VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN ∕ 1808-8716 Santos et al. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 4(gt4):1-20 A INTEGRAÇÃO NATURAL-TÉCNICO: UM OLHAR CTS PARA A URBANIZAÇÃO ALÉM DO ANTROPOCÊNTRICO GT 04 – Políticas públicas e desenvolvimento local: interveniências e interações entre tecnologia, sociedade e democracia Leticia Costa de Oliveira Santos Niklas Werner Weins Augusto Frederico Junqueira Schmidt Tatiana Maria Cecy Gadda Silvestre Labiak Junior Christian Luiz da Silva Resumo: Com o desenvolvimento tecnológico do século XX houve também modificações nas formas das pessoas se relacionarem entre si, com o que fazem e o que consomem. As cidades são comumente entendidas como artefatos sociotecnológicos da civilização humana e diferenciadas da natureza. Uma visão dicotômica entre natural e sociotécnico tem influência sobre o planejamento das cidades, já que as decisões dos planejadores são influenciadas por estruturas cognitivas compartilhadas em contextos culturais específicos. As interconexões entre urbano e natural podem ser identificadas de pelo menos duas formas: nos impactos e modificações da ação antrópica em praticamente todos os ecossistemas e na dependência humana das funções ecossistêmicas. O objetivo deste trabalho é identificar as contribuições da Teoria Crítica da Tecnologia (TCT) neste novo paradigma. A partir das considerações de Yearley (2008), este trabalho aborda as considerações sobre "o natural" e suas implicações para pensar sobre a relação cidade-natureza na obra dos principais autores da escola de Frankfurt: Herbert Marcuse e Andrew Feenberg. A CTS, apesar de interdisciplinar, é tradicionalmente antropocêntrica. A TCT sugere que o distanciamento entre urbano e natural deriva da sensação de adiamento dos feedbacks resultantes da ação técnica (urbanização). Há uma separação aparente entre atores (humanos) e objetos (natureza) e pela abstração dos atributos úteis da natureza e sua apreensão pelo objeto técnico. As lentes da CTS podem contribuir para um olhar integrador entre natureza e cidades identificando os aspectos ecológicos da urbanização e os sociotécnicos da natureza. O planejamento pautado neste paradigma e o empoderamento dos cidadãos pode ser o caminho para a construção de cidades mais sustentáveis. Palavras-chave: Urbanização; Natureza; Teoria Crítica da Tecnologia; Escola de Frankfurt.
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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Santos et al. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 4(gt4):1-20
A INTEGRAÇÃO NATURAL-TÉCNICO:UM OLHAR CTS PARA A URBANIZAÇÃO ALÉM DOANTROPOCÊNTRICO
GT 04 – Políticas públicas e desenvolvimento local: interveniências einterações entre tecnologia, sociedade e democracia
Leticia Costa de Oliveira SantosNiklas Werner Weins
Augusto Frederico Junqueira SchmidtTatiana Maria Cecy Gadda
Silvestre Labiak JuniorChristian Luiz da Silva
Resumo: Com o desenvolvimento tecnológico do século XX houve também modificações nas formasdas pessoas se relacionarem entre si, com o que fazem e o que consomem. As cidades são comumenteentendidas como artefatos sociotecnológicos da civilização humana e diferenciadas da natureza. Umavisão dicotômica entre natural e sociotécnico tem influência sobre o planejamento das cidades, já queas decisões dos planejadores são influenciadas por estruturas cognitivas compartilhadas em contextosculturais específicos. As interconexões entre urbano e natural podem ser identificadas de pelo menosduas formas: nos impactos e modificações da ação antrópica em praticamente todos os ecossistemas ena dependência humana das funções ecossistêmicas. O objetivo deste trabalho é identificar ascontribuições da Teoria Crítica da Tecnologia (TCT) neste novo paradigma. A partir das consideraçõesde Yearley (2008), este trabalho aborda as considerações sobre "o natural" e suas implicações parapensar sobre a relação cidade-natureza na obra dos principais autores da escola de Frankfurt: HerbertMarcuse e Andrew Feenberg. A CTS, apesar de interdisciplinar, é tradicionalmente antropocêntrica. ATCT sugere que o distanciamento entre urbano e natural deriva da sensação de adiamento dosfeedbacks resultantes da ação técnica (urbanização). Há uma separação aparente entre atores(humanos) e objetos (natureza) e pela abstração dos atributos úteis da natureza e sua apreensão peloobjeto técnico. As lentes da CTS podem contribuir para um olhar integrador entre natureza e cidadesidentificando os aspectos ecológicos da urbanização e os sociotécnicos da natureza. O planejamentopautado neste paradigma e o empoderamento dos cidadãos pode ser o caminho para a construção decidades mais sustentáveis.
Palavras-chave: Urbanização; Natureza; Teoria Crítica da Tecnologia; Escola de Frankfurt.
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IntroduçãoQue desenvolvimento queremos? É por meio desta pergunta que as abordagens críticas
ao desenvolvimento padrão do capitalismo começam a questionar o status quo (ACSELRAD,
2008). Em poucos fenômenos ficam mais evidentes as implicações das respostas a essa
pergunta do que na urbanização. A urbanização do século XX, tanto nos países de capitalismo
avançado, quanto daqueles em desenvolvimento, tem trazido com a sua forma de
planejamento, e em conjunto com os avanços nas tecnologias de comunicação e de produção
mudanças nunca vividas em tão pouco tempo na história da humanidade.
Na metade do século XX, o filósofo alemão Herbert Marcuse, após de ter que fugir o
seu país natal por causa das ameaças postas ao seu pensamento pelo nazifascismo e o governo
de Adolf Hitler, começou em um dos seus primeiros textos publicados, a questionar o papel da
tecnologias, a individualização e suas consequências para a convivência em sociedades
humanas. Marcuse é um dos pilares de um movimento moderno de Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS) e seus estudantes como Andrew Feenberg continuam acompanhando e
criticando os desdobramentos da técnicas modernas em todos os âmbitos da vida moderna.
As cidades modernas provocam impactos para além de suas fronteiras, que são
desproporcionais nas escalas local, regional e global (GRIMM et al., 2008). Mas, embora as
áreas urbanizadas cobrem apenas uma pequena porção da superfície do planeta, elas
representam uma grande parte dos impactos antropogênicos na biosfera. A dependência do
capital natural e dos serviços ecossistêmicos aumenta continuamente no nosso planeta
urbanizado (GÓMEZ-BAGGETHUN et al., 2010; GUO et al., 2010). Ainda assim, os
impactos da urbanização na biodiversidade e nos ecossistemas, bem como os potenciais
benefícios da restauração dos ecossistemas em áreas urbanas, ainda não são bem
compreendidos (YEARLEY, 2008; GÓMEZ-BAGGETHUN et al., 2013).
Desta forma, a integração de áreas urbanas com seus meios naturais é um objetivo
relevante por reduzir impactos indesejados e os custos de remediação destes impactos e
mesmo, garantindo a manutenção da capacidade de suporte à vida (humana) no planeta
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serviços entendidos como vitais para a humanidade, podem ser enxergadas de forma
diferente, se forem entendidas na sua complexidade não reduzida a uma mera função técnica.
Isto é principalmente relevante quando consideramos as qualidades secundárias importantes
que vão se perdendo se não forem consideradas, como as funções ecológicas relevantes para
os seres não-humanos ou mesmo para sociedades humanas não hegemônicas.
Por exemplo, a maneira como engenheiros lidaram com águas urbanas nos últimos
séculos seguiram, em geral, princípios de controle e dominação. Essas abordagens permitiram
o desenvolvimento de nossas cidades e estilos de vida com possibilidade de garantir provisão
de água potável para grandes populações. No entanto, isto se deu ao custo de alto consumo de
energia, degradação de corpos hídricos e ecossistemas e, principalmente, a ilusão de que a
provisão de água pode ser sustentada indefinidamente mesmo com o aumento significativo da
demanda (BELL, 2015).
Mas as cidades impactam o meio ambiente da mesma forma como o meio impacta as
cidades (LIMA, 2002. p. 42). Corpos hídricos degradados e ecossistemas desequilibrados
comprometem os serviços ecossistêmicos dos quais a cidade depende e, consequentemente a
própria manutenção da vida humana. Feenberg (2004, p. 110) entende que a ação técnica tem
por resultado o feedback desproporcional sobre o autor da ação em relação ao impacto sobre o
objeto. Por não terem representação institucionalizada, isto significa uma ameaça para valores
não-técnicos como a natureza (FEENBERG, 2003, p. 3).
Também é importante reconhecer que a ideia de natureza intocada é dificilmente
identificada na prática. Mesmo sociedades pré industriais contribuíram para as modificações
nos meios naturais. A agência humana é historicamente relevante para a conformação de
habitats e ecossistemas tais como os conhecemos ao impactar os processos evolutivos - de
espécies não humanas e da própria espécie humana, e reduzir e aumentar a provisão de
serviços ecossistêmicos (BOIVIN et al., 2015, p. 6392). A natureza modificada para atender
às necessidades de sobrevivência humana pode, portanto, também ser compreendida como um
sistema sociotécnico no qual não só os agentes humanos transformam o espaço, mas em que
também os humanos são transformados por ele.
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O desenvolvimento da técnica depende de aspectos da humanidade, mas também os
modifica: tanto em aspectos ligados à biologia humana, como nossas capacidades físicas e
intelectuais - fala, manuseio, funções cerebrais, duração da vida - e também de aspectos
sociais, como a forma como passamos a nos organizar - sedentarismo, estruturas sociais e
políticas (DIAMOND, 2005. p. 261). Feenberg (2003) destaca que algumas das
consequências do distanciamento dos feedbacks: a) que se ignora o poder dos agentes sobre os
objetos; e b) as mudanças sobre os próprios agentes em decorrência da ação técnica. Isto pode
ser entendido pela alienação dos cidadãos quanto a sua capacidade de transformação das
cidades e do meio ambiente, e a submissão aos desígnios dos que são portadores da titulação
de técnicos, tidos como os legítimos atores sobre a cidade e, consequentemente sobre a vida
dos cidadãos.
3.1. Planejamento das cidades e CTS
O planejamento é um ofício de tomada de decisão deliberativa. Para a realização de
uma abordagem genuinamente ecológica é necessário que se supere as imagens metafóricas e
os jargões do holismo e se assuma de maneira pragmática a complexidade (VASISHTH, 2015:
11771-11772).
Planejadores precisam definir os problemas, formular objetivos e tomar decisões sobre
ações. O julgamento quanto a estas decisões é pautado tanto por valores individuais quanto
por valores coletivos. A prática do planejamento é, portanto influenciada, além das
subjetividades inerentes ao planejador, por contextos socioculturais que também vão orientar
outras esferas como a legislação, as práticas e a entrada de novas técnicas (OTHENGRAFEN,
2014). Deste modo, a maneira como se percebe a dualidade entre o urbano e o natural tem
impacto nas escolhas de planejamento, e não apenas a disponibilidade de alternativas
tecnológicas mais eficientes.
Mudanças tecnológicas, sociais e políticas são fundamentais para que se atinja a tão
almejada sustentabilidade. Feenberg (2010) destaca que a mudanças na “escala tecnológica”
não irão determinar, por si só, mudanças nas estruturas e valores sociais e políticos. São
necessários "elementos estratégicos alternativos" que possam modificar de forma que
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contribuam para um desenvolvimento democrático, que seja social e ambientalmente
sustentável (ACSELRAD, 2008. p. 9).
Feenberg (2004) restitui à humanidade a capacidade de orientar este desenvolvimento
no sentido que for mais conveniente. O mesmo autor (2004, p. 16) discorda das afirmações de
que o caminho para o desenvolvimento é guiado pela necessidade técnica e pela procura por
eficiência. Para o autor este tipo de discurso sustenta a restrição da participação ativa e na
democracia. Da mesma forma, reconhecer o papel humano num longo processo de
desenvolvimento dos ecossistemas e da biodiversidade como os temos hoje é fundamental
para se reafirmar a capacidade transformativa da sociedade (BOIVIN et al., 2015, p. 6394).
O geógrafo e urbanista Matthew Gandy (2005)4, usa a co-evolução da infraestrutura da
água, higiene pessoal e governança das utilidades da água como um exemplo das relações
complexas que constituem a vida urbana e não correspondem às demarcações convencionais
entre corpos, natureza, infraestrutura, política, cultura, arquitetura e assim por diante. Sua
análise leva a um chamado para uma maior atenção à política de tecnologia na cidade e à
reformulação da esfera pública para explicar a hibridação de cidades e sujeitos.
Ainda, Bell (2015) destaca o quanto natureza, gênero, tecnologia, cultura, política e
sociedade se entrelaçam nas cidades, sendo que essas complexas redes de relacionamentos,
podem ser difíceis de rastrear através de diferentes perspectivas teóricas e críticas. Os padrões
de uso de recursos nas cidades são moldados por diferentes padrões de relações sociais,
infraestrutura e tecnologia. Para esta autora, um quadro viável para planejadores urbanos,
designers e engenheiros para analisar os padrões de infraestrutura atuais e futuros requer uma
fundamentação na análise teórica das relações entre tecnologia, natureza e sociedade como é
proposta por Marcuse, Feenberg e outros.
As infraestruturas urbanas, como constituintes das cidades, também são fruto de
interações entre aspectos técnicos e seus contextos sociais, políticos e econômicos (BELL,
2015). As alternativas e os códigos técnicos também são ditados por lógicas de produção
dominantes, mas as mesmas podem também objetivar a sustentabilidade, incorporando
4 Ver Gandy, 2005 para um debate interessante sobre as complexidades das cidades contemporâneas, no que ele define como Cyborg Urbanization.
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preocupações sociais, políticas e espaciais que ultrapassam os indicadores convencionais de
eficiência. Bell (2015) aponta que, no exemplo da infraestrutura de água, o desafio para sua
reforma é maior por aspectos técnicos desta estrutura. No entanto esta reforma é imperativa
uma vez que é demonstrado que estas estruturas são ou serão inadequados para atender às
necessidades atuais e futuras (FEENBERG, 2010 apud BELL, 2015).
As relações entre cidades, tecnologias e água estão mudando (BELL, 2015). Os
códigos técnicos das infraestruturas de água urbana mostram o fortalecimento do discurso do
tecnicismo. Esse discurso encontra-se também na obra de Herbert Marcuse, como por
exemplo na sua obra “Algumas implicações sociais da tecnologia moderna” de 1941. Diante
do que Marcuse (1968, p. 4) aponta é interessante considerar a autonomia individual que ele
define como “liberdade autodidata e especialmente independência moral” pensando nos
planejadores e as considerações que eles fazem na escolha de decisões técnicas.
A medida em que se tenta negociar uma configuração de sistemas de infraestrutura
urbana que atinge um mínimo do que é definido como sustentabilidade nas próximas décadas,
essas relações e entendimentos de individualidade e autonomia terão grandes impactos nas
decisões políticas e técnicas. Bell (2015, p. 9) sugere que os planejadores urbanos, designers e
engenheiros conscientes da natureza discursiva e técnica das infra-estruturas serão os
melhores posicionados para atuar como intermediários honestos para os cidadãos, políticos e
financiadores, uma vez que os debates sobre a sustentabilidade ultrapassam a eficiência
(puramente técnica) e a proteção ambiental (puramente ecológica). Assim, de acordo com Bell
“as infraestruturas urbanas estabilizam as relações entre pessoas, tecnologia e natureza” e ela
propôs, se baseando nas ideias de Feenberg (2010) sobre a possibilidade de reforma do status
quo, que a forma futura de relações urbanas com a água está agora aberta para a renegociação.
4. Considerações finaisAs cidades são produtos sociotécnicos, mas seu desenvolvimento não se deu isolado
do meio natural onde estão inseridas. Um olhar consciente permite que se reconheça a
influência recíproca do meio natural sobre o meio urbano. O que se percebe é que o
desenvolvimento tecnológico se dá pela abstração dos aspectos funcionais e úteis do natural,
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desprezando o que é tido como inútil ou indesejável. Além disto, são mascarados os impactos
e efeitos colaterais que resultam em uma sensação de afastamento entre urbano e natural.
O presente trabalho aponta para o papel central das técnicas no que tange os impactos
da humanidade e suas cidades no meio. A conceitualização de uma técnica somente pelas suas
qualidades primárias, isto é, as funções e os fins puramente técnicos, desconsiderando as
características secundárias, acabam orientando o próprio desenvolvimento tecnológico em seu
caráter puramente funcional e tecnicamente eficiente. Não levando em conta os impactos
sobre as funções ecológicas relevantes para seres não-humanos ou sociedades humanas não
hegemônicas, por acreditar na neutralidade das técnicas, estas escolhas terão consequências
imprevisíveis.
A humanidade tem então a capacidade técnica e científica de mudar esta realidade.
Mas isso deve ser deliberado, pela não alienação dos cidadãos quanto a seu poder.
Promovendo assim o desenvolvimento de uma capacidade mais crítica, e não apenas uma fé
num progresso autônomo.
De todo modo, a abordagem de CTS quanto à dualidade natural e técnico é
fundamentalmente antropocêntrica. No planejamento contemporâneo a ideia da natureza
como barreira do desenvolvimento já está sendo superada, mas por uma ideia de natureza
como oportunidade de desenvolvimento. Ou seja, ainda é uma abordagem utilitarista da
natureza, e potencialmente excludente de características secundárias. Este é o caso de
compensações ambientais ou de infraestruturas urbanas baseadas em ecossistemas.
As cidades contemporâneas com suas inter-relações complexas precisam ser
analisadas de forma que não se coloque ênfase em somente um dos lados do debate sobre o
bem-estar humano ou ecológico. Para tal será necessário uma revisão cuidadosa dos conceitos
que guiam o entendimento do papel do que é considerado como "natural". Com essa tendência
utilitarista omite-se o aspecto ético com grandes implicações: será a natureza por si só uma
finalidade? Um planejamento que entenda a natureza como um fim em si poderia ser uma
proposta radical para tentar mudar as atuais abordagens tecnicistas.
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O propósito do desenvolvimento tecnológico e urbano e, consequentemente, os rumos
do meio ambiente, deve ser um assunto de debate social, público e democrático, sem perder
de vista que as pessoas poderão também representar os interesses dos não-humanos. O
presente trabalho reforça a afirmação que é necessário um olhar da CTS para a urbanização
além do antropocêntrico.
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