FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – VRPPG Programa de Pós-Graduação em Psicologia Mestrado em Psicologia REBECA CAVALCANTE FONTGALLAND A Experiência de Ser Empático para o Psicoterapeuta Humanista-Fenomenológico Iniciante The experience of being empathetic to the beginner humanistic- phenomenological psychotherapist Fortaleza – CE 2011
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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – VRPPG Programa de Pós-Graduação em Psicologia Mestrado em Psicologia
REBECA CAVALCANTE FONTGALLAND
A Experiência de Ser Empático para o Psicoterapeuta Humanista-Fenomenológico Iniciante
The experience of being empathetic to the beginner humanistic-phenomenological psychotherapist
Fortaleza – CE 2011
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REBECA CAVALCANTE FONTGALLAND
A EXPERIÊNCIA DE SER EMPÁTICO PARA O PSICOTERAPEUTA HUMANISTA-FENOMENOLÓGICO
INICIANTE
The experience of being empathetic to the beginner humanistic-phenomenological psychotherapist
Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicologia. Linha de Pesquisa: Produção e Expressão Sociocultural da Subjetividade. Projeto de Pesquisa: Fenomenologia Crítica do Adoecer: Estudos em Psicopatologia e Psicoterapia. Orientadora: Profª Drª Virginia Moreira.
Fortaleza – CE 2011
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Ao meu amado companheiro, Carlos Irlando Moreira, por
acreditar e confiar no meu potencial.
Ao meu pai, Gladstone Fontgalland, pela generosidade.
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AGRADECIMENTOS
A Deus e Nossa Senhora por todas as graças recebidas.
Ao meu companheiro, Carlos Irlando Moreira, por estar junto comigo nessa
jornada, contribuindo com seu conhecimento, pela compreensão, generosidade e
paciência.
Ao meu pai, Gladstone Fontgalland, por me propiciar mais essa conquista.
A minha família, pela força que me deram para crescer e voar.
A Profa. Dra. Virginia Moreira, por me aceitar em seu grupo de trabalho e
estar do meu lado atenciosamente.
Aos membros da banca examinadora Profa. Dra. Marcia Tassinari e Prof. Dr.
Francisco Cavalcante Junior, por disponibilizarem seu tempo a esta pesquisa.
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
A Profa. Ms. Anna Karynne Melo, pela ajuda importantíssima na elaboração
desta dissertação.
As minhas amigas, por ordem alfabética, pela amizade conquistada no
período de mestrado, Benedita Francisca Alves, Ivanda Séfora Medina e Neyliane
Sales Chaves Onofre.
Aos sujeitos colaboradores desta pesquisa, que se prontificaram em ajudar.
Aos professores e integrantes do Laboratório de Psicopatologia e Psicoterapia
Humanista Fenomenológica Crítica – APHETO, que colaboraram.
A Jéssica Marques, pela presença e colaboração no início da pesquisa.
Ao secretário do mestrado Daniel Padilla, pelas informações e atenção.
A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
– FUNCAP, pelo apoio financeiro.
E a todos que contribuíram para elaboração desta dissertação.
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RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo compreender a experiência de ser empático para o psicoterapeuta humanista-fenomenológico iniciante. Foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico, onde foram entrevistados 25 psicoterapeutas iniciantes, em prática supervisionada clínica no Serviço de Psicologia Aplicada – SPA, do Núcleo de Atendimento Médico Integrado – NAMI, partindo da pergunta disparadora: Como é para você ser empático com seus clientes? Em seguida, foi feita uma análise fenomenológica mundana, tal como proposta por Moreira (2009b), baseada na fenomenologia de Merleau-Ponty. Os depoimentos revelaram que: a experiência vivida de ser empático para os psicoterapeutas iniciantes, consiste na base fundamental para que o processo psicoterapêutico ocorra, podendo ser utilizada como um instrumento que facilita a relação, e que um ouvir e ver fenomenológicos sem criticar e um ambiente propício possibilitam que o cliente sinta-se à vontade em expressar suas dificuldades. A construção da empatia é algo que surge paulatinamente e naturalmente, permitindo que o terapeuta aproxime-se de seu cliente, acolhendo o seu sofrimento. Essa construção pôde surgir quando os entrevistados puderam estabelecer um vínculo nas relações com o cliente. Ser empático surgiu como sendo está em uníssono com o cliente, em completa sintonia, pois permite ao terapeuta compreender o mundo do cliente, sua experiência vivida. Mas, ao mesmo tempo em que existe essa sintonia, a mesma não pode ser confundida com identificação emocional, o que levou muitos entrevistados a terem a necessidade de ir à psicoterapia “trabalhar” questões pessoais, como forma de estarem genuinamente nas sessões com seus clientes, sem deixar que seus problemas pessoais interfiram na relação. E isso foi possível na medida em que puderam ter suas demandas trabalhadas e suspendidas no momento das sessões com os clientes. A importância do conhecimento teórico, acerca das condições facilitadoras, principalmente a empatia, apresentou-se como sendo algo a ser mais explorado tanto pelas faculdades e universidades, quanto pelos próprios psicoterapeutas, pois a mesma está intimamente ligada ao sucesso da terapia. Essa consciência teórica permite, no caso da compreensão empática, que o terapeuta tenha noção dos limites de ser empático, compreendendo a condição de “como se” e o “voltar para si”, saindo do mundo do cliente. Portanto, conclui-se que a experiência de ser empático apresenta-se para o psicoterapeuta como algo a ser construído a cada sessão, e que consiste em um processo de aprendizado significativo na vida do psicoterapeuta. Palavras-chave: Empatia; Carl Rogers; Psicoterapeuta Humanista-Fenomenológico; Análise Fenomenológica.
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ABSTRACT
This research has as its objective to comprehend the experience of being empathetic to the beginner humanistic-phenomenological psychotherapist. We conducted a qualitative study of a phenomenological, where they were interviewed 25 novice psychotherapist in supervised clinical practice in the Department of Applied Psychology – SPA, the Center for Integrated Medical Care – NAMI, starting from the starter question: How is for you to be empathetic with their patients? Then, there was a worldly phenomenological analysis, as proposed by Moreira (2009b), based on the Merleau-Ponty’s Phenomenology. The interviews revealed that: the experience lived of being empathetic to the beginners psychotherapists, is the fundamental basis for the psychotherapeutic process to occur, can be used as an instrument to facilitate the relationship, and that a hearing and seeing no phenomenological critique and an environment conducive enable clients to feel comfortable in expressing their difficulties. The construction of empathy is something that comes naturally and gradually, allowing the therapist to move closer to his client, accepting their suffering. This construction could arise when respondents were able to link in customer relations. Emerged as being empathetic is in unison with the patient (client) is completely in tune, because it allows the therapist to understand the client’s world, his experience. But while there’s this line, it can’t be confused with emotional identification, which led many respondents to have the need to go to psychotherapy “work” personal issues, in order to be genuinely in sessions with clients without letting their personal problems interfere with the relationship. It was possible as it might have worked their demands and suspended at the time of the sessions with clients. The importance of theoretical knowledge about facilitating conditions, especially empathy, presented himself as something to be further explored by both colleges and universities, the psychotherapists themselves, because it is closely linked to the success of therapy. This allows theoretical consciousness, in the case of empathic understanding, the therapist is aware of the limits to be empathetic, understanding the condition of “as if” and “come back to you”, leaving the client’s world. Therefore, it is concluded that the experience has to be empathetic to the psychotherapist as something to be built each session, which consists of a process of meaningful learning in the psychotherapist’s life. Keywords: Empathy; Carl Rogers; humanistic-phenomenological psychotherapist; phenomenological analysis.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................................................................................8 OBJETIVOS...........................................................................................................................19 1 CARL R. ROGERS E AS CONDIÇÕES FACILITADORAS……………..............................20
1.1 Vida e Obra de Carl Ramson Rogers (1902-1987).................................................20
1.2 Condições Facilitadoras..........................................................................................27 2 O CONCEITO DE EMPATIA NO PENSAMENTO DE CARL R. ROGERS.........................34
2.1 A Ideia Embrionária no Pensamento de Carl Rogers?….…………………..............34
2.2 Fase Não-Diretiva (1940-1950)...............................................................................36
2.2.1 Evolução da Ideia Embrionária......................................................................39
2.3 Fase Reflexiva (1950-1957)....................................................................................43
2.3.1 Surge o Conceito de Empatia na Fase Reflexiva..........................................44
2.4 Fase Experiencial (1957-1970)...............................................................................51
2.4.1 O Conceito de Empatia na Fase Experiencial...............................................53
2.4.2 A Compreensão Empática.............................................................................59
2.5 Fase Inter-Humana ou Coletiva (1970-1985)..........................................................71
2.5.1 O Conceito de Empatia na Fase Inter-Humana ou Coletiva.........................73 3 O CONCEITO DE EMPATIA NA FASE PÓS-ROGERIANA OU NEO-ROGERIANA (1987-atual)......................................................................................................................................86
3.1 A Vertente Humanista-Fenomenológica..................................................................93
3.2 Empatia e Lebenswelt na Vertente Humanista-Fenomenológica..........................105 4 PSICOTERAPEUTA HUMANISTA-FENOMENOLÓGICO INICIANTE............................110 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.........................................................................116
5.1 A Pesquisa Qualitativa Fenomenológica...............................................................116
5.2 O Método Fenomenológico Mundano...................................................................117
5.3 O Local da Pesquisa.............................................................................................121
5.4 Os Sujeitos Colaboradores da Pesquisa..............................................................122
5.5 Instrumento de Pesquisa: Entrevista Fenomenológica.........................................123
A discussão acerca de quem é o psicoterapeuta humanista-fenomenológico
iniciante, articulada à sua vertente teórica é fundamental para compreendermos o
objetivo desta pesquisa.
Boris (1987) traz uma discussão importante, no que se refere à formação dos
psicoterapeutas humanistas, da necessidade de uma consistência teórica. Diante
dessa necessidade, as psicoterapias humanistas partiram para o uso de uma
metodologia que se contrapunha às visões dicotômicas entre o sujeito e o objeto, a
fenomenologia. E, ao adotar essa metodologia fenomenológica, Boris (1987) afirma
que as psicoterapias elegeram como forma de relação a atitude Eu-Tu, tomando
como visão teórica, Martin Buber. “Psicoterapeuta e cliente são cada vez mais
compreendidos como duas pessoas, envolvidos numa relação de sujeito-a-sujeito,
essencialmente igualitária, baseada na inter-subjetividade, intuição e afetividade”
(Boris, 1987, p. 72).
Boris (1987) propõe que, ao aderir a uma metodologia fenomenológica, as
psicoterapias se finquem em mais do que apenas nos fenômenos que aparecem,
mas que reflitam sobre a experiência vivida do outro. Além disso, traz à consciência
do psicoterapeuta humanista uma concepção mais ampla do que apenas se fincar
em filosofias que se referem à psicoterapia, mas que se dediquem ao estudo da
fenomenologia, do existencialismo e, principalmente, sobre os relacionamentos
psicoterápicos que estamos envolvidos.
Com base na perspectiva teórico-filosófica, descrita no tópico 3.1, o papel do
psicoterapeuta humanista-fenomenológico é buscar compreender o significado
dessa experiência vivida, do mundo vivido do cliente, pois esse ser mundano, tal
como Moreira (2009b) nos esclarece, vive em mútua constituição com o mundo.
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Para ela, a fundamentação do terapeuta deve ser sobre “uma concepção de homem
enquanto ser no mundo e, como tal, como fenômeno em mútua constituição com o
mundo” (Moreira, 2007, p.107). Dentro dessa ideia de mútua constituição é que se
pode, segundo Moreira (2007), “realizar uma psicoterapia transformadora” (p. 108).
Portanto, ser psicoterapeuta humanista-fenomenológico iniciante requer uma
fundamentação humanista e filosófica as quais dispõem de atributos consistentes
que facilitarão a prática clínica. A prática psicoterápica requer certos atributos do
psicoterapeuta de base humanista-fenomenológica e este utiliza-se de atitudes
facilitadoras em seu trabalho. Essas atitudes, tal como mencionadas anteriormente
neste trabalho, são a autenticidade ou congruência, a consideração positiva
incondicional e a capacidade empática. Kinget (1965/1977) afirma que além dessas
atitudes facilitadoras, “são necessárias duas qualidades […]: um grau elevado de
maturidade emocional e de compreensão de si” (p.104, grifo do autor).
Portanto, o terapeuta deve estar em estado de acordo interno consigo
mesmo, devendo ser autêntico, “pois a ausência de autenticidade conduz a uma
deterioração da relação, o que torna não somente ineficaz, mas prejudicial” (Rogers,
1965/1977a, p. 107); além de ser empático, aceitando incondicionalmente o cliente
enquanto ao que ele é. Percebe-se a necessidade dessas atitudes, as quais o
terapeuta necessita ter para um bom desenvolvimento do processo.
Para Kinget (1965/1977b), a prática psicoterápica requer dois gêneros de
competência: “uma formação especial e certos atributos pessoais” (p.101),
considerando o primeiro atributo como primordial nessa prática. No entanto, ela
afirma que mesmo
o treinamento mais completo não poderia equipar o terapeuta com as
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técnicas necessárias para interagir de um modo ao mesmo tempo fecundo e
‘asséptico’. Não é principalmente o conhecimento nem a habilidade do
profissional que tem mais valor no trabalho terapêutico. É a sua integridade
pessoal (Rogers & Kinget, 1965/1977b, p. 112).
Bucher (1989) lembra-nos que ninguém nasce psicoterapeuta e que a
formação é importante, mas a sua personalidade é igualmente importante, e disso
dependerá seus interesses, suas aptidões e atitudes.
Para Boris (2008a), quando o psicoterapeuta iniciante se porta de forma
onipotente, procurando mostrar eficiência ou quando é excessivamente disponível,
“esconde aparentemente a insegurança e a inexperiência” (p. 374). Embora,
também, assuma uma postura impotente, ao ser muito compreensivo e não
aprofundar os conteúdos trazidos pelo cliente. Portanto, ao mesmo tempo, que pode
se mostrar excessivamente “competente”, o psicoterapeuta iniciante tem as suas
impossibilidades, devido à falta de experiência.
Boris (2008a) assinala que
A literatura teórica é um ponto essencial de apoio e de referência ao
psicoterapeuta, mas não basta por si mesma, devendo sempre ser adotada
com flexibilidade, fundamentando e sendo fundamentada pela prática
profissional, pelas vivências pessoais, pela supervisão e pela própria
psicoterapia do psicoterapeuta (p. 376).
Dentro do processo de formação do psicoterapeuta iniciante, incluindo o
humanista-fenomenológico, a supervisão apresenta-se como um recurso
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fundamental de formação, e um dos instrumentos facilitadores disso são as versões
de sentido propostas por Amatuzzi (1989), enfatizadas por Boris (2008b) e Moreira
(2009b). Essa ferramenta, utilizada dentro da abordagem humanista-
fenomenológica, vem como um recurso fundamental, proporcionador de
aprendizado, pois é nele que o psicoterapeuta coloca suas impressões acerca de
seus atendimentos psicológicos com seus clientes. É aqui que o psicoterapeuta
pode colocar suas dúvidas, medos, sucessos, fracassos, enfim, como forma de
aprimoramento de suas visões e de aprendizado ao ver o quanto evolui em sua
trajetória com cada cliente individualmente.
Essas versões de sentido são, para Amatuzzi (1995), “uma tentativa de dizer
a experiência imediata do terapeuta enquanto pessoa naquele momento, e enquanto
ainda referida à sessão que acaba de terminar” (p. 68). Para Amatuzzi (1993), a
versão de sentindo é cabível de aprendizado tal como se vai aprendendo a ser
terapeuta.
Para Moreira (2009b), quando falamos de supervisão clínica, isso inclui três
dimensões: “a teórica, a experiencial e a de supervisão” (p. 71). Sabemos a
importância da fundamentação teórica, da experiência como fundamental para um
melhor andamento do processo e a melhor forma de lidar com as situações
adversas, pois cada cliente é único. A supervisão, no modelo humanista-
fenomenológico, diz respeito à “mundaneidade, a tendência atualizante e a
responsabilidade contingente” (Moreira, 2009b, p. 77, grifo do autor), que são a base
filosófica dessa abordagem e fundamentam a supervisão.
Moreira (2009b) afirma que “o objetivo da supervisão será, prioritariamente, a
formação do psicoterapeuta” (p. 78). Além disso, assinala que “segundo a
fenomenologia, a realidade é um a priori, e a experiência vivida dá-se no âmbito da
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prática” (Moreira, 2009, p. 79, grifo do autor). Boris (2008b) destaca que Moreira
mostra a importância do valor da experiência vivida do psicoterapeuta iniciante para
a sua formação, além de se submeter ao seu próprio processo psicoterápico.
Mesmo ao término do estágio supervisionado, Boris (2008b) afirma ser
importante uma continuidade da supervisão do psicoterapeuta iniciante por um
psicoterapeuta mais experiente, o qual permitirá que aquele tenha essa opção como
um recurso valioso e imprescindível em sua trajetória inicial como psicoterapeuta. A
importância da supervisão, tanto no estágio quanto depois, é fundamental, uma vez
que, segundo Boris (2008b),
a formação de um psicoterapeuta é contínua e sistemática, persistindo ao
longo de sua vida profissional e devendo ser sempre condizente com sua vida
pessoal e as diversas opções e experiências que ele faz e vivencia. Não é,
portanto, pontual e circunstancial (p. 167).
Távora (2002) afirma que
Treinar futuros terapeutas exige, ao mesmo tempo, técnica, arte e
sensibilidade. Exige respeito às diferenças e crença no talento de cada
iniciante amendrotado, tímido em suas iniciativas e pouco confiante em si.
Significa também deixar que os treinandos ensinem ao supervisor a arte de
ser paciente, de acreditar sem ver resultados imediatos e de abster-se de
induzi-los a um modelo de terapeuta já pronto (p.121).
Em vista do que foi explanado, sobre as condições necessárias a um
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psicoterapeuta iniciante, mais especificamente, o humanista-fenomenológico,
percebe-se as dificuldades que estes sofrem ao lidar com essa nova situação em
sua vida profissional, daí a importância de uma adequada formação acadêmica. No
que se refere, à abordagem específica a ser seguida e à supervisão, apresenta-se
como um norte fundamental diante das impossibilidades e como uma troca de
experiências, pois cada situação de ambiente terapêutico é única, e tanto supervisor
e orientando aprendem com essas maneiras de ser de cada um.
Fazemos muitas escolhas na vida, assumimos muitas responsabilidades e
uma delas é quando decidimos ser psicoterapeuta. A responsabilidade de cuidar do
outro requer muita sabedoria, acordo interno consigo mesmo e uma formação
adequada. Bucher (1989) enumera três condições que dão sentido a escolha da
“carreira” de psicoterapeuta, que penso que seja adequado citá-las, devido à
importância de tamanha responsabilidade. Essas condições dizem respeito,
inicialmente, a pessoa se interessar pelo ser humano, saber lidar com esse outro em
suas manifestações; além de aturar e suportar a dimensão humana e o impacto da
mesma na vida do outro. A última condição se refere à formação profissional, onde o
aspecto técnico é necessário, mesmo que seja insuficiente para lidar com esse
humano (Bucher, 1989).
Nos remetemos aqui, mais uma vez, às questões voltadas a atitude do
psicoterapeuta diante de uma relação interpessoal com seu cliente, da necessidade
de uma boa formação profissional, da personalidade do mesmo, como suas
posições e atitudes influenciarão ou não o andamento do processo terapêutico.
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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Realizei uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico mundano,
ancorado no pensamento de Merleau-Ponty e desenvolvido por Moreira (2007,
2009b), pois este consiste em um método que busca compreender as dimensões do
vivido humano.
5.1 A Pesquisa Qualitativa Fenomenológica
Para elucidar e compreender o meu objeto de estudo, buscando conhecer a
dimensão do vivido, as experiências do sujeito, procurando apreender o significado
dos conteúdos que emergem em uma pesquisa, que fiz uso de uma pesquisa
qualitativa fenomenológica, pois esta tem a finalidade, segundo Amatuzzi (2001), de
clarear os fenômenos, visando construir uma compreensão de algo. Por meio desse
tipo de pesquisa, podemos nos aproximar ao máximo do relato do indivíduo tal como
aparece, do vivido em sua própria intencionalidade. Para Amatuzzi (2001), o que o
pesquisador busca é a “experiência intencional, vivida. Não os fatos que possam ser
inferidos, não a estrutura de pensamento subjacente revelada pelo uso de
determinadas palavras, não o desejo oculto e camuflado pelo discurso” (p. 8).
Para ele, numa pesquisa fenomenológica, “o melhor relato é o que procura
trazer, tornar presente, a experiência vivida” (Amatuzzi, 2001, p. 18). Assim, a
pesquisa fenomenológica é aquela que visa compreender o vivido, e esse vivido
podemos acessá-lo, por meio do relato da experiência. Esse relato “não se
manifesta sozinho, ou puro. Ele sempre se mostra já compondo-se com concepções,
percepções, construções da consciência” (Amatuzzi, 2001, p. 19).
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Em concordância, Rey (2005) aponta que as experiências são extremamente
pessoais, as quais dizem respeito a uma história, um contexto próprio de cada um,
marcando sua singularidade. E o pesquisador, por meio de uma escuta atenta,
procura compreender esses fenômenos, a partir da descrição, uma vez que o
fenômeno pode falar por si só, objetivando alcançar o sentido da experiência,
emergindo, assim, os significados gerais ou universais dessas descrições (Holanda,
2006).
Após a apreensão dos dados qualitativos da pesquisa, por meio da descrição
da experiência,
a análise fenomenológica dos dados procede através da metodologia da
redução, da análise de afirmações e temas específicos e da busca de todos
os significados possíveis. O pesquisador também põe de lado todos os
prejulgamentos, pondo entre parênteses […] as suas experiências (um retorno
à “ciência natural”) e apoiando-se na intuição, na imaginação, em estruturas
universais para obter um retrato da experiência (Creswell, 1998, p. 5).
Por conseguinte, procurei ter acesso à experiência e compreender o
significado de ser empático para cada psicoterapeuta iniciante entrevistado, através
do método fenomenológico mundano.
5.2 O Método Fenomenológico Mundano
A busca pelo significado da experiência, através da compreensão dos
fenômenos, é o principal objetivo da pesquisa fenomenológica mundana. Assim, a
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experiência vivida do sujeito é compreendida a partir de sua mundaneidade. Este
método, proposto por Moreira (2007, 2009b), é inspirado na filosofia de Merleau-
Ponty, caracterizando-se como uma ferramenta crítica que facilita a apreensão da
experiência vivida do sujeito.
Como pressuposto filosófico, é necessário fazer uma rápida releitura
fenomenológica de Merleau-Ponty, para melhor compreender este método e a visão
de homem como ser mundano, pois Merleau-Ponty vai além de uma visão dualista
de homem e mundo. Nesta perspectiva metodológica, há uma visão de homem, que
deixa de ser percebido de forma dualista, passando a ser pensado em sua mútua
constituição com o mundo. Dessa mútua constituição, é que surge o conceito de
homem mundano proposto por Moreira (2001, 2004, 2009b). Esse homem mundano
é atravessado por inúmeras dimensões, sejam sociais, políticas, culturais, biológicas
e psicológicas. E é a partir dessa dimensão do vivido que este método procura
compreender esse homem. Assim,
o mundo é inseparável do sujeito, mas de um sujeito que é senão projeto do
mundo, e o sujeito é inseparável do mundo, mas de um mundo que ele
mesmo projeta. O sujeito é ser-no-mundo, e o mundo permanece ‘subjetivo’,
já que sua textura e suas articulações são desenhadas pelo movimento de
transcendência do sujeito (Merleau-Ponty, 1945/1994, p. 576).
O pensamento de Merleau-Ponty (1945/1994) traz a ideia de que a
fenomenologia situa-se numa perspectiva onde a essência está na existência, dando
significado à experiência vivida de cada um e que o homem e mundo são vistos a
partir de sua facticidade. Além do mais, afirma que as coisas e o nosso corpo são
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feitos do mesmo estofo e o corpo está preso no tecido do mundo, “são um anexo ou
prolongamento dele mesmo, estão incrustados em sua carne” (Merleau-Ponty,
1964/2009, p. 17).
Por conseguinte, esse corpo, que se constitui com o mundo, é visto a partir de
seus múltiplos contornos, onde não existe uma dicotomia entre ambos. Em A dúvida
de Cézanne (1945/2004), as linhas disformes apresentadas nas obras desse pintor
retratam muito mais a realidade do que propriamente a fotografia, pois as mesmas
parecem um prolongamento entre as partes correspondentes da figura. Assim, “seus
quadros dão a impressão da natureza em sua origem, enquanto as fotografias das
mesmas paisagens sugerem os trabalhos dos homens, suas comodidades, sua
presença iminente” (Merleau-Ponty, 1945/2004, p. 128).
Na fotografia há a perda do movimento, congelando a imagem, onde separa o
real do imaginário, cristalizando apenas uma representação de determinado
momento. O que não se vê nas pinturas de Cézanne, onde os traçados parecem ter
movimentos, ou melhor, parecem não existir traçados. Para Merleau-Ponty
(1945/2004), “o contorno dos objetos, concebidos como uma linha que os delimita,
não pertence ao mundo visível, mas à geometria” (Merleau-Ponty, 1945/2004, pp.
129-130).
Essa analogia, feita por Merleau-Ponty, remete-nos às ambiguidades que são
inerentes ao ser humano, pois este é constituído de múltiplos contornos, faz parte de
um mundo, de uma cultura, de uma sociedade, de uma economia, de uma história e,
ao mesmo tempo, é constituído por todas elas. Para Nóbrega (2008), “Merleau-
Ponty reflete sobre a pintura de Cézanne como configuração perceptiva cuja
natureza problematiza as dicotomias entre percepção e pensamento, entre a
expressão e o que é expressado” (p. 141) .
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Assim, a pintura de Cézanne é usada por Merleau-Ponty como forma de
expressar seu pensamento, que aquele pintor expunha, nas pinturas, o
prolongamento da vida do homem e do mundo. O filósofo reconhecia, a partir disso,
as ambiguidades que são inerentes ao ser humano em seus múltiplos contornos.
Disso, Merleau-Ponty pretendia, segundo Moreira (2007), “desfazer a ideia de que o
real é estático, tomando como exemplo o movimento da pintura (Moreira, 2007, p.
222).
Esse real, para Merleau-Ponty (1945/1994), “deve ser descrito, não construído
ou constituído” (p. 5). Articulando essa ideia de Merleau-Ponty com a pesquisa,
tenho como finalidade, apreender a descrição do real, daquilo que foi vivido
verdadeiramente pelos colaboradores da pesquisa. E é neste intercurso entre o
vivido do homem e o mundo, que pela redução fenomenológica, busquei colocar
entre parênteses a minha experiência, meus conhecimentos, saberes e ideias
acerca da temática aqui proposta, me atendo apenas nas falas dos entrevistados,
pois é por conta dessa redução, que chegamos ao sujeito situado no mundo, mundo
este que antecede a reflexão. Isso é uma tentativa, uma vez que para Merleau-Ponty
(1945/1994), “o maior ensinamento da redução é a impossibilidade de uma redução
completa” (p. 10).
A utilização dessa redução é, para Moreira (2009b), um artifício lógico para
que o pesquisador alcance a realidade, e ela nunca se completa porque estamos
ancorados no mundo, somos um só, estamos enraizados um no outro, numa espécie
de atolamento congênito.
É diante dessa visão que estabelece o homem enquanto ser mundano,
composto por suas experiências, que procurei compreender a experiência desses
psicoterapeutas iniciantes, resgatando a dimensão do vivido de cada um.
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5.3 O Local da Pesquisa
As entrevistas foram realizadas no Serviço de Psicologia Aplicada - SPA do
Núcleo de Atendimento Médico Integrado – NAMI. O NAMI é uma instituição que se
preocupa em promover a qualidade de vida e para isso foi criado em 1978, tendo a
finalidade de prestar atendimento multidisciplinar que são focados na humanização e
na evolução do atendimento. É referência no Norte e Nordeste pela qualidade do
atendimento prestado, incluindo os casos de natureza secundária e de alta
complexidade. São beneficiados, por ano, cerca de 25 mil pacientes, realizando 300
mil procedimentos por ano.
A missão do NAMI é desenvolver ações de saúde no nível secundário de
atenção, procurando promover, prevenir, diagnosticar, tratar, reabilitar e proporcionar
a melhoria da qualidade de vida, de forma interdisciplinar.
O NAMI possui diversos tipos de atendimentos, dentre os quais destaco:
fonoaudiologia, terapia ocupacional, Programa Interdisciplinar de Nutrição aos
Transtornos Alimentares e Obesidade, serviços médicos mais especializados, entre
outros, além de possuir uma academia que tem como objetivo a prática esportiva, o
complemento da assistência médica terapêutica, e o Serviço de Psicologia Aplicada,
onde foram feitas as entrevistas desta pesquisa, que possui uma estrutura para
teoria e prática da vivência profissional.
Esse campo de investigação foi escolhido porque nesse local se encontram
os psicoterapeutas iniciantes da vertente humanista-fenomenológica, que são
orientados por professores que trabalham com esse enfoque.
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5.4 Os Sujeitos Colaboradores da Pesquisa
Para Amatuzzi (2001), “a pesquisa fenomenológica não tem sujeitos que
forneçam informações, mas colaboradores que pensam junto o assunto, e o fazem
com a novidade da primeira vez.” (p. 19).
O critério de inclusão para participação levou em consideração aqueles
psicoterapeutas iniciantes que já tiveram mais de cinco atendimentos psicoterápicos
com seus clientes. Essa pesquisa contou com a participação voluntária de 25
psicoterapeutas iniciantes da vertente humanista-fenomenológica, indicados pelos
respectivos orientadores, que estão fazendo estágio curricular em psicologia clínica.
Esse estágio tem a finalidade de que os alunos graduandos façam atendimentos em
psicoterapia individual ou em grupo, triagem, psicodiagnóstico como requisito parcial
para formação em psicologia.
O processo de composição dos sujeitos colaboradores se deu da seguinte
forma: inicialmente, contatei os professores orientadores desses estagiários, os
quais acharam melhor que eu os convidasse pessoalmente nas salas de supervisão,
assim pude convidá-los, explicando o objetivo da pesquisa, garantido o sigilo do
conteúdo das entrevistas; posteriormente, esclareci que deveriam assinar um Termo
de Consentimento (ver em anexo), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UNIFOR - COÉTICA (Parecer nº 162/2011), e que estariam participando por livre e
espontânea vontade, podendo desistir dela a qualquer momento; após os
participantes aceitarem e demonstrarem interesse em vir a conhecer os resultados
finais da pesquisa, as entrevistas foram realizadas (uma entrevista com cada
colaborador); e dos 25 participantes, três eram do sexo masculino e 22 do sexo
feminino – essa diferença de gênero se deu devido ao pequeno número de homens
125
orientados por estes professores; desses 25 sujeitos colaboradores, que se
dispuseram a participar, 17 eram estagiários de clínica I, seis de clínica II e somente
um participante de clínica III, sendo um dos colaboradores, estagiário de clínica II e
III, simultaneamente.
5.5 Instrumento de Pesquisa: Entrevista Fenomenológica
O instrumento de pesquisa utilizado consistiu em uma entrevista
fenomenológica não-estruturada, a partir de uma pergunta norteadora: Como é para
você ser empático com seus clientes em psicoterapia?
Esse instrumento de pesquisa é, para Moreira (2009b), um “artifício utilizado
para colher dados sobre o fenômeno que se pretende compreender. Dado que o
caminho que se pretende seguir é, basicamente, a descrição da experiência, a
entrevista tem sido o instrumento amplamente utilizado por pesquisadores
fenomenológicos” (p. 114).
Buscou-se a descrição do sujeito colaborador acerca de sua experiência
vivida. Para Amatuzzi (2001), o objetivo da entrevista fenomenológica seria
“surpreender o vivido no presente, quando a experiência da pessoa é pensada de
repente e dita como pela primeira vez, […]” (p.19). Para o mesmo autor, no momento
da pesquisa, o entrevistador deve ter um senso crítico a respeito de si mesmo, para
que possa colocar suas questões de lado sendo capaz de estar atento aos fatos e
fenômenos emergentes, por meio da redução fenomenológica; e que além dessa
atitude de pesquisador, também deve ter uma relação de tal forma com o
entrevistado, a fim de permitir que este possa relatar sua experiência vivida, e desta
maneira o pesquisador ter acesso à experiência vivida além das ideias, das teorias e
126
das estruturas de pensamento.
As entrevistas foram marcadas em dias, locais e horários pré-determinados, e
foram realizadas no SPA. O ambiente era calmo e silencioso, sem interrupções. As
entrevistas foram gravadas em áudio com o consentimento de todos, após
assinarem o Termo de Consentimento. Foram feitas 25 entrevistas, variando de 7 a
45 minutos, as quais foram transcritas literalmente. Após esse momento, foi
realizada uma análise detalhada das entrevistas, seguindo os passos da análise
fenomenológica mundana (Moreira, 2009b).
5.6 Análise Fenomenológica Mundana
A análise, das entrevistas, seguiu o modelo da análise fenomenológica
mundana, de acordo com os passos adaptados e propostos por Moreira (2009b), os
quais se resumiram da seguinte forma: primeiro, fiz a transcrição literal da entrevista,
onde transcrevi todas as falas, juntamente com todos os aspectos não-verbais, tais
como: os ruídos, risos, respirações, pausas realizadas pelo entrevistado, tal como
apareceram; posteriormente, fiz a divisão desse texto em movimentos, seguindo o
tom da entrevista, ou seja, foram divididos seguindo as mudanças que ocorreram
durante a entrevista, como quando os entrevistados mudaram de tema, de voz ou
fizeram pausas por causa de dúvidas, ou porque estavam pensando sobre o
assunto; em seguida realizei a análise descritiva desses sentidos que emergiram de
cada movimento, procurando identificar e compreender os significados da
experiência de ser empático; o último passo dessa análise consistiu em sair dos
parênteses e neste momento, a questão principal foi o retorno à hipótese, o que
antes era colocado entre parênteses como hipótese, retornou como foco de atenção,
127
fazendo articulações com os resultados da pesquisa, contemplando-a em seus
múltiplos contornos.
128
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em busca do significado da experiência vivida dos psicoterapeutas
humanista-fenomenológicos iniciantes realizei a análise fenomenológica mundana
nas entrevistas, onde as seguintes categorias descritivas emergiram:
6.1 Compreensão do conceito de empatia
Podemos compreender, a partir das falas dos sujeitos colaboradores, as
seguintes ideias acerca do conceito de empatia:
6.1.1 Empatia como base para facilitar o processo terapêutico
Pra mim ser empática é a base de tudo, é o que vai facilitar todo o processo, porque assim se não rola essa empatia no início vai ter complicação nessa relação terapeuta-cliente (Paulo); Então, eu acho que a questão da empatia é o ponto crucial da terapia, é o primeiro ponto, é essencial… para ocorrer mesmo os atendimentos, ocorrer de uma forma bacana, com… com qualquer é… cliente, essa questão da empatia é essencial, é essencial, tem que acontecer, é o ponto inicial para mim (Sandra); Ser empática para mim é… para mim na sessão ser empática é tudo sabe eu acho que começa daí, o crescimento, o desenvolvimento do paciente começa daí, da questão da empatia, se você conseguir ser empático com o seu cliente, é… acho que é o primeiro passo para tudo ocorrer depois daí, pro vínculo acontecer, para ele ter confiança de estar falando as questões dele para você, entendeu, saber que tem aquela pessoa que ele sabe que quer o bem dele, que quer que ele se desenvolva (Sandra).
Nestes relatos, a empatia aparece como sendo fundamental ao processo
psicoterapêutico, sendo considerada como a base, o ponto inicial para que o
processo aconteça. Ela apresenta-se como sendo importante para a profissão de
129
psicólogo e para facilitar a relação entre psicoterapeuta e cliente. Rogers
(1961/1987) afirma que a empatia surge como essencial no processo terapêutico, à
medida que o terapeuta é capaz de captar o mundo do cliente sem esquecer-se da
condição de “como se”. Grant (2010) ressalta essa colocação de Rogers, mostrando
que, enquanto condição facilitadora, ela é parte essencial do trabalho dos
terapeutas.
Para Bozarth (1998/2001), Rogers trouxe uma perspectiva diferente ao tornar
a empatia “a chave do processo de mudança terapêutica” (p. 83). O’Leary (2008)
compartilha com essa visão. Isso pode ser visto nas falas dos entrevistados, quando
os mesmos afirmam que a empatia é compreendida como o ponto crucial em terapia
possibilitando o desenvolvimento do cliente. Ela é, em Rogers (1975/1977), um fator
primordial na promoção de mudanças e de aprendizagem.
6.1.2 Empatia como instrumento para facilitar a relação
Acho que eu tenho sempre usado a empatia como um instrumento, como instrumento de que facilite dentro dos processos, até porque tem clientes que não são tão fáceis de construir essa relação empática, então assim, até você compreender como… compreender como é essa empatia e como ela deve ser construída, não é… como você tem que respeitar o limite do teu cliente para que realmente você consiga é criar esse vínculo, essa relação empática, eu acho que tudo isso é um processo que a gente tem que respeitar, porque todo mundo tem um tempo, até interessante porque dentro dos clientes que eu atendo, cada um eu percebo que tem o seu tempo, e às vezes alguns já vêm de outras situações terapêuticas, então até… construir isso é muito complicado e às vezes você tem que… às vezes você tem que perceber e só estando ali com ele para conseguir compreender como é construir isso (Paulo).
Rogers coloca a empatia como sendo uma atitude facilitadora para que o
processo de desenvolvimento da personalidade ocorra, permitindo ao cliente o
crescimento, evitando que a mesma seja confundida como uma técnica. Decorre
130
disso, a preocupação da empatia não poder ser ensinada, pois correria o risco de
ser entendida como uma técnica (Grant, 2010).
De acordo com Bozarth (1998/2001), “para Rogers, a empatia é o modo de o
terapeuta experienciar outra pessoa, na medida em que é mais do que uma técnica,
fórmula, forma ou base esquemática cognitiva” (p. 92).
Neste caso, o entrevistado usa a empatia como um instrumento que facilita a
construção do processo. Mas esse instrumento parece ser compreendido, quando
ele diz que a usa como instrumento, “porque tem pacientes que não são tão fáceis
de construir uma relação empática”, como uma espécie de fórmula que facilita, o
que, para Rogers, seria apenas o experienciar os sentimentos do outro como se
fosse esse outro, e não uma fórmula de construção de relação. A empatia, por mais
que ela seja “uma maneira de ser complexa, exigente e intensa” (Rogers,
1975/1977, p. 74), ela é, segundo Rogers, sutil e suave. Para ele, “é algo que o
terapeuta oferece e não alguma coisa apenas eliciada por um tipo particular de
cliente” (Rogers, 1975/1977, p. 77).
6.1.3 Ver e ouvir verdadeiramente
Eu acho que quando o cliente, ele traz as questões dele de certa forma se você está com uma escuta atenta você entra no mundo do cliente e você imagina que você está junto com ele lá,… mas sempre tento estar com ele também, então eu acho que sempre que eu estou com a escuta atenta eu estou com ele nesse mundo dele e mais, com cuidado para saber como sair, em que momento sair, então é mais ou menos isso (Roberta);
É justamente esse olhar que você tem diante da situação do cliente, diante do que ele está vivendo, diante do que ele está experimentando, tentar compreender aquilo como se você fosse ele, tentar é… enxergar aquela situação usando os olhos dele, digamos assim, através de uma lente comum (Diana).
Tal como Rogers já colocava a importância de um ouvir atento e verdadeiro,
131
muitos entrevistados apontaram como sendo fundamental ouvir atentamente o que o
cliente está trazendo sem criticá-lo, e olhá-lo com atenção. Ouvir o cliente, para
Rogers (1980/2007), seria uma espécie de força motriz, pois de acordo com ele,
ouvir é um modo especial de ajudar imensamente importante na relação. Esse ouvir
deveria ser imparcial, ativo, sensível e com muito cuidado. O próprio Rogers
(1980/2007) utilizava o ouvir quando tinha dúvidas acerca do que fazer a respeito do
que o cliente trazia.
É por meio do ouvir e do olhar atento, que o terapeuta consegue adentrar ao
mundo do cliente, pois o fenômeno aparece tanto por meio da fala quanto por meios
não verbais. É o que se percebe na fala da entrevistada Diana, quando ela procura
olhar o cliente de acordo com o que ele está experimentando. A pessoa também se
comunica por meio do olhar, da postura, dos movimentos, gestos, e da mesma
forma o terapeuta se comunica não verbalmente com seus clientes (Rosenberg,
1977). Por isso, esse contato verbal e não verbal afiguram-se como fundamentais
para que o processo desenvolva-se em direção ao crescimento do cliente, e isso
está claro para os entrevistados, na medida em que eles ouvem e veem por trás do
visível a situação do cliente. A percepção do que foi expresso, faz com que o
terapeuta chame a atenção do cliente de muitas coisas que não foram ditas por ele.
Segundo Amatuzzi (1990), o ouvir o que está por trás da mensagem, é para Rogers,
o ouvir mesmo, e não o deduzir o que o cliente diz.
Para Merleau-Ponty (1945/1994), “o sentido do gesto não está contido no
gesto enquanto fenômeno físico ou fisiológico. O sentido da palavra não está contido
na palavra enquanto som” (p. 262). “O sentido está enraizado na fala, e a fala é a
existência exterior do sentido” (p. 247).
Furlan e Bocchi (2003) afirmam que Merleau-Ponty (1945/1994)
132
recorrerá ao gesto para esclarecer a comunicação pela palavra, buscando no
corpo não só a compreensão do problema da linguagem, mas também o
entendimento de uma questão mais abrangente, a expressão. Segundo ele,
há um mesmo modo de apreensão sensível na base da compreensão da fala
e do gesto corporal. Apreende-se o significado da palavra assim como
apreende-se o sentido de um gesto (p. 448).
Dentro do processo psicoterapêutico, ver e ouvir precisam ser estabelecidos
de tal forma que proporcione o encontro entre terapeuta e cliente. Esse ver e ouvir
estão para além do aparente, estão por trás do que o outro diz ou expressa não
verbalmente, percebendo o que está invisível. Isso possibilita que o cliente possa
ouvir melhor o fluxo de suas experiências. “Para o terapeuta ver o paciente é,
simultaneamente, sair de si mesmo e trazê-lo ao mundo dentro de si. A partir disso,
ser-lhe-á possível falar autenticamente” (Moreira, 2009b, p. 69).
6.1.4 Ambiente Propício
Então, acredito que empatia é isso, é dar esse ambiente para o seu cliente, esse ambiente propício para que ele possa se colocar, e você também respeitando os limites dele, acho que é mais ou menos isso (Roberta).
A necessidade de um ambiente propício fez-se presente em uma das falas,
como sendo importante para que o cliente sinta-se à vontade para se colocar. Esse
ambiente facilitador é fundamental para que o processo se desenvolva de forma que
o cliente perceba esse acolhimento e sinta-se à vontade para se colocar e trabalhar
suas questões.
133
Quando uma atmosfera não ameaçadora ocorre, o cliente sente-se
compreendido, aceito, sente que não estão sendo julgado ou avaliado e que o
terapeuta está ali ouvindo atentamente. Sente que o terapeuta o escuta com
atenção, esforçando-se para compreendê-lo (Rogers, 1951/1992). É desta forma
que se constitui um ambiente facilitador, sem julgamentos, aceitando o cliente tal
como ele é e o compreendendo genuinamente, permitindo que possa expressar seu
sofrimento e que o fluxo de suas experiências internas seja reestruturado de acordo
com o tempo do cliente. “Neste clima, pessoas e grupos conseguem sair da rigidez e
caminhar em direção à flexibilidade da vivência estática à vivência processual, da
dependência à autonomia, do previsível a uma criatividade imprevisível, da
defensividade à auto-aceitação” (Rogers, 1973/1977, p. 195).
Percebe-se a preocupação do colaborador em dá essa atenção ao cliente,
oferecendo-lhe um ambiente adequado para seu desenvolvimento, e para ele a
empatia lhe permite isso.
6.1.5 Sintonia e Reciprocidade
A impressão é essa mesmo, estar em uníssono, estar no mesmo tom, estar afinando… (Natália); Eu entendo por compreensão empática quando é… como se tivesse uma sintonia, é uma sintonia mútua digamos assim, não sei se posso chamar de mútua, mas como se estivesse numa compreensão, como se as duas pessoas no mesmo ritmo juntas… eu entendo assim (Bruna).
Ser empático para estes sujeitos colaboradores consiste em está em sintonia
com seus clientes, permitindo uma compreensão do mundo deles. Moreira (2009b)
afirma que “o processo psicoterapêutico se produz na intersecção dos Lebenswelten
do terapeuta e do cliente” (p. 52, grifo do autor). Nesse momento de sintonia, parece
134
que terapeuta e cliente já estão em um estágio de profunda relação de
compreensão, tanto o terapeuta compreendendo o cliente, como o cliente se
sentindo compreendido. Parece que, ao está em uníssono com o cliente o terapeuta
está captando “os significados da experiência vivida em sua totalidade, que não é
puramente objetiva ou subjetiva” (Moreira, 2009b, p. 51). Ela é, simplesmente,
experiência.
É por meio da empatia que o terapeuta se aproxima da experiência de seu
cliente. É desse veículo de partida, como afirma Souza (2008), que o terapeuta
“realiza as travessias experienciais com o cliente” (p. 116). Sem ela, o trabalho do
terapeuta direciona-se “para outros resultados que não o funcionamento pleno do
organismo” (p. 116).
6.1.6 Condições facilitadoras
Eu acho que é esse consentimento que a gente se permite… de dar permissão ao outro de ser quem ele é,… essa empatia ela vem justamente da relação, ela nasce dessa relação, da gente se permitir ser a gente mesmo, o que não é fácil na primeira sessão (Natália); Compreensão empática é você compreender… eu posso está enganada, mas assim, minha forma de entender é assim… compreender… o que eu entendo por compreensão empática, é você é… aceitar aquela pessoa da forma como ela é, independente de quem seja,… eu sabia que eu ia ter essa aceitação, quem viesse, como viesse (Lidia); As atitudes facilitadoras do Rogers, eu não consigo assim pensar uma delas, sem pensar nas outras duas, no caso não consigo pensar empatia sem pensar um pouco em autenticidade, e na aceitação positiva incondicional, que para mim são atitudes que estão sempre andando de mãos dadas, digamos assim, mas ser empático para mim é uma das atitudes mais importantes sim (Diana); É uma experiência de muito crescimento, uma experiência muito boa assim, quando você consegue ser genuinamente empático na relação com o cliente, podendo “aceitar ele” de maneira verdadeira e tudo, é como se você… assim, o que eu sinto e às vezes que eu já… já experimentei isso, é como se
135
validasse de certa forma aquilo que você está se propondo a fazer (Natália); De está diante do cliente não com a concepção de que ele seja um objeto, mas que… é uma pessoa, que ali… a partir das diferenças, mas que há muitas semelhanças comigo enquanto terapeuta, isso tem facilitado demais essa relação empática com meu paciente, a questão assim da posição incondicional, o respeito pelo paciente… do cliente, isso tem facilitado (Priscila).
Por mais que as condições facilitadoras estejam interligadas, elas devem ser
diferençadas quanto ao conceito e ao papel de cada uma delas dentro do processo
psicoterápico. Temos que aceitar o cliente tal como ele é, mas a compreensão
empática surge a partir do momento em que entramos em contato com o mundo do
cliente, o que só se dá depois de aceitá-lo verdadeiramente enquanto pessoa e, ao
mesmo tempo, é tal como Bozarth (1998/2001) afirma, que “para que o olhar
incondicionalmente positivo seja transmitido, tem que existir num contexto de
compreensão empática” (p. 73). Então, uma coisa não invalida a outra, pelo
contrário, reafirma a necessidade das condições facilitadoras em conjunto.
No que concerne à autenticidade, Bozarth (1998/2001) afirma que ela é “uma
característica do terapeuta que deve existir. É contextual, isto é, esta condição é um
desenvolvimento atitudinal que permite ao terapeuta estar mais apto a experienciar a
compreensão empática e o olhar incondicionalmente positivo em relação ao cliente”
(p. 75).
É inegável a ligação e a contribuição que cada atitude tem de facilitar o
crescimento da personalidade do cliente, embora seja conceituada e entendida de
forma particular por cada um dos entrevistados. O conhecimento das mesmas,
enquanto atitudes facilitadoras, está claramente explícita nas falas dos
entrevistados, demonstrando a existência delas na terapia, embora precisem ter a
compreensão de cada uma enquanto atitude em si mesma.
De acordo com Bozarth (1998/2001), todas estas atitudes estão integralmente
136
relacionadas, e que “a compreensão empática é a aceitação incondicional do quadro
de referências do indivíduo” (Bozarth, 1998/2001, p. 87). E, para compreender
empaticamente e aceitar o cliente, o seu quadro de referências, o terapeuta tem que
está congruente em si mesmo (Bozarth, 1998/2011).
6.1.7 Identificação
Ser empático, no caso é uma coisa que vem abrir portas, vem trazer a possibilidade da pessoa se sentir à vontade de se sentir identificado para que ele possa falar sobre si, falar sobre suas questões (Pedro); […] a partir do momento em que eu penso com ela, eu me torno uma pessoa identificável a ela, então se identifica em mim na minha compreensão da situação dela e a partir daí eu a vejo com empatia comigo, então assim, eu tento fazer dessa forma, eu acho que isso me ajuda bastante (Pedro); […] porque você para tentar entender as experiências de outro, você não viveu de certa forma, você tem que comparar com experiências semelhantes que você teve (Pedro); […] tem momentos assim que eu me angustio muito com o que ela traz, que o choro vem bem aqui, quando ela chora dizendo que… enfim… das dificuldades, eu me identifiquei com ela porque eu tenho uma filha pequena também, é complicado (Veruska); […] por mais que a gente não queira sentir aquilo na gente, parece que é… a gente se sente naquela situação, ou seja, quando ela traz uma questão que é dela tem momentos que eu vejo aquela questão como sendo minha, e a gente… essa coisa… é… muito difícil porque a gente quer colocar… quer trazer à tona como se a gente estivesse vivendo aquilo na situação real da gente, isso é uma coisa que eu ainda preciso aprender a separar… a gente se identifica um pouco com isso, e às vezes é complicado a gente ver a situação dela, a gente fica naquela situação querendo resolver a dela e a da gente também (Carla).
Rogers já dizia que não deveria haver essa identificação, porque senão o
terapeuta se perderia dentro do processo do outro. Para Bozarth (1998), “Rogers
parecia especialmente preocupado com o fato de o terapeuta não se dever
identificar com o cliente, mas sim manter a dimensão de ‘como se’” (p. 87). Segundo
137
Rogers, essa não-identificação é, “sentir a angústia, o receio ou a confusão do
cliente como se de sentimentos seus se tratasse e, no entanto, sem que essa
angústia, esse receio ou essa confusão o venham afetar, tal é a condição que
estamos tentando descrever” (Rogers, 1961/1987, p. 262).
Rogers (1951/1992), ao falar em identificação, se refere a uma identificação
empática, que é diferente de uma identificação emocional. Na identificação
empática, o orientador (nessa época ele chamava assim o terapeuta), “percebe os
ódios, as esperanças e os medos do cliente através da imersão num processo
empático, sem contudo experimentar ele próprio esses ódios, esperanças e medos”
(Rogers, 1951/1992, p. 39).
6.1.8 Simpatia
Um sujeito colaborador descreve empatia como sendo a pessoa se mostrar
disponível tendo algumas características pessoais como, ser simpática:
Essa compreensão empática é você está ali disponível… você se mostrar disponível e você ter algumas características pessoais, como ser simpática também, a empatia é claro que é a mesma coisa… e assim é você está acessível, acho que isso contribuiu muito para que estabeleça essa compreensão empática, aconteça (Sandra).
O terapeuta pode ser simpático com seus clientes, mas ter uma atitude
empática quer dizer que está realmente implicado com aquele cliente, está de fato
compreendendo, sem julgamentos, aquela pessoa. Essa disponibilidade, que o
entrevistado fala, é estar aberto para o outro, mas pode ser confundida, dentro
desse contexto, com aquela abertura do senso-comum.
138
6.1.9 Acolhimento
Eu acho que ser empático é tentar me aproximar o máximo do que eu puder do que eles estão me trazendo como questão naquela sessão… porque… aí cada sessão eu acho que é diferente, porque eles trazem questões iguais, mas que são diferentes na forma que eles colocam e que mudam de uma semana para outra, e eu acho que é bem isso… é mais tentar me aproximar deles, porque não dá para me colocar exatamente na posição que eles estão, mas é tentar acolher da melhor forma possível, que eles sintam que aquilo que eles estão dizendo, está sendo validado, está sendo levado em consideração (Patrícia); Quando eu estou na sessão, a minha presentificação dentro da sessão, eu consigo está bem atenta, prestar bem atenção, é saber acolher o sofrimento do outro, e… é você está atenta ao que o outro está te trazendo, aquilo que é do outro, é sabendo tirar o que é teu (Lidiane).
O acolhimento apresenta-se como uma forma de validar o que o cliente está
trazendo, mostrar que eles estão sendo levados em consideração. É se aproximar
deles, acolhendo seu sofrimento, prestando atenção no que estão trazendo. É o
cuidado com o ambiente, a forma de se trajar e se comportar para que o cliente se
sinta acolhido. Nós (psicoterapeutas) aprendemos na faculdade os cuidados que
temos que ter no momento do atendimento, isso seria uma forma de mostrar
respeito pelo cliente, e é isso que se observa nas falas desses sujeitos
colaboradores: é o estar presente para o cliente, é aproximar-se dele, é ter uma
relação adequada, é dar crédito ao cliente, tornando-o parte do processo.
6.2 Sentimento de ser empático
Eu me sinto muito bem quando eu estou conseguindo fazer, é… quando eu estou conseguindo participar do problema, que às vezes eu consigo até sentir quando traz uma questão de angústia, que me angustia um pouco, quando traz uma reação de felicidade, que me traz felicidade, eu me sinto com uma sensação parecida, então eu me sinto bem, eu gosto, e quando eu percebo, às vezes a gente não percebe que está acontecendo, mas às vezes a gente
139
“olha, está acontecendo”, e… é uma coisa que é fundamental acontecer pra que o processo terapêutico se desenrole, mas às vezes isso está acontecendo de uma forma tão legal, tão natural, tão prática, que a gente mesmo não percebe, é uma coisa que flui, mas às vezes a gente… às vezes a gente não para, para perceber, às vezes a gente… dar um estalo e percebe que está acontecendo, esses momentos em que eu percebo que está acontecendo, me deixam bem feliz (Pedro).
O sentimento de ser empático apresenta-se como sendo algo bastante
satisfatório para alguns dos entrevistados, o que possibilita que a relação terapêutica
flua, pois percebem que estão sendo coerentes. É um momento de entrar de fato na
relação, validando o papel do psicoterapeuta, sentindo-se mais seguros desse papel.
O ser empático parece, para este entrevistado, imergir naturalmente, tanto
que nem se percebe estando no mundo do cliente, e quando volta para si, se dá
conta do que estava acontecendo: o processo de compreensão empática, que fez
com que a relação fluísse, deixando-o com um sentimento de felicidade, ou melhor,
podemos entender disso, um sentimento de satisfação pessoal enquanto terapeuta.
6.3 Construindo uma atitude empática na relação terapêutica
Essa empatia ela nasce quando eu paro de julgar, se eu não faço nenhum juízo então eu permito que essa empatia se instale (Natália). Esse colaborador afirma que a empatia, dentro de uma relação terapêutica,
nasce quando não há julgamentos da parte dele em direção ao cliente. Para Rogers
(1975/1977), ser empático não diz respeito a atribuir características avaliativas e
diagnósticas a respeito do cliente. Essa atitude de não julgamento na relação, que
permite uma construção da compreensão empática por parte do terapeuta, parte da
concepção de que o terapeuta é uma parte importante na relação, fazendo com que
sua atitude desempenhe um papel fundamental dentro da terapia.
140
Segundo Rogers (1975/1977), “a expressão mais alta da empatia consiste em
aceitar e não julgar. Isto é verdade porque é impossível perceber com precisão o
mundo interior de outra pessoa quando temos uma opinião avaliativa formada a seu
respeito” (p. 82).
Para outros, essa construção é bem mais difícil:
Então, essa empatia que eu vejo hoje nesse semestre, que a gente… as duras penas terminando é que se constrói, é construída, mas que assim… precisa que tenha um consentimento interior nosso, precisa que a gente se permita construir (Natália); Você tentar se aproximar cada vez mais de uma compreensão empática, de uma posição mais empática, que assim a princípio para mim isso não é algo tão simples assim, não é uma coisa que eu chegue e já consiga de cara está numa posição, postura completamente empática isso e aquilo, eu acho que é um exercício (Sandy);
Essa questão da empatia assim, eu acho que… torna-se um pouco, um pouco mais complicado, mais delicado, acho que essa palavra é melhor, tem muito ainda da insegurança, de está começando a clínica agora, de não saber muito bem como manejar algumas coisas no processo terapêutico, e às vezes essa… essa compreensão empática pode… tentar ficar um pouco nublada, um pouco por conta dessa insegurança de ser psicoterapeuta iniciante na minha prática (Diana); Não é uma coisa que você aprende na teoria e você aplica, não é uma técnica, mas é uma questão mesmo de atitude, tanto que uma das minhas pacientes que eu comecei a atender nesse semestre em clinica I, não houve em um primeiro momento essa empatia acredito eu, da minha parte, foi meio complicado transpor esse… esse primeiro momento, mas depois a coisa foi andando e enfim, hoje a gente tem um vínculo bem legal (Veruska).
A compreensão empática, dentro dos atendimentos, foi um processo a ser
construído aos poucos por alguns dos entrevistados. Para eles, isso não se deu
facilmente no início, isso se constituiu como um exercício contínuo no decorrer das
sessões. O envolvimento na relação diz respeito à construção da relação empática,
permitindo-se conhecer o outro diferente dele, permitindo-se entrar na história de
vida dos clientes. Esse envolvimento acontece de tal forma, que não percebem que
141
estão verdadeiramente no mundo do cliente.
Rogers (1961/1987) demonstra, como se dá esse processo de estar na
relação com o cliente, na seguinte passagem:
e eu sou capaz de experimentar com igual liberdade a minha compreensão
desse sentimento, sem pensar nele conscientemente, sem qualquer
apreensão ou preocupação de saber onde é que isso levará, sem qualquer
espécie de diagnóstico ou de análise, sem quaisquer barreiras, emocional ou
cognitiva, para uma entrada total na compreensão (Rogers, 1961/1987, p.
182).
Esses psicoterapeutas tinham uma preocupação se a empatia iria ou não
ocorrer no momento da psicoterapia, se o que iriam fazer estava certo, tendo muita
dificuldade em ser empático. Relatam que a empatia é algo difícil de ser colocado
em prática, porque às vezes não conseguem compreender o mundo do cliente, o
que o cliente traz, atribuindo, muitas vezes, a culpa para si mesmo, pois como
estudantes e psicoterapeutas deveriam ter esse conhecimento.
Para Bozarth (1998/2001), Rogers mostra que “mesmo os terapeutas
experimentados, muitas vezes, não conseguem ser empáticos” (p. 95). Esse
momento é demonstrado por Rogers, quando ele diz que, “julgo que cada um de nós
descobriu que este tipo de compreensão é extremamente raro. Nem nós a temos
nem somos objeto dessa compreensão com muita frequência” (Rogers, 1961/1987,
p. 66).
A compreensão empática é algo tão natural e ao mesmo tempo tão complexa,
que muitas vezes não conseguimos entendê-la. Esse se colocar no lugar do outro
142
pode parecer fácil, mas muitas vezes essa construção não se dá devido as nossas
próprias dificuldades, ou porque não aceitamos aquele sujeito tal como ele
verdadeiramente é.
6.4 Vínculo entre psicoterapeuta e cliente
É tanto que tem clientes que,… tipo assim, muda de terapeuta porque não deu mesmo. Não teve o vínculo e tudo, e assim eu acho que é fundamental, porque é o que vai dirigir todo o restante do processo. Sem ter a empatia, sem ter a formação desse vínculo fica complicado (Paula);
Eu soube me colocar no lugar dela mesmo, e ela sentiu isso, e pode até se dizer que ali foi que realmente criou o vínculo com ela, entendeu, foi ali, eu acho que foi realmente ali, eu não tinha nem parado para pensar nisso (Sandra); Para estabelecer o vínculo com ela foi uma coisa que demorou muito tempo, e… as atitudes facilitadoras da ACP foi o que… o que eu percebo que… permitiu que a gente construísse uma relação muito boa. E ai assim… como eu estava falando das atitudes, foi o que permitiu que a gente estabelecesse um vínculo muito bom na relação (Diana).
O processo de estabelecer um vínculo com o cliente foi um tema surgido nas
entrevistas, uma vez que os psicoterapeutas iniciantes entrevistados acreditam que
empatia e vínculo são fundamentais para que o processo ocorra. Alguns sentem
dificuldade em vincular-se ao cliente, enquanto para outros, isso se deu no primeiro
atendimento. Nas falas acima descritas, vê-se que o vínculo foi algo a ser construído
com o tempo, seja por causa de alguma situação em que o terapeuta transmitiu
confiança ao cliente, sendo compreensivo com as dificuldades dele, permitindo que
o vínculo fosse estabelecido; seja porque as atitudes facilitadoras proporcionaram
essa vinculação (como na última fala). Às vezes, o vínculo não acontece tão
facilmente, o que dificulta o processo terapêutico do cliente, e este parte a procura
de outro terapeuta que esteja mais próximo de suas expectativas enquanto cliente.
143
Essas expectativas dizem respeito à abertura para o processo do cliente, pois pode
acontecer de o cliente não gostar de determinado terapeuta ou não aceitar ou lidar
com alguma característica do terapeuta, como no caso a seguir:
Na verdade o vínculo com a criança existiu, com o… era um adulto jovem, é… com 23 anos, com ele eu acredito que não, assim… ele chegou a colocar que sentia vergonha por conta do meu olho, que ele tinha problema com olho claro, enfim… eu pensei em trabalhar um pouquinho essa vergonha, mas a questão é que eu… não sei porque era comigo, ou se é porque de fato é assim e ele não estava disposto a uma terapia, ele não desenvolvia, ele não falava, […] ele desistiu da terapia há umas duas semanas atrás o que foi um pouco frustrante (Sandy).
6.5 Suspensão dos a priori
[…] eu estou tentando compreender como ele compreende, mas eu sei que eu conservo quem eu sou, conservo os meus a priori de alguma forma, eu acredito que é […] tentativa, mas nunca completa, na maneira como eu entendo (Fernando); Um dos pontos principais para você ser empático com seu paciente, para você ter essa compreensão, é você não olhar para o seu paciente já com alguma coisa pré-estabelecida, com algum julgamento, você olha para o paciente e diz “ah, não gostei dele, porque ele é assim, assim”. Então, eu acho… quando você suspende tudo isso, a relação acontece de fato e é tudo mais rico (Cláudia); Só quando você consegue entrar no mundo dele, quando você consegue se conectar com ele, eu acho que só dessa forma você consegue realmente, ou verdadeiramente, se desprender do que é seu e está ali dentro da história que é do outro (Paulo); A gente não tem noção do quanto é difícil, a gente fazer essa suspensão, eu particularmente achei muito complicado fazer essa suspensão total assim, no sentido de estar ali na relação (Luana).
Um ponto fundamental no papel do psicoterapeuta humanista-fenomenológico
é a redução fenomenológica, que permite que o mesmo tente suspender seus a
priori, seus valores, pensamentos e teorias, com a finalidade de apreender a
144
realidade existencial de seu cliente. Mas, isso não quer dizer que o terapeuta tenha
que se posicionar neutramente na relação, uma vez que para praticar a redução é
necessário ter o que pôr entre parênteses (Moreira, 2009b). Em algumas falas,
pode-se verificar o quão a mesma é importante para o desenvolvimento do processo
psicoterapêutico, pois facilita uma compreensão do mundo vivido do cliente. Como
afirma Moreira (2009b), “é por isso que voltar à pessoa do paciente e não a uma
teorização ou reflexão sobre ele será fundamental para o desenvolvimento do
processo psicoterapêutico” (p. 65).
A suspensão dos a priori, no momento do processo psicoterápico, é algo que
a maioria tem consciência. Embora, saibam que essa suspensão não seja completa,
como afirma Merleau-Ponty (1945/1994). Muitos acreditam na suspensão dos a
priori, até mesmo como um dos pontos principais para ser empático, pois ao
suspender, a relação acontece de fato. É interessante notar que, para uns esse
processo de suspensão dos a priori parece ser uma coisa mais fácil de ser atingida,
enquanto para outros psicoterapeutas iniciantes é mais complicado.
6.6 Necessidade de trabalhar problemas pessoais pelo psicoterapeuta em psicoterapia
[…] antes de ser psicóloga você é ser humano, tem nossas questões, nossas dificuldades e se a gente não tiver cuidado isso acaba interferindo na nossa relação com nosso cliente, acaba chegando, também, estando ali, então elas precisam ser trabalhadas (Paula); […] eu tenho minhas experiências, vou ouvir experiências, aquelas experiências vão de alguma forma em algum momento tocar as minhas experiências, e se minhas experiências estiverem, estiverem sido… mesmo que bem resolvidas, mesmo que bem estabilizadas, mas elas estão paradas, mas elas vão ser tocadas novamente, elas vão ser provocadas novamente, elas podem entrar em ação e se eu não estiver com elas bem resolvidas ou se elas entrarem em ação e eu não conseguir resolvê-las bem, eu jamais vou conseguir ser neutro, jamais vou conseguir, até mesmo a questão da empatia (Pedro);
145
Então, eu senti essa responsabilidade, no entanto, a partir de cada encontro foram surgindo tantas demandas, tantas descobertas que nem eu me dava conta que eu tinha tanta demanda (Priscila).
Dentro do consultório com os clientes em psicoterapia, de repente diante das
demandas do cliente, começam a surgir nos psicoterapeutas iniciantes, aqui
entrevistados, questões pessoais que pensavam não existir ou que supunham que já
estavam bem trabalhadas em terapia. A maioria afirmou que sente a necessidade de
fazer psicoterapia, para poder lidar melhor com as demandas do cliente e com suas
próprias demandas que surgiram ao se depararem com o problema do outro. Essas
demandas repontam, devido a se depararem com sentimentos que pensavam já
terem trabalhado, mas que retornaram ao se depararem com um sofrimento do
cliente parecido ou igual ao que tiveram outrora.
Essa necessidade surge para que seus problemas não interfiram nos
atendimentos com o cliente, para que as suas questões não afetem, de alguma
forma, o processo de crescimento do cliente. Esse trabalho pessoal por parte do
psicoterapeuta iniciante é fundamental, pois às vezes podem se perder dentro da
relação não tendo a consciência do que é conteúdo seu ou o que é do cliente.
Para Rogers (1975/1977), “quanto mais equilibrado internamente seja o
terapeuta, maior o grau de empatia que ele demonstra […] quanto mais
psicologicamente maduro e integrado seja o terapeuta como pessoa, mais
proveitosa a relação que ele proporciona” (pp. 77-78).
6.7 Limites de ser empático: o “como se” e o “voltar para si”
[…] eu acho que sempre que eu estou com a escuta atenta eu estou com ele nesse mundo dele e mais, com cuidado pra saber como sair, em que
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momento sair, então é mais ou menos isso (Roberta); […] compreensão empática você não pode perder a condição de como se, o que Rogers bate muito (Fernando); […] um dos limites importantes de ser empático durante o processo, é não se perder dentro dessa condição, dentro dessa forma de compreensão (Diana); […] é como eu estava te falando, você também tem que ter cuidado com esse limite para você não se perder dentro desse mundo da outra pessoa, porque senão fica os dois meio que perdidos, você não vai… você sabe o seu papel de terapeuta, então assim, por mais que a empatia seja importante, é importante também saber esse limite, e é um limite que nem sempre às vezes você consegue ter tão claramente na clínica (Diana).
Esse limite é o “como se” estivesse no mundo do cliente e voltar antes que
mergulhe de vez no mundo dele.
Rogers (1961/1987) estabeleceu que dentro do processo psicoterapêutico as
atitudes facilitadoras seriam fundamentais para o crescimento da personalidade do
cliente. A empatia, como uma atitude facilitadora, encontra seu limite quando o
terapeuta ao adentrar ao mundo do cliente o faz numa condição de como se
estivesse nessa relação, não podendo identificar-se com o que o cliente está
trazendo. Além do que, quando o psicoterapeuta está nesse mundo vivido do cliente,
ele precisa, em algum momento, retornar para não se perder lá dentro. Esse retorno
possibilita ao psicoterapeuta dá ao cliente a compreensão desse mundo vivido, da
experiência do cliente enquanto ser que sofre e em processo de atualização. Então,
adentrar no mundo do cliente numa condição de “como se’ e retornar desse mundo,
voltando a si, consiste em limites que o psicoterapeuta deve ter ao ser empático com
seus clientes. Seja para não se identificar, por isso a condição de “como se”, seja
para não se perder no mundo do cliente, voltando para si.
147
6.8 Feedback do cliente
Eu acho que pra mim é muito natural, coisa natural ser empática, é não sei te explicar, é muito bom saber que está acolhendo bem seu cliente, me faz bem saber que ele está se sentindo bem também comigo ali. E… e… ele me retorna, já algumas vezes ele me retornou isso, então foi muito gostoso ouvir da parte dele, de que questões que ele nunca levou nem para conversar com a mãe dele ou com amigos, ele hoje tem essa liberdade para está trazendo para conversar comigo, para está colocando e para a gente está trabalhando junto. Então, eu acho isso muito interessante (Roberta); […] eu percebi isso assim com mais segurança, quando eu tenho o retorno dele, quando ele se sente compreendido, caso contrário eu nunca sei, eu sempre suspeito que eu estou sendo, entendendo… eu só me sinto assim quando eu tenho um retorno, quando eu tenho o feedback do cliente, quando ele diz, “ah é assim mesmo” ou então “não, não é assim”, quando ele diz que não é a minha intervenção vai no sentido de “tá, mas então, me esclarece como que é que está se sentindo, como é que tu vê determinada coisa”, eu acho que passou muito pela resposta dele (Fernando). Um ponto crucial, que surgiu nas entrevistas, diz respeito ao feedback dos
clientes, a como o psicoterapeuta está compreendendo a situação atual deles. Desta
forma, muitos entrevistados relataram a importância que atribuem a esse retorno que
os clientes dão acerca de suas atitudes. Nesses feedbacks os clientes trazem a
sensação de confiança que tem em relação ao psicoterapeuta, que as sessões estão
fazendo bem a eles, que podem falar coisas que fora dali não poderiam, senão
seriam julgados.
Rogers (1975/1977) já apontava a capacidade de o cliente perceber essas
atitudes no psicoterapeuta, para ele “os clientes são os melhores juízes do grau de
empatia do que os terapeutas” (p. 78). Essa confiança no psicoterapeuta fornece ao
cliente a possibilidade de expressar sua condição naquele momento.
148
6.9 Consistência teórica para o psicoterapeuta iniciante
Dois pontos apareceram no que concerne à fundamentação teórica:
6.9.1 Alguns acham que a teoria é fundamental no momento do atendimento
psicoterápico:
Eu acho que a teoria é a base de tudo, porque você não vai chegar em… não adianta ser só uma escuta atenta, não adianta porque senão tudo passa e perdi, se não fica senso-comum e qualquer pessoa vai poder ter uma escuta…, mas a teoria é que dá, que nos dá a base mesmo, de está ouvindo e saber o que está ouvindo, de ter noção do que, que esse cliente está trazendo (Roberta); O Rogers não estava errado, existe essa questão da empatia, existe essa questão… é uma condição facilitadora, tem todo esse liame teórico, atrelado, dando suporte… a teoria não vai me ensinar a escutar, ela vai dizer aprimore a escuta, a teoria vai me dizer pra estabelecer um vínculo, ela não vai me dizer de que maneira eu tenho que fazer, ela não tem receita, mas ela diz estabeleça um vínculo, então assim… é essa abertura que a teoria me dá que eu tenho que aprender a lidar também (Veruska). 6.9.2. Outros acreditam que o distanciamento da teoria no momento do
atendimento facilita a estarem mais tranquilamente no processo psicoterápico de
seus clientes:
No início a gente fica muito querendo ver, coisas que disseram até ali pra gente, “ah faça isso, não faça isso, não faça aquilo” e assim… como eu tinha mais uma leitura eu acho que em Rogers, sei lá, e era muito… assim… a sessão pra mim, eu levei muito na minha intuição, sabe eu não… embora no início eu acho que eu estava presa de querer fazer o que estava dizendo, é tanto que eu terminava eu ia fazer relatório pegava os livros, e é isso ai, mas ai depois eu me libertei disso, e ai eu vou fazer o que minha intuição estava mandando, e ai eu vi que eu não me prendia muito a… porque eu não tinha muita leitura teórica da própria abordagem que eu estava sendo orientada, tinha mais do humanismo mesmo do Rogers, em geral do todo, da fenomenologia (Lídia); Eu acho que sim, na maioria das vezes… embora a maioria das vezes eu, também eu fugia, eu saía ficava longe de tudo, até de teoria, mas assim que a gente consegue se distanciar, tem hora que a gente está longe e não está
149
nem ouvindo, mas eu nunca me preocupei muito com a teoria não, na hora dos atendimentos (Lídia); A empatia está para além do que acontece realmente no livro, você não aprende assim por decreto… porque as atitudes facilitadoras, que são colocadas por Rogers, elas não são por decreto, nem livro vai te ensinar isso (Valesca). Observou-se a necessidade de uma fundamentação teórica como sendo
essencial para que a terapia não se torne uma conversa do senso-comum, a mesma
torna-se fundamental para dá um norte, um suporte no processo psicoterapêutico,
pois sem ela não poderiam compreender a experiência do cliente verdadeiramente.
Ao mesmo tempo, por mais que considerem a teoria como essencial,
precisam pô-la de lado, temporariamente, para poder entrar ao mundo do cliente,
sem pensar em como e quando deve fazer uma intervenção. Esse distanciamento
temporário permite uma melhor escuta do cliente, naturalmente, sem se preocupar
como se escuta, tecnicamente.
150
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Frente às situações enfrentadas pelos psicoterapeutas iniciantes, a empatia,
compreendida como uma atitude facilitadora, permite muitas dúvidas tanto quanto
facilidades no processo psicoterápico. Compreender como os psicoterapeutas
humanista-fenomenológicos iniciantes lidam com o novo, com os clientes que estão
ali a procura de ajuda e que precisam ter uma postura eloquente, para que a
facilitação do processo psicoterapêutico ocorra, de modo que a compreensão
empática possa ser percebida pelo cliente, é fundamental. Dessa compreensão
empática, entendida como aquela que vai além da simples compreensão do senso
comum, sendo algo mais acurado, mais profundo, numa escuta verdadeira e que
ocorre naturalmente, percebe-se que a experiência de ser empático é algo
extremamente importante, pois permite aos psicoterapeutas, principalmente aos
iniciantes, uma maior compreensão desse sentimento que emerge no momento dos
atendimentos na relação com o cliente.
O estabelecimento de uma profunda confiança permite que o cliente, ao
percebê-la, aprofunde em seu mundo vivido, colocando-se para o psicoterapeuta
que tenta penetrar nesse mundo, procurando apreender essa experiência do cliente.
Essa apreensão deve se dá a partir da compreensão do que está sendo dito e vivido
pelo cliente, não pela suposição do psicoterapeuta. Essa compreensão deve ser
aquela emergida como fenômeno quando se está andando juntamente com o cliente
em seu mundo vivido apresentado ao psicoterapeuta. Não podemos cair na
esparrela de achar que ser empático é apenas chegar à sessão e dizer que entende
o cliente, sem ao menos se entregar de fato àquela relação. Se entregar quer dizer,
está genuinamente na relação, está congruente consigo mesmo, aceitando o cliente
151
e seus problemas tal como se apresentam, compreendendo verdadeiramente sua
experiência vivida.
A importância das condições facilitadoras, propostas por Rogers, e as
técnicas fenomenológicas de intervenção, da psicoterapia humanista-
fenomenológica, propostas por Moreira (2009b), baseadas na fenomenologia de
Merleau-Ponty, permitem essa tentativa de acesso a esse mundo vivido do outro.
Como psicoterapeuta, que possui a capacidade de ser empático, faz-se
necessário o conhecimento acerca dos conceitos das condições facilitadoras, pois
as mesmas estão interligadas, favorecendo um desenvolvimento adequado do
processo terapêutico e favorecendo o desenvolvimento da personalidade do cliente.
Isso remete à necessidade de uma fundamentação teórica mais consistente,
tanto mostrada por Boris (1987). Embora alguns psicoterapeutas entrevistados não
se prendam à teoria no momento das sessões, suspendendo-a e deixando-se
apenas adentrar no mundo do cliente, acreditam na necessidade de uma
consistência teórica com a finalidade de ter um norte para entender os fenômenos
que aparecem nas sessões.
Não que se afastar da teoria seja algo a ser feito, mas ao praticarmos a
redução fenomenológica devemos pô-la de lado. Da mesma forma, no que diz
respeito aos nossos problemas pessoais, às nossas suposições acerca do problema
do cliente, que devem ser colocadas de lado, permitindo apenas estar naquela
escuta atenta e verdadeira, que ocorre naturalmente. Esse processo de redução
fenomenológica surgiu nas entrevistas como sendo um dos pontos principais para
que a relação acontecesse e fluísse verdadeiramente, embora os entrevistados
tenham a consciência que essa redução não pode ser completa, tal como afirma
Merleau-Ponty (1945/1994).
152
Por mais que tentem pôr de lado as questões pessoais, os psicoterapeutas
iniciantes entrevistados afirmaram que existe a necessidade de fazer terapia, para
poder lidar melhor com suas próprias dificuldades e problemas pessoais, que muitas
vezes interferem na relação com o cliente, dificultando o entendimento do que o
cliente traz enquanto demanda.
Para ter mais tranquilamente esse acesso ao mundo vivido do cliente, o
psicoterapeuta tem que passar por uma experiência de terapia, como Rogers dizia,
onde possa trabalhar suas questões, para que estes problemas não interfiram na
relação entre terapeuta e cliente, e a identificação emocional com os problemas do
cliente, muitas vezes devido a essas questões, não deve ocorrer no processo
psicoterapêutico, pois corre o risco de o psicoterapeuta se perder dentro do mundo
do cliente, comparando os sentimentos do cliente com os seus.
Destaca-se, a importância e a necessidade de alguns psicoterapeutas
iniciantes terem um maior contato com a teoria, para adquirirem noção dos conceitos
das condições facilitadoras, estipuladas por Rogers, inclusive a compreensão
empática, além de estudos acerca de como estão sendo transmitidos os conteúdos
aos estudantes de psicologia dentro das universidades, pois muitos dos
entrevistados, ainda, sentem essa necessidade.
Portanto, conclui-se que a experiência de ser empático para os
psicoterapeutas iniciantes, aqui entrevistados, é algo que vai se construindo
paulatinamente, pois, embora alguns tenham mais facilidade, outros ainda estão em
processo de construção dessa atitude empática. Esse é um momento de
aprendizado significativo na vida de cada um desses psicoterapeutas, sendo
construído a cada sessão.
153
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_____de nacionalidade_______________________, estado civil__________________, portador do RG__________________________________________________, residente na R./Av. _____________________________________________________, nº __________, na cidade de ___________________________, através do presente instrumento, concordo em participar desta pesquisa por meio de uma entrevista gravada em áudio pela psicóloga Rebeca Cavalcante Fontgalland, para fins exclusivos de pesquisa acadêmica.
Estou ciente de que os dados serão utilizados como subsídio para a pesquisa de mestrado A Experiência de Ser Empático para o Psicoterapeuta Humanista-Fenomenológico Iniciante, cujo objetivo é compreender a experiência de ser empático do psicoterapeuta humanista-fenomenológico iniciante em relação ao seu cliente no momento do atendimento psicoterápico.
Sei que esta entrevista individual é um das etapas da pesquisa, que contará também com outros participantes. Minha participação nesta entrevista é voluntária, podendo haver recusa ou mesmo retirada do consentimento em qualquer momento sem que isto acarrete a mim nenhuma penalização ou prejuízo.
Estou ciente que o pesquisador compromete-se a preservar o sigilo desta entrevista, pois é compromisso do pesquisador preservar o anonimato e a privacidade dos participantes, além de prestar quaisquer tipos de esclarecimentos antes, durante e após a entrevista.
Em caso de dúvida entrar em contato com a pesquisadora Rebeca Cavalcante Fontgalland, do Mestrado em Psicologia da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, telefone: 55 (85) 88096789, ou com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, situada na Av. Washington Soares, 1321, Fortaleza-Ce, Cep. 60811-905, telefone: 55 (85) 34773219.
Este documento é assinado em duas vias, sendo uma delas cedida ao participante. Fortaleza,_______de_____________2011 __________________________________ _____________________________ Entrevistador/Pesquisador Participante Rebeca Cavalcante Fontgalland