Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line | FACOM-UFBA http://www.facom.ufba.br/jol | http://gjol.blogspot.com ___________________________________________________________________ SCHWINGEL, C. A teoria na prática no Jornal Experimental Panopticon. In: MACHADO, Elias & PALACIOS, Marcos (Orgs), Modelos do Jornalismo Digital, Salvador: Editora Calandra, 2003. p. 189-211. A teoria e a prática do jornalismo digital na concepção do Produto de Implementação do Panopticon i - PIP Como uma evolução histórica do processo de informatização das redações, o jornalismo digital nasce atrelado aos conceitos do impresso. Em oito anos de alterações constantes, ainda hoje apresenta se não a transposição pura e simples dos conteúdos da versão impressa, a idéia, a metáfora de sua estrutura (MIELNICZUK, 2001) ii . Assim, o jornalismo digital mesmo com todos os avanços técnicos das tecnologias das redes telemáticas mostra-se incipiente na aplicação e utilização dos recursos que a internet propicia de forma mais abrangente. Nos semestres compreendidos entre abril de 2002 a maio de 2003, os alunos da Oficina de Jornalismo Digital da Facom/UFBA foram instigados a pensar sobre aplicabilidades de ferramentas que integrassem as características apontadas pelos teóricos à prática do jornalismo digital. Um esforço que resultou no PIP – Produto de Implementação do Panopticon iii – um publicador desenvolvido em ambiente ASP iv que procura, ainda que de forma primeira, apresentar possibilidades a serem pensadas para ferramentas de publicação de conteúdo jornalístico para o webjornalismo v . Dúvidas que se apresentam Uma das primeiras questões dos profissionais que começam a trabalhar com o digital, é sobre os limites entre o conhecimento teórico do jornalismo e o conhecimento técnico do desenvolvimento internet. Uma dicotomia que recentemente permeava as discussões da Comunicação como um todo, porém que a consolidação da área vem paulatinamente afastando, pois ao observarmos a prática profissional, a técnica está presente, e um jornalista – após quatro anos de formação universitária - imergiu em uma cultura específica: a do fazer jornalístico, que jamais se restringiu ao manuseio de uma técnica ou tecnologia.
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A teoria e a prática do jornalismo digital na concepção ... · Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line | FACOM-UFBA ... jornalismo digital nasce atrelado aos conceitos do impresso.
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Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line | FACOM-UFBA
SCHWINGEL, C. A teoria na prática no Jornal Experimental Panopticon. In: MACHADO, Elias & PALACIOS, Marcos (Orgs), Modelos do Jornalismo Digital, Salvador: Editora Calandra, 2003. p. 189-211. A teoria e a prática do jornalismo digital na concepção do Produto de Implementação do Panopticoni - PIP
Como uma evolução histórica do processo de informatização das redações, o
jornalismo digital nasce atrelado aos conceitos do impresso. Em oito anos de alterações
constantes, ainda hoje apresenta se não a transposição pura e simples dos conteúdos da
versão impressa, a idéia, a metáfora de sua estrutura (MIELNICZUK, 2001)ii. Assim, o
jornalismo digital mesmo com todos os avanços técnicos das tecnologias das redes
telemáticas mostra-se incipiente na aplicação e utilização dos recursos que a internet
propicia de forma mais abrangente.
Nos semestres compreendidos entre abril de 2002 a maio de 2003, os alunos da
Oficina de Jornalismo Digital da Facom/UFBA foram instigados a pensar sobre
aplicabilidades de ferramentas que integrassem as características apontadas pelos teóricos
à prática do jornalismo digital. Um esforço que resultou no PIP – Produto de
Implementação do Panopticoniii – um publicador desenvolvido em ambiente ASPiv que
procura, ainda que de forma primeira, apresentar possibilidades a serem pensadas para
ferramentas de publicação de conteúdo jornalístico para o webjornalismov.
Dúvidas que se apresentam
Uma das primeiras questões dos profissionais que começam a trabalhar com o
digital, é sobre os limites entre o conhecimento teórico do jornalismo e o conhecimento
técnico do desenvolvimento internet. Uma dicotomia que recentemente permeava as
discussões da Comunicação como um todo, porém que a consolidação da área vem
paulatinamente afastando, pois ao observarmos a prática profissional, a técnica está
presente, e um jornalista – após quatro anos de formação universitária - imergiu em uma
cultura específica: a do fazer jornalístico, que jamais se restringiu ao manuseio de uma
técnica ou tecnologia.
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exercício era ter um documento que relatasse as diretrizes que as diferentes turmas a cada
semestre irão assumindo.
O documento elaborado apresenta a sistemática do trabalho: equipes,
periodicidade, organização, adequação e padronização das pautas, cuidados com a
estrutura e a produção das matérias, e com a edição dos textos. Também contém a relação
dos colaboradores e os modelos de convites, agradecimentos e retornos a serem enviados a
esses e aos leitores. Descreve cada seção do Panopticon com suas especificidades e a
sistemática da implementação.
Conclusão
Conforme exposto, a intencionalidade ao se propor elaborar uma ferramenta de
publicação para o jornal digital Panopticon foi a integração entre teoria e prática em uma
relação dialógica entre conhecimentos e ações dos alunos do sexto semestre de Jornalismo
da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia.
O PIP pode indicar uma linha de pesquisa a ser explorada com maior propriedade
no Jornalismo Digital, ou seja, a produção de ferramentas de publicação elaboradas por
jornalistas considerando as características do Jornalismo Digital. Pesquisa que viria a
sanar parte do indicado por Gonçalves (2002) ao comentar sobre a necessidade de um
olhar especializado na área. Bem como poderia efetivamente avançar sobre as próprias
teorias do jornalismo embasadas na práxis, já que fatores como o tempo da notícia e a
interatividade são fundadores do newsmaking (TRAQUINA, 1999) e estão presentes desde
a concepção do jornalismo (GONÇALVES, 2000). Assim, podem ser pensados em
função do imediatismo que o link, um dos elementos diferenciadores (MIELNICZUK,
2001), traz para o JOL, por exemplo.
Referências:
BARBOSA, S. Jornalismo digital e a informação de proximidade: o caso dos portais regionais, com estudo sobre o UAI e o iBAHIA. (dissertação de mestrado), FACOM/UFBA, 2002. BARDOEL, J. & DEUZE, M.. Network Journalism: converging competences of old and new media professionals. In: http://home.pscw.uva.nl/deuze/pub19.htm.
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NIELSEN, J.. Projetando websites. Rio de Janeiro, Campus: 2000.
______. Homepage: 50 websites desconstruídos. Rio de Janeiro, Campus: 2002.
PALACIOS, M..; MIELNICZUK, L.; BARBOSA, S.; RIBAS, B.; NARITA, S. Um mapeamento de características e tendências no jornalismo online brasileiro e português. In: Comunicarte, Revista de Comunicação e Arte, vol.1, n.2, Universidade de Aveiro, Portugal, set.2002.
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i Os sites referências deste artigo são www.panopticon.ufba.br e www.panopticon.ufba.br/pip. ii Artigos e pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo Digital, da Facom/UFBA, mapeiam as características e a historicidade do Jornalismo Digital (www.facom.ufba.br/jol) iii O Panopticon é o jornal digital experimental do sexto semestre do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA. Foi proposto para a Oficina de Jornalismo Digital pelo professor Marcos Palácios, titular da disciplina. Após ministrar um semestre da disciplina (dividindo-a com Suzana Barbosa e Gottfried Stockinger), afastou-se para o pós-doutorado, retornando em maio de 2003. A Oficina de Jornalismo Digital já foi proposta no currículo obrigatório. iv O Active Server Page (ASP) é um ambiente de programação desenvolvido pela Microsoft para elaboração de páginas web dinâmicas. Ele mescla HTML com outras linguagens de programação. Virou padrão de mercado devido às pressões da Microsoft. O Hypertext Preprocessor (PHP), desenvolvido pela comunidade de software livre é seu principal concorrente. v Diferentes estudos denominam o jornalismo digital de formas distintas. A nosso ver, o jornalismo digital seria a categoria mais ampla difundida através das redes telemáticas, conforme conceito estabelecido por Gonçalves (2000). Esta mesma prática é chamada por Silva Jr. (2000) de jornalismo hipermídiático, por ser uma mesma notícia distribuída em multiplataformas. Já, jornalismo online é o termo utilizado pelo mercado. Agora, webjornalismo (MIELNICZUK, 2001) definiria o jornalismo efetuado no World Wide Web, ou seja, nas páginas gráficas da internet. Como o PIP não foi pensado para outras plataformas, restringe-se ao webjornalismo. Nesse artigo não há qualquer distinção entre webjornalismo, jornalismo digital e jornalismo online (JOL). vi Concordamos com Castells (1999) ao afirmar que a relação entre técnica e cultura é dialógica e, a nosso ver, não mais se fundamenta. vii Compreende-se necessária a distinção entre ferramentas de publicação e de desenvolvimento. Os publicadores são ferramentas de edição multimidiáticas, para as quais não há a necessidade de programação, ou seja, de conhecimento do código fonte para o HTML (Hypertext Markup Language), a linguagem padrão da web. Os jornalistas geralmente trabalham com publicadores de conteúdo, pois cabe, a nosso ver, aos desenvolvedores internet (profissionais com conhecimento de linguagens especializadas) e ao próprio avanço da pesquisa em jornalismo digital a elaboração de ferramentas específicas. viii Talvez seja o publicador mais fácil de ser utilizado, devido a integração com o ambiente Windows, da Microsoft. Ë considerado o mais básico dos publicadores. ix O Dreamweaver é o padrão de mercado em termos de editores HTML, pois pode ser utilizado pelo desenvolvedores que conhecem código e programação ou como um publicador, através da parte gráfica. Também trabalha com scripts de outras linguagens e com bancos de dados integrados. x O Adobe GoLive é um publicador que constrói, gerencia e implementa conteúdos dinâmicos para a Web. Possui ferramentas de criação para a web integradas com bancos de dados dinâmicos. Porém, não se instituiu o padrão de mercado. xi O software Adobe Photoshop é considerado o melhor em edição de imagem para web. A possibilidade de trabalhar em níveis da imagem (layers), com objetos em diferentes agrupamentos foi seu grande diferencial. Há várias outras ferramentas semelhantes, sendo que os grandes jornais geralmente trabalham com uma personalizada a suas necessidades.
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xii Vale-se dizer que a Facom se transformou em um dos mais importantes núcleos de pesquisa em Comunicação do Brasil muito devido a essa visão e competência de seus professores. xiii Na página www.facom.ufba.br/jol/pesquisas.htm estão relacionados os trabalhos em andamento do Grupo de Pesquisas em Jornalismo Digital, referência em termos de Brasil. Eles procuram mapear os diferenciais do jornalismo de terceira geração, ou seja, o jornalismo digital em sua potencialidade. xiv As fases são consideradas: 1ª) transposição do impresso; 2ª) Metáfora; 3ª) Jornalismo de terceira geração. Esta terceira fase é denominada de webjornalismo (MIELNICZUK, 2001) ou como considera Pavlik (2001), ainda está por vir e seria um produto exclusivo da internet. xv O termo foi cunhado em 1998, por Louis Rosenfeld e Peter Morville no livro “Information Architecture for the World Wide Web”. xvi O aluno Carlos “Willow” Torres, ao discutirmos as questões suscitadas pelo texto “Considerações para um estudo sobre o formato da notícia na Web: o link como elemento paratextual”de Luciana Mileniczuk e Marcos PALÁCIOS (2001), chegou a tal conclusão. xvii Para esta noção de portais, é interessante ler a pesquisa que Suzana Barbosa (2002. p.43) desenvolveu em sua dissertação. A autora define os portais como: “Sites que centralizam informações gerais e especializadas, serviços de e-mail, canais de chat e relacionamento, shoppings virtuais, mecanismos de busca, entre outros”. xviii O PIP foi elaborado no semestre que ocorreu do final de novembro de 2002 a abril de 2003, com todos os feriados e interrupções possíveis. xix A programação do sistema foi de inteira competência de Eduardo Miranda, aluno da disciplina e pesquisador associado ao JOL. xx Conforme mencionado, o projeto editorial foi definido pelo professor Marcos Palácios. O projeto Gráfico foi elaborado por Alice Vargas e implementado por Beatriz Ribas. xxi Veja em: www.blogger.com xxii A pesquisa de Luciana Moherdaui (2000) indica esta forma de estrutura da notícia como a ideal para a web. Os estudos de Nielsen (2000) também mostram a segmentação em blocos como a ideal para a web. Carole Rich (1998) e os estudos do Instituto Poynter também apontam nesse sentido. xxiii Como o Panopticon é “um olhar jornalístico sobre o jornalismo online” explicações de ordem teórica-conceitual nos pareciam imprescindíveis, assim como as técnicas muitas vezes o são.