GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE A DANÇA NO CONTEXTO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ALGUMAS POSSIBILIDADES CRISTIANE APARECIDA FREIRE FERREIRA 1 UEL - Londrina 2008 Secretaria de Estado da Educação do Paraná - Professora Especialista em Educação Física do Ensino Fundamental e Médio – Professora Efetiva do Estado. E-mail: [email protected]
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A DANÇA NO CONTEXTO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA · Assumindo a Dança um conteúdo da cultura corporal, e um dos conteúdos estruturantes da Educação Física, como falar de
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GOVERNO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
A DANÇA NO CONTEXTO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ALGUMAS POSSIBILIDADES
CRISTIANE APARECIDA FREIRE FERREIRA1
UEL - Londrina2008
Secretaria de Estado da Educação do Paraná - Professora Especialista em Educação Física do Ensino Fundamental e Médio – Professora Efetiva do Estado. E-mail: [email protected]
Ana Maria PereiraProfª. Dra. da Universidade Estadual de Londrina
Resumo
O presente artigo é a materialização de um Projeto de Trabalho, que faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional, ação política pública, do Governo de Estado do Paraná – Brasil. Os estudos do Projeto de Trabalho em convergência com o Programa de Estado referem-se questões de redimensionamento da práxis pedagógica por meio da Formação Continuada em serviço e da atuação profissional. O propósito específico é articular novas formas de intervenção para o ensino da Educação Física, mais especificamente, do conteúdo estruturante Dança, a partir do real escolar, do chão de nossa escola. Consideramos este estudo como possibilidade de discussão e de intervenção desse conteúdo e valorização do mesmo como área de conhecimento. O referido estudo concretiza trabalhos com a Dança, considerando a história do aluno trabalhador rural e a interação família-escola. Argumentamos em favor de um ensino do conteúdo estruturante Dança conectado com o mundo-vida do aluno, contribuindo para uma aprendizagem significativa, assim como, a utilização da Dança como elo de ligação entre família e escola.
Palavras–chave: Dança. Escola. Possibilidades.
Abstract
This article is the materialization of a Project Work, which
is part of the Program for Educational Development, action, public
policy, the Government of State of Parana - Brazil. Studies Project
Working in convergence with the State Program relate to issues of
resizing practice teaching through continuing education and in service
of professional practice. The specific purpose is articulate new forms of
intervention for the teaching of Physical Education, specifically the
content structuring Dance from the actual school, the floor o four
school. We consider this study as a possibility for discussion and
intervention of the content structuring and upgrading of Dance as a
field. This study complements work and family-school interaction. We
argue in favor of a teaching of content structuring Dance connected
with the world of student-life, contributing to a significant learning as
well as the use of dance as a link between family and school.
Key-words: Dance. School. possibilities.
1- O Programa de Desenvolvimento Educacional
A Secretaria de Estado da Educação, do Estado do Paraná, em
parceria com a Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, instituiu o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
Este programa faz parte de uma política educacional inovadora de
Formação Continuada em Serviço, dos professores e professoras da
Rede Pública Estadual.
O PDE se constitui numa política pública que estabelece o diálogo
entre os professores da Educação Superior e os da Educação Básica,
por meio de atividades teórico-práticas orientadas e tem com objetivo
a produção de conhecimento visando as mudanças qualitativas na
prática escolar da escola pública paranaense. O objetivo desse
Programa é propiciar aos professores da Rede Pública Estadual
subsídios teórico-metodológicos tendo em vista o aprimoramento de
ações educacionais sistematizadas, redimensionando a sua práxis
pedagógica.
Participam desse Programa professores e professoras que
exercem o magistério na Rede Estadual de Ensino, que foram
selecionados por meio de uma prova pública. Esses professores têm
garantido o direito a afastamento remunerado de 100% de sua carga
horária efetiva no primeiro ano de formação continuada (ano de 2007)
e de 25% no segundo ano do Programa (2008).
O professores que estão em formação continuada deverão criar
as condições efetivas, no interior da escola com seu parceiros de
trabalho, para o debate e promoção de espaços de construção
compartilhada dos saberes e dos fazeres da práxis pedagógica da área
que estudam e pesquisam.
O Programa de Desenvolvimento Educacional está atento às reais
necessidades de enfrentamento de problemas ainda presentes na
diferentes modalidades da Educação Básica. O Programa contempla
vários conteúdos curriculares, sendo um deles a Educação Física. No
que se refere à organização do trabalho pedagógico em Educação
Física, de acordo com as diretrizes curriculares do Estado do Paraná, o
empenho foca-se na construção do projeto político pedagógico, no
reconhecimento social da disciplina, na unidade dialética entre teoria e
prática, com vistas à superação do trabalho fragmentado.
Como atividades desse Programa o professor PDE1, sob a
orientação de seu professor-orientador da Instituição de Ensino
Superior, IES, realizou as seguintes ações:
a) Plano de Trabalho: constituiu-se de um documento escrito,
elaborado individualmente pelo Professor PDE, sob a orientação de seu
professor orientador, contendo revisão de literatura sobre o tema, bem
como possibilidades de resolução dos problemas levantados no
cotidiano escolar na disciplina de Educação Física.
b) Acompanhamento dos Grupos de Trabalho em Rede: O GTR2
constituiu-se numa atividade do Programa de Desenvolvimento
Educacional caracterizada pela interação virtual entre o Professor PDE
e os demais professores da rede pública estadual, e buscou efetivar o
processo de Formação Continuada. O Professor PDE foi denominado
Tutor de um Grupo de Trabalho em Rede, composto de até 37
professores do Quadro Próprio do Magistério, conforme sua disciplina
ou área de seleção no Programa.
1 Doravante,usaremos a expressão professor PDE para designar os professores selecionados por concurso para participarem do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná.2 Daqui para frente, usaremos a sigla GTR para designar os professores participantes dos Grupos de Trabalho em Rede.
Nos Grupos de Trabalho em Rede, foram compartilhados e
socializados os conhecimentos adquiridos pelo professor PDE nos
Seminários e Cursos oferecidos pela Secretária de Educação do Estado
e pela Instituição de Ensino Superior. Conforme o PDE prevê, a carga
horária dos Grupos de Trabalho, foi de sessenta (60) horas, efetuada
em rede online, à distância, de modo virtual, com apoio da Plataforma
Moodle.
Moodle é uma plataforma de acompanhamento e integração em
rede, de modo informatizado, que esteve inserida no Portal Dia-a-dia
Educação do Governo Estadual do Paraná, no período de 10/09/2007 à
30/06/2008. Essa plataforma teve o objetivo de proporcionar a
integração entre os professores PDE e os professores do GTR, no
sentido de compartilhar conhecimentos e construir coletivamente uma
possibilidade de intervenção.
c) Produção Didático-pedagógica: caracterizada pela produção de
Material didático (Folhas) pertinente ao objeto de estudo, de acordo
com sua área/disciplina.O Folhas é um projeto de Formação Continuada
que favorece ao profissional da educação a reflexão sobre sua
concepção de ciência, conhecimento e disciplina, que influencia a
prática docente. O Folhas integra o projeto de formação continuada e
valorização dos profissionais da Educação da Rede Estadual do Paraná,
instituído pelo Plano Estadual de Desenvolvimento Educacional. O
Folhas, nesta dimensão formativa, é a produção colaborativa, pelos
profissionais da educação, de textos de conteúdos pedagógicos que
constituirão material didático para os alunos e apoio ao trabalho
docente.
d) Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na
Escola: visando principalmente enfrentar e contribuir para a superação
das fragilidades e problemas apontados pelo Professor PDE na escola
de atuação. Nossa intervenção ocorreu no Colégio Estadual Jerônimo
Farias Martins - Ensino Fundamental e Médio do Município de Santa
Cecília do Pavão, Estado do Paraná.
A organização desse programa de formação continuada em
serviço favorece a comunicação do mundo vida do professor da
instituição de ensino superior articulado com o mundo vida do
professor da realidade da educação básica. Esse diálogo favorece a
construção de ações de intervenção de forma compartilhada e
consistente, de modo a diminuir a distância entre a ciência e o real
escolar.
2- A Dança no Contexto das Aulas de Educação Física: Algumas
possibilidades.
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná apresentam a
Dança como conteúdo estruturante da Educação Física, sendo assim,
por que a mesma tem sido pouco desenvolvida no âmbito da escola?
Há que desconstruir e desfazer a representação social
equivocada, que persiste até hoje, de que a Dança é elitista, não
adequada às aulas de Educação Física, que a concepção de Dança está
associada à realização de gestos perfeitos e pré-estabelecidos.
É certo que se faz necessário desenvolver técnicas de Dança e
interpretação, porém a capacidade do aluno em expressar aquilo que
sente, ou seja, o movimento individual e expressivo deve também ser
levado em consideração.
Por meio da Dança pode-se favorecer o desenvolvimento da
educação e da formação humana? Será que a Dança quando
trabalhada nas aulas de Educação Física está preparando o aluno para
opinar, refletir, discutir e propor mudanças significativas, permitindo a
ele, construir e abordar conhecimentos que possibilitem sua formação
sob dimensões mais amplas?
Qual o real significado da Dança nas aulas de Educação Física?
Será que ela tem ocupado seu espaço uma vez que é manifestação da
cultura corporal?
Em busca de poder responder a estas e outras argumentações é
que nos propusemos a estudar e defender a importância da Dança nas
aulas de Educação Física.
A partir da experiência vivida ao longo de 19 anos no exercício do
magistério, e ainda, por meio de diálogos sobre a prática pedagógica
com os professores que atuam com a Educação Física do Núcleo
Regional de Educação de Cornélio Procópio, mais especificamente na
cidade de Santa Cecília do Pavão, infere-se que quando se propõem
trabalhar o conteúdo Dança no contexto das aulas, percebemos de
imediato as reações desfavoráveis por parte dos alunos, sejam por
questões que envolvem a sexualidade (machismo), por questões de
preconceito, por vergonha, inibição e até mesmo devido à excessiva
prática da esportivização o que faz com que estes alunos entendam a
aula de Educação Física como sinônimo de Esporte.
Neste sentido, é que propomos o desenvolvimento deste estudo
junto ao PDE, destacando o trabalho da Dança folclórica e suas
possibilidades de contribuir com reflexões sobre a diversidade cultural
permitindo que os alunos vivenciem as diferenças desse campo de
conhecimento.
Alinhados ao pensamento Freireano que nos aponta a
importância de significar o conhecimento, o que fazer para
significarmos o caminho da Dança? Estamos apenas lendo o caminho
da Dança ou interpretando-o?
É de suma importância dar um novo significado as aulas de
Dança no cotidiano da escola, para que a mesma transcenda o senso
comum e rompa com formas arraigadas e equivocadas em relação à
sua prática.
Desde a Pré-História o homem dançava. A Dança surge como
fruto da necessidade de expressão do homem, pois sempre esteve
presente nos momentos solenes da humanidade (...) “das cavernas à
era dos computadores, a Dança fez e continua fazendo história”.
(SBORQUIA e GALLARDO. 2006).
FARO (1983 p.13) nos aponta que assim como a arquitetura veio
da necessidade de constituir uma moradia fixa, segura para o homem
e sua família, a Dança veio da necessidade deste mesmo homem poder
se expressar exprimindo assim seus sentimentos.
Garaudy (1980 p. 27), na sua obra Dançar a Vida, afirma que:
A vida quotidiano pode ser expressa pela linguagem,
mas não os acontecimentos que a transcendem. A dança
exprime estas transcendências. O homem dança para
falar sobre o que ele honra ou sobre o que o emociona.
Assumindo a Dança um conteúdo da cultura corporal, e um dos
conteúdos estruturantes da Educação Física, como falar de Dança nos
dias de hoje e consolidar a sua presença no cotidiano da práxis
pedagógica do profissional desta área de conhecimento?
A Dança é um conteúdo estruturante da Educação Física tão
importante como os demais, ao descartá-lo prejudicamos a formação
do aluno, o ensino de Dança nas escolas reclama mudanças. O agir e
refletir muitas vezes não se faz presente na Dança escolar e como
vemos em MOREIRA (2004) a prática da Dança nas aulas de Educação
Física deve propiciar o construir de uma cultura reflexiva. O movimento
pelo movimento precisa ser banido, a aula de Dança deve ser um
espaço para a transformação dos alunos. Seguindo este mesmo
pensamento VIANNA (1990) nos diz que a técnica todo mundo pode
aprender, mas a técnica não é nada sem a reflexão.
É necessário nas aulas de Educação Física fazer da Dança um
conteúdo essencial para a formação do aluno como um todo, sendo a
intervenção desses para além das simples reprodução de elementos
coreográficos. Não basta desenvolver habilidades, mas também
atitudes, ou seja, o trabalho de Dança deve deixar de ser apenas a
construção de uma coreografia idealizada pelo professor e repetida
pelo aluno, para ser a manifestação de um fenômeno coletivo, criada e
transformada por todos os atores do contexto onde a aula acontece.
A área de Dança é uma área privilegiada, podemos trabalhar,
discutir e problematizar a pluralidade cultural levando o aluno a
conhecer outras formas de pensar, agir, reagir e perceber um contexto
de significações da nossa cultura corporal de movimento. O ensino de
Dança deve contemplar a enorme riqueza das manifestações corporais
produzidas socialmente pelos diferentes grupos humanos (DCE – PR,
p.20).
Para Merleau-Ponty (1999, p. 203):
O corpo é nosso meio geral de Ter um mundo. Ora ele
se limita aos gestos necessários à conservação da vida
e, correlativamente, põe em torno de nós um mundo
biológico; ora, brincando com seus primeiros gestos e
passando de seu sentido próprio a um sentido figurado,
ele manifesta através deles um novo núcleo de
significação: é o caso dos hábitos motores como a
dança. Ora, enfim a significação visada não pode ser
alcançada pelos meios naturais do corpo; é preciso
então que ele se construa um instrumento, e ele projeta
em torno de si um mundo cultural.
A Dança deve abrir espaço para a criação e formação de
identidades culturais, produzindo inúmeras possibilidades entre a arte,
ensino, aluno e sociedade, ou seja, o conteúdo Dança deve ser inserido
num contexto cultural. Os alunos têm diferentes experiências,
conhecimentos, valores, religiões, raízes culturais, classes sociais e
essa heterogeneidade pode oferecer ao trabalho pedagógico uma
grande fertilidade.
Deve-se favorecer por intermédio da Dança a percepção de que
“cada estudante traz em si um grande tesouro. Ninguém é tabula rasa.
Ninguém é vazio” (CHALITA, 2005).
Corroboramos a idéia de podermos, no transcorrer das aulas de
Educação Física, criar momentos em que a história pessoal de cada
aluno possa ser manifestada, suas experiências possam ser valorizadas
e seu conhecimento ressignificado. Mais especificamente, romper com
uma prática de Dança já pré-estabelecida, e valorizar a construção do
novo tendo por referência a história de cada aluno.
Acreditamos que a Dança nas aulas de Educação Física deve
respeitar e valorizar a cultura do aluno, integrar essas diferenças no
contexto grupal, aproveitando todo movimento e expressão
apresentado pelo grupo, permitindo ao professor conhecer melhor seus
alunos, identificar suas diferenças, discutir suas experiências.
Para Isabel MARQUES (2006) a Dança na escola tem como
compromisso social ampliar a visão e as vivências corporais do aluno
em sociedade a ponto de torná-lo um sujeito criador, pensante, de
posse de uma linguagem artística transformadora. A prática da Dança
não deve existir só para propiciar prazer a quem a realiza, mas sim
deve permitir que se efetive o compromisso com a formação integral
do sujeito.
SBORQUIA e GALLARDO (2006) destacam que o aluno quando
Dança, fala e se expressa como resultado de um processo construtivo
que acontece no meio cultural.
Partimos do princípio de que a Dança na escola pode ser capaz
de provocar situações de debate que permite ao aluno compreender
criticar e transformar sua realidade. Conforme MARQUES (2001) a
educação através da Dança assume o papel no mundo de hoje, de não
estar apenas centrada no aluno e em suas experiências pessoais, mas
sim na sociedade e nas relações que podem ser estabelecidas entre a
dança e o aluno, encontrando assim diferentes maneiras de construir e
de reconstruir um modo de fazer Dança mais significativo para o
mesmo.
A complexidade e a unicidade humanas emergem também nas
atividades expressivas. A arte é uma expressão do ser humano,
embora haja expressão naquilo que não é arte. A arte é ação, ação
criadora traduzida na pintura, na música, na poesia, na literatura, na
escultura, na dança, no esporte e outras.
Na arte o humano é mais humano, para Fontanella (p. 127) “o ser
não é mais que o agir. Então, o ser se iguala perfeitamente o agir. O
artista é todo ele agindo, sem corpo, sem alma; é todo sentimento,
todo ação, todo razão, todo homem sem distinção.”
Ana Maria Pereira (p. 92) afirma que na dança, o corpo e a razão
se confluem e fluem num embalo humano. Dançar é uma linguagem
corporal que não se separa da mental. É culturalmente ação encarnada
da motricidade humana, fruto da tradição construída coletivamente. Na
dança há um fluir e um deslizar do humano que traduz a sua inteireza.
A unidade está presente no convívio, na expressão da alegria, no som e
no ritmo contagiante. Ao dançar o homem está todo nele e está,
simultaneamente, com todos os outros. A dança pode ser um momento
de vivência unificada, no qual o ser humano se deixa levar para uma
realidade indissolúvel, bailando e agindo na totalidade.
Merleau-Ponty (p. 203) esclarece que o ser humano projeta
movimentos de expressão e significação e um destes núcleos
significativos é o caso dos hábitos motores como a Dança, pois há no
gesto um sentido que se projeta em torno de si um mundo cultural. A
Dança ao longo dos tempos manifestou uma forma de existência e de
essência. Suas raízes são cheias de significados.
PEREIRA (2006) elucida que dependendo do contexto e da
situação em que a Dança é vivida. É preciso superar os dualismos e
educar na perspectiva da unicidade. Sua vivência pode ser una ou dual
e que precisamos educar na perspectiva da unicidade superando os
dualismos. Concordamos com a autora, pois entendemos que a Dança
escolar necessita ser trabalhada de um modo que permita aos alunos
compreender o corpo uno e complexo sem fragmentá-lo em físico e
cognitivo.
Urge a necessidade de se trabalhar o ensino da Dança folclórica
de forma crítica e transformadora, buscando um diálogo entre o mundo
da Dança e o mundo vivido pelo aluno, utilizando-a como um meio para
ampliar a visão do aluno, para que o mesmo seja um agente
transformador da sociedade objetivando sua transcendência.
3- O percurso de uma práxis.
Toda a nossa trajetória de formação continuada esteve alicerçada
numa abordagem qualitativa, por entender que expressou uma atitude
importante no campo da investigação educacional e da intervenção
didático-metodológica.
A presente Proposta de Intervenção, desenvolveu as seguintes
ações:
a) Redimencionamento da nossa concepção de Educação, à partir
dos Cursos, Encontros e Seminários, proporcionados pela Secretaria de
Estado da Educação.
b) Encontros de Orientação, junto aos professores das IES,
redimencinando a concepção/representação da área específica, no
caso a Educação Física;
c) Seleção do referencial teórico acerca do objeto de estudo: A
Dança no Contexto das Aulas de Educação Física: Verificando
Possibilidades, Educação, Educação Física e Intervenção Pedagógica.
d) Estudos do professor PDE, orientados por seu professor-
orientador.
e) Construção do Plano de Trabalho, com o objetivo de viabilizar
mudanças efetivas e concretas para a intervenção da Educação Física
no âmbito escolar.
f) Estudos em grupo, online, partilhando os conhecimentos
adquiridos pelo professor PDE com os professores da rede pertencentes
ao GTR, sobre o referencial teórico escolhido.
g) Elaboração de um Material Pedagógico Folhas, Elaboração e
implementação da proposta, através de planos de aula, com vistas à
intervenção do professor PDE na escola de atuação.
3.1 Elaboração do Plano de Trabalho
O Plano de Trabalho constituiu-se de um documento escrito,
elaborado individualmente pelo Professor PDE, sob a orientação de seu
professor-orientador (IES), contendo revisão de literatura sobre o tema,
bem como possibilidades de resolução dos problemas levantados no
cotidiano escolar na disciplina de Educação Física com base nos
estudos realizados.
O Plano de Trabalho compreendeu também a elaboração do Projeto
de Intervenção Pedagógica e sua implementação na escola, e gerou
fundamentação teórica para a elaboração da Produção Didático-
Pedagógica, no caso específico um Folhas, disponibilizado aos
professores GTR e destinado ao aluno.
3.2 Orientação aos grupos de trabalho em rede
Os professores participantes deste programa de formação
continuada em serviço, os professores PDE, tiveram como
responsabilidade, para além de sua própria formação, a formação de
outros 37 (trinta e sete) colegas de profissão, considerando as suas
áreas curriculares específicas da atuação. Isso significa que os
professores PDE foram multiplicadores de um dado conhecimento, por
isso a denominação de Trabalho em Rede.
Os GTR, por sua vez, foram compostos à partir da inscrição dos
professores da Rede Estadual, realizada on line, e distribuídos através
de critérios da própria Secretaria, para serem tutoriados pelo professor
PDE.
No Grupo de Trabalho em Rede, foram compartilhados e
socializados os conhecimentos estudados profundamente por mim e
também os adquiridos nos Seminários e Cursos oferecidos pela
Secretária de Educação do Estado e pela Instituição de Ensino Superior.
Conforme o PDE prevê, a carga horária dos Grupos de Trabalho,
foi efetuada em rede on line, à distância, de modo virtual, com apoio
da Plataforma Moodle.
A proposta para os GTR teve como objetivo a construção
colaborativa do Material Didático-pedagógico, à partir da interação dos
professores envolvidos, bem como sua aplicação pelos professores
GTR, em suas escolas de atuação.
3.3 Elaboração do Material Didático (Folhas)
A elaboração do material didático-pedagógico consistiu na
produção colaborativa, envolvendo o professor PDE, seu professor-
orientador (IES) e os professores do GTR, na construção de um Folhas é
um texto de conteúdo pedagógico, que propõe uma metodologia
específica, baseada nos fundamentos teórico-metodológicos apontados
pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná e
seus Conteúdos Estruturantes, servindo de material didático para
alunos e apoio ao trabalho docente.
Nosso Folhas, sob o título O conteúdo Dança na formação e
emancipação do aluno, propôs-se a abordar o conteúdo estruturante
Dança, fazendo relações com as disciplinas de História e Ciências,
direcionado à quinta série do Ensino Fundamental para uma faixa
etária de 11/12 anos, que teve como objetivo construir um
conhecimento por meio da Dança Folclórica Maçanico, levando o aluno
a ter um olhar plural sobre a Dança não se limitando apenas a
realização de uma coreografia.
A construção do material didático-pedagógico (Folhas),
forneceu subsídios para implementarmos a intervenção no chão da
escola.
3.4 A Implementação da Proposta
A intervenção escolar teve início com a partilha do Plano de
Trabalho e do Material Didático (Folhas), elaborado pelo professor PDE
sob a orientação do professor orientador da Instituição Superior de