Coroando uma colina rochosa sobre o Danúbio, a Abadia de Melk representa a mais brilhante manifestação da arte barroca na Áustria. A Medelike da epopeia dos Nibelungos não era mais do que a residência dos Babenberg. Esta família poderosa rumou depois para Viena, cedendo, no século XI, o castelo aos monges negros de S. Bento que ali fundaram um mosteiro fortificado e donde irradiaram por toda a Baixa Áustria, na Idade Média. Posteriormente, assumiram-se como o zénite intelectual e espiritual da região, apesar das tribulações e dias negros vividos com a Reforma, no século XVI, e depois com a invasão turca de 1683, que semeou inquietação e desordem no cenóbio e os levou a perder inúmeras possessões latifundiárias. A partir de 1702, reconstruiu-se o mosteiro sob o abaciado de D. Dietmayr, que convocou o arquitecto Jakob Prandtauer e lhe pediu para ali realizar uma construção bem adaptada ao lugar e cujas formas e linhas ainda hoje perduram. Todavia, não passou incólume às invasões napoleónicas de 1805 e 1809. Ali funcionou o quartel- general das tropas francesas. Preservando as riquezas artísticas, tem mantido o seu carácter emblemático, fascinando desde sempre o povo austríaco e encantando os milhares de turistas que anualmente a visitam. Para além do edifício, dos seus materiais de construção e encanto cromático, destacam-se vários sectores da abadia. O primeiro é o claustro dos Prelados (Prälatenhof), cercado de estátuas dos profetas. Rica em pinturas e gravuras é a Kaisergang ou galeria imperial, antigamente destinada a acolher os mais ilustres. Na Marmorsaal, sala em mármore, notável pela riqueza decorativa, pontifica, no tecto, uma bela pintura alegórica de Paul Tröger. Um admirável terraço, em frente ao pórtico, constitui outras das jóias do local, de onde se pode ter uma magnífica perspectiva da área monumental e da paisagem envolvente. Imponente é também a biblioteca, com mais de 100 000 volumes e 2000 manuscritos, onde se pode apreciar mais um tecto de Tröger. Notável e autêntico ex libris da abadia é a igreja monástica, de torres simétricas e com uma bela cúpula octogonal. As pinturas magníficas são do traço de Johann Michael Rottmayr e de Tröger nos altares laterais. Esta igreja representa, de facto, o autêntico triunfo e exclamação do Barroco em toda a sua essência e majestuosidade.