“Muitas perdas de visão podem ser evitadas em Angola” |Pag. 10 Pedro Albuquerque FALA POVO EXPO FARMA é já em Setembro A III Semana da Farmácia An- golana e 4ª Expo Farma reali- zam-se a 22 e 23 de Setembro próximo, no CC Belas. De acordo com o Bastonário da OFA, Boaventura Moura, “o evento apresenta um progra- ma científico de excelência e reunirá centenas de farma- cêuticos, técnicos de farmácia e outros profissionais de saú- de provenientes de todo o país e convidados da lusofo- nia” . Mais de 15 empresas fa- bricantes e distribuidoras de medicamentos já garantiram a sua presença como exposi- tores. Quais as razões que levam jovens a consumir álcool e drogas? A visão dos angolanos. |Pag. 16 O Caminho do Bem European Society for Quality Research Lausanne EUROPE BUSINESS ASSEMBLY OXFORD jornal Ano 7 - Nº 74 Julho/Agosto 2016 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Resistência crescente aos antimaláricos pode atrasar fase de pré- -eliminação da malária Em Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente, em infecções associadas aos cuidados de saúde, é superior a 60% e, actual- mente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica pode até mesmo chegar a 82,4%. Para além da resistência aos antibióticos, a resistência aos antimaláricos, nomeadamente aos regimes com combinações de artemisina (ACTs), é uma ameaça crescente em território angolano, conclui estudo do CISA. |Pag.6 Dormir bem 'reinicia' o cérebro A falta de descanso leva a que as ligações neuronais no cérebro fiquem sobrecarregas de actividade elétrica, a ponto de impedir a retenção de novas informações. |Pag. 8 A dor dos queimados Crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas Investigação em Angola Queimaduras aumentam. Saiba porquê e evite. Entrevista com a médica Lídia Dembi, directora do hospital Neves Bendinha |Pags.12 e 14 Essencial para criar novas memórias
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“Muitas perdas de visão podemser evitadas em Angola” |Pag. 10
Pedro Albuquerque
FALA POVO
EXPO FARMA é já em SetembroA III Semana da Farmácia An-
golana e 4ª Expo Farma reali-
zam-se a 22 e 23 de Setembro
próximo, no CC Belas. De
acordo com o Bastonário da
OFA, Boaventura Moura, “o
evento apresenta um progra-
ma científico de excelência e
reunirá centenas de farma-
cêuticos, técnicos de farmácia
e outros profissionais de saú-
de provenientes de todo o
país e convidados da lusofo-
nia”. Mais de 15 empresas fa-
bricantes e distribuidoras de
medicamentos já garantiram
a sua presença como exposi-
tores.
Quais as razõesque levam jovens a consumirálcool e drogas?
A visão dos angolanos. |Pag. 16
O Caminho do BemEuropean Society for
Quality ResearchLausanne
EUROPE BUSINESS ASSEMBLY
OXFORD
jornalAno 7 - Nº 74Julho/Agosto2016Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá
MINISTÉRIO DA SAÚDEGOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude
a saúde nas suas mãosA N G O L A
da
Resistência crescente aos antimaláricos pode atrasar fase de pré--eliminação da maláriaEm Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente,em infecções associadas aos cuidados de saúde, é superior a 60% e, actual-mente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica podeaté mesmo chegar a 82,4%. Para além da resistência aos antibióticos, a resistênciaaos antimaláricos, nomeadamente aos regimes com combinações de artemisina(ACTs), é uma ameaça crescente em território angolano, conclui estudo do CISA. |Pag.6
Dormir bem 'reinicia' o cérebro A falta de descanso leva a que as ligações neuronais no cérebro fiquem sobrecarregas de actividade elétrica, a ponto de impedir a retenção de novas informações. |Pag. 8
A dor dosqueimados
Crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas
Investigação em Angola
Queimaduras aumentam. Saiba porquê e evite. Entrevista com a médica LídiaDembi, directora do hospital Neves Bendinha |Pags.12 e 14
Essencial
para criar
novas
memórias
2 EDITORIAl Julho/Agosto 2016 JSA
Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus (coordenador),Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Al-berto, Enf. Lic. Conceição Martins,Dra. Filomena Wilson, Dra. HelgaFreitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dú-nem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.Josinando Teófilo, Prof. Dra. MariaManuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos; Magda CunhaViana.Correspondentes provinciais:Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão(Cuanza Norte); Casimiro José(Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)MARKETING E PUBLICIDA-
DE: Maria Luísa Tel.: + 244 928013 347 E-mail: [email protected] Fotografia: JorgeVieira. Editor:Marketing For You, Lda- Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º an-
dar - Ingombota, Luanda, Angola,Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780462, [email protected]ória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.
Director Geral: Eduardo Luís MoraisSalvação BarretoPeriodicidade: mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SATransportes: Francisco Carlos de An-drade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.
FICHA TÉCNICA
Parceria:
www.jornaldasaude.org
Para esta edição, preparámos um conjunto de matérias, algumas
com base em entrevistas a especialistas, que julgamos ser do
maior interesse para o leitor interessado em melhorar a sua saú-
de e para o profissional se manter actualizado nas áreas que não
são da sua especialidade.
O tema de capa – as queimaduras – reflecte uma realidade que
nos é próxima por ser tão frequente. Lamentavelmente, as con-
dições em que vive a maioria da população são propícias a originar
acidentes desta natureza, sejam provocados por choques eléctri-
cos, ou por água a ferver, explosões de botijas de gás, velas, enfim
uma infinidade de causas. Ainda assim, há precauções que os cida-
dãos – mesmo das camadas mais desfavorecidas – podem tomar
para evitar as ocorrências, principalmente em crianças que são as
maiores vítimas. Em Luanda, o hospital que em primeira linha
acolhe os queimados é o Neves Bendinha. Apesar das dificuldades,
atende cerca de 20 acidentados por dia e interna seis, para além
da prestação de cuidados primários, consultas e urgências em ou-
tras áreas, conforme nos relatou a sua directora, Lídia Dembi.
Pedro Albuquerque fala-nos das principais doenças do foro oftal-
mológico, recomenda a consulta regular a um oftalmologista e de-
fende a tese de que é possível diminuir muitas perdas de visão em
Angola caso o país possua mais especialistas pediátricos, de forma
a detectar-se precocemente cataratas congénitas em crianças que
podem ser operadas até aos três meses de idade. Fique ainda a
saber como prevenir as conjuntivites.
As razões que levam os jovens a consumir álcool, drogas e a
abraçar a criminalidade é um tema central na sociedade actual.
Angola não é excepção. Fomos saber a opinião dos cidadãos e
consultámos uma especialista, a psiquiatra Fausta Sá Vaz da Con-
ceição. Aqui ficam algumas pistas para reflexão e investigação
posterior.
A problemática da resistência aos antibióticos é abordada nesta
edição com um artigo da autoria de três investigadores do CISA.
Finalmente, saiba também quais os exercícios para manter o seu
cérebro jovem e activo, os benefícios de uma boa noite de sono
e as propriedades e efeitos do limão na saúde.
Na saúde é assim: quanto mais souber, mais ela melhora
Rui MoReiRa de Sá
Director [email protected] O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente Responsáveis
n Angola passou a contar commais 11 técnicos de saúde habi-litados com conhecimentosteóricos e práticos sobre os di-ferentes métodos modernos deplaneamento familiar, em par-ticular nas práticas de inserçãoe remoção de implantes e dodispositivo intra-uterinos(DIU), vulgarmente conhecidocomo “mola”, após terem con-cluído com sucesso a respecti-va acção de formação.
O curso “Capacitação / Refresca-mento de Formadores em Pla-neamento Familiar”, com a dura-ção de dez dias, decorreu na ma-ternidade Lucrécia Paím, emLuanda, e foi promovido pela Di-recção Nacional de Saúde Pública(DNSP), em parceria com Popu-lation Services International (PSI)e o Fundo das Nações Unidas pa-ra a População (UNFPA).
De acordo com o director daDNSP, Miguel dos Santos Oliveira,“esta formação enquadra-se nosesforços do Ministério da Saúde(MINSA) para que o planeamen-
to familiar seja visualizado comouma importante estratégia para aredução da morbilidade e morta-lidade materna e infantil, permi-tindo o crescimento socioeconó-mico das famílias e do país”.
O curso é resultado da parceriado MINSA com o Projecto de Saú-de da Mulher (PSM) que está a serimplementado pela PSI/Angola,desde Janeiro de 2016, com térmi-no previsto para Dezembro de2018. O PSM tem como principalobjectivo contribuir para a redu-ção da mortalidade materna,através do apoio nas acções im-plementadas para a redução donúmero de gravidezes não dese-jadas, por via do reforço da pro-moção do planeamento familiar.
A cerimónia de encerramen-to, no dia 1 de Julho, presidida pe-lo director da DNSP, Miguel dosSantos de Oliveira, contou com aparticipação da directora da ma-ternidade Lucrécia Paím, Adelai-de de Carvalho, a representantedo UNFPA em Angola, FlorbelaFernandes e a representante daPSI Angola, Anya Fedorova.
3ACTUAlIDADEJulho/Agosto 2016 JSA
Técnicos de saúde concluem curso de planeamento familiar
Com vista à redução de gravidezes não desejadas
Francisco cosmE
com rui morEira DE sá
n A Johnson & Johnsonprocedeu ao relançamen-to da distribuição da suamarca em Angola, pelamão da Hospitec, numevento realizado emLuanda, no final de Julho,que contou com a presen-ça de largas dezenas deconvidados, entre médi-cos, responsáveis da saú-de e corpo diplomático.
Na ocasião, o director exe-cutivo dos dispositivos mé-dicos da Johnson & John-son para África, Christop-her Norman, defendeu queé “em momentos difíceisque se deve apostar mais nasaúde das populações, eAngola não é excepção”.
O director da CECOMA,Boaventura Moura, que fa-lava em representação daSecretária de Estado daSaúde, saudou “o regressodos produtos com a marcaJohnson & Johnson ao ter-ritório nacional e reconhe-ceu “os esforços e a confian-ça desta empresa e da dis-tribuidora Hospitec”.
O responsável da Hospi-
tec, Pedro Perino, salientouque o mercado angolanopode esperar da sua em-presa a continuidade deum bom serviço, a forma-ção de mais profissionais, euma maior aposta no capi-tal humano em várias áreasda medicina.
Durante o evento, o JSfalou com alguns dos médi-cos presentes. Para o orto-pedista especialista em ci-rurgia do joelho e trauma-tologia desportiva, AlbertoLemos, “já trabalhei com osprodutos da Johnson &Johnson, utilizei-os em in-tervenções cirúrgicas da
anca, durante muitos anos,fiz artroplastia e consideroas próteses da Johnson deboa qualidade”. Este profis-sional considera que “o re-lançamento da Johnson &Johnson em Angola foiuma grande iniciativa daHospitec, porque sendouma das melhores empre-sas do mundo é uma mais-valia para o país, sobretudopara o sector da saúde”.
Também para o cirur-gião especialista em gineco-logia e obstetrícia, SérgioDelegado Travessio, “co-nheço perfeitamente osprodutos da marca, desde a
minha actividade em Hava-na, e são os melhores. Até aomomento não existe ne-nhuma outra marca nomundo que esteja à alturade concorrer com a John-son & Johnson em todos osseus aspectos”. O médicoentende que “o relança-mento desta marca em An-gola é muito proveitoso,porque a classe médica pre-cisa de produtos com gran-de qualidade, como fios desutura, drenos e reservató-rios, hemostáticos e outros,que fazem falta no mercado,e até agora eram adquiridosna Europa, ou fornecidospor revendedores que osimportavam, o que obrigavaos pacientes a pagarem tra-tamentos mais caros”.
Entre outros, a Johnson &Johnson disponibiliza equi-pamentos para esterilizaçãoa baixa temperatura, desin-fecção, neurocirurgia, ar-troscopia, coluna, trauma-tologia, maxilo-facial, cirur-gia, ortopedia com prótesesartificiais para cirurgias daanca e joelho, infertilidade,histeroscopia, urologia e sis-tema de fechamento da pele(Dermabond).
Na cerimónia estiveramainda presentes, a respon-sável comercial da embai-xada dos EUA, Júlia Guer-reiro, o director regional dacompanhia, Bassem Bibi eo director em Angola e Pa-lops, Miguel Martins.
Johnson & Johnson relança a distribuição da marca em Angola
Através da Hospitec
A representante do UNFPA em Angola, Florbela Fernandes, entrega o
diploma a uma das profissionais de saúde, Angelina Domingas da Silva.
Na mesa do presidium, o director da DNSP, Miguel de Oliveira, a repre-
sentante da PSI Angola, Anya Fedorova (na imagem) e a directora da Ma-
ternidade Lucrécia Paím, Adelaide Carvalho
As técnicas de saúde que concluíram o curso com aproveitamento estão
agora mais capacitadas na área do planeamento familiar
n Carlos Vicente lembrouque a Labconcept entrou nomercado da comercializa-ção e distribuição de equipa-mentos hospitalares, “com oobjectivo de trazer para An-gola marcas de qualidadeem equipamentos e servi-ços, colmatando assim asfragilidades e indo ao encon-tro das necessidades do mer-cado”.
Realçou ainda as parce-rias estabelecidas entre aLabconcept e destacadasmarcas internacionais comoa Abbott, Analyticon, R-Bio-pharma, Medec, Alere,Atlanticonceito entre outras,“que têm vindo a contribuirpara a segurança e qualida-de dos procedimentos naárea laboratorial e nos ban-cos de sangue”. O diagnósti-co laboratorial é o pontoprincipal e exacto para umbom diagnóstico e conse-quente tratamento por partedo profissional de saúde. “A
aposta nesta área permiteantecipar e agir de acordocom o necessário, permitin-do ao doente um tratamento
adequado e ajustado”, garan-tiu. Os bancos de sangue têmsido uma das grandes preo-cupações da empresa, à qualtem dedicado grande partedo seu trabalho, conforme oJS tem relatado. “Uma trans-fusão exige segurança e qua-lidade e com os equipamen-tos que comercializamos te-mos conseguido passar essasegurança para os profissio-nais da área, garantido umserviço de excelência”, asse-gurou o director.
Carlos Vicente recordouque a Labconcept surgiu dada iniciativa de três mento-res, com o objectivo de de-senvolver uma actividadeque, para além da comercia-lização de medicamentos dequalidade, contemplasse adistribuição de produtos eequipamentos laboratoriaise hospitalares, com destaquepara as áreas ortopédica eendoscópica, incluindo aprestação de serviços com-plementares de formação,consultoria e assistência téc-nica. Avançou que a Labcon-cept pretende agora investirem duas áreas distintas co-mo a da microbiologia e a docontrolo da qualidade dasempresas alimentares e deprodução de águas.
Entre outras individuali-dades, marcaram presençana comemoração do 5º ani-versário da Labconcept, emLuanda, médicos, profissio-nais de saúde do sector pú-blico e privado, clientes, par-ceiros e convidados de ou-tras áreas.
4 empreSAS Julho/Agosto 2016 JSA
LABCONCEPT Cinco anos a inovar Francisco cosme dos santos
com eileen Barreto
A Labconcept procura conti-
nuamente produtos inova-
dores na área da saúde, de
modo a trazer para Angola
meios de diagnóstico e trata-
mento de ponta, contribuin-
do assim para o crescente
desenvolvimento das técni-
cas dos seus clientes, bem co-
mo para a formação dos qua-
dros. Em declarações ao JS
por ocasião da comemora-
ção, este mês de Julho, do seu
5º aniversário, o director téc-
nico e de qualidade, Carlos
Vicente, revelou os pilares
em que assenta o sucesso
desta empresa do sector da
saúde: serviços modernos
que permitem que os produ-
tos cheguem rapidamente e
com segurança aos clientes e
a sua proximidade às comu-
nidades, através do trabalho
e dedicação de uma equipa
técnica especializada.
A cerimónia de comemoração do 5º aniversário da Labconcept contou com uma vasta e interessada participação de médicos e ou-
tros técnicos de saúde
6 ANTIBIÓTICOS Julho/Agosto 2016 JSA
Consumo de antimicrobianos – um problemanegligenciado? O CISA procura respostas
nA resistência aos antimi-crobianos ocorre mundial-mente, comprometendo otratamento das doenças in-fecciosas e prejudicandomuitos outros avanços nasaúde e medicina. Recente-mente, o jornal The Econo-mist alertou para o facto deser uma das maiores amea-ças à saúde global: anual-mente, 700 mil pessoas mor-rem por infecções por mi-croorganismos resistentes e,em 2050, podem atingir os10 milhões1. Os custos asso-ciados são elevados e estãorelacionados com a maiorfalência terapêutica, temposde tratamento e interna-mentos mais prolongados.
Resistência aos antimicrobianos A resistência aos antimi-
crobianos é um fenómenoque ocorre de forma natural.No entanto, o incorrecto ma-nuseamento de antibióticosnos humanos e animais estáa acelerar este processo2. Oshospitais em países de rendabaixa e média (LMICs) fun-cionam como foco de infec-ções nosocomiais e os anti-bióticos de primeira linha(tais como a ampicilina e agentamicina) já não são efi-cazes em cerca de 70% doscasos3. Este fenómeno podelevar a um aumento irracio-nal na utilização de antibió-ticos de largo espectro.Combater a resistência aosantimicrobianos é uma prio-ridade na agenda da Organi-zação Mundial da Saúde(OMS), que inclui campa-nhas de sensibilização paraa boa prática na utilizaçãoantimicrobiana pelo públi-co, decisores políticos, pro-fissionais de saúde e de vete-rinária. A resistência da Sal-monella enterica serovarTyphi aos antibióticos deprimeira linha está a emergirna África Central4. Não só as
estirpes MDR (multidrug re-sistent – co-resistência à am-picilina, cloranfenicol e tri-metoprim / sulfametoxa-zol), assim como as estirpescom sensibilidade diminuí-da à ciprofloxacina, têm sidorelatadas na S. typhy e Sal-monella não-typhi 4,5,6,7.Um genótipo distinto de Sal-monella enterica var Typhi-murium, ST313, emergiu co-mo uma nova estirpe pato-gênica na Áfricasubsaariana, e poder-se-áter adaptado, para causardoença invasiva em sereshumanos. Esta estirpe mul-tirresistente tem causadoepidemias em vários paísesafricanos e impulsionado ouso de antibióticos caros nosmais pobres serviços de saú-de do mundo 8.
Angola não é excepçãoEm contraste com a Europae outras regiões, os dados deuso de antimicrobianos nosLMICs são escassos e Ango-la não é excepção. Em Luan-
da, a prevalência de Staphy-lococcus aureus meticilina-resistente em infecções as-sociadas aos cuidados desaúde é superior a 60% e, ac-tualmente, uma das mais al-tas na África Subsariana. Napopulação pediátrica podeaté mesmo chegar a 82,4%9,10.
Resistência aos antimaláricos
Para além da resistência aosantibióticos, a resistênciaaos antimaláricos, nomea-damente aos regimes comcombinações de artemisina(ACTs) é uma ameaça cres-cente em território angola-no. Um caso clínico recentedescreveu um doente commalária a regressar de Luan-da a uma região não-endé-mica no Vietname com máresposta ao artesunato en-dovenoso, assim como à di-hidroartemisina-piperaqui-na11. Estudos molecularesde genes de resistência feitosna Província do Bengo reve-
laram que a frequência depolimorfismos pfmdr1 noPlasmodium (marcadormolecular de resistência aantimaláricos) foram dife-rentes dos observados emLuanda, assim como a do-minância do alelo N86, pre-
sente em mais de 80% dasinfecções por Plasmodiumfalciparum 12. Este cenáriopode atrasar a fase de pré-eliminação da malária queAngola ambiciona para ospróximos 5 anos 13.
Sistema de Vigilância deMorbilidade
O Sistema de Vigilância deMorbilidade (SVM) é umaplataforma, estabelecida em2010 no CISA (Centro de In-vestigação em Saúde de An-gola), para a recolha e análi-se sistemática de informa-ção clínica da população,em idade pediátrica, que éatendida no Hospital Geraldo Bengo (HGB). Dados co-lhidos desde Agosto de 2010até Maio de 2013 revelaramque a prescrição antibiótica,de forma empírica, emcrianças diagnosticadascom malária foi feita comamoxicilina (24,2%), ceftria-xone (20,4%), ampicilina(12,9%) e ciprofloxacina(7%). As crianças diagnosti-cadas com gastroenteriteaguda foram prescritas comco-trimoxazole (42,5%), cef-triaxone (15,7%), amoxicili-na (14,8%) e metronidazole(5,5%). As crianças diagnos-ticadas com infecção respi-ratória superior foram pres-critas com amoxicilina(41,2%), cotrimoxazol(23,6%) e 23,6% com amoxi-cilina/ácido clavulânico. Ascrianças a quem foram diag-nosticadas infecções do tra-to respiratório inferior, cercade metade, 53,1%, forammedicadas com amoxacili-na, 14.3% com ampicilina,12.2% com ceftriaxone e9.1% foi medicada com pe-nicilina. De acordo com umrelatório da OMS14, o con-sumo de antibióticos é ex-cessivo, principalmente emLMICs, onde até 42% daspessoas revelaram consu-mir antibióticos, de qual-quer classe terapêutica noúltimo mês, comparativa-mente a 29% das pessoasque vivem em países de ele-vada renda.O CISA planeia actualizar
no decorrer da 10ª ronda doSistema de Vigilância De-mográfica, implementado
no Município do Dande, osdados referentes ao consu-mo comunitário de antimi-crobianos. Com isto, esperaque possa ser parte inte-grante de uma nova linha deinvestigação na área da anti-bioterapia, sépsis e choqueséptico. Os estudos sobre a resis-
tência aos antimicrobianos,nas suas diversas compo-nentes, terão impacto na po-lítica pública sensata de re-servar novos fármacos paraemergências, e eventual-mente levarão à investiga-ção de novas moléculas porparte das indústrias farma-cêuticas.
Referências bibliográficas:1 – The Economist May 21st 2016 Whenthe drugs don´t work2 - Holmes AH, Moore LS, Sundsfjord A,Steinbakk M, Regmi S, Karkey A, GuerinPJ, Piddock LJ. Understanding the me-chanisms and drivers of antimicrobial re-sistance. Lancet. 2016 Jan9;387(10014):176-87. 3 - Erika Vlieghe. The First Global Forumon Bacterial Infections calls for urgent ac-tion to contain antibiotic resistance. Ex-pert Rev. Anti Infect. Ther. 10(2), 145–148(2012).4 - Lunguya O et al. Salmonella Typhi inthe Democratic Republic of the Congo:Fluoroquinolone decreased susceptibi-lity on the rise. PLoS 2012;6(11):e1921.5 - Phoba MF et al. Multidrug-ResistantSalmonella enterica, Democratic Repu-blic of the Congo. Emerg Infect Dis. 2012October; 18(10): 1692–16946 - Parry CM. Antimicrobial resistance intyphoidal and non-typhoidal salmonel-lae. Current Opinion in Infectious Disea-ses 2008,21:531-5387 - Lunguya O et al. Antimicrobial Resis-tance in Invasive Non-typhoid Salmo-nella from the Democratic Republic ofthe Congo: Emergence of DecreasedFluoroquinolone Susceptibility and Ex-tended-spectrum Beta Lactamases.PLoS 2013;7(3):e21038 - Feasey NA et al. Invasive non-typhoi-dal salmonella disease: an emerging andneglected tropical disease in Africa. Lan-cet. 2012 June 30; 379(9835): 2489–2499.9 - Conceição, T., C. Coelho, I. Santos-Sil-va, H. de Lencastre, and M. Aires-de-Sousa (2014). Epidemiology of methicil-lin-resistant and -susceptible Staphylo-coccus aureus in Luanda, Angola: firstdescription of the spread of the MRSAST5-IVa clone in the African continent.Microb. Drug Resist. 20:441–449.10 - Conceição, T., C. Coelho, I. Santos Sil-va, H. de Lencastre, and M. Aires-de-Sousa (2015). Staphylococcus aureus informer Portuguese colonies from Africaand the Far East: missing data to help fillthe world map. Clin. Microbiol. Infect.21:842.e1–842.e1011 - Van Hong N, Amambua-Ngwa A,Tuan NQ, do Cuong D, Giang NT, VanDung N, et al. Severe malaria not respon-sive to artemisinin derivatives in man re-turning from Angola to Vietnam. EmergInfect Dis. 2014;20:1199–202.12 - Fancony C, Gamboa D, Sebastiao Y,Hallett R, Sutherland C, Sousa-Figueire-do JC, et al. Various pfcrt and pfmdr1 ge-notypes of Plasmodium falciparum co-circulate with P. malariae, P. ovale spp.,and P. vivax in northern Angola. Antimi-crob Agents Chemother. 2012;56(10):5271–7.13 - Fançony et al. Malar J (2016) 15:74.14 – WHO 2015. Antibiotic Resistance:Multi-country public awareness survey.
Anualmente, 700 mil pessoas morrem por infecções por microorganismos resistentes
Joana Cortez1, Carlos Mayer2,
Miguel Brito1,3
1 – Centro de investigação em saúde de
angola (Cisa), Caxito, Bengo, angola; 2 -
Hospital geral do Bengo, Caxito, angola;
3 - escola superior de tecnologia da saú-
de de lisboa, instituto Politécnico de lis-
boa, Portugal
« Em Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistenteem infecções associadas aos cuidados de saúde é superior a 60% e, actualmente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica pode até mesmo chegar a 82,4%”
8 ActuAlidAde Julho/Agosto 2016 JSA
Dormir bem 'reinicia' o cérebro e é essencial para criar novas memórias
nCristoph Nissen, psiquia-tra da Universidade de Fri-burgo, liderou um estudoque demonstra pela primei-ra vez que dormir bem temum impacto significativo naatividade do nosso cérebroao longo do dia. Descansar édecisivo para que o cérebro"reinicie" as ligações neuro-nais para que, no dia seguin-te, seja capaz de assimilarnova informação e criar no-vas memórias.Quando não se dorme o
tempo suficiente, a atividadecerebral torna-se instável, oque provoca um aumentoda atividade elétrica e umbloqueio no mecanismoque possibilita às ligações
neuronais "reiniciarem". Es-tas consequências tradu-zem-se numa maior dificul-dade para reter novas me-mórias.Cristoph Nissen mostra-
se entusiasmado com a suadescoberta, que abra a portaa novos estudos sobre o tra-tamento de doenças do foropsiquiátrico. Uma das tera-pias mais eficazes na depres-são é da privação do sono,que permite restabelecer asconexões mentais do pa-ciente. O estudo mais recen-te permite uma compreen-são mais profunda sobre oassunto e pode ser adaptadopara oferecer melhores tra-tamentos aos doentes psi-quiátricos.Em declarações ao jornal
The Guardian, o especialistaafirma que o estudo ilustra"a importância do sono naatividade cerebral e comoeste não é um desperdíciode tempo".Os resultados são impor-
tantes para a Hipótese daHomeostase Sináptica, teo-
rizada pela Universidade deWisconsin-Madison em2003, que explica porque éque o nosso cérebro necessi-ta de descansar depois deestar um dia inteiro a pro-cessar o mais variado tipo deinformações. A hipótesesustenta que, quando esta-mos acordados, as sinapses– zonas ativas de contactoentre uma terminação ner-vosa e outros neurónios -
fortalecem a ligação entre asnossas células cerebrais, eque estas vão ficando satura-das com a informação ab-sorvida ao longo do dia. Oprocesso consome muita danossa energia e o cérebrosente necessidade de des-cansar, de modo a consoli-dar as memórias e a estarpronto para o dia seguinte.Na publicação Nature
Communications, Nissen
descreve a série de testes fei-tos a 11 indivíduos que fo-ram obrigados a permane-cer acordados. Depois utili-zou pequenos choqueselétricos para fazer disparara atividade cerebral e perce-beu que, quando estamosprivados de sono, um pe-queno choque é suficientepara os nossos músculos semexerem, uma prova de queo cérebro se encontra num
estado de excitação.De seguida, Nissen virou-
se para a estimulação cere-bral com o propósito de co-piar a forma como os neuró-nios disparam quando estãoa criar memórias. E consta-tou que é mais difícil fazercom que os neurónios res-pondam em pessoas quenão tenham descansado osuficiente.Ao juntar estes dados, o lí-
der do estudo chegou à con-clusão que dormir ajuda océrebro a acalmar e a prepa-rar-se para criar memórias.Em contraste, nas pessoasprivadas de sono o cérebroencontra-se num frenesimde atividade elétrica quebloqueia esse processo.A descoberta poderá ser
importante para explicar oporquê de ressonarmos, porexemplo, e pode tambémajudar trabalhadores porturnos e militares que lidamcom privação de sono a ob-terem novos medicamentostendo em vista a normaliza-ção da atividade cerebral.
A falta de descanso leva a
que as ligações neuronais no
cérebro fiquem sobrecarre-
gas de atividade elétrica, a
ponto de impedir a reten-
ção de novas informações.
Olimpíadas Rio 2016Jejum durante três dias poderegenerar sistema imunitário
n Apenas três dias de jejum serãosuficientes para rejuvenescer todoo sistema imunitário. A conclusãoé de um novo estudo da Universi-dade da Califórnia.
Jejuar durante três dias leva o corpoa começar a produzir novos glóbulosbrancos, mesmo em idosos. A con-clusão é de um novo estudo da Uni-versidade da Califórnia que descreveos resultados como "notáveis".A investigação, que parece con-
trariar a ideia comum de que o jejumnão é saudável, sugere que não co-mer "liga um interruptor regenerati-vo", que estimula as células estami-nais a produzir as células que com-batem as infecções.A descoberta, acreditam os cien-
tistas envolvidos, poderá beneficiarparticularmente os doentes com sis-temas imunitários comprometidos,como os que fazem quimioterapia,ou simplesmente os mais idosos.Mas segundo Valter Longo, pro-
fessor de Gerontologia e Ciências Bio-lógicas da Universidade da Califórnia,as boas notícias não ficam por aqui:
durante o processo do jejum, o orga-nismo também descarta as partes dosistema imunitário que possam estardanificadas ou sejam ineficazes."Se temos um sistema [imunitá-
rio] fortemente danificado pela qui-mioterapia ou pelo envelhecimento,ciclos de jejum podem gerar, literal-mente, um novo sistema imunitá-rio", explica.Durante a investigação, foi pedi-
do aos participantes que jejuassemregularmente entre dois a quatrodias ao longo de um período de seismeses."Quando passamos fome, o siste-
ma tenta poupar energia e uma dascoisas que pode fazer para pouparenergia é reciclar muitas das célulasimunitárias que não são necessárias,sobretudo as que possam estar dani-ficadas", acrescenta o investigador."O que começámos a reparar, tantono trabalho com humanos comocom animais, é que a contagem deglóbulos brancos desce com o jejumprolongado. Depois, quando reco-meça a alimentação, as células vol-tam".
Os atletas estão cada vez mais velhos. Qual o segredo da longevidade no desporto?n Mais rápido, mais forte, mais al-to e... mais velho. A idade médiados atletas olímpicos aumentoudois anos, de 1988 para 2016.
Kristin Armstrong ficou em primei-ro lugar na prova de ciclismo de es-trada, tem 43 anos; Anthony Ervinvenceu o ouro nos 50 metros livre,tem 35 anos; a ginasta Oksana Chu-sovitina já participou em sete com-petições olímpicas, despediu-se noRio, aos 41 anos. Das Olimpíadas de1988 até 2016, a idade média dosatletas olímpicos passou de 25 para27 anos, calculou o historiador olím-pico, Bill Mallon.A que se deve esta longevidade
no desporto? António Veloso, pro-fessor na Faculdade de MotricidadeHumana (FMH), onde é responsá-vel pelo Laboratório de Biomecâni-ca e Morfologia Funcional, apostano conhecimento, como explica-ção. "Hoje em dia faz-se um enormetrabalho de prevenção das lesões, oque permite prolongar a carreira."As lesões sempre foram o 'calca-
nhar de Aquilies' da alta competi-
ção. Quer as agudas, como a queaconteceu a Cristiano Ronaldo na fi-nal do campeonato da Europa, queras de esforço, resultantes da sobre-carga dos treinos, como é o caso dafratura do pé que sofreu Nelson Évo-ra. "A acumumulação de carga vaicausando microlesões, a nível mus-cular, do tendão, dos ossos. A maiorparte do problemas são as lesõescrónicas", nota o especialista.Para as evitar, é preciso otimizar
o treino, conhecer as pequenas fra-gilidades de cada atleta e individua-lizar o treino. Tudo isto se tornoupossível graças à evolução do co-nhecimento no desporto, com a aju-da das sofisticadas técnicas de ima-giologia, como a ressonância mag-nética.
O tratamento das lesões tambémse tornou muito mais eficaz e célere,com a possibilidade de se usar fato-res de crescimento que aceleram aregeneração de tecidos.O especialista, que conhece bem
o funcionamento dos gigantes dofutebol mundial, dá o exemplo doclube Manchester City, em que cadajogador tem o seu próprio frigorífico,repleto de uma dieta ajustada àssuas necessidades específicas. refe-re ainda aposta numa dieta direcio-nada para as necessidades de cadajogador. "Fazem-se análises ao san-gue dos jogadores para se perceberque nutrientes lhes fazem mais falta.O que permite definir a alimentaçãomais adequada."O fator económico também não
será de desprezar nesta quetsão.Principalmente no que toca às olim-píadas. Uma maior profissionaliza-ção dos atletas também terá o seupeso no prolongamento das suascarreiras, permitindo-lhes conti-nuar a viver do e para o desporto, pe-la casa dos vinte, dos trinta e até dos40 adiante.
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Pedro Albuquerque “Muitas perdas de visão podem ser evitadas em Angola”
nPedro Albuquerque salientoutambém que apenas um númeromuito reduzido de angolanos temprocurado os serviços oftalmoló-gicos, “o que é muito preocupan-te”. No entanto, o maior problemaencontra-se nas zonas não urba-nas, onde existem poucos servi-ços desta especialidade e os pre-ços praticados são muito altos.Como agravante, em áreas ruraisonde não há nenhum especialis-ta, “muitas pessoas são por vezesenganadas por falsos oftalmolo-gistas cujos tratamentos são tradi-cionais e baseiam-se em práticasnão recomendáveis”. É comum,por exemplo, “procederem à lava-gem da vista das pessoas que pa-decem de uma doença oftalmoló-gica com recurso a sal, água, urinae algumas ervas, chegando mes-mo a introduzir a língua na cór-nea do olho”.As principais causas das doen-
ças oculares no país são as patolo-gias congénitas não detectadasatempadamente, podendo resul-tar numa ametropia ou cegueiraquase total, os traumas devido aagressões físicas e os casos de sa-rampo em crianças que, sem tra-tamento, podem contrair conjun-tivites. Agravadas, estas provocamopacidade da córnea e, no limite,deficiência visual irreversível.
Principias doenças oculares
Actualmente, as doenças oftal-mológicas que mais se registamem Luanda são, primeiramente,as conjuntivites, seguindo-se asametropias (pessoas que têm er-ros de refracção; engloba a mio-pia, a hipermetropia e o astigma-tismo, entre outras), o glaucoma –
com incidências muito altas porfalta de conhecimento acerca dadoença e da história familiar – e,por último, as cataratas, as quaissão frequentemente causadas porretinopatias diabéticas originadaspela diabetes, que muitos cida-dãos têm contraído devido à au-sência de uma alimentação equi-librada, ao sedentarismo e à prá-tica regular de exercício físico.
Factores ambientais Referiu também que as doençasdo foro oftalmológico, principal-mente as conjuntivites, com gran-de incidência anual na capital, se-rão contraídas com a mesma fre-quência na época do cacimbo,mas com maiores complicaçõesdevido ao fraco saneamento quese observa em Luanda. Nas zonas periféricas, “as poei-
ras, as queimadas constantes degrandes quantidades de resíduossólidos e a falta de higiene e deágua nos municípios são tidos co-mo os principais factores quecontribuem para o desenvolvi-mento de doenças do foro oftal-mológico, tais como as conjunti-vites, que podem transformar-senuma ceratite, que origina a per-furação do globo ocular e a opaci-dade da córnea, podendo causardeficiência visual permanente”,advertiu.
As doenças que se curam e…asque não têm cura
De acordo com Pedro Albuquer-que, “quase todas as doenças são
passíveis de tratamento, emborapossa não ser definitivo. Consti-tuem excepções: as cataratas quetêm cura definitiva mediante pro-cedimento cirúrgico, o qual resul-ta na eliminação da opacidade dacórnea e, consequentemente, narecuperação da visão; e o glauco-ma que, por ser uma doença cró-nica, é incurável, podendo apenasser controlada a sua progressãocaso seja descoberta precoce-mente”.Dentre as doenças do foro of-
talmológico, “o glaucoma, nãotendo cura, é uma das patologiasque requerem cuidados urgentes,pois pode afectar a visão de formairreversível”, alertou. A doença écaracterizada pelo aumento detensão intra-ocular. “Na sua for-ma crónica, não dá dores nem ou-tros sintomas que façam com queos pacientes se apercebam e pro-curem um médico, pelo que nor-malmente apercebem-se quandojá estão a perder a visão. As cata-
ratas e o glaucoma são patologiasmuito comuns em África, sendoesta última a principal causa decegueira no mundo”, disse. Entre os vários factores causa-
dores de doenças oculares, en-contram-se as retinopatias diabé-ticas, hipertensivas e outras quepodem ser evitadas e tratadas,ainda que não de forma definitiva,se detectadas antecipadamente.
Quando fizer 40 anosNão existe nenhuma idade maispropensa a desenvolver doençasoftalmológicas. No entanto, sabe-se que o glaucoma crónico e a ca-tarata senil ocorrem mais fre-quentemente a partir dos 44 anos,fase em que determinadas pato-logias são mais frequentes. Assim,Pedro Albuquerque aconselhaque, atingindo os 40 anos, a pes-soa deve procurar imediatamenteum oftalmologista para se subme-ter a uma observação correcta dosolhos, para não serem surpreen-didos por alguma destas doençasno seu estado avançado.Lembra ainda que, após o nas-
cimento, as crianças devem serobservadas por um pediatra – e,depois do primeiro ano de vida ena idade escolar, por um oftalmo-logista – de forma a determinar sepossuem alguma má formaçãocongénita ou doença que possaser operada nos primeiros mesesde vida, já que as patologias comoo glaucoma e a catarata congénitatornam-se mais difíceis de tratarcom o crescimento.
Francisco cosme dos santos com ma-
dalena moreira de sá
Em entrevista ao Jornal da Saúde,o chefe do departamento de oftal-mologia do Hospital Militar Princi-pal, Pedro Albuquerque, afirmouque muitas perdas de visão po-dem ser evitadas se Angola pos-suir o número desejável de espe-cialistas pediátricos para detectarprecocemente cataratas congéni-tas em crianças e estas serem ope-radas, no máximo, até aos trêsmeses de idade. Além disso, é es-sencial que as pessoas consultemum oftalmologista regularmentee cultivem o hábito de fazer exa-mes periódicos para saber o esta-do de saúde dos olhos.
PEDRO ALBUQUERQUE É essencial que as pessoas consultem um oftalmologista regularmente e cultivem o há-bito de fazer exames periódicos para saber o estado de saúde dos olhos
A conjuntivite é uma doença de rápi-
da propagação e de fácil contágio. As-
sim, o médico oftalmologista apelou
para que sejam seguidas algumas me-
didas simples de higiene que limitam
o risco de transmissão.
Se for infecciosa, viral ou bacte-
riana:
- Lave as mãos frequentemente com
sabonete e água quente, ou com ál-
cool em gel;
-Evite tocar ou coçar os olhos;
- Limpe ao redor dos olhos várias ve-
zes ao dia e lave as mãos a seguir;
- Não use o mesmo frasco de colírio
para o olho infectado;
- Lave almofadas, toalhas e lençóis
com água quente e detergente e não
compartilhe os mesmos;
Se for alérgica:
- Lave o rosto e as mãos frequente-
mente;
- Evite frequentar locais húmidos e
com muita gente;
- Não coce os olhos;
- Troque frequentemente fronhas das
almofadas, toalhas de casa-de-banho
e sabonetes, ou use toalhas de papel
para limpar o rosto e as mãos;
- Enquanto tiver sintomas da doença,
não partilhe esponjas ou produtos de
beleza;
- Evite banhos de sol e levar crianças
muito pequenas ao colo;
- Evite usar lentes de contacto duran-
te este período.
Não existem vacinas para prevenir a
conjuntivite, nem tratamentos que
acelerem o processo de recupera-
ção. O recomendável é, por isso, fazer
compressas com água filtrada, ou so-
ro fisiológico, e usar sempre produtos
descartáveis – como algodão e gaze –
e não usar panos ou toalhas. Ainda as-
sim, Pedro Albuquerque alerta que,
sempre que alguém observar uma
reacção invulgar nos olhos, deve pro-
curar imediatamente um oftalmolo-
gista. O especialista procederá à ava-
liação do problema e, no caso de se
verificar uma patologia, aconselhará
quanto ao tratamento mais adequa-
do, evitando, assim, complicações ou
sequelas permanentes.
Pedro Albuquerque tem o objectivo
de realizar alguns estudos com gran-
de abrangência sobre as patologias
conjuntivas, de forma a detectar o
principal agente patológico desta
doença em Angola e definir um trata-
mento mais direccionado para a po-
pulação.
Previna asconjuntivites
“Em áreas rurais onde não há nenhum especialista, muitas pessoas são por vezes enganadas por falsos oftalmologistas cujos tratamentos são tradicionais e baseiam-se em práticas não recomendáveis”
12 HOSPITAIS Julho/Agosto 2016 JSA
Queimados: crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas
nDe acordo com esta respon-sável, a maior parte dos casosde queimaduras tem origemem acidentes domésticos, so-bretudo com líquidos ferven-tes, explosão de botijas de gás,choques eléctricos (as maisgraves), queimaduras porchamas de velas em casa edesatenção por parte dos paisou familiares que deixam ascrianças sozinhas ou commenores.Lídia Dembi recomenda
assim a realização de campa-nhas de prevenção com con-selhos úteis, através dos ór-gãos de comunicação social,no sentido de alertar e educara população para os cuidadosa terem nas práticas quotidia-nas. “A queimadura é um dosacidentes mais angustiantesque há, deixando sequelas edeformidades irreversíveis.Causa também elevados cus-tos ao erário público, dadoque os pacientes permane-cem sob cuidados médicospor muito tempo devido àsvárias fases de tratamentoque envolve, nomeadamentea recuperação volémica, bal-neoterapia com curativos ex-tensos, cirurgias, recuperaçãonutricional, aspectos psicoló-gicos e fisioterapia”. De acordo com a directo-
ra, “não obstante a adaptaçãoe melhoria das instalações,assentes no aproveitamentoe infraestruturas já existentesna unidade de queimados,como o saneamento básico eas divisões internas, o hospi-tal está ainda longe de possuiros padrões desejáveis para ofuncionamento adequado deuma unidade hospitalar es-pecializada e de referênciaem tratamento de queima-duras e de responder às ne-cessidades da população”. Também a localização não
é privilegiada “por estar situa-do num bairro suburbanocom deficiente saneamentobásico, de acesso difícil, comburacos, mercados e para-gens de táxis, causadores deuma enorme desordem, si-
tuação que tem dificultado decerta forma o trabalho com osdoentes, principalmente por-que os indivíduos vítimas dequeimaduras perdem a suabarreira protectora que é apele e ficam susceptíveis a in-fecções”, lamenta a responsá-vel.“O número de profissio-
nais não é ainda suficientetendo em conta os casosatendidos diariamente, pro-venientes de diversos muni-cípios e distritos de Luanda”,diz.
São atendidos, em média,20 doentes por dia vítimas
de queimadurasNo entanto, o hospital atende,em média, 20 doentes vítimasde queimaduras por dia eprocede a seis internamentosdiários, o que perfaz uma mé-dia de cerca de 600 a 700doentes por mês. Note-se
que, apesar de atender doen-tes vítimas de queimaduras, ohospital presta cuidados pri-mários e realiza consultas ex-ternas e de urgência.
“Tal como as outras uni-dades hospitalares, o HGENBtambém sentiu o aperto dosurto de febre amarela e a ma-lária. Dos 30 pacientes queatendia diariamente passou areceber entre 180 e 200, commais de 100 internamentospor dia! Imagine-se a sobre-carga num hospital que sótem 90 camas”, desabafou Lí-dia Dembi. Neste momentoestão internados no hospitalcerca de 90 doentes, dos quais56 são queimados. A taxa demortalidade situa-se abaixodos 20 por cento. “Estes óbi-tos não se devem ao atendi-mento hospitalar e sim à gra-vidade do trauma com o qualos pacientes chegaram aohospital”, defendeu.
O Neves Bendinha possuinove especialidades entre asquais queimados, cirurgiaplástica, cirurgia geral, cuida-dos intensivos, medicina, pe-diatria, pneumologia, derma-tologia e otorrinolaringologia.Os serviços de queimados,medicina e pediatria são osmais procurados.
Esforço para proporcionaruma assistência de
qualidade às populações A directora revelou ainda que,com a ajuda da OrganizaçãoNão Governamental KimboLiombembwa, “o hospital temevacuado algumas vítimas dequeimaduras graves para aAlemanha pois o tratamentorequer a doação de pele dopróprio doente, sendo que,frequentemente, os enxertosnão são possíveis, por desnu-trição do paciente ou outras si-tuações tais como a inexistên-
cia de pele sintética”. Ora, estasituação “obriga a que sejamevacuados para o exterior dopaís para aplicação de pelesintética, tratamento que estaunidade hospitalar não pos-sui. Apesar destes casos extre-mos, o hospital faz cerca dequatro cirurgias de enxertia depele por dia”.“O hospital tem enfrenta-
do problemas do ponto devista financeiro que, julgo,não diferem dos outros hos-pitais do país”, acrescentou.“Os valores recebidos porparte do Governo, mesmonão sendo o desejável, têmpossibilitado a compra demedicamentos, de materialgastável e de outros equipa-mentos e temos feito os pos-síveis para minimizar as ca-rências existentes e propor-cionar uma assistência dequalidade às populações”,concluiu Lídia Dembi.
Quem é Lídia DembiLídia Cavelho Dembi licenciou-se em medicina
em 1991, na Universidade Agostinho Neto, em
Luanda. Fez a sua especialidade em Medicina In-
terna e Intensiva em 2002, no Hospital da Força
Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, Brasil.
Foi funcionária do Ministério da Defesa Nacional
e trabalhou 22 anos no Hospital Militar principal e
Instituto Superior. Em Fevereiro de 2015 assumiu
a direcção do Hospital Especializado de Queima-
dos Neves Bendinha.
Lídia Dembi já tem 25 anos de licenciada e 15 anos
de especialidade. Quando lhe perguntamos como
perspectiva a sua carreira como médica, diz-nos
que sente “o dever cumprido em termos de aten-
dimento médico” e que tem feito “o máximo para
transmitir a minha experiência ao longo desses
anos aos mais novos médicos”. Mas “é claro que
não deixo de me actualizar constantemente, parti-
cipando em congressos internacionais, entre os
quais no Brasil, para manter-me a par das inova-
ções, fruto da dinâmica e avanço do saber científi-
co que a medicina tem revelado nas últimas déca-
das” de forma a adquirir “mais conhecimentos pa-
ra aplicar na saúde dos angolanos”.
Francisco cosme dos santos
com eileen Barreto
“As crianças menores de
cinco anos são as maiores ví-
timas de queimaduras, atin-
gindo cerca de 80 por cento
dos pacientes que recebe-
mos nesta unidade”, garan-
tiu a médica Lídia Dembi, di-
rectora do Hospital Especia-
lizado Neves Bendinha
(HGENB), à reportagem do
Jornal da Saúde.
Uma queimadura é uma le-são da pele provocada poragentes térmicos, electrici-dade, substâncias químicas,atrito ou radiação. As quei-maduras que afectam apenasa camada superficial da pelesão denominadas superficiaisou de primeiro grau. Quan-do as lesões afectam tam-bém algumas das camadas in-feriores são denominadasqueimaduras de segundograu. Quando todas as cama-das de pele são afectadas de-nominam-se queimadurasde terceiro grau. Sempre queexistirem lesões em tecidosmais profundos, como osmúsculos ou os ossos, deno-minam-se queimaduras dequarto grau.Em todo o mundo, em cadaano, cerca de 11 milhões depessoas recorrem a trata-mento médico devido aqueimaduras, das quais 300mil morrem. O prognósticoa longo prazo depende es-sencialmente da extensão daqueimadura e da idade dapessoa afectada.
O que é umaqueimadura?
LÍDIA DEMBI A quei-
madura é um dos aci-
dentes mais traumá-
ticos que pode deixar
sequelas e deformida-
des irreversíveis e
tem elevados custos
para o Estado
A maior parte dos casos de queimaduras tem origem em aci-
dentes domésticos, sobretudo com líquidos a ferver, explosão
de botijas de gás, choques eléctricos (as mais graves), mau posi-
cionamento das velas em casa e negligência por parte dos pais
ou familiares que deixam as crianças sozinhas
Cerca de 80 por cento dos queimados são crianças até aos cin-
A queimadura está entre os acidentes domésticos mais comuns e caracteriza-se por lesões nos tecidos que envolvem diversas camadas do corpo
como a pele e suas camadas, cabelos, pelos, músculos e olhos, entre outros. São causadas pelo contacto directo com brasa, fogo, vapores quentes,
sólidos superaquecidos ou incandescentes. Mas podem ser causadas também por substâncias biológicas (alforrecas); químicas (ácidos, soda cáusti-
ca e outros); emanações radioactivas (raios infravermelhos e ultravioletas) ou pela electricidade.
Portanto, as queimaduras podem ter origem térmica, química, radioactiva ou eléctrica. Saber diferenciar os tipos de queimadura é muito impor-
tante para que os primeiros socorros sejam realizados correctamente.
- Nunca aplique produto
caseiro como sal, açúcar,
pó de café, pasta de dente,
pomadas, ovo, manteiga,
óleo de cozinha ou qualquer
outro, pois eles podem
complicar a queimadura e
dificultar um diagnóstico
mais preciso. As soluções
caseiras para diminuir a dor
e a ardência das queimadu-
ras podem piorar e até cau-
sar infecção no local atingi-
do
- Não tente tratar a víti-
ma sem ter o conhecimen-
to médico-científico neces-
sário para a cura da lesão
- Não aplique gelo direta-
mente sobre o local, pois is-
so pode piorar a queimadu-
ra
- Se houver roupa colada na
região da queimadura, não
remova. Limite-se a cortá-
la ao redor da lesão
- Nunca fure as bolhas
- Não demore em pedir
auxílio especializado, em
caso de dúvida, procure
sempre o hospital. Quando
mais tardio for o início do
tratamento, pior. Queima-
duras na face, genitália, mãos
e pés são sempre considera-
das graves, devendo ser pro-
curado atendimento hospi-
talar imediatamente
- Evite também poma-
das ou remédios naturais,
assim como qualquer medi-
cação que não for prescrita
por médicos
- Em caso de ingestão de
produtos cáusticos ou quei-
maduras em boca e olhos,
lavar o local com bas-
tante água corrente e
procurar atendimento mé-
dico imediato
- Não toque na área afec-
tada
- Não respirar o fumo
em caso de incêndios. Lem-
bre-se que a inalação de fu-
mo pode causar queimadu-
ras nos pulmões e brôn-
quios, mesmo que não haja
queimadura externa visível.
Caso o ambiente esteja
com muito fumo, pode-se
diminuir a inalação com um
pano molhado próximo do
nariz e boca, movimentan-
do-se agachado, com o nariz
bem próximo ao chão, onde
a concentração de fumo é
menor
- Não cubra a queima-
dura com algodão
O que NÃOfazer em caso de queimadura
Queimadura de primeiro grau: a lesão atin-
ge apenas a camada mais superficial da pele (epi-
derme), apresentando vermelhidão local, ardor,
inchaço, calor local e dor. Pode ocorrer em pes-
soas que se expõem ao sol por tempo prolonga-
do e sem proteção. Quando atinge grande parte
do corpo é considerada grave.
Queimadura de segundo grau: a lesão atinge
as camadas mais profundas da pele (derme). A ca-
racterística deste tipo de queimadura é a presen-
ça de bolhas, inchaço e dor intensa. Como ocorre
perda da camada superficial da pele, que protege
contra a perda excessiva de água, pode ocorrer
também perda de água e de sais minerais e pro-
vocar um quadro de desidratação grave. Esse tipo
de queimadura pode ser causada pela exposição
a vapores, líquidos e sólidos escaldantes.
Queimaduras de terceiro grau: neste tipo
de queimadura, ocorre lesão de toda a pele, atin-
gindo os tecidos mais profundos como os mús-
culos. Curiosamente, este tipo pode não ser do-
loroso, já que as terminações nervosas que ge-
ram a dor são destruídas junto com a pele. A
cicatrização geralmente é desorganizada. Nor-
malmente requer a realização de cirurgias, com
enxerto de pele retirada de outras partes do cor-
po.
Tipos de queimaduras:
Cuidados Gerais
As crianças menores de 5 anos
correm mais riscos devido a vá-
rios factores como possuírem
pele mais fina, menor tempo de
reação, pouca agilidade e, princi-
palmente, a curiosidade. Por is-
so, alguns cuidados devem ser
observados:
- Não prepare alimentos quen-
tes com a criança nos braços ou
no colo
- Mantenha as crianças longe da
cozinha, principalmente na hora
da preparação das refeições. A
maior parte das queimaduras
causadas por líquidos supera-
quecidos ocorrem nesse inter-
valo de tempo
- Não deixe ao alcance das crian-
ças substâncias inflamáveis utili-
zadas para limpeza, como o ál-
cool. Guarde-as em local seguro.
Por produzirem chama, quando
em combustão, essas substân-
cias servem de atractivo para as
crianças, especialmente na épo-
ca de festas
- Não deixe crianças soltar fogos
de artifício, principalmente do ti-
po explosivo. Além das queima-
duras, eles causam lesões graves
nas mãos, nem sempre passíveis
de recuperação
- Não deixe fios e tomadas des-
cobertos porque podem causar
lesões graves nas mãos e boca
das crianças
- Não as deixe próximas de velas
- Não exponha a criança ao sol
por muito tempo, principalmen-
te entre as 10 e as 15 horas.
Crianças abaixo de 1 ano
- Não segure a criança no colo
enquanto estiver ingerindo líqui-
do quente ou cozinhando
- Evite aquecer o biberon ou os
alimentos no forno de micro-
ondas, pois o aquecimento não é
uniforme
- Teste a água do banho com o
dorso da mão ou com termó-
metro, antes de molhar a criança
- Mantenha objectos aquecidos,
como ferros de passar e pran-
chas de cabelo, além de cigarros,
longe do alcance da criança
- Mantenha produtos de limpeza
fora do alcance das crianças
- Use protector nas tomadas
elétricas
Crianças com idade
entre 1 e 3 anos
- Nunca deixe a criança sozinha
na banheira. Elas podem ligar a
água quente, cair ou afogar-se ra-
pidamente
- Ensine a criança a não puxar
objectos como toalha de mesa,
fios e outros
- Deixar os cabos das panelas
voltados para o lado interno do
fogão. Não permitir a presença
de crianças próximas ao fogão e
churrasqueiras
Crianças com idade
entre 3 e 5 anos
- Nessa idade, elas podem co-
meçar a ser treinadas na pre-
venção de incêndios e queima-
duras pois já têm idade para re-
conhecer o som de um
detector de fumaça
- Use apenas isqueiros com dis-
positivo protetor de acendi-
mento acidental
- Ensine à criança as diferenças
entre brinquedo e palito de fós-
foro
Crianças com idade
entre 5 e 12 anos
- Planeie e pratique as saídas em
caso de incêndio
- Converse sobre a segurança
na cozinha
- Ensine-as como usar o micro-
ondas, forno eléctrico e aquece-
dores
- Mantenha líquidos inflamáveis
fora de vista e de acesso
Cuidados básicos com as crianças
- Evite fumar, principalmente deitado
- Utilize cinzeiros fundos e com proteção lateral
- Em queimaduras eléctricas, retire o fio da to-
mada ou desligue a energia geral. Nunca toque
na vítima enquanto ela estiver em contacto com
a eletricidade. Toda vítima de queimadura eléc-
trica deve ser levada ao hospital
- Evite manipular álcool próximo a cigarros, cha-
rutos, fósforos acesos, churrasqueiras e foguei-
ras
- Não utilize álcool líquido diretamente sobre o
fogo, na forma de jato, devido ao risco de explosão
- Investigue vazamentos de gás. Feche a válvula
da botija antes de sair de casa e antes de ir dor-
mir
- Mantenha a botija de gás longe do calor directo
e sempre na vertical
- Nunca considere uma queimadura um aciden-
te sem importância
- Fogo e bebida não combinam. Evite.
16 TENDÊNCIAS Julho/Agosto 2016 JSA
Quais as razões que levam jovens a consumir álcool,drogas e a inclinarem-se para a criminalidade?
nA questão das drogas, na contempo-raneidade, assume contornos diferen-tes de outros tempos históricos. O avan-ço da ciência e da tecnologia, e a próprialógica de funcionamento do modo deprodução capitalista, criou condiçõesmateriais que levaram ao avanço dachamada economia de mercado que,por sua vez, gerou a sociedade de con-sumo e a globalização da economia.
O crescimento das estatísticas relati-vas ao uso e abuso de drogas nos últi-mos anos, assim como a multiplicaçãode novas substâncias, tem sido assusta-dor. Os casos de violência que ocorremem torno do consumo de álcool e outrasdrogas são cada vez mais comuns.
A reportagem do Jornal da Saúdesaiu à rua para saber o que os angolanospensam sobre as causas desta situação.E falou também com uma psiquiatra, amédica Fausta Sá Vaz da Conceição, pa-ra poder transmitir aos nossos leitoresuma visão mais científica do problema.
Más companhiasExistem vários fac-tores que fazem osjovens desviarem-see consumirem ál-cool, drogas, e en-trarem para o mun-do da criminalidade.Entre outros, cons-tam as más compa-nhias, a influência domeio social e dosamigos, curiosidade,vontade própria, po-breza, falta de coe-são e acompanha-mento familiar.
Antónia
Guimarães
Professora
Rui MoReiRa de Sá com FRanciSco coSMe
A perspectiva científica
Ilusões, riqueza ilícita, desestruturação familiar e discriminaçãoFausta Sá Vaz da Conceição Psiquiatra
Na esfera psiquiátrica são inú-meras as razões que levam osjovens a consumir álcool, dro-gas e a inclinarem-se para a cri-minalidade. Entre outras,constam principalmente asilusões que a juventude possui,a riqueza ilícita e o branquea-mento de capitais no país. An-tigamente, não existiam emAngola negociantes de drogas.Ou se havia eram poucos. Ac-tualmente, o consumo e oscomportamentos indesejáveissão crescentes.
Enquadra-se ainda nesteleque de factores o querer afir-mar-se na sociedade, a deses-truturação familiar e a discri-minação das pessoas no seiodas famílias. Padecendo desteproblema, estes indivíduosacabam por se refugiar nasdrogas, ou mesmo na crimi-nalidade. Também os meno-res que sofrem bullying porparte dos seus colegas, paratentarem ultrapassar esta si-
tuação, frequentemente pro-curam o consumo de subs-tâncias psicotrópicas.
A pobreza não deve sermencionada, porque, muitossão os indivíduos que cresce-ram em ambientes de extremapobreza e não enveredarampelo consumo de drogas e de-linquência. Não devemos as-sim rotularmos sempre as ca-madas baixas da sociedade,
porque os que mais fazem ouso de drogas não são os maispobres ou fragilizados, até por-que estes não têm dinheiro pa-ra consumirem as drogas e su-portarem os dispendiosos gas-tos.
As drogas acarretam pro-blemas nefastos, não só paratoda a saúde do ser humano,mas também para a socieda-de.
Falta de instrução O que leva os jovensa optarem pelo con-sumo de álcool, dro-gas, e ingressaremna criminalidade é,sobretudo, o meiosocial em que se en-contram inseridos, afalta de instrução fa-miliar, educação aca-démica e religiosa,más companhias, in-fluências de váriaspessoas da socieda-de, quer sejam vizi-nhos, amigos e ou-tros actores sociais.
Camila de Brito
Castelo Branco
Funcionária pública
Ruptura familiarNo meu ponto devista, o que leva osjovens a consumi-rem álcool, drogas eabraçarem a crimi-nalidade é a rupturafamiliar, ou a separa-ção dos pais, falta derecursos para sesustentarem, in-fluência dos amigos,falta de incentivosdo Estado, empregoe de inserção esco-lar.
Micaela Costa
Vissueca
Estudante universitária
LucrofácilNa minha opinião, oque leva os jovens aconsumirem o álcool,drogas, e cometeremcrimes é falta deacompanhamento fa-miliar e de emprego,influência dos amigos,entrada e o aumentode estrangeiros nopaís, convívios nãosaudáveis com pes-soas que optam pelolucro fácil, e os gruposque são formadosnos bairros com fina-lidades desviantes.
Catarina Manuel
Joaquim Cristóvão
Funcionária pública
Falta de oportuni-dades
As principais razões,a meu ver, são a po-breza extrema, osproblemas sociais, afalta de um dosmembros no seio fa-miliar, iniciativaspróprias, desempre-go, as más compa-nhias, falta de opor-tunidades, e de polí-ticas do Estado paraa inserção dos mes-mos na sociedadeque é cada vez maiscompetitiva.Carlos
Hardman Lima
Funcionário público
Desestrutu-ração das famílias
Os factores são, pri-meiramente, o de-semprego, a falta devínculo familiar, valo-res morais, religião ea desestruturaçãodas famílias. Quandose tem uma famíliaestruturada é maisfácil construir umasociedade saudável.
Ylton Hernâni
Ernesto
Técnico de segurança higiene e saúde no trabalho
Défice naeducaçãoO que tem impul-sionado os jovens aenveredarem peloconsumo de álcool,drogas e a caírem nacriminalidade é, so-bretudo, a influênciado meio onde os in-divíduos se insereme a falta de educa-ção. É do conheci-mento de todosque, quando um paístem um grande défi-ce na educação, en-frenta graves pro-blemas sociais.
Ayrton Cruz
Estudante universitário
17medicinA trAdicionAlJSA Julho/Agosto 2016
18 SAÚDE DA MULHER Julho/Agosto 2016 JSA
Cerca de 21% de casos de infecçãopor HPV são de alto risconDos 1109 casos de mulheres que foram ao LuandaMedical Center (LMC) proceder a um rastreio ao can-cro do colo do útero (rastreio HPV), cerca de 21% apre-sentaram um resultado considerado de “alto risco”. Fo-ram detectados dois casos de cancro em mulheres nafaixa etária dos 35/45 anos, numa fase já avançada ecom necessidade de começar tratamento de imediato.
Estes resultados constam do estudo apresentado es-te mês pelo LMC que iniciou a sua primeira campanhade prevenção do cancro do colo do útero em Fevereiroúltimo. As conclusões são reveladoras da importânciada prevenção e do diagnóstico precoce.
“Sabemos que o cancro do colo do útero é a segundamaior causa de morte entre mulheres em todo o mundoe, também, o tipo de cancro mais frequente nas mulhe-res africanas. Por isso decidimos lançar esta campanhade prevenção. O nosso papel é fundamental o sentidode informar e educar a população para a importânciade fazer rastreio precoce” refere Rita Matias, directorade marketing do LMC.
Detecção precoce pode ser a salvação“Existe um enorme preconceito quanto ao rastreio adoenças, sobretudo aquelas que mais matam. É crucialinverter essa forma de pensar, pois a detecção precocede doenças pode ser a diferença entre a vida e a morte”conclui.
Cancro do colo do útero
O cancro do colo do útero é causado pelo vírus do Papilo-ma Humano (HPV). O seu desenvolvimento é silencioso,pelo que não se deve esperar pelos sinais de alarme. Calcu-la-se que quatro em cada cinco mulheres são expostas aovírus em algum momento da sua vida. Na maior parte dasmulheres, a infecção pelo HPV é eliminada pelo sistemaimunitário, sem nunca ter criado qualquer tipo de sinto-mas. Porém, em alguns casos, a infecção persiste e o víruspode provocar alterações nas células do colo do útero,promovendo a sua transformação em células cancerosas.Qualquer pessoa pode ser infectada com HPV. O HPV étransmitido por contacto sexual. Mesmo que só tenha tidoum parceiro sexual o vírus poderá ser transmitido.É possível prever o risco de desenvolvimento deste cancroe detectar as lesões precursoras através da realização deteste de rastreio. A prevenção através do rastreio regular(Papanicolau) e/ou teste de HPV juntamente com a vacina-ção é fundamental para evitar o cancro do colo do útero.Todas as mulheres que já iniciaram a sua actividade sexualdevem realizar o PAPANICOLAU e o teste de HPV. Existea possibilidade de evitar o HPV que desenvolve para can-cro através da vacinação. A vacina é recomendada para me-ninas a partir dos 9 anos.
Sobre o vírus HPV
20 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Julho/Agosto 2016 JSA
Nove coisas que as pessoasbem sucedidas nunca fazemnO presidente de uma em-presa norte-americana quese dedica à inteligênciaemocional publicou um ar-tigo na rede LinkedIn, noqual identifica vários com-portamentos que as pessoasde maior sucesso evitam atodo a custo.
Segundo Travis Bradberry,presidente de uma empresaque se dedica à inteligênciaemocional, a capacidade degerir as emoções e manter acalma - quando sob pressão -é fundamental para alcançaro sucesso. Mas há mais: de-pois de analisar mais de ummilhão de pessoas, o cofun-dador da TalentSmart e autor
de um best seller sobre o te-ma concluiu que a inteligên-cia emocional está direta-mente ligada ao sucesso. Noartigo publicado da rede de li-gações profissionais Linke-dIn, o especialista identificounove características compor-tamentais dos emocional-mente inteligentes.1. Não viver no passadoQuando se vive no passado, omais provável é nunca seconseguir seguir em frente.Deste modo, o fracasso pode"minar" a sua autoconfiançae impedi-lo de ser bem suce-dido no futuro. "As pessoasemocionalmente inteligentessabem que o sucesso residena sua capacidade de ultra-
passar o fracasso, e não po-dem fazer isso ao viverem nopassado", explica Bradberry.Apesar dos fracassos já come-tidos, é importante as pessoasacreditarem que nada se con-segue sem riscos e esforços,acreditando sempre nas suascapacidades de vencer.2. Não se refugiar nos problemasPara Bradberry, o foco daatenção determina o estadoemocional, ou seja, quandouma pessoa se fixa num pro-blema as emoções serão ne-gativas e stressantes. Esse tipode sentimentos vai influen-ciar de forma negativa o de-sempenho pessoa. Destemodo, ao invés de se "afunda-
rem" nos problemas, as pes-soas emocionalmente inteli-gentes focam-se em procurarsoluções para resolverem oproblema.3. Não se focar na perfeiçãoNa pesquisa desenvolvida, aspessoas bem sucedidas nãoprocuravam a perfeição,conscientes de que esta nãoexiste. "Quando a perfeição éo objetivo, a pessoa sentirásempre a sensação de fracas-so, gasta o seu tempo a la-mentar o que deixou de fazere o que poderia ter feito deforma diferente, em vez deapreciar o que era capaz dealcançar", acrescenta Brad-berry.4. Não viver cercados de pessoas negativasAs pessoas que estão cons-tantemente a queixar-se dosseus problemas e que sãonegativas representam umperigo para o sucesso dosque as rodeiam; Não sepreocupam com soluções,apenas pretendem levar al-guém consigo "para a cova",de modo a se sentirem me-lhor. Por estas razões e maisalgumas, afaste-as de si.Mesmo que isso o possa fa-zer sentir-se mal e insensível,"há uma linha que separaemprestar um ouvido sim-pático e ser sugado para den-tro de uma espiral emocio-nal negativa", defende Brad-berry.5. Não ter medo de dizer"não""Dizer não é realmente umgrande desafio para a maio-ria das pessoas", admite o es-
pecialista. Contudo, quandoé necessário dize-lo, as pes-soas bem sucedidas fazem-no sem rodeios, e de formadireta. A investigação con-cluiu que a dificuldade emdizer "não" está relacionadacom o stress e com a depres-são. Ao conseguir dizer estapalavra está a assumir osseus compromissos e a de-fender o que quer, o que lhepermite alcançar o sucesso.6. Não deixar ninguéminfluenciar a sua felici-dadeQuando as pessoas emocio-nalmente inteligentes sesentem bem, elas não dei-xam que os outros estra-guem essa felicidade comopiniões e sentimentos des-trutivos. E também nãocomparam felicidades. Nãoimporta o que as outras pes-soas pensam ou fazem, a suaautoestima vem de si. Temde se preocupar com aquiloque faz, não com o que osoutros fazem.7. Perdoar, mas não esquecerA investigação concluiu queas pessoas com maior inteli-gência emocional são rápi-das a perdoar, o que nãoquer dizer que esqueçam.Não ficam a "remoer" o quese passou, mas isso não sig-nifica que irão dar hipótesesa um novo erro.8. Não desistir da lutaSegundo Bradberry, as pes-soas emocionalmente inteli-gentes sabem o quão impor-tante é lutar para viver no diaseguinte. Deste modo, em al-turas de conflito, enfrentamos problemas e não se dei-xam abater pelas dificulda-des. Fazem-no com cautela,controlando as suas emo-ções e capacidades com sa-bedoria. Esta é a forma maiseficaz de defenderem o "seuterritório e saírem vitorio-sos".9. Não guardar rancorTendo e conta estudos reali-zados, guardar rancor é, naverdade, uma resposta aostress. Pesquisadores daUniversidade de Emorymostraram que o stress con-tribui para a pressão arteriale para doenças cardíacas. Aoguardar o rancor está a guar-dar também o stress, e assim,nunca alcançará o sucesso.Ou seja, aprender a libertar-se do rancor não só o vai fa-zer sentir-se melhor comotambém vai melhorar a suasaúde. As pessoas emocio-nalmente inteligentes sa-bem que devem evitá-lo a to-do o custo.
Algumas profissões são au-
tênticos atentados à saúde
do coração. Parece exage-
ro? Então veja a lista criada
pela Associação Americana
do Coração.
1. Condutores de auto-
carros, comboios e ca-
miões. Os investigadores
notaram que as pessoas
com esta profissão tendem
a fumar e a passar muito
tempo sentadas, o que faz
com que tenham um
maior risco de sofrerem
um AVC.
2. Secretários e admi-
nistradores. Os hábitos
alimentares pouco saudá-
veis e comuns em 68% dos
inquiridos fazem desta
profissão um atentado pa-
ra a saúde, uma vez que a
este ‘pecado’ juntam-se as
horas a fio sem sair da ca-
deira. As pessoas com em-
pregos sedentários ten-
dem a ter níveis de coles-
terol elevados, o que
impulsiona o risco de pro-
blemas de coração.
3. Empregados de res-
taurantes, cantinas e
cafés. Lidam com comida
todos os dias, mas são os
que pior comem, diz a in-
vestigação, revelando que
79% dos inquiridos desta
área seguem uma dieta má.
4. Seguranças, polícias
e bombeiros. Seja pelos
turnos rotativos, ou pela
falta de tempo para comer,
estes profissionais têm, na
sua maioria, uma má ali-
mentação, sendo que 90%
dos inquiridos mostram-se
mais propensos a ter peso
a mais ou a serem classifi-
cados como obesos. Os ní-
veis elevados de colesterol
e a pressão arterial alta são
outras duas consequências
nocivas deste tipo de em-
prego.
Entre os mais saudáveis, diz
a BBC, estão os freelan-
cers, os profissionais de
saúde, os atletas e todos os
que trabalhem directa-
mente em comunicação,
uma vez que são os que
mais exercício praticam e
os que mais cuidados têm
com a alimentação.
O ranking dos empregos
mais ‘amigos’ da saúde é li-
derado pelos profissionais
de fitness.
Diga-me a suaprofissão e dir-lhe-ei como é a sua saúde
Passo 1: Exercite o Cérebro Seja qual for a parte do cor-po, quase todas seguem omesmo mantra: ou são apro-veitadas ou são desperdiça-das. Se não usar os múscu-los, acabarão por ficar molesque nem papas. Se não exer-citar o coração, as artérias fi-carão mais obstruídas que asruas de Luanda. E até os uro-logistas dão o mesmo conse-lho aos homens no que dizrespeito à disfunção eréctil:se quiser continuar a escre-ver, é melhor afiar o lápis. Ecom o cérebro não é diferen-te. Na verdade, devíamosexercitar o cérebro com amesma regularidade comque fazemos qualquer outrotipo de exercício. Manter océrebro activo, tanto emo-cional como mentalmente,ajuda a prevenir a perda dememória. A primeira coisa que deve
evitar é viver em modo de pi-loto automático - ou seja, tera mesma rotina dia após dia.Se descobrir maneiras de fa-zer alongamentos mentais,evitará o encolhimento cere-bral. A forma mais clássicade o conseguir é aprendercoisas novas - seja aprenderespanhol, aprender a tocaralgumas melodias numa
harmónica ou reconstruirum motor de um carro. Oimportante é usar partes docérebro que normalmentenão usa. Tal como os múscu-los, o cérebro cresce quandotrabalha fora da sua rotinahabitual. Outra forma de exercitar o
cérebro é, como dizem oscientistas, "testar os limites". Foi concebido um projec-
to em larga escala para veri-ficar se testar os limites pro-porcionava realmente o cres-cimento de novos neuróniose de dendrites (a parte dosneurónios que apanha a in-formação dos neurotrans-missores). Nesse projecto,cada computador era pro-gramado para perceber a ca-pacidade de uma pessoa na
área da matemática. Depois,o computador programavaum teste para essa pessoa deacordo com as suas capaci-dades. Mas, de cada vez queo computador ultrapassavaos limites, os investigadorespodiam ver o crescimento deneurónios e de dendrites(nas imagens recolhidas docérebro dos participantes). Amelhor parte da história, po-rém, é que as pessoas nãoprecisavam de dar respostascertas para obter os benefí-cios de testar os limites. Bas-tava fazerem um teste umpouco além das suas capaci-dades (80 por cento de res-postas certas, 20 por cento derespostas erradas) e era o su-ficiente para desencadearum novo crescimento de
neurónios. Posto isto, supo-nhamos que você conseguefazer as palavras cruzadasque saem no Jornal de Ango-la à quarta-feira, mas pratica-mente não completa metadedas que saem ao domingo.Se o melhor para o seu ego écontinuar a ser o mestre dopuzzle de quarta-feira, o me-lhor para o cérebro será con-tinuar a tentar as palavrascruzadas de domingo (desdeque não seja tão frustrante aponto de perder toda a pia-da). Tal como um atleta setorna mais rápido ou maisforte quando treina paraatingir os objectivos que es-tão fora do seu alcance, vocêpode treinar o cérebro paraque ele fique mais inteligentee mais vivo. Outro elemento a ter em
conta é, claro, a formação.Quanto mais souber, maisestimulará a capacidade deaprendizagem do cérebro.Um estudo realizado entreumas freiras de um conventoé disso um excelente exem-plo. Os investigadores anali-saram a estrutura das frasesde umas composições que asfreiras tinham feito antes deentrarem para o convento.Depois, analisaram a suafunção cognitiva cerca de 65anos mais tarde. As que ti-
nham usado estruturas defrases complexas quando ti-nham entrado eram as quetinham uma boa função cog-nitiva à medida que iam en-velhecendo. (E houve outradescoberta importante: asque eram mais optimistas àentrada apresentavam tam-bém uma maior função cog-nitiva.) Resumindo e concluin-
do, todos temos interessestão diversos que só nós po-demos escolher as activida-des que irão estimular amente para além das capaci-dades normais. Convém es-colher algo de que goste; de-verá sentir que se trata deuma pausa e não de umasessão de estudo. De qual-quer modo, podemos suge-rir outras formas para me-lhorar o funcionamento docérebro na vida do dia-a-dia.No trabalho, muitas pessoasseguem a mesma rotina to-dos os dias: bebem o café,sentam-se, vão ao Facebook,bebem mais um café, vêemo e-mail, vão à casa de ba-nho, tratam do expediente,telefonam ao cliente, engo-lem o almoço, levam comum sermão do chefe, e por aíadiante. Claro que é o seuchefe que lhe diz como devefazer o trabalho, mas gosta-
21SAÚDE MENTALJSA Julho/Agosto 2016
Quando fazemos exercício,
vemos a nossa barriga a en-
colher. Quando paramos de
comer fritos, vemos os ní-
veis de mau colesterol
(LDL) a baixar. Quando dei-
xamos de fumar, podemos
finalmente parar de pigar-
rear. Resumindo, quando
mudamos de hábitos, perce-
bemos de imediato as mu-
danças no corpo. No que diz
respeito ao cérebro, porém,
é mais difícil saber como es-
tamos. O cérebro não pode
chegar ao ginásio, tirar o
chapéu e exibir umas fle-
xões (eh pá! Tens o hipocam-
po todo roto!). Só que isso
não é razão para ignorar o
único órgão que lhe dá pre-
cisamente o poder de ir ao
ginásio fazer essas e outras
coisas. O que se segue é o
seu programa para cons-
truir um cérebro melhor -
agora e no futuro.
Cérebro:plano de acção para mantê-lo jovem e activo
Já se fizeram estudos sufi-
cientes para podermos di-
zer que beber 0,6 litros
(duas chávenas grandes) de
café fraco por dia contribui
para diminuir o risco da
doença de Parkinson em 40
por cento e o risco da
doença de Alzheimer em 20
por cento. Porquê? Não te-
mos a certeza, mas ao que
parece a cafeína tem um
efeito benéfico sobre os
neurotransmissores. O efei-
to da cafeína é enorme, seja
através do café, do chá ou
de bebidas de baixas calo-
rias. Contribui para que vo-
cê fique três a seis meses
mais novo. Atenção: para al-
gumas pessoas, demasiada
cafeína provoca palpitações,
alterações no controlo da
diabetes, indisposições, an-
siedade ou enxaquecas; nos
homens que sofrem de uma
doença da próstata chama-
da hipertrofia benigna da
próstata, a cafeína pode fa-
zer pior, uma vez que pode
provocar espasmos na ure-
tra.
Mito ou Facto?
O café fazbem ao cérebro?
22 SAÚDE MENTAL JSA Julho/Agosto 2016
ríamos de sugerir que tro-casse a ordem habitual devez em quando. Ter a mes-ma rotina todos os dias nãoestimula o hipocampo - aparte do cérebro que é maisresponsável pela memória.Para manter uma mente ac-tiva, tente simplesmente va-riar a rotina no trabalho ouem casa. Comece por telefo-nar ao cliente ou escreva pri-meiro o relatório em vez dedeixar isso para último lugar.Qualquer que seja a sua roti-na, altere a ordem das tare-fas.
Passo 2: Alimente o Espírito Em geral, o que faz mal aocoração também faz mal aocérebro. Não há nada queenganar: se as batatas fritasde que tanto gosta lhe pe-sam na balança, o mais gra-ve é que parte dessas batati-nhas é lançada pelas artériasacima até chegar ao cérebro.As gorduras saturadas obs-truem as artérias que con-duzem ao cérebro, aumen-tando o risco de AVC. Aocontrário, os ácidos gordosómega 3 (o tipo de gordurasque encontramos no peixe)são benéficos para o cora-ção, porque ajudam a man-ter as artérias limpas, alémde intervirem na formaçãodos neurotransmissores ediminuírem a depressão.
Estes são os melhores ali-mentos para o seu cérebro: FRUTOS SECOSContêm gorduras monoin-saturadas, que ajudam amanter as artérias saudáveis,e percursores de serotonina,para animar o nosso estadode espírito. Dose Recomendada 28 g por dia é o suficiente; po-de ultrapassar um pouco es-ta quantidade, mas lembre-se – tenha cuidado com ascalorias a mais – de que 28 gé o equivalente a 12 nozes ou24 amêndoas.Diferença na Idade Real Homens: 3,3 anos mais novos Mulheres: 4,4 anos mais novas
PEIXEprincipalmente salmão, sar-dinha, pescada,cacusso, ba-gre, solha, dourado-do-mar.Contém ácidos gordosómega 3, muito benéficospara a saúde das artérias. Dose Recomendada 380 g por semana (ou três do-ses do tamanho do seu pul-so)
Diferença na Idade Real2,8 anos mais novos
FEIJÃO DE SOJAContém proteínas, fibras egorduras benéficas para asartérias e para o coração. Dose Recomendada 1 chávena por dia Diferença na Idade Real0,4 anos mais novos
TOMATEsumos, molhos e refoga-dos.Contém folatos, licope-no e outros nutrientes bené-ficos para a saúde das arté-rias. Dose Recomendada225 g de sumo por dia; 2 co-lheres de sopa de molho Diferença na Idade RealPelo menos um ano maisnovos
AZEITE, ÓLEO DE FRUTOSSECOS, ÓLEO DE PEIXE, SEMENTES DE LINHO,ABACATE Contêm gorduras monoin-saturadas benéficas para ocoração. Dose Recomendada 25 por cento das calorias diá-rias devem provir de gordu-ras saudáveis
CHOCOLATE VERDADEIRO(feito à base de cacau) Dose Recomendada 30 g por dia (em substituiçãodo leite com chocolate) Diferença na Idade Real1,2 anos mais novos
Passo 3:Diminua o Stress De certa maneira, o stresspode ser bom. Trata-se domecanismo fisiológico quenos ajuda a funcionar. Aju-da-nos a cumprir prazos e afugir de leões. Ao enfrentar-mos uma situação que exigeuma reacção da nossa parte,podemos decidir lutar con-tra ela (acelerar para cumprirum prazo) ou fugir dela (ostais leões de que falávamos). É a chamada reacção "lu-
tar ou fugir". Quando os fac-tores de tensão atingem ní-veis extremamente elevados,o stress torna-se perigoso. Eisso deve-se ao efeito da hor-mona do stress chamadacortisol. Quando estamosconstantemente sob stress,os níveis de cortisol man-têm-se elevados. O cérebronão envelhece só porque opneu da bicicleta rebentouou o pára-choques levouuma batida no parque de es-tacionamento. Esses Impor-tantes Mas Remediáveis
acontecimentos (chama-mos-lhes IMR) não nos fa-zem mais velhos, porque sãoproblemas que podemos re-solver. Ao contrário, a doen-ça surge a partir de aconteci-mentos que nos deixamconstantemente em stress,por um longo período detempo (mesmo que aosolhos de outras pessoas nãopassem de questões de me-nor importância). Uma dascategorias em que incluímosestes factores de stress é aTCPC - Tarefas Chatas PorCumprir. Por exemplo, ostress irritante de se sentarnuma tampa de sanita quenão encaixa bem, e o facto de"deixar andar" esse proble-ma farão nascer-lhe cabelosbancos se for uma daquelascoisas que o remói de cadavez que vai à casa de banho.A outra categoria advém degrandes acontecimentos navida - como mudar de casa,lidar com problemas finan-ceiros, ou lidar com a mortede um familiar. O stress irri-tante desgasta, enquanto osfactores de stress persisten-tes são verdadeiros assassi-nos. Se diminuir o stress na sua
vida, seja através do convíviocom amigos, do exercício, ouda meditação, seja através deoutros métodos, conseguiráinfluenciar a sua qualidadede vida e viver mais jovem.Se o fizer, conseguirá reaver30 dos 32 anos que os acon-tecimentos marcantes da vi-da lhe podem roubar. Osnossos métodos preferidospara reduzir o stress são rir emeditar. Rir reduz a ansieda-de, a tensão e o stress e podetorná-lo 1,7 a 8 anos mais jo-vem. Com a meditação, osbenefícios são muitos. A me-ditação ajuda a preservar ascélulas cerebrais e as funçõesrelacionadas com a memó-ria. Além disso, a componen-te de redução do stress queenvolve a meditação contri-bui para prevenir doençascomo a depressão e os dis-túrbios de ansiedade. Parameditar, tudo o que necessi-ta é de um quarto silencioso.Com os olhos parcialmentefechados, concentre-se narespiração e repita lenta e in-definidamente a mesma pa-lavra ou frase - por exemplo,"óm" ou "um". O cardiologis-ta Dean Ornish inicia esseprocesso com uma pequenabarra de chocolate preto. Oprocesso de repetir a mesmapalavra é o que ajuda a clari-ficar e a relaxar a mente e é oque tem o efeito positivo glo-
bal na saúde, a não ser que seponha a repetir "calulu", ou"mufete" :-)
Passo 4: Seja NaturalSeguem-se as principais vi-taminas e os principais su-plementos que podem be-neficiar o funcionamento ce-rebral, melhorando o humor,a memória e outros aspectosda mente, contribuindo aomesmo tempo para 'que estase mantenha jovem. FOLATOS, B6 E B12 Ní-
veis elevados de homocisteí-na são perigosos, uma vezque duplicam o risco deAVC. Pensa-se que a homo-cisteína provoca pequenasaberturas entre as células en-doteliais (que constituem oforro interior das artérias),conduzindo à deterioraçãoda parede arterial, à forma-ção da placa ateroscleróticae inflamação. Tomar 800 mi-cro¬gramas de suplementosde folatos por dia, ou 1.400micro gramas através da ali-
mentação, pode reduzir osníveis de homocisteína dras-ticamente - o excesso de ho-mocisteína é removido dacorrente sanguínea, suspen-dendo-se assim os seus efei-tos do envelhecimento. Isto éimportante porque, à medi-da que envelhecemos, va-mos assimilando menos fo-latos a partir dos alimentos, econsequentemente o teor defolatos no sangue diminui;não será por acaso que esta éa carência vitamínica maiscomum entre os mais idosos.Alimentos como espargos,alcachofras, couves de Bru-xelas, feijão branco e semen-
tes de girassol contêm fola-tos. Muitas pessoas apresen-tam também níveis insufi-cientes das vitaminas B6 eBI2. Entre os alimentos comvitamina B6 estão o frango,as bananas e a polpa de to-mate; com vitamina BI2 te-mos o salmão, o atum, o bor-rego, as fibras e os flocos detrigo. Se tomarmos diaria-mente 800 microgramas defolatos, 6 miligramas de vita-mina B6, e 800 micro gramasde vitamina B12 através dosalimentos ou 25 micro gra-mas através de suplementos(os suplementos de B12 sãomais fáceis de absorver), po-demos subtrair 1,2 anos àRealAge [Idade Real] emapenas três meses e, prova-velmente, 3,7 anos em trêsanos. COENZIMA Q10A coen-
zima Q10 foi alvo de todas asatenções e conseguiu termais destaque do que o ca-samento de qualquer cele-bridade - isto tudo porqueprevine o envelhecimento
“Outro elemento ater em conta é aformação. Quantomais souber, maisestimulará acapacidade deaprendizagem”
23JSA Julho/Agosto 2016
cardiovascular (para além deajudar doentes em estadocrítico que aguardam porum transplante de coração).Acredita-se que a coenzimaQ10 tem efeitos benéficos so-bre o coração e que podeigualmente prevenir o enve-lhecimento cerebral. Pre-sente naturalmente nos ór-gãos do nosso corpo, a coen-zima Q10 estimula osmecanismos de produçãode energia a nível celular,particularmente no tecidomuscular e nas células dostecidos nervoso e cerebral.Os nossos corpos produzemnaturalmente esta coenzima- mas só quando não temosfalta de vitamina C ou das vi-taminas do complexo B, co-mo a BI2, B6 e folatos. ÁCIDO ALFA LIPÓICO E
L-CARNITINA Através deexperiências realizadas emratos, ficou demonstradoque estas duas substânciasmelhoravam a função cogni-tiva. Os ratos mais velhos,que recebiam uma dose des-
tas duas substâncias, conse-guiam encontrar a comidano labirinto tão depressaquanto os ratos mais jovens -e mais rápido que os ratosque não recebiam dose algu-ma. A L-carnitina é um ami-
noácido que ajuda a trans-portar energia entre as célu-las e, em estudos realizadoscom animais, ficou demons-trado que diminui o enve-lhecimento arterial e melho-ra a memória. Para pessoascom mais de 60 anos, reco-mendamos 1.500 miligra-mas de L-carnitina por dia. Quanto ao ácido alfa-li-
póico (que também ajuda ocorpo a produzir energia),acredita-se que contribui pa-ra atenuar o envelhecimentodo nosso ADN, provocadopela glicose e pelo oxigénio, eque promove a circulação deambos (glicose e oxigénio)para as fontes de energia donosso corpo. Actualmente,não foi ainda divulgada infor-mação suficiente, mas, assim
que forem publicados novosdados, faremos algumas re-comendações. Fique atento.
RESVERATROLTrata-sede um flavonóide que se en-contra no vinho tinto que pa-rece inibir o envelhecimentodo ADN na mitocôndria - afonte de energia da célula.Este flavonóide actua comoantioxidante, o que contribuipara reduzir o envelheci-mento das artérias e do siste-ma imunitário. Encontra-sesobretudo no vinho tintoporque a pele das uvas con-tém resveratrol e o vinho tin-to esteve em contacto com apele da uva por mais tempodo que o vinho branco (porisso é que é vermelho). Paraobter o máximo benefício(até 1,9 anos mais jovem),consuma álcool com mode-ração - um ou dois copos devinho por dia, para os ho-mens, meio copo ou um co-po por dia, para as mulheres. SAM Um aminoácido na-
tural, a S-adenosilmetioninatrata a depressão alterando areacção química dos neuro-transmissores associados aesta doença. Algumas auto-ridades mostram preocupa-ção pelo facto de se receita-rem demasiados antidepres-sivos com efeitos secundá-rios graves. A SAM parece termenos efeitos secundários.Se sentir que necessita deum antidepressivo, procureajuda. Dose normal para aSAM: 800 a 1.200 miligramasdiários (em jejum). Muitosestudos focaram a sua aten-ção no hipericão como anti-
depressivo; o problema éque ele interage com outrosmedicamentos. Por exem-plo, no caso da pílula contra-ceptiva, o hipericão aumen-ta o metabolismo de certassubstâncias e a pílula deixaassim de fazer efeito, tornan-do-se inútil para 25 por centodas pessoas que tomam osdois medicamentos ao mes-mo tempo. A SAM é tão efi-caz como o hipericão nas de-pressões menos graves, coma vantagem de não interagircom outros medicamentos.
Passo 5: Pense no MussuloVocê está numa praia, comuma bebida fresca numamão e o último livro deLuandino Vieira na outra. Abrisa marítima beija-lhe a fa-ce enquanto o mar lhe fazcócegas nos pés. Ouve as gai-votas a conversar, as ondas arebentar e a banda lá ao fun-do a improvisar. No ar, ocheiro a água salgada e a óleode coco. Soa-lhe a paraíso? Émuito mais do que isso. Essaimagem que lhe assolou oespírito acabou de estimularo seu cérebro. Sonhar acor-dado torna a mente flexível.Ao agitar essa parte do cére-bro que lida com a imagina-ção, você põe o pensamentoa funcionar fora do seu de-curso habitual e isso, comovocê já sabe, estimula a fun-ção cognitiva. Encare o so-nhar acordado como umaparte importante do seu pla-no de acção mental. Só que-remos que a sua mente este-
ja activa, por isso aquilo comque sonha é exclusivamenteda sua conta - seja as praiasdo Mussulo, nas quedas deCalandula, ou uma noitecom a sua vedeta preferida.
Passo 6: Consulte os Profissionais Tal como não existe nenhumcomprimido que nos ensinea falar chinês, ou que derretaa gordura num segundo,também não existe nenhu-ma panaceia exclusiva paraas perturbações da persona-lidade. Cada pessoa (e cada
perturbação) é única, tal co-mo as riscas de uma zebrasão únicas. Por isso mesmo,as pessoas que sofrem deperturbações de personali-dade precisam de saber co-mo reestruturar o cérebrocom ajuda profissional. Jáagora, versões moderadas deperturbações de personali-dade podem contribuir parao sucesso, se acertarmos nacarreira que escolhemos.
Passo 7:Use o Capacete Não devia ser necessário,mas já vimos muitas cabeçasdespidas ao volante de mo-torizadas para saber quenunca é demais repetir:usem o capacete sempre queandarem de bicicleta, de pa-tins, de skate, moto, sempreque fizerem escaladas ou ou-tros desportos do género.Porque o cérebro tem a con-sistência de um ovo cozido,qualquer traumatismo cra-niano, por menor que seja (epor "menor" entenda-se umimpacto que nos deixa ator-doados, sem nos conseguir-mos lembrar bem do queaconteceu) é como se esbor-rachássemos o ovo, o quepode causar um apagão empartes do circuito eléctricoque estão relacionadas coma memória a longo prazo.Desligar uma central eléctri-ca com uma cabeçada nãopode fazer bem à rede deelectricidade, e muitas vezesnem nos apercebemos dosefeitos a longo prazo durantedécadas.
Para perceber o poder que
tem de exercitar o seu cére-
bro, repare neste estudo
que mediu o tamanho do
cérebro dos taxistas ingle-
ses. Porquê dos taxistas?
Apesar dos habituais insul-
tos aos transeuntes que têm
a mania de passar fora das
passadeiras, os taxistas têm
um trabalho muito desgas-
tante. Além de decorar a
complexa disposição das ci-
dades, têm de conhecer os
caminhos mais rápidos para
chegar aos sítios. O resulta-
do da pesquisa indicou que
os taxistas mais experientes
- e, por conseguinte, os que
continuavam a evoluir para
conseguir sempre mais ban-
deiradas - estavam constan-
temente a exercitar o cére-
bro para poderem sobrevi-
ver numa indústria tão
competitiva e a verdade
é que apresentavam os lo-
bos temporais direitos
maiores do que o habitual.
O cérebro deles era maior
porque era usado todos os
dias, a toda a hora
e de muitas maneiras.
Mito ou Facto?
Podemos ficar maisinteligentesdo que já somos?
“As gordurassaturadas obstruemas artérias queconduzem aocérebro,aumentando o riscode AVC. Aocontrário, os ácidosgordos ómega 3 (otipo de gordurasque encontramosno peixe) sãobenéficos para ocoração, porqueajudam a manter asartérias limpas,além de interviremna formação dosneurotransmissorese diminuírem adepressão”