-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 387
AtuAlizAo
HiStRiA DA MEDiCiNAA VARolA No BRASil ColoNiAl
(SCuloS XVi E XVii)
Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel e Camila Andrade Pereira
da Rosa 1
RESUMO
Parte inseparvel e tenaz da vida animal, as doenas infecciosas
acompanharam e moldaram a histria do homem na terra, sobretudo
quando comeou a viver em aglomerados. No Novo Mundo, com a chegada
dos europeus, manifestaram-se como a guerra biolgica da conquista.
Atingindo uma populao indgena imunologicamente incapaz de
combat-las, a gripe, o sarampo e a varola selaram o destino de
milhes. Neste estudo, objetivamos relatar a catstrofe que
representou a varola para o Brasil, visto que matou de 30% a 50% de
suas vtimas indgenas, desestruturou toda a sociedade nativa, causou
danos imensos economia colonial e fomentou o trfico negreiro.
DESCRITORES: Histria da Medicina. Varola. Indgenas. Brasil
Colonial.
ABSTRACT
Smallpox in Brazilian Colonial Ages (16th and 17th
Centuries)
Infectious diseases, which are part and parcel of animal life,
have accompanied and shaped human history on earth, especially
since man began to live in clusters. In the New World, with the
arrival of the Europeans, they manifested as a biological war of
conquest. Hitting a native population immunologically incapable of
resisting them, influenza, measles and smallpox sealed the fate of
millions. The aim of this paper is to recount the catastrophe that
smallpox represented in the early history of Brazil, where it
killed 30 to 50% of native american victims, destroyed indigenous
society, caused immense damage to colonial economy, and promoted
slave traffic.
KEY WORDS: History of Medicine. Smallpox. Indians. Brazilian
Colonial Ages.
1 Centro de Cincias da Vida, Pontifcia Universidade Catlica de
Campinas, Campinas, So Paulo.
Endereo para correspondncia: Cristina B F M Gurgel, Rua MMDC, n
47, apto 101, Campinas, So Paulo, CEP 13025-139, Brasil. E-mail:
[email protected]
Recebido para publicao em: 15/5/2012. Aceito em: 30/10/2012.
10.5216/rpt.v41i4.21701
-
388 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
INTRODUO
Desde os primrdios de sua existncia, os homens buscaram vencer
os desafios que a fragilidade fsica lhes impunha. As doenas,
consideradas como reflexos de crenas, costumes e da organizao
social dos povos, por eles foram analisadas, sentidas e combatidas
de maneiras diferentes (19). Em comum, existia um apurado senso de
observao sobre as enfermidades: se eram autolimitadas ou crnicas,
se contagiosas e passveis de alguma forma de controle e, sobretudo,
se podiam ser combatidas. A teraputica, meramente emprica, era
apenas uma consequncia desta percepo e valia-se de anlises legtimas
sobre condutas de higiene ou do emprego de plantas medicinais at
rituais mgicos.
Misticismo, medo e superstio foram pontos convergentes para
todos os povos que, diante da ignorncia quanto s causas das doenas,
atribuam-nas ao sobrenatural. Por castigo diante de um mau
comportamento de seus protegidos ou por mero capricho, deuses,
semideuses e espritos eram considerados detentores do poder para
provocar e curar as enfermidades (1). A expresso mxima da ira
divina manifestava-se nas epidemias, conhecidas por pestes ou
pestilentias, cujo devastador poder de matar grandes contingentes
populacionais causava especial terror.
A natureza de muitas das epidemias descritas na histria
permanece incgnita pela falta de dados sobre sinais e sintomas,
sobre a evoluo clnica e as condies do incio e trmino do surto que
auxiliariam a elucidar o diagnstico. Este no foi o caso da maioria
dos surtos de varola (em sua forma major), um dos flagelos de maior
mortalidade que o homem conheceu e que marcou, definitivamente, a
histria das Amricas, em especial a do Brasil.
No presente estudo, objetivamos relatar a tragdia causada pela
varola na populao colonial brasileira nos sculos XVI e XVII,
partindo de uma viso voltada para a doena, para as formas de
combat-la e suas consequncias para a sociedade. Portanto, foi
realizada extensa reviso bibliogrfica em livros de histria e
narrativas contemporneas, assim como pesquisas nas fontes Scielo,
Medline e Lilacs entre os anos de 1996 e 2010. Os descritores
utilizados foram: Histria da Varola, Histria da Vacina, Varola no
Brasil, Varola/Erradicao.
A DOENA: CAUSA, ORIGEM E DISSEMINAO
Longo foi o caminho at que a cincia descobrisse o agente
etiolgico da varola, um Orthopoxvirus. Um dos mais resistentes e
maiores vrus conhecidos, ele suficientemente grande para ser visto
como um ponto no microscpio ptico. Seu genoma uma molcula linear
nica de DNA de fita dupla, cujo ciclo de multiplicao rpido e causa
morte celular (21, 40). Desde a erradicao da varola em 1977, este
micro-organismo est confinado em dois laboratrios, um nos Estados
Unidos e outro na Rssia, mas ainda hoje ele incita a preocupao
mundial sobre seus efeitos em uma populao no imunizada. A tragdia
anunciada seria
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 389
deflagrada por sua reexposio ao meio ambiente em um suposto
ataque terrorista; a escolha deste Orthopoxvirus seria factvel em
razo de suas assustadoras e peculiares caractersticas (14).
Uma das propriedades mais deletrias deste vrus sua capacidade de
sobreviver em restos de crostas de pele conservadas por at um ano.
Tal atributo confere-lhe uma espetacular infectividade, que no
sofre influncia do clima e tampouco determina predileo sobre gnero
ou idade de suas vtimas. Em um passado no to distante,
determinou-se que no meio ambiente a contaminao interpessoal podia
ocorrer tambm por contato com gotculas de saliva ou secrees
respiratrias de algum indivduo infectado (42).
O vrus penetrava pelas vias areas, multiplicava-se no local e,
pelos vasos linfticos, alcanava e se multiplicava nos linfonodos
regionais. Ao atingir a corrente sangunea, infectava bao, fgado,
medula ssea e demais rgos ricos em tecido reticuloendotelial.
Nesses rgos, multiplicava-se novamente para depois alcanar a
circulao pela segunda vez (27, 43).
Nessa fase, manifestavam-se os prdromos da molstia,
caracterizados por febre alta, mal-estar intenso, cefaleias, dores
musculares, nuseas e prostrao. Na forma clnica mais branda,
conhecida como minor, as manifestaes clnicas eram frustas e o
coeficiente de mortalidade girava em torno de 1%. Na forma major,
de expresses clnicas exuberantes, a vtima poderia tambm apresentar
dores abdominais e delrios. Somente durante a segunda viremia, o
agente causal atingia a pele (27, 43).
As leses pontuais na pele eram a manifestao mais notvel da
doena; delas originou-se o nome varola, do latim varius, pela
diversidade com que se apresentavam. Essas leses seguiam um curso
evolutivo definido de mcula, ppula, vescula, pstula, crosta e
cicatriz, sempre acompanhadas por toxemia. A molstia, tambm
conhecida como bexiga, podia tambm revelar-se de uma forma
fulminante, denominada prpura variolosa, manifestao em que as
vtimas eram rapidamente levadas morte, sem que houvesse tempo para
a erupo de leses varilicas propriamente ditas. A pele tornava-se
frivel, descolava-se ou formava bolhas (27). Esta terrvel
apresentao da varola estava relacionada falta de resposta imune do
doente diante da infeco viral. possvel que, nestas ocasies, a doena
tenha sido subdiagnosticada, j que no havia a presena das tpicas e
milenarmente conhecidas manifestaes cutneas.
Acredita-se que a varola tenha eclodido cerca de 10 mil anos
a.C., quando surgiram os primeiros assentamentos agrcolas humanos
(24). Possivelmente originria da ndia, espalhou-se pela sia e
frica, tornou-se endmica em muitas regies e atingiu a Europa
durante a Idade Mdia. Deixava um rastro de morte por onde passasse
e, sem que fosse exceo regra, foi atribuda ao sobrenatural nas mais
diversas sociedades por ela vitimadas.
Diante de uma velha inimiga, comunidades da sia e frica adoravam
divindades provocadoras ou protetoras, como Sitala Mata (ndia),
Ma-Chen e Pan-Chem (China) e Sopona (frica yorubs; no Brasil foi
introduzido com os
-
390 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
nomes de Omulu e Obalua) (25). Na Europa crist, Deus, irado
pelos pecados cometidos pelos homens, foi responsabilizado pelo
envio de surtos que dizimavam de mendigos a reis. Ele tambm faria
sentir o peso de sua fria sobre as populaes amerndias pags.
No sculo XVIII, quando finalmente surgiu a vacina, a doena havia
sido uma das maiores causas da queda populacional nativa americana
e era ainda responsvel pela morte de, aproximadamente, 400.000
europeus ao ano (3, 10).
A VAROLA NAS AMRICAS E A SITUAO BRASILNDIA APS A DESCOBERTA
Em sua marcha galopante, a varola acompanhou o ciclo das grandes
navegaes e alcanou o Novo Mundo a bordo de caravelas e galees. A
perda da populao nativa aps o descobrimento aconteceu em um curto
espao de tempo. Se no existem dvidas a respeito deste decrscimo,
sobram discusses sobre seus nmeros. Diferentes autores defendem uma
diminuio de 25% at fastigiosos 96% no nmero de habitantes
americanos de 1492 a 1650 (10). A despeito de no ser possvel
responsabilizar apenas a varola por este tenebroso quadro, sem
dvida ela exerceu um papel importante, corroborado por relatos de
sucessivas tragdias em todo o continente.
A Amrica do Sul foi integralmente contaminada at 1588 e supe-se
uma mesma relao de morbimortalidade entre os nativos de ambos os
lados dos Andes: 30% a 50% dos indgenas morriam logo nos primeiros
dias aps o contgio (2, 17).
As temerosas bexigas provavelmente chegaram ao Brasil a partir
de 1555, trazidas ao Rio de Janeiro pelos calvinistas franceses que
haviam ali fundado um pequeno ncleo populacional (17). O sonho da
Frana Antrtica falhou por diversos e notrios motivos que no cabem
ser discutidos neste artigo. Contudo, a pouco conhecida epidemia de
varola, iniciada entre os franceses e seus aliados indgenas,
contribuiu para tal fracasso por ter causado a morte de vrios
guerreiros, um baque final para uma empreitada que j galgava o
caminho do fracasso. No existem dados sobre a real gravidade do
surto, mas reconhece-se que o pior ainda estava por vir.
Uma epidemia iniciada em Portugal em 1562 teve repercusses
inesperadas e trgicas em seus domnios do outro lado do Atlntico. O
primeiro local atingido foi Itaparica e, em menos de um ano, a
doena foi reintroduzida em Ilhus, na Bahia. Dali se espalhou por
toda a costa brasileira, em especial nos aldeamentos e misses
fundados pelos jesutas. Entre os anos de 1563 e 1564, calcula-se
que nada menos de 30.000 brasilndios tenham morrido nos primeiros
90 dias aps a ecloso, mas como o surto se estendeu por vrios meses,
possvel que a mortalidade tenha sido ainda maior (17).
O jesuta Leonardo do Valle, em testemunho datado de 12 de maio
de 1563, denunciou a grande mortalidade em aldeamentos no Recncavo
Baiano, ao mesmo tempo em que frisava o carter punitivo que se
atribua doena :
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 391
[...] seu pecado foi castigado por uma peste to estranha que por
ventura nunca nestas partes houve outra semelhante [...] a
mortandade era tal que havia casa que tinha 120 doentes e a uns
faltavam j os pais, a outros os filhos e parentes e, o que pior ,
as mes, irms e mulheres, que so as que fazem tudo [...] faltando
elas no havia quem olhasse pelos doentes [...] havia muitas
mulheres prenhes que tanto que lhes dava o mal as debilitava de
maneira que botavam a criana [...] e destas prenhes quase nenhuma
escapava por toda a terra, nem menos as crianas [...] Finalmente
chegou a coisa a tanto que j no havia quem fizesse as covas e
alguns se enterravam [...]arredor das casas e to mal enterrados que
os tiravam os porcos [...]e o que mais para doer, que muitos
morriam sem confisso e sem batismo, porque era impossvel acudirem
dois padres a tanta multido... se morriam 12, caiam 20 [...] Bem me
parece que em cada uma daquelas trs aldeias morreria a terceira
parte da gente porque s em Nossa Senhora da Assuno haver dois meses
que ouvi dizer que eram mortas 1080 almas, e com tudo isso diziam
os ndios que no era nada em comparao da mortalidade que ia pelo
serto adentro [...]. (8)
O episdio narrado por Vale, com um tom de frustrao por no ter
havido tempo para a cristianizao de muitas vtimas, esteve longe de
ser o nico. Medo, desespero e morte foram registrados em novo surto
que atingiu o Esprito Santo em 1565. Ali os jesutas testemunharam
uma mortalidade to alta que, segundo eles, uma mesma moradia podia
servir como enfermaria para os doentes e cemitrio para os mortos
(6).
Em todos os relatos, havia o senso comum sobre o carter punitivo
da doena e, por este motivo, atribua-se a ecloso das epidemias
interferncia divina, fosse entre os indgenas, que andavam nus,
alimentavam-se de carne humana e, sobretudo, eram pagos, ou entre
os franceses que, apesar de cristos, representavam perigo aos
domnios lusitanos.
Em 1597, naus francesas teriam invadido e saqueado o castelo
portugus de Arguim, na costa da frica, e roubado a sagrada imagem
de Santo Antnio. Com seus inimigos vitimados pela varola, os
portugueses apressaram-se em atribu-la como penitncia dos cus.
Doentes e sob provaes a bordo de suas embarcaes, estes mesmos
franceses aportaram em terras brasileiras. Assim, causaram um novo
e avassalador surto, cujas maiores vtimas foram, novamente, os
indgenas (37).
A despeito de a varola atingir tambm a populao de origem
europeia e africana, maiores ndices de mortalidade pendiam sempre
para o lado nativo. Donos de um sistema imune incapaz de reconhecer
e combater o vrus letal, muitos indgenas teriam sucumbido diante de
formas clnicas graves da doena, como a major, ou particularmente a
mais atroz e relacionada baixa imunidade - a prpura variolosa.
Descries como a de Leonardo do Vale sugerem a presena
-
392 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
marcante da prpura, cujo quadro clnico estaria, muitas vezes,
sobreposto a infeces bacterianas secundrias. Assim, na ausncia das
tpicas leses variolosas, os religiosos no arriscavam um diagnstico
definitivo: H de quando em quando entre eles [ndios] como aconteceu
pouco tempo h, que pedaos lhes caam, com grandes dores e um cheiro
peonhentssimo [...] (5).
s epidemias seguia-se o drama da fome, pois no havia quem
pudesse cultivar a terra, e a desnutrio atingia principalmente a
populao brasilndia.
A incapacidade dos pajs em combater os males trazidos pelos
europeus e africanos foi uma das armas usadas pelos jesutas para a
sua desmoralizao. Relegados a um segundo plano, desmistificados
quanto s suas funes, os pajs passaram a ser desprezados e at
expulsos pelos demais membros de sua tribo: [...] vs, sim, padres,
viveis e no nossos feiticeiros que morrem como ns [...] (33).
Os aldeamentos e misses jesuticas tiveram marcante participao na
populao nativa por surtos epidmicos, apesar de involuntria. Ao
passarem a viver em aglomeraes e por esta razo em condies
comprometidas de higiene como eram as demais instalaes europeias da
poca , os indgenas tornaram-se um alvo fcil para doenas
infectocontagiosas (16). Assim, muitas destas misses resultaram em
fracasso.
Apenas durante o sculo XVI, os redutos jesuticos no Recncavo
Baiano sofreram sensvel arrefecimento, como as aldeias de So Paulo
(Brotas), Itaparica, So Miguel de Taperagu e de So Miguel de
Tapepitanga (20). Nelas, a populao morreu pela varola ou fugiu de
suas consequncias, como a fome e o medo de novos surtos. Os
sobreviventes partiam para o interior e, invariavelmente, levavam
consigo o vrus malfico.
Desta forma, falhava todo um esquema para a incorporao dos
nativos sociedade colonial. No interessava aos colonizadores, em
especial Metrpole, a alta mortandade indgena pela varola ou
qualquer outra doena que os levasse morte. Afinal, eles eram seus
escravos para os mais diversos servios, sua mo de obra nas lavouras
de cana, seus guias atravs dos sertes, seus soldados na defesa das
fronteiras e sua redeno perante a Igreja e o Papa. A exceo estava
nas ocasies em que a doena vitimasse alguma tribo inimiga que no
pudesse ser dominada.
As lutas travadas entre os portugueses e algumas tribos indgenas
por eles no subjugadas foram sangrentas e resultaram em muitas
mortes para ambos os lados. A situao para os colonizadores
complicava-se particularmente quando se formavam confederaes.
Numericamente superiores e lutando contra armas de fogo cujo poder
de matar estava aqum das centenas de flechas que podiam ser lanadas
ao mesmo tempo em que se disparava um tiro de arcabuz, os nativos
apresentavam-se em notria vantagem. Contudo, tal qual acontecera
com os demais indgenas americanos, surtos varilicos acabaram por
alcan-los e o resultado foi a inverso do desfecho de muitas
batalhas cuja vitria nativa parecia certa (20). Os maiores exemplos
so encontrados em narrativas de acontecimentos no Nordeste do
Brasil.
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 393
Ao invadir o territrio ocupado pelos Potiguares, que viviam
espalhados em 50 aldeias da Paraba at o Maranho, os portugueses
encontraram uma resistncia obstinada. Anos de lutas no foram
suficientes para subjug-los e, em 1597, os colonizadores tiveram de
enfrentar mais um entre seus numerosos problemas a varola. Com suas
tropas desfalcadas, eles foram forados retirada e os sobreviventes
voltaram Paraba deixando insepultas as vtimas da doena. O que de
incio parecia uma imensa desvantagem foi crucial para a inverso do
quadro. O contato com a pele, secrees ou roupas dos inimigos
infectados foi suficiente para o contgio indgena. Em pouco tempo,
os nativos, dizimados, desapareceram em extensas regies outrora
consideradas seus redutos intransponveis. A seguinte investida
militar portuguesa na barra de Natal (Rio Grande do Norte)
mostrou-se surpreendentemente tranquila, o que em nada indicava a
temida e tenaz ferocidade de seus ocupantes originais (23, 29).
Aps resistirem militarmente por 25 anos, o povo Potiguar
rendeu-se aos portugueses, aniquilado pela molstia. Os poucos
sobreviventes exaustos, famintos e desorientados acabaram
recrutados na luta contra outra tribo hostil, os Aimors (23, 29).
Estes seguiram destino semelhante e tombaram, do mesmo modo, diante
da varola.
PROBLEMAS NA ECONOMIA COLONIAL: A VAROLA NOS CAMPOS E
CIDADES
Os jesutas cedo reconheceram que grandes faixas de despovoamento
se formavam e que parte da culpa cabia escravizao em massa
praticada pelos colonizadores, alm da alta mortalidade nativa pelas
doenas infectocontagiosas. Da mesma forma, testemunharam a fuga
para o interior procura de liberdade e sade e o abatimento geral
que tomou conta das sociedades indgenas.
[...] Pelo que os pobres brasis, como de sua natureza so tristes
e coitados, entraram em tamanha melancolia, que os mais deles
morreram e se consumiram, outros fugiram pela terra dentro e no
pararam seno dali a cento e duzentas lguas, e deixaram a fralda do
mar despovoada.
(32)
Durante a invaso holandesa, os batavos relataram que entre 1645
e 1646 dificilmente conseguiriam mobilizar 300 guerreiros na
capitania do Rio Grande (do Norte), ao passo que 80 anos antes os
nmeros seriam da ordem de 100 mil. O prprio Brasil holands assistiu
impotente a uma das epidemias de bexigas que alcanou a Bahia em
1641 e logo depois o Rio de Janeiro. O surto teria comeado entre
escravos importados do Quilombo dos Corvos, lugar da frica Central
assim designado pelo grande nmero daquelas aves ali encontradas aps
uma grande epidemia (2, 38).
-
394 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
A importao de escravos oriundos de regies endmicas era a
principal via de chegada da varola nas Amricas. Apinhados em
condies deplorveis nos navios negreiros, os africanos que
conseguiam sobreviver travessia atlntica eram uma importante fonte
de transmisso das mais diversas doenas infectocontagiosas.
Formou-se, assim, um cruel crculo de causa e efeito: quanto mais
indgenas morriam, maior se tornava a necessidade de mo de obra
africana que, doente, disseminava no Novo Mundo epidemias
avassaladoras (16).
Para a empresa colonial, tamanha mortandade era inadmissvel. As
lavouras de cana e a produo de acar nos engenhos espalhados pela
costa paravam por causa da falta de mo de obra. A economia rua. Em
1617, um requerimento entregue ao governador D. Luis de Sosa pela
Cmara de Olinda, em nome dos moradores, lavradores e senhores de
engenho de Pernambuco, solicitava moratria do pagamento de suas
dvidas por motivo da epidemia de bexigas que destrura as plantaes -
uma clara aluso extenso da tragdia que se instalara (22).
Outras atividades econmicas regionais igualmente rentveis tambm
passavam a enfrentar dificuldades. So Paulo, cuja economia era
baseada principalmente na captura de escravos indgenas, precisou
mudar as tticas de apresamento: se no sculo XVI elas se restringiam
s imediaes do rio Tiet (So Paulo), a partir da drstica diminuio no
nmero de nativos, entradas e bandeiras alastraram-se pelos sertes
procura dos Guaranis e, forosamente, passaram a integrar o circuito
comercial intercapitanias (28). Em 1637, registravam-se invases
paulistas na regio dos Patos (Rio Grande do Sul), com
aprisionamento de 70.000 a 80.000 almas. Tais incurses resultavam
na propagao de doenas a populaes que j haviam fugido de seus
algozes e respectivos males. Na regio do Prata, apenas 1.000 dos
7.000 escravizados teriam sobrevivido ao apresamento (7).
Sem controle sobre a doena, o sculo XVII testemunharia outros
desastrosos surtos varilicos, como os de 1621, 1631, 1642,
1662-1663, 1665-1666 e 1680-1684, todos iniciados nas capitanias ao
norte, ento o principal polo econmico do pas. Em 1695, descreveu-se
a primeira epidemia em rea correspondente ao atual estado do Rio
Grande do Sul, mas, em razo da grande extenso do mal em episdios
anteriores, provvel que outras tenham acontecido antes desta (9,
17).
A despeito de esses surtos serem sentidos principalmente nos
campos, principal agente da economia colonial, as pequenas e
incipientes vilas e cidades brasileiras tambm sentiam seus efeitos
nefastos. Na grande epidemia que atingiu Salvador (Bahia) em 1666,
descrita por Sebastio da Rocha Pitta (1660-1738), foi registrado
que casas com 40 ou 50 moradores no continham uma s pessoa s.
Crdula, rodeada por uma alta mortandade, a populao lotava as
igrejas em busca de perdo pelos pecados cometidos e aumentava ainda
mais a possibilidade de contgio (35).
Nesta mesma epidemia de 1666 e em outras que a antecederam e
sucederam, observava-se a total ineficcia das aes governamentais
quanto ao
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 395
combate, ao amparo s vtimas e implantao de medidas profilticas
eficazes. Quando chegou a Santos, a Cmara da vila de So Paulo
alardeou sobre os perigos de contgio, pois a epidemia espalhara-se
por toda a costa. Ordenou-se a formao de um cordo sanitrio em
localidades prximas de Cubato e no Alto da Serra e foi preciso
entrar em litgio com a Cmara de Mogi das Cruzes pelo no cumprimento
das ordens preventivas. Tal contenda entre as Cmaras, que hoje
pertenceriam ao estado de So Paulo, no foi exceo: as tentativas de
implantar medidas profilticas para impedir epidemias que chegavam
pelo mar resultavam em fracasso, descumpridas tanto por membros
mais abastados da sociedade quanto pelo clero e povo. Cartas e
gneros alimentcios, em especial o sal, eram contrabandeados entre o
planalto e o litoral sem uma represso efetiva, apesar das
tentativas de conter o incmodo intercmbio. As penas para aqueles
que quisessem alcanar Cubato ou Santos era uma multa de 200
cruzados ou cadeia de 30 dias para os que no pudessem pag-la, mas
at a ameaa de degredo de quatro anos para Angola chegou a ser
aventada. Como medida extraordinria e em vo, guardas tinham ordens
de atirar contra aqueles que pretendessem forar a passagem pelo
Caminho do Mar. Diante do fracasso destas tentativas desesperadas,
a varola irrompeu na vila de So Paulo e sua Cmara passou a
aconselhar os vizinhos para que no a visitassem [...] pera que asin
se evitassen os danos que podiam vir a esta dita vila [...]
(41).
Sem domnio sobre a varola, sem guarida e crente de sua culpa, a
populao valia-se da proteo divina. Em cada casa se ouviam rezas e
ladainhas sob a queima de velas e incensos, que tinham o inebriante
efeito de acalmar os aflitos. Afinal, desde os seus primrdios, o
Brasil no possua mdicos suficientes que atendessem sua espalhada
populao e a falta de assistncia humana conduzia a um inevitvel
apelo ao divino (16).
AS TENTATIVAS DE TRATAMENTO E PREVENO
Lutava-se contra a varola com as armas consideradas apropriadas,
e o valor simblico da teraputica tomava ainda maior relevncia.
Assim, nas receitas coloniais, de mdicos ou leigos, no faltavam
grandes doses de excremento de cavalo, pulverizado e tomado com
qualquer lquido, usado por ser proveniente de um animal que, pela
sua constituio fsica, transmitia a ideia de fora e vigor (39). Nas
Colees de Vrias Receitas, cuidadosamente elaboradas pelos jesutas e
publicadas no sculo XVIII, alm de excremento equino fresco,
recomendava-se a mistura de papoulas vermelhas (usadas como
sudorfero, narctico e antiespasmdico), bezortico do Curvo
(preparado que continha clculos extrados do sistema digestivo de
animais), arrobe de bagas de sabugo (considerado sudorfero e
contraveneno nas chamadas febres malignas) e gua comum (4).
O uso de substncias estranhas e repugnantes foi muito comum na
Europa at o advento da medicina cientfica. A origem desta peculiar
teraputica remonta Antiguidade e era muito utilizada por
sumerianos, assrios, egpcios e, em
-
396 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
menor proporo, por gregos e romanos. As formulaes teraputicas
continham substncias muito diversas e incluam vegetais, animais
(tecidos, rgos ou animais inteiros, que podiam ser triturados ou
carbonizados), fezes e urina (de origem animal ou humana); poucos
ou muitos desses elementos eram includos em uma s receita. Era a
chamada Dreckapotheke (em alemo, farmcia de excrementos) que,
trazida ao Brasil pelos colonizadores, associou-se tradicional
medicina indgena, particularmente rica no uso de plantas medicinais
(15). Havia uma peculiaridade na aceitao deste tipo de tratamento
alm de seu valor simblico: a crena da cura punitiva. Como a culpa
da doena era atribuda ao prprio doente, o uso de substncias abjetas
justificava-se por promover o sofrimento por meio do qual este
pecador se livraria de seus males. Desta forma, quanto mais amargo
e doloroso fosse o remdio, melhor efeito ele teria (34).
Contra a varola, a virulncia de suas manifestaes fazia com que o
arsenal teraputico parecesse ainda mais limitado. Alm da
Dreckapotheke e das sempre presentes rezas e sangrias, incluam-se
os banhos quentes. Nos aldeamentos e misses jesuticos, as vtimas
com febre e dores lancinantes eram submetidas remoo cirrgica da
pele que se desprendia de seus corpos (16).
No h indcios de que tenha sido praticada a variolizao no Brasil
nos primeiros dois sculos aps o descobrimento. A despeito de ser de
conhecimento milenar entre os povos orientais, esta tcnica chegou
Europa somente no incio do sculo XVIII pelas mos de Lady Mary
Montagu. A corte real inglesa interessou-se pelo mtodo, que passou
a ser chamado de bizantino em aluso a Bizncio (Constantinopla,
atual Istambul), local onde a nobre dama havia observado seus
efeitos. Na variolizao, pessoas sadias eram expostas a material
retirado de leses variolosas humanas, tal procedimento baseava-se
na constatao de que os sobreviventes a esta forma de contgio no
estavam sujeitos a novas infeces. A tcnica, entretanto, acarretava
altos ndices de mortalidade, j que o inoculado poderia desenvolver
diferentes manifestaes da doena, mesmo se o material das pstulas
variolosas tivesse sido obtido de indivduos com a forma branda da
varola (13).
Diante da mortal ameaa da doena sobre seus protegidos, o padre
carmelita Jos da Magdalena teria praticado a variolizao pela
primeira vez no Brasil por volta de 1720. O religioso, superior das
Misses do Rio Negro (Par) que incluam 26 povoaes, iniciou a prtica
entre os indgenas. Desta forma, segundo informaes da poca, o
religioso teria poupado a vida de um bom nmero de nativos (31). La
Condamine, que testemunhou os efeitos nefastos da epidemia que
atingiu o baixo Amazonas em 1743, lamentou que tal tcnica no
tivesse sido usada entre os ndios cativos naquele momento e
enfatizou:
H 15 ou 16 anos antes um missionrio carmelita das cercanias do
Par, vendo todos os seus ndios morrerem um aps o outro, e tendo
sido informado pela leitura de um jornal do segredo da inoculao,
que tanto
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 397
estardalhao fazia na Europa [...] ousou mandar inocular a varola
em todos os ndios que ainda no haviam sido atacados e no perdeu um
sequer [...]. (18)
CONSIDERAES FINAIS
Por centenas, seno milhares de anos, a varola foi um dos
flagelos que mais atingiu a humanidade. Quando o vrus causador
cruzou o Atlntico e se instalou no Novo Mundo, desencadeou uma das
maiores tragdias conhecidas em toda a histria.
De incio transmitida de maneira involuntria, a varola e suas
nefastas consequncias entre os indgenas no interessavam ao governo
portugus. Afinal, sua prpria populao era pequena, em nmero
insuficiente para um grande projeto de colonizao, e sofria com
surtos epidmicos de sarampo, tifo exantemtico, peste bubnica e a
prpria varola (36).
O territrio americano a conquistar e manter era enorme e, mais
interessante que despovo-lo, era suprir sua necessidade de mo de
obra para a agricultura (crises de fome eram recorrentes aps surtos
epidmicos pela falta de mos nas lavouras), firmar alianas militares
e garantir a posse das novas terras. Neste ltimo contexto, um
parecer do Conselho Ultramarino de 1695 concedeu aos brasilndios a
alcunha de Muralhas dos Sertes e os transformou em guerreiros a
servio da Coroa lusitana (12).
Contudo, a dura realidade dos trpicos e o conhecimento de que
roupas de varilicos podiam transmitir a doena fizeram com que
colonos utilizassem a varola como arma contra indgenas hostis. As
roupas que continham restos de pele contaminados pelo vrus eram
propositadamente expostas ao relento e recolhidas sob os curiosos
olhares nativos (26, 30). O aniquilamento destas tribos ao mesmo
tempo em que abria caminho para a colonizao europeia fomentava
ainda mais o trfico de escravos negros.
Na frica, a varola era endmica e, quando seu territrio era
assolado por grandes secas, a desestruturao social e a fome que se
seguiam propiciavam a captura mais fcil de escravos e o
aparecimento de epidemias. Desta forma, um problema climtico no
continente negro relacionava-se a perodos de maior trfico de
africanos e maior transmisso da varola nas terras carentes de mo de
obra (11).
Trazida a bordo de embarcaes vindas da Europa e frica, usada
como arma biolgica e causa de graves implicaes econmicas e sociais,
a histria da varola confunde-se com a prpria histria das Amricas e,
particularmente, do Brasil. As consequncias nefastas de sua presena
constituram o derradeiro delineamento de todo o continente e uma
das causas, seno a principal, de sua conquista. Afinal, diante da
falta de imunidade indgena contra doenas trazidas de alm-mar, as
guerras tencionadas ou de fato travadas contra os colonizadores j
estavam perdidas, antes de iniciadas.
-
398 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL
REFERNCIAS
1. Ackerknecht EH. Medicina y Antropologia Social. Estudios
Vrios. Traduccin Castellana ampliada. Madrid, Akal Editor,
1985.
2. Alencastro LF. O Trato dos Viventes: Formao do Brasil no
Atlntico Sul. Companhia das Letras, So Paulo, 2000.
3. Braudel F. As Estruturas do Cotidiano. Civilizao Material,
Econmica e Capitalismo Sculos XV a XVIII. Martins Fontes Editora,
So Paulo, 1997.
4. Calainho DB. Jesutas e Medicina no Brasil Colonial. Tempo 10:
61-75, 2005.5. Carta de Baltazar Fernandes ao Colgio de Coimbra.
05/12/1567. In: Monteiro JM. Negros da
Terra. ndios e Bandeirantes nas Origens de So Paulo. So Paulo,
Companhia das Letras. 2 Reimpresso, 1994.
6. Carta Jesutica. In: Nemesio V. O Campo de So Paulo. A
Companhia de Jesus e o Plano Portugus do Brasil. Lisboa 3 Edio.
1971.
7. Carta de Loureno de Mendona (referindo-se expedio de Luis
Dias Leme). Splica a sua Majestade. 1637. IHGB, lata 219.doc 17.
In: Monteiro, JM. Negros da Terra. ndios e Bandeirantes nas Origens
de So Paulo. So Paulo, Companhia das Letras. 2 Reimpresso,
1994.
8. Cartas Avulsas (1550-1568). Carta do Padre Leonardo do Valle
da Bahia para o Padre Gonalo Vaz, Provincial da Companhia de Jesus
de Portugal, aos 12 de Maio de 1563. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1887. Fac-simile do rosto do livro Cartas Avulsas, edio
impressa e no publicada.
9. Crosby Jr W. Imperialismo Ecolgico. A Expanso Biolgica da
Europa. 900-1900. So Paulo, Companhia das Letras, 1998.
10. Cunha MC. Introduo Histria Indgena.
http://hemi.nyu.edu/course-rio/perfconq04/materials/text/intro_hist_indig.htm
Acesso em 23/07/2008.
11. Dauril A, Miller J. In: Chalhoub S. Cidade Febril. Cortios e
Epidemias na Corte Imperial. So Paulo, Companhia das Letras,
1996.
12. Farage N. As Muralhas dos Sertes: os Povos Indgenas no Rio
Branco e a Colonizao. Dissertao de Mestrado Unicamp, 1996.
13. Fernandes T. Vacina Antivarilica: seu Primeiro Sculo no
Brasil (da Vacina Jenneriana Animal). Hist Cienc Sade Manguinhos,
6: 29-51, 1999.
14. Fiocruz. Glossrio de Doenas Varola
http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=310&sid=6
Acesso em 7 de fevereiro de 2010.
15. Gurgel CBFM, Lewinsohn R. ndios, Jesutas e Bandeirantes. O
uso das Plantas Medicinais no Brasil Colonial. Anais de Histria de
Alm Mar X: 113-127, 2009.
16. Gurgel C. Doenas e Curas. O Brasil nos Primeiros Sculos. So
Paulo, Editora Contexto, 2010.17. Hopkins DR. Princes and Peasants.
Chicago and London, The University of Chicago Press, 1983.18. La
Condamine CM de. Viagem pelo Amazonas 1735-1745. Rio de Janeiro,
Nova Fronteira; So
Paulo, Edusp, 1992.19. Le Goff J. As Doenas tm Histria. Lisboa,
Terramar, 1985.20. Leite S. Histria da Companhia de Jesus no
Brasil. In: Hoornaert E, Azzi R, Grijp KVD, Brod B.
Histria da Igreja no Brasil. Tomo II/1; 4. Edio. Petrpolis,
Edies Paulinas, 1992.21. Levinson W, Jawest E. Microbiologia medica
e imunologia. 7.ed., Porto Alegre, Artmed, 2005.22. Livro Primeiro
do Governo do Brasil (1607-1633). Ministrio das Relaes Exteriores.
Seo de
Publicaes do Servio de Documentao. Departamento de Imprensa. Rio
de Janeiro. 1958.23. Luna L. A Resistncia do ndio Dominao do
Brasil. Rio de Janeiro, Editora Leitura, 1981.24. Martelli CMT.
Dimenso Histrica das Epidemias. Rev Patol Trop 6: 1-8, 1997.25.
Martins RA. A Varola e a Descoberta da Vacinao. In: Contgio.
Histria da Transmisso
das Doenas Transmissveis. Captulo 7. Disponvel em:
http://www.ifi.unicamp.br Acesso em 20/04/2008.
26. Martius KFP. Natureza, Doenas, Medicina e Remdios dos ndios
Brasileiros (1844). So Paulo, Companhia Editora Nacional, 1939.
27. Ministrio da Sade. Guia de vigilncia epidemiolgica. 6 edio,
Braslia, DF, 2007.
-
Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 399
28. Monteiro JM. Negros da Terra. ndios e Bandeirantes nas
Origens de So Paulo. So Paulo, Companhia das Letras. 2 Reimpresso,
1994.
29. Moonen F. Pindorama Conquistada. Repensando a Questo Indgena
no Brasil. Joo Pessoa, Editora Alternativa, 1983.
30. Ofcio do Ouvidor da Comarca de Ilhus Balthasar da Silva
Lisboa para Rodrigo de Souza Coutinho no qual lhe communica uma
interessante informao sobre a comarca de Ilhus, a sua origem, a sua
agricultura, comrcio, populao e preciosas matas. Cairu, 20 de Maro
de 1799. Anais da Biblioteca Nacional 36: 106-127, 1914.
31. Prat Fr A. Notas Histricas sobre as Misses Carmelitas no
Extremo Norte do Brasil Sculos XVII a XVIII. Recife, 1941.
32. Relao das Coisas que Fizeram os Padres da Companhia de Jesus
nas suas Misses do Japo, China, Tidore, Ternate, Ambino, Malaca,
Pegu, Bengala, Madur, Costa da Pescaria, Manar, Ceilo, Travancor,
malabar, Sodomala, Goa, Salcete, Lahor, Diu, Etipia a alta ou
Preste Joo, Monomotapa, Angola, Guin, Serra Leoa, Cabo Verde e
Brasil nos anos de 1600 a 1609 e do processo da converso e
cristandade daquelas partes: tiradas das cartas que os missionrios
de l escreveram. Padre Ferno Guerreiro. Tomo I. 1600 a 1603.
Coimbra, Imprensa da Universidade. Livro Quarto. Captulo Primeiro.
1930.
33. Rezende MLC. Entre a Cura e a Cruz. Jesutas e Pajs nas
Misses do Novo Mundo. In: Artes e Ofcios de Curar no Brasil.
Chalhoub S, Marques VRB, Sampaio GR, Galvo Sobrinho CR (orgs).
Campinas, Editora Unicamp. 2003.
34. Ribeiro MM. A Cincia dos Trpicos: a Arte Mdica no Brasil do
sculo XVIII. So Paulo, Editora HUCITEC, 1997.
35. Rocha Pitta S. Histria da Amrica Portuguesa. Bahia, Imprensa
Econmica. 1878.36. Rodrigues T. Crises de Mortalidade em Lisboa nos
Sculos XVI e XVII. Lisboa, Livros Horizonte,
1990.37. Santos Filho L. Historia Geral da Medicina no Brasil.
So Paulo, Editora da Universidade de So
Paulo, 1977.38. Schatzmayr HG. A Varola, uma antiga inimiga. Cad
Sade Pblica 17: 1525-1530, 2001.39. Southey R. Histria do Brasil.
Volume I. 4 Edio Brasileira. So Paulo, Edies Melhoramentos,
1977.40. Strohl WA, Rouse H, Fishers B, Harvey RA(Co-ord),
Champe P (co-ord). Microbiologia Ilustrada.
Porto Alegre, Artmed, 2004.41. Taunay AE. A Varola e o Sarampo.
Anais do Museu Paulista. Tomo 3. Dirio Oficial de So Paulo,
1927.42. Veronesi R. Doenas Infecciosas e Parasitrias. 7 Edio.
Rio de Janeiro, Editora Guanabara
Koogan, 1982.43. Veronesi R, Focaccia R. Tratado de
infectologia. vol. 1. 3.ed. Editora Atheneu. 2005.
-
400 REVISTA DE PATOLOGIA TROPICAL