Lucia Carla Santos de Castro A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO APRENDIZADO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS Orientadora: Professora.: Mary Sue Rio de Janeiro junho/2004 Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito para à Conclusão do curso de especialização em Educação Infantil e Desenvolvimento.
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Lucia Carla Santos de Castro
A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO APRENDIZADO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS
Orientadora: Professora.: Mary Sue
Rio de Janeiro junho/2004
Monografia apresentada à UniversidadeCândido Mendes como requisito para à Conclusão do curso de especialização emEducação Infantil e Desenvolvimento.
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Universidade Cândido Mendes A Importância das Histórias Infantis no Aprendizado das Crianças
da Educação Infantil e Séries Iniciais
Lucia Carla Santos de Castro
Rio de Janeiro
junho / 2004
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“Ouvir histórias é também desenvolver todo o potencial crítico da criança. É poder pensar, duvidar, se perguntar, questionar...É se sentir inquieto, cutucado, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de idéia...É ter vontade de reler ou deixar de lado de uma vez...” (FANNY ABRAMOVICH, 1989)
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AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar, por ter me dado força e determinação para o meu sucesso em
conseguir a conclusão do curso de especialização em Educação Infantil e
Desenvolvimento.
Principalmente às crianças que, em cinco anos de magistério na Educação Infantil, me
deram oportunidades e respostas para entender a importância das histórias infantis em
suas vidas.
À professora e orientadora Mary Sue pelo incentivo, dedicação e companheirismo nas
horas difíceis quanto ao término da monografia.
A meu esposo Marcelo Souza Gonçalves que tanto me ajudou a concluir esta jornada da
nossa vida sendo compreensivo e sempre cuidando de nossa filha Julia que ainda tão
pequena tentava entender os motivos que me faziam estar ausente.
Aos meus pais amilton e Ivonete por me incentivarem e acreditarem na filha que sempre
viu nos estudos a melhor forma de conseguir uma vida melhor.
A minha madrinha Clara que em todos os momentos sempre esteve ao meu lado, investiu
e acreditou que eu iria conseguir concluir não só este curso mas tudo aquilo que eu me
propus a fazer na minha vida até hoje.
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RESUMO
Esta pesquisa, pretende investigar e desvendar, para a criança, o professor e o
supervisor o mundo da literatura como algo essencial e prazeroso, algo de mistério e surpresa
que vá ao encontro do universo infantil,da brincadeira, do pensamento mágico. Estudar este
assunto é muito importante, pois não é possível ensinar a escrever sem antes ensinar a refletir,
questionar, falar e ler. A reflexão e o questionamento são básicos para que se exercite a
primeira das formas de leitura: a leitura do mundo. O objetivo desse estudo é mostrar para
criança e o professor, o mundo da literatura como algo essencial e prazeroso, algo de mistério
e surpresa que vá ao encontro do universo infantil, da brincadeira, do pensamento como
portas que se vão abrindo uma após a outra, mostrando sempre novos horizontes, novas
perspectivas com uma sensação de prazer. Esta pesquisa, é de natureza bibliográfica, numa
tentativa de nutrir professores com indicadores sobre a importância das histórias infantis para
o aprendizado dos alunos, a fim de ajudá-los no processo de construção do seu conhecimento.
Esta pesquisa vai demarcar que as histórias infantis podem auxiliar no aprendizado de
crianças da Educação Infantil às séries iniciais do Ensino Fundamental.
“Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A
memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em conhecimento do objeto.
Por isso é que a leitura de um texto, tornando pura descrição de um objeto e feita no sentido
de memorizá-la, nem é real leitura(...).
MARTINS (1983), ao justificar a frase “passar os olhos”, afirma que muita vezes por
preguiça ao ato de ler, não se acrescenta algo mais além do gesto mecânico de decifrar sinais.
Ela fala que, sobretudo, os sinais devem fazer ligação de imediato a uma experiência do leitor
para que haja a compreensão, dando-lhe sentido.
“A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a
continuidade da leitura daquele”. E complementa que aprendemos a ler a partir do nosso
contexto social. FREIRE (2001, p.10).
A fim de refletir sobre o assunto, entende-se que a leitura significa uma conquista de
autonomia, permitindo a ampliação dos horizontes. São as perspectivas de modificações ao
alcance pessoal ou de um grupo social. No universo da leitura, o leitor deve alimentar-se da
curiosidade e interesse.
Nesse sentido, as leituras procedem à organização dos conhecimentos adquiridos das
situações aliadas à realidade e acontecem quando estabelecem relações entre as experiências e
ao tentar solucionar os problemas. Entende-se que assim acontece a leitura. O leitor
compreende o mundo, convive nele, e até modifica a partir das leituras anteriores. Citando
novamente MARTINS ( 1983, p.19).
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“ A psicanálise enfatiza que tudo quando de fato impressionou a nossa mente jamais é
esquecido, mesmo que permaneça muito tempo na obscuridade do inconsciente. Essa
constatação evidencia a importância da memória tanto para a vida quanto para a leitura.”
Discernindo mais sobre a leitura, considerando-a um processo de compreensão de
expressões, formas, simbolismo, não importando por meio de que linguagem. O ato de ler
pode refletir tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressões do fazer humano,
estabelecendo uma relação histórica entre o leitor e o que é lido.
Na presente monografia o enfoque é a idade infantil, portanto, trata-se em ressaltar que a
leitura infantil acontece através dos sentidos da criança, revelando prazer relacionado com a
sua disponibilidade e curiosidade, pois ela expressa espontaneamente, o que em geral, o
adulto possui em grau menor. A criança se agrada da releitura, que traz a ela muitos
benefícios, oferecendo subsídios a nível racional.
Para PIAGET é na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e
reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca “ Dentro da escola, isso significa
democratizar as relações para formar sujeitos autônomos”.
Com a releitura, diz MARTINS (1983, p.85) pode-se surgir novas direções de modo a
esclarecer duvidas, ressaltar aspectos antes despercebidos, trazer a consciência crítica sobre o
texto, proporcionar novos questionamentos, elaborações e comparações.
2.2–AS HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS
Quem não se lembra de alguma história ouvida na infância? COELHO (1989, p. 48),
demonstra a importância da arte de contar histórias, não importa o tamanho, classe social ou
raça a história consegue contagiar qualquer pessoa, “gente grande volta a ser criança”, ela
alimenta a imaginação. A literatura infantil é fascinante, com resultados imediatos, as aulas
melhoram e a maneira em que os alunos se interessaram pelos autores, expressando-se cada
vez melhor e com prazer de ler. Foi magnífico relata Betty.
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Ela demonstra vários indicadores que possibilitam uma boa escolha para esta leitura.
Fala das fases, faixa etária e interesse, fase pré-mágica, fase mágica e a escolar.
Através de relatos a autora nos faz relembrar das histórias inesquecíveis da nossa
infância.
Ela faz um paralelo voltando no tempo para falar sobre esta arte, enfatizando o homem
primitivo que deixou inúmeros registros da sua história. Cada vez mais tenho certeza que
contar história requer técnicas e segredos. É preciso gostar de criança e reconhecer a
importância da história nas vidas daquelas crianças é preciso conseguir despertar um brilho no
olhar, a ponto de falar “conte de novo” ou “conte outra vez”.
Um fato muito importante na identificação da arte de contar histórias é como usar os
recursos didáticos para o incentivo a leitura, sabendo despertar no leitor o gosto pela a mesma,
até mesmo antes da alfabetização, para que o prazer pela leitura ajude a esta criança a ser um
futuro leitor.
COELHO (1989, p.11), menciona o segredo que o narrador deve ter. “É preciso saber
tirar a essência da história, ter consciência de que o que é mais importante é a história, o
narrador só empresta sua vivacidade à narrativa sem ficar presa a limitação imposta pela
leitura. É fundamental encontrar a história adequada à faixa etária, e que ela possa atender aos
interesses dos ouvintes e o objetivo específico da escolha.”
“A história é o mesmo que um quadro artístico ou uma bonita peça musical: não
podemos descrevê-los ou executá-los bem se não os apreciamos”. COELHO ( 1989, p.14).
Desta forma, o sucesso ao contar história, vem do contador que deve despertar no ouvinte a
sensibilidade, a emoção e, sobretudo saber agradar.
O mais importante em contar uma história é o envolvimento da criança com a história.
“Ela provavelmente se identificará com algumas das partes, e quando ocorre esta
identificação, com certeza a história é ouvida com mais interesse.” OLIVIERA (1998,p.41).
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Nesse sentido, ainda segundo COELHO (1989), ela também fala em saber as
peculiaridades e o estágio emocional do ouvinte que também são outros segredos do contador
de histórias. A autora citada recorre a uma história para afirmar aspectos consideráveis para a
criança que está como (ouvinte), fazendo a seguinte comparação: a história como alimento da
imaginação da criança e do leite como alimento indispensável ao crescimento sadio. O leite
deteriorado ou em quantidade provoca vômito ou prejuízo na saúde. A criança compreende a
história mediante a sua estrutura cerebral. A assimilação é de acordo com seu
desenvolvimento.
A autora me fez perceber que a história é um dos suportes básicos para o
desenvolvimento do processo criativo porque ela oferece a criança uma bagagem de
conhecimentos e informações, capaz de provocar o despertar da fantasia e da criatividade. A
história tem o poder de transmitir às crianças conhecimentos elementares para o seu próprio
desenvolvimento, mas que, por várias vezes são ignorados por professores que se limitam a
contar histórias de maneira mecânica, a fim de apenas preencher um tempinho que sobrou.
A história é um rico recurso didático e deve ser utilizado sempre pelo professor. Vale
lembrar e citar COELHO (1989, p.20) diz:
“A escolha da história funciona como uma chave mágica e tem importância decisiva no
processo narrativo. Falei chave, não falei “varinha”. Chave requer habilidade para ser
manejada- habilidade que se conquista com empenho e estudo”.
Assim sendo, a história é um recurso e tem vantagens específicas. O professor se
apropria da técnica de contar histórias e a criança, o ouvinte, acondiciona a história como
lembranças memoráveis a sua infância.
Não importa o recurso a serem usados todos são significativos, quando apenas narrada,
contribui para estimular a criatividade a imaginação vai longe. Quando contada usando livros,
a história incentiva o gosto pela leitura, pelo manuseio, mesmo no caso das crianças não
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alfabetizadas, ajuda nos aspectos básicos para o desenvolvimento a seqüência lógica do
pensamento infantil.(COELHO e OLIVIERA, 1998).
Para a didática o uso do livro de história são benefícios. É possível reabri-lo e realizar
uma nova leitura com abordagens que explore uma outra lição de valores. Betty afirma que:
“A leitura infantil é um elemento desencadeador de atividades criativas”. COELHO (1989,
p.33).
Observa-se, no posicionamento de BETTELHEIM (1990, p.90). “que quando o contador
de histórias dá tempo ás crianças de pensarem sobre ela para assim mergulharem na atmosfera
que a audição cria, a história tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos
para algumas crianças”.
Sobre o conto de fada, o autor conclui que a criança intuitivamente compreende, apesar
das histórias serem irreais. Isso trata da experiência interna e de desenvolvimento pessoal. Ele
ainda menciona que os contos de fadas retratam de forma imaginária e simbólica os passos
essenciais do crescimento e da aquisição de uma existência independente.
Para entender mais sobre a importância da história infantil, transcrevo este parágrafo de
BETTELHEIM (1990, p.152):
O inconsciente é a fonte de matéria- prima e a base sobre a qual o ego erige o edifício de nossa personalidade. Prosseguindo na comparação, nossa fantasia são os recursos naturais que fornecem e moldam esta matéria-prima, tornando-a útil para as tarefas de construção da personalidade que cabem ao ego. Se somos privados desta fonte natural, a vida fica limitada: sem fantasia para nos dar esperança, não temos força para enfrentar as adversidades da vida. A infância é a época em que estas fantasias precisam ser nutridas.
Outro aspecto muito importante da arte de contar história, diz COELHO (1989, p.52-
56).” É que não só as crianças como também os adultos ao ouvir histórias conseguem
descobrir a solução de algum problema.” A literatura infantil transforma verdades eternas, faz
refletir a esperança, a força irresistível da confiança que se aflora.
“Nada melhor que uma história para desenvolver a capacidade de atenção. Crianças que
tem indícios de indisciplina são as que mais necessitam ouvir histórias” (Id,ibid., p 56)
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Assim sendo, o reflexo de uma história faz despertar na criança o seu posicionamento
diante das suas condutas. Essa é uma das diferenças entre o professor e o educador que se
caracteriza num verdadeiro contador de história.
COELHO e OLIVIERA(1998) salientam que a história como recurso didático deve ser
diversificado quando á maneira de contá-la. As mais utilizadas são: a simples narrativa, a
narrativa com auxilio de livros, o uso de gravuras, de flanelógrafo, de desenhos e a narrativa
com interferência do narrador e dos ouvintes. Para eles, cada apresentação tem vantagens
especiais correspondendo ás circunstancias e os objetivos propostos.
Pode-se entender que as histórias lidas ou contadas continuam em generoso processo
educativo porque ensinam recreando, dando á criança os estímulos e motivações apropriadas
para satisfazer os seus interesses, suas necessidades, seus desejos, sua sensibilidade.
As informações citadas aqui permitem admitir que as histórias têm perfectivas
indispensáveis ao professor e ao supervisor , no que diz respeito ao recurso como incentivo á
leitura.
As idéias de COELHO (1989, p.62-63). sintetizam que, “após ouvir histórias a criança
estará motivada ao gosto pela leitura, e em outras histórias, criando texto orais ou escritos.”
2.3– FATORES QUE LEVAM A CRIANÇA AO HÁBITO DA LEITURA
Contar histórias...E, ouvi-las! Essa é uma arte milenar que vem sendo transmitida de
geração para geração. Os grandes mestres de espiritualidade já se valiam de histórias para
transmitir, de forma clara e simples, sem nunca lhe faltarem ouvintes para suas mensagens.
Através dos contos, contados informalmente, eram explicados e justificados, fatos e
acontecimentos do cotidiano, muito antes da própria ciências e sabedoria poder esclarecê-los.
De acordo com MACHADO (2001, p.21), escritora brasileira com mais de noventa
títulos publicados para o público infantil, afirma:
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Ler é gostoso demais. Por isso é natural que as pessoas gostem. Basta dar uma chance para que isso aconteça. Ninguém é obrigado a gostar de cara. Tem de ler dois, três, títulos, até encontrar um que nos desperte. No caso da criança, dois fatores contribuem para esse interesse: curiosidade e exemplo. Assim, é fundamental o adulto mostrar interesse(...).
Na escola, esta tarefa, é responsabilidade do professor que deve sempre mostrar paixão
pela leitura, fazendo-o em voz alta, em silêncio, em grupo, integrando alunos ao prazer da
leitura. Quanto menores forem as crianças maiores devem ser as doses de carinho também.
A escolha dos títulos a serem lidos pelos alunos deve passar por uma minuciosa seleção.
É preciso conhecer os interesses das crianças e isso pode ser feito com leitura de trechos de
autores diversos e observado suas reações de satisfação, espanto, curiosidade ou
cumplicidade. Trabalhando com temas de seu interesse as chances de sucesso são sempre
maiores e as discussões mais profundas, contribuindo para a formação de um leitor crítico,
consciente de seu papel no mundo. OLIVEIRA (1996).
Para um bom educador qualquer livro pode ser transformado em material pedagógico
possibilitando a criação de muitas aulas com base em seu conteúdo, considerando que os
grandes temas na humanidade estão presentes nas grandes obras.
MACHADO (2001, p.22). define também como um bom texto, “aquele que surpreende,
que deixa o leitor sem saber o que sucedera por meio de uma imagem, de uma situação
diferente, de uma peripécia do enredo.” Por outro lado, uma história que não surpreenda
provavelmente tem uma qualidade muito baixa.
2.4– LIVRO UM AMIGO INSEPARÁVEL.
A leitura é mais rica das experiências engendradas pelo espírito humano. A descoberta
de seu valor é pessoal e intransferível.
JARDIM (1994, p.7), afirma que “quanto mais a criança ver e ouvir, tanto mais
desejará ver e ouvir. Quanto maior for o enriquecimento perceptivo, afetivo, social e
comunicativo, tanto maior será, também, o desenvolvimento da sua inteligência”.
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Originariamente, a parte legítima do ofício de ensinar pertencia à família. Se voltarmos
ao passado mais longínquo, não encontraremos mestres profissionais, mas a família
exercendo o seu ministério, como os pássaros orientam os filhotes em seus primeiros vôos.
A vida moderna, porem com todas as suas exigências, terminou por diminuir o âmbito
de atuação dos pais ao mesmo tempo em que outorgaram a escola, através de profissionais
que se supõe devidamente capacitados, às responsabilidades que antes eram da família.
Para o autor a noção de que o gosto pela leitura começa a ser formada ainda no berço, e
que a família é a sua primeira incentivadora, e um consenso entre os estudiosos do assunto.
È verdade que, ainda no berço, a criança entra em contato com as primeiras formas
literárias, que lhe chegam através das canções de ninar. Em seguida, numa seqüência que
intuitivamente parece acompanhar seu desenvolvimento psíquico e lingüístico, o bebe é
estimulado a participar de brincadeiras, envolvendo parlendas, trava-língua, advinhas e
canções
De roda. Paralelamente, escutam as primeiras narrativas de ficção, historinhas sobre animais,
brincadeiras e conto de fadas.
“Quando a iniciação a literatura se realiza efetivamente, a criança, ao chegar à escola,
traz consigo uma bagagem de conhecimentos literários nada desprezível.” JARDIM (1994,
p.8).
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CAPÍTULO III
O PAPEL DO SUPERVISOR E DO PROFESSOR LEITOR
3.1- A IMPORTÂNCIA DO SUPERVISOR E DO PROFESSOR LEITOR
O professor tem a responsabilidade de oferecer a criança acesso a leitura, a fim de
adquirir o gosto por ela. Para MALAMUT (1989, p.18) “alguns requisitos são básicos nessa
responsabilidade. A escolha da história adequada alimenta a criança na sua sensibilidade e na
sua inteligência”.
Seu conteúdo, leva a criança a pensar, a sentir, a selecionar valores e a ajudar na
construção da personalidade. Cabe, também, ao professor a responsabilidade da seleção dos
livros. Por conseguinte, precisará despertar, desenvolver e aguçar o hábito de ler, salientando,
mantendo e reforçando o prazer e alegria do leitor, para que venha desejar a ler cada vez
mais. Quando isto se sucede, valerá pelo resto da vida, cada vez com maior intensidade, é o
que reafirma o autor.
É bom lembrar aqui as palavras de CINEL (2000, p.19), “que diz valer a ponderação,
que só seremos capazes de nos expressar sobre aquilo que sabemos ou conhecemos.”
Estabelecer primeiro o gosto pela leitura no professor, também favorecera aos alunos os
estímulos indispensáveis aos futuros leitores. Quando ele é leitor, consegue corresponder aos
interesses da criança ao nivelo de desenvolvimento, e as necessidades, não ocasionando um
distanciamento tão grande entre leitura e criança.
Entende-se melhor a responsabilidade de um professor leitor, a partir do autor que
argumenta que um professor consciente da sua tarefa de otimizar o uso da linguagem oral e
escrita propõe uma leitura que visa oferecer ao aluno oportunidades de :
• incentivo da curiosidade intelectual e da capacidade reflexivo–crítica;
• ampliação de sua sensibilidade participação efetiva no grupo em que vive ou convive;
• devolver hábitos eficazes para fazer trabalhos criativos;
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• construção do seu próprio conhecimento, possibilitando–o alcançar um
desenvolvimento pessoal com êxito.
Já MALAMUT (1989), menciona as contribuições que o professor leitor dá aos
pequenos leitores a partir das atividades desenvolvidas no decorrer dos conteúdos
programáticos. Ele dá os exemplos:
• Confeccionar marcadores de livros;
• Visitas a livrarias e bibliotecas;
• Organização do cantinho dos livros em sala de aula;
• Entrevista com escritores, jornalistas, bibliotecárias;
• Dramatizações das histórias lidas;
• Desenhos, pinturas, abordando os temas das histórias; elaboração de um livro coletivo;
• Intercambio de livros;
• Organização de uma lista com as palavras novas encontradas e o seu significado;
• Estudo da vida e obra de escritores nacionais, em particularmente de Monteiro Lobato
e Machado de Assis ( o criador do conto literário no Brasil ).
VIÉGAS (1997, p.13), “a tomada de consciência do que se esta fazendo , de um
modo geral, resulta numa metodologia onde o prazer, a sedução, o encantamento, a paixão
pela literatura acontecem. Embora, há uma espécie de senso comum entre educadores de que
o ler é apenas para a aquisição, e o hábito de leitura é algo menor.”
Com relação à literatura infantil, pode-se afirmar:
O educador precisa centrar-se num ponto importante que é conhecer sobre literatura
infantil tanto em sua variedade de opções (títulos) quanto em sua estrutura (o que é necessário
para que um texto de literatura infantil seja considerado de qualidade). O conhecimento do
objeto com a qual trabalhamos é imprescindível para o sucesso.
CINEL (2000), enfatiza que qualquer professor pode estar empenhado na consecução da
proposta de leitura e desencadear uma série de ações para atingir os objetivos de formar
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leitores. Sua cooperação é imprescindível para buscar um nível de excelência na
comunicação, seja oral, seja escrita.
Além dos aspectos já mencionados, CINEL (2000, p.21) distingue as potencialidades do
homem quando diz:
“ (... ) o homem é o único ser livre para fabricar e manipular símbolos, atribuindo-lhes os
valores que desejar. As palavras são símbolos e o desencadeamento da fala e da escrita
significa capacidade de manipulação desses símbolos (linguagem oral ou escrita), com vistas
ao valor maior: comunicar-se.”
É necessário analisar que, todo professor pode sim dar sentido completo na sua tarefa de
ser também um leitor e ser referencia para os alunos. Designar às crianças a total
responsabilidade de tornarem-se leitores pode ser a mais grave postura de um professor. Cabe
a ele desencadear reflexões sobre o seu papel e dirimir novos rumos que pondere a sua
formação em leitor e de transformar seus alunos em leitores também.
É compreensível que facilite ao professor, já sendo lê um leitor, fazer relatos de sua
experiências, opinando sobre diferentes assuntos, compondo uma aprendizagem que possa
estabelecer significados enriquecedores para os alunos.
Em sala de aula, o ideal é que o aluno leitor e o professor leitor tenham atitudes
similares e que nenhum deles seja maior ou menor que o outro no papel de leitor.
Nesse sentido, para VIËGAS (1997, p.13), o professor precisa assumir o seu papel de
formador, de construtor de leitores, “não para explorar suas disciplinas através da leitura (...),
mas para abrir as portas do mundo através dela”. Ao estabelecer esses apontamentos, o
resultado conseguido tende a ser ótimo, porque crianças motivadas à leitura desenvolvem
competências e habilidades no seu processo educativo e na vida em geral.
Espera-se que, nesse trabalho, o professor seja desafiado a assumir esse tema para a sua
própria prática educativa, de forma a perceber a diferença entre um professor leitor,
praticando a excelência ao contar histórias.
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Para SAVIANI (1980), o supervisor escolar foi instituído pela lei 5692/71 como um
serviço específico para as escolas e sua função era, então, predominantemente técnica e
controladora.
A função dos pedagogos tinha uma conotação”generalista” preparando especialistas em
educação, mas preparando muito pouco para uma pratica educativa.
Era uma função muito mais fiscalizadora do que propriamente uma ação de descoberta,
do experimentar alternativas que possibilitassem uma práxis educativa rica de encantamento.
A especialidade no campo educacional só faz sentido na medida em que a área básica
não seja perdida de vista. O supervisor escolar é antes de tudo educador e a finalidade de toda
e qualquer ação supervisora é educativa.
O supervisor escolar tem por função fundamental mobilizar os diferentes saberes dos
profissionais que atuam na escola e fora dela, para que a mesma cumpra sua função, ou seja,
que os alunos aprendam.
Hoje em dia o supervisor não só um especialista em metodologias, a função dele é mais
ampla, ele é o articulador do processo político pedagógico junto com toda a comunidade
escolar, não podendo perder de vista uma investigação (diagnostico), de valores de relações,
de funções nos diferentes seguimentos da escola e fora dela não esquecendo jamais que antes
de tudo ele é educador.
Segundo o autor criar um espaço onde se discute, se analisa, se troca, se busca
alternativa, criar um ambiente onde as pessoas se relacionam bem, onde os professores
estejam com a auto-estima em alta é papel importante e fundamental do supervisor escolar;
estar atento para:
• Modificações no mundo, notícias, prevenir situações, buscar soluções, apontar
caminhos, oferecer ajuda, dividir tarefas, ser solidário, somar esforços, multiplicar
saber, saber reconhecer erros, pedir desculpa.
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Para o autor diante dessas dificuldades e de outras que possam surgir, a solução ou o
auxílio devem vir do supervisor escolar. A busca de novas técnicas ou métodos que auxiliem
a aprendizagem do aluno é algo constante na ação do supervisor. Professor e supervisor
devem caminhar juntos procurando conhecer todas as possibilidades oferecidas pela literatura
infantil que os auxiliem a desenvolver um ensino e uma aprendizagem em que a criatividade e
a interação sejam as principais características
3.2– PAIS CONTANDO HISTÓRIAS
O contato com o texto pode-se dar através da chamada leitura sensorial, podendo
começar bem cedo acompanhar os indivíduos por toda a vida. Através deste tipo de leitura,
XAVIER (1992, p.6). acrescenta:
é possível perceber o espaço em sua totalidade: ruídos, formas, objetos, sons, imagens, bem como fazer uma leitura mais ampla de gestos, cenas, olhares, situações. E sabe-se que a pessoa desenvolve este tipo de percepção antes de aprender a falar. Portanto, os estímulos dessa natureza irão facilitar a posterior observação de letras e palavras. Por isso mesmo, os pais e familiares, ao conversarem com o bebê estarão ajudando-o a identificar significados. A sonoridade das palavras, o ritmo e a melodia das frases servem de base a sua expressão lingüística, a qual constitui uma forma de aprendizagem peculiar muito importante para a construção do conhecimento do mundo infantil.”
Ouvir e falar com a família, em situações prazerosas levam a criança a gostar da
linguagem, despertando nela o desejo de ouvir histórias, rimas, quadrinhas, poemas,
canções,brincadeiras e, mais facilmente, a relacionar-se com o texto escrito.
Segundo o autor o contato com o livro deve ser incentivado pelos os pais, antes mesmo
da alfabetização, porque a descoberta da linguagem precede o domínio de todas as suas
formas. “É raro encontrarmos alguma criança que não goste de ouvir histórias lidas ou
contadas, para rir ou emocionar-se com situações vivenciadas pelas personagens, cenas
engraçadas e todo um mundo de situações das mais diversas.” (p.6)
Já para SAYÃO( 2001, p. 11):
Nada mais aconchegante e propiciador ao dialogo do que a criança sentar no colo de alguém pela primeira vez para compartilhar da leitura. Provavelmente, ela só irá perceber as cores, padrões e movimentos das páginas ao serem viradas e o calor do
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colo que a recebeu. Ouvir e reconhecer a voz de uma pessoa muito próxima e ver as figuras coloridas enseja um espaço de convívio agradável e acalentador.
E esta sensação agradável irá estimular sua vontade de ouvir, ver e tocar no objeto de
leitura. Abrir o livro, folheá-lo, senti-lo, parar de virar as páginas diante de certas ilustrações,
olhando-as detidamente, tudo isso pode determinar o rito de iniciação infantil, ou seja, a
futura atitude do leitor frente ao livro.
“As histórias infantis falam de fadas boazinhas, bruxas malvadas, mágicas e
transformações, encantos e encantamentos e, principalmente, falam de um final feliz.”
XAVIER (1992, p.8) mesmo não representando a vida como ela é, e com jeito de ser do
mundo, elas dizem respeito ao mundo infantil, às fantasias da infância. E como seria se tornar
um adulto na hora certa sem passar por essa fase, sem acreditar em bruxarias, sem ter medos
irracionais, sem soltar a imaginação.
Contar histórias é, principalmente, um ato de carinho por parte do adulto, que reconhece
que a criança pode aprender muito, de modo lúdico e prazeroso, a respeito do mundo que a
espera.
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CONCLUSÃO
Concluímos com este estudo monográfico que a perspectiva da leitura aqui defendida
significa uma conquista de autonomia.
Permite-se a ampliação dos horizontes, admitindo a eterna construção.
As histórias baseadas na literatura infantil trabalham com a vida, enquanto tais
apresentam-se como recurso de ensino. Daí, a possibilidade de sua utilização integradora no
ensino de diferentes disciplinas, apresentando-se mesmo como um possível gancho natural e
prazeroso.
A conquista do pequeno leitor se dá através da relação prazerosa com a leitura infantil,
desde seu nascimento. Despertar o gosto pela leitura adentra o infante no mundo do sonho,
fantasia e imaginação, que se mistura numa realidade única e o leva a vivenciar as emoções
nas diversas situações da realidade.
É no intercâmbio texto/leitor que desabrocha o ato criador e se descortinam novos
horizontes. Esses enriquecimentos desdobram-se em vários aspectos, destacamos três
momentos: o da motivação, o de apresentação e o de exploração das idéias do texto, a fim de
transportar o pequeno leitor ao prazer da leitura.
O Supervisor e o professor com a formação consciente da importância da literatura
infantil, não se limitam ao uso de recursos didáticos ou dinâmicas. Eles procuram inovar, criar
um clima de exploração dos valores formativos da histórias infantil em sala de aula.
O despertar do pequeno leitor atribui-se também, à interação dele com seus pais. Deseja-
se propiciar nesta formação pais-filhos de maneira a ampliar o potencial formativo que se
focaliza neste estudo.
Recomendações
Diante da importância das histórias infantis no aprendizado, nesta monografia indica-se
aprofundar em pesquisa de como é o cotidiano da relação história-aluno e histórias-supervisor
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e professor, para avalizar a maturidade de leitor. Para garantir esta maturidade, toda criança
precisa de construção, que é realizada ao longo da intimidade dela com muitas histórias e
textos. Logo, o educador que aprofundar o estudo de formação de leitor, estará alcançando
entendimento para privilegiar a história infantil no seu cotidiano.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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