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A prática profissional Psi na Saúde Pública: configurações históricas e desafios contemporâneos Mary Jane Spink Gustavo Corrêa Matta Ms. Andréa Batista Magalhães Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Psicologia
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A prática profissional Psi na Saúde Pública: configurações históricas e desafios contemporâneos Mary Jane Spink Gustavo Corrêa Matta Ms. Andréa Batista.

Apr 17, 2015

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Page 1: A prática profissional Psi na Saúde Pública: configurações históricas e desafios contemporâneos Mary Jane Spink Gustavo Corrêa Matta Ms. Andréa Batista.

A prática profissional Psi na Saúde Pública: configurações históricas e

desafios contemporâneos

Mary Jane SpinkGustavo Corrêa Matta

Ms. Andréa Batista Magalhães

Pontifícia Universidade Católica de GoiásDepartamento de

Psicologia

Page 2: A prática profissional Psi na Saúde Pública: configurações históricas e desafios contemporâneos Mary Jane Spink Gustavo Corrêa Matta Ms. Andréa Batista.

Relação entre Psicologia e Saúde Pública

Histórico da SP como mercado de trabalho:

– Pesquisa sobre o perfil do Psicólogo no Estado de São Paulo (CRP-06-1984);

– Pesquisa sobre a prática profissional (CFP-1988);

– Pesquisa sobre a inserção do Psicólogo nas UBS’s (CRP-06-1991). (importante marco sobre a prática em serviços de saúde)

– A coletânea de textos sobre as práticas emergentes e desafios para formação (CFP-1994);

– Estatísticas sobre formação, atuação profissional e mercado de trabalho (CRP-06-1995).

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A prática psicológica a partir de repertórios linguísticos

• Imagens, termos, figuras de linguagem e outros apoios para expressar as experiências vividas por meio das interações de cotidiano: memória cultural de tempo longo ou memória afetiva do tempo vivido.

• Tempo longo da história: espaço da construção social dos conteúdos culturais que são possibilidades de sentido em outras épocas;

• Ressignificadas no tempo vivido: experiências individuais, processos de socialização, tempo da memória – afeto e identidade.

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Psicologia e SUS: amor a primeira vista???

• Busca de novas formas de atuação – formação e prática unidas pelas pressões conjunturais;

• Estratégias de governo voltadas à saúde:– Emergências dos Estados-nação na

modernidade clássica;– Decorrência das demandas sanitárias

associadas à sociedade cultural;

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Governamentalidade...

(...) conjunto constituído pelas instituições, procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer esta forma bastante específica e complexa de poder que tem por alvo a população, por forma principal de saber a economia política e por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de segurança (1986, p. 291).

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A parceria entre Psicologia e Saúde Pública tem por base a governamentalidade no âmbito da sociedade disciplinar trabalhando a gestão da vida diante das ameaças da progressiva urbanização e das precárias condições sanitárias e laborais.

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As Estratégias disciplinares

Corpo – máquina (séc. XVII): dispositivos disciplinares;

Corpo – espécie (séc. XVIII): englobando técnicas de governo das populações;

BIOPODERES(Moderna gestão de risco)

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Poder Disciplinar

• Controle de corpos (desenvolvimento do capitalismo industrial) – fortalecimento para o trabalho produtivo;

• Trabalhava por meio da (1) organização da massa indiferenciada mediante sistemas classificatórios e (2) nas estratégias de vigilância continuada ((a)escolas – prisões – (b) higiene)

• SURGIMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS

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Os biopoderes

• Tem por objetivo a segurança – estratégia de governo que implica o aperfeiçoamento da coleta e uso da informação;

• Nesta vertente se ancoram as modernas estratégias de gestão dos riscos associados à morbidades e mortalidades;

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• Séc. XIX – estratégias com calculo de risco como base em escalas geradas a partir da definição de fatores de risco;

• Compartilhamento da responsabilidade dos riscos para fins de intervenção preventiva: esvaziamento da responsabilidade estatal pela saúde e crescente responsabilidade do cidadão pelo seu próprio bem estar.

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• Era genética: substitui o discurso sobre grupo de risco pelo das suscetibilidades individuais – o risco biomédico se torne individualizado e clínico;

• Molecularização da saúde – vigilância continuada de indicadores de risco (clínicos e genéticos): avanço da tecnologia médica;

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Eixos de discussão

• Os repertórios históricos adquiridos na interface entre Psicologia e Saúde Pública;

• O SUS no contexto histórico da atenção à saúde no Brasil;

• A re-orientação da assistência: a era da promoção da saúde;

• Sobre a ressignificação exigida para pensar a saúde na perspectiva coletiva: contrastando Saúde Pública e Saúde Coletiva;

• Os desafios da prática psicológica no SUS

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1. Os repertórios históricos adquiridos na interface entre Psicologia e Saúde Pública: Contextos históricos da inserção da Psicologia na Saúde Pública

• Loucura, manicômios e hospitais psiquiátricoS – Reforma psiquiátrica;

• Medicina clínica – hospitais;• Medicina urbana sanitarismo;• Vigilância sanitária;• Medicina previdenciária – Saúde do

Trabalhador;• Atenção materno-infantil – PAISM / PSF

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1. Medicina de Estado da Alemanha – inicio sec. XVIII

• Observação da morbidade da população;• Normatização da prática médica;

2. Medicina Urbana (França): Meados séc. XVIII

• a) a1. análise de tudo que pode causar doença; a2. controlar a circulação de pessoas e elementos; a3. organizar a distribuições das seqüências (água, esgoto) – MEDICINA DAS COISAS

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3. Medicina da Força de Trabalho

Relacionada a Revolução Industrial cuja missão era:

– controle de vacinação;

– organização e registro de epidemias e doenças

epidêmicas;

– localização e eliminação de foco de insalubridade.

Este modelo inglês une três ordens distintas:

1. Assistência médica ao pobre;

2. Controle da saúde da força de trabalho; e

3. Esquadrinhamento da saúde pública.

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Medicina de pobre e de rico

XMedicina sanitária

e assistencial

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A inserção da Psicologia na Saúde Pública

• Imposição da necessidade de administrar um crescente número de áreas da vida humana, inclusive o aparelho psicofísico;

• Condições de evidenciar as diferenças individuais para fazer diagnósticos: reconhecimento da superfície do corpo e análise dos atributos da alma;

• Principal contribuição para a individualização: OS TESTES PSICOLÓGICOS

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Áreas alcançadas

• 1. Medicina Assistencial: alia atenção à saúde e educação;– Saúde do Trabalhador – medicina

previdenciária;– Saúde materno-infantil;

• 2. Medicina curativa individual: caráter clínico, aplicações psicoterapêuticas breves;

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2. O SUS no contexto histórico da atenção à saúde no Brasil;

• Atenção relegada às Santas Casas;

• Caixas: primeira organização estatal – 1923

– minizar conflitos trabalhistas;

• INPS – Instituto Nacional de Previdência

Social – 1966: vinculação entre aposentaria

e saúde, psicologia na vertente de

psicodiagnóstico e orientação vocacional

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INPS E PLANO DE SAÚDE??

• Estrutura de saúde precária;• Obrigado a fazer convênios;

• Germe dos atuais planos de saúde e

• CISÃO ENTRE ASSISTÊNCIA PÚBLICA E ASSISTÊNCIA

CONVENIADA

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A organização dos Serviços de Saúde

• Em 1970 – falência do modelo curativo;

• Recuperação da Saúde Pública:

– Medidas de atenção individualizada médico-sanitaristas;

– Revitalização do MS e das Secretarias Estaduais de Saúde;

• Extensão da cobertura previdenciária;

• Reorientação para uma prática médico-curativa individual em

detrimento de medidas de Saúde Pública de caráter preventivo

e de interesse coletivo;

• Expansão da base tecnológica da rede de serviços e de

consumo de medicamentos.

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• 1975 – reformulação do modelo de saúde:

Movimento Sanitário; promulgada a Lei 6.229

que criava o Sistema Nacional de Saúde;

• 1976 – criação do CEBES – Centro Brasileiro de

Estudos de Saúde;

• 1979 – criada a ABRASCO – Associação

Brasileira de Saúde Coletiva – sinalizava a

criação do SUS;

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• 1983/1984 – formulado o projeto de

Ações Integradas à Saúde:

universalização, descentralização e

integração dos serviços de saúde;

• 1986 – 8ª Conferência Nacional

de Saúde: forneceu subsídios para a

Lei 196 da Constituição Federal

sobre a Saúde.

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A Constituição de 1988• Reconhece a saúde como direito de todas as pessoas e dever

do Estado;

• Promove a perspectiva de organização descentralizada que

possibilita aos municípios elaborarem políticas públicas locais;

• Refere-se aos princípios básicos do SUS: universalidade,

gratuidade, integralidade e organização descentralizada.

• 1999 – aprovada a Lei 8080 que dispoe sobre as condições

para a promoção, proteção e recuperação da sáude, a

organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.

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3. A re-orientação da assistência: a era da promoção da saúde;

• Saúde considerada onerosa, especialmente na vertente de recuperação após a doença;

• Minimizar os custos desta recuperação por meio da promoção da saúde e prevenção do surgimento de doenças;

• Participação endossada pela OMS.

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A Organização Mundial de Saúde

• A definição de serviços básicos da OMS data de 1953;

• A Assembléia Mundial de Saúde (1977) lançou a diretriz

“Saúde para todos nos anos 2000”;

• Em Alma Ata – Conferência Internacional sobre

Atenção Primária à Saúde, a saúde é reafirmada

como “direito do homem, sob a responsabilidade

política dos governos, e reconhece a sua determinação

intersetorial” (p. 305).

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• Definida as atividades primárias que devem compor o conceito de cuidados primários:

– Educação sanitária;

– Assistência nutricional;

– Saneamento básico;

– Assistência materno-infantil;

– Planejamento familiar; e

– Assistência curativa para os problemas mais comuns.

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Contribuições...

• Reconhecimento da determinação

social da doença;

• Atendimento em nível primário;

• A saúde multidisciplinar abrindo portas

para a Psicologia atuar nos centros de

saúde e nas unidades básicas de saúde;

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• Década de 80 – saúde enquanto promoção e expansão progressiva dos componentes da sáude indo além dos aspectos biológicos do adoecimento;

• Ações voltadas à prevenção, cura e recuperação integram agora o ambiente físico, psicológico e social) bem como o estilo de vida;

• Torna-se documentos na Carta de Ottawa (1986) e no Projeto Cidades Saudáveis da OMS (1986/1995).

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4. Sobre a ressignificação exigida para pensar a saúde na perspectiva coletiva: contrastando Saúde Pública e Saúde Coletiva;

• A Saúde Pública tem por base a Biologia e o

esquadrinhamento estatístico da epidemiologia;

• Saúde Coletiva: se constitui através da crítica sistemática

do universalismo naturalista do saber médico:

envolvimento das ciências humanas e a

multidisciplinaridade, incluindo a Psicologia e a Psicologia

Social.

– Campo Científico e de práticas;

– Campo de conhecimentos;

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5. Os desafios da prática psicológica no SUS

• Consolidação do Sistema Único de Saúde: problemas

como acesso, financiamento, descentralização,

participação popular, gestão e formação para o

trabalho em saúde;

• Expansão do Programa Saúde da Família – PSF;

• Criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da

Educação na Saúde – SGTES: polos de educação

permanente;

• Formação de profissionais alinhados aos ideais e

demandas do SUS;

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• Incentivo para a formação e a organização de equipes de saúde para ampliação do acesso e para a reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica;

• A noção do indivíduo;