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a valorização do património megalítico do Lousal (Grândola)

Feb 04, 2023

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Jorge Rocha
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Page 1: a valorização do património megalítico do Lousal (Grândola)

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150 anos

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COMEMORAÇÕES DOS 150 ANOS DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES

Comissão de Honra

Primeiro MinistroPresidente da Câmara Municipal de LisboaComandante Geral da Guarda Nacional Republicana Directora da Biblioteca Nacional de PortugalPresidente da Fundação Calouste GulbenkianPresidente do Centro Nacional de Cultura

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Textos

150 anos

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Page 4: a valorização do património megalítico do Lousal (Grândola)

Coordenação editorial: José Morais Arnaud, Andrea Martins, César NevesDesign gráfico: Flatland Design

Produção: DPI Cromotipo – Oficina de Artes Gráficas, Lda.Tiragem: 400 exemplaresDepósito Legal: 366919/13ISBN: 978-972-9451-52-2

Associação dos Arqueólogos PortuguesesLisboa, 2013

O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores. Sendo assim a As sociação

dos Arqueólogos Portugueses declina qualquer responsabilidade por eventuais equívocos

ou questões de ordem ética e legal.

Os desenhos da primeira e última páginas são, respectivamente, da autoria de Sara Cura

e Carlos Boavida.

Patrocinador oficial Apoio institucional

Page 5: a valorização do património megalítico do Lousal (Grândola)

Índice 15 Editorial José Morais Arnaud

1. Historiografia

19 As mulheres na Arqueologia Portuguesa Jacinta Bugalhão

25 História dos trabalhos arqueológicos no Vale do Rôto (Bombarral) Cláudia Manso

31 Eduardo da Cunha Serrão, a AAP e o projecto de Estudo da Arte Rupestre do Vale do Tejo Francisco Sande Lemos

39 Três décadas de escavações em Vila Nova de São Pedro (1937-1967) Maria Ribeiro / João Luís Cardoso

49 A descoberta do túmulo de São Torpes em 1591 Ricardo Pereira

57 Abel Viana e o mundo funerário romano do Norte Alentejano (Portugal) – perspectivas de uma leitura integrada Mónica Rolo

65 Alguns aspectos da história da epigrafia do conventvs Pacensis Pedro Marques

73 Cerâmica islâmica em Portugal: 150 anos de investigação Jaquelina Covaneiro / Isabel Cristina Fernandes / Susana Gómez / Maria José Gonçalves / Isabel Inácio / Constança dos Santos / Catarina Coelho / Marco Liberato / Jacinta Bugalhão / Helena Catarino / Sandra Cavaco

81 Arqueologia Urbana em Braga: balanço de 37 anos de intervenções arqueológicas Manuela Martins / Luís Fontes / Armandino Cunha

89 Arqueologia Urbana em Valença. Metodologias e resultados Luís Fonte / Belisa Pereira / Francisco Andrade

97 A Arqueologia urbana em Lisboa: análise da actividade arqueológica entre 2006 e 2011 e divulgação patrimonial João Araújo / Bernardo Cardoso / Inês Castelo / Giovanni Muccioli / Helena Reis / Sara Ruela

103 Estradas de Portugal, SA – Retrospectiva de 18 anos de atividade arqueológica (1995-2013) Carlos Ramos

2. Estudo, gestão e valorização

113 O registo arqueológico e a produção de conhecimento em Avaliação de Impacte Ambiental Gertrudes Branco

119 A Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) e a atividade arqueológica Alexandra Estorninho / João Marques / Ana Nunes

127 Os sistemas de Informação Geográfica na Arqueologia Portuguesa Célia Gonçalves

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135 A Carta Arqueológica de Avis. Reflexões sobre o Paleolítico Ana Cristina Ribeiro / Maria Margarida Salvador

141 Contributo para o conhecimento do concelho de Arraiolos: o projeto LAPA Leonor Rocha / Ivo Santos

151 Projeto de Investigação: História do Povoamento de Picote (HistPP) Daniela Ferreira / Filipe Costa Vaz

157 O projeto de investigação arqueológica do Núcleo do Castelo de Leiria: enquadramento, objetivos e resultados Vânia Carvalho / Isabel Inácio

165 Novos dados sobre o povoamento arqueológico na bacia do Rio Sado (Portugal). Resultados preliminares das prospeções do projeto SADO-MESO Leonor Rocha / Enrique Cerrillo Cuenca / Mariana Diniz / Pablo Arias / Ivo Santos / Raquel Liceras Garrido / Sergio Quintero Caballero / Jairo Naranjo Mena / Adara López López

171 O que faz falta à arqueologia para ser melhor e mais eficaz: algumas reflexões Vítor Oliveira Jorge / Florbela Estevão

179 Para a construção de uma Arqueologia Pública: memória e comunicação Miguel Lago / Alexandre Sarrazola

189 A valorização patrimonial e educativa de sítios paleolíticos: o exemplo da Foz do Enxarrique Luís Raposo / Silvério Figueiredo

197 Parques arqueológicos/culturais – espaços de socialização do Património: o caso do Vale do Côa José Paulo Francisco

205 A valorização do Património Megalítico do Lousal (Grândola) Nuno Inácio / Margarida Oliveira / Tânia Ferreira / Lara Alegre

213 O Projeto PAVT (Boticas, Portugal). Estudo, Valorização e Divulgação de uma Paisagem Cultural Luís Fontes / Bruno Osório / Mafalda Alves

219 A integração da memória da Mãe d’Agua de Mijavelhas na Estação do Campo 24 de Agosto Manuel Teixeira

227 Forte de São Lourenço (Olhão): Contributos para a valorização do património local Fátima Claudino

3. Pré-História

233 A utilização do quartzito no Pleistocénico médio em Portugal: exemplo do sítio da Ribeira da Ponte da Pedra (Alto Ribatejo) Sara Cura / Stefano Grimaldi / Pedro Cura / Pierluigi Rosina / Luiz Oosterbeek

243 Estruturas de habitat do final do Plistocénico Médio em Portugal: o caso dos Pegos do Tejo 2, Portas de Ródão, Nisa Nelson Almeida

251 A indústria lítica do Paleolítico Médio da Lagoa do Bando (Mação, Alto Ribatejo) Pedro Peça / Sara Cura / Pedro Cura / Hugo Gomes

259 A Gruta da Oliveira (Torres Novas, Portugal): arqueologia, estratigrafia e diacronia de uma jazida de referência para o Paleolítico Médio da Península Ibérica João Zilhão / Diego Angelucci / Thierry Aubry / Ernestina Badal / Jean-Philip Brugal / Rui Carvalho / Cristina Gameiro / Dirk Hoffmann / Henrique Matias / João Maurício / Mariana Nabais / Alistair Pike / Liliana Póvoas / Daniel Richter / Pedro Souto / Erik Trinkaus / Karine Wainer / John Willman

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269 O Solutrense em Portugal: novidades do século XXI João Cascalheira

277 A variabilidade regional das indústrias líticas do final do Paleolítico Superior em Portugal Cristina Gameiro / Thierry Aubry / Francisco Almeida

289 Uma primeira abordagem comparativa aos concheiros em Portugal e Japão – dos últimos caçadores-recolectores aos primeiros produtores de alimentos nos extremos da Eurásia Diana Nukushina

297 Crise no Mesolítico: Evidências Zooarqueológicas Simon Davis / Cleia Detry

311 Paisagens partilhadas? Novos dados sobre o povoamento Mesolítico e Neolítico antigo na costa Sudoeste alentejana Helena Reis

319 Fossas, fornos, silos e outros meios de produção: acerca da implantação das práticas produtivas no Neolítico antigo em Portugal Mariana Diniz

329 O Neolítico Médio no Maciço Calcário Estremenho: estado actual dos conhecimentos e perspectivas de investigação futura André Nunes / António Faustino de Carvalho

335 Cronologia dos recintos de fossos da Pré-História Recente em território português António Valera

345 Novos recintos de fossos no sul de Portugal: o Google Earth como ferramenta de prospecção sistemática António Carlos Valera / Tiago do Pereiro

351 Sítios da Pré-história Recente da Ribeira de Enxoé (Serpa): apontamentos acerca da variabilidade das estruturas em negativo Lídia Baptista / Sérgio Gomes

361 Estratégias de povoamento das comunidades do Neolítico final e Calcolítico no Vale da Ribeira de Alfundão (Ferreira do Alentejo, Portugal) César Neves / Andrea Martins / Marco Andrade / Adelaide Pinto / Bruno Magalhães

373 Povoado Calcolítico do Porto Torrão – Elementos de adorno Miguel Rocha / Paulo Rebelo / Raquel Santos / Nuno Neto

379 Povoado Calcolítico do Porto Torrão – Uma inumação em fossa Nuno Neto / Miguel Rocha / Raquel Santos / Paulo Rebelo

387 Depósitos faunísticos dos enchimentos das estruturas em negativo de planta sub-retangular alongada e em forma de “osso” da Pré-história Recente do interior alentejano Cláudia Costa / Sérgio Gomes / Lídia Baptista

397 Uma primeira abordagem à cerâmica decorada do 4º/3º milénio a.n.e. dos povoados de S. Pedro (Redondo) Catarina Costeira / Rui Mataloto / Conceição Roque

407 O Hipogeu da Barrada: um monumento funerário do Neolítico final / Calcolítico inicial em Aljezur Elisabete Barradas / Silvina Silvério / Maria João Silva / Cláudia Santos

417 Em torno ao conceito de “necrópole megalítica” na área da Ribeira Grande (Alto Alentejo, Portugal): monumentos, espaços, paisagens e territórios Marco Andrade

427 Astronomia e Paisagem no Megalitismo do Norte do País: problemas e perspectivas Fábio Silva

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435 Ídolomania: figuras antropomórficas e “ídolos de cornos” do recinto de fossos do Neolítico Final da Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora) Filipa Rodrigues

447 Reflexões em torno das placas de cerâmica com gravuras de Vila Nova de São Pedro (Azambuja) José Arnaud

457 Componentes de adornos de pedra verde de Vila Nova de São Pedro (Azambuja): estudo de proveniências e redes de troca no 3º milénio a.n.e. no actual território português Carlos P. Odriozola / Ana Catarina Sousa / Rui Boaventura / Rodrigo Villalobos

463 Estudo das evidências de produção metalúrgica no Outeiro Redondo (Sesimbra) Filipa Pereira / Maria João Furtado / António Monge Soares / Maria Fátima Araújo / Rui Silva / oão Luís Cardoso

469 Casal Cordeiro 5 e o povoamento (com) campaniforme na área da Ribeira de Cheleiros Ana Catarina Sousa

481 O espólio campaniforme do sítio pré-histórico do Freixo (Reguengo do Fetal, Batalha) Marco Andrade / Emili Ramos

489 O Povoado Pré-Histórico do Murtal (Cascais) Paulo Rebelo / Nuno Neto / Raquel Santos

495 A Pintura Rupestre Esquemática em Portugal: muitos sítios, mesmas pessoas? Andrea Martins

507 Abrigo Igreja dos Mouros – Esperança – Arronches no contexto da arte esquemática da Serra de S. Mamede Jorge Oliveira / Clara Oliveira

515 Um novo abrigo com Pintura Rupestre Esquemática: o Abrigo de Segura, ou como, só se encontra aquilo que se procura Andrea Martins / Luís Nobre

523 Pigmentos Pré-históricos na Península Ibérica: caracterização e técnicas de produção Hugo Gomes / Pierluigi Rosina / Luiz Oosterbeek

527 Trabalhos de Arte Rupestre do Vale do Tejo: cervídeos, análises e resultados Sara Garcês

537 O santuário rupestre da Várzea Grande (Ourique) Mário Varela Gomes / José Malveiro / João Ninitas

549 A Arte Rupestre Atlântica: Passado, Presente e Futuro Joana Valdez

557 Arte Menírica: Comparação Sistemática entre o Alentejo Central e o Barlavento Algarvio Eliana Goufa

4. Proto-História

563 Os metais da Idade do Bronze de Torre Velha 3 (Serpa) e os seus contextos arqueológicos Eduardo Porfírio / Miguel Serra / Pedro Valério / António M. Monge Soares / Maria Fátima Araújo / Rui J.C. Silva

573 Dinâmicas de interacção cultural no Bronze Médio – a cerâmica decorada do sítio da Fraga dos Corvos (Macedo de Cavaleiros) como estudo de caso Elsa Luís

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581 O Sítio do Corgo. Uma estação da Idade do Bronze em Vila do Conde Iva Botelho

591 Os Machados Bujões/Barcelos e as Origens da Metalurgia do Bronze na Fachada Atlântica Peninsular Senna Martinez / Elsa Luís / J. Reprezas, / F. Lopes / E. Figueiredo / M. F. Araújo / R. J. C. Silva

601 A Arrábida no Bronze Final – leituras e narrativas Ricardo Soares

609 Estudo de metais e vestígios de produção do povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja) Pedro Valério / António Monge Soares / Maria de Fátima Araújo / Rui Silva / Ana Osório / Eduardo Porfírio / Miguel Serra

617 Afinal havia outra… Testemunhos de uma fase de ocupação mais antiga, na Vila de Arraiolos Sara Almeida / Ricardo Costeira da Silva / Cidália Matos

625 As estelas de Castelões e as representações proto-históricas do poder Armando Coelho / João Ribeiro Parente / Maria José Lobato / Raquel Jorge

633 Tartessos e Tartéssios, de Estesícoro a Éforo Pedro Albuquerque

641 Conjuntos cerâmicos da Idade do Ferro do teatro romano de Lisboa: as cerâmicas de engobe vermelho Marco Calado / João Pimenta / Lídia Fernandes / Victor Filipe

651 A cerâmica de tipo Kuass de Monte Molião (Lagos) Elisa Sousa / Ana Margarida Arruda

661 A Necrópole da Nora Velha 2 (Ourique). Novos dados e interpretações 20 anos após a sua escavação Rui Monge Soares / Artur Martins

671 Um depósito fundacional do século II a.C. em Mesas do Castelinho (Almodôvar). Uma análise preliminar Susana Estrela

681 Por um fio: tipologia e função do conjunto de cossoiros de Cabeça de Vaiamonte (Monforte/Portugal) Teresa Pereira

693 Continuidade e mudança nas estratégias agrícolas na Idade do Ferro e Época Romana no noroeste peninsular João Tereso

703 Vissaium. A Idade do Ferro em Viseu Nádia Figueira / Carla Santos / Sónia Cravo

5. Antiguidade Clássica e Tardia

711 O conceito de “romanização” e o panorama académico português Vicenzo Soria

717 A cerâmica campaniense proveniente dos sítios arqueológicos da cidade de Lisboa. Uma abordagem preliminar Vanessa Dias

727 Ânforas romanas de época imperial de Monte Molião (Lagos): as Dressel 20 Catarina Viegas / Ana Arruda

737 50 anos depois: as ânforas romanas da Praça da Figueira Rui Almeida / Victor Filipe

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747 O fundeadouro romano da Praça D. Luís I Jorge Parreira / Marta Macedo

755 Complexo industrial romano de preparados de peixe da Baixa. Sua abordagem a partir de dois novos equipamentos Clementino Amaro / Cláudia Manso / Eurico Sepúlveda

765 Teatro Romano de Olisipo: a marca do novo poder romano Lídia Fernandes

775 A Terra Sigillata do acampamento militar romano de Alto dos Cacos (Almeirim) Rodrigo Banha da Silva / João Pimenta / Henrique Mendes

785 O Complexo Mineiro Romano de Tresminas e Jales Carlos Batata

793 As termas medicinais romanas de Chaves Sérgio Carneiro

803 O ritual funerário nos agri olisiponensis. Novos contributos para a sua caracterização Alexandre Gonçalves

813 Vidros romanos das necrópoles de Alcácer do Sal em depósito no Museu Nacional de Arqueologia Francisco Gomes

821 Notícia sobre a cerâmica comum da cidade de Ammaia: almofarizes de importação Bética Vitor Manuel da Silva Dias

827 Uma insula em Vissaium Sónia Cravo

835 Caracterização isotópica do Pb em glandes plumbeae do Alto dos Cacos (Almeirim) Susana Sousa Gomes / Pedro Valério / Maria de Fátima Araújo / António M. Monge Soares / Amílcar Guerra

841 Torre Velha 1: uma villa na Antiguidade Tardia Teresa Ricou / Ana Gonçalves / Consuelo Gómez

849 Um contexto tardo-antigo do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, (NARC), Lisboa Carolina Grilo / Carlos Fabião / Jacinta Bugalhão

859 Enterramentos infantis Tardo-antigos na Rua de São Nicolau (Lisboa) Sílvia Casimiro / Rodrigo Banha da Silva

865 O Casal Tardo-Romano da Malafaia (Arouca), exemplo de uma modalidade de ocupação romana menos conhecida no Norte de Portugal António Manuel S. P. Silva / Paulo A. P. Lemos / Manuela C. S. Ribeiro

873 A desagregação do comércio Mediterrânico no Baixo-Guadiana Tardo Antigo: análise da Terra Sigillata Africana e Foceense tardia Edgar Fernandes

883 O Castelo de Crestuma (Vila Nova de Gaia) e a ocupação Tardo-Antiga no Baixo Douro António Manuel Silva / J. A. Gonçalves Guimarães

895 Um forno Alto-Medieval na Villa Romana da Herdade do Pomar/Monte da Ramada 1 (Ervidel)

Luís Fialho / Consuelo Gómez / Vânia Pirata

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6. Época Medieval

903 Paisagem e povoamento rural no troço médio do vale do Guadiana entre a Antiguidade Tardia e a Idade Média João Marques

913 Quinta da Granja 1 (Maiorga, Alcobaça): novos dados sobre o povoamento da Estremadura na Alta Idade Média Cristina Gonzalez

923 O bairro de Madina Yabura Vanessa Filipe

931 Rituais Funerários na Necrópole Medieval Islâmica de Beja Inês Martins e Raquel Santos

937 Silos medievais da Travessa das Capuchas (Santarém): estruturas e cultura material Carlos Boavida / Tânia Casimiro / Telmo Silva

947 Aspetos formais, técnicos e culturais do universo cerâmico da Santarém medieval. Uma análise preliminar Marco Liberato / Helena Santos

955 Um fragmento de maqabrıyya mudéjar de Santarém Gonçalo Lopes / Helena Santos

961 Castelo de Castelo Branco: achados fortuitos nas colecções do Museu Francisco Tavares Proença Júnior Carlos Boavida

969 A Torre de Anto na história das muralhas da cidade de Coimbra à luz das novas evidências arqueológicas Susana Temudo / Luísa Silva

979 Estelas Funerárias Medievais, do Distrito de Beja – Formas, Suportes e Iconografia José Malveiro

987 São João da Pesqueira: Subsídios para o estudo do território medieval André Donas-Botto

995 Produção monetária em Portugal Tiago Gil Curado

999 Contributo para o estudo de Monsaraz – Os resultados das escavações arqueológicas no revelim de São João Margarida Ataíde

7. Época Moderna e Contemporânea

1011 Edifício Sede do Banco de Portugal em Lisboa. Um primeiro balanço dos trabalhos arqueológicos Artur Rocha / Jessica Represas / João Miguez / Joana Rosa Inocêncio

1019 Prisão do Aljube no séc. XVI – vidros, majólica italiana e cerâmica esmaltada espanhola Clementino Amaro / Vanessa Filipe / José Pedro Henriques / Cláudia Manso

1025 Redescobrindo a História de Carnide: a Intervenção Arqueológica no Largo do Coreto e Envolvente Ana Caessa / Nuno Mota

1033 A evolução de um contexto habitacional de Idade Moderna, no Beco das Barrelas, Alfama Filipe Oliveira / Vasco Vieira

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1041 A memória de um espaço urbano - Trabalhos de acompanhamento arqueológico na reabilitação do n.º 2 da Rua da Saudade (Freguesia de Santiago, Lisboa) Sara Prata, Diana Dias e Fábian Cuesta-Gómez

1049 Pátio Linheiro, Largo dos Trigueiros: um exemplo da Lisboa seiscentista André Bargão e Sara Ferreira

1057 Convento de Santana (Lisboa). Estudo preliminar do espólio da fossa 7 Rosa Varela Gomes / Mário Varela Gomes / Mariana Almeida / Carlos Boavida / Dário Neves / Kierstin Hamilton / Carolina Santos

1067 Intervenção Arqueológica no Beco do Loureiro Raquel Santos, Paulo Rebelo e Nuno Neto

1079 A Fonte Setecentista da Quinta de Santo António da Boiça – Olivais Velho (Lisboa) António Valongo / Marco Calado

1085 A Casa dos Bicos: estudo arqueológico de um espaço e quotidiano palaciano na Lisboa ribeirinha (séculos XVI-XVIII). Análise preliminar Inês Pinto Coelho

1091 Subsídios arqueológicos para a História da Igreja do Convento do Carmo (Lisboa) António Marques / Margarida Bastos

1103 Panorama geral do espólio osteológico exumado na necrópole do extinto Hospital Real de Todos os Santos (Lisboa, século XV a XVIII) Francisca Alves Cardoso / Sílvia Casimiro / Sandra Assis

1111 A necrópole Medieval/Moderno de Arruda dos Vinhos Nathalie Antunes Ferreira / Guilherme Cardoso / Filipa Santos

1119 Igreja Matriz do Colmeal (Góis): um espaço sepulcral do século XV ao século XIX Rui Pinheiro / Zélia Rodrigues

1129 O Castelo de Almeida: origem medieval, reformas manuelinas e reutilização moderna. Balanço de um projecto de investigação e valorização arqueológica André Teixeira / Luís Gil

1139 Necrópole da Igreja de Nossa Senhora da Pena (Castelo de Leiria) – primeiros resultados Vânia Carvalho / Isabel Inácio / Marina Lourenço / Sandra Assis

1145 Objectos do quotidiano na pintura de Josepha d’Ayalla. Imaginário ou realidade arqueológica? Joana Gonçalves

1155 As cerâmicas de importação do Convento de Jesus de Setúbal: majólicas italianas e porcelanas chinesas Mariana Brito Almeida

1163 O Mercado da Aguardente no Jardim do Marquês do Pombal Luís Gomes / Iva Botelho

1175 Contributos para uma arqueologia moderna e contemporânea em contextos terrestres do arquipélago dos Açores Ana Catarina Garcia / Brígida Baptista

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8. Paisagens Culturais Ribeirinhas e Marítimas

1185 Entalhes, mechas e cavilhas: evidências de um navio romano na Praça D. Luís I (Lisboa) Cristóvão Fonseca / José Bettencourt / Teresa Quilhó

1193 Orla ribeirinha de Lisboa: contextos náuticos de Época Moderna (recentes descobertas) Alexandre Sarrazola

1197 A paisagem cultural marítima da Ria de Aveiro (sécs. XV-XIX): uma primeira abordagem Patrícia Carvalho

1207 Projecto de Carta Arqueológica do Concelho de Lagos (2006-2010): História e desenvolvimentos Tiago Fraga

1213 A Paisagem Cultural Marítima de Cascais: o modelo de investigação e de Gestão do Litoral Jorge Freire / António Fialho

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205 Arqueologia em Portugal – 150 Anos

a valorização do património megalítico do lousal (grândola)Nuno Inácio / Departamento de Prehistoria, Universidade de Huelva / [email protected]

Margarida Oliveira / Centro Ciência Viva do Lousal / [email protected]

Tânia Ferreira / Centro Ciência Viva do Lousal / [email protected]

Lara Alegre / Centro Ciência Viva do Lousal / [email protected]

RESUMO

A antiga aldeia do Lousal, localizada em plena Faixa Piritosa Ibérica, guarda um vasto conjunto patrimonial

associado aos trabalhos mineiros que aí se desenvolveram durante o século XX. Na região, são conhecidos

cerca de duas dezenas de monumentos megalíticos que atestam a ocupação deste território por comunidades

que perpetuaram a sua memória através da construção de grandes túmulos que serviram de sepultura aos

antepassados. O Centro Ciência Viva do Lousal, em colaboração com a Câmara Municipal de Grândola e a Junta

de Freguesia de Azinheira de Barros e São Mamede do Sádão, tem desenvolvido um conjunto de iniciativas

que visam a promoção e a salvaguarda deste vasto património megalítico, estabelecendo uma ponte entre o

património geológico, mineiro e arqueológico da região.

ABSTRACT

Lousal village, located in the Iberian Pyrite Belt, has an important industrial heritage associated with the mining

work developed during the 20th century. Moreover, in this region, two dozens of megalithic monuments are

known, attesting the occupation of this territory by communities that perpetuated its memory by building

large burial tombs. The Ciência Viva Centre of Lousal, in collaboration with local authorities, has developed a

set of initiatives aiming promotion and protection of the ancient heritage, establishing a link between Geology

and Archaeology.

1. INTRODUÇÃO

A mina do Lousal (Concelho de Grândola) constitui, hoje, um exemplo de sucesso na reabilitação eco-nómica e social de uma mina abandonada da Faixa Piritosa Ibérica (Relvas, Pinto e Matos, 2012). Após o seu encerramento em 1988, a Câmara Munici-pal de Grândola e a antiga concessionária mineira SAPEC, através da Fundação Frédéric Velge, reu-niram sinergias com o intuído de fomentar um de-senvolvimento socioeconómico da aldeia do Lousal, concebendo um projeto integrado com a designação de RELOUSAL. O sucesso alcançado tem passado, em grande me-dida, pela promoção do património geológico, ar-queológico, industrial e mineiro como garante da per petuação da memória e da identidade desta aldeia. Em 2012, o Centro Ciência Viva do Lousal, a Câmara Municipal de Grândola e a Junta de Freguesia de Azi-

nheira de Barros e São Mamede do Sádão iniciaram um projeto de valorização, salvaguarda e proteção do vasto património megalítico da região, estabelecen-do uma ponte entre o património geológico, mineiro e arqueológico através do desenvolvimento de ex-periências lúdicas e pedagógicas sob o mote Explo rar Ciência, Extrair Conhecimento e Perpetuar Memórias.

2. DO ESPAÇO FÍSICO AO ESPAÇO SOCIAL

A Faixa Piritosa Ibérica é uma das províncias me-talogenéticas mais ricas do mundo em depósitos de sulfuretos polimetálicos (Oliveira et al, 2006). As mais antigas evidências de mineração remon-tam aos inícios do III Milénio A.N.E. (Nocete et al, 2011). É, contudo, durante o período romano que a mineração alcança grande dinamismo, ampliando, convertendo ou inaugurando novas minas, intro-duzindo novos métodos de lavra (poços e galerias)

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e adotando complexos sistemas de escoamento de águas que permitiram a exploração das massas de minério lo calizadas a grandes profundidades. As principais áreas mineiras com exploração industri-al, como por exemplo São Domingos, Aljustrel ou Caveira, apre sentam inúmeras evidências de min-eração e metalurgia romana, como poços, galerias, escoriais e materiais diversos que atestam a exten-são destas atividades (Alarcão, 1988; Domergue, 1987; Matos et al, 2011). A partir de meados do século XIX, assiste -se a uma verdadeira febre mineira para dar resposta à con-tínua industrialização do país. Importa men cionar que os primeiros direitos de exploração mineira em Aljustrel foram concedidos em 1847, em São Domingos a concessão data de 1858 e na Caveira a primeira concessão é de 1863 (Guimarães, 1996). No que concerne à mina do Lousal, os testemunhos existentes, provavelmente de origem romana, re-sumem -se a uma galeria cortada transversalmente pela estrada de acesso ao complexo mineiro mo-derno e visível atualmente num talude. De época romana data também o denominado Castelo do Lousal, um conjunto fortificado com muralha e fos-so situado a 1 km a norte da mina, implantado num esporão rochoso sobre a ribeira de Espinhaço de Cão e parcialmente amputado durante a construção do pilar sul da ponte ferroviária da Linha do Sul. Entre o material recolhido por Manuel Matheus (1895), contam -se algumas moedas, cerâmica de cons-trução e de armazenamento e vestígios de es córias, demonstrando, deste modo, a vocação mineira e me talúrgica do sítio.

3. DO FUNDO DA MINA À ACTUALIDADE

O encerramento da mina do Lousal, em 1988, dei-xou uma pesada herança: uma paisagem deprimida, um tecido económico fragmentado, cicatrizes so-ciais insanáveis e um território degradado do ponto de vista ambiental (Rodrigues, 2005).Menos de dez anos após o encerramento do couto mineiro, foi possível promover no Lousal um pro jeto de desenvolvimento integrado, capaz de reabilitar o tecido social e económico da região e promover a re-cuperação ambiental, dando ênfase às componentes museológica, cultural e turística. O Projeto RE LOU-SAL deu suporte a diferentes ações como a formação profissional de antigos tra balhadores, a valorização do património industrial e mineiro, a requalificação

do espaço urbano e a minimização do impacto am-biental resultante dos antigos trabalhos mineiros, in-vestindo, para lelamente, na divulgação e promoção científica, pa trimonial, cultural e turística da aldeia do Lousal (Ma tos e Oliveira, 2003) Para a realização da parte cultural foi convidada a Asso ciação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) que se encarregou de desenvolver o Projecto de Musealização da mina do Lousal (Santos e Tinoco, 1998; Tinoco, Matos e Santos, 1998). O Museu Mi-neiro do Lousal, instalado na antiga central elétrica, foi desenhado para ser um dos polos de dinamização da aldeia, orientando a sua estratégica na compo-nente Cultural, Científica e Pedagógica. Esta infraes-trutura foi pensada para ser um espaço polinucleado, cen trando o seu protagonismo no património edi-ficado e na identidade partilhada por mineiros, tra-balhadores e familiares. O programa expositivo foi direcionado essencialmente para três vertentes: a his tória geológica, a história mineira e a arqueologia e história do Lousal. Entretanto, a abertura ao público do Centro Ciência Viva do Lousal – Mina de Ciência em 2010, integrado na Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, constituiu um mar co na di-vulgação, valorização e interpretação do património local. Este Centro, instalado na antiga casa do ponto, casa das lanternas, oficinas e balneários dos mineiros, está vocacionado para a temática dos georrecursos e privilegia a interatividade com o público através de módulos hands on (Matos e Relvas, 2006; Relvas, Pinto e Matos, 2012).

4. O PATRIMÓNIO MEGALÍTICO DO LOUSAL

As primeiras referências concretas à existência de monumentos megalíticos nesta região devem--se a Francisco António Pereira da Costa, distinto Geólogo da Comissão Geológica do Reino e Pro-fessor na Escola Politécnica, ao publicar, em 1868, um vasto corpus de antas e dólmenes de Portugal que havia apresentado um ano antes no Congresso de Antropologia e Arqueologia pré -histórica que decorreu em Paris (Costa, 1868). Nesta obra o autor descreve alguns monumentos da região do Lousal e Azinheira de Barros (Monte Branco, Panasqueira, Monte da Algeda 1 e Monte da Algeda 2) baseando--se, contudo, em informações orais sem nunca au-tenticar a sua veracidade. No que concerne aos casos do Monte da Algeda, as descrições reproduzidas por

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Pereira da Costa deixam a hipótese de se tratar, na realidade, do monumento posteriormente inter-vencionado intervencionado por Octávio da Veiga Ferreira e Rodrigues Cavaco e denominado por anta da Pata do Cavalo (Ferreira e Cavaco, 1957). Teremos que esperar até meados do século XX para encontrar novas referências ao património megalíti-co do Lousal. Em Abril de 1952, durante trabalhos de prospeção e sondagens do Serviço de Fomento Mineiro na zona, é detetado por António Rodrigues Cavaco, e ulteriormente escavado sob a direção de Octávio da Veiga Ferreira, o monumento megalítico do Lousal (Lousal 1) (Ferreira e Cavaco, 1952). Os mesmos autores publicam um novo trabalho em 1957 onde dão a conhecer outros monumentos na mesma zona (Lousal 2 e Lousal 3) e nas imediações da aldeia de Azinheira dos Barros (Monte das Boiças 1 ou anta da Pata do Cavalo, Monte das Boiças 2 e Monte das Boiças 3) (Ferreira e Cavaco, 1957). Nos últimos anos têm vindo a ser identificados no vos monumentos (Lousal 4, Lousal 5, Lousal 6 e Monte Serôdio), ampliando, ainda mais, a im portância pa-tri monial e científica do megalitismo da região. Atualmente, encontram -se inventariados doze mo-numentos megalíticos na região do Lousal e Azi-nhei ra de Barros, entre casos conhecidos e relo-calizados, monumentos inéditos e outros dos quais apenas se dispõe informação bibliográfica (Figura 1). O fenómeno megalítico na região do Lousal dis-tribui -se pelas faldas ocidentais da serra de Grândola, estruturado ao redor de uma paisagem de terrenos levemente ondulados que configuram um anfiteatro natural com ampla visibilidade para sul, dominando os terrenos da cobertura sedimentar do Sado, não sendo raro observar -se, desde alguns pontos, os re-levos de Aljustrel e, no horizonte, a serra do Caldeirão. A sua distribuição geográfica permite vis lumbrar a existência de duas concentrações que definem nú-cleos que aparentemente partilham laços ter ritoriais e paisagísticos. As mais importantes ocor rências, em total de nove, registam -se a norte da aldeia do Lou sal. Este núcleo, o mais extenso, define -se não só pela proximidade geográfica que os monu-mentos revelam como pela intervisibilidade que manifestam. Um outro núcleo, constituído por três sepulturas, localiza -se a noroeste e é for mado pelos monumentos do Monte das Boiças, sen do a anta da Pata do Cavalo o único caso ainda conservado.Neste conjunto sobressaem, pela sua singularidade tipológica assim como pelo espólio documentado

durante as intervenções arqueológicas, os monu-mentos do Lousal e a anta da Pata do Cavalo, ambos classificados em 1990 como Imóvel de Interesse Público através de Decreto n.º 29/90, Diário da República, I Série, n.º 163, de 17 -07 -1990.As características do monumento do Lousal revelam um dos exemplos mais expressivos do megalitismo alentejano. Amiúde descrito ou mencionado erro-nea mente como monumento de falsa cúpula (tholos) (Silva e Soares, 2006), trata -se de um túmulo mega-lítico com uma arquitetura atípica, constituído por um corredor longo orientado a sudeste e câmara funerária de planta de tendência circular formada por sete esteios de grauvaque. Através da câmara funerária acede -se a um pequeno nicho ou câmara secundária, com planta de tendência oval. A câmara funerária seria encimada por um único esteio de grauvaque que ainda hoje se encontra nas imediações do monumento. Todo o conjunto seria coberto por um tumulus artificial do qual ainda restam vestí-gios em todo o perímetro. Durante a intervenção ar-queológica foram recuperados vários artefactos que se encontram depositados no Museu do Instituto Geológico e Mineiro em Lisboa, entre os quais cabe destacar alguns recipientes de cerâmica de fabrico manual, um braçal de arqueiro em xisto, uma ponta de lança e um punção em cobre, sugerindo uma uti-lização tardia deste sepulcro já na segunda metade do III Milénio A.N.E. Porém, não é possível aferir se o espólio mencionado é coetâneo da construção ou corresponde a reutilizações ulteriores. Por sua vez, a anta da Pata do Cavalo apresenta uma estrutura arquitetónica monumental, consti tuí-da por câmara e corredor, diferenciados em plan ta e alçado. A câmara funerária, formada atual mente por oito esteios (originalmente seriam no ve), todos eles inclinados para o exterior, exibe planta de tendência subcircular com cerca de 4 m de diâmetro. O corre-dor é curto em relação à câmara e é formado por dois esteios de cada lado e um batente, encontrando--se orientado sensivelmente a este. Segundo O. da Veiga Ferreira e A. Rodrigues Cavaco, o monumen-to já tinha sido objeto de es cavações clandestinas conservando -se, contudo, alguns contextos arque-ológicos pre servados jun to aos esteios da câmara e no corredor. Entre o material exumado, destaque para a presença de al guns fragmentos de cerâmica, lâmi-nas de sílex, cal cário oolítico silicificado e xisto, e um fragmento proximal de placa de xisto com decoração geométrica e orifício de suspensão. As característi-

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cas dos ma teriais, nomeadamente a presença de uma placa de xisto semelhante a outras identificadas em mo numentos análogos no Sul de Portugal com da-tações por radiocarbono, sugerem uma cronologia de construção e utilização na transição do IV para o III Milénio A.N.E.

4. CONTRIBUIÇÃO PARA A VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO MEGALÍTICO DO LOUSAL

O património megalítico do Lousal faz parte da matriz identitária do concelho de Grândola. São os testemunhos de uma herança milenar de co-munidades que marcaram e monumentalizaram a paisagem que hoje se vislumbra. O passado e o presente têm elementos que os aproximam, e é no seio desta relação que devemos procurar a história destas comunidades. Desta forma, o facto de terem sido registados artefactos de cobre (um punção e uma ponta de seta) no monumento do Lousal per-mite estabelecer uma genealogia para as atividades mineiras da região. Conscientes da importância estratégica do patri-mónio arqueológico do Lousal, o Centro Ciência Viva do Lousal, em colaboração com a Câmara Municipal de Grândola e a Junta de Freguesia de Azinheira de Barros e São Mamede do Sádão, tem desenvolvido um conjunto de iniciativas que visam a valorização e salvaguarda dos monumentos me galíticos, conver-tendo este conjunto num complemento à oferta cul-tural e científica já disponível: Centro Ciência Viva, Museu Mineiro, Centro de Artesanato, Corta Minei-ra e Arqueologia Industrial (Matos e Oliveira, 2003; Matos, Pereira e Oliveira, 2010; Relvas, Pinto e Ma-tos, 2012). O razoável estado de conservação de um conjunto significativo de monumentos e o abandono cientí-fico e patrimonial a que estavam votados determi-nou a seleção de aqueles casos suscetíveis de serem al vo de iniciativas que permitissem a melhoria das condições de apresentação e, consequentemente, a sua correcta valorização. Neste sentido, foi de-senhado um circuito arqueológico, denominado Lousal GeoMegalítico, em estrita articulação com as características geológicas e geomorfológicas da re gião (Figura 2). Durante o percurso, que poderá ser acompanhado por arqueólogos, geólogos e bió logos, convidam -se os visitantes a fazer uma viagem no tempo, observando algumas peculiari-dades que emergem da interação com estes sepul-

cros e na observação da sua envolvente paisagística, ex plorando, paralelamente, a bio e a geodiversidade. Pretende -se, deste modo, empregar o conceito de in terdisciplinaridade no seio de propostas lúdicas e pedagógicas direcionadas para diferentes públicos, estabelecendo uma ponte entre o património geo-lógico, mineiro e arqueológico.Porém, a valorização patrimonial do conjunto me-galítico não seria possível sem a participação ativa da população local em todo o processo (Figura 3). Este esforço de sensibilização e tomada de consciência coletiva só é possível se os seus legítimos herdeiros, as gentes do Lousal, se converterem nos protago-nistas deste processo de valorização e proteção pa-trimonial. Certo é que a população local tem dado um ines timável contributo na valorização dos mo-numentos megalíticos, bem como na sua in ven-tariação, facto que permitiu a relocalização de alguns casos que julgávamos destruídos e a identificação de outros inéditos. No futuro, o património arqueológico local só poderá ser valorizado se este processo for poten-ciado pela informação procedente da investigação, integrando -a na cultura científica que prolifera ao redor do Lousal, onde vários organismos e univer-sidades de senvolvem as suas pesquisas (ver Relvas, Pinto e Matos, 2012). Esta necessidade de conheci-mento deve estar dirigida a proporcionar documen-tação capaz de providenciar dados empíricos para a sua correta interpretação histórica, já que a infor-mação recuperada durante os trabalhos de limpeza se revelou manifestamente insuficiente e os dados das escavações antigas carecem de rigor científico. Só conhecendo melhor as comunidades que cons-truíram estes monumentos seremos capazes de per-petuar a sua memória.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer ao Centro Ci ência Viva – Mina de Ciência, nas pessoas do seu Presidente, Jorge Relvas, Director, Álvaro Pin to, e colegas por todo apoio ma-nifestado du ran te a realização deste trabalho, bem como os co men tários e sugestões feitas ao presente texto. Os agrade-cimentos são ainda extensíveis a João Xavier Matos, geólo-go do LNEG. Uma palavra de apreço à Câmara Municipal de Grândola e à Junta de Freguesia de Azinheira de Barros e São Mamede do Sádão pelas facilidades concedidas em prol da valorização do património megalítico do Lousal.

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Figura 1 – Localização na Carta Militar de Portugal 1:25000 (CMP 507 e 518) dos monumentos conservados na região do Lousal e Azinheira de Barros. 1 – Lousal 1; 2 – Lousal 2; 3 – Lousal 3; 4 – Lousal 4; 5 – Lousal 5; 6 – Lousal 6; 7 – Monte Serôdio; 8 – Monte Branco; 9 – Pata do Cavalo.

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Figura 2 – Percurso pedestre pelo circuito arqueológico: Lousal GeoMegalítico. Visita escolar ao monumento megalítico do Lousal (Lousal 1).

Figura 3 – Apresentação do projeto de valorização do património megalítico da região do Lousal à população local.