ab SEGUNDA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2013 H H H folhainvest B3 DE SãO PAULO Para evitar perder o contro- le do orçamento familiar, o consumidor deve fugir do parcelamento dos chamados gastos recorrentes, como em supermercado e farmácia. Isso porque, como são fei- tos com frequência —em ge- ral, uma vez por mês ou mais—, podem virar uma bo- la de neve de dívidas se forem parcelados. “Imagine alguém que sem- pre parcele a compra do su- permercado. A pessoa mal pagou metade da compra do mês anterior e já está gastan- do de novo com aquilo, tam- bém em prestações. Os valo- res a pagar vão se acumulan- do”, afirma a planejadora fi- nanceira Myrian Lund, pro- fessora da FGV (Fundação Ge- tulio Vargas). O educador financeiro Ál- varo Modernell dá uma dica. “A premissa é: o que se con- some de imediato deve ser pa- go imediatamente.” Ainda de acordo com o consultor, o mesmo raciocí- nio vale para a compra de itens de pequeno valor. Em alguns casos, porém, as parcelas são a melhor op- ção. Por exemplo, se surge a necessidade de troca de um eletrodoméstico ou de uma reforma na casa, e não há re- serva financeira para os gas- tos, é melhor parcelar a recor- rer a linhas de crédito caras, como cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito. Roupas, sapatos e outros artigos pessoais também po- dem ser parcelados caso não haja dinheiro para pagar à vista —o que permitiria bar- ganhar um desconto. Nesses casos, o ideal é dar uma boa entrada e dividir o restante no mínimo possível de parcelas, diz Maria Inês Dolci, coordenadora institu- cional da Proteste, associa- ção de defesa do consumidor. “Quanto mais esticado for o pagamento, maior a chance de comprometer a renda e perder o controle”, diz. HáBITO Além disso, é preciso to- mar cuidado para não tornar o parcelamento um hábito. “Muitas pessoas só veem o valor da parcela e não conse- guem perceber quanto da renda já está comprometida considerando os outros gas- tos”, ressalta o planejador fi- nanceiro Alexandre Pinto No- vaes. “Parcelar as despesas dá ao consumidor um poder de compra que ele, às vezes, não tem”, afirma a planejadora fi- nanceira Aline Rabelo. “É preciso lembrar que, ao par- celar, a pessoa conta com um recurso que ainda nem en- trou”, acrescenta. (DANIELLE BRANT) Dica é parcelar apenas a compra de bens que tenham durabilidade maior que a das prestações mensais Gasto como em supermercado e farmácia precisa caber no orçamento Despesas recorrentes devem ser pagas à vista “ O que se con- some de imediato deve ser pago agora ÁLVARO MODERNELL educador financeiro SAIBA SE O DESCONTO É VANTAJOSO Simulações mostram quando é melhor pagar à vista Fontes: Samy Dana (simulação) e consultores Despesa IPVA (imposto) de carro 1.0 ano 2013 IPTU (imposto) de imóvel de R$ 327.050 Escola do filho (6º ano do ensino fundamental) 909,90 3.086,57 15.443,01 Cálculos consideram valor da dívida investido em aplicação conserva- dora, com rentabili- dade de 0,5% ao mês, próxima à da poupança hoje $ PARÂMETROS 938,04 312,68 (em 3x) 28,14 0,50 4,66 3.283,60 328,36 (em 10x) 197,03 2,21 72,55 16.255,80 1.354,65 (em 12x) 812,79 2,69 437,52 3 6 5 Valor à vista com desconto, em R$ Valor total a prazo, em R$ Valor das parcelas*, em R$ Desconto oferecido, em % Desconto oferecido, em R$ Desconto acima do qual vale a pena, em % Desconto acima do qual vale a pena, em R$ *Considera que a primeira parcela foi paga no ato