UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde A obesidade como fator de risco para a infertilidade e complicações da gravidez Estudo retrospetivo na Unidade de Medicina Reprodutiva do Centro Hospitalar da Cova da Beira entre 2011 e 2017 Maria João Pontes Ferreira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Medicina (ciclo de estudos integrado) Orientador: Doutor Renato Martins Coorientadora: Profª. Doutora Célia Nunes Covilhã, maio de 2019
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A obesidade como fator de risco para a infertilidade e complicações da gravidez
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde
A obesidade como fator de risco para a infertilidade e complicações da gravidez
Estudo retrospetivo na Unidade de Medicina
Reprodutiva do Centro Hospitalar da Cova da Beira entre 2011 e 2017
A obesidade como fator de risco para a infertilidade e complicações da gravidez
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Tabela 10: Distribuição do total de complicações dos tratamentos de fertilidade em relação ao IMC
Complicações
Nenhuma ACIU ACIU+PPT DHG GE DG ACIU+PPT+DHG
IMC
<25
n 15 1 2 1 1 1 0
% 71.4 4.8 9.5 4.8 4.8 4.8 0
>25
n 7 1 1 1 2 1 1
% 50 7.1 7.1 7.1 14.3 7.1 7.1
3.3 Modelo de regressão logística binária
Foi aplicado o modelo de regressão logística binária, através do qual se obteve a Tabela 11.
Pela interpretação dos valores apresentados, conclui-se que uma pessoa com SOP tem
aproximadamente 4.5 vezes maior possibilidade de ter excesso de peso ou obesidade do que
uma pessoa sem SOP (OR = 4.489; IC95% = [1.737;11.599]).
As outras duas variáveis que apresentaram relação significativa (ciclo menstrual e fator de
infertilidade) foram excluídas do modelo.
Podemos concluir que o modelo se ajusta bem aos dados (p-value Hosmer and Lemeshow = 0.689 >0.05)
e que este apresenta algum poder discriminante (AUC=0.611) (Anexo II).
Tabela 11: Estimativas dos coeficientes do modelo de regressão logística binária apenas para as variáveis significativas
(a) Categoria de referência: 0 – Não. OR - Odds ratio; AUC - Área abaixo da curva de ROC
Coeficientes
p-
value OR
IC 95% (R) Hosmer and
Lemeshow
(p-value)
AUC
Mín Máx
SOP(a)
Constant
1.502 0.002 4.489 1.737 11.599 0.689 0.611
-0.873 0.000 0.418
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4. Discussão
O excesso de peso e a obesidade são problemas de saúde cada vez mais frequentes, que afetam
atualmente mais de metade dos portugueses e que causam doenças cardiovasculares e
metabólicas tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia (1, 2). Além disso,
relacionam-se com a infertilidade, que atinge cerca de 8% da população portuguesa (7), e que
se define como “doença do sistema reprodutivo que causa incapacidade de obter uma gravidez
após 12 ou mais meses de relações sexuais regulares e desprotegidas” (6).
A obesidade e o excesso de peso causam alterações hormonais importantes a nível do eixo
hipotálamo-hipófise-ovários devido à resistência à insulina e a variações nos níveis de leptina,
com consequente anovulação, diminuição da qualidade do oócito e recetividade do endométrio,
pelo que há redução da fertilidade e consequências negativas a nível das TRA (4, 9, 12, 13). Do
mesmo modo, é também fator de risco para SOP, diabetes gestacional, doença hipertensiva da
gravidez, aborto, nados-mortos, parto pré-termo, alterações do crescimento intrauterino, bem
como parto instrumentado/cesariana e hemorragia pós-parto (2, 3, 5).
Uma vez que o excesso de peso e a infertilidade são grandes problemáticas a nível da saúde,
este trabalho visa a avaliação da influência do excesso de peso e da obesidade na infertilidade
feminina e nas tecnologias de reprodução assistida, bem como nas complicações da gravidez
nas mulheres que realizaram tratamentos de fertilidade na Unidade de Medicina Reprodutiva
do Centro Hospitalar da Cova da Beira entre 2011 e 2017.
O presente estudo contou com uma amostra de 137 mulheres, cuja idade se encontra entre os
18 e os 40 anos, média de 33 anos. O IMC tem uma média de 24 kg/m2, com um valor mínimo
de 18.71 kg/m2 e o valor máximo de 38.87 kg/m2. As utentes com peso normal compreendem
a maioria da amostra, as mulheres com excesso de peso e obesidade constituem 35% dos casos.
A infertilidade de causa não esclarecida corresponde a 40.1% das mulheres estudadas. No
entanto, a maioria das mulheres apresenta problemas ginecológicos, sendo o fator ovárico/SOP
o fator mais frequentemente encontrado (20.6%). Das mulheres com IMC ≥25 kg/m2, o fator
ovárico/SOP é mais frequente do que a infertilidade idiopática, enquanto que as mulheres com
IMC <25 kg/m2 têm como mais prevalente a infertilidade idiopática, seguindo-se o fator
tubário/uterino. Há uma relação significativa entre o IMC e a variável “fatores de infertilidade”
e verifica-se que entre as mulheres com diagnóstico de fator ovárico/SOP, cerca de 57% tem
excesso de peso ou obesidade.
A SOP é uma das patologias endócrinas mais frequente nas mulheres. Cursa com
hiperandrogenia e anovulação e pode causar irregularidades menstruais (10). A anovulação é
também frequente entre as mulheres obesas e a obesidade partilha várias das alterações
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hormonais e metabólicas da SOP. Alguns investigadores sugerem que mulheres obesas com SOP
apresentam taxas mais elevadas de aborto e com o aumento do IMC foram reportadas menores
taxas de gravidez clínica após TRA, no entanto tal é discrepante com outros artigos que não
demonstraram tais diferenças (4). Neste trabalho, a SOP foi encontrada em 16.9% das mulheres
e a irregularidade menstrual foi reportada em 28.1% dos casos. É de salientar ainda que as
variáveis “SOP” e “ciclo menstrual” apresentaram relação significativa com o IMC, sendo que
entre as mulheres com ciclo menstrual irregular e as que têm SOP, a maioria tem IMC ≥25 kg/m2
(52.6% e 65.2% respetivamente). Uma mulher com SOP apresentou cerca de 4.5 vezes maior
probabilidade de ter excesso de peso ou obesidade. Investigações de Al-Alzemi e de Norman (4)
apontam que a SOP e a obesidade coexistam em 30 a 60% dos casos, o que se aproxima dos
65.2% dos casos de SOP com IMC ≥25 kg/m2 na amostra aqui em estudo.
Provost et al. (11) afirmam que a SOP não é o único fator que afeta a taxa de sucesso da FIV em
utentes obesas, uma vez que utentes com SOP também mostraram piores resultados com o
aumento do IMC. Contudo, na presente investigação não se confirmou a tendência para a
diminuição da taxa de gravidez ou o aumento da taxa de aborto nas mulheres com a SOP.
Vários outros estudos sugerem que mesmo mulheres obesas sem problemas ovulatórios têm
menor fecundidade e piores taxas de sucesso com as tecnologias de reprodução assistida, com
mais complicações da gravidez e maior taxa de aborto quando comparadas com mulheres de
peso normal, embora tal não seja linear em outros artigos onde não se verificaram os mesmos
resultados (4).
No estudo aqui contemplado, foi possível verificar que há uma menor taxa de gravidez clínica
na IIU quando o IMC é ≥25 kg/m2, pois há uma ligeira diminuição na percentagem de mulheres
com excesso de peso e obesidade com o referido resultado quando comparadas com mulheres
de peso normal (32% vs. 33.9%), ressalvando-se que tal não apresenta significância estatística.
Para a FIV esta tendência não se verificou e relativamente à ICSI não é possível apresentar
conclusões com base em apenas três gravidezes clínicas.
Vários investigadores estudaram a influencia da obesidade nas TRA. A bibliografia é
inconsistente no que toca à existência de relação significativa entre o IMC e os desfechos das
TRA. Diversos estudos demonstram haver diminuição da taxa de gravidez e nados-vivos em
mulheres com IMC mais elevado, enquanto outras investigações não mostram qualquer impacto.
Wang et al. (19) concluíram, num estudo retrospetivo com 3586 mulheres, que à medida que
aumenta o IMC diminui probabilidade de conseguir uma gravidez através das TRA. De acordo
com esta análise, as mulheres com IMC entre 25-29.9 e 30-34.9 kg/m2 têm taxas de fecundidade
cerca de 20% e 30% inferiores, respetivamente, em relação a mulheres com IMC entre 20-24.9
kg/m2 (19). Num estudo cohort que contou com a análise de 239127 ciclos de fertilização in vitro
autólogos realizados entre 2008 e 2010, Provost et al. (11) averiguaram que com o aumento do
IMC há diminuição da taxa de gravidez clínica (37.9% para 30%), bem como um aumento da taxa
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de aborto (11.3% para 21%), o que sustenta que a FIV apresenta maior sucesso quando o IMC se
encontra dentro dos valores considerados normais pela OMS. Noutro estudo apresentam-se
resultados semelhantes, em que Kawwass et al. (20) comparam mulheres obesas com mulheres
de peso normal. Com a obesidade verifica-se uma menor probabilidade de obter uma gravidez
intrauterina e nados-vivos e um aumento estatisticamente significativo do risco de aborto,
baixo peso ao nascimento e parto pré-termo (20). Moragianni et al. (21) analisaram ciclos de FIV
e FIV/ICSI de 4606 pacientes realizados entre 2004 e 2010 e concluem que a probabilidade de
obter gravidez clínica e nados-vivos em mulheres obesas é inferior em comparação com
mulheres com IMC dentro da faixa do normal. É importante referir que estas análises tiveram
por base amostras substancialmente superiores, com maior número de mulheres com excesso
de peso e obesidade em cada tratamento de fertilidade, o que permite tirar conclusões mais
concretas.
Outros estudos apresentam resultados díspares. No estudo de MacKenna et al. (22) o aumento
do IMC não se associou a diferenças significativas na probabilidade de gravidez clínica, nados-
vivos e aborto após TRA na América Latina, onde a prevalência de excesso de peso e obesidade
é elevada nas mulheres que são submetidas a TRA. Farhi et al. (23) concluem que a transferência
de embriões de alta qualidade ultrapassa os efeitos negativos do excesso de peso nos
tratamentos de FIV, uma vez que não houve diferença entre os grupos de IMC <25 e ≥25 kg/m2
relativamente à taxa de gravidez clínica e à taxa de aborto. Dechaud et al. (24) analisaram 789
ciclos de FIV/ICSI e concluíram que o excesso de peso e a obesidade não afetam negativamente
os resultados, uma vez que as taxas de gravidez e de aborto foram comparáveis entre os
diferentes grupos de IMC. Um outro estudo retrospetivo realizado por Ben-Haroush et al. (25)
que incluiu 1345 ciclos de FIV/ICSI também não mostrou diferenças significativas na gravidez
clínica e abortos entre mulheres de peso normal, excesso de peso e obesidade. É possível que
os resultados desfavoráveis das TRA com o aumento do IMC se devam a alterações da qualidade
dos oócitos e embriões transferidos, a alterações da resposta ovárica e a anormalidades do
endométrio (25).
Desta forma, os resultados obtidos na amostra em estudo que não mostraram influência do IMC
nos desfechos das TRA vão de encontro a alguma da literatura. É de sublinhar que a amostra é
demasiado pequena para se poderem apresentar resultados consistentes.
A gravidez em mulheres obesas e com excesso de peso após TRA associa-se a maior taxa de
complicações maternas, tais como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, instrumentação
obstétrica, bem como de complicações fetais e neonatais, como macrossomia e nados-mortos
(3-5). Fahri et al. (23) referem taxas superiores de diabetes gestacional e doença hipertensiva da
gravidez nas mulheres com excesso de peso. Na presente investigação, 71,4% das mulheres com
IMC <25 kg/m2 não manifestaram quaisquer complicações, enquanto que 50% das mulheres com
excesso de peso ou obesidade apresentaram complicações durante a gravidez. Ainda que não
se tenha verificado significância estatística, parece haver uma tendência para a existência de
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maiores complicações nas mulheres com IMC mais elevado, tal como encontrado na literatura.
A complicação mais frequentemente encontrada na amostra foi a diabetes gestacional. É de
salientar que das utentes com diabetes gestacional, 66,7% apresentam IMC elevado, no entanto
há apenas três mulheres com o diagnóstico de diabetes gestacional.
Este estudo apresenta como limitação principal o tamanho da amostra. A população em estudo
contou com apenas 459 utentes do sexo feminino com primeira consulta de fertilidade na UMR
do CHCB durante o período de 2011 a 2017, pelo que a amostra obtida através dos critérios de
inclusão e exclusão foi diminuta (n=137) e, como consequência, apresenta uma proporção baixa
de mulheres com excesso de peso e obesidade, enquanto que o grupo das mulheres de peso
normal é substancialmente superior. Deste modo, torna-se difícil retirar conclusões
consistentes, uma vez que não é possível a generalização dos dados obtidos para a população
em geral.
Outra limitação é inerente ao desenho do estudo, que é um estudo retrospetivo baseado apenas
nos dados existentes nos processos clínicos das utentes, sendo, portanto, impossível recolher
dados que não tenham sido colhidos previamente durante as consultas de fertilidade.
Por outro lado, este estudo apresenta como ponto forte o facto de terem sido analisados os
processos clínicos de todas as pacientes que realizaram tratamentos de fertilidade na UMR do
CHCB desde 2011 até 2017, pelo que apesar de pequena, a amostra representa todas as
mulheres com infertilidade não associada ao elemento masculino e com dados clínicos
completos estudadas e tratadas na UMR neste período. Este estudo é também pioneiro pelo
facto de não haver estudos acerca do mesmo tema a nível do CHCB.
Ainda que os resultados obtidos não sejam os expectáveis, permanece a questão se tal se deve
a uma amostra pequena ou à eficácia das tecnologias de reprodução assistida, apesar da
patologia associada. São necessárias mais investigações com um maior número de casos de
forma a averiguar se as técnicas são, de facto, eficazes apesar do aumento do IMC ou se o viés
do tamanho amostra influenciou os resultados neste estudo, e o excesso de peso e a obesidade
acarretam, de facto, piores desfechos nas TRA.
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5. Conclusão
Este trabalho tem como objetivo principal avaliar a influência do excesso de peso e da
obesidade na infertilidade feminina e nos resultados das TRA, bem como nas complicações da
gravidez nas mulheres que realizaram tratamentos de fertilidade na Unidade de Medicina
Reprodutiva do Centro Hospitalar da Cova da Beira entre 2011 e 2017. A literatura é
inconsistente quanto à influência do IMC nos resultados das TRA e nas complicações da gravidez.
Enquanto vários autores sugerem que o aumento do IMC se associa a piores desfechos das TRA,
nomeadamente menores taxas de gravidez clínica, maiores taxas de aborto e de complicações
maternas, incluindo diabetes gestacional, doença hipertensiva da gravidez e parto
instrumentado (4, 11, 19-21), outros autores não mostraram a existência de relação significativa
entre as mesmas variáveis e o IMC (22-25). Na amostra em estudo também não foi demonstrada a
influência do IMC nos desfechos das tecnologias de reprodução assistida nem nas complicações
da gravidez.
Foi possível verificar que há uma diminuição ligeira, embora não significativa, da taxa de
gravidez clínica no grupo de mulheres com excesso de peso e obesidade submetidas a IIU.
Encontraram-se mais complicações materno-fetais nas mulheres com excesso de peso e
obesidade, embora tal também não seja estatisticamente significativo.
O fator de infertilidade mais frequente nas mulheres com IMC elevado foi o fator ovárico/SOP,
enquanto que as mulheres com IMC normal apresentam predomínio de infertilidade de origem
não esclarecida. Entre o IMC e a SOP, observa-se uma relação significativa, sem que haja, no
entanto, alterações significativas nos resultados das TRA com a presença da SOP.
Apesar de não se ter demonstrado a relação de influência significativa com o IMC, tal como
seria expectável, esta dissertação serviu para descrever a realidade do CHCB quanto às TRA e
a população que delas beneficia. Por outro lado, surge a dúvida se as TRA são eficazes apesar
do aumento do IMC ou se o tamanho da amostra enviesou os resultados obtidos.
Uma das principais limitações inerentes a este estudo centra-se no tamanho da amostra, que
dificulta a consistência da análise realizada e a generalização dos resultados obtidos. Sugere-
se a realização de mais investigações que incluam centros de reprodução assistida a nível
nacional e que permitam a análise de uma população maior, de forma a que se possa averiguar
as implicações do excesso de peso e da obesidade nas TRA e nas complicações da gravidez. A
obesidade implica necessidade de maiores doses de gonadotrofinas para a indução da ovulação
e apresenta efeitos a nível hormonal que podem prejudicar o sucesso das TRA e que merecem
ser estudados para que possam ser contornados ou prevenidos. É premente avaliar o impacto
da perda de peso prévia à realização das TRA, pelo que devem ser incentivadas investigações,
de preferência prospetivas, por forma a melhorar a abordagem das mulheres com excesso de
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peso que pretendem engravidar com auxílio de tecnologias de reprodução assistida, para que
que no futuro seja possível prevenir as baixas taxas de sucesso das TRA em mulheres obesas.
Certos autores sugerem que o potencial reprodutivo da mulher aumenta com a perda de peso,
uma vez que o exercício físico melhora a sensibilidade à insulina e reduz a gordura visceral,
com melhoria da taxa de conceção e de nados-vivos (12, 26). A Sociedade Britânica de Fertilidade
sugere até que as TRA sejam adiadas até à obtenção de IMC menor do que 35 kg/m2 e o Instituto
Nacional de Excelência Clínica do Reino Unido aconselha a obtenção de IMC inferior a 29 kg/m2
previamente aos tratamentos de fertilidade (4). Contudo, é necessário ponderar o
risco/benefício face à idade da mulher, uma vez que a fertilidade diminui com a idade
reprodutiva avançada. Chavarro et al. (27) não encontraram benefícios a curto-prazo com a
perda de peso prévia às TRA. Não obstante, a obesidade comporta diversos efeitos adversos a
nível da saúde, pelo que é urgente consciencializar a população, que está cada vez com mais
excesso de peso e obesidade e em idades cada vez mais precoces, acerca dos benefícios da
modificação do estilo de vida, com alimentação mais saudável e hábitos de atividade física, de
forma a que as mulheres tenham menos problemas de fertilidade devido às alterações
hormonais que se fazem sentir com o excesso de peso e obesidade, mas também para uma
melhor qualidade de vida, com menos doenças cardiovasculares e metabólicas.
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