A VIDA FORA DA MATRIA
A VIDA FORA DA MATRIA
EDIO INTERNET
Casa Chefe - Rua Jorge Rudge, 119 - Vila Isabel - Rio de Janeiro
Brasil
SUMRIO
6Prefcio
9Captulo I
9Fora e Matria
14Captulo II
14O Espao
15Universo de Galxias
18Espao e Tempo
18Nem Pais nem Filhos
19Dezessete Classes
20Mundos de Escolaridade
23Captulo III
23A Aura
26Captulo IV
26O Pensamento
27Reveses
28Saber Pensar
29Fora do Pensamento
31Captulo V
31A Obsesso
32Inexistncia da Morte
33Caminhos da Obsesso
35Irritao, Descontrole e Ambio Desmedida
36Temperamento Voluntarioso
37Abalos Morais e Roteiro Seguro
39Antnio Vieira
42Luiz de Mattos
47Luiz Alves Thomaz
51Antnio do Nascimento Cottas
53Dr. Humberto Machado Rodrigues
55Gravura N 1
56Gravura N 2
57Gravura N 3
58Gravura N 4
59Gravura N 5
60Gravura N 6
61Gravura N 7
62Gravura N 8
63Gravura N 9
64Gravura N 10
65Gravura N 11
66Gravura N 12
67Gravura N 13
68Gravura N 14
69Gravura N 15
70Gravura N 16
71Gravura N 17
72Gravura N 18
73Gravura N 19
74Gravura N 20
75Gravura N 21
76Gravura N 22
77Gravura N 23
78Gravura N 24
79Gravura N 25
80Gravura N 26
81Gravura N 27
82Gravura N 28
83Gravura N 29
84Gravura N 30
85Gravura N 31
86Gravura N 32
87Gravura N 33
88Gravura N 34
89Gravura N 35
90Gravura N 36
91Gravura N 37
92Gravura N 38
93Gravura N 39
94Gravura N 40
95Gravura N 41
96Gravura N 42
97Gravura N 43
98Gravura N 44
99Gravura N 45
100Gravura N 46
101Gravura N 47
102Gravura N 48
103Gravura N 49
104Gravura N 50
105Gravura N 51
106Gravura N 52
107Gravura N 53
108Gravura N 54
109Gravura N 55
110Gravura N 56
111Gravura N 57
112Gravura N 58
113Gravura N 59
114Gravura N 60
115Gravura N 61
116Gravura N 62
117Gravura N 63
118Gravura N 64
120Gravura N 65
121Gravura N 66
122Gravura N 67
123Gravura N 68
Prefcio
O Racionalismo Cristo oferece aos estudiosos esta obra, que
representa, inegavelmente, mais um decisivo esforo para
transmitir-lhes uma viso clara, concisa e objetiva de fatos da mais
relevante importncia, que se verificam no cenrio da vida
terrena.
A vida fora da matria uma realidade inconteste.
Constituindo-se o Universo somente de Fora e Matria, uma
importante tese se desdobra na associao desses dois princpios
fundamentais. A investigao e o estudo dos fenmenos psquicos da vida
extraterrena tm trazido luz numerosos conhecimentos que se
encontravam ocultos por interesses subalternos de entidades
nocivas, e que so parte integrante dessa tese, para cujo
desenvolvimento este livro concorre com valioso cabedal.
Ningum h que, tendo recebido boa educao moral e estando em pleno
gozo de suas faculdades mentais, no procure afinar a sua conduta
pelos princpios normativos do bom-senso comum, e ser bom, praticar
o bem, mostrar-se, de algum modo, til ao seu semelhante. No
entanto, foroso reconhecer-se, a falta de conhecimento das verdades
que a vida encerra o motivo principal de no ser desenvolvido no ser
humano esse sentimento nobre, ainda que elementar, que cada qual
precisa e deve cultivar em favor do seu igual, seja amigo,
companheiro ou mesmo desconhecido.
Quem somos, porque somos eis a incgnita que este livro vem
desvendar, abrindo novos horizontes ao aspecto da vida imaterial e
expandindo os esclarecimentos que esse importante problema
enfeixa.
A idia que os indivduos conservam de si mesmos, sobretudo no
meio religioso, , de um modo geral, nitidamente materialista. A
imagem prpria, para eles, a que observam refletida no espelho,
quando, na realidade, tal imagem traduz apenas a roupagem, que no
passa de uma expresso acidental do esprito. Esta compreenso no
escapa, porm, queles que sabem, com segurana, que o ser encarna
numerosas vezes, at atingir determinado grau de evoluo, sendo de
lamentar que milhes de criaturas teimem, ainda, em no querer
reconhecer esta grande verdade, e se mantenham na mais primitiva
incompreenso sobre a posio que ocupam na trajetria da
existncia.
As falsas concepes, as crenas ilusrias e os enganos, que tanto
tm atrasado o progresso do mundo no campo espiritual, precisam,
pois, ser eliminados da mente humana, e todo trabalho que tiver
esta finalidade no pode deixar de ser bem acolhido pelas pessoas
sensatas, leais e amigas da verdade.
A "Vida Fora da Matria" apresenta, no seu contexto, essa feio
caracterstica que constitui, sem dvida, a garantia mxima de sua
utilidade e valor. Por esta razo, embora as revelaes demonstradas
causem estranheza aos que, pela primeira vez, entrem em contato com
elas, sobejos motivos tero para se regozijarem da oportunidade
feliz que lhes possibilitou to preciosos e teis conhecimentos.
Na explanao da sua Doutrina, no tem o Racionalismo Cristo a mais
leve sombra de carter comercial ou especulativo. No o move o
propsito de arregimentar adeptos, visando nessa arregimentao um
meio de obter subsdio material. Nele no h coleta de bolos,
arrecadao de esprtulas ou qualquer outro expediente que tenha por
fim alcanar os haveres dos que se interessem pela Doutrina e a
desejem estudar para saberem como pr em prtica os seus salutares
princpios.
Da, desse desinteresse material, a razo de poder expor, com
autoridade, a verdade nua e crua, sem o menor artifcio, por no
recear afugentar os crdulos msticos e os dogmticos renitentes, pois
a finalidade precpua do Racionalismo Cristo difundir princpios que
levantem espiritualmente a humanidade, e no, como foi afirmado,
arrolar proslitos.
Faa-se o bem sem olhar a quem um aforismo que condiz com a forma
pela qual o Racionalismo Cristo se apresenta. E bem maior no pode
haver do que o de obter a criatura aquilo que lhe mais necessrio
para o aproveitamento da sua encarnao, que o esclarecimento.
De que servir ser o indivduo arquimilionrio, possuir riquezas
materiais abundantes, coisa que quase todos procuram, se no tiver o
conhecimento verdadeiro da vida, para saber dar s riquezas a til
aplicao que o dever exige? O resultado que no estando preparado
espiritualmente, no levando em conta que o que pertence Terra na
Terra fica, essas riquezas podem mais servir de estorvo sua evoluo,
do que de ajuda.
Os que no perdem de vista a seqncia das encarnaes sucessivas,
facilmente compreendem que o milionrio de uma encarnao poder ser o
esfalfado e desprovido da seguinte. De outro modo, no ser tambm
difcil compreender que, uma vez seja dada boa aplicao riqueza,
venha ela a beneficiar o seu inteligente distribuidor, na encarnao
seguinte, porque no falha o sbio preceito que diz que "quem bem
faz, para si o faz".
Todas estas alternativas, todos os ndices para as subjugaes
materialistas so focalizados nos ensinos racionalistas cristos, com
a finalidade de melhorar as condies psquicas da humanidade,
possibilitando a formao de um ambiente mais favorvel, a fim de que
uma felicidade relativa possa ser assegurada pela paz e
tranqilidade do esprito.
Captulo I
Fora e Matria
Muitas tentativas tm sido feitas no setor das cincias filosficas
para explicar o que so Fora e Matria, na sua concepo genrica.
Destitudas, porm, de base, essas explicaes (de um modo geral
inconvincentes e insatisfatrias) contriburam, em muitos casos, para
aumentar a confuso e a dvida existentes no esprito humano no
esclarecido, a respeito da vida fora da matria.
Hoje, entretanto, Fora e Matria constituem tema de simples
anlise, desde que desdobrado, sem grandes reflexes tericas, na
seqncia dos princpios racionais expostos nesta obra, ajustando-se
aos moldes de uma invulgar simplicidade, acessvel ao raciocnio
comum.
Fora do campo da espiritualidade (que imenso e inesgotvel)
jamais poder algum encontrar soluo para os problemas
espirituais.
A definio de Fora e Matria situa-se, pois, dentro da lgica dos
fenmenos psquicos amplamente divulgados pelo Racionalismo
Cristo.
Enquanto o ser humano no adquirir pleno conhecimento de si mesmo
como Fora e Matria, nenhuma indagao filosfica poder exercer
influncia decisiva no apuramento da sua conduta individual.Quanto
mais segura, mais ntida e realstica for a compreenso da ao do
esprito sobre o corpo fsico, vale dizer, da Fora sobre a Matria,
mais depressa a clarividncia do sentido espiritual revelar ao
estudioso as funes vitais da natureza universal.
Em Fora e Matria se resume, se sintetiza, se define, se explica
toda a Verdade da vida.Os princpios reunidos nesta obra apenas
encerram a parcela de ensinamentos daquela verdade que est ao
alcance da compreenso humana, desde que a criatura se interesse
realmente pelo seu estudo, sem se deixar influenciar pelos
ultrapassados compndios sectaristas.
A apurao dos conhecimentos relacionados com a vida reduz os
erros em que tantos incidem.E o que a vida, seno a ao permanente da
Fora sobre a Matria?
A Matria no possui atributos. Estes so exclusivos da Fora, e
como tal se exteriorizam e manifestam na consubstanciao dos trs
reinos da natureza.
Os atributos, que os seres encarnados manifestam, apenas
constituem reduzido nmero daqueles que podem revelar espritos mais
esclarecidos que, em virtude do seu maior grau de evoluo, j no
estagiam neste planeta.
A Fora mantm o Universo regido por leis comuns, naturais e
imutveis.
Comuns, porque so inerentes a todos, sem a mnima exceo;
naturais, por decorrerem de uma seqncia lgica no processo da
evoluo; imutveis, por serem absolutas, e neste sentido no h lugar
para o imprevisto, para o acaso ou a dvida, imperando (s e sempre)
a exatido, a certeza, a perfeio.As responsabilidades e os deveres
do ser humano (que ele precisa compreender bem para convencer-se de
que toda vez que infringir as leis naturais retarda,
inapelavelmente, a marcha da sua evoluo) esto dentro destes
Princpios.
Assim, sem conhecer o processo do seu prprio desenvolvimento
espiritual, sem se conhecer a si mesma na sua composio astral e
fsica, no pode a criatura conduzir-se com o necessrio
aproveitamento, da resultando ter de submeter-se, em obedincia
quelas leis (ainda que por livre vontade e em duras experincias) a
uma multiplicidade de reencarnaes cujo nmero seria, de outro modo,
grandemente reduzido.
O Universo composto de Fora e Matria. A Fora o agente ativo,
inteligente e transformador. A Matria, o elemento passivo e
plasmvel. Ambos, na sua forma original, indivisvel, fundamental e
impondervel, penetram todos os corpos, estendendo-se pelo espao
infinito.
A Fora, agindo em obedincia s leis evolutivas, utiliza-se da
Matria, no estado primrio desta, e com ela forma corpos e realiza
fenmenos incontveis e indescritveis que escapam apreciao comum,
considerados os limitados recursos deste Planeta.
No Universo no h nada de novo e tambm nada se perde. Tudo nele
est criado. H, somente, transformao da Matria e evoluo da Fora.
Os inumerveis corpos compostos em combinaes mltiplas de
partculas da matria organizada, nada mais exprimem do que essas
transformaes.
Composio e decomposio, agregao e desagregao de corpos, so o
resultado da ao mecnica da vida.A cincia qumica, em suas constantes
investigaes, classificou mais de uma centena de elementos bsicos da
matria organizada, dando partcula fundamental e infinitsima desses
elementos o nome de tomo.Os tomos so cientificamente combinados
para formar as molculas que se classificam, por sua vez, como
partculas infinitsimas dos corpos compostos.
Tanto os tomos como as molculas se mantm agregados uns aos
outros enquanto a fora exerce sobre eles a sua ao coesiva, e se
desagregam, quando essa mesma fora deixa de atuar.
A matria organizada, ainda que representada por um simples tomo,
contm uma soma de energia de extraordinrio poder, mantendo-se cada
ncleo de alta condensao de fora perfeitamente equilibrado com os
demais na composio do Todo, em completa uniformidade, cada qual
dentro da respectiva classe, sem nenhuma alterao na sua constituio
especfica. Isto porque o que as leis estabeleceram no pode sofrer
modificaes, j que no existem imprevistos para a Sabedoria Excelsa
que una, integral, total.A Fora, utilizando-se da matria, comea a
sua evoluo na estrutura do tomo, passando, depois, a uma nova ordem
de ao construtiva, na composio das molculas.
Em todo o constante agregar e desagregar dos corpos, a
intensidade da fora vai aumentando nesses ncleos infinitsimos com
maior acentuao das vibraes da vida, fazendo progredir o seu grau de
inteligncia.Completado o ciclo iniciado no primeiro dos trs grandes
reinos da natureza (o mineral) de onde ascenderam para o vegetal e
o animal, passam esses ncleos a constituir-se em microorganismos de
nfima espcie.Desses microorganismos, partindo da espcie nfima,
empreende a partcula de Fora a sua evoluo atravs de outras espcies
e de outros organismos de maior desenvolvimento, atingindo sempre
formas mais elevadas.Na molcula e suas subdivises, a Fora
Inteligente apenas se torna perceptvel por sua expresso vibratria
ou de movimento intramolecular. J nos microorganismos, alm daquela
vibrao, revela ao de movimento exterior (a locomoo).
Assim, de mudana em mudana de um corpo para outro imediatamente
superior, vai a partcula da Fora evoluindo, at atingir condies que
lhe permitam, j como esprito, encarnar em corpo humano, em situao
de exercer a faculdade do livre arbtrio e assumir as
responsabilidades inerentes a essa faculdade.Como esprito, encarna
inumerveis vezes, adquirindo sempre mais inteligncia, mais luz,
mais experincia, mais conhecimentos, mais clara concepo da vida e
maior capacidade de raciocnio.
O esprito faz a sua trajetria neste planeta em condies
apropriadas ao seu estado de adiantamento, passando em cada
reencarnao a viver em meio adequado ao progresso j alcanado, at
terminar a parte da evoluo que corresponde a este mundo.
O globo terrestre uma esfera de matria organizada impregnada de
foras que atuam diretamente sobre os tomos, constituindo-os,
unindo-os e mantendo-os em equilbrio, na sistemtica de uma
complexidade de movimentos.
O tomo est em constante vibrao produzida pela energia existente
no seu interior, e liga-se a outro tomo pela fora de coeso para
compor a molcula. tambm essa mesma fora de coeso que une as
molculas entre si.
De um plo ao outro da Terra, passam linhas de fora que as
prprias bssolas denunciam.
A fora de gravidade exerce poderosa ao sobre cada tomo,
atraindo-o para um centro no interior do globo.Em todos os
movimentos que executa, a esfera terrestre impulsionada pela fora
que atua no interior dos seus tomos.
O diagrama seguinte d uma idia, ainda que elementar, da associao
da Fora e Matria no planeta, para a composio dos reinos da
natureza.
Diagrama demonstrativo da ao da Fora (universal) sobre a Matria
(universal), na ao e animao de todos os corpos, destacando-se, em
cada caso, os seus atributos fundamentais, predominantes, nos trs
reinos da natureza.
V-se, pois, que a Fora o atributo fundamental predominante no
reino mineral. No vegetal, a Fora e a vida, e finalmente no reino
animal (alm destes dois ltimos atributos) predomina tambm a
inteligncia.No se deve inferir da a inexistncia de vida no reino
mineral nem inteligncia no vegetal. Apenas se menciona a
predominncia dos atributos fundamentais apontados, para facilitar a
compreenso do leitor, dada a transcendentalidade do assunto.
O ser humano que quiser demorar-se na investigao deste
importante tema encontrar campo aberto para desdobrar o raciocnio,
fortalecer as suas convices e concluir que essas duas fontes
substanciais (Fora e Matria) so o princpio e o fim, so unidades que
se tocam nos seus extremos, que correm paralelas e que, na sua
incomensurabilidade, abrangem o Infinito e penetram e envolvem o
Universo.
As expresses aqui empregadas so relativas, falta de outras que
melhor possam exprimir uma concepo de ordem absoluta.
Captulo II
O Espao
Por mais que o ser humano d expanso aos seus conhecimentos, por
mais que os analise e neles se aprofunde, no poder penetrar,
partindo da limitada posio que ocupa neste planeta, toda a extenso
infinita do Espao.
A mente, embora possa avanar at um certo ponto, fica sempre sem
atingir a meta extrema, que se encontra sob o domnio de valores
absolutos.
Perdem tempo os que se preocupam, em demasia, com a definio
integral do problema do Espao para abranger a sua concepo total,
porque somente a Inteligncia Universal detentora de to completo
saber.
Antes de chegar aos problemas mximos do Universo, a criatura
apenas precisa adquirir os conhecimentos necessrios sua evoluo,
esforando-se por aprender as inumerveis lies que ainda no absorveu
e que precedem, de muito, aquelas que envolvem as transcendentais
concepes do Esprito.
O que a respeito do Espao a inteligncia humana j pode
compreender, vem sendo revelado pela cincia que enfeixa tais
conhecimentos.
Este planeta que serve, a um s tempo, de escola e cadinho
depurador a bilhes de seres encarnados , como mirades de outros
planetas, semelhantes a uma partcula de p, em relao ao Espao
Infinito.
Ele pertence a modesto sistema solar de uma grande famlia
estelar que se chama Galxia.
O sistema solar, do qual faz parte a Terra, compe-se de reduzido
nmero de planetas girando em torno do Sol.
Nenhum desses planetas tem luz prpria. Esta provm dos raios
solares que neles resplandecem, com acontece com a Lua cujo brilho
resulta da luz solar refletida em sua metade iluminada.
Excludos os planetas, as outras estrelas que brilham no
firmamento so sis e, portanto, centros de sistemas solares. H
sistemas solares menores do que o que contm o nosso planeta como
tambm os h muito maiores.
Existem, ainda, outros bastante complexos, com vrios sis, e
estes, de cores diferentes, produzem cambiantes de luz de diversas
tonalidades, em combinaes que se revezam com o pr e o nascer de
cada sol.
A luz emitida pelos corpos solares idnticas de qualquer corpo
material no pode ser confundida com a Luz Astral que representa a
Fora Inteligente e enche o Espao Infinito, por ser ela de
constituio inteiramente diversa.
As trevas da noite nada significam para o esprito, pois este v
atravs da Luz Astral que penetra todos os corpos, at ao mais nfimo
lugar no Espao. Dia e noite expressam perodos apenas relacionados
com a vida material.
Vrios so os movimentos da Terra no Espao, salientando-se o de
rotao em volta do seu prprio eixo, o de translao em redor do Sol, o
que feito, como todo o sistema solar, em torno do eixo da galxia, e
o que resulta do movimento da prpria galxia.
Todos estes movimentos so perfeitamente conjugados em
velocidades uniforme e rigorosamente ajustadas.
A medida usada para avaliar as distncias astronmicas a extenso
que a luz percorre no Espao em um ano, tomando-se por base a sua
velocidade, que de cerca de trezentos mil quilmetros por
segundo.
Com essa altssima velocidade, ela vai de um plo ao outro da
Terra numa insignificante frao de segundo.
A distncia do Sol Terra atravessada em oito minutos,
aproximadamente. Para atravessar, porm, a galxia do nosso sistema
solar de um extremo a outro mais afastado, leva milhares de
anos.
E bom no perder de vista que existem galxias incomparavelmente
maiores, como tambm h sis na galxia a que pertence o pequeno
planeta em que vivemos, dezenas de milhes de vezes maiores do que o
nosso, apesar de ser este to grande em relao Terra, que chega a
conter bem mais de um milho de vezes o seu volume.
Universo de Galxias
Uma galxia uma imensa famlia de sistemas solares que se contam
aos milhes. A de que o nosso planeta faz parte tem a forma
aproximada de uma lente biconvexa ou ovo frito, situando-se o nosso
sistema solar na galxia, mais ou menos, a um tero da distncia
radial que vai do eixo sua periferia extrema.
Tudo quanto os olhos desarmados do corpo humano podem ver no
firmamento parte integrante desta galxia, da qual a Via-Lctea
representa o aro exterior.
A distncia de uma galxia a outra mais prxima de tal magnitude
que ultrapassa a capacidade de apreciao do esprito encarnado, de
percepo normal.
Apesar disso, uma galxia, com seus milhares ou milhes de
sistemas solares, no representa mais em comparao com a extenso
infinita do Espao do que uma insignificante ilha no oceano ou,
menos ainda, do que um ponto no Universo.
Essa relao de grandezas convida a meditar na magnificncia do
Universo e na modestssima participao do nosso planeta na composio
do Todo.
E se o planeta de composio modesta, de igual modo so os seus
habitantes, modestos no saber, na inteligncia, na espiritualidade e
na evoluo.
Se todos vivessem compenetrados dessa realidade, no haveria
lugar para vaidades e tolas presunes que apenas refletem um estado
prprio da Terra, pondo em evidncia a ignorncia e a inferioridade
espiritual dos seus habitantes.
Para fazer-se idia, ainda que imprecisa, de quantos bilhes vezes
bilhes de espritos esto em evoluo em cada galxia, basta levar em
conta os milhes de sistemas solares de cada uma e considerar que em
torno de cada sistema solar gira incontvel nmero de planetas.
Se neste mundo, que dos menores, evoluem cerca de cinco bilhes
de espritos, logicamente nos outros planetas, em mdia proporcional,
esse nmero no pode ser inferior.
A Inteligncia Universal, de que o pensamento emana na sua
expresso mxima tem poder ilimitado. Nada existe no Universo sem
razo de ser. Nenhuma criao foi obra do acaso, j que tudo obedeceu a
uma determinao rigorosamente preestabelecida, mesmo nos mais
insignificantes pormenores.
O sentido da criao aqui empregado indica transformao da matria
pela ao da Fora Inteligente. A idealizao dos mundos corresponde s
exigncias da evoluo.
Assim, de encarnao em encarnao, promove o esprito a sua evoluo
neste planeta at determinado limite. Da por diante prossegue noutro
meio, em que as condies psquicas e fsicas obedecem a sistematizao
diferente.
Desenvolvendo uma velocidade no Espao de cerca de trinta
quilmetros por segundo, descreve a Terra a sua rbita em torno do
Sol, com preciso matemtica, num perodo de tempo absolutamente
certo.
Arrastando, por sua vez, os componentes de seu prprio sistema,
numa rbita que tem por foco um ponto no eixo da galxia, com
velocidade semelhantemente elevada, o Sol completa, de igual modo,
a trajetria em tempo rigorosamente exato.
Tambm a galxia, transportando, com perfeita uniformidade, todos
os sistemas solares de que composta, numa velocidade do mesmo modo
grande, fecha a sua rbita em um perodo no menos regular.
Toda essa revoluteante disposio de movimentos precisos e
inalterveis obra da Inteligncia Universal, com um s fim:
proporcionar meios s partculas do Todo para poderem progredir e
galgar, uma a uma, os extensos degraus da evoluo.
No h qualquer exagero em afirmar que uma nica dessas partculas
to importante quanto o prprio Todo, porque este no poderia existir
sem ela, nem ela sem ele.
A obra da natureza no contm erros nem imperfeies. Suas leis so
imutveis, os movimentos matematicamente exatos, e os acontecimentos
mais surpreendentes, que possam ocorrer em incurses variantes, no
passam de conseqncia lgica do desdobramento da prpria vida cheia de
aes e reaes, de causas e efeitos, mas sempre em busca do equilbrio
final.
Assim como os satlites tm os seus movimentos combinados com os
dos planetas, estes com os dos sis de cada sistema e o dos sistemas
solares com todos os movimentos dos outros sistemas de cada galxia,
tambm os espritos agem e evoluem coordenados uns com os outros, em
fiel observncia a um regime regulador de todas as funes.
O Espao est repleto de Fora e Matria. Nada perde nem ganha. Do
que tem no sobra nada nem possui de menos. O equilbrio das leis se
revela tanto no macro como no microcosmo, tanto no
incomensuravelmente grande como no incomensuravelmente pequeno.
Fora do alcance visual do corpo humano, no infinito como no
infinitesimal, a Vida se estende ininterrupta, integral,
harmonizante com a manifestao das mais variadas vibraes.
Espao e Tempo
Para o esprito, todas as grandezas se confundem, porque ele est
em toda parte e em qualquer tempo.
Espao e Tempo, alis, com iniciais minsculas, so duas
relatividades que s interessam aos meios fsicos. Com letras
maisculas, no entanto, representam concepes absolutas que a
linguagem humana demasiado pobre para definir, diante da grandeza
do Infinito.
Para a Inteligncia Universal h com respeito a Espao e Tempo
somente uma espcie de Presente Eterno, idia que no pode ser bem
compreendida neste mundo de tamanhas limitaes.
Assim, por mais altas que sejam as velocidades no passam de
expresses relativas igualmente subordinadas ao meio fsico, pois no
campo espiritual outros princpios, outras leis regem a vida.
Em sua essncia primordial, apenas como Fora, o esprito poder
fazer-se presente, instantaneamente, tanto num mundo como noutro,
dentro do seu raio de ao, utilizando-se, to-somente, do campo
imantado afim da Fora Infinita, componente do Todo.
Essa Fora, penetrando e envolvendo todos os corpos do Universo,
enche literalmente o Espao.
Quedando-se o homem na contemplao do Universo, em meditao sobre
as incomensurveis grandezas do Infinito, a perscrutar o sentido
criador da vida e o poder ilimitado da Inteligncia Universal, h de
perceber se no estiver demasiadamente dominado pelas emoes terrenas
que no passa de um ser de reduzidssimas dimenses diante da
grandiosidade do Universo, e se compenetrar, ento, da grande, da
imensa caminhada que ter de fazer na longa, na interminvel estrada
da evoluo.
Nem Pais nem Filhos
Os grandes espritos que encarnaram neste mundo para auxiliar o
progresso da grei humana, fizeram-no movidos pela ao consciente do
dever. Nunca para atender vontade de quem quer que seja, e muito
menos de um suposto pai celestial.
Na esfera espiritual no h pais nem filhos. O que h, o que
existe, em verdade, uma enorme comunho de espritos numa infinita
graduao evolutiva, em que todos os seres todos, sem exceo tm uma
origem comum: a Fora Criadora ou Inteligncia Universal.
Nos mundos dispersos pelo Espao, encontram-se usando de
reduzidos nmeros para facilitar a compreenso humana milhes e milhes
de espritos em cada plano de evoluo.
Aqui mesmo na Terra tm encarnado, embora raramente, espritos de
evoluo superior ao meio para auxiliarem a humanidade a progredir,
sendo que inmeros outros, do mesmo grau de evoluo, esto
desenvolvendo atividades espirituais em outras regies do
Universo.
Quanto mais adiantado o esprito, tanto maior o desejo que sente
de auxiliar a evoluir o semelhante.
Da a razo de submeter-se, voluntariamente, ao sacrifcio de
encarnar em mundos da espcie deste, quando a vida, nos planos
correspondentes ao seu adiantamento, embora sempre trabalhosa,
decorre num ambiente de incomparvel bem-estar comum.
Negarem a Jesus o valor, o mrito de haver conquistado a sua
evoluo espiritual custa de grandes lutas, de trabalhos, de
sofrimentos, de desencarnaes e reencarnaes, atriburem as
qualidades, a nobreza, os altos atributos que possui esse grande
esprito ao privilgio de uma suposta filiao divina, erro grave que
cometem, alm de demonstrao de lamentvel ignorncia relativamente
vida espiritual.
Quem demonstra maior valor, o lder que ascendeu ao posto com
esforo e merecimento prprios, depois de haver vencido todas as
etapas que o levaram plenitude da experincia e do saber, ou o que
foi singularmente colocado nessa posio, com fundamento na
hierarquia de antepassados?
Os adoradores de Jesus classificam-no, obcecadamente, nesta
segunda posio, influenciados pela concepo desta. Para esses, o
valor de to admirvel e evoludo esprito est mais na filiao ao
hipottico deus-pai, do que nos seus prprios mritos, quando, na
verdade, deve exclusivamente a si mesmo tudo quanto adquiriu e
continua a adquirir para aumentar, mais ainda, os seus valiosos
atributos espirituais.
Dezessete Classes
Os espritos que fazem a sua evoluo neste planeta pertencem s
primeiras dezessete classes, de uma srie de trinta e trs.
Essas classes e essas sries so aqui mencionadas apenas tal a
importncia da matria para facilitar a compreenso do leitor.
Acima da classe dcima-stima, s eventualmente um ou outro esprito
encarna neste mundo, no por exigncia da sua evoluo, mas para
auxiliar a humanidade a levantar-se espiritualmente, numa bela e
espontnea manifestao de abnegao e desprendimento.
Milhes de outros, de igual categoria, embora no encarnando, se
dedicam (principalmente por intermdio das Casas Racionalistas
Crists) a auxiliar astralmente o progresso dos seus semelhantes
menos evoludos, encarnados neste planeta.
Distribudos na srie de trinta e trs classes, de acordo com o
grau de desenvolvimento de cada um, os espritos fazem a sua evoluo
partindo da seguinte ordem de mundos:
a) mundos materializados espritos da 1a 5a classes
b) mundos opacos espritos da 6a 11a classes
c) mundos brancos espritos da 12a 17a classes
d) mundos difanos espritos da 18a 25a classes
e) mundos de luz purssima espritos da 26a 33a classes
Os mundos dividem-se, ainda, em duas grandes categorias: mundos
de estgio e mundos de escolaridade.
Para os primeiros, vo os espritos que desencarnam e deixam a
atmosfera da Terra, cada um ascendendo ao mundo correspondente sua
prpria classe, pois neles no estagiam espritos de classes
diferentes.
Mundos de Escolaridade
Os mundos de escolaridade so de natureza idntica ao nosso
planeta. A eles chegam, por tal razo, espritos de vrias classes
para promover, entre si, o intercmbio de conhecimentos
intelectuais, morais e espirituais.
A Terra um mundo de escolaridade em que as dezessete primeiras
classes da srie de trinta e trs promovem a sua evoluo, partindo da
primeira e chegando dcima-stima, em perodos que variam muito, de
esprito para esprito, mas que se elevam, sempre, a milhares e
milhares de anos.
Para a ascenso de uma classe a outra imediatamente superior, no
existem privilgios nem protees. O princpio de justia funda-se na
lei da igualdade. Todos tm de enfrentar idnticas dificuldades e
chegar ao triunfo pelo prprio esforo.
O mau aproveitamento de uma encarnao resulta, inapelavelmente,
na necessidade de repeti-la, tendo o esprito de passar pelas mesmas
atribulaes at conseguir dominar os vcios e as fraquezas e recuperar
o tempo que perdeu.
Conforme est explicado no Captulo 6 desta obra, quando no mundo
que lhe prprio tem o esprito conhecimento do que se passa nos
mundos das classes inferiores sua, mas ignora o que ocorre nas
superiores.
Constatando, porm, as enormes vantagens da ascenso a classes
mais elevadas, vive sob o incontido desejo de passar para a frente,
a fim de alcanar novos conhecimentos e conquistar mais amplos
atributos espirituais.
No mundo correspondente sua classe, o esprito traa os planos
para a nova encarnao que deseja, ardentemente, aproveitar ao mximo.
Sua maior esperana no perder tempo na Terra, no fracassar, no
tornar intil o sacrifcio de encarnar.
Os espritos das classes inferiores, especialmente os da
primeira, encarnam sob a orientao de outros mais evoludos. Esses
espritos so como as crianas que precisam de quem as acompanhe ao
Jardim de Infncia.
Nos mundos de escolaridade, as emoes fazem parte da vida
cotidiana. Essa emoes so experimentadas, indistintamente, por todos
os seus habitantes. Quando o homem se torna superior s sensaes da
pobreza e da fortuna que completam o quadro das referidas emoes, a
sim, o sentido da vida espiritual comea nele a despertar.
medida que evolui, vai o esprito se tornando conhecedor das
coisas do Espao. Se na Terra tanto h que aprender, muito mais,
ainda, no Universo. A este, oferece campo o Espao. O Universo,
porm, representa a evoluo em marcha.
Prendem-se umas s outras como elos de uma s corrente estas trs
expresses: Espao, Universo e Evoluo. Pesquisar o Espao, por isso,
estudar o Universo e reconhecer a Evoluo.
H um dever que a todos atinge por igual: Trabalhar para evoluir.
Cada qual precisa ocupar o seu lugar e esforar-se por dar conta das
suas atribuies, certo de que tem no Espao uma posio definida e
insubstituvel.
Milhes de espritos encarnados no planeta sentem-se apreensivos
por falta de uma bssola norteadora.
Se a que Jesus trouxe, h cerca de vinte sculos, no tivesse sido
parcialmente desimantada pela ganncia especuladora, muitos e muitos
milhes de seres ainda encarnados teriam, h muito, concludo o curso
na Terra, e estariam a exercer as suas atividades noutras regies do
Espao. Tempo perdido no se recupera. como as guas passadas que no
movem moinhos. Ao Racionalismo Cristo cabe uma grande e sublime
misso, ainda que bem rdua e por muitos no compreendida:
restabelecer a Verdade e reimplantar os magnficos ensinamentos de
Jesus na Terra.
Captulo III
A Aura
A aura, que envolve todos os corpos vivos dos trs reinos da
natureza, uma emanao da Fora Inteligente, podendo ser observada
pelas pessoas que tiverem desenvolvida a faculdade medinica da
vidncia.
Mais densa junto periferia do corpo, ela se diafaniza,
gradativamente, da para a sua prpria periferia externa.
A viso astral, quando principia a desenvolver-se, apenas
distingue a poro de maior densidade da aura. A sua observao mais
profunda, porm, somente possvel aos que possuem a vidncia
suficientemente apurada.
A colorao da aura dos corpos minerais apresenta-se, de certo
modo, constante. Nos corpos vegetais a vida j demonstra ao
evolutiva mais avanada e varivel. As plantas, no vio da existncia,
e as madeiras, na sua utilizao industrial, apresentam auras
diferentes que correspondem transformao operada nestas.
Nos animais inferiores aumenta a variao das cores uricas, que se
alteram de acordo com as suas condies de sade, o estado de calma ou
de irritabilidade, de coragem ou de temor, de boa ou m nutrio e,
ainda, com a idade viril ou de senilidade.
a aura humana que, pela grande variao de cores, apresenta maior
complexidade de anlise pois, alm de revelar o estado de evoluo de
cada indivduo, retrata a suas tendncias, a ndole, o grau de
inteligncia, a capacidade de raciocnio, a sensibilidade de
conscincia e, finalmente, a natureza dos seus pensamentos.
Ainda que parea uma nica, so trs, na realidade, as auras
humanas: a do esprito, a do corpo fludico e a do corpo fsico, cada
uma das quais correspondendo natureza do corpo de que emana.
A aura do corpo fsico, que a emanao de todas as partculas da
matria organizada nele contidas, pode ser observada durante o sono
sem a interferncia das outras duas, quando o esprito e o corpo
fludico dele se afastam.
Verifica-se, ento, ser ela esbranquiada e transparente (como se
constituda de fios de cabelos esticados) se o corpo estiver so, e
curvos e cados, se enfermo.
A aura do corpo fludico, de tenuidade inferior dos outros
corpos, quase invarivel. Nenhuma, porm, se compara com a do esprito
que, por sua intensidade e a variedade de cores, define, com
fidelidade, a natureza das suas vibraes.
Os dois extremos opostos, na gama dos sentimentos alimentados
pelo esprito, so identificados na aura pelas cores preta e
branca.
A branca, lmpida, cristalina, sem manchas, exterioriza a forma
mais alta do desenvolvimento espiritual. A negra, os mais baixos e
animalizados sentimentos.
Entre as auras preta e branca existe, de um extremo ao outro,
imensa variedade de cores, cada qual definindo um estado, uma emoo,
um sentimento, imperfeitos, j se v, porque a meta a ser alcanada a
perfeio, traduzida pelo branco.
A viso fsica apenas pode distinguir as cores do espectro solar e
suas associaes. Existem, no entanto, inumerveis outras que, embora
escapando aos olhos fsicos, fazem parte da seriao das cores uricas
do esprito.
A aura humana varia de cor, de acordo com o pensamento das
criaturas. Em estado de calma e tranqilidade, ela se manifesta por
uma colorao prpria, reveladora do grau de evoluo do esprito.
Como, entretanto, essa evoluo se processa com a eliminao
progressiva dos sentimentos inferiores, a cor urica, representativa
do estado de evoluo, composta de numerosas outras cores combinadas,
cada uma significando a presena de determinado sentimento, emoo ou
paixo.
Na ordem evolutiva, cada indivduo bem intencionado procura
despojar-se dos defeitos que vai notando em sua prpria
personalidade, mas conserva os que lhe escapam. Esse procedimento,
assim mesmo, varia de pessoa para pessoa.
Uns, enquanto procuram dar combate vaidade, esquecem-se da
avareza; outros, esforando-se por dominar a inveja, deixam-se levar
pela luxria, e assim por diante.
Disso resulta modificar-se de indivduo para indivduo a cor
habitual ou prpria da aura. E essa cor habitual ou prpria vai
mudando, paulatinamente, medida que o carter vai melhorando.
Ela est sujeita, ainda, a mutaes repentinas e passageiras. Basta
deixar-se o ser assaltar por uma emoo qualquer, para que a sua aura
tome, imediatamente, a cor que essa emoo traduz. que a emoo produz
uma vibrao correspondente, e esta, dominando o campo da aura, se
impe com a sua cor prpria, caracterstica e latente.
As cores habituais da aura definem, de um modo geral, o carter
do indivduo, ao passo que as cores passageiras expressam as paixes
ainda no sopitadas e destrudas.
A leitura da aura s poder ser feita com exatido por espritos
evoludos conhecedores de toda a sutileza da alternao e combinao de
cores, j que numa mesma cor cada tonalidade possui uma expresso ou
significado particular, e cada combinao de duas ou mais cores ou
tonalidades exige novas definies.
Os componentes do Astral Superior tm a aura invariavelmente
branca porque, depois de atingir aquele estado, sua natureza passa
a ser inviolvel.
Muito embora esteja a aura oculta, em parte, viso humana,
precisa a criatura habituar-se a ser honesta, leal, verdadeira, no
por medo de que os outros descubram a inferioridade da sua
personalidade interior, mas por dever de conscincia, por dignidade
prpria, pelo respeito que deve a si mesma e pelo esclarecimento
relacionado com a vida.
S assim o carter do ser humano se lapida, se brune, se
aperfeioa, se solidifica, sob condies estruturais indestrutveis, de
maneira que, em qualquer situao, as atitudes que pratica revelem
sempre a alta qualidade dos seus atributos morais.
Captulo IV
O Pensamento
O pensamento vibrao do esprito, manifestao da inteligncia, poder
espiritual.
Ao atingir determinada fase evolutiva, sente o esprito
necessidade de dar expanso aos seus conhecimentos, alargar os
horizontes da inteligncia e, cada vez mais, fortalecer os princpios
morais que for aperfeioando de encarnao em encarnao, na rota da
existncia.
Pensar raciocinar, criar imagens, conceber idias, construir para
o presente e o futuro. pelo pensamento que a criatura resolve,
soluciona, descobre e esclarece os problemas da vida.
O esprito imprime ao pensamento a prpria fora de que dotado.
Como o som e a luz, ele tambm faz todo o seu percurso em ondas
vibratrias que ficam registradas no oceano infinito da matria de
que provido o Universo e, com facilidade, pode tornar-se conhecido
de todos os espritos, desde o instante em que emitido. Da a
impossibilidade de ser alterada a verdade na vida espiritual.
Todo processo da evoluo est fielmente impresso no Livro da Vida.
As boas e as ms aes, os pensamentos inferiores, como os elevados,
ali se encontram gravados indelevelmente. Os pensamentos antecedem
as aes. Assim, tudo o que feito, todos os atos dignos ou indignos
so o resultado de pensamentos tambm dignos ou indignos. "Quem mal
faz para si o faz" dizem as leis espirituais e com que razo o
dizem!
Os pensamentos ficam ligados sua fonte de origem enquanto
permanecer o sentimento que os gerou. Eles estabelecem verdadeiros
climas ambientais proporcionadores de sade ou de enfermidades, de
alegria ou de tristeza, de triunfo ou de fracasso, de bem ou
mal-estar.
Formando correntes que se cruzam em todas as direes, tm como
fonte alimentadora os prprios seres encarnados e desencarnados que
os emitem.
Muitas dessas correntes so, alm de doentias, terrivelmente
avassaladoras. Elas chegam mesmo a exercer acentuada predominncia
sobre as benficas, pela grande inferioridade espiritual de que est
saturada a atmosfera deste planeta.
Pensando mal o ser humano no s transmite, mas tambm capta na
mesma intensidade, queira ou no, pensamentos afins e os efeitos
desses pensamentos malficos. Essas correntes produzem os mais srios
danos em distrbios fsicos e psquicos.
A educao e o fortalecimento da vontade tm importncia fundamental
na ao de governar os pensamentos. Aprendendo a fortalecer-se com
sentimentos repletos de valor, o ser humano criar em torno de si
uma barreira fludica de tamanha rigidez que os pensamentos malficos
dos espritos obsessores no tero fora para quebrar.
nimo resoluto para pensar e deliberar condio que se impe.
Temores e indecises conduzem ao fracasso. O pensamento
racionalmente otimista deve prevalecer, sempre e sempre, porque
quando aliado ao se constitui numa fora capaz de demolir os mais
srios obstculos.
Pensamentos de valor e de coragem, de firmeza e deciso, atraem
vibraes de outros pensamentos de formao idntica, produzindo um
ambiente de confiana capaz de
conduzir ao sucesso.
Reveses
Jamais o esprito se dever deixar abater. Um revs no significa
mais que um incidente passageiro. Ele deve servir para chamar a
ateno para algo que foi negligenciado ou que era desconhecido.
Muitas vezes chega at a ser til.
De qualquer modo, sempre h de haver uma experincia a colher e
uma lio a guardar de cada insucesso que ocorre.
Na vida nada acontece por acaso. Tudo tem a sua explicao, o seu
motivo, a sua causa, a sua razo de ser. Ningum pode aprender
somente com o xito, pois tambm se aprende, e muito, com o
insucesso. A felicidade, a sade e o bem-estar no seriam to
desejados, se fossem desconhecidas a desgraa, a doena e a
misria.
Diante disso, ningum deve esmorecer. O lema sentir o mal para
evit-lo, para combat-lo, para destru-lo, e conceber o bem para
conquist-lo, para atra-lo, para integr-lo nos hbitos e costumes de
todos os dias.
Nessa conduta reflete a ao soberana do pensamento que sobressai,
por representar uma fora motriz de prodigiosa capacidade para
derrotar os obstculos.
Essa fora do pensamento varia com a educao da vontade. A vontade
fraca anima o pensamento dbil; a vontade forte, o pensamento
vigoroso.
No , pois, dando acolhimento s vibraes enfermias do pessimismo,
do desnimo, da malquerena, da inveja, da ingratido, do dio, da
vingana, da perversidade e da indolncia que o indivduo se fortalece
e resolve os seus problemas. Antes entorpece a mente e se arruna
com essas vibraes.
Saber Pensar
O pensamento se cultiva, se aperfeioa, se aprimora e fortalece
pelo poder consciente da vontade. Pensamentos fortes so claros,
refletidos e bem definidos.
Com maior facilidade se concretiza um ideal quando se sabe
pensar firmemente e se pe em ao uma vontade repleta de energia.
Saber concentrar-se em determinado assunto dando asas imaginao
com o propsito e o empenho de estud-lo bem, de descobrir todas as
suas nuanas, toda a multiplicidade de aspectos, todas as diferentes
formas de interpretao e at mesmo as suas modalidades sofsticas,
constitui exerccio de excepcional importncia para chegar ao domnio
absoluto do objeto desse estudo.
Em todos os casos, porm, precisa o estudioso exercer severo
controle sobre si mesmo, para no colocar na apreciao dos fatos em
exame as suas simpatias, interesses egosticos ou mesmo a influncia
da presuno e do convencimento de que se ache possudo, pois estes
oferecem, invariavelmente, uma viso deformada das coisas e acabam
por lev-lo a concluses falsas.
Para ser construtivo, progressista, realizador e til ao Todo, o
pensamento precisa ser lmpido, cristalino e escoimado das
deformidades espirituais ocasionadas pelo viver desmetodizado, pela
egolatria e pela pressuposta infalibilidade das opinies que
conduzem ao fanatismo das idias fixas.
comum ouvir-se dizer que a unio faz a fora. Nada mais exato,
tanto no sentido material como no espiritual. A influncia do meio
da maior importncia para o bem-estar do esprito. Vrios indivduos de
m ndole e inferior educao, ligados uns aos outros e a terceiros por
pensamentos afins, produzem vibraes muito mais perniciosas do que
as emitidas apenas por um deles.
Por esse exemplo, se v que todo indivduo deve saber preparar-se
mentalmente, sempre que tiver de penetrar em qualquer mau ambiente.
Esse preparo consiste no pensamento vibrado com sabedoria, elevao,
conscincia e confiana em si mesmo.
O vigor do pensamento emitido por criatura mentalmente s e
esclarecida cresce na medida das necessidades do momento,
amplia-se, expande-se e supera qualquer corrente de pensamentos
inferiores, pela atrao que exerce da Fora afim, universal, cujo
poder infinito.
Fora do Pensamento
A fora do pensamento tem como medida o grau de evoluo do ser
humano, e como limite a capacidade que este possuir de utilizar-se
do seus atributos espirituais.
Ela dever ser sempre desenvolvida com o objetivo de favorecer ao
bem comum. Desde que o ser humano cresa na conscincia de si mesmo e
se identifique com as suas poderosas faculdades latentes, encontrar
na fora do pensamento o instrumento seguro e eficaz para a realizao
de todos os seus anseios e aspiraes e a proteo da sua sade fsica e
mental.
A histria da medicina registra inumerveis casos de doenas graves
cujas curas, por muitos consideradas milagrosas, apenas se deveram
reao espiritual dos prprios enfermos e atrao que souberam exercer
das Foras Superiores.
A sublimao do pensamento traduz um estado de conscincia sensvel
evoluo do esprito e propcio conquista da felicidade interior e do
bem-estar proporcionado por essa felicidade.
O esprito cria a imagem pelo pensamento e s depois a materializa
para determinado fim. Vejam-se as maravilhas da pintura universal.
Observe-se a riqueza, a magnificncia da obra que consagrou e
imortalizou tantos e tantos artistas, atravs dos tempos. Pois
nenhuma delas foi lanada na tela sem que o pintor a tivesse
mentalmente concebido em todos os seus detalhes.
O mesmo acontece com o engenheiro. Antes de desenhar o edifcio,
a mquina, o aparelho, o instrumento, a pea, ele os estuda e examina
nos seus mnimos pormenores.
Com o pensamento em ao, engendra primeiro o esboo, corrige
depois as provveis falhas at que a imagem do que vai exteriorizar e
materializar no papel esteja mais ou menos perfeita.
De toda a obra humana toda, sem exceo criou o esprito a imagem
pela ao do pensamento, e s depois a materializou. E se assim ocorre
na Terra, muito mais no Espao onde o poder do pensamento criador
incomparavelmente maior.
Evoluo significa, acima de tudo, poder criador. Quanto mais
evoludo o esprito, mais poderoso se torna o seu pensamento e a sua
capacidade de criar.
Um homem atrasado, por mais nefasta que seja a sua atividade, no
pode ultrapassar certos limites impostos pela indigncia do
raciocnio e pela pobreza mental de que dotado. Um esprito evoludo,
um cientista, por exemplo, se fosse utilizar os recursos de sua
inteligncia para o mal, poderia causar uma obra verdadeiramente
devastadora.
E se isto possvel num mundo to modesto, de to reduzida evoluo
espiritual, imagine-se a imensa fora criadora, o extraordinrio
poder de realizao dos espritos altamente evoludos cujas atividades
so exercidas em planos mais elevados.
O pensamento vigoroso emana do esprito forte, adestrado,
experiente. Em cada encarnao bem aproveitada, trabalha ele
conscientemente, para melhorar, ainda mais, a sua personalidade
psquica.
E na ordem deste progresso que crescem o poder do pensamento e a
capacidade de conceber, de criar, de realizar obras, cada qual mais
importante.
O grande repositrio da sabedoria no est na Terra, mas no Espao
Superior. Os progressos avanados da moderna tecnologia no seriam
ainda conhecidos, se muitas das suas parcelas no tivessem sido
transmitidas aos seres humanos pela via da intuio, vale dizer pela
fora do pensamento, diante da qual todas as distncias se
anulam.
Das riquezas espirituais que a criatura tem forosamente de
conquistar neste planeta, assume papel de excepcional relevo a
faculdade do pensamento, de cujo poder concentrado e abrangente
depende a racional soluo de todos os problemas da vida.
Captulo V
A Obsesso
A obsesso um dos males de que mais sofre a humanidade.
Seu perigo maior est precisamente em no ser percebida nos seus
aspectos menos chocantes pelos que desconhecem as verdades
espiritualistas que o Racionalismo Cristo difunde, principalmente
na parte referente vida fora da matria.
A obsesso pode apresentar-se de forma sutil, amena, peridica,
permanente, branda ou violenta.
Nas formas sutis e amenas, manifesta-se por manias, pavores,
esquisitices, fobias, cacoetes, excentricidades, exotismos,
extravagncias, paixes, fanatismos, covardia, indolncia e por todos
os excessos, como os sexuais, os de comer, os de rir ou chorar, e
muitos outros.
No Captulo 17, que trata da mediunidade, vimos como agem os
espritos obsessores sobre os indivduos que os atraem com
pensamentos afins.
Apesar de toda a ao deletria que as foras do astral inferior
exercem sobre a humanidade, foroso reconhecer que a culpa da
obsesso cabe, em grande parte, s prprias vtimas, por haverem,
quando ss, alimentado os pensamentos com que formaram as correntes
de atrao em que se apoiaram os obsessores.
Est exaustivamente demonstrado nesta obra e os fatos o vm, todos
os dias, confirmando que os pensamentos de perversidade, de
vingana, de dio e outros semelhantes, vibram em todas as direes do
espao inferior, estabelecendo imediato contato entre quem os emite
e os espritos obsessores.
As baixas camadas do astral inferior esto, pois, ligadas, por
estreita afinidade, s criaturas mal-humoradas, s vingativas,
invejosas, irritadas e desonestas, assim como quelas que alimentam
fraquezas e vcios.
Essas criaturas, ainda mesmo quando no aparentem estar
obsedadas, criam um clima profundamente danoso a si mesmas e aos
membros das famlias ou pessoas com quem convivem, forados uns e
outros a participar do mesmo ambiente, sem possurem os
esclarecimentos capazes de minimizar os efeitos perniciosos da m
assistncia.
O resultado , quase sempre, a perturbao ou obsesso dessas
pessoas, em qualquer das formas benigna ou violenta.
Nem sempre o esprito obsessor tem conscincia do mal que produz.
Ele tambm vtima dos erros que praticou, quando encarnado, pelo
desconhecimento da vida fora da matria.
Essa lamentvel ignorncia f-lo prisioneiro do ambiente atmosfrico
da Terra, levado pela cegueira de falsas crenas e persuadido de que
nada mais existe para os que desencarnam alm do ilusrio meio em que
passaram a viver.
Procura, ento, desenvolver qualquer atividade nesse ambiente,
passando a intuir os seus ex-parentes, amigos e conhecidos, na
suposio de que pratica uma boa ao ou por sentir prazer nessa
atividade.
Essas intuies, se bem aceitas, fornecem estmulo para outras,
estabelecendo intensa co-participao dos espritos do astral inferior
com os seres encarnados. Quando isto acontece, o caminho para a
obsesso est aberto.
Os obsessores, sempre que a afinidade for intensa, no se apartam
da vtima, pelo prazer que tm de permanecer onde se sentem bem.
Quando a obsesso provocada por espritos que foram inimigos do
obsedado na Terra, a ao perturbadora exercida com maior violncia
contra ele, tornando-se mesmo comuns as crises furiosas.
Inexistncia da Morte
A concepo da morte resulta de um conceito da vida completamente
errado. Na verdade ela jamais existiu. O esprito ser necessrio
repeti-lo? um ser imperecvel. Por isso, no morre nunca.
Devem, portanto, as criaturas esforar-se por refazer-se, o mais
depressa possvel, do choque causado pela desencarnao de parentes e
amigos, para no se enfraquecerem espiritualmente.
Diz a sabedoria popular, com justa razo, "o que no tem remdio
remediado est". perfeitamente intil permanecer algum a lamentar uma
situao passada. A preocupao deve estar voltada para o presente, do
qual depende o futuro.
Pensar j se tem dito muitas vezes atrair. Todos os que se
prendem pelo pensamento a seres desencarnados estacionados no
astral inferior, no s os esto atraindo e perturbando mais, como
retardando a sua marcha para o mundo a que pertencem,
estimulando-os a permanecer em contato com as coisas terrenas,
inclusive os problemas da vida familiar, e concorrendo para
torn-los obsessores.
Convm insistir: os espritos que levaram, quando encarnados, uma
vida irregular, materializada e abundante de falhas, permanecem no
astral inferior, no raro por decnios, agindo perversamente contra
os encarnados. Sua preocupao a intuio para o mal. Servem-se, para
isso, de criaturas de vontade fraca que usam como instrumentos
passivos para a consumao dos seus crimes. Da os homicdios, os
suicdios e tantas outras calamidades sociais.
Esses espritos atuam isoladamente ou em falanges obsessoras bem
adestradas para melhor alcanar os seus objetivos. Suas organizaes
possuem vigias atentos escalados em vrios pontos, prontos para dar
o sinal no instante preciso e promoverem a convocao de outros
obsessores para a ao em conjunto.
Como a unio faz a fora, obtm geralmente resultados satisfatrios
sobre os encarnados desprevenidos e alheios s suas tramas, ora
obsedando-os, ora levando-os a cometer tresloucadas aes, com os
sentidos inteiramente perturbados.
Sem este esclarecimento no h quem possa fugir influncia
obsessora, nem impedir que foras externas interfiram nos seus atos
e em seu eu espiritual.
S os esclarecidos que tm conscincia do valor dessas poderosas
foras que se chamam vontade e pensamento , so capazes de manter
distncia os obsessores.
Caminhos da Obsesso
Em vrios dos captulos desta obra esto claramente indicados os
caminhos que levam obsesso doena psquica causada pelo mau uso do
livre arbtrio, a vontade mal educada, a incontinncia e
desregramentos sexuais, o descontrole nos atos cotidianos, o
nervosismo irrefreado, os desejos insuperveis, a ambio desmedida e
o temperamento voluntarioso.
Ao fazer mau uso do livre arbtrio, contraria o ser humano as
leis naturais que estabelecem normas de vida corretas, seguras e
apropriadas. Essa faculdade assegura a cada um o direito de
conduzir-se por si mesmo, com liberdade e independncia de ao, como
convm aos seres dotados de raciocnio, mas torna-o responsvel por
todos os atos que pratica.
Com o raciocnio bem exercitado na soluo dos problemas que
constantemente se apresentam, tendo sempre presente o aspecto
honrado da questo, todos podem manter-se dentro das regras de boa
conduta, fazendo assim uso adequado do livre arbtrio.
Os que se afastam desse caminho fazem-no porque querem, porque
se deixaram enfraquecer, e o enfraquecimento enseja a atrao de
espritos do astral inferior que, em maior ou menor espao de tempo,
acabam por produzir a obsesso.
A vontade mal educada provm da indolncia, da indiferena e da
negligncia para com as coisas srias da vida. O indolente est sempre
espera de que os outros faam o que ele prprio deve fazer. No gosta
de horrios e tem horror disciplina. Inimigo do trabalho e da ordem,
nada faz pelo progresso.
Est, por isso, situado no plano dos parasitas. Enquanto o mundo
exige atividade, dinamismo e ao, o indolente observa o que se passa
sem vontade de participar ativamente do movimento que reclama a sua
presena.
Ningum se pode eximir do dever de trabalhar e de procurar no
trabalho a verdadeira satisfao da vida. O Universo inteiro uma
oficina de trabalho permanente, em que todos precisam ser operrios
ativos e diligentes.
Os que assim no procedem ficam colocados espiritualmente num
plano inferior da vida, no passando de marginais, como marginais so
os espritos do astral inferior com os quais, por fora da lei de
atrao, se associam.
Na incontinncia e desregramentos sexuais, esto os germes do
materialismo obsedante, cujos pilares so a luxria e outros vcios.
Subjugado a esse estado, d o ser humano expanso aos seus instintos
animalizados, proporcionando franco acolhimento aos espritos do
astral inferior, seus afins, que concorrem para obsed-lo.
Todos os atos cotidianos precisam ser executados com o maior
critrio e honestidade. A organizao social obedece a um esquema
cujos traos principais definem a posio que os seres devem adotar no
intercmbio das relaes humanas, sem perder de vista o respeito
prprio e o devido ao semelhante.
Para esse fim, precisam ter controle nas suas atitudes, domnio
sobre si mesmos e o raciocnio em ao. O descontrole em atos e
palavras, alm de gerar ofensas e, muitas vezes, arrependimentos, d
causa a freqentes ressentimentos que custam a passar e criam
antipatias e inimizades.
Irritao, Descontrole e Ambio Desmedida
Os espritos do astral inferior gostam de aproveitar-se dos seres
descontrolados, irritadios e irrefletidos que no pensam antes de
falar, para se divertirem com os efeitos de sua atuao.
Seres descontrolados so, pois, instrumentos do astral inferior
e, se no esto obsedados, caminham para a obsesso.
O nervosismo desenfreado traz a irritao, a intolerncia, a
irreflexo e a imprudncia males que conduzem a deplorvel estado
psquico pelo que deve ser severamente controlado, por ser o agente
de perturbao que mais facilita a atuao de espritos obsessores.
O neurtico, de um modo geral, cuida pouco da sade e no se esfora
por dominar os seus mpetos. O resultado estar sempre caindo nas
malhas insidiosas do astral inferior, seguindo o caminho desastrado
da obsesso.
Desejos insuperveis so aspiraes inatingveis. H indivduos de
desmedida ambio que nunca se contentam com o que possuem. Sempre
queixosos, acham que merecem mais, vivendo em permanente estado de
insatisfao.
perfeitamente racional e at elogivel que cada um procure
melhorar as condies de vida e no poupe esforos para alcanar essa
melhoria. Isso no se consegue, porm, com desnimo e lamrias que s
servem para agravar as situaes difceis e debilitar as energias
espirituais.
A ambio sem limites, associada revolta ntima, produz mau-humor,
do qual se aproveitam espritos do astral inferior para atuar sobre
os revoltados, incutindo-lhes na mente os mais sombrios pensamentos
capazes de os levarem obsesso e, por via dela, a outros males.
A lei da atrao no falha. Ao seu imprio, todos esto sujeitos. O
ser humano precisa compenetrar-se da transitoriedade das coisas que
pertencem Terra. A escravizao aos valores materiais, to facilmente
perecveis, alm de atrasar a evoluo espiritual, tem causado muitos e
muitos sofrimentos.
A ambio comedida natural. A desenfreada, uma fobia em que o
egosmo e a egolatria influem decisivamente. Os ambiciosos e
descomedidos no olham os meios para obter os fins: lesam, usurpam e
aambarcam. Domina-os a idia obsessiva do ganho rpido, mesmo atravs
de manobras extorsivas e escorchantes.
Para esses, no existem contemplaes nem meios-termos. A
determinao avanar. Arquitetam golpes ousados, pouco lhes importando
que eles firam os preceitos da moral e da honradez.
O mundo est cheio desses tipos que so, em grande parte, a causa
do seu desequilbrio econmico. Eles esto divididos em dois
gigantescos blocos: um na Terra especulando e agindo com enorme
desembarao e astcia, e outro igualmente ativo e astucioso, no
astral inferior, composto de desencarnados que procediam neste
mundo como procedem os seus atuais parceiros encarnados.
Os dois blocos, intimamente associados, gozam da mesma volpia
que alimenta a obsesso de um e de outro.
Temperamento Voluntarioso
O temperamento voluntarioso reflete a personalidade egocntrica
dos que entendem que a razo est exclusivamente do seu lado e querem
impor aos outros as prprias idias.
Esses indivduos esto freqentemente em choque com os demais,
mesmo que tais choques no sejam exteriorizados, e nada mais
divertido para os espritos do astral inferior do que assistirem aos
choques humanos. Isso assanha os obsessores. Como andam sempre
espera do momento propcio que lhes permita a atuao, o indivduo
voluntarioso vive marcado por eles. A cada passo lobrigam o ensejo
de armar um atrito. Na falta de outra ocupao, esta, para eles,
absorvente.
O voluntarioso irrita-se, facilmente, quando o ponto-de-vista
alheio no coincide com o seu, tornando-se um fomentador de
contrariedades.
No preciso salientar o que essa forma de obsesso alis comunssima
representa para os seres humanos.
Insidiosamente, vai ela penetrando, com lentido, no
subconsciente, at tomar conta da criatura. Esta, no se apercebendo
do envolvimento de que est sendo vtima, no reage, no se ope, no d
importncia ao mal que, por fora do hbito, acaba por tornar-se-lhe
agradvel, facilitando o domnio dos obsessores que passam a ser mais
atuantes, mais violentos e difceis de afastar.
Todo cuidado pouco, e s o conhecimento de como se processa a
evoluo assegura ao indivduo as condies, os recursos, os meios de
defender-se da obsesso.
As atraes apaixonantes, pelo prazer e o impulso convidativo com
que impelem as vtimas para as suas cariciosas redes, so as mais
perigosas. At os esclarecidos primrios rolam, s vezes, por esse
despenhadeiro.
Abalos Morais e Roteiro Seguro
Ningum se deve deixar abater. H momentos na vida em que os
abalos morais alguns de grande intensidade sacodem, impiedosamente,
a alma humana. A esta, porm, no faltam foras para reagir e dominar
a situao, principalmente quando se apia no conhecimento da vida
real e da verdade. So esses conhecimentos as suas armas e os seus
escudos mais fortes porque, quando bem manejados, levam sempre ao
triunfo.
Quantas e quantas vezes a simples partida de um ente querido
para o alm coisa to natural na vida conduz ao inconformismo, aflio
e ao desespero!
Com isto o esprito desencarnado, no esclarecido, se aflige,
sofre, procura intuir para acalmar e, como no o consegue, acaba por
tornar-se obsessor, perturbando e levando obsesso o intudo.
O melhor procedimento dos que ficam para com os que partem
elevar o pensamento Foras Superiores com firmeza e convico,
envolvendo-os na ternura e no calor da irradiao amiga para
auxili-los a romper a camada atmosfrica terrestre e a seguirem para
os mundos a que pertencem.
Empenha-se o Racionalismo Cristo em oferecer aos seres humanos
um roteiro seguro para uma vida sadia e evolutiva. a finalidade
desta obra.
Grande parte da humanidade vtima da obsesso, exatamente por
desconhecer os recursos, os elementos, os meios que tem ao seu
alcance para evit-la ou livrar-se dela.
Alguns sintomas do estado inicial da obsesso podem ser
observados nos seguintes casos:
1) tendncia para dar risadas sem motivo ou a pretexto de coisas
fteis;
2) manifestao de cacoetes;
3) vontade de chorar, sem razo plausvel;
4) comer exageradamente;
5) estar sempre com sono;
6) sentir prazer na ociosidade;
7) exteriorizao de manias;
8) idias fixas;
9) fazer gracinhas tolas;
10) amofinar, persistentemente, o prximo;
11) repetir, mecanicamente, o mesmo dito;
12) deixar-se dominar por paixes;
13) prevenes descabidas;
14) casmurrices;
15) prticas viciosas;
16) atos de ostentao;
17) exploses temperamentais;
18) mistificao;
19) dizer mentiras;
20) expressar-se licenciosamente;
21) revelar covardia;
22) usar palavres;
23) demonstrar fanatismo;
24) gesticular e falar sozinho;
25) ser sistematicamente importuno;
26) ouvir e ver coisas fantsticas;
27) gastar acima do que deve e pode;
28) manias de doena;
29) descuidar-se das obrigaes no lar e no trabalho;
30) abandonar os deveres caseiros, ausentando-se do seio da
famlia;
31) viver num mundo distante, sonhadoramente; e,
32) provocar ou alimentar discusses.
Qualquer destas atitudes, ainda mesmo quando no constitua um
estado de anormalidade mental adiantada, predispe obsesso.
No demais insistir neste ponto: a linguagem dos espritos
desencarnados o pensamento. Pelo pensamento identificam eles os
sentimentos das criaturas, as suas intenes e tendncias, e disso se
prevalecem os obsessores para estimular, pela intuio, os vcios e as
fraquezas humanas.
Por higiene mental, no se deve pensar em intrigantes,
caluniadores, desafetos e, em geral, nas pessoas de maus
sentimentos.
Pensar em tais seres ligar-se sua m assistncia espiritual,
receber influncias malignas e correr o risco de avassalamento.
Antnio Vieira
Tendo vivido entre 1608 e 1697, sobretudo em Portugal e no
Brasil, foi sacerdote jesuta, pregador da corte de Portugal e
conselheiro do rei, embaixador poltico, missionrio e militante
antiesclavagista. Vieira foi um orador eloqente e um escritor
esmerado. As suas obras abrangem vinte e cinco volumes, que
compreendem cerca de duzentos sermes, mais de quinhentas cartas e
numerosos escritos polticos e literrios.
Nenhum prosador de lngua portuguesa se lhe pde comparar na
exuberncia e propriedade de vocabulrio utilizado. Vieira foi uma
inteligncia poderosssima que desfrutou da oportunidade de se manter
em contato com o mundo intelectual da poca - nomeadamente durante
as suas misses diplomticas na Frana, na Holanda e na Itlia e no
perodo de seis em que viveu em Roma - tendo-se evidenciado a ponto
de ter sido considerado o maior esprito do sculo em que viveu.
Figura humana excepcional, teve coragem de assumir interpretaes
pessoais de vrios temas teolgicos, afastando-se da viso
conservadora e fantica da ordem dos jesutas a que pertencia. Por
isso, tambm foi alvo de perseguies, tendo sido preso durante alguns
anos em situao de incomunicabilidade, num lgubre cubculo de
reduzidas dimenses, sem luz, mal arejado, apenas com uma cama, um
cntaro, uma mesinha, um banco e um vaso de despejos. Veio a ser
condenado morte na fogueira, sentena que de fato no chegou a ser
executada.
Antnio Vieira renunciava ao conforto e s situaes de convenincia
pessoal, mantendo-se fiel aos princpios do verdadeiro cristianismo.
Nada fez para evitar que o prendessem e, uma vez encarcerado, no se
deixou abater psicolgicamente, mantendo intacta a sua dignidade.
Reconhecia-se como Homem Imortal, e as vicissitudes por que passava
no alteravam a sua fora interior, consciente da inferioridade
espiritual dos seus algozes e da durao passageira das injustias
destes.
Certa vez, dada a sua amizade com o rei, empenhava-se com ele em
grandes negcios, quando pessoas neles interessadas, cientes da sua
influncia, lhe mandaram entregar uma bolsa com aprecivel quantia em
ouro. Para no parecer uma gratificao, sugeriram-lhe que distribusse
essa importncia pelos pobres. Vieira, ao aperceber-se das intenes
dos negociantes, recusou a oferta com indignao, acrescentando ao
portador que, perante tal atrevimento, merecia que o fizesse descer
pela janela, em vez de pela porta.
As torturas morais e materiais que lhe infligiram os membros do
clero, serviram-lhe para melhor se aperceber do flagrante
desvirtuamento do cristianismo, e fizeram crescer nele o desejo de
trabalhar no sentido de restabelecer a Verdade nos princpios
divulgados por Jesus Cristo e contribuir para uma maior
espiritualizao da humanidade. Anteviu e defendeu um projeto
espiritualista cristo universal, baseado na teoria das reencarnaes
e no princpio de igualdade do homem - como Fora e Matria - perante
as leis naturais e imutveis que regem o Universo.
No tendo conseguido essa ao remodeladora nos cerca de noventa
anos de vida fsica, ter decidido trabalhar astralmente nesse
sentido. E foi ento j depois de liberto da matria que coordenou o
trabalho de fundao de uma Doutrina verdadeiramente
espiritualizadora, planeando e executando uma longa srie de aes que
culminaram com o lanamento do Racionalismo Cristo em 1910 no
Brasil.
Dessa valorosa equipa tero feito parte, entre outros, aqueles
que haviam sido fsicamente Lus de Cames, Camilo Castelo Branco,
Custdio Jos Duarte, Emlio Zola, Fontes Pereira de Melo, Joo de
Deus, Jos do Patrocnio, Joana d'Arc, Leo XIII. Jos de Anchieta,
Sena Freitas, Venncio de Aguiar Caf, Pedro lvares Cabral, Pinheiro
Chagas, Isabel de Lencastre, Franscisco de Assis, Francisco Xavier,
Joo Batista e Vasco da Gama.
Mas a equipa que preparou e fundou o Racionalismo Cristo, contou
tambm com os seus colaboradores no plano fsico, nomeadamente os
portugueses Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz. S atravs de muitas
lutas, tanto no plano astral como no campo material, foi possvel a
ilustrao verdadeira dos conhecimentos espiritualistas e
cristos.
Antnio Vieira, com a sua natureza varonil, independente,
destemerosa e segura das suas convices, foi o idealizador e o
inspirador principal do Racionalismo Cristo, da ser considerado o
patrono espiritual desta Doutrina.
Luiz de Mattos
Luiz de Mattos imigrou para o Brasil quando tinha 13 anos de
idade. Aos 23 j era um prspero comerciante de caf e aos 26, um
homem rico. Sua inteligncia e honestidade fizeram-no uma pessoa
respeitvel. Fundou vrias companhias, entre elas o Banco de Santos e
uma estrada de ferro.
Durante muitos anos, Luiz de Mattos foi ateu, mas era, tambm, um
homem generoso e simples e tornou-se um benfeitor das sociedades
beneficentes de Santos gastando parte de sua fortuna para ajudar os
doentes e os pobres. Sua simplicidade era tanta que recusava todo
tipo de publicidade relacionada com sua generosidade, mas aqueles
que receberam sua ajuda no podiam evitar que se espalhasse a notcia
da sua bondade.
Luiz de Mattos foi, tambm, abolicionista da escravatura no
Brasil. Com outros, travou uma longa batalha para ajudar os
escravos a escapar das suas condies humilhantes e desumanas e a se
estabelecerem nos quilombos, que eram campos secretos protegidos
pelo movimento anti-escravagista. Quando, finalmente, foi aprovada
a lei contra a escravido, abolindo oficialmente aquela situao
vergonhosa, Luiz de Mattos e seus amigos comemoraram esse grande
evento durante dias.
Aps muitos anos de viver no Brasil, Luiz de Mattos ainda era um
cidado portugus e altamente respeitado pelos brasileiros que o
convidaram para representar o Estado de So Paulo no Senado.
Entretanto, sentiu que no podia aceitar essa honra dado que era o
cnsul portugus em Santos e, embora sentindo-se brasileiro,
acreditava que devia manter sua cidadania original.
Durante anos, Luiz de Mattos no acreditou em nenhuma religio e,
em especial, no podia aceitar que Jesus Cristo tivesse oferecido
sua outra face para provar sua humildade. Acreditava que um homem
para ser simples no precisa aceitar qualquer tipo de humilhao. Um
dia, porm, quando tinha cerca de 50 anos, sofreu um ataque cardaco
e durante dias seguidos tudo que viu foi um tmulo frio cavado no
cho. Sentiu uma repulsa pela vida e, ento, ponderou que viver no
podia ser somente aquilo que se via. Deveria haver alguma coisa
mais alm da vida fsica. Talvez houvesse uma alma, mas, o que ela
seria isso ele no sabia.
Luiz de Mattos melhorou, mas, seus filhos ficaram seriamente
enfermos. Ele j no sabia o que fazer at que um dia o Dr. Oliveira
Botelho, mdico de sua famlia, mencionou que ele devia tentar
estudar o espiritismo cientfico, pois, a cincia materialista no
podia explicar algumas enfermidades. A princpio foi um tanto
relutante. Por insistncia de seu amigo Luiz Alves Thomaz,
finalmente comeou seus estudos e, pouco a pouco a sade de seus
filhos melhorou bastante.
Para encurtar a histria, Luiz de Mattos no apenas descobriu o
espiritismo cientfico com tambm fundou e codificou uma nova
filosofia baseada nos verdadeiros princpios cristos. Aps passar por
tempos difceis e ter visto a condio deplorvel do carter do ser
humano, estabeleceu uma nova filosofia baseada em velhos
princpios.
Luiz de Mattos fundou o Racionalismo Cristo sem poupar esforos,
com a convico de que poderia proporcionar ao mundo meios de
corrigir os srios males morais que estavam, e ainda esto, afligindo
o ser humano. Sua vida - a de um homem honrado, digno,
empreendedor, perseverante e destemido - foi um modelo de ao
vigorosa que ficar como exemplo extraordinrio na memria das geraes
atual e futuras.
Nunca tentou impor a outros uma disciplina que ele mesmo no
podia seguir. No consolidou um padro de comportamento diferente do
seu. Da a autoridade moral incomum que alicerava suas afirmaes.
Este um exemplo da profunda convico daqueles que sabem que podem
servir de modelo de comportamento.
Luiz de Mattos foi muito cuidadoso em apresentar os princpios
racionalistas cristos numa forma simples e prtica, ao alcance de
qualquer mentalidade. Em conseqncia, seus princpios so
compreendidos e respeitados por todas as camadas sociais. Esses
princpios so to simples que podem sem resumidos em uma nica
palavra: CONDUTA.
Um fato inegvel que com seu cdigo da disciplina crist, Luiz de
Mattos desenvolveu uma nova mentalidade que se expande dia a dia
medida que se torna conhecida daqueles que, em sua presente
encarnao, j romperam os grilhes das crenas absurdas e dos conceitos
msticos. O modo de vida de toda pessoa uma reflexo dos seus
sentimentos espirituais. No h um caminho mais fcil para aproximar o
comportamento humano doutrina crist codificada por Luiz de Mattos
do que seguir as normas de vida estabelecidas pelos princpios
racionalistas cristos.
Discurso proferido, em 24/9/1950, pelo Dr. Luiz de Souza, por
ocasio da inaugurao das placas da Rua Luiz de Mattos, em Niteri,
RJ
Nesta solenidade em que se inaugura uma placa municipal, com o
nome de Luiz de Mattos, neste logradouro pblico de Niteri, coube-me
a agradvel incumbncia de representar a famlia ilustre de Antnio do
Nascimento Cottas, a que estou ligado por laos de grande
amizade.
Represento-a, nesta oportunidade, por se encontrar ela,
presentemente, em viagem pela Europa. So componentes dessa
respeitvel famlia o seu ilustre genro, cujo nome venervel proferi,
e sua dignssima esposa, a virtuosa escritora D. Maria Cottas, filha
desse eminente vulto da nossa histria, cujo nome reluz nesta placa,
as netas deste e seus bisnetos. Todo um grupo descendente de um
passado nobre, que constri um presente devotado ao bem comum, e que
prepara um futuro em harmonia com os supremos ideais humanos de
liberdade e independncia.
Luiz Jos de Mattos Chaves Lavrador, ou apenas Luiz de Mattos
como era por todos conhecido, legou aos seus familiares, sobre quem
influa, os exemplos mais alevantados de amor ao trabalho, de retido
moral, de dignidade pessoal e de liberalidade.
Subtraiu do seu nome a classificao de "Chaves" e "Lavrador",
designativos que lembravam a sua origem de nobreza, de Casas
Fidalgas portuguesas e espanholas, para ser apenas Luiz de Mattos,
em consonncia com a sua alma simples e humana, inteiramente
devotada aos interesses dos humildes.
Luiz de Mattos foi um gigante aos olhos do povo. Sempre ao lado
das causas justas, no poupava esforos, nem sacrifcios, para alcanar
os objetivos que minorassem o sofrimento alheio. Desinteressado de
postos, posies ou cargos de evidncia, no quis ingressar nas alas do
Poder Legislativo do pas, para dedicar-se ao viver comum de homem
do povo, despretensiosamente, custa de sua pena de jornalista, que
soube vibrar como poucos, graas aos seus excepcionais recursos de
inteligncia, discernimento e equilbrio.
Foi ele um dos mais ardorosos abolicionistas da poca, e ao lado
de seus amigos imperecveis Jos do Patrocnio, Jlio Ribeiro,
Francisco Glicrio, Campos Sales, Bernardino de Campos, Luiz Gama e
outros, participou, gloriosamente, dessa imortal campanha cvica,
das mais memorveis, dentre as que se feriram, no passado, em nosso
solo ptrio.
Por ocasio da proclamao da Repblica, teve papel destacado no
cenrio dos acontecimentos, ao lado dos correligionrios de Deodoro,
e no se prevaleceu de coisa alguma para se beneficiar das valorosas
atitudes assumidas. O seu ideal resumia-se em ver vitoriosa uma
causa que lhe pareceu a melhor para o bem do Brasil, no lhe
passando, nunca, pela mente o propsito de colher para si vantagens
de qualquer espcie, em troca dos gestos decisivos de sua ao
patritica.
Benemrito de ndole, de quanto dava no queria que se fizesse
alarde, mas os beneficiados no se podiam conter, e assim, numerosos
feitos humanitrios vieram tona e se tornaram pblicos. Homem de
recursos, foi scio benfeitor de vrias associaes de carter
altrustico. Grandes pores de seus haveres ele as distribuiu com os
necessitados. No resistia dor de assistir o sofrimento alheio sem
que no se movesse, prontamente, com o fim de aliviar o aflito; tudo
quanto tivesse em mo ia em socorro imediato; no poucas vezes
voltava ao lar sem um real nas algibeiras, mas com a alma
transbordante de alegria, por haver propiciado benefcios. Na sua
alma no se aninhava rancor. Teve desiluses, e grandes; foi muitas
vezes trado e ludibriado, mas soube desculpar e esquecer.
Cavalheiro, educado, estudioso, letrado, revelou-se um hbil e
esclarecido conselheiro em todos os transes difceis por que
atravessara o pas, nos seus dias. Oliveira Botelho, Hermes da
Fonseca, Rui Barbosa e Epitcio Pessoa conheceram-lhe o valor dos
sbios conselhos ou das acertadas previses.
Luiz de Mattos contribuiu, com vigorosa parcela, para enriquecer
as pginas de ouro da nossa histria. A sua memria evocada pelos que
conhecem a sua passagem luminosa pela Terra, com admirao profunda e
no menor respeito. A sua vida foi um repositrio farto de exemplos
edificantes. A sua conduta, sempre firme e corajosa, valia como
barreira contra qualquer opresso. Aqueles que viviam do suor do
rosto, em esforo braal, encontravam, nesse defensor, a segurana de
um apoio que no faltava. Era, por isso, quase venerado nos meios
populares dos homens de trabalho rude. A sua lembrana no se apagar
jamais. E ainda neste instante estamos dando corpo a essa
afirmativa.
Em nome dos descendentes de Luiz de Mattos, congregados em torno
de Nascimento Cottas, eu apresento as mais sinceras saudaes e
expresses de agradecimento a todos aqueles que colaboraram, e mui
especialmente ao ilustre vereador Sr. lvaro Caetano de Oliveira,
para que hoje, neste recanto de Niteri, pudssemos, elevando os
olhos, ver eternizada, numa placa de metal, o nome augusto de um
homem simples, cidado emrito, smbolo da bondade e da grandeza de um
povo.
Luiz Alves Thomaz
Luiz de Mattos talvez no pudesse ter levado a efeito a implantao
do Racionalismo Cristo na Terra, sem a preciosa ajuda do seu
intemerato amigo e companheiro de lutas, Luiz Alves Thomaz.
Enquanto o primeiro codificava e burilava a parte cultural e
terica da Doutrina, facilitando a sua compreenso e aplicao na vida,
o segundo desenvolvia uma eficiente ao prtica, solidificando as
bases materiais para garantir a independncia da Doutrina.
A ambos deve a humanidade essa inesgotvel fonte de
esclarecimento e saber que se sintetiza na Doutrina Racionalista
Crist, porque os dois se completavam na integrao de um s idealismo,
de uma nica estrutura, de uma perfeita realizao.
Luiz de Mattos e Luiz Thomaz simbolizavam os heris da alma lusa,
cuja aura sempre recobriu o Brasil na majestosa seqncia dos fatos
histricos.
Ambos, antes de se apresentarem ao meio fsico, haviam
estabelecido, quando ainda nos seus mundos de luz, um pacto de
honra, na presena de outros Mestres, dentre os quais se realava a
figura inconfundvel do padre Antnio Vieira, com o fim de
restabelecerem na Terra, em sua pureza original, os ensinos de
Jesus, to deturpados pelo sectarismo religioso.
Luiz Alves Thomaz manteve-se exemplarmente na sua misso, ora
predicando com a fortaleza dos seus conhecimentos, ora preparando
fundos para a manuteno da grande obra. Soube aplicar com grande
percia, na vida prtica de negcios e na economia privada, as sbias e
incomparveis lies que o Racionalismo Cristo ministra, sempre
colhendo, como prova do seu valor, os mais auspiciosos
resultados.
Forte, enrgico, operoso, extremamente simples e controlado,
desfrutou de plena autoridade moral na corporificao de todos os
seus atos, sempre comedidos e seguros, angariando amizades e
simpatias atravs de suas atitudes cativantes.
Renunciando s atraes terrenas, casado, mas sem filhos,
voltou-se, abnegadamente, para a sua grande Causa, e por ela lutou
estoicamente, dando o mximo de si, num aproveitamento completo das
suas energias e atividades.
Partiu deste mundo cinco anos depois do seu companheiro de
ideal, Luiz de Mattos, aps cumprir a principal incumbncia de deixar
amparado, financeiramente, o movimento Racionalista Cristo que j
por esta poca crescia, em nmero de adeptos, a passos
agigantados.
princpio bsico da Doutrina que sendo, como , uma entidade de
levado cunho espiritualista, no se deve formar e manter custa da
migalha do necessitado, da esprtula do desprovido, do sacrifcio do
sacrificado.
A Doutrina, dirigida por Espritos do Astral Superior, tem por
escopo, esclarecer as almas encarnadas, tarefa incomparavelmente
maior e mais difcil para aqueles Espritos do que a mera coletagem
de meios materiais.
Para solucionar este aspecto dos trabalhos que iriam desenvolver
no Planeta, ao invs de ficarem na dependncia de humilhantes
peditrios terrenos, como comum, por falta de esclarecimento
espiritual, decidiram a vinda Terra, de pleno acordo com o mesmo,
do intrpido Esprito que aqui tomou o nome de Luiz Alves Thomaz,
para resolver, exatamente como ele fez, a situao financeira da
Doutrina.
Deste modo, a Doutrina nasceu independente, nunca soube o que
foi pedir e nem o deseja saber. Ela se impe por princpios imutveis,
e estes determinam que, em matria de dinheiro, os assuntos
espirituais com ela no se imiscuam.
To rigorosos foram os dirigentes astrais neste particular, que
podendo atribuir a Luiz de Mattos as duas tarefas - a de codificar
a Doutrina e a de formar o patrimnio material desta - decidiram de
modo diferente, separando uma misso da outra, ao confiarem a cada
um dos seus dois grandes valores, Luiz de Mattos e Luiz Alves
Thomaz, operaes distintas.
Esta ocorrncia, sobremaneira significativa, coloca o
Racionalismo Cristo numa posio de evidente relevo na interpretao
das coisas do esprito. H na Casa discpulos de Luiz Alves Thomaz que
se inspiraram no seu magnfico exemplo, oferecendo convincentes
provas de aproveitamento e prtica. Uma delas a nova sede do
Racionalismo Cristo, inaugurada em 20 de outubro de 1956, que
exigiu - no curso de trs anos, perodo da sua construo - uma soma no
inferior a quatorze milhes de cruzeiros, os quais foram postos
disposio do empreendimento pela pliade annima de seus
discpulos.
comum verificar-se o empenho com que as agremiaes pastoreadas
procuram aliciar proslitos, que produzem, quase sempre, moralmente
coagidos, aumento da renda mensal, situando, com isso, a matria
acima do tratamento espiritual, quando este , s vezes, quase
nenhum.
Pseudo-espiritualistas mostram-se por a ardentes buscadores de
dinheiro, prevalecendo-se do que as suas prosaicas msticas dizem
oferecer. O certo que a maior prova de fraqueza espiritual de tais
esdrxulas instituies a carncia de recursos provindos de precedncias
elevadas, pois que se valem, para aliment-las, da sfrega procura de
meios artificiosos ou no, com o fim de atrair o metal sonante. No
se sentem rebaixados nessa prtica humilhante, porque os precrios
recursos espirituais de que dispem no lhes propiciam o
discernimento necessrio.
Por outro lado, se chegam a atingir o estado que lhes d a
compreenso de que a entidade deveria subsistir pela prpria fora dos
seus postulados, curvam-se situao de fato, como ela se apresenta, e
preferem fechar os olhos da alma, a ver a instituio
desaparecer.
Para que no se diga que no possvel alcanar os fins espirituais
sem o mercantilismo ostensivo ressalta-se o exemplo imperecvel do
Racionalismo Cristo, a Doutrina da Verdade, que atesta, pela sua
independncia soberana, tanto em assuntos materiais como
espirituais, o valor objetivo e real dos seus Princpios.
Assim se confirma a ao pioneira de Luiz Alves Thomaz, o
insupervel batalhador de uma memorvel jornada terrena, em que soube
sustentar esse basilar conceito de que uma obra espiritualista se
impe pela elevao moral dos seus Princpios norteadores, pairando
acima dos interesses materiais pela sua independncia em todos os
sentidos, e pela demonstrao de que os suprimentos chegam, sem ser
necessrio que os responsveis pela Causa molestem o seu semelhante,
com maneiras submissas de uma refinada e hipcrita mendicncia.
Luiz Alves Thomaz foi um exemplo, uma bandeira, uma glria para o
Racionalismo Cristo. Estendeu a sua vitria a todos os militantes,
porque, acima de tudo, estimulou e concretizou. A sua alta misso
foi inteiramente cumprida, e os seus magnficos resultados ecoam,
incessantemente, em todo o movimento Racionalista Cristo, como uma
vigorosa fora impulsionadora que transmite confiana e coragem,
perseverana e firmeza.
Antnio do Nascimento Cottas
Antonio Cottas imigrou para o Brasil em 18 de abril de 1905, com
a idade de 12 anos. Nesta idade passou a trabalhar numa mercearia.
Prosperou a ponto de tornar-se um respeitvel homem de negcios.
Suas realizaes no mbito da doutrina Racionalista Crist foram
notveis. Antes de falecer em 1926, Luiz de Mattos, o fundador do
Racionalismo Cristo, nomeou Antonio Cottas seu sucessor. Dessa
maneira, aps a desencarnao de Luiz de Mattos, tomou a direo da
doutrina. Consolidou os fundamentos do Racionalismo Cristo e muitos
Centros foram fundados durante seu perodo como Presidente.
Antonio Cottas foi o maior discpulo de Luiz de Mattos e com todo
entusiasmo dedicou-se doutrina que lhe fora confiada. Divulgou os
princpios do Racionalismo Cristo atravs de cartas e de lies
ministradas nas sesses pblicas no Centro Redentor. Adicionalmente,
assegurou a independncia financeira da doutrina. Alm de ser um bom
doutrinador, trabalhou incansavelmente pelo esclarecimento da
espcie humana.
Antonio Cottas era dotado de qualidades morais extraordinrias e
de um carter incorruptvel. Estava sempre transbordando entusiasmo
contagiante e continuamente se dedicava causa racionalista crist
sem nunca fazer alarde das suas realizaes.
Em tempos de dificuldades, sempre agiu com confiana e ganhou
todas as batalhas que a doutrina teve de enfrentar. Todos os seus
esforos resultaram em sucessos. Seus modos gentis e generosidade
inatos trouxeram-lhe alta respeitabilidade e bem-querena de parte
de todos que o conheciam.
Antonio Cottas, o chefe do Racionalismo Cristo, foi um homem
extremamente simples. Embora tivesse sido agraciado com o honorrio
ttulo de Comendador, nunca fez questo de ser tratado com tal. Tinha
um orgulho especial da sua cidadania brasileira oferecida pelo
Governo Brasileiro em 8 de agosto de 1939.
Durante sua vida, Antonio Cottas foi agraciado com
aproximadamente quinze ttulos honorrios, municipais, estaduais e
federais. Apesar de todas essas honrarias, permaneceu uma pessoa
simples por toda a sua vida.
Dr. Humberto Machado Rodrigues
O Dr. Humberto Machado Rodrigues, um conceituado advogado
brasileiro, sucedeu a Antnio do Nascimento Cottas, como Presidente
do Racionalismo Cristo, quando este desencarnou no dia 12 de Junho
de 1983. Desde essa data, o atual Presidente tem continuado a
consolidar a Doutrina, tendo dado incio tambm, a uma nova fase de
expanso desta filosofia espiritualista. Novas Casas Racionalista tm
sido fundadas pelo mundo fora, e no advento de uma nova era, que
tambm altamente tecnolgica, a Doutrina surgiu na Internet com o
apoio e incentivo do Presidente do Racionalismo Cristo.
Esta filosofia espiritualista e cientfica, est ainda a percorrer
caminhos difceis, na sua jornada imparvel, em direo a uma era mais
espiritualizada. O incio no foi fcil. Todas as grandes instituies,
todos os ideais, desde os primrdios da humanidade, tiveram que
passar pelas fases da fundao, consolidao e expanso. Isso tambm tem
acontecido com esta elevada Doutrina, que foi fundada pelos eternos
Luiz de Mattos e Luiz Thomaz e soberbamente consolidada pelo Mestre
Antnio do Nascimento Cottas.
Sendo o Racionalismo Cristo filosoficamente antidogmtico,
naturalmente uma Doutrina evolucionria, porque o dogma a anttese da
evoluo. E sendo assim, chegamos finalmente fase de expanso,
liderada por um homem de carter que tem presidido a esta Doutrina
com firmeza, dis