A formação de Professores de Inglês como Língua Franca Professora Daniela Branquinho
Debate inicial
1) Por que ensinamos inglês como LE? 2) Qual é o papel da pronúncia na sua aula? 3) Na sua opinião, quais são os objetivos dos alunos ao estudar inglês?
4) Qual variedade do inglês (americano, britânico, etc) você aprendeu? Por que essa escolha?
A língua inglesa no mundo de hoje Status diferenciado: Aspecto intermediário das relações
estabelecidas por falantes não nativos do inglês, a língua franca que possibilita a intermediação entre falantes de outras línguas.
Objetivo de se estudar inglês: facilitar a comunicação em diversas situações (não apenas com falantes nativos)
Quantidade de falantes da língua: cerca de meio bilhão de pessoas no mundo todo .
“Essa língua não tem dono; não pertence nem aos ingleses, escoceses, estadunidenses etc. Ela pertence a todos aqueles milhões de pessoas que dela fazem uso diário no mundo inteiro.” (RAJAGOPALAN, 2005)
O que é Língua Franca? Língua internacional / World English / World Englishes Para Seidlhofer (2001):“Um sistema linguístico adicional que serve como meio de comunicação entre falantes de diferentes línguas maternas, ou uma língua pelo qual membros de diferentes comunidades de fala podem se comunicar entre si, mas que não é a língua materna de nenhum deles – uma língua que não tem falantes nativos.”
Para Rajagopalan (2009):“Quando nos referimos ao World English, (...) não faz o menos sentido falar em falantes nativos. Essa língua, ou melhor, esse fenômeno linguístico pertence a todos aqueles que dela fazem algum uso no seu dia a dia, por mais limitado ou restrito que seja.”
Usuários da Língua Inglesa hoje 1/3 dos falantes não são nativos (círculo externo) O uso do inglês se dá em interações nas quais os participantes
não dominam completamente a gramática-padrão e cujo léxico e pronúncia podem não coincidir com a norma reconhecida.
Três círculos de Kachru:1) Inner Circle (círculo interno): base tradicional e histórica do
inglês. Foi espalhado na primeira diáspora (colonização). “Norm-providing”
2) Outer circle ( círculo externo): espalhado na segunda diáspora (época da expansão imperialista). Inglês não é a língua nativa, mas é usada como língua franca entre grupos de diferentes etnias. Educação, judiciário, comércio etc, são realizados em inglês. “norm-developing”
3) Expanding circle ( círculo em expansão): Não existe papel histórico ou governamental do inglês, mas é utilizado como meio de comunicação internacional. “norm-dependent”
Depois do que foi visto, debata com seu colega:1) O que seria então o ensino de inglês como língua franca?2) Por que utilizar o ILF (Inglês como Língua Franca) em
sala?3) Alguma opinião sua foi mudada até o momento? Quais?
Por que ILF?
Inglês como Língua internacional Comunicação não nativos – não nativos Apropriação da língua pelos estudantes versus empréstimo
da língua Ensino da língua focado na comunicação e não na imitação
do falante nativo
Analise os vídeos e debata com o colega1) O que podemos ver de característica de ILF nos vídeos?2) Qual é a primeira língua do falante não nativo e como isso
influencia na maneira de entender a língua?3) Como esse aluno se identifica quanto ao uso do inglês?4) Existe algum tipo de preconceito linguístico que podemos
notar?
Princípios da ILF versus ILEPrioriza uma variedade nativa (americana ou britânica)
Foco na inteligibilidade
Falante não nativo proprietário da língua, dono de sua variedade
Foco na imitação de uma variedade específica
Amplia o leque das variedades da língua inglesa
Conecta o ensino do inglês a apenas uma culturaFalante não nativo
como estrangeiro, faz empréstimo da língua
Habilita os falantes a compartilhar suas ideias e culturas
Principal foco de ensino: formar indivíduos capazes de imitar a fala de um nativo
Principal foco de ensino: formar indivíduos capazes de interagir com pessoas de outras culturas e modos de pensar e agir
LE LF
Prioriza uma variedade nativa (britânica ou americana)
Amplia o leque das variedades da língua inglesa
Foco na imitação de uma variedade específica
Foco na inteligibilidade
Conecta o ensino do inglês a apenas uma cultura
Habilita os falantes a compartilhar suas ideias e culturas
Falante não nativo como “estrangeiro”, faz empréstimo da
língua
Falante não nativo como proprietário da língua, donos de sua própria
variedade linguística
Principal foco de ensino: formar indivíduos capazes de imitar a fala
de um nativo
Principal foco de ensino: formar indivíduos capazes de interagir com pessoas de outras culturas e modos
de pensar e agir
3° dia de minicurso:Atividades pedagógicas de ILF Modificação da visão de língua (língua global) Atividades e técnicas utilizadas em sala Conscientização dos alunos
Planejamento de atividades
1) Com a ajuda dos colegas, planeje uma atividade pensando em Inglês como Língua Franca. Utilize o material dado. Depois apresente para o resto da turma.
ILF: uma questão de formação Encarar o currículo de Letras como uma possibilidade de
construção de novas identidades: as de professores bilíngues, diante da perspectiva do ILF.
A formação de professores deve:a) Promover a consciência de questões relacionadas ao ensino de ILF;b) Reduzir a ênfase ao padrão que privilegia a norma dos falantes
nativos;c) Tirar proveito do que o professor não nativo pode trazer de
vantagem para a sala de aula. A formação influencia diversas decisões e comportamentos com
implicações diretas para a sala de aula. Para Hawkins e Norton (2009), a formação de professores se divide
em três categorias:a) Consciência crítica,b) Autorreflexão crítica;c) Relações pedagógicas críticas.
Debata com seus colegas
Como você foi apresentado ao inglês como língua internacional durante sua formação na universidade?
Você acha que esse tipo de discussão deve estar incluso no currículo programático das disciplinas? Como?
Qual vantagem a sociedade teria formando professores de língua franca?
Crenças
O professor só ensina a língua do jeito que ele a percebe. Woods (1993) utiliza a metáfora “floresta terminológica”
para se referir às crenças, a complexa tarefa de investiga-las no contexto de ensino-aprendizagem de uma LE e o grande número de termos encontrados na literatura da LA para nomeá-las.
Envolve o dizer e o fazer dos sujeitos inseridos num contexto social micro (sala de aula, por exemplo) e macro (o aluno inserido em seu meio, atuando em um determinado grupo sócio-culturamente constituído).
Barcelos (2001): “Ideias, opiniões e pressupostos que alunos e professores tem a respeito dos processos de ensino-aprendizagem de línguas e que os mesmos formulam a partir de suas próprias experiências.”
Dados do objeto de estudo: “Minicurso do Enproll” 39 participantes Questionário inicial Objetivo: compreender como os participantes percebem a
língua inglesa.
Análise de dados Quanto à língua para comunicação mundial:Pergunta feita: Qual língua você utilizaria para se comunicar na China? Por quê?Respostas Inglês – 35 respostas Português – 4 respostas
Porque é língua universal – 15 respostas
Por pensar que alguém pode falar português – 1 resposta
Porque mais pessoas entenderiam – 5 respostas
Não justificou – 1 resposta
Porque é a língua que todos falam – 5 respostas
Por ter convivência na língua – 2 respostas
Por ser a primeira opção em país estrangeiro – 2 respostas
Por ser a oitava língua da China – 1 resposta
Por ser graduada na língua – 1 resposta
Não justificou – 4
Análise de dados Quanto à língua para estudo:Pergunta feita: Qual língua você escolheria para estudar? Por quê?
Inglês – 36 respostas Alemão (1) Espanhol (1) Não respondeu (1)
Por ser língua universal – 10 respostas
Por afinidade com a língua – 8 respostas
Por se identificar com a língua – 4 respostas
Por oferecer mais oportunidades – 2 respostas
Para melhorar o inglês – 2 respostas
Para se comunicar com a Europa e os USA – 1 resposta
Por ser mais fácil de aprender – 1 resposta
Por oferecer mais oportunidade – 1 resposta
Não justificou – 7
Análise de dados Quanto à língua que ensina:Pergunta feita: Os alunos perguntam qual tipo de inglês você ensina, o que você responde? Respostas
Inglês Americano – 16 respostas
Falo os dois (britânico e americano) – 7 respostas
Inglês Brasileiro – 5 respostas
Falo inglês, somente – 4 respostas
Inglês Britânico – 2 respostas
Nem um, nem outro – 2 respostas
Nenhum, só o básico – 1 resposta
Inglês formal – 1 resposta
Inglês internacional – 1 resposta
Análise de dados Quanto ao entendimento de língua:Pergunta feita: Qual é o inglês correto: americano ou britânico?
Respostas
Os dois – 33 respostas
O britânico é mais formal – 1 resposta
O americano, por ser mais comum – 1 resposta
O britânico, pois os EUA sofreram influências na colonização – 1 resposta
Não respondeu – 3
Análise de dados Quanto à percepção pessoal da língua:Pergunta feita: O que você acha que precisa melhorar no seu inglês?
Respostas
Speaking – 9 respostas
Fluência – 8 respostas
Pronúncia – 4 respostas
Vocabulário – 4 respostas
Todos os sentidos – 3 respostas
Mais prática – 3 respostas
Diálogo – 1 respostas
Não respondeu – 6
Resumo Conceito de Inglês como Língua Franca Princípios da ILF Atividades pedagógicas em ILF Formação de professores em ILF Crenças de professores de inglês Análise de dados de uma turma (estudo de caso)
Considerações finais O minicurso tinha como pretensão envolver questões de ILF,
para que os profissionais de ensino possam: a) Refletir sobre sua prática pedagógica, afim de rever a
educação linguística de caráter bancário e não voltados à comunicação;
b) Buscar ressignificação de conceitos, reavaliar paradigmas de ensino de LE, questionando métodos e procedimentos fundados em modelos que sempre remetem o nativo;
c) Analisar criticamente a realidade que nos cerca, levando em consideração o papel e status que a língua inglesa exerce hoje;
d) Entender que a língua inglesa é aquilo que todos os falantes, nativos ou não, fazem dela;
e) Preparar o aprendiz para se tornar um falante de ILF capaz de operar tanto em nível global quanto local, um falante transcultural;
f) Combater mitos, preconceitos, xenofobias, imperialismos de todo tipo, em especial aqueles relacionados à linguagem.
Referências Bibliográficas CRYSTAL, David. English as a global language. Cambridge: Cambridge
University Press, 1997. KACHRU, Barl B. Standards, codifications and sociolinguistic realism:
the English Language in the outer circle. Cambridge: Cambridge University Press,1985
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Maria Nilva Pereira pergunta/ Kanavillil Rajagopalan responde: o inglês como língua internacional na prática docente. In: LIMA, D. C. (Org) Ensino e aprendizagem de língua inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola, 2009.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. The english language in Brazil: a boon or a bane? In: BRAINE, G. (Ed.) Teaching English to the world: history, curriculum and practice. Mahwah: Lawrence Elbraum, 2005.
SEIDLHOFER, Barbara. Research perspectives on teaching english as a língua franca. Annual Review of Applied Linguistics, Cambridge, 2001.
WOODS, D. Teacher cognition in the language teaching: beliefs, decision-making and classroom practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
Vídeos utilizados em sala
Speak English, Please! https://www.youtube.com/watch?v=GxuEBUXJ2rQ The Italian Man who went to Malta https://www.youtube.com/watch?v=m1TnzCiUSI0 English Language learning tips – varieties of English https://
www.youtube.com/watch?v=YvbEODnJVTc David Crystal – Which English? https://www.youtube.com/watch?v=0XT04EO5RSU Robin Williams performs an accent marathon - https://
www.youtube.com/watch?v=6u5wVGngD_c