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A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DO PROCESSO DE TRATAMENTO
TÉRMICO, COM BASE NA NORMA CQI-09.
AAggoossttiinnhhoo RRooddrriigguueess BBeerrnnaarrddeess
[email protected]
RREESSUUMMOO
Este trabalho apresenta uma abordagem teórica e sua aplicação, na nossa rotina
diária, com foco nas melhores práticas para a produção de peças para a indústria
automobilística, onde as condições de serviços são cada vez mais críticas e severas.
Assim o objetivo deste trabalho é compreender o processo de tratamento térmico
dos aços e como implantar a norma CQI-09, como processos especiais de tratamento
térmico. A norma CQI-09 foi criada a partir da necessidade de termos está área próxima da
excelência, com foco na prevenção e melhoria contínua e necessidade padronizar as
práticas de tratamento térmico dentro das indústrias.
Os métodos da implantação do modelo de excelência em gestão de processo de
tratamento térmico tem a finalidade de facilitar a sua compreensão e adequação de todos os
requisitos e assegurar o correto cumprimento de todas as especificações dos processos de
tratamento térmico.
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sseeuu cclliieennttee..
Palavras-chave: Norma CQI-09, Processos Especiais de Tratamento Térmico.
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1. INTRODUÇÃO
Considerando o elevado número de recalls ocorrido nos últimos anos, suas
consequências na imagem, nos resultado das montadoras e toda estrutura de fornecedores,
foram implementadas várias iniciativas para redução e prevenção de falhas em
componentes, aplicável em locais onde partes de especificação do cliente para a produção
e/ou serviços são processados totais pela cadeia de fornecedores automotiva.
O tratamento térmico constitui de fato umas das fases mais importantes na
produção de peças para a indústria automotiva, onde as condições de serviços são cada
vez mais críticas e severas.
Um trabalho em conjunto com diferentes montadoras e especialistas, criou a norma
CQI-09, PROCESSO ESPECIAL DE TRATAMENTO TÉRMICO, com foco na prevenção e
melhoria contínua.
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2. TRATAMENTO TÉRMICO
Para entender com clareza a norma CQI – 09 que será o foco de estudo deste
artigo, precisamos descrever os conceitos de uma área de estudo denominada tratamento
térmico, que a partir da necessidade de termos está área bastante próxima da excelência,
foi criada a norma em questão.
2.1 DEFINIÇÕES:
É a aplicação controlada de atmosfera, temperatura e tempo, para produzir uma
mudança previsível na estrutura do material.
2.2 JUSTIFICATIVAS PARA TRATAR O MATERIAL TERMICAMENTE
Melhorar as propriedades do material;
Permitir que materiais fossem duros e dúcteis;
Transformar matéria prima barata com propriedades similares ou melhores do que materiais
nobres;
A taxa de alteração estrutural é normalmente é controlada pela taxa em que os átomos
mudam de posição na rede cristalina;
Este movimento dos átomos é chamado de DIFUSÃO, que é também migração dos átomos.
Esta difusão acontece no estado sólido;
2.3 MUDANÇAS DO FERRO PURO DURANTE O RESFRIAMENTO
O diagrama constitucional de metal puro na linha reta vertical, o tempo é indicado
na horizontal. Conforme o ferro puro resfria, ele muda de uma fase para outra à temperatura
constante. Nenhuma tentativa foi feita para quantificar o tempo, mas apenas para indicar o
assunto de interesse, como a temperatura aumenta.
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Fonte: Livro Materiais - Callster
2.4 EFEITOS DO CARBONO
Uma fase é uma porção de uma liga que são física, química ou cristalograficamente
homogêneas, e são separados do resto da liga por superfícies de contornos distintas. Fases
que ocorrem nas ligas de ferro-carbono (aço) são:
•Liga fundida
Austenita (fase gama)
Ferrita (fase alfa)
Cementita
Grafita
Estas fases são também chamadas constituintes. Nem todas as constituintes são
fases (como perlita, bainita e martensita).
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2.5 DIAGRAMAS FERRO – CARBONO E TEMPO, TEMPERATURA E
TRANSFORMAÇÃO·.
Diagrama de fase mostra a fase metalúrgica em equilíbrio a uma dada temperatura
e % de conteúdo de Carbono.
Fonte: Livro Materiais - Callster
Diagrama TT descreve a microestrutura esperada e a dureza final do material,
baseado na taxa de resfriamento da temperatura austenítica.
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Fonte: Livro Materiais - Callster
A Temperatura MS é inversamente proporcional ao conteúdo de carbono.
Aumentando a temperatura MS diminui o teor de carbono e a temperatura MF (°F) is MS -
385.
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Fonte: Livro Materiais - Callster
2.6 TRANSFORMAÇÕES DA AUSTENITA
2.6.1Taxa de Resfriamento Lento
–Durante a transformação da austenita, os átomos de carbono escapam da rede,
pois eles são essencialmente insolúveis no cristal alfa (Estrutura cristalina Cúbica de corpo
centrado).
2.6.2 Taxa de Resfriamento Rápido
Os átomos de carbono não podem fazer uma fuga ordenada da estrutura do ferro.
Isto provoca numa distorção da estrutura que se manifesta na forma de dureza e/ou força.
Se o resfriamento for rápido o bastante, a nova estrutura conhecida como martensita é
formada, embora esta nova estrutura (um agregado de ferro e cementita) está na fase alfa
(Estrutura cristalina Tetragonal de corpo centrado).
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2.7 CLASSIFICAÇÕES DOS AÇOS
Aços são classificados conforme o conteúdo de carbono e sistema de ligas
Aço de baixo teor de carbono - 0 % – 0.30 % CARBONO
Aço de médio teor de carbono - 30 % –0.85 % CARBONO0
Aço de alto teor de carbono - 85 % –1.3 % CARBONO
Os aços sem ligas, Ex: Cr, Mo, Ni são conhecidos como aços de “Carbono Puro”.
A maior parte dos aços com elementos de liga são conhecidos como “aços de baixa liga”
2.7.1 Dureza
-Medida da resistência de penetração do material.
-Geralmente a resistência relaciona-se com a tração do material.
2.7.2 Temperabilidade (Endurecimento)
A capacidade de temperabilidade / endurecimento (profundidade) no valor máximo de
dureza atingível.
É a capacidade de endurecimento (profundidade).
A razão para usar elementos de liga nos aços é para aumentar a temperabilidade.
Geralmente estes elementos de liga incluem: Mn, Si, Cr, Ni, Mo, Va e B.
Método para avaliar a temperabilidade:
-Jominy (Números J)
-DI – Ideal diameter (calculated NUMBER-SAE J406)
2.7.3 Profundidade – endurecimento
Os processos de endurecimento-Tratamento Térmico são:
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2.7.4- Medição de profundidade
A Camada efetiva – Effective Case Depth(ECD), é a distância perpendicular da
superfície endurecida até o ponto mais afastado onde um nível especificado de dureza é
mantida. Os critérios de dureza variam critérios dureza mais usados são 513 HV (50 HRC),
500 HV (49 HRC) ou 550 HV (52.3 HRC).
Camada total - Total Case Depth (TCD), é a distância (medida perpendicular) da
superfície endurecida para um ponto em que as diferenças de propriedades químicas ou
físicas da superfície e núcleo já não podem ser distinguidos.
Fonte: Livro aços e ferros fundidos - Chiaverini
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2.8 PROCESSOS DE TRATAMENTO TÉRMICO
Os processos de tratamento térmico são:
Cementação
Carbonitretação
Correção de Carbono
Endurecimento Neutro
Austêmpera
Nitretação
Recozimento
Normalização
Alívio de Tensões
Os tipos de Fornos são:
Contínuos
Esteira;
Vibração;
Empurrar;
Rotary Hearth;
Rotary Retort.
Lote (Batelada)
Resfriamento Integrado;
Caixa;
Fosso.
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Figura 6
2.9 CONTROLES DE PROCESSO
Os controles de processos são:
Atmosfera;
Temperatura;
Tempo.
Iremos tratar primeiramente dos processos que envolvem a atmosfera do
equipamento.
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2.9.1 Controle - atmosfera de cementação
A cementação é um processo no qual um material ferroso é colocado em contacto
com uma atmosfera carbonizante de potencial de carbono suficiente, a temperatura acima
da temperatura crítica (727ºC), para causar absorção de carbono na superfície e, por
difusão, criar um gradiente de concentração.
A carbonitretação é um processo de endurecimento superficial em que um material
ferroso é aquecido acima da temperatura de transformação numa atmosfera de composição
gasosa, para absorção simultânea de carbono e nitrogênio pela superfície e, por difusão,
criar um gradiente de concentração.
Acima de 180 reações químicas são utilizadas para proporcionar uma atmosfera de
cementação. Tão logo, a reação chave á e Reação de Gás Água (Water Gás Reaction)
CO +H2O = CO2+ H2;
Esta reação é reversível;
Sondas de Oxigênio e analisadores infravermelhos são utilizados para controlar o potencial
de carbono e CO / CO2;
Pontos de Orvalho são utilizados para controlar a quantidade de H2O na atmosfera H2O /
H2.
2.9.2 Controle - atmosfera de carbono
Segue os pontos a serem observados para controle da atmosfera de carbono:
Sondas de Oxigênio (Sondas de Carbono);
Pontos de Orvalho automático em linha;
Analisadores 3 gases automáticos em linha (CO, CO2, CH4);
Analisadores Infravermelhos automáticos em linha;
Segue os métodos a serem observados para controle da atmosfera de carbono:
Shim Stock / Carbon Bars;
Ponto de orvalho;
Analisadores três gases;
Hot Wire Analyzers (electrical resistance);
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2.9.3 Controle - atmosfera de sonda de oxigênio
A melhor descrição dos componentes desse processo está nas imagens que
seguem:
Figura 7
2.9.4 Controle - atmosfera de amônia
Aplicável para operações de nitretação
Nível de dissociação (dissolução de água)
DISSOCIAÇÃO DEVE SER MONITORADA NO MÍNIMO A CADA 2 HORAS.
2.9.5 Controle - Temperatura
Os principais controladores de temperatura são:
Pirômetros Infravermelhos
Pirômetros Óticos
Sonda de Contato
Mercúrio/ Líquido/ Bi-metal
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Figura 8
Fonte: Revis: Livro aços e ferros fundidos - Chiaverini
Figura 8
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2.9.6 Controle - Tempo
Os principais controladores de temperatura são:
Relógios;
Timers;
Relês;
PLC / sistema computadorizado;
Velocidade de esteira / Velocidade de puxada.
3. NORMA CQI - 09
3.1. ORIGEM CQI - 09
Considerando o elevado número de RECALLS ocorridos nos últimos anos e sua
consequência na imagem e resultado financeiro das montadoras, conforme exemplo abaixo
extraído do NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration – USA), foram
implementadas várias iniciativas para redução e prevenção de falhas em componentes
sujeitos a processos especiais por diferentes montadoras, conforme abaixo:
Históricos dos Recalls
ANO DE 2000 – Nº DE RECALLS = 541
ANO DE 2001 – Nº DE RECALLS = 454
ANO DE 2002 – Nº DE RECALLS = 434
ANO DE 2003 – Nº DE RECALLS = 528
ANO DE 2004 – Nº DE RECALLS = 462
SMA (Safety Management Audit) – Volvo – Renaut;
QTF (Quality Task Force) – Toyota;
HTSA – AIAG – adotado pela Ford, GM e Daimler.
Esta é uma norma criada pela indústria Automobilística com o objetivo de
desenvolvimento de um sistema de gerenciamento do processo de tratamento térmico que
permita aprimoramento contínuo, enfatizando a prevenção de defeitos e a redução de
variação e perdas da cadeia de suprimentos.
O requisito CQI-9 foi desenvolvido pelo AIAG através de seu grupo de tratamento
térmico, este requisito automotivo faz parte de um conjunto de normas que tem como
principal objetivo fornecer diretrizes para a avaliação do sistema de tratamento térmico.
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Peças tratadas termicamente foram causas de problemas em veículos de passeio,
caminhões e ônibus, fazendo com que houve grandes perdas para a sociedade (clientes,
fornecedores, usuários, etc).
A avaliação de organizações que fornecem serviços de tratamento térmico e/ou
peças tratadas termicamente é tão importante que merece o destaque de ser considerado
pelas seguintes montadoras como processo especial: Ford, GM, Fiat e Daimler Chrysler.
A organização foi fundada pelos representantes das três maiores fabricantes de
automóveis norte-americanos: Ford, General Motors e Chrysler. Adesão tem crescido para
incluir as empresas japonesas, como Toyota, Honda e Nissan, caminhão pesado e
movimentação de terra fabricantes como a Caterpillar Inc. e Navistar International, e muitos
de seus fornecedores de peças e prestadores de serviços. [3] As empresas associadas doar
o tempo dos indivíduos para trabalhar em AIAG em um não-competitivo, fórum aberto que
se destina a desenvolver recomendações e melhores práticas para o bem geral da indústria.
Saiba as exigências do processo de sua organização precisa seguir para
desenvolver um sistema de gestão de tratamento térmico que proporciona para a melhoria
contínua, enfatizando a prevenção de defeitos e a redução da variação e desperdício na
cadeia de fornecimento. A aplicação deste processo permitirá que você cumprir os requisitos
regulamentares e identificar áreas de melhoria, reforçando simultaneamente a satisfação do
cliente.
3.2 POR QUE CQI – 09?
Necessidade de minimizar os riscos de qualidade no tratamento térmico:
•Grande preocupação da indústria com a aplicação de auditorias em processos
críticos;
•Necessidade de foco em técnicas específicas de controle de processos técnicos
para implementações de sistema da qualidade;
•Necessidade de padronizar as práticas de Tratamento Térmico dentro da indústria.
3.3 OBJETIVOS
O objetivo do CQI-9 é desenvolver um sistema de gerenciamento de Tratamento
Térmico que propicie o melhoramento contínuo, enfatizando prevenção de defeitos e a
redução de variações e perdas na cadeia de processo.
O CQI-9, compilado com os sistemas internacionais de gerenciamento de
processos e requisitos específicos de clientes, define os requisitos fundamentais e básicos
para o gerenciamento do sistema de Tratamento Térmico;
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O CQI-9 promove um alinhamento global dos conceitos referentes ao
gerenciamento do sistema de Tratamento Térmico para o mercado automotivo em todos os
níveis da cadeia.
3.4 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO
Avaliações do processo devem ser conduzidas anualmente (a menos que
especificado pelo cliente)
Cada avaliação deve incluir uma revisão geral do sistema da organização (Seções 3.0, 4.0 e
5.0).
Sucessivas auditorias nos postos de trabalho (Job Audit-Seção 5.0 do documento)
devem ser realizadas, utilizando diferentes peças de diferentes clientes automotivos.
3.5 QUALIFICAÇÕES DO AUDITOR
Segue os requisitos mínimos que o Auditor deve possuir para a condução da
auditoria CQI-9:
Possuir experiência no gerenciamento do sistema da qualidade (QMS), ser auditor
interno (por exemplo: ISO/TS16949).
Auditor deve possuir conhecimento sobre processos de Tratamento Térmico.
Evidencias deve incluir um mínimo de 5 anos de experiência em tratamento térmico ou uma
combinação de formação metalúrgica e experiência prática em Tratamento Térmico,
totalizando 5 anos;
O Auditor deve possuir conhecimento e estar familiarizado com conceitos de
qualidade automotiva incluindo CEP (Controle Estatístico de Processo), MSA (Sistema de
Analise de Instrumentos) PPAP, analises de causa e efeito, entre outros.
3.6 DIVISÕES DA NORMA
A avaliação é dividida em três seções:
Seção 1 – Requisitos relacionados ao Sistema de Gestão da Qualidade para o
Tratamento térmico com questões relativas à Prevenção de Falhas (FMEA), Especificações
de Processo, Reação em Casos de Emergência de Equipamentos, Manutenção Preventiva
e Preditiva, Treinamentos de todos os envolvidos nos conceitos de Tratamento Térmico (não
basta executar, deve-se saber o porquê), Envolvimento do Gestor no Processo,
Comunicação ao Cliente em Caso de Reprocessamento e, principalmente, a necessidade
da indicação de um membro da organização como especialista em tratamento térmico. “As
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qualificações as qualificações do especialista, devem incluir um mínimo de cinco anos de
experiência em operações de tratamento térmico ou a com combinação de um mínimo de
cinco de formação metalúrgica formal e experiência em tratamento térmico.”
Seção 2- Mais específica à Organização do Processo, identificação e
rastreabilidade dos produtos, Segurança contra Misturas, Monitoramento de Pontos de
Bloqueio, Calibração de Instrumentos, Treinamento de Operadores com relação a
Emergências;
Seção 3- O foco desta seção são os equipamentos de processo. Nesta observa-se
a preocupação com a capacidade dos equipamentos em atender todos os requisitos, ou
seja, a execução do processo dentro de condições controladas, já que, lembrando o
conceito de processos especiais como aqueles onde não podemos garantir a saída por
medição e monitoramento subsequente sendo o fundamental o controle do processo.
3.7 HISTÓRICOS DA NORMA
As publicações referentes a esta normal foram as especificadas abaixo:
1ª Edição publicada em Março de 2006:
Nesta edição: CQI-9 requer avaliação anual para qualquer tratador térmico ou fornecedor de
itens com tratamento térmico dentro da cadeia (diretamente ou Tier down) para General
Motors, Ford ou Chrysler.
2ª Edição publicada em Agosto de 2007:
Inseridos os processos de Recozimento, Normalização e Alivio de Tensões;
Jargões de Tratamento Térmico específicos da America do Norte foram substituídos por
uma linguagem universal;
As questões referentes aos requisitos de pirometria foram referenciadas à norma AMS 2750.
3ª Edição publicada em Outubro de 2011:
Adicionados os processos de Cementação por Baixa Pressão, Endurecimento de
Sinterizados, Nitretação Iônica ou Plasma;
Os requisitos de pirometria referenciados pela AMS 2750D foram substituídos por requisitos
específicos pertinentes à industria automotiva;Especificações ISO e EAL (European
cooperation for Accreditation of Laboratories) que correspondem as requisitos ASTM e SAE
foram adicionados;
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Especialistas Europeus de Tratamento Térmico foram inseridos ao CQI-9 Comitê.
4. GEERENCIAMENTO DAS RESPONSABILIDADES E PLANEJAMENTO DE
QUALIDADE.
4.1. PROFISSIONAL DE TRATAMENTO TÉRMICO
O objetivo de assegurar a pronta disponibilidade de conhecimentos técnicos, para
isso deve ser dedicado um profissional qualificado em Tratamento Térmico na empresa.
Este profissional deve ser empregado da instituição e sua posição deve ser refletida no
organograma da empresa.
A descrição do trabalho deve existir e identificar a qualificação do profissional
incluindo conhecimento em metalurgia e Tratamento Térmico.
A qualificação deve incluir um mínimo de 5 anos de experiência em Tratamento
Térmico ou a combinação de no mínimo 5 anos de formação em metalurgia e experiência
em Tratamento Térmico.
4.2. PLANEJAMENTO AVANÇADO DE QUALIDADE
A organização deve incorporar o Tratamento Térmico à documentação e
procedimentos do Planejamento Avançado da Qualidade (APQP/PPAP). Uma analise de
viabilidade deve ser executado e internamente aprovado para cada peça.
Peças similares podem ser agrupadas em uma mesma família, conforme definido
pela organização. Após a aprovação do processo pelo cliente, nenhuma mudança é
permitida a menos que aprovada pelo mesmo.
O Tratador Térmico deve notificar o cliente quando qualquer mudança significativa
necessitar ser realizada. Tal notificação deve ser documentada.
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5. RESPONSABILIDADES NO CHÃO DE FÁBRICA E MOVIMENTAÇÃO DE
MATERIAIS
5.1. CONFIABILIDADE DAS INFORMAÇÕES
É critico que todos os requisitos do cliente e identificação de lote sejam
adequadamente transferidos para os documentos internos do Tratamento Térmico.
A organização deve assegurar que os dados de entrada do sistema de recebimento
sejam mantidos nos documentos de remessa ao cliente. Processos documentados e
evidências de conformidade devem existir. Ex: Ordens de trabalho, etc.
Algumas vezes o material de recebimento não corresponde precisamente com os
documentos de remessa ao cliente. A organização deve ter um processo detalhado para
resolver discrepâncias no recebimento.
Os requisitos listados acima também aplicam-se no departamento interno de
Tratamento Térmico. Este processo refere-se ao recebimento e envio das peças dentro e
fora do departamento de Tratamento Térmico.
5.2. OS PRODUTOS NO ESTÁGIO DO TRATAMENTO TÉRMICO
Procedimentos para peças e identificação de embalagens ajudam a identificar
processamentos incorretos ou misturas de lotes. Locais apropriados e demarcados dentro
da organização também ajudam a assegurar que ordens não sejam enviadas até que todas
as operações necessárias sejam realizadas.
Produtos de clientes devem ser claramente identificados e demarcados durante o
processo de Tratamento Térmico. Produtos não tratados, em processo e finalizados devem
ser adequadamente separados e identificados e todos os materiais devem ser armazenados
em áreas definidas e dedicadas.
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5.3. A RASTREABILIDADE E A INTEGRIDADE DOS LOTES
Os lotes devem ser rastreados desde a expedição ao recebimento, incluindo dados
de cada etapa do processo.
A disciplina de identificar precisamente os lotes e vincular todas as informações
pertinentes aumenta a capacidade de realizar analises de causa raiz e melhoria contínua.
5.4. OS EQUIPAMENTOS DE TESTE DE PRODUTO
Os equipamentos de teste de produto devem ser verificados. Os equipamentos de
teste devem ser verificados/calibrados de acordo com normas específicas de clientes ou
norma aplicável publicada pela ASTM, DIN, EN, ISO, JIS, NIST, SAE, etc.
Os resultados de verificação/calibração devem ser verificados, aprovados e
documentados internamente.
Consulte as Tabelas de Processo, Seção 1.0, para a frequência dos controles.
A frequência para calibração do durômetro foi alterada para anual (1 vez por ano)
conforme a 2ª Edição.
6. EQUIPAMENTO
6.1 OS FORNOS GERADORES, E SISTEMAS DE RESFRIAMENTO POSSUEM
EQUIPAMENTOS DE CONTROLE E PROCESSO ADEQUADOS?
O forno de tratamento térmico, geradores, e sistemas de resfriamento devem
possuir controles de processos adequados e equipamentos relacionados.
Exemplos incluem temperatura, potencial de carbono / ponto de orvalho, fluxo de
gás, monitoramento do sistema de resfriamento incluindo agitação, controle da temperatura
e análise do óleo de resfriamento, etc.
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Fonte: Livro aços e ferros fundidos - Chiaverini
Figura 9
Figura 10
Page 23
6.2 AS CALIBRAÇÕES DOS EQUIPAMENTOS DE PROCESSO.
A calibração e certificação dos equipamentos de processo devem ser checadas
num intervalo regular específico.
6.3 OS TERMOPARES E TUBOS DE PROTEÇÃO
Os termopares e tubos de proteção devem ser checados e/ou trocados de acordo
com cronograma de manutenção preventiva.
A seção 3.1 no Manual CQI-9 (página 39) lista os requisitos para termopares
Figura 11
A variação entre o termopar de controle do forno e a temperatura ajustada deve
estar dentro dos limites definidos nas tabelas de processo aplicáveis, Seção 2.0.
Este requisito não é aplicável para a primeira zona dos fornos de contínuos de
multi-zonas.
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6.4 OS ALARMES DE PROCESSO E DE EQUIPAMENTOS
O tratador térmico deve ter uma lista dos alarmes do processo de tratamento
térmico e dos equipamentos.
Estes alarmes devem ser testados independentemente trimestralmente no mínimo,
e depois de qualquer reparo ou reforma. Essas verificações devem ser documentadas.
Controle ou procedimentos internos. Estas tolerâncias podem variar de acordo com
o processo de tratamento térmico e do equipamento utilizado.
O tratador térmico deve fazer os ajustes técnicos apropriados e correções e, em
seguida, restabelecer/demonstrar a correlação da real leitura da atmosfera de potencial de
carbono / ponto de orvalho para o controle primário e back-up de leitura da atmosfera. As
tolerâncias para a correlação entre as duas leituras devem estar no plano de controle ou
procedimentos internos. O back-up da leitura do potencial de carbono / ponto de orvalho
deve ser estabelecido usando um ou mais dos seguintes métodos:
• Shim stock;
• Analisador de gás;
• Ponto de orvalho.
6.5 MEDIDORES DE VAZÃO
Todos os fornos e geradores de atmosfera (saída e compensação / ajuste de gás)
devem ter medidores de vazão para todos os gases.
Medidores de Vazão devem ser periodicamente checados pelo tratador térmico no
programa de manutenção preventiva. Procedimentos de limpeza e remontagem adequada
devem ser documentados
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Figura 12
6.7 SISTEMAS À PROVA DE FALHAS
Na ausência de um rigoroso sistema a prova de falhas parte da frente do forno para
prevenir carregamento não uniforme de peças (está incluso manutenção do sistema de
manutenção/ajustes para garantir a eficiência adequada e limitação física para o
carregamento da peça), em seguida, o tratador térmico deve ter um pirômetro infravermelho
na saída do forno.
Os pirômetros infravermelhos são necessários na extremidade de saída de fornos
contínuos de esteira para monitorar a temperatura nas peças. O alarme de temperatura
deve estar dentro de 28°C (50 °F) da temperatura estipulada.
Os resultados devem ser registrados continuamente em gráfico de tira ou
computadorizado.
Pirômetros infravermelhos devem ser calibrados anualmente, no mínimo, e
certificados. Todos os visores devem ser limpos e constar no programa de manutenção
preventiva.
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6.8 – MEIO DE REFRIAMENTO
O tratador térmico deve ter periodicamente o meio de resfriamento analisados para
as características de resfriamento específicas, por exemplo, a curva de resfriamento, o teor
de água, a concentração de sal, tal como especificado nas Tabelas processo aplicáveis,
Secção 5.0.
• As tolerâncias das características do meio de resfriamento devem ser
especificadas pelo fornecedor meio de têmpera ou o tratador térmico.
• Análises devem ser revisadas para a conformidade pelo tratador térmico. Esta
revisão deve ser documentada.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tratamento térmico constitui de fato uma das fases mais importante na produção
de peças para a indústria automobilística, onde as condições de serviços são cada vez mais
críticas, severas e as cargas de trabalho atingir valores muito elevados.
Quaisquer que seja os recursos materiais disponíveis, como emprego correto do
aço para determinado produto, a importância do elemento humano bem treinado não pode
ser subestimada no tratamento térmico.
Podemos dizer com toda certeza, a criação da norma CQI-09, trouxe uma
valorização as empresas responsáveis e comprometidas com a qualidade de seus produtos.
Os requisitos da norma CQI-09 tem foco no processo de tratamento térmico, no
controle do produto e é feito através de análise em ensaio, na sua maioria destrutiva, feita
por amostragem.
O cumprimento dos requisitos visa justamente a redução das falhas nos produtos
que em última instância, podem afetar a segurança de todos, de forma que os investimentos
para cumpri-los podem ser mais que justificados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fernando Hess Rodrigues, VI Conferência Brasileira sobre Temas de Tratamento Térmico
2012, Atibaia, SP, Brasil;
Norma CQI-09 3ª edição – AIAG;
Colpaerte, Humberto. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 3. Ed. São Paulo:
Edgard Blucher Ltda, 1974;
Chiaverini, Vicente. Aços e ferros fundidos. 4. Ed. São Paulo: ABM, 1979;
Aços Vilares S.A: Aços para construção mecânica: Aços para beneficiamento. São Paulo,
1995;
Aerospace Material Specifications. ASTM 2750 D: informação e documentação: citações em
documentos: apresentação. São Paulo, 2005;
CALLISTER JR., Willian D. Fundamentos das Ciências e Engenharia dos Materiais. 2ªEd.
Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2006;