A SOCIE Manuel Caste Prefac10 de Fernando Henri お 4 ・ R ③ PAZ E TERRA
A SOCIEDADE
Manuel CastellsPrefac10 de Fernando Henrique Cardoso
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轟Чitas ec6五 6mitt POdem abii ttaO dc
Vtt ter9o 6u ttaiS de sua populttao.Slgere qic o rcsultado desta tcttdencia
prOgrc6siva po4。 nお SCr o d,,,,P,goem masta ml,sim a flexib■ηa9ぉ extre―
:茫 :話 l灘跳第車中 ёヽこⅢ‐ⅢⅢn"ttⅢ ,ntダa.
O autOr cOnclui examinand。 ‐。s efei■|l t impliCa,611 da transfOrha,お tecl
Manuel Castells
A SOCIEDADE EM REDEVolume I
6a edi9ao totalmente revista e ampliada
ルαグ"fα
θf Roneide Venancio Mttercom a colabora91o de Klauss Brandini Gerhardt
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αJjzαfαθ′αrα 6α ιグjgαθf Jussara Siln6es
PAZ E TERRA
◎ Manucl Castclls
TraduzidO do origina1 7乃 ′麻′グ励′″′初θル″ルク
CIP― Brasil.CatalogagttO na FOntc
(Sindicato Nacional dos Editorcs dc L市 ros,RJ,BraSil)
Castells,Manucl,1942-
A sOcicdade cm rede/ManucI Castells tradu91o:Roncidc Vcmncio Mづ Cち
atualizagttO para 6ユ ediclo:JuSSara Sim6cs
――lA era da infOrm霧五0:eCOnomia,sociedadc c cultural v.1)
Slo Paulo:Paz c Tcrra,1999.
ISBN 85-219-0329-4
Indui bibliOgrafla
C344s
l.Tccno10gia da infOrma910-― Aspcctos sociaiS.2.Tccn010gia da infOrma910__
AsPcctOS CCOn6nlicos.3.Socicdadc da inforinaclo.4.Rcdcs dc infOrinaglo。
5。 Tccn010gia c civiliZa910。
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2002・ ImprcssO no Brasi1/1り ″κ〃ノ″Br品
7
0 1inliar do etemo:tempo intemporal
Somos tempo personifiCado,e tamb6m o stto nossas SOCiedades,fOmadas
pela hist6五 ao Mas a simplicidade desSa afima9'o escondc a complexidade do
conceito de tempo,uma das catego五as rnais controversas enl ciencias naturals e
tamb6m em ciencias sociais,ctta centralidade 6 salientada pelos debates atuais
de teoria social.l De fato,atransfoma92o dO tempo sob O paradigma da tecno10-
gia da infoma910,delineado pelas praticas sociais,6 um dos fundamentos de
nossa nova sociedade,ilTemediavellnente ligada ao surgilnento do espa9o de flu―
xOs.A16m disso,de acordo com o ensaio elucidativo de Barbara Adanl sobre
tempo e teo五a social,as pesquisas en■ ffSica e bio10gia parecenl converglr para
as ciencias sociais na ado910 de ulrl conceito contextual do tempo humano.2 Tod。
tempo,na natureza como na sociedade,parece ser especffico a um detellllinado
contexto:o temp0 61ocal.Enfocando a cstrutura social emergente,afi■11lo,basea―
do em Harold lnnis,que“ a inente da atualidade 6 a lnente que nega o tempo'',3e
que esse novo“ SiStema temporal''est`ligado ao desenvolViinento das tecnolo―
gias de comuniCa95oo Assinl,para avaliar a transfoma91o dO tempo humano no
novo contexto social SOciot6cnico talvez saa`til apresentar uma breve perspec―
tiva hist6rica das mudan9as da rela910 entre tempo e sociedade。
Tempo,hist6五a e sociedade
EIn uma Obra cllssica,Whitrow moStrou como as concep95es de tempo
524 0 1imiar do etemo
da no910 exata de tempo.5 comO ilustra9ao da imensa variagao cOntextual desse
fato cOtidiano aparentemente tao simples,usemos alguns par`grafos para nos
lembrar da lransforma910 dO Conceito de tempo na cultura lussa,em dois peゴo―
dos hist6ricos cruciais:as refomas dc Pedro,o Grande,c a ascensaO e queda da
uniaO sovi6tica。 6
A cultura popular tradicional lussa achava quc o tempo era ctemo,sem
COme90 nem firn.Na d6cada de 1920,Andrey PlatonOv enfatizou cssa id6ia arai―
gada da R`ssia como uma sociedade intemporalo No entanto,aR`ssia era perio―
dicamente sacudida por esfOr9os estatistas de modemiza9aO cOm O o切 et市O deorganizar a vida em tOmo do tempO.A primeira tentat市 a deliberada de ttuSte da
vida ao tempo originou― se com Pedro,o Grande.Ao voltar de uma longa viagem
ao exterior para instmir― se sobre rnodos e rneios dos paFses lnais desenvolvidOs,o
czar decidiu levar a R`ssia,literalinente,a um novo infcio,Inudando para o ca―
lend血do europeu ocidental GulianO)e come9ando o novo ano emjanciro enl vez
de setembro,cOmo fora at6 entaoo Nos dias 19 e 20 de dezembro de 1699,Pedro,
o Grande,enlitiu dois decretos quc inicia五 am o s6culo XVIII na R`ssia alguns
dias depois.Foram prescritas instru96es l[linuciosas sobre a celebra9aO dO an。
novo,inclusive conl a ado91o da jttvore de Natal e acr6scimo de unl novO fe五 adopara seduzir os tradicionalistaso E〕 Inbora unl grande n`mero de pessoas estivesse
maravilhado cOnl o poder dO czar dc alterar o curso dO sol,muitas outras preocu―
pavam― se conl a ofensa a lDeus:afinal lQ de setembro nao era O dia da C五a91o noano 5508 aoC.?E nao deveria ser assinl porquc o ousado ato da Cria910 tinha de
ocorer em 6poca de calo■ fato muitO improv`vel na R`ssia emjaneiro?Pedro,o
Grande,respondeu pessoalinente aos crtticos,elrl seu rnodo pedag6gico habitual,
ensinando-lhes a geografia do tempo global.Sua teimosia fundamentava― se namotiva9ao ref。 .11lista para igualar a R`ssia)Europa c enfatizar as ob五 ga95eS daspessoas em rela9,o ao Estado sob a perspectiva do tempO.I〕 Inbora csses decretos
se concentrassenlrigorosamente nas mudangas do calend丘 do,as refo■ 11las dc Pedro,
o Grande,cn■ te■ 11los mais amplos introduziram a distin91o entre o tempo do
dever religioso e o tempo secular a ser dedicado aO Estadoo Medindo e tributando
o tempo das pessoas,bem como dando seu exemplo pessoal con■ intensocronograma de trabalho bascado no tempo,csse czar inaugurou uma tradi9ao
secular de associa91o de servi9o ao pafs,sublrlissaO aO Estado e ttuste da vida ao
tempo.
No p」irneiro est`gio da Uniao Sovi6tica,Lenin compartilhou cOm Henry
Ford a admira910 pe10 tay10rismo e pela“ organiza9ao cientffica do lrabalho",
conl base na rnedi91o dO tempo de trabalho para o lnenor rnovilnentO da linha de
montagemo Mas a compressao do tempo sob o comunismo surgiu conl uma gui―
O limiar do etemo 525
nada ideo16gica decisiva.7 Enquanto no fordismo a acelera9ao do trabalho estava
associada a dinheiro conl aumento de pagamento,no stalinismo naO s6 o dinheiro
era unl mal segundo a tradi91o mssa,Inas o tempo deveria ser acelerado por
motiva91o ideo16gica.Portanto,“ stakhanovismo''significava trabalhar rnais por
unidade de tempo como unl servi9o para o pafs,e planos de cinco anos eram
cump五dos em quatro como prova da capacidade da nova sociedade para a revo―
lu91o temporalo Em maio de 1929,no QuintO Congresso dos Sovietes da Uniao,
quc lnarcou o lriunfo de Stalin,tentou― se uma acelera91o ainda lnaior do tempo:
jornada de trabalho sem direito a descanso semanal(んη″り“たa)。 Embora o ob―
jet市o explfcito da reforma fossc o aumento da produ95o na tradi9'o da Revolu―
91o Francesa,a destrui9五o do ritmo semanal da pr`tica religiosa representava
uma rnotiva9,o ainda rnaior.Entao,cnl nOvembro de 1931,introduziu― sc unl dia
de descanso a cada seis dias,Inas o ciclo tradicional de sete dias ainda cra nega―
doo Protestos de famnias separadas por diferen9as dc hor血 直os entre seus lnem―
bros lnotivaranl a volta da semana de sete dias elr1 1940,particularrnente ap6s ter―
se percebido quc as cidades adotavanl o lnodelo de seis dias,mas a rnaior parte do
interior ainda seguia a semana tradicional,intrOduzindo uma divisao cultural pe―
rigosa cntre os camponeses e os trabalhadores industriaiso Na verdade,embora a
coletiviza9五o for9ada da agricultura visassc a elilrlina91o do conceito comunal de
tempo elrl ritmo lento,cllraizado na natureza,fam■ ia c hist6五 a,difundiu… sc uma
resistencia social e cultural a essa imposi91o,demostrando a profundidade do
fundamento temporal da vida socialo Mas,embora o tempo fosse reduzido no
local de trabalho,o horizonte temporal do comunismo sempre era considerado no
longo prazo e,cnl certa lnedida,ctemo,como foi expresso na imortalidade per―
sonificada de Lenin e na tentativa de Stalin tornar― se um fdolo enl vida.Assiln,na
d6cada de 1990,a queda do comunismo deslocou os russos,en■ especial as novas
classes profissionais,do horizonte de longo prazo do tempo hist6rico para o curto
prazo do tempo rnonetizado caracte」 〔stico do capitalismo,dessa folllla pondo um
finl)separa91o eStatista secular entre tempo e dinheiroo Com isso,aR`ssia uniu―
sc ao Ocidente no exato momento enl quc o capitalismo desenvolvido revolucio―
nava sua estrutura temporal.
As sociedades contemporaneas ainda estao en.grande parte donunadas pelo
conceito do tempo crono16gico,descoberta categ6五 ca/1necanica quc Eo R Thomp―
son,8 entre outros,considera importantfssilna para a constitui9五 o do capitalismo
industrialo Ern termos lnate五 ais,a modemidade pode ser concebida como o do―
lrlfnio do tempo crono16gico sobre o espa9o c a sociedade,tema desenvolvido por
Giddens,Lash e UIy,c Harvey。 (〕 tempo一―como repeti91o da rotina d髭 静ia,de
acordo com Giddens,9ou como``o domfnio da natureza,quando todos os tipos de
526 0 1imiar do etemo
fenOmenos,priticas e lugares fican■ suJeitos a lrlarcha centralizadora c universa―
lizante do tempo'',nas palavras de Lash e Uny,10-― esti no amagO dO capitalismo
industrial e do estatismo.O maquinismo industrial trouxe o cronOmetro para as
linhas de montagem das fibricas fordistas e leninistas quasc ao lnesmo tempo.H
As viagens para lugares distantes do(Dcidente no final do s6culo XIX passaranl a
ser organizadas com base no Hor血戯o M6diO dc Greenwich,como materializa9ao
da hegemonia do lmp6rio Britanic。。No entanto,um s6culo depois,a constitui91o
da Uniao Sovi6tica fOi inarcada pela organiza9ao de ulrl imenso tenrit6rio com
base na hora de Moscou e fusos horttrios decididos de forma arbitrttria pela con―
veniencia dos burocratas,ignorando a distancia geogr`fica.Ё impOrtante notar
quc o p五rneiro ato de rebeldia das Rep`blicas B`lticas durante a ρ`r`s′
・句 たα de
Gorbachov foi votar pela ado9aO dO fuso horttrio finlandes para a hora oficial de
seus te」rit6rios.
Esse tempo linear,ileversfvel,mensurivel e previsfvel esti sendo frag―
mentado na sociedade em rede,enl um movilnento de extraordin`ria importancia
hist6ricao No entanto,nao estamOs apenas testemunhando uma relativiza91o dO
tempo de acordO cOm Os cOntextos sociaiS Ou,de forma alternativa,o retorno)
reversibilidade temporal,como se a realidade pudesse ser inteiramente captada
CIII InitOS cfclicos.A transfo■ 11la91o 6 mais profunda:6 a mistura de tempos para
criar unl universo eterno que nao se expande sozinho,Inas que se rnant6nl por si
s6,nao cfclico,Inas aleat6rio,nao recursivo,Inas incursor:tempo intempOral,
utilizando a tecnologia para fugir dos contextos de sua cxistencia e para apropri―
ar,de maneira seletiva,qualquer valor quc cada contexto possa oferecer ao pre―
sente eteコnoo James Gleick documentou a acelera910 de``praticamente tudo"nas
nossas sociedades,nunl empenho incans`vel de comp」 irnir o tempo em todos os
dottnios da atividades humanas.12 comprirlllir o tempo at6 o lilrlite equivale a
fazer conl quc a sequencia temporal,c,por conseguinte,o tempo,desapare9a.
Afirmo quc isso est`acontecendo agora nao apenas porque o capitalismo
se esfor9a para libertar― se de todas as restri95es,j`quc,apesar de naO cOnseguir
mate五 aliz`-la totallnente,essa telrl sido a tendencia do sistema capitalista。 13 Nem
6 suficiente rnencionar as revoltas culturais e sociais contra o tempo crono16gico,
visto quc caracterizaram a hist6五 a do`ltimo s6culo senl realmente reverter seu
dottnio,na verdade desenvolvendo sua 16gica lnediante a inclusao da distribui¨
91o da vida no contrato social conl base no tempo crono16gico.14 A liberta9ao dO
capital enl rela91o ao tempo e a fuga da cultura ao re16gio saO decisivamente
facilitadas pelas novas tecnologias da infolllla91o c embutidas na estl■ ltura da
socledade elrl rede.
Feitas essas considera95es,prosseguirei com a especificagao de scu signi¨
ficado,de fo■ 1lla que no fim deste capttulo a anllise socio16gica possa substituir
O linliar do etemo 527
as afirma95eS metaf6ricaso Para faze-1。 sem uma repeti91o aborecida,contarei
conl as observa95eS empfricas apresentadas em outros cap■ ulos deste livro sobre
a transformagao dOs vaOs domfnios da estrutura social e acrescentarei as ilustra―
95es ou anllises necessarias para completar nosso entendilnento.Dessa forma,exalrlinarei sequencialmente os efeitos que as transforma95es enl andamento nas
esferas econOmica,polftica,cultural e social telrl sobre o tempo e terlrlinarei com
uma tentativa de reintegra910 dO tempo e do espa9o elrl Sua nova rela91o contra―
dit6riao No estudo da atual transforma91o do tempo em esferas sociais muito
diversas,serei um tanto esquem`tico em minhas airma95es,j`que 6 material―
mente impossfvel apresentar,em poucas p`ginas,um desenvolvilnento total da
anilise de domfnios tao cOmplexos e diversos comO SiStema financeiro global,
tempo de servi9o,ciclo vital,morte,praticas de gucra e rnfdiao Contudo,ao lidar
colrl tantos assuntos diferentes,tento extrair,a16m dessa diversidade,a16gica
compartilhada da nova temporalidade que se rnanifesta em toda a gama da cxpe―
riencia humanao Portanto,oo可 et市O deste capttulo na。 6 resumir a transforma―
910 da Vida social em todas as suas diinens5es,mas,ao contrano,Inostrar a con―
sistencia dos padr5es no surgilnento de unl novo conceito de temporalidade,quc
chamo de′ιη θjκ′ιり θrα J.
Devo fazer outro alerta.A transfoma91o do tempo,confo■ 1lle foi pesquisada
neste cap■ ulo nao diz respeito a todos os processos,agmpamentos sociais e tenn―
t6rios de nossas sociedades,embora,sem d`vida,afete todo o planetao O quc
chamo de′`η
θ jκ′ιη θrαJ 6 apenas a forma dO″zjκακ′`emergente do tempo
social na sociedade en■ rede porquc o espa9o de fluxos nao anula a existencia de
lugares.Afi■ 11lo quc a dominagao sOcia1 6 exercida por rneio da inclusao seletiva
e da exclusaO de fun95es e pessoas em diferentes estruturas temporais e espa―
ciais.Voltarei a esse tema no final do cap■ ulo,ap6s ter analisado o perfil do
tempo elrl sua nova forma dominante.
Tempo como fonte de valor:o cassino global
David Harvey representa de forma aprop五 ada as transforma95es atuais do
capitalismo sob a f6mula de``compressao tempOral e espacial''。15 Em nenhum
l胤 :淵 富 謡 潟 :Ⅷ器 ξ糧 胤
C譜
犠 :呪 黒 靭 ltttlttI
menta91o global do sistema flnanceiro e a disponibilidade de novas tecnologias
da info■ 11la910 e novas t6cnicas de gerenciamento lransformaram a natureza dos
mercados de capitaiso Pela primeira vez na hist6ria,surgiu ulll rnercado de capi―
528 O limiar do etemo
tais global unificado,メ ィ4θ jθ4αれグθι“
″
“
ρθ″αJ。
16 A cxplica91o do volume fe―
nomenal de fluxos financeiros transnacionais,como foi demonstrado no capttulo
2,est`naソθJθθJdαde das transa95es・ 17 0 meSIrlo capita1 6 transportadO de um
lado para outro entre as econolFliaS em questao de horas,nlinutos e,)s vezes,
segundos。 18 Beneficiados pela desregulamenta9ao,desintermedia95o c abertura
dos rnercados financeiros internos,poderosos programas computacionais c habi―
lidosos especialistas cIIl cOmputadores/analistas financeiros a postos nos n6s glo―
bais de uma rede selet市 a de telecomunica96es literalmente participam dejogOs
conl bilh5es de d61ares.19 A principal sala de carteado desse cassino eletrOnico 6
o rnercado rnonetttrio,quc explodiu na`ltilna d6cada,tirando vantagenl das taxas
de cambi。 ■utuantes.Em 1998,USS l,3 trilh5es foram movimentados todos osdias no mercado monetttio(ver igura 7.1)。 20 Esses jogadores globais nao sao
especuladores desconhecidos,rnas grandes bancos de investirnentos,fundos de
pensaO,empresas multinacionais(ClarO,inclusive ind`strias)e fundOS m`tuos
organizados exatamente para manipula91o financeira.21 Fran9oiS Chesnais iden―
tificou cerca de cinqiienta grandesjogadores nos lnercados financeiros globais.22
No entanto,como afirmei anteriormente,uma vez que se gerem turbulencias n。
mercado,os fluxos assumenl,li91o quc os bancos centrais aprenderanl)custa de
m鍬 ∵ :犠 蹴 l駕 尋 :,T椒 富 嵩 il獄 :群 器 :l』
autom`tica para tomadas de decisao quase instantaneas,que gera o ganho一 ―ou a
perdao Mas tamb6n1 6 a circularidade temporal do processo,uma seqiiencia im_
plac`vel de compras e vendas,que caracteriza o sistema.A arquitetura do siste―
ma financeiro global de fato 6 construfda conl base clrl fusos horttrios,com Lon―
dres,Nova York e rr6quiO,ancorando os tres turnos do capital,e varios centros
financeiros nao― OrtOdoxos,influenciando as pequenas discrepancias entre os va―
lores de rnercado na hora da abertura e do fechamento.23A16nl disso,unl n`mero
significativO c crescente de transa95es financeiras baseia… se na gera95o de valor a
partir da capta9五o dO tempo futuro nas transa95es presentes,como nos lnercados
de futuros,op96es e outros lnercados de capitais de derivativos.24 JuntOs,esses
novos produtos financeiros aumentanl drasticamente a rnassa de capital nonlinal
ッjs_a_ッJs os dep6sitos e ativos banc血 五os,de fo■ 11la quc 6 aprop五ado dizer quc
tempo gera dinheiro,a medida que todos apostam no/e com o dinheiro futuro
previsto nas prqe96es dos computadores.25 0 pr6prio processo de negocia9ao do
desenv01vilnento futuro afeta esses desenvolvilnentos,de rnaneira quc a estrutu¨
ra temporal do capita1 6 constantemente dissolvida elrl sua rnanipula9,o preSente
ap6s receber unl valor fictfcio para rnonetarlz`-loo Portanto,o capital nao s6 com―
prilne o tempo:absorve― o e vive da(iSt0 6,gera renda econOnlica)digeStaO de
0 1imiar do etemo 529
seus segundos e anos.As conseqiiencias lnateriais dessa digressao aparentemen―
te abstrata sobre tempo e capital saO cada vez lnais sentidas nas econoIIlias e na
vida diaria em todo o mundo:c」ises inonet`rias recorentes,introduzindo uma
era de instabilidade econOmica estl■ ltural e,sem d`vida,pondo elrl risco a inte―
gra9ao curOp6ia;a inabilidade de o investimento de capital prever o futuro,o que
preJudica os incentivos para investilnento produtivo;a destru19ao de empresas e
seus empregos一一independentemente do desempenho一一cIIl virtude de mudan―
9aS repentinas imprevistas no cenario financeiro em que operanl;a lacuna pro―gressiva cntre os lucros na produ9aO de bens e servi9os e as rendas geradas na
csfera de circula91o,dessa forma lransferindo uma parcela cada vez maior da
poupan9a mundial para ojogo financeiro;os riscos crescentes para os fundos de
pensao e passivos de seguros p五 vados,assim introduzindo um ponto de inte■ o―
ga95o na seguran9a(adquirida colrl sacriJttcios)dOS trabalhadores de todo o lrlun―
do;a depen“ ncia de econonlias inteiras一 e particularrnente as dos pafses em
desenvolvilrlento一―de rnovilnentos de capital enl grande parte deterlrlinados por
percep91o suttetiVa eturbulenciacspeculativa;a destrui91o,na cxperiencia cole―
tiva das sociedades,do padraO de cOmportamento de satisfa91o adiada,cnl benc―
icio da ideologia comunl do``dinheiro ficil''quc enfatiza ojogo individual com
a vida c a econolllia;e o prttufZO basilar a percep9五〇social da corespondencia
cntre produ91o e reCOmpensa,trabalho e significado,6tica e l■ quezao Parece quc
OpuritanismofoienteHadoemCingtturaem 1995juntocomovener`vel Barings
Bank.2613。 confucionismo perdurar`na nova economia apenas enquanto``o san―
gue for mais consistente quc a`gua'',27。 u Saa,enquanto os la9os familiares
continuarenl promovendo a coesao sOcial a16nl da pura especula91o no admir`vel
mundo novo do sistema dejogos financeiros.A invalida91o do cOnceito de telrl―
po c a lnanipula9,o do tempo por rnercados de capitais globais gerenciados ele―
tronicamente sao unl cOmponente da fonte de novas fO■ 11las de devastadoras cri―
ses econOmicas quc adentranl o s6culo XXI.
A■exibilidade dajomada de trabalho e a cmpresa em rede
A suplanta910 dO tempo tamb61rlesti no amago das novas fo■ 11las organiza―
cionais de atividade econOmica por rnim identificadas como a`“ ρ“θsα
`′
つ́ θグι.
Fomas flexfveis de gerenciamento,utiliza9ao cOntfnua de capital fixo,desempe―
nho intensificado de trabalhadores,alian9as eStrat6gicas e conex5es interorgani―
zacionais,tudo isso promove a compressaO dO tempo de cada opera9ao e a acele_
ra910 da mOvimenta91o de recursos.Na verdade,o sistema de gerenciamento de