UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇOS, ENSINO E PESQUISA LTDA. FACULDADES INTEGRADAS ASMEC CURSO DE LETRAS CAMILA LUCATELLI ALVES CARLOS GABRIEL SOUZA DE MIRA TATIANA MARTINS MOYA RODRIGUES TATIÉLEN POPPINGER DA DALT RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA
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A Renovação do Ensino Sob o Prisma da Pedagogia Waldorf
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UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇOS, ENSINO E PESQUISA LTDA.
FACULDADES INTEGRADAS ASMEC
CURSO DE LETRAS
CAMILA LUCATELLI ALVES
CARLOS GABRIEL SOUZA DE MIRA
TATIANA MARTINS MOYA RODRIGUES
TATIÉLEN POPPINGER DA DALT
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF
OURO FINO/MG
NOVEMBRO/2015
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF
UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇO, ENSINO E PESQUISA LTDA.
FACULDADES INTEGRADAS ASMEC
CURSO DE LETRAS
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF
AUTORES:Camila Lucatelli Alves
Carlos Gabriel Souza de MiraTatiana Martins Moya
TatiélenPoppinger Da Dalt
ORIENTAÇÃO:Profa. Esp. Andréa Martins Medeiros
CO-ORIENTAÇÃO:
Profa. Vanessa Aparecida Barbosa
OURO FINO/MG
NOVEMBRO/2015
RESUMO
A pedagogia Waldorf nasceu em meio à conturbação da Primeira Guerra Mundial e à
derrubada de reformas sociais existentes. As escolas Waldorf são consideradas modelo de
escola com associações mantenedoras livres, pois todos aqueles que dela participam têm
autonomia administrativa e consequentemente a sua própria responsabilidade. A base dessa
pedagogia é uma antropologia que descreve o homem a partir de três aspectos: um ser de
corpo, alma e espírito, uma apresentação científico-espiritual, despertando o amor pelo ser
humano. O ensino é dado em épocas e setênios, onde o conteúdo de cada ano é dividido em
temas principais que são ensinados de maneira intensiva e profunda. O conteúdo de cada ano
é adequado à idade dos alunos de modo que eles possam reconhecer dentro de si, as
experiências para as quais estão prontos a viver. No primeiro Setênio a criança descobre o
mundo através dos sentidos, aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua volta,
resultando em uma responsabilidade enorme para o educador. No Segundo Setênio são os
sentimentos que moldam a vida dela, devendo vivenciar a beleza do mundo e buscar sua
compreensão. Já no Terceiro Setênio, o jovem compreende que o universo, não somente a
natureza, mas as pessoas que o cercam, são verdadeiros. Nesse setênio, os jovens podem ser
educados por meio de explicações conceituais e intelectuais, por estarem em condições de
compreender o que um adulto lhe diz. Essa forma diferente de levar o conhecimento para os
alunos, faz com que os alunos das Escolas Waldorf se sobressaiam quanto à capacidade de
concentração, criatividade, entrosamento social, autonomia e entusiasmo pelo aprendizado.
1 BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER...................................................................................7
1.1 FUNDAMENTOS DA ANTROPOSOFIA........................................................................12
1.2 A ESCOLA WALDORF E SEU FUNCIONAMENTO....................................................13
1.3 PRIMEIRO SETÊNIO (DOS 0 AOS 7 ANOS DE IDADE) - PERÍODO DA MATURIDADE ESCOLAR....................................................................................................17
1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL.................22
A educação visa proporcionar um corpo são para torná-lo um melhor instrumento de
expressão e atuação durante todo o aprendizado futuro. Nessa fase a criança aprende a
adequar-se aos apelos do mundo por meio da imitação das pessoas e das ocorrências ao seu
redor.Cabe aos pais, neste primeiro período de desenvolvimento, uma enorme
1Tradução apenas aproximada para Begierde, palavra alemã isenta da conotação negativa sugerida pela correspondente em português. (NT)
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responsabilidade em relação à criança. Educacionalmente, exercemos grande influência nos
primeiros anos de vida por aquilo que somos e pela confiança e moralidade que adquirimos e
manifestamos mediante nossos atos. A criança desse período, que aparentemente não entende
nada, é a que mais assimila os conteúdos anímicos mais profundos de seu ambiente.
Diante de uma infinidade de opções de ambientes e estímulos externos consequentes
do desenvolvimento da humanidade atual, cabe a nós, adultos, escolhermos a qualidade do
ambiente e atitudes dignas de serem imitadas pelas crianças.
Pode-se observar nitidamente três passos no despertar da consciência da criança de0
a 7 anos de idade. Esse período destaca-se como um desenvolvimento inconsciente, que não
apela a um raciocínio intelectual para aprender as coisas da vida, e é quando se aprende por
imitação. A atividade interior da criança faz com que ela descubra também sua própria
corporalidade e constata-se que o próprio corpo também é um mundo exterior desconhecido.
Ao estudar o desenvolvimento da vida emocional da criança deve-se observar o caráter
da atividade lúdica. Na criança, a brincadeira começa cedo. Ela brinca com o que aparece
casualmente em seu campo de visão, as mãozinhas, ao surgirem em seu campo visual,
constituem o seu primeiro brinquedo, descobrindo mais tarde os pés que somem e precisam
ser procurados, depois argolas e chocalhos de madeira, mais tarde caixinhas e cubinhos. A
criança tem a característica de querer brincar sempre com o que está perto, ao alcance de sua
visão.
Do nascimento até, aproximadamente, 2 anos e 4 meses ou 3 anos, a criança apresenta
uma visível necessidade de movimentar-se constantemente. Os movimentos ainda são
caóticos e desajeitados, não dirigidos por uma consciência racional. O aprendizado do andar e
do falar, que ocorre inconscientemente, vai se encaminhando ao primeiro momento de uma
autopercepção, não muito consciente, quando a criança começa a se autodenominar como
"eu". (antes dessa consciência: "João quer comer"; passando a falar: "Eu quero comer"). Há
crianças que quando imitam mais passivamente, conseguem assimilar a linguagem falada de
um modo mais ou menos servil e outras buscam uma maneira própria de se expressar. Outras
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crianças continuam por algum tempo falando desarticuladamente, devido a sua incapacidade
de captar a linguagem. Em geral são crianças que mais tarde, desenvolvem aptidões visuais
frente ao mundo, muitas vezes é um indicio de retardamento geral.
Primeiramente a criança aprende a denominar o mundo ambiente objetos como
cadeira, mesa, árvore. Ela reconhece o objeto e lhe denomina um nome.
“Aprender a falar é, pois, o início de um processo de separação entre o
próprio ser e o mundo global, processo que só termina com a puberdade.”
(Lievegoed, Bernard.1994, pág. 44).
Quando a fala vai além da mera denominação e a criança começa a juntar palavras
para formar frases, desenrola-se a primeira atividade pensante, que no ato da fala desperta a
formação de conceitos. Estes conceitos iniciais não possuem um conteúdo concreto, referem-
se à globalidade. Primeiro a criança tem a noção de um todo e, deste, vão se destacando os
diversos elementos. Suas primeiras representações mentais apresentam-se mal definidas e
delimitadas e, somente mais tarde, é que os ricos conceitos da criança transformam-se em
conceitos aguçados e mortos dos adultos, dos quais aos poucos, vão desaparecendo o
conteúdo vivencial.
É através do contato com a fala e por sua prática que se desenvolve o pensar. Todavia,
os primeiros conceitos da criança referem-se concretamente ao mundo exterior, surgindo o
“conceito das coisas”. No aprendizado da fala, uma grande responsabilidade recai sobre o
ambiente da criança, no primeiro ano é o ambiente moral que influiu nela e agora o fator
importante é o modo correto de falar em sua presença. Uma língua materna bem articulada
oferece à criança, condições para a união da língua com o seu eu. Um vocabulário bem
articulado, proveniente do mundo ao redor, contribuirá para um pensar diferenciado na
criança. É válido tanto para a capacidade imaginativa, que é nascida depois da denominação,
como para o processo lógico do pensar, que se desenvolva consecutivamente a sintaxe e uma
boa estrutura sintática, que fornece uma base para a dinâmica do pensamento. É o momento
em que a criança deve ter a oportunidade de desenvolver suas habilidades físicas e adquirir a
consciência corporal. Ela irá aprender, pela conquista natural de seus movimentos, a ação
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exemplar do adulto.
Dos 2 anos e meio até os 4 anos e oito meses ou 5 anos, depois de a criança ter
chegado a se auto denominar como o "eu", ela vai acordando para a percepção do outro, do
você. Com essa nova conscientização do mundo, ela irá se inserir no âmbito social. Antes a
criança adaptou-se à vida no mundo físico, agora ela adapta-se ao mundo social, onde vive
intensamente sentimentos alternados entre simpatias e antipatias. Ela deixa-se guiar pelas
emoções e não por uma compreensão racional. Explicações não levam e nem resolvem nada
nessa idade. O educador irá apelar para a imitação, mas agora também pode apelar à
imaginação. A criança se relaciona com o mundo como se tudo nele sentisse e percebesse as
coisas como ela (a cadeira, por exemplo, pode chorar quando cai). A criança vive numa
consciência onírica, imaginativa.
A brincadeira infantil passa por uma profunda transformação ao redor dos quatro anos.
Antes a criança dirigia-se ao que encontrasse por acaso em seu campo visual, e o sentir estava
ligado à percepção das funções vitais, agora ela se distancia dessas imediações, no emocional
uma nova força se contrapõe ao mundo exterior, a qual se pode chamar de fantasia criativa. A
brincadeira é mais fortemente intensificada. Ela sobrepôs sua fantasia à realidade e um mundo
de contos de fadas vem a luz a partir da própria criança, onde tudo é possível. Começa aí um
período em que a criança vê o mundo através de um vidro, onde tudo se transforma conforme
sua vontade.
O adulto deve levar a sério esse brincar e enriquecer a vida interior da criança, lhe
oferecendo novas oportunidades e novos conteúdos. Não havendo espaço suficiente no lar,
este é o momento certo de levar a criança ao jardim-de-infância, onde ela entra em contato
com as histórias dos contos de fadas de que necessita e dispõe do espaço necessário para dar
livre curso a sua fantasia. Todos os objetos existentes nesse espaço são utensílios necessários
para a criança se fantasiar, então o ideal de um jardim-de-infância terá sido alcançado.
Nessa fase continua a necessidade da criança ter a oportunidade de conquistar
naturalmente a consciência corporal. Isso não quer dizer estimular e condicionar, mas oferecer
o ambiente adequado e situações para que ela própria tenha a alegria de conquistar e adquira
segurança do que aprendeu de fato. Nessa fase a criança pode perfeitamente responder a
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estímulos dos adultos, como a possibilidade de alfabetização precoce, mas isso, além de não
interferir de forma a melhorar capacidade intelectual quando adulto, irá tirar a oportunidade
de a criança desenvolver sua fantasia, despertar a alegria da conquista e aquisição da sua
segurança diante do mundo, tão mais importantes para sua formação, especificamente nesse
tempo tão precioso da vida.
Dos 5 aos 7 anos podemos observar o surgimento de um novo comportamento. Até
agora a criança aprendeu a lidar com o espaço e seus limites e então aprende a inserir-se no
tempo. Ela consegue situar-se no ontem, hoje e amanhã, nos dias da semana, etc.; a criança
também consegue captar a sequência temporal dos acontecimentos. Suas brincadeiras seguem
uma sequência mais próxima da realidade, ela tem uma primeira noção de causa e efeito. A
imaginação se cristaliza levemente em representações mentais das experiências vividas no
mundo. Têm início os primeiros passos de um raciocínio, e só agora, em torno dos 6 anos
completos, no sétimo ano de vida, é que podemos apelar a uma compreensão de ideias, de
pensamentos sobre o mundo, que são colocados pelos adultos. Só agora é que a criança está
pronta para ser alfabetizada sem prejudicar sua futura saúde.
Na Pedagogia Waldorf, procura-se criar um ambiente adequado para a criança
experimentar amplamente as possibilidades que seu processo de amadurecimento lhe
proporciona. A criança deve usufruir com muita alegria a repetição de cada nova conquista no
seu caminho de adaptação e conhecimento do mundo. E voltamos a frisar que a qualidade
sempre tem mais valor que a quantidade.
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1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL
Após os primeiros sete anos de vida, após passar pelas transformações do primeiro
setênio, a criança a partir de agora, adquire a maturidade escolar. No desenvolvimento de
sentir as fantasias criativas, assumem o papel de um véu que não deixa despertar a vida de
sentimentos na criança. Mesmo assim, “as primeiras estipulações de metas são sempre uma
tentativa de realizar determinados desejos”. (LIEVEGOED, 2007).
Diversas transformações acompanharam e acompanharão a criança. Até os sete anos o
corpo e a maturidade se desenvolveram, porém, a criança ainda faz separação entre o mundo
interior e exterior. Ela constrói e fortifica seu interior para suportar os abalos do mundo de
fora. O mundo não se restringe mais em desejo ardente e associativo às percepções. O pensar
começa abrir as asas para pairar em sua própria formação, adquirindo a capacidade de
desenvolver seu caráter pictórico, ou seja, passando da percepção à imagem carregada de
conceitos. Para Lievegoed (2007, p. 60):
“Essa vida de imagens conceituais é muito pronunciada justamente nos
primeiros anos desse segundo período da vida. Elas se coadunam num
universo fechado que só será abalado na puberdade. Esse mundo infantil é
algo maravilhosamente real e irreal.”
Se na primeira fase a criança era um órgão sensorial, imitando o que acontecia ao seu
redor, agora ela está aberta ao que se diz em seu ambiente. Sente-se atraída pelas pessoas que
tem o dom de contar histórias verdadeiramente belas. A criança só compreende com o auxílio
da palavra falada, ou seja, compreenderá quando ela própria falar. Nessa época que se dá dos
7 aos 9 anos, o estudo deve ser pautado nos contos de fadas e fabulas. O professor deve ser o
mais artístico e criativo possível para que as crianças recebam grandes e pequenas verdades,
sem moralização, a partir dos contos e fábulas. Lievegoed (2007) define que “cabe ao
professor desenvolver o que assim foi preparado; porém ele só poderá fazê-lo por meio da
palavra, pela narração e pelo convívio diário”.
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Os três primeiros anos de vida, onde a criança tem energia da vontade apoderando-se
do pensar em evolução, faz com que ela se abra para um novo mundo ao que se entrega com
veneração. Esses três anos de vida não trazem problemas ligados à ordem. O professor tem a
seu favor a autoridade ilimitada e a criança segue de bom grado sua orientação. Para a criança
é muito importante ter ferramentas para ela exercitar toda sua vida anímica e não apenas o
intelecto.
Chegando perto da quarta série escolar acontece outra grande e profunda
transformação na relação da criança com o mundo. De repente, o professor2 que conviveu
com a turma durante três anos, chega à quarta série sendo “odiado”. Essa mudança ocorre
porque o sentir é objetivado. A criança sente semiconscientemente seu isolamento em relação
ao Cosmo e seu aprisionamento num mundo escuro, limitado pela corporalidade. Lievegoed
(2007, p. 66) exemplifica que: “De repente a criança sente medo no escuro. Receia que um
homem possa estar escondido embaixo da cama e esconde-se sob o cobertor, encolhendo as
pernas. A porta para o corredor precisa ficar aberta; a criança precisa poder ouvir os pais.”
Ocorre também uma mudança mais significativa, em que a criança percebe a
dualidade entre ela e o mundo ao seu redor, o mundo dos adultos. Nasce nela uma visão mais
crítica que resulta de uma nova forma de pensar. Outra novidade é o fato de passar a utilizar
suas próprias vivências como referência para seus entendimentos e conclusões. São também
traços marcantes desse período: a amizade, a justiça, a honra, os valores morais dentro das
relações sociais. Passam a empregar então, expressões cada vez mais cruas. Durante esse
período além da crítica, aparece o poder da observação. Nessa idade, pela primeira vez, a
morte é vivenciada como um problema, podendo dar oportunidade a profundas considerações.
A criança se sente como algo oposto ao mundo exterior. No primeiro período, seu
mundo era protegido pelo véu da fantasia. Porém, na fase presente o véu foi rasgado e a
polaridade “eu - mundo”, “dentro-fora” se torna realidade. De um lado, ela acha tudo chato e
maçante, e de outro, sonha com experiências novas. A fim de evitar que tudo vire algo chato, 2 Sempre pressupondo a Pedagogia Waldorf, o Autor refere-se aqui ao mesmo “professor de classe” que acompanha seus alunos da primeira à oitava série escolar. (N.E.)
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Lievegoed (2007, p.67) propõe que “a criança deveria entrar em relação com a Natureza não
de um modo cientifico, e sim artístico.” A Natureza servirá para que ela tenha novas
experiências satisfazendo a necessidade íntima. Desenhar as folhas e plantas inteiras é uma
maneira de familiarizá-la com o universo das formas naturais.
Depois de passar por esses períodos, a criança chega à pré-puberdade com uma nova
transformação no relacionamento volitivo com o mundo. Nos períodos anteriores a criança
fixou uma determinada meta e procurou realizá-la e, agora, tentará conquistar o mundo. Esse
processo começa na pré-puberdade e termina nos anos da puberdade propriamente dita. A
brincadeira dos meninos será “mocinho e bandido”, não pela briga em si, mas pelo prazer de
brincar de agressão. Os meninos dessa idade adoram formar clubinhos, onde dentro de uma
cabana, planejam aventuras diversas. Seus movimentos são angulosos e rígidos e, para eles, as
meninas adquirem um papel inferior, servindo no máximo, para lhes puxarem os cabelos ou
coisas do tipo.
As energias liberadas devem ser dirigidas pedagogicamente, caso contrário a
juventude degenera em arruaças e banditismo. Uma alternativa maravilhosa é a organização
de excursões pela Natureza, acampamentos para que os meninos possam encontrar as forças
morais no mundo como um todo; zelando para que a juventude dessa idade não se engaje em
egoísmos políticos grupais e tenham uma vida social mais desprendida das coisas materiais.
Os problemas nas jovens são diversos. Aqui também existe a necessidade de criar
grupinhos. A diferença entre os meninos e as meninas é que os primeiros têm uma vitalidade
explosiva e a necessidade de livrar-se do excesso de forças, já os segundos se preocupam com
exclusivismo, sonhos cheios de fantasias, falta de tolerância, risos plenos de subentendidos, e
quando chega à puberdade há uma diminuição de sua energia, e a primeira menstruação. Não
adianta queixar-se da juventude mal criada. O autor defende que:
“Os verdadeiros educadores deverão ter a capacidade de orientar os jovens
também nessa idade. O novo desabrochar da vontade trará uma renovação
dos sentimentos de veneração, não tão cômodos de satisfazer quanto junto a
crianças de seis anos.” (LIEVEGOED, p.69).
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Aos 12 anos, o menino tem uma visão um pouco mais realista do mundo ao seu redor
e com ideais mais amplos. Tem a necessidade de conhecer o mundo.
O segundo setênio traz uma evolução psicológica. O pensar, o sentir e o querer passam
a evoluir dentro do ambiente fechado da própria personalidade. Após entendermos o
desenvolvimento da criança dos 7 aos 14 anos, o tema que irá prevalecer no segundo setênio é
a alfabetização. No entanto, é preciso ressaltar que alfabetizar vai muito além da
decodificação de letras, ou seja, é um processo de aquisição de conhecimentos e de uma visão
de mundo e não apenas uma técnica de ler e escrever.
A primeira aula é chamada de “aula principal”, quando durante 120 minutos o
professor de classe ensina e exercita o conteúdo da matéria da Época Temática em pauta. A
aula é dividida em 4 partes onde: o primeiro momento consiste na saudação, onde acontece
uma explicação de como será estruturada suas aulas e o que os alunos terão ao longo dessa
Época ; o segundo momento é a harmonização (canto, ritmo, movimento, etc.); o terceiro é o
momento prático da matéria (recordação, diálogo, exercitação gráfica e uma curta
retrospectiva) e o quarto é o ato de contar uma história para alimentar e enriquecer a vida
interior da criança.
Os materiais usados pelos alunos são: o giz de cera grosso (nas cores azul, amarela e
vermelha, que são as cores básicas) para desenhar e escrever; cadernos ou folhas sem pauta-
do tamanho do papel sulfite; para exercitar formas e letras, sugere-se o uso de madeira
(compensada ou prensada) pintada de preto e para escrever nelas, usa-se o giz do quadro-
negro e um pano para apagar os exercícios. O próprio caderno do aluno servirá como cartilha
para iniciar a leitura.
As Épocas do primeiro semestre são dividas em outras seis épocas.
A Primeira Época irá tratar do preparo para a alfabetização e desenho de formas. O professor
de classe usa uma história ou música para que a alfabetização se inicie, ou seja, as letras e as
formas serão assimiladas através da história ou música trabalhada pelo professor. É de suma
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importância dar ao aluno algo concreto para assimilar o que foi estudado. O papel do
professor é encorajar os alunos a contarem, relembrarem as histórias e músicas aprendidas.
Na Segunda Época os exercícios de lateralidade e ritmo irão parecer ainda. A dicção
irá assumir um papel importante para que haja a compreensão das palavras através das
parlendas e movimentos com palmas e pés, introdução das letras A,E,I,O,U,B,D,L,M,R,S,T,V
com o vocabulário do tema da Época. O aprender a ouvir será trabalhado com as crianças,
pois um bom ouvinte é um bom falante.
A Terceira Época é caracterizada pelo desenvolvimento da introdução aos números.
Os alunos irão cantar os números andando para que a assimilação aconteça. Nessa época, o
professor irá apresentar os sinais para as quatro operações e o uso dos algarismos romanos
antigos. Os cálculos irão acontecer com números até 10, usando objetos, os dedos e crianças
para representá-los. Com a Quarta Época, retoma-se o desenvolvimento da escrita de letras
maiúsculas, a mímica, a recitação de histórias que tem como personagens fadas, gigantes,
gênios, membros da família, partes do dia, etc. O professor deve ser o mais criativo possível
para que a criança desenvolva sua dicção, que ainda é trabalhada nessa época. Na Quinta
Época retoma-se o estudo de cálculos, o contar rítmico até 100, andando e contando para
frente e para trás e exercícios para verbalizar as contas. Então se finaliza a segunda época de
números. O primeiro semestre das épocas é finalizado com a Sexta Época, onde ainda é
trabalhada a dicção, ritmo e movimento, introdução das letras C, G, H, J, Q, X, Z e CH, NH,
LH e ÃO, completando o alfabeto de letras maiúsculas.
Deve-se ressaltar que cada época dura 15 dias para que os alunos não se cansem do
mesmo tema. Dessa forma, o tema pode ser explorado ao máximo, fazendo com que os alunos
aprendam de uma forma significativa. O segundo semestre inicia-se com a Sétima Época,
onde serão trabalhadas as “letras-mães” e as “letras-filhas”: A a, B b, G g, etc., frases ou
palavras do tema, escritas nas duas formas, maiúscula e minúscula Retoma-se os números
(terceira época de números) com a Oitava Época, onde os alunos irão aprender a fazer as
quatro operações com números até 20 ou mais, oralmente, e irão representar cálculos com
desenhos e com os algarismo romanos até 10. A Nona Época é voltada para o ensino das
letras novamente, com o trabalho dos encontros consonantais e apresentação de versinhos
com esses encontros. A dicção é mais uma vez trabalha fortemente nessa época.
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Os números arábicos são introduzidos na Décima Época. Os alunos aprendem a fazer
cálculos orais com objetos e números puros e os transformam em sinais matemáticos.
Exercitam muito a passagem da dezena e registram contas com algarismos até 20.
Finalizamos então com a Décima primeira Época, em que acontece a introdução da letra
cursiva. É feito uma retomada dos conteúdos estudados, dos ritmos, dos cantos, dos sons das
letras com auxilio de versinhos. Nota-se que a palavra “avaliação” não foi mencionada em
momento algum, pois “cada aluno apresenta um índice particular de aproveitamento e de
rendimento escolar. Podemos avaliar se o aluno mostrou interesse, esforço, compreensão,
capricho, prontidão e concentração nas atividades propostas, e como se relacionou com os
colegas.” (BERTALOT, p.284).
Sabe-se que através da leitura, o conceito do uso da língua vai sendo desenvolvido e
aprimorado. O indivíduo faz uso da língua conforme suas necessidades. Com o avanço da
tecnologia, dos esportes e das ciências – itens que formam nosso modo de usar a língua- o uso
tem sido cada vez mais modificado. Há um grande comprometimento em transmitir o
sentimento de língua materna para as crianças, um comprometimento que deve ser formado
no espírito e que ocasione a mudança na forma de se expressar através da língua usada. Os
professores de língua materna e de língua estrangeira, na Pedagogia Waldorf, mantêm uma
ligação.Essa ligação é necessária para que os alunos possam expressar sentenças completas,
ler poemas, corrigir redações e cadernos de época. Esse contato com a língua materna,
propicia ao professor de língua estrangeira, um contato direto com a língua em que ele foi
letrado. Ato que ajuda o professor a entender sua língua e a língua estrangeira.
1.5 TERCEIRO SETÊNIO (DOS 14 AOS 21 ANOS) – MATURIDADE SOCIAL
O terceiro ciclo ocorre dos 14 aos 21 anos e equivale ao Ensino Médio, ou seja, 9º ao
12º anos. Nesse período os estudantes estão aptos para exercitarem o pensamento, fazerem
uma análise crítica do mundo e sentem a necessidade de se expandirem e se libertarem.
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Os adolescentes se encontram numa fase em que deixaram de ser crianças e ainda não
são adultos. Vivenciam drásticas mudanças físicas e sua autoconsciência é despertada aos
poucos. Sentem insegurança e necessitam de compreensão por parte dos adultos. Querem
conhecer o mundo, mas para isso precisam desenvolver objetividade, capacidade de fazer
observações, comparações e julgamentos.
Passam a não aceitar as coisas como lhes são apresentadas, consequentemente, têm
uma atitude crítica diante de tudo, se fecham para o universo e o observam tudo de fora.
Muitas vezes assumem atitudes de rebeldia contra o mundo adulto. Essa é a fase onde o “eu”
é despertado e passam a apresentar sua individualidade como sendo autônoma, passando a
negar regras. Dessa forma passa a ser necessário induzi-los a estabelecerem suas próprias
regras e sistema de valores, deslocando para os alunos cada vez mais a responsabilidade.
Nessa fase é importante que a escola estabeleça limites, mas que ao mesmo tempo,
estimule os estudantes a caminharem com suas próprias pernas e aprendam com seus próprios
erros, dando a eles certo grau de liberdade de escolha e de ação.
No primeiro Setênio a criança descobre o mundo através dos sentidos. No Segundo
Setênio são os sentimentos que moldam sua vida, sendo importante que ela vivencie a beleza
do mundo e busque sua compreensão, finalmente no Terceiro Setênio, o jovem compreende
que o universo, não somente a natureza, mas também as pessoas que o cercam, são
verdadeiros.
A Antroposofia desse Sentênio está centrada em um ser humano equilibrado em suas
potencialidades, em que o querer, sentir e pensar são praticados naturalmente, onde o homem
se relaciona de formas diferentes com o planeta: através da atividade física, anímica e do
âmbito do pensamento.
No Primeiro Setênio a criança aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua
volta, resultando em uma responsabilidade enorme para o educador, no Segundo Setênio ela
atenderá melhor a solicitações feitas quando seus sentimentos estiverem envolvidos. Mas é
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somente no Terceiro Setênio que a criança pode ser educada por meio de explicações
conceituais e intelectuais, por estar em condições de compreender o que um adulto lhe diz.
A grade curricular nesse período é distribuída em três tipos de aulas: Épocas, Aulas
avulsas e Blocos. As aulas de Épocas ocorrem no primeiro horário do dia. Durante três ou
quatro semanas seguidas, essas aulas são estruturadas de modo a tirar maior proveito quando
o caminho conceitual encadeia-se dia a dia, intercalado com as noites de sono. As aulas
Avulsas têm duração de 45 minutos, ocorrem ao longo do ano, com horários semanais fixos,
como por exemplo, aulas de Matemática ou Português. Já as aulas em Blocos são as que
ocorrem bimestralmente ou semestralmente, como por exemplo, oficinas práticas.
Cada classe no Ensino Médio tem um tutor que acompanha os alunos do 9º ao 12º
anos e sua atuação fundamenta no respeito, confiança e na responsabilidade. Semanalmente,
ele se reúne com a classe para abordar assuntos de interesse geral e coordena aulas de sua
especialidade, atividades, projetos e atua como orientador.
Bimestralmente os adolescentes recebem um boletim onde são avaliados através de
três parâmetros: conteúdo, trabalhos e participação. O conteúdo está conectado ao
aproveitamento dos instrumentos de avaliação que o professor dispõe, os trabalhos são
referentes às tarefas, trabalhos e pesquisas apresentadas dentro de um prazo fixo e a
participação é ligada ao desempenho e esforço do aluno em sala de aula.
Nessa etapa, a jovem é capaz de comunicar seus sentimentos aos outros mais do que o
rapaz e consegue redigir seu diário íntimo. O menino também apresenta essas características,
porém está mais voltado para o seu impulso conquistador. A jovem se torna mais
rapidamente adulta que o rapaz, pois é mais madura por volta dos dezesseis ou dezessete anos
e vive na consciência de sua superioridade.
É nessa época que ela começa a aprofundar sua vida emotiva e passa a ter experiências
próprias. Seus conhecimentos anteriormente adquiridos são ampliados por uma sabedoria que
lhe permite assumir tarefas que ultrapassam o grau de maturidade dos garotos.
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Apesar do seu rápido amadurecimento, ela não pode ser considerada plenamente
adulta, pois suas ânsias e seu idealismo ainda têm algo alienado ao mundo e ela também tem
de atravessar a última maturação da vontade. A jovem precisa recuperar de certa forma, o que
o menino já adquiriu nos anos anteriores. Isso permanece como um ponto fraco da psique
feminina.
O amadurecimento fisiológico nas jovens ocorre mais cedo e, nos rapazes, o processo
de maturação coincide com a maturidade psicológica, ocorrendo ambos, entre os catorze e os
dezesseis anos. Na jovem, os dois processos se realizam separadamente, enquanto o homem
conquista e domina o mundo exterior, a mulher se aprofunda no mundo interno da alma, as
relações entre as pessoas e os impulsos anímicos.
A garota contrapõe sem reservas o seu próprio sentimento a todas as coisas confusas
que vêm a conhecer, vivenciando a solidão mais profundamente que os garotos. O rapaz vive
entre dois pólos: o da própria solidão e a felicidade que sente em conhecer o mundo, já a
jovem fica muito mais parada em suas próprias vivências e o mundo que ela deseja conquistar
é o da alma humana.
Na terceira fase, os adolescentes passam pela puberdade, mais conhecida como
“maturidade sexual”. Porém, Rudolf Steiner propôs a substituição desse nome por
“maturidade terrestre”, pois segundo ele: “A criança nessa idade não desperta apenas para a
realidade do outro sexo, mas para a realidade de toda a terra onde a separação dos sexos
constitui apenas um domínio limitado.“ (STEINER, p. 73)
A puberdade é um acontecimento dramático e grandioso, pois um mundo antes florido
e claro, agora passa, de repente, a encontrar-se despedaçado para eles, por se encontrarem em
um mundo cinzento, vivenciando a “realidade nua e crua”.
No final dessa etapa, o rapaz dos 18 aos 21 anos prepara-se para a vida profissional e o
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tempo em que precede a idade adulta é preenchido pelo preparo dos primeiros passos rumo à
profissão futura. Ao preparar-se para uma profissão, colocam sua vontade deles na vida social
e essa vontade é passada na última fase. A síntese homem-sociedade é baseada nos ideais que
despertaram a vida dos sentimentos, expressando-os na profissão, no trabalho e na sociedade,
levando seus ideais à sociedade e sentindo-se co-responsável pela futura estrutura social.
2 PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL
A Pedagogia Waldorf foi introduzida no Brasil em 27 de fevereiro de 1956, na cidade
de São Paulo, por iniciativa de Schimidt, Mahle, Berkhoute Bromberg,que eram simpatizantes
da proposta e estimularam a Karl e Ida Ulrichque viessem da Alemanha para fundarem a
primeira Escola Waldorf no Brasil, devidamente contextualizada para a realidade de nosso
país, porém mantendo os princípios originais de abordagem pedagógica. A missão de Karl e
Ida era a de lecionar e preparar os educadores para que também lecionassem utilizando a
Pedagogia Waldorf.
O projeto iniciou apenas com o Jardim da Infância e as primeiras quatro séries iniciais.
O Ensino Fundamental só passou a funcionar 23 anos depois, em 1979,após os resultados
positivos que já se vinham obtendo, o que trouxe como consequente resultado, pouco mais
tarde, a implantação do Ensino Médio também.
O reconhecimento dos resultados efetivos ligados a aplicação dessa abordagem fez
com que um número cada vez maior de escolas Waldorf fosse surgindo no território brasileiro,
de tal forma que em 1998 foi fundada a Federação das Escolas Waldorf no Brasil (FEWB),
com a missão de consolidar a Pedagogia Waldorf na sociedade brasileira. Esse reforço elevou
o aumento de abertura de novos estabelecimentos de ensino Waldorf e atualmente, segundo
dados da FEWB,existem 73 Escolas Waldorf funcionando no Brasil, sendo duas delas da rede
pública municipal de ensino, na cidade de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO
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Conclui-se que a atividade pedagógica não seja meramente de ensinar, mas acima de
tudo educar, para que o educando aprenda a não alimentar a dependência de uma autoridade
do conhecimento, e sim observar as referências que lhe permitam trazer à tona sua própria
visão sobre o conhecimento. O processo educacional precisa ser um estímulo que o educando
recebe em busca de reconhecer a si mesmo e ao mundo, seus valores e suas relações, e nesse
caminho ter a oportunidade de interferir, ativa e conscientemente, em sua própria
formação,tornando-se, assim, progressivamente responsável e independente em suas escolhas.
O objetivo principal é de uma pedagogia holística que poderia ser introduzida no
sistema educacional visando à transformação da sociedade por meio da transformação do
indivíduo. A sociedade é a soma de indivíduos e, portanto, o reflexo desses. Se há algo
poderoso para a transformação social, esse algo é a educação devidamente somada ao poder
político e econômico, que são os eixos ao redor dos quais tudo gira.
O propósito de uma Escola Waldorf é, portanto, formar indivíduos em condições de
zelar por sua liberdade, prontos a responder por suas decisões, de modo a garantir não apenas
o seu bem-estar pessoal, mas sua contribuição ao mundo. A aprendizagem que privilegia
apenas o intelecto dificilmente atinge o ser humano por inteiro. As emoções e sensações que
acompanham a experiência de aprender dão sustentação ao que é captado intelectualmente.
Na Escola Waldorf, a expressão artística, é presente em todas as áreas do conhecimento,
favorecendo e possibilitando essa integração, ao expor livremente os anseios humanos.
Espera-se que, ao terminar o ensino médio, o jovem esteja, por fim, apto a identificar-se com
o homem contemporâneo.
Num mundo onde valores humanos são cada vez menos considerados, tem-se a árdua
tarefa de lutar contra uma corrente que prega a alienação, a massificação de ideias e a falta de
sensibilidade. O professor, como agente transformador da sociedade, começa transformando a
si próprio. Para a Pedagogia Waldorf, o verdadeiro educador é aquele que se propõe uma
constante busca espiritual pela autoeducação consciente. Para estimular o desenvolvimento de
seres humanos em formação, deve-se estar ele próprio, aberto a se transformar. É o que toda
criança ou jovem espera de qualquer adulto.
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As escolas Waldorf têm-se dedicado a propiciar à sociedade humana jovens dotados
de grande criatividade, discernimento e autoconsciência, capazes de melhor contribuir para os
destinos do mundo, na medida em que compreendem o seu próprio sentido existencial.
“Educar para o futuro" significa encarar, a partir da própria organização escolar, os principais
desafios que a atualidade nos propõe.
Ao observar as crianças de hoje, temos a impressão de que elas já nascem bem mais
maduras do que as crianças de 30, 40 anos atrás. Ficamos impressionados diante da postura,
do olhar, de todo o comportamento das crianças pequenas de hoje.
Uma das perguntas fundamentais da educação atual é como lidar com essa aceleração
do desenvolvimento da criança. Será que, de fato, a solução consiste na antecipação dos
conteúdos de ensino? Ou as crianças estão esperando outra solução para as suas necessidades?
A solução está na real compreensão fisiológica e psicológica do desenvolvimento da criança,
e a partir dessa compreensão profunda, temos a tarefa, como adultos responsáveis pela
formação da criança, de proporcionar o ambiente e situações propícias para o seu
desenvolvimento durante esse período em que ela depende tanto de nossas decisões sensatas.
BERTALOT, Leonore. Criança Querida: o dia-a-dia da alfabetização. 2. ed. São Paulo, Editora Antroposófica, , 1995.
CALGREN, Frans. & KLINGBORG,Arne. Educação para a liberdade de Rudolf Steiner. Ttradução Edith Kunze e Kurt O.Kunze. São Paulo: Editora Antroposofica, 2006.
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STEINER, Rudolf; A Metodologia do Ensino : e as condições de vida do educador. Tradução de Christa Glass. 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 2014.