MARYANNE MONTEIRO SOUSA Orientador: Prof. Ms. Marcelo de Sousa Araújo A EDUCAÇÃO MORAL NO AMBIENTE ESCOLAR : A LEITURA E CONSTRUÇÃO DE RECONTOS DAS FÁBULAS DE ESOPO COMO PROPOSTA NO ENSINO FUNDAMENTAL NO 4º ANO DA UNIDADE INTEGRADA ESTADO DO MATO GROSSO
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MARYANNE MONTEIRO SOUSA
Orientador: Prof. Ms. Marcelo de Sousa Araújo
A EDUCAÇÃO MORAL NO AMBIENTE
ESCOLAR: A LEITURA E CONSTRUÇÃO DE
RECONTOS DAS FÁBULAS DE ESOPO COMO
PROPOSTA NO ENSINO FUNDAMENTAL NO 4º
ANO DA UNIDADE INTEGRADA ESTADO DO
MATO GROSSO
EXISTE UM MAL-ESTAR ÉTICO E MORAL NAS
RELAÇÕES DE CONVIVÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR?
... se tanto se fala em ética, é que
se sofre de um mal-estar ético. As
coisas não vão bem e buscam-se
explicações e soluções. (LA TAILLE,
2004, p. 93);
A vida só se tornará criação quando
libertar-se definitivamente das
formas sociais que a mutilam e
deformam. Os problemas da
educação serão resolvidos quando
forem resolvidas as questões da
vida. (VIGOTSKI, 2004, p. 462).
OBJETIVOS DA PESQUISA
Análise dos PCNs/Temas Transversais
Observação da rotina escolar
FábulasIdentificação dos valores
Focos de quebra de
valores
EDUCAÇÃO DE VALORES MORAIS E ÉTICOS SOB
UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
TEORIAS ÉTICAS
(VÁSQUEZ, 1988)
EUDEMONISTA
(felicidade)
HEDONISTA
(prazer)
PRAGMATISTA
(comportamentos)
A ética aconselha a fazer o bem e a moral manda, dita regras.
O QUE FAZ UMA PESSOA SEGUIR VALORES?
“Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de
toda moralidade deve ser procurada no respeito que o
indivíduo adquire por essas regras.” (PIAGET, 1994, p. 23).
VALORES
(VINHA, 2014)
MORAISJustiça, respeito, generosidade...
NÃO MORAISMagreza, sucesso,
ostentação...
EDUCAÇÃO EM VALORES NA FAMÍLIA
• Papel da família;
• O que é a família? Instituição social (DURKHEIM, 1978)
Idade Média
igreja como transmissora de valores humanos
Idade Moderna
fortalecimento dos laços afetivos entre pais e filhos
Século XVII
família nuclear como padrão
Séculos XVIII e XIX
Criação dos internatos
Século XXI Conjunto dessas escolas
EDUCAÇÃO EM VALORES NA ESCOLA COM
CONTRIBUIÇÕES DOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS/TEMAS TRANVERSAIS – ÉTICA
... a reflexão sobre as diversas faces das condutas humanas deve fazer
parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a formação
para a cidadania. Partindo dessa perspectiva, o tema Ética traz a
proposta de que a escola realize um trabalho que possibilite o
desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão
ética. (BRASIL, 1997, p. 26);
... a proposta de transversalidade traz a necessidade de a escola
refletir e atuar conscientemente na educação de valores e atitudes em
todas as áreas, garantindo que a perspectiva político-social se expresse
no direcionamento do trabalho pedagógico. (BRASIL, 1997, p. 30);
“A moralidade não é ensinada por sermões. A moralidade vai se dando
a partir das pequenas experiências diárias que a criança tem ao se
relacionar com o outro.” (VINHA, 1999, p. 18).
GÊNERO FÁBULA COMO METODOLOGIA
APLICADA
• Grécia Antiga: Esopo;
• Outros fabulistas: La Fontaine, Monteiro Lobato...;
• “Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações em que
envolviam, Esopo procurava transmitir lições de vida e
sabedoria de caráter moral ao homem.” (COSTA, J. 2014, p. 4);
• Características de uma fábula (COSTA. J. 2014);
• As fábulas são registros das experiências e do modo de vida
dos povos por meio do seu caráter narrativo (FERNANDES,
2001);
• Caráter lúdico: o drama (SOSA, 1978);
• Literatura: herança da tradição (COELHO, 2000).
RELATO DA PESQUISA
4º A
4º B
UNIDADE INTEGRADA ESTADO DO MATO GROSSO
Localização: Estrada
da Maioba, S/N,
Forquilha;
Diretora: Vera Lúcia
Cordeiro Nogueira;
Modalidades de
ensino;
PPP;
Planejamentos;
Estrutura do prédio;
Biblioteca;
4º ano: A e B.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PARA A
PESQUISA
14/10: apresentação da pesquisadora e do projeto
pedagógico a ser aplicado;
20/10: observação não-participante das turmas
(LOPES, 2006);
21/10: a cigarra e as formigas;
22/10: o leão e o ratinho e a lebre e a tartaruga;
23/10: produção de recontos;
31/10: retorno à escola para observação não-
participante.
OBSERVAÇÃO DAS TURMAS DO 4º ANO
• Pesquisa quali-quantitativa;
• Observação não-participante (PATTON, 1990);
• Frequência dos alunos;
• Comportamentos dos alunos
e das professoras.
A CIGARRA E AS FORMIGAS
• Apresentação da pesquisadora aos alunos;
• Apresentação do projeto de leitura e produção textual do gênero fábulas;
• Conhecimentos prévios: “O fator mais importante que influi na aprendizagem
é aquilo que o aluno já sabe. Isto deve ser averiguado e o ensino deve
depender desses dados.” (MIRAS apud COLL, 2006, p.66);
• “Quanto mais depurada a expressão, quanto mais simples e bela a
entonação da linguagem, mais a criança apreciará a leitura, para qual se
sentirá mais atraída.” (SOSA, 1978, p. 39).
“fábulas são histórias
que tem animais e que
no final tem uma moral”.
CONSTRUÇÃO DE MORAIS (LA TAILLE, 2005)
Os preguiçosos
colhem o que
merecem
Os preguiçosos
sempre saem
perdendo
Que a formiga e
a cigarra
fossem amigas
Quem canta
dança
Quem trabalha
merece
ESOPO. FÁBULAS DE ESOPO. SÃO PAULO:
COMPANHIA DAS LETRINHAS, 1994.
1ª ATIVIDADE
APLICADA
O LEÃO E O RATINHO
4º ANO A:
Os alunos tiveram percepções muito próximas, em que ressaltaram algumasvirtudes, como da amizade, cooperação, bondade, solidariedade.Conseguiram relacionar o que era bem e o que era mau, o que atribuem emvalores sob juízos morais (LA TAILLE, 2010).
4º ANO B:
Os alunos também extraíram das fábulas valores/virtudes de bondade,solidariedade, cooperação e amizade. Entenderam que, se você ajudar,futuramente essa pessoa te ajudará também. Esse pensamento está atreladoao sentido de ser recompensado, característica que denuncia a heteronomia,em que só é ajudado aquele que, a priori, o ajuda, ou seja, é necessário quealguém o faça primeiro (PIAGET, 1994). Sofre uma regulação externa ao deixarclaro que, quando se faz a coisa certa, logo se terá uma recompensa, isto é,não existem ainda a “energia” suficiente para mover essa criança à ter açõesmorais autônomas (VINHA, 2014).
Fábulas de Esopo. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 1994.
PINKNEY, Jerry. O leão e o camundongo. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
A LEBRE E A TARTARUGA
PERCEPÇÕES DOS ALUNOS:
• não julgar, a preguiça, o preconceito, a perseverança e não subestimar as
pessoas. Na história, conseguiram perceber que a tartaruga, mesmo sendo
sinônimo de lerdeza, foi capaz de vencer a lebre, conhecida como veloz.
MORAIS:
• não devemos julgar os outros, nunca pare para dormir porque se dormir
perde, os perdedores nunca saem perdendo, nunca pare no caminho porque
perde e o que não para vence, nem sempre os mais rápidos são os
melhores, dentre outras.
• Percebeu-se nesses recontos que o sentido de perder e ganhar estão
vinculados em ter ou não ter preguiça e entenderam que não se pode julgar
as pessoas pelas aparências, mas acreditar que tudo é possível. O valor
central observado foi da perseverança.
FÁBULAS DE ESOPO. SÃO PAULO: COMPANHIA
DAS LETRINHAS, 1994.
PRODUÇÃO DOS RECONTOS 4º ANO A
A CIGARRA E AS FORMIGAS
• 8 alunos;
• atribuíram o valor detrabalho e a suaimportância, a questãoda justiça. Abordou-setambém o julgamentoda cigarra como sendoa preguiçosa;
• Morais: quem trabalhamerece o que tem esempre os preguiçososacabam perdendoforam levantadas comolições dessa fábula.
O LEÃO E O RATINHO
• 12 alunos;
• Suscitaram assuntoscomo: bondade, gratidão,amizade. Ficou muito fortee marcante o sentido daamizade nessas crianças,o que mostra que é um dosvalores centrais deles, poisconseguiram identificarcom veemência;
• Morais: devemos ajudarnossos amigos seja ondefor, nossos inimigos podemvirar nossos amigos, ajudeseus amigos ou inimigos.
A LEBRE E A TARTARUGA
• 10 alunos;
• tiveram várias percepções,como: não julgar, apreguiça, o preconceito, aperseverança e nãosubestimar as pessoas.
• Morais: não devemosjulgar os outros, nuncapare para dormir porque sedormir perde, osperdedores nunca saemperdendo, nunca pare nocaminho porque perde e oque não para vence, nemsempre os mais rápidossão os melhores, dentreoutras.
• Percebeu-se nessesrecontos que não se podejulgar as pessoas pelasaparências. O valor centralobservado foi daperseverança.
PRODUÇÃO DOS RECONTOS 4º ANO B
A CIGARRA E AS FORMIGAS
• 13 alunos;
• o princípio da justiça;
• Morais: devemosajudar os outros seminteresse, quem nãotrabalha fica comfome, os que nãotrabalham que sevirem, os preguiçososcolhem o quemerecem;
• Diante disso,identificou-se comovalores centraisdesses alunos são dejustiça, bondade e aimportância dotrabalho.
O LEÃO E O RATINHO
• 10 alunos;
• valores, como deamizade, justiça,cooperação;
• A ideia que essascrianças possuem aindaé heterônoma, pois acooperação (ajuda) só éfeita quando se tem umarecompensa;
• Morais: amigos seajudam, se você quer serajudado, ajude o seupróximo e ajude para serajudado.
• Os valores ainda sãoperiféricos no que dizrespeito à solidariedadee cooperação e é valorcentral a justiça.
A LEBRE E A TARTARUGA
• 5 alunos;
• ressaltaram a virtudecomo dadeterminação.
• Morais: nunca sejaegoísta, nunca duvidede um adversário, nãoduvide da lerdeza dosoutros, temos que serdeterminados, nuncaduvide de seuadversário sem saberdo que ele é capaz.
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS DOCENTES
• As docentes compreendem valores éticos e morais como princípios
necessários para dar um norte na conduta moral exercida pelos sujeitos;
• a participação da família e dos alunos contribui na educação de valores
morais;
• Ao retratar sobre a mídia e suas influências, disseram que as vezes estas
assumem um lado negativo, quando não aplicado da forma correta;
• as dificuldades encontradas dentro de sala de aula que retratassem a
quebra de valores o qual observou-se a questão da indisciplina, o
desrespeito ao professor e aos colegas, a falta de compromisso com as
atividades e a ausência dos pais em educarem para a formação moral de
seus filhos tem acarretado problemas nas convivências dentro ambiente
escolar.
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS DISCENTES
• Na 1ª questão responderam sobre suas atitudes que deixavam seus familiares bravos, o qual
mencionaram questões como: bagunça, falar palavrões, sair de casa sem pedir, mentira, preguiça e, o
que teve maior repercussão foi o tema da desobediência;
• Na 2ª questão, ao ser questionado sobre o que faz com que seus familiares o elogiam, alegaram que
quando passa de ano ou tira nota boa, quando arruma e ajuda a casa, quando se comporta, quando
faz tudo que eles querem;
• Já na 3ª, a 4ª e a 5ª questão pergunta se existe alguém que é admirado pela criança e quem é, ao que
responderam que admiram o pai, a mãe, os amigos, sendo que a família está em maior critério de
admiração;
• Na 6º questão busca entender a rotina das crianças no seu período extraescolar, ao qual disseram que
ficam brincando na rua, jogando videogame, assistindo televisão, fica no computador, no celular
estudar e fazer o dever;
• Na 7ª questão pergunta-se sobre o que elas desejam mudar nelas, o que atenderam em sua grande
maioria à estética, como cabelo, roupa, beleza, corpo. Alguns falaram sobre mudar sua teimosia, seu
jeito e sua raiva;
• Na 8ª questão indagou o que mais eles gostam neles, o que disseram, na maior parte, de sua estética,
alguns conseguiram dizer sobre virtudes, como: ser estudioso, criativo, divertido e inteligente. Em
contraponto à questão anterior, a 9ª questão pergunta sobre o que eles menos gostam, sendo que
alguns sentiram dificuldades em dizer, respondendo que não tinham nada que pudessem mudar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa problemática levantada na pesquisa faz-se necessária para que
haja um novo olhar sobre a prática pedagógica dos docentes, ao alertá-
los sobre seu papel desafiador e de suma relevância, como também de
buscar soluções para esses conflitos que são de caráter social e