alternativas para a captao de gua em novas
edificaes. O programa tem como objetivo a
conscientizao dos usurios sobre a importncia do uso racional da
gua potvel.
No Art. 7, exemplifica que a captao pluvial deve ser coletada da
cobertura das edificaes e encaminhada a uma
cisterna ou tanque, para serem utilizadas em atividades que no
requerem o uso de guas no tratadas, provenientes da Rede
Pblica de Abastecimento, como:
1. Rega de jardins e hortas; 2. Lavagem de roupas; 3. Lavagem de
veculos; 4. Lavagem de vidros, caladas e pisos.
Nesse contexto pode se ressaltar que o uso de guas pluviais para
fins no potveis reduzindo o desperdcio de gua
potvel nos casos onde ela no necessria, como na limpeza de
jardins, gramados, descargas, lavagens de carros, sem que
prejudique o usurio.
No ano de 2007 em So Paulo, foi aprovada a lei de nmero 12.526
que torna obrigatrio a implantao de sistema
para captao e reteno de guas pluviais coletadas por telhados,
coberturas, terraos e pavimentos descobertos, em lotes
edificados ou no, que tenham rea impermeabilizada superior a 500
m no Estado de So Paulo. (Artigo 1 da Lei n
12.526). Os objetivos principais da lei so:
Reduzir a velocidade de escoamento de guas pluviais para as
bacias hidrogrficas em reas urbanas com alto coeficiente de
impermeabilizao do solo e dificuldade de drenagem;
Controlar a ocorrncia de inundaes, amortecer e minimizar os
problemas das vazes de cheias e, consequentemente, a extenso dos
prejuzos;
Contribuir para a reduo do consumo e o uso adequado da gua
potvel tratada. E ressalta tambm quais as finalidades principais da
contida presente no reservatrio aps o evento pluviomtrico:
infiltrar-se no solo, preferencialmente; ser despejada na rede
pblica de drenagem, aps uma hora de chuva; ser utilizada em
finalidades no potveis, caso as edificaes tenham reservatrio
especfico para essa finalidade.
Projeto de Lei 129/2007 cria o sistema de reuso de gua de chuva
no municpio de Campinas/SP, para utilizao no
potvel em condomnios, clubes, entidades, conjuntos habitacionais
e demais edificaes. O ponto importante desta lei
conceder incentivo fiscal aos proprietrios dos imveis que
optarem pela utilizao do programa.
Na cidade de So Jos do Rio Preto, So Paulo, no ano de 2008
criado o Programa Permanente de Gesto das
guas Superficiais da Bacia Hidrogrfica do Rio Preto (Lei
10.290). No artigo segundo a lei cita os objetivos do programa,
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para o interesse do trabalho em questo o terceiro objetivo que
visa viabilizar a realizao das melhoras de interesse da
sociedade, visando o controle das cheias, de modo a minimizar
situaes de riscos ambientais, econmicos, sociais e
humanos delas decorrentes, em funo da situao atual e da tendncia
futura da ocupao do solo da bacia do Rio Preto.
No quinto artigo desta mesma lei, complementa que toda edificao
cuja superfcie impermevel resulte em rea
superior a 100 m dever contemplar em seu projeto a construo de
dispositivos de reteno/deteno das guas pluviais que
retardem o escoamento para a rede publica de drenagem.
Quando houver a inteno do reuso da gua pluvial para fins no
potveis, mesmo na lavagem de veculos ou reas
externas, devero ser atendidas as normas sanitrias vigentes e as
condies tcnicas especificam estabelecias pelo rgo
municipal responsvel pela vigilncia sanitria, como relata o
artigo 11, visando:
Evitar o consumo indevido, definindo sinalizao de alerta
padronizada a ser colocada em local visvel junto ao ponto de gua no
potvel e determinando os tipos de utilizao admitidos para gua no
potvel;
Garantir padres de qualidade da gua apropriadas ao tipo de
utilizao previsto, definindo os dispositivos, processos e
tratamentos necessrios para a manuteno desta qualidade;
Impedir a contaminao do sistema predial destinado a gua potvel
proveniente da rede publica, sendo terminantemente vedada qualquer
comunicao entre este sistema e o sistema predial destinado a gua no
potvel.
Em Sorocaba foi aprovado um projeto de lei que institui o IPTU
Ecolgico, Lei n 9571, incentivando o uso de polticas sustentveis em
edificaes residenciais. Podem ser adotadas algumas medidas
como:
Sistema de captao da gua da chuva;
Sistema de reuso de gua;
Sistema de aquecimento hidrulico solar;
Sistema de aquecimento eltrico solar;
Construes com material sustentvel, em caso da utilizao de
madeira esta dever ter sua origem comprovada;
Caladas verdes e plantadas espcies arbreas nativas com no mnimo
2 metros de altura e dimetro do caule a um metro e trinta do solo
de no mnimo cinco centmetros.
Neste caso como relata o artigo quinto da lei:
A ttulo de incentivo ser concedido o desconto de 10% no Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU) aos novos imveis, que adotarem
as medidas previstas..
2.1.1. Legislao Federal
Ainda existem poucos documentos legais para utilizar como base
para conhecimentos da qualidade da gua
necessria nos diversos usos do aproveitamento pluvial. Alm da
NBR 15527/2007 que regulamenta os parmetros de
qualidade da gua para usos no potveis a legislao brasileira
tambm estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilncia da qualidade da gua para
consumo humano e seu padro de potabilidade, e d outras
providncias, atravs da Portaria n 518/04 do Ministrio da Sade
(MS). Existe tambm outro instrumento legal que pode
servir de base para esta avaliao, a Resoluo do CONAMA n 274/00,
que define os padres de balneabilidade.
2.1.2. Normas Atualmente, somente a NBR 15527 (ABNT, 2007)
fornece requisitos para o aproveitamento pluvial em reas
urbanas,
como parmetros de qualidade (Tabela 3) assim como algumas
diretrizes que podem ser seguidas quando se pretende utilizar
esse tipo de sistema:
Os padres de qualidade devem ser definidos pelo projetista de
acordo com a utilizao prevista;
Para desinfeco, a critrio do projetista, pode-se utilizar
derivado clorado, raios ultravioleta, oznio e outros. Em aplicaes
onde necessrio um residual desinfetante, deve ser usado derivado
clorado.
Quando utilizado o cloro residual livre, deve estar entre 0,5
mg/L e 3,0 mg/L. A norma recomenda ainda que as tubulaes e demais
componentes sejam claramente diferenciados das tubulaes
de gua potvel como a utilizao de duas cores distintas para as
tubulaes. Que o sistema de distribuio de gua de chuva
seja independente do sistema de gua potvel, no permitindo a
conexo cruzada de acordo com NBR 5626/1998 (Instalao
predial de gua fria). Assim como os pontos de consumo, como, por
exemplo, uma torneira de jardim seja de uso restrito e
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identificado com placa de advertncia com a seguinte inscrio "gua
no potvel" e identificao grfica. E tambm que os
reservatrios de gua de distribuio de gua potvel e de gua de
chuva sejam separados.
A Portaria 518/2004 estabelece os procedimentos e
responsabilidades relativos qualidade da gua para consumo humano,
assim como seu padro de portabilidade. Considerando a possibilidade
do uso potvel para a gua da chuva, pode-se
considerar como parmetros de qualidade necessrios os valores dos
Quadros 5 e 6. A portaria no foi elaborada
especificamente para o aproveitamento pluvial nas edificaes, mas
considerando que para presente trabalho umas das
possibilidades de uso da gua da chuva seria para fins potveis,
uma base possvel para a anlise da qualidade da gua e os
riscos para o usurio a Portaria 518.
Tabela 4. Padres microbiolgicos de Potabilidade para consumo
humano.
Parmetros Valores
Escherichia coli ou Coliformes Termotolerantes (NMP/100 ml)
Ausncia
Coliformes Totais Ausncia
Fonte: Portaria MS N 518/2004
A portaria subdivide em para os padres de potabilidade em trs
fases, a gua para consumo, a gua na sada do
tratamento e a gua tratada no sistema de distribuio
(reservatrios e rede) e em todos os casos os coliformes
termotolerantes em 100 ml precisam estar ausentes nas amostras
analisadas. Recomenda ainda que para os coliformes totais
no caso da anlise do sistema com 40 amostras ou mais por ms,
pode apresentar 95% de ausncia em 100 ml, j no caso se o
sistema analisa menos de 40 amostras por ms apenas uma amostra
poder apresentar resultado positivo em 100 ml.
O capitulo IV da portaria refere-se aos padres de potabilidade
necessrios para consumo humano, recomenda que
em 20% das amostras mensais para anlise de coliformes totais,
deve ser efetuada a contagem de bactrias heterotrficas e
uma vez excedida 500 unidades formadores de colnia (UFC), deve
ser feita nova anlise e inspeo do local. Assim como
os organismos patognicos que devem ter o mesmo carter de ausncia
em 100 ml, como Enterovrus, cistos de Girdia spp.
e oocistos de Cyptosporidium sp.
Recomenda tambm que para garantia da qualidade microbiolgica da
gua seja considerado valores de turbidez em trs
estgios de tratamento, desinfeco (1,0 UT em 95% das amostras),
filtrao rpida (tratamento completo ou filtrao 1,0 UT) e filtrao
lenta (2,0 UT em 95% das amostras). Assim como, recomenda que aps
desinfeco a gua contenha um teor
mnimo de cloro residual de 0,5 mg/L e obrigatoriamente uma
manuteno de 0,2 mg/L em qualquer ponto de distribuio. A
aplicao deve ser realizada com um pH inferior a 8,0 e com tempo
de contato mnimo de 30 minutos.
A Resoluo CONAMA N 274/00 define os critrios de balneabilidade
das guas brasileiras. Segundo a Companhia
Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB) a balneabilidade a
qualidade das guas destinadas recreao de contato
primrio, sendo este entendido como um contato direto e
prolongado com a gua (natao, mergulho, esqui-aqutico e outros
usos), onde a possibilidade de ingerir quantidades considerveis
de gua elevada.
Tabela 6. Padres de Balneabilidade.
Parmetros Qualidade da gua Valores
Coliformes Termotolerantes
(NMP/100 ml) (1)
guas Excelentes 250
guas Muito Boas 500
guas Satisfatrias 1000
Escherichia coli (NMP/100 ml) (1)
guas Excelentes 200
guas Muito Boas 400
guas Satisfatrias 800
pH 6 a 9
Fonte: Portaria MS N 274/2000
A resoluo considera necessria a criao de instrumentos que
avaliem a evoluo da qualidade das guas, em
relao aos nveis estabelecidos para a balneabilidade, de forma a
assegurar as condies necessrias recreao de contato
primrio. Para isso estipula alguns parmetros e valores para
garantia da qualidade dessa gua. (Quadro 8).
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3.4. Legislaes e Guias Internacionais
As legislaes e guias de boas prticas internacionais tambm
estabelecem parmetros qualitativos para gua da chuva, a
maioria dos documentos apresentado a seguir so relativos a
aproveitamento pluvial. Durante a etapa de pesquisa e busca dos
dados para reviso bibliogrfica encontrou-se normas e guias em
alguns pases que propunham parmetros mnimos
necessrios para garantia da qualidade da gua em diversos usos,
potveis e no potveis. Neste caso cada pas possui
parmetros relativos realidade de sua populao e consideram o
aproveitamento pluvial como uma forma alternativa de
abastecimento de gua tanto para usos menos nobres, assim como
para a potabilidade. Nesse contexto, sero expostos alguns
guias de pases que possuem atravs de normas ou guias parmetros
da qualidade da gua pluvial para diversos usos.
Entende-se por boas prticas as medidas de controle que
possibilitem a eficcia de cada uma das barreiras, com o
objetivo de prevenir risco. So procedimentos adotados nas fases
de concepo, projeto, construo e, sobretudo, na operao
e manuteno de um sistema ou soluo alternativa de abastecimento
de gua, que minimizem os riscos sade humana
(BASTOS et al., 2006).
O guia do Estado do Texas escabele medidas mnimas de qualidade
que devem ser levadas em considerao. Umas
das primeiras afirmaes que embora a gua da chuva seja uma das
formas mais puras de gua, ainda assim necessrio estabelecer
diretrizes mnimas de qualidade da gua para o seu uso, porque a gua
pode tornar-se contaminada durante o processo de captao (Quadro 9).
Nesse contexto adotam-se parmetros mnimos tanto para qualidade da
gua pluvial
potvel como para uso no potvel.
Tabela 7. Rainwater Harvesting potential and Guidelines for
Texas - Parmetros
Categoria de Uso Qualidade da gua pluvial para uso no potvel
Periodicidade de teste
Famlias Unifamiliares Coliformes Totais 1,0 mg/L O2 para todos
os
usos Todos os sistemas
Slidos Suspensos Visualmente clara e livre de detritos
flutuantes para
todos os usos Todos os sistemas
Cor No desagradvel para todos os usos Todos os sistemas
Turbidez < 10 NTU para todos os usos e < 1 NTU para
desinfeco com UV Todos os sistemas
pH 5,0 a 9,0 para todos os usos Local nico e sistema
domstico
Cloro residual < 0,50 mg/L para rega de jardins
< 2,00 mg/L para demais usos Todos os sistemas
Bromo residual < 2,00 mg/L para todos os usos Todos os
sistemas
Fonte: BS 8215/2009
Tabela 9. BS 8215 - Rainwater Harvesting Systems - Code of
Practice - 2009 (Reino Unido) parmetros biolgicos.
Parmetros Valores de uso Tipos de Sistema
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Sprinkles Rega de Jardins e
Descargas
Escherichia Coli em 100 ml 1 250 Local nico e sistema
domstico
Intestinal enterocacci em 100 ml 1 100 Local nico e sistema
domstico
Legionella por Litro 100 - Anlise necessria quando indicada
ver
capitulo 8
Coliformes Totais em 100 ml 10 1000 Local nico e sistema
domstico
Fonte: BS 8215/2009
O Cdigo de boas prticas do Reino Unido destaca alguns pontos
importantes sobre o aproveitamento pluvial como,
os sistemas de captao que devem ser projetados de uma maneira
que assegure aptido da gua produzida e que no causem
qualquer risco indevido para sade. Assim como ressalta que a
frequncia das amostras de gua no so necessrias, no
entanto, as observaes para a qualidade da gua devem ser feitas
durante as visitas de manuteno para verificar o
desempenho do sistema. E que os testes devem ser realizados para
investigar a causa de qualquer sistema que no funcione
de forma satisfatria ou qualquer queixa de doena associada ao
uso de gua do sistema. A amostragem para os testes devem
ser realizados em conformidade com alguns pontos.
De modo a testar a qualidade da gua, uma amostra de deve ser
coletada a partir do tanque ou cisterna de acordo com
BS7592. Quando mais de um tanque ou cisterna utilizado no
sistema, as amostras devem ser tomadas a partir de:
O depsito de armazenamento mais a montante, para testar a
qualidade da gua pluvial coletada;
Qualquer reservatrio posterior / cisternas se a gua da chuva
armazenada provvel que for ou afetados por variaes de temperatura
(por exemplo, em um loft) ou misturado com a gua a partir do
fornecimento auxiliar.
Tabela 10. RAIN Water Quality Guidelines - Guidelines and
practical tools on rainwater quality (Pases Baixos) 2009.
Parmetros Valores
Amnia < 1,5 mg/L
Alumnio Sem relevncia
Cloro > 0,20 a 0,50 e
-
contado com alguma superfcie de captao e considera que o usurio
utilizara um sistema pronto e neste caso a manuteno
depender das recomendaes do fabricante. E uma restrio da norma
que o sistema deve conter uma telha para no
contaminao do sistema de 8 mm com folhas e outra de 1mm para
insetos, assim como um filtro para eliminao dos
primeiros milmetros de chuva. E tambm os parmetros mnimos que
devem ser atendidos como mostra a tabela 11.
O guia australiano sobre aproveitamento de gua pluvial (Guidance
on use Rainwater tanks 2010) no relata os ndices de qualidade
pluvial necessrios para o uso seguro, mas mostra algumas diretrizes
que podem contribuir para um bom
funcionamento do sistema.
Segundo este guia testes de qualidade da gua tanto qumico como
microbiolgico nos reservatrios de gua pluvial no
so necessrios para uso residencial, mas a gua da chuva usada
para qualquer fim comercial ou para fins de abastecimento
comunitrio necessitar de analise de amostras. E neste caso,
quando forem realizados os testes o guia indica que sejam
comparados com o Guia: Australian Drinking Water Guidelines
(ADWG).
O guia de ADWG organizado em possveis fontes de gua para uso
potvel e quando se refere gua pluvial considera
como pequenos sistemas de abastecimento. E consideram os
sistemas de descartam os primeiros milmetros de chuva
seguros, quando usados para gua no potvel.
Os sistemas de gua da chuva, particularmente aqueles que
envolvem o armazenamento em tanques acima do solo, em geral,
proporcionam uma fonte segura de gua. As principais fontes de
contaminao so aves, pequenos animais e detritos
recolhidos em telhados. O impacto destas fontes pode ser
minimizado por algumas medidas simples: limpeza regular das
calhas, retirada de galhos, uso de peneiras na tubulao e na
entrada dos tanques. Assim como descartar o primeiros 20-25
litros de precipitao. Outro ponto interessante deste guia sobre
a qualidade pluvial, ele indica que no se utilize a gua bruta, pois
no atende
as condies mnimas de uso seguro, e como alternativa, uma famlia
em particular, deve considerar que a gua deve ser
testada para quaisquer caractersticas essenciais de sade
identificados como sendo de interesse local. E indica que se
utilize
um dispositivo nos pontos de consumo. E sugere que por fim
utilize os parmetros e ndices do Water Quality Research
Australia (Tabela 17).
Tabela 16. S.I. n 278 Statutory Instruments European Communities
(drinking water) n2 Regulations 2007 (Unio Europia)
PARMETROS Valores
Amnia 0,28 mg/L
Cdmio Total 50 g/L
Clcio Ausente
Chumbo Total 10 g/L **
Cloro 250 mg/L
Ferro Total 200 g/L
Nitrato 50 mg/L
Nitrito 0,50 mg/L
pH 6,5 9,5
Sdio 200 mg/L
Sulfato 250 mg/ L
Turbidez NAC & ATC *
Fonte: S.I. 278/2007
Tabela 17. Australian Drinking Water Guidelines (WQRA Water
Quality research Australia).
PARMETROS Valores
pH 6,5 8,5
STD (Slidos Totais Dissolvidos) 500/1000 mg/L e 1800 mg/L(1)
Turbidez 1 NTU
Cloro 0,50 a 2,00 mg/L
Dureza 60 mg/L a 200 mg/L
-
Fluoreto 0,7 a 1,0 mg/L
Arsnico < 0,007 mg/L
Chumbo < 0,005 mg/L a 0,01 mg/L
Urnio < 0,02 mg/L
Ferro < 0,3 mg/L
Nitrato 50 mg/L a 100 mg/L(2)
Escherichia Coli (E. Coli) No detectvel em 100 ml
Fonte: WQDA / 2011
4. RESULTADOS E DISCUSSES
Os resultados obtidos dessa pesquisa mostram os dados referentes
a dados coletados de referencias bibliogrficos
encontrados e uma comparao dos parmetros encontrados nas
diferentes anlises desses mesmos trabalhos, que se
diferenciam pelos pontos onde foram coletas essas amostras e
sobre quais legislaes foram usados para comparar os dados
obtidos com os limites propostos por essas mesmas legislaes.
1.1. Trabalhos Estudados
Foram estudados dois trabalhos internacionais sobre qualidade da
gua pluvial. O objetivo foi selecionar artigos que
analisassem a qualidade da gua em pontos diferentes da captao,
mas em um dos trabalhos em que isso seria possvel, por
alguma razo os autores no analisaram a qualidade nos pontos de
uso, o que seria um resultado interessante, pois aps
captao foram usados dois tratamentos. Os estudos avaliados
foram:
Pilot Rainwater Harvesting Study Ireland (Liam McCarton, Sean
O'Hogain, Anna Reid, Niamh McIntyre e Jenny Pender) 2009;
Water quality monitoring and hydraulic evaluation of a household
roof runoff harvesting system in France (C. Vialle & C.
Sablayrolles & M. Lovera & M.-C. Huau &S. Jacob
& M. Montrejaud-Vignoles) 2012. No quadro abaixo caracterizasse
os pontos mais importantes sobre cada artigo.
Tipo de Captao Parmetros mtodo de anlise frequncia de
anlise
tratamento aps
captao
1 Captao modelo um
(1)
Fsico, qumico e
biolgico.
INAB (2) Mensal Tratamento um (3)
2 Captao modelo dois
(4)
Fsico, qumico e
biolgico.
VWR (5) Semanal Tratamento dois (6)
Notas:
(1) Telha de barro vitrificada (rea de captao 75m), calhas de
plstico, sem descarte da primeira gua, filtro subterrneo e
reservatrio
de concreto pr-moldado de 9 m.
(2) Irish National Accreditation Body (laboratrio)
(3) Filtro junto com a bomba para gua fria e um tratamento
experimental para tratamento dos agentes microbiolgicos com
aquecimento
da gua, para testar a possibilidade da gua da chuva para as
instalaes de gua quente.
(4) rea de captao de telhas (204 m) sistema comercial, calhas de
zinco, filtro, reservatrio subterrneo (5m),filtro de 25m, filtro
de
carvo ativado e tratamento de gua com radiao UV, dados de
qualidade sem tratamento.
(5) Standard solutions CertiPUR.
(6) Filtro de carvo ativado e tratamento com radiao UV.
-
Foram estudados tambm cinco trabalhos nacionais sobre qualidade
da gua pluvial. O objetivo foi selecionar
artigos/dissertaes/teses que analisassem a qualidade da gua em
pontos diferentes da captao, desde os diferentes tipos de
telhados at tratamentos da gua, anlise nos pontos de consumo. Os
estudos avaliados foram:
1. Qualidade da gua proveniente da chuva coletada em diferentes
tipos de telhados (Zerbinatti, Oberdan Everton et. al.) 2011.
2. Diretrizes para o gerenciamento da gua pluvial nas edificaes
escolares municipais da cidade de Ribeiro Preto (Andr Teixeira
Hernandes) 2006.
3. Avaliao da qualidade de gua da chuva e da viabilidade de sua
captao e uso (Sabrina Elicker Hagemann) 2009.
4. Caracterizao, tratamento e reuso de guas cinzas e
aproveitamento de guas pluviais em edificaes (Simone May) 2009
5. Avaliao do aproveitamento de gua pluvial em complexos
aeroporturios (Ronan Fernandes Moreira) 2011.
No quadro abaixo caracterizasse os pontos mais importantes sobre
cada trabalho.
TIPO DE CAPTAO PARMETROS
MTODO
DE
ANLISE
FREQUNCIA DE
ANLISE
TRATAMENTO
APS CAPTAO
1 Diferentes tipos de telhas (1)
Fsico e qumico - Um evento -
2 Prottipo (2)
Fsico, qumico e
biolgico. - Quinzenal -
3
Dois pontos de coleta
com trs tipos de
captao (3)
Fsico, qumico e
biolgico.
Vrios +
USEPA (7)
Ocorrncia de
precipitao -
4 Modelo um (4)
Fsico, qumico e
biolgico. -
Ocorrncia de
precipitao Tratamento 1
(5)
1 Modelo dois (6)
Fsico, qumico e
biolgico. USEPA
(7) 9 amostras em um ano Tratamento 2
(8)
(1) Telha de barro nova, telha de barro velha, telha de
fibrocimento e gua captada direto da chuva.
(2) Dispositivo de descarte, cisterna e ponto de consumo (sem
tratamento) e tambm gua precipitada.
(3) Ponto 1 (Rodovia RST 287): captao com reservatrio de
fibrocimento e captao atravs de telhas de fibrocimento, calhas
de
zinco e cinco reservatrios de concreto de 80 litros cada.
Ponto 2 captao com telhado de cimento amianto e reservatrios de
fibras de vidro (cinco com 88 litros cada.
(4) Sistema de captao: telhado de 82 m peneira, tanque de
armazenamento (2 de 500 litros) de polietileno e amortecedor de
ondulaes.
(5) Filtro de areia rpido de presso com escoamento ascendente e
desinfeco com hipoclorito de sdio.
(6) UPC (Unidade Piloto de Caracterizao) captao atravs de
telhado (150 m - no descrito o material), com dois reservatrios
de 500 litros, um de descarte e outro de armazenamento.
(7) Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater.
(8) UPT (Unidade Piloto de Tratamento), captao com 150 m
(telhado no descrito o material da cobertura), dois
reservatrios
de 3.000 litros (R1 e R2), dois filtros lentos (F1 e F2), uma
unidade de desinfeco, um reservatrio de armazenamento de 1.000
litros
(R3) e dois reservatrios de distribuio de 5.000 litros (R4 e
R5).
Os quadros em anexo apresentam alguns indicadores, parmetros
fsicos, qumicos e biolgicos, de estudos sobre
qualidade ida gua e seus respectivos valores. Assim como para
comparao os ndices permitidos por algumas normas e
guias internacionais. O que pode se notar a diferena da
qualidade dependendo do local, ponto do sistema em que a gua
foi
coletada. Como foram coletados dados de algumas dissertaes e
teses e como em cada um contm anlise da
qualidade da gua da chuva em vrias etapas do processo de captao,
a comparao dos parmetros ser feita atravs dos
quadros em anexo. No item 3.5 - Marcos legais sobre
aproveitamento pluvial e qualidade da gua foram apontados
algumas
referncias internacionais de normas sobre aproveitamento de gua
da chuva, somente algumas possuem ndices de qualidade
-
da gua para uso no potveis. Nesse contexto, atravs dos trabalhos
estudados, primeiramente os parmetros sero
comparados com as normas que atribuem ndices para usos no
potveis e posteriormente para as que atribuem gua pluvial
para usos potveis, no caso de dos trabalhos que utilizaram
tratamento aps a captao.
Outra caracterstica a presena de E. coli na gua antes de entrar
em contato com alguma superfcie. Apesar de
algumas normas serem um pouco mais restritivas sobre este
parmetro, ela atenderia a BS 8215 em relao ao uso em de
descargas e irrigao de jardins com mangueiras, se fosse possvel
gua no entrar em contato com nenhuma superfcie
contaminada.
O trabalho de Hagemann objetivava o estudo da gua bruta sem
passar por nenhum tipo de tratamento para avaliar a
qualidade inicial da gua pluvial. E para todos os parmetros
analisados no trabalho dela, nenhum atendeu os ndices
recomendados por norma ou mesmo pelos guias de boas prticas. O
que confirma a impossibilidade do uso da gua pluvial
sem qualquer tipo de interveno, pois poder causar tanto risco
para sade dos usurios como degradao de algumas partes
do sistema de aproveitamento ao longo do perodo de uso.
Um parmetro interessante que se pode observar a turbidez da
tabela 16 que representa o grau de alterao
passagem da luz atravs da gua. Os slidos suspensos so os
principais responsveis pela turbidez causando difuso e a
absoro da luz. Valores elevados podem reduzir a ao do cloro em
processos de desinfeco e servir de abrigo para
microrganismos. Neste caso, se a inteno o uso seguro da gua
pluvial, assim como a no deteriorao dos equipamentos,
faz-se necessrio a instalao de algum tipo de tratamento. Como
foi relatado no Captulo 3, subitem 3.5 atravs do guia
produzido pela Texas Water Development Board (Rainwater
Harvesting potencial and Guidelines for Texas, 2006), que
alguns dispositivos so indispensveis, como grelhas, filtros,
descarte da primeira chuva, etc.
Outra caracterstica importante que pode se perceber de um dos
componentes do sistema de aproveitamento a
superfcie de captao, que pode alterar os valores dos parmetros
de qualidade da gua, no estudo de Zerbinatti, que
comparou trs superfcies de captao distintas, telhas de barro
novo, telhas de barro antigas e telhas de fibrocimento. Nos
parmetros de condutividade, pH, OD e turbidez os ndices das
telhas de barro antigas apontaram os maiores valores, 49,37
S/cm, 6,0, 9,92 mg O2/L e 41,97 NTU (ultrapassa
significativamente os valores estipulados por norma),
respectivamente. Neste estudo (Zerbinatti) foram descartados os
primeiros dez minutos de precipitao, o que ocasionou uma reduo
dos
slidos totais comparados com o trabalho de Hagemann que no
descartou os primeiros milmetros de chuva. Em Zerbinatti,
para as coberturas de barro novo, barro antigo e fibrocimento o
valores de slidos totais foram de respectivamente, 14 mg/L,
26,40 mg/L e 27,48 mg/L. J na dissertao da Hagermann, foram
coletadas amostras em dois pontos distintos em Santa
Maria, um perto da rodovia (VCF - escola) e outro dentro do
campus da Universidade (UFSM), os valores de slidos totais
obtidos foram 89,25 mg/L e 82,40 mg/L, respectivamente.
Infelizmente, s foi citado no presente trabalho ndice de slidos
totais para gua potvel, mas mesmo assim possvel perceber a
importncia do descarte da primeira chuva. Como relata a
prpria autora os slidos so todas as impurezas presentes na
gua.
Destacando atravs desses dados que a escolha dos elementos do
sistema de aproveitamento so necessrios, como a
superfcie de captao, assim como um dispositivo que descarte os
primeiros milmetros de chuva. Outro parmetro que pode
comprovar esta afirmao a condutividade (capacidade da gua de
transmitir corrente eltrica, os slidos dissolvidos so os
constituintes responsveis). No trabalho da Hagemann, os valores
so de 105,30 S/cm e 80,40 S/cm para VCF e UFSM, bem acima dos
apresentados por Zerbinatti.
Em outro ponto do sistema, o reservatrio de acumulao, h vrios
estudos citados na tabela dos ANEXOS 05 e 06,
somente sobre anlise da qualidade da gua neste ponto do sistema.
Atravs deles podemos observar que mesmo o
reservatrio de acumulao sendo considerado uma parte do
tratamento, devido sua funo de sedimentao, alguns trabalhos
apontam que alguns ndices no foram atingidos, como cor Aparente,
3,13 uH (Andr), 25,20 uH (May), 8,70 uH (Adhtiyan)
e 37,10 uH (Philippi), sendo o valor mximo para cor aparente de
15 uH, das normas consultadas.
Outro parmetro que isso pode ser observado pH, como citado no
trabalho de Hagemann representa a concentrao
de ons hidrognio H+ (em escala antilogartmica). Os slidos
dissolvidos e gases dissolvidos so os principais constituintes
que alteram o pH. Sua faixa de variao de 0 a 14. O valor do pH
indica a condio de acidez ou alcalinidade da gua.
Valores baixos de pH (menores que 7) no pH indicam potencial
corrosividade e agressividade da gua, o que pode levar
deteriorao das tubulaes e peas por onde essa gua passa. Valores
elevados de pH podem levar ao surgimento de
incrustaes em tubulaes. Os parmetros encontrados foram 7,78
(Andr), 6,70 (May), 4,50 (Paiva), 5,20 (Rocha), 4,7
(Rocha), 4,1 (Adhityan), 4,1 (Appan), 7,7 (Fonini) e 7,9
(Philippi), sendo que os valores minimios e mximos variam entre
5,0 a 9,0 (BS8215).
-
J a turbidez para os trabalhos descritos na tabela tiveram
valores satisfatrios comprovando a eficincia do
reservatrio de acumulao na sedimentao dos slidos suspensos.
O que no ocorreu para coliformes termotolerantes em alguns
estudos que este parmetro foi medido no reservatrio
de acumulao, segundo a NBR 15527 e E 2727, em cada 100 ml
analisados no pode se encontrar nenhum ncleo do
microrganismo, o que no ocorreu em alguns trabalhos, como May
que encontrou a presena de coliformes termotolerantes,
217 NMP/100 ml (C. Vialle), 96 NMP/100 ml (McCarton), 92 NMP/100
ml (Adhityan), 7,80 NMP/100 ml (Appan) e 23,90
NMP/100 ml (Philippi).
Como ultima parte do sistema de aproveitamento pluvial se
constatou que para os dois trabalhos que realizaram
tratamento aps o reservatrio de acumulao, May e Ronan, todos os
parmetros comparados com as normas e guias
existentes foram satisfatrios.
Atravs de todos os parmetros encontrados em normas e com a
comparao entre todos esses estudos sobre qualidade da
gua pluvial apresentados neste trabalho, provou-se que com a
instalao de certo tipo de sistema possvel ter uma gua de
qualidade para usos no potveis, no uso descargas sanitrias,
irrigao de jardins e lavagem de automveis. Acredito com os
parmetros descritos abaixo, assim como a periodicidade e
manuteno adequada se pode utilizar a gua da chuva para fins
menos nobres e gerar uma economia da gua potvel.
Parmetros Valores Valores Anlise
Amnia Rega de Jardins e Carros Descargas Semestral
Bromo residual < 2,00 mg/L < 2,00 mg/L Semestral
Col. termotolerantes Ausncia em 100 ml Ausncia em 100 ml
Semestral
Coliformes totais Ausncia em 100 ml 10 NFU/100 ml Semestral
Cloro residual livre < 0,50 mg/ < 2,00 mg/L Anual
Cor Aparente < 15,00 uH < 15,00 uH Anual
DBO 10 mg/L 10 mg/L Semestral
Enterovrus Ausncia em 100 mL Ausncia em 100 mL Semestral
E. coli 1 NFU/100 ml 250 NFU/100 ml Semestral
OD no reservatrio > 1,0 mg/L O2 > 1,0 mg/L O2
Semestral
pH 6,00 a 9,00 6,00 a 9,00 Anual
Sdio Ausncia em 100 mL Ausncia em 100 mL Semestral
Slidos Suspensos Visualmente clara Visualmente clara
Semestral
Turbidez
-
2012.
C. Vialle et. al. Water quality monitoring and hydraulic
evaluation of a household roof runoff harvesting system in
France.
Disponvel em:
http://rd.springer.com/article/10.1007/s11269-012-0012-6/fulltext.html.
Acesso em: 02 de dezembro de 2012.
Hagemann, Sabrina Elicker. Avaliao da qualidade de gua da chuva
e da viabilidade de sua captao e uso. Disponvel em:
http://w3.ufsm.br/ppgec/wp-content/uploads/Sabrina_Elicker_Hagemann_Disserta%C3%A7%C3%A3o_de_Mestrado.pdf.
Acesso em: 02 de dezembro de 2012.
Hernandes, Andr Teixeira. Diretrizes para o gerenciamento da gua
pluvial nas edificaes escolares municipais da cidade
de Ribeiro Preto. Fonte:
May, SIMONE. Caracterizao, tratamento e reuso de guas cinzas e
aproveitamento de guas pluviais em edificaes.
Disponvel em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-17082009-082126/pt-br.php.
Acesso em: 02 de
dezembro de 2012.
McCarton, Liam et. al. Pilot Rainwater Harvesting Study Ireland.
Disponvel em: http://arrow.dit.ie/engschcivcon/27/.
Acesso em: 02 de dezembro de 2012.