Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010 - www.ao.com.br 62 Guilherme Alves Serpa, José Fernando Pacheco, mesmo relatos a respeito da curicaca até a década de 1980, quan- Luciano Moreira Lima, Ricardo Parrini, Leonardo do tiveram início as primeiras observações da espécie em terri- Savattone Pimentel, Marcos Felipe da Rocha Pinto, tório fluminense, tratando-se ainda de registros não- Rafaela Dias Antonini, Henrique Rajão, Alfredo Heleno documentados e escassamente divulgados pela literatura orni- de Oliveira, Davi Castro Tavares, Salvatore Siciliano, tológica até anos mais recentes (Nacinovic 1993, Pacheco & Par- Francisco Mallet-Rodrigues, Hermes Ribeiro da Luz, Luiz rini 1998, Alves et al. 2004, Mallet-Rodrigues et al. 2007, Alves Carlos Ribenboim, Bruno Rennó Soares & Norma Crud & Vecchi 2009, Maciel 2009, Mallet-Rodrigues & Noronha 2009). São dignos de nota que até o ano de 2004 apenas quatro RESUMO. A curicaca, Theristicus caudatus (Ciconiifor- desses encontros eram conhecidos, todos reunidos por Pacheco mes: Threskiornithidae) no estado do Rio de Janeiro: revisão & Parrini (1998). dos registros e novas observações. É procedida uma compilação O escopo do presente trabalho é divulgar os mais recentes e iné- dos registros presentes na literatura ornitológica – que se iniciam ditos registros da curicaca realizados pelos autores em oportuni- em 1980 – e dos registros inéditos de Theristicus caudatus (Bod- dades diversas no estado do Rio de Janeiro, incluindo os primei- daert 1783) no estado do Rio de Janeiro. Esse trabalho evidencia ros de forma documentada da espécie por intermédio de fotogra- que a espécie antes conhecida de registros esporádicos, sobretudo fias incluindo a obtenção de um espécime-testemunho, apresen- da região Norte e nos arredores da capital do estado, que se limita- tando também uma compilação dos primeiros encontros divulga- vam a pares ou indivíduos solitários, passou nos últimos dois dos pela literatura. Ainda através da análise dessa reunião de re- anos a ser encontrada mais frequentemente em grupos de três ou gistros recentes os autores tencionam fazer considerações relaci- mais indivíduos num número maior de localidades. São aqui apre- onadas à distribuição e ecologia de Theristicus caudatus em terri- sentados também os primeiros documentos comprobatórios da tório fluminense. ocorrência da espécie no estado: fotografias obtidas a partir de março de 2008 em vários pontos do território fluminense e um es- MATERIAL E MÉTODOS pécime taxidermizado de junho de 2009, procedente da Ilha do Foi efetuada uma extensa pesquisa na literatura ornitológica dis- Fundão, município do Rio de Janeiro. Por fim, discute-se a pre- ponível para fins de compilação de todas as observações publica- sença e a expansão local de Theristicus caudatus no contexto da das acerca da curicaca no estado do Rio de Janeiro. Os diversos re- colonização recente do estado por aves de ambientes abertos do in- gistros inéditos ora divulgados foram reunidos de forma oportunís- terior do Brasil. tica durante excursões ornitológicas realizadas em diferentes áreas do território fluminense e, sempre que possível, obtida comprova- INTRODUÇÃO ção fotográfica por câmeras dos mais diversos tamanhos e mode- A curicaca, Theristicus caudatus (Boddaert 1783) é um gran- los, com a exceção do exemplar morto encontrado em um desses re- de representante da família Threskiornithidae (íbis, guarás, co- gistros. lhereiros) de coloração clara e asas largas, afeita aos campos Para fins de divisão e denominação das diferentes regiões ornito- abertos e secos, incluindo campos queimados e pistas de avia- lógicas do estado do Rio de Janeiro, os autores seguem a sugerida ção, onde forrageia em busca de artrópodes, anfíbios, pequenos por Pacheco & Parrini (2000). répteis e mesmo ratos (Hancock & Kushan 1992, Matheu & Ho- yo 1992, Sick 1997). Sua distribuição é exclusivamente sul- RESULTADOS E DISCUSSÕES americana, desde a Colômbia até a Terra do Fogo, abrangendo Existe um total de oito registros de Theristicus caudatus em ter- grande parte do Brasil, como as regiões Sul e Nordeste (Sick ritório fluminense citados na literatura, sendo o primeiro datado 1997, Clements 2000). Por ser uma espécie tipicamente cam- de 13/08/1980 e a metade desses encontros efetuados apenas a par- pestre, comum em áreas semi-abertas, cerrados, caatingas e bas- tir do ano de 2003 (Tabela 1). Os registros inéditos são apresenta- tante adaptável aos ambientes antropizados das cidades, pastos dos na Tabela 2, ilustrados em seguida por uma seleção de fotos e plantações, tem se beneficiado e expandido sua ocorrência por nas pranchas 1, 2 e 3 que representam os primeiros registros docu- regiões atingidas por desflorestamentos e onde avançam as mo- mentados conhecidos da espécie no estado do Rio de Janeiro. Os noculturas e a pecuária, como no Sudeste (Sick 1997, Sigrist encontros divulgados aqui pela primeira vez, no total de 26, são 2006). pouco mais que o triplo dos registros já publicados, sendo interes- No estado do Rio de Janeiro, outrora predominantemente co- sante destacar que 23 deles aconteceram somente a partir do ano berto por densas florestas da Mata Atlântica e palco das primei- de 2007. Um mapa é também apresentado plotando o somatório ras explorações zoológicas intensificadas a partir do início do sé- desses registros nas diferentes regiões ornitológicas do estado (Fi- culo XIX no Brasil (Sick 1997), desconheciam-se registros ou gura 1) . 9 771981 887003 3 5 1 0 0 ISSN 1981-8874 A curicaca, Theristicus caudatus (Ciconiiformes: Threskiornithidae) no estado do Rio de Janeiro: revisão dos registros e novas observações
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A curicaca, Theristicus caudatus (Ciconiiformes: Threskiornithidae
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Guilherme Alves Serpa, José Fernando Pacheco, mesmo relatos a respeito da curicaca até a década de 1980, quan-Luciano Moreira Lima, Ricardo Parrini, Leonardo do tiveram início as primeiras observações da espécie em terri-Savattone Pimentel, Marcos Felipe da Rocha Pinto, tório fluminense, tratando-se ainda de registros não-
Rafaela Dias Antonini, Henrique Rajão, Alfredo Heleno documentados e escassamente divulgados pela literatura orni-de Oliveira, Davi Castro Tavares, Salvatore Siciliano, tológica até anos mais recentes (Nacinovic 1993, Pacheco & Par-
Francisco Mallet-Rodrigues, Hermes Ribeiro da Luz, Luiz rini 1998, Alves et al. 2004, Mallet-Rodrigues et al. 2007, Alves Carlos Ribenboim, Bruno Rennó Soares & Norma Crud & Vecchi 2009, Maciel 2009, Mallet-Rodrigues & Noronha
2009). São dignos de nota que até o ano de 2004 apenas quatro RESUMO. A curicaca, Theristicus caudatus (Ciconiifor- desses encontros eram conhecidos, todos reunidos por Pacheco
mes: Threskiornithidae) no estado do Rio de Janeiro: revisão & Parrini (1998). dos registros e novas observações. É procedida uma compilação O escopo do presente trabalho é divulgar os mais recentes e iné-dos registros presentes na literatura ornitológica – que se iniciam ditos registros da curicaca realizados pelos autores em oportuni-em 1980 – e dos registros inéditos de Theristicus caudatus (Bod- dades diversas no estado do Rio de Janeiro, incluindo os primei-daert 1783) no estado do Rio de Janeiro. Esse trabalho evidencia ros de forma documentada da espécie por intermédio de fotogra-que a espécie antes conhecida de registros esporádicos, sobretudo fias incluindo a obtenção de um espécime-testemunho, apresen-da região Norte e nos arredores da capital do estado, que se limita- tando também uma compilação dos primeiros encontros divulga-vam a pares ou indivíduos solitários, passou nos últimos dois dos pela literatura. Ainda através da análise dessa reunião de re-anos a ser encontrada mais frequentemente em grupos de três ou gistros recentes os autores tencionam fazer considerações relaci-mais indivíduos num número maior de localidades. São aqui apre- onadas à distribuição e ecologia de Theristicus caudatus em terri-sentados também os primeiros documentos comprobatórios da tório fluminense.ocorrência da espécie no estado: fotografias obtidas a partir de março de 2008 em vários pontos do território fluminense e um es- MATERIAL E MÉTODOSpécime taxidermizado de junho de 2009, procedente da Ilha do Foi efetuada uma extensa pesquisa na literatura ornitológica dis-Fundão, município do Rio de Janeiro. Por fim, discute-se a pre- ponível para fins de compilação de todas as observações publica-sença e a expansão local de Theristicus caudatus no contexto da das acerca da curicaca no estado do Rio de Janeiro. Os diversos re-colonização recente do estado por aves de ambientes abertos do in- gistros inéditos ora divulgados foram reunidos de forma oportunís-terior do Brasil. tica durante excursões ornitológicas realizadas em diferentes áreas
do território fluminense e, sempre que possível, obtida comprova-INTRODUÇÃO ção fotográfica por câmeras dos mais diversos tamanhos e mode-
A curicaca, Theristicus caudatus (Boddaert 1783) é um gran- los, com a exceção do exemplar morto encontrado em um desses re-de representante da família Threskiornithidae (íbis, guarás, co- gistros. lhereiros) de coloração clara e asas largas, afeita aos campos Para fins de divisão e denominação das diferentes regiões ornito-abertos e secos, incluindo campos queimados e pistas de avia- lógicas do estado do Rio de Janeiro, os autores seguem a sugerida ção, onde forrageia em busca de artrópodes, anfíbios, pequenos por Pacheco & Parrini (2000).répteis e mesmo ratos (Hancock & Kushan 1992, Matheu & Ho-yo 1992, Sick 1997). Sua distribuição é exclusivamente sul- RESULTADOS E DISCUSSÕESamericana, desde a Colômbia até a Terra do Fogo, abrangendo Existe um total de oito registros de Theristicus caudatus em ter-grande parte do Brasil, como as regiões Sul e Nordeste (Sick ritório fluminense citados na literatura, sendo o primeiro datado 1997, Clements 2000). Por ser uma espécie tipicamente cam- de 13/08/1980 e a metade desses encontros efetuados apenas a par-pestre, comum em áreas semi-abertas, cerrados, caatingas e bas- tir do ano de 2003 (Tabela 1). Os registros inéditos são apresenta-tante adaptável aos ambientes antropizados das cidades, pastos dos na Tabela 2, ilustrados em seguida por uma seleção de fotos e plantações, tem se beneficiado e expandido sua ocorrência por nas pranchas 1, 2 e 3 que representam os primeiros registros docu-regiões atingidas por desflorestamentos e onde avançam as mo- mentados conhecidos da espécie no estado do Rio de Janeiro. Os noculturas e a pecuária, como no Sudeste (Sick 1997, Sigrist encontros divulgados aqui pela primeira vez, no total de 26, são 2006). pouco mais que o triplo dos registros já publicados, sendo interes-
No estado do Rio de Janeiro, outrora predominantemente co- sante destacar que 23 deles aconteceram somente a partir do ano berto por densas florestas da Mata Atlântica e palco das primei- de 2007. Um mapa é também apresentado plotando o somatório ras explorações zoológicas intensificadas a partir do início do sé- desses registros nas diferentes regiões ornitológicas do estado (Fi-culo XIX no Brasil (Sick 1997), desconheciam-se registros ou gura 1) .
9 771981 887003 35100
ISSN 1981-8874
A curicaca, Theristicus caudatus (Ciconiiformes: Threskiornithidae) no estado do Rio de Janeiro: revisão dos registros e novas observações
Autores dos registros inéditos: AC, Adilei Cunha; AHO, Alfredo Heleno de Oliveira; BRS, Bruno Rennó Soares; DCT, Davi Castro Tava-res; FEA, Fabio Espósito Altoé; FMR, Francisco Mallet-Rodrigues; GAS, Guilherme Alves Serpa; HR, Henrique Rajão; JFP, José Fernan-do Pacheco; JH, Juha Honkala; LCM, Luis Claudio Marigo; LCR, Luiz Carlos Ribenboim; LML, Luciano Moreira Lima; LPG, Luiz Pe-dreira Gonzaga; LSP, Leonardo Savattone Pimentel; MFR, Marcos Felipe da Rocha Pinto; NCR, Norma Crud; RDA, Rafaela Dias Antoni-ni; SS, Salvatore Siciliano; VSA, Vânia Soares Alves
Prancha 1 – Os primeiros registros fotográficos de Theristicus caudatus realizados em território fluminense, no ano de 2008: no canto superior direito um indivíduo com plumagem juvenil fotografado em março no Brejo da Kodak, em Resende (LCR); à esquerda, uma foto obtida em abril em São Vicente de Paula, Iguaba Grande (JH); no canto inferior direito, também em abril, um exemplar fotografado na Re-serva Ecológica de Guapiassu, em Cachoeiras de Macacu (LSP).
Prancha 2 – Os registros fotográficos que constituem os primeiros documentados para o município do Rio de Janeiro e adjacências, rea-lizados no ano de 2009: no alto à esquerda dois indivíduos fotografados em janeiro em Barra de Guaratiba (Fábio Espósito Altoé); no canto superior direito, um exemplar fotografado em fevereiro na Ilha da Marambaia (Rafaela Antonini); os demais representando os registros efe-tuados em junho na Ilha do Fundão, sendo um exemplar abaixo à esquerda, quatro indivíduos da 2ª foto de cima para baixo à direita (AHO) e duas curicacas na 3ª e na 4ª fotos de cima para baixo, à direita (GAS e Luis Florit, respectivamente).
Prancha 3 – Registros fotográficos realizados em 2009 e 2010 na Região dos Lagos e Norte Fluminense: no canto superior direito uma fo-to obtida por aparelho celular de três curicacas em vôo em Arraial do Cabo (per LML) e no alto à esquerda, um indivíduo de Theristicus cau-datus fotografado na Fazenda Bom Jardim, Macaé (MFR), ambas de março de 2009; na foto de baixo, um bando de oito indivíduos em vôo sobre a Lagoa da Ribeira, Quissamã, em agosto de 2009 (DCT); na 2ª foto de cima para baixo, um exemplar fotografado em janeiro de 2010 na localidade de Barra do Furado, Quissamã (BRS).
Apesar da reunião desses dados apontarem para observações vando sua inclusão na lista do município do Rio de Janeiro ape-
já em todas as regiões do território fluminense, os mesmos indi- nas em sua última publicação por Maciel (2009), baseada ainda
cam uma maior concentração dos registros da curicaca nas re- apenas em observações não documentadas da espécie. O regis-
giões Norte, dos Lagos e do Grande Rio, sendo apenas três en- tro fotográfico realizado em janeiro de 2009 em Barra de Gua-
contros efetuados nas regiões Setentrional e Meridional do Vale ratiba, seguido dos exemplares fotografados em junho do mes-
do Paraíba e da Costa Verde (um em cada). Essa irregularidade mo ano na Ilha do Fundão, representam os primeiros registros
em sua distribuição parece mostrar uma preferência pela faixa li- documentados de Theristicus caudatus para o município do
torânea do estado, sobretudo nas baixadas. De presença tímida Rio, acompanhado por um inédito espécime-testemunho, iné-
ainda entre os anos de 1980 e 2003, o acúmulo de registros de dito também para o Estado. Um indivíduo morto foi encontra-
Theristicus caudatus em diferentes áreas do estado do Rio de Ja- do pelos autores GAS e AHO, próximo a dois em atividade de
neiro nos últimos anos parece indicar uma rápida e progressiva forrageamento nos gramados da Ilha do Fundão em
colonização do território fluminense acompanhada do aumento 16/06/2009, e depositado na coleção do Laboratório de Ornito-
populacional da espécie, resultando em seus primeiros regis- logia da UFRJ, recebendo o número de tombo UFRJ 0852.
tros documentados através de fotos a partir de março de 2008. Embora rivalize com as regiões Norte e dos Lagos em quanti-Situada na região do Grande Rio, a capital fluminense, de- dade de observações de Theristicus caudatus, o Grande Rio ain-
tentora de uma das avifaunas mais bem conhecidas entre as ci- da parece receber o afluxo de poucos indivíduos, em média do-dades brasileiras (Sick 1997) e matéria de quatro compilações is a cada registro, sendo o número máximo de quatro exempla-de sua avifauna (Sick & Pabst 1968, Sick 1983, Pacheco 1988, res observados em uma ocasião na Ilha do Fundão. Nas outras Maciel 2009), só teve seu primeiro registro da curicaca conhe- duas regiões o número de curicacas avistadas alcança varia-cido em 1993 (Nacinovic 1993, Pacheco & Parrini 1998), moti- ções entre cinco e até oito indivíduos.
Figura 1 – Mapa do estado do Rio de Janeiro com as localidades de ocorrência de Theristicus caudatus: registros publicados (1-8) conforme enumeração (Coluna R) constante da Tabela 1; registros inéditos (A-M) conforme enumeração (Coluna R) constante da Tabela 2.
Até o momento não há indícios substanciais de uma sazonalida- Referências Bibliográficas de nos aparecimentos da curicaca no estado do Rio de Janeiro, uma Alves, M. A. S. & M. B. Vecchii (2009) Birds, Ilha Grande, state of Rio de Janeiro,
Southeastern Brazil. Checklist 5(2):300-313. vez que seus registros encontram-se distribuídos ao longo de todas Alves, V. S., A. B. A. Soares & G. S. Couto (2004) Aves marinhas e aquáticas das as estações do ano nas diferentes regiões do território fluminense,
ilhas do litoral do estado do Rio de Janeiro. Pp. 83-100. In: J. O. Branco (Org.) conforme mostra a Tabela 3. Da mesma forma, ainda não se pode Aves marinhas e insulares brasileiras. Biologia e conservação. Itajaí: Univali
afirmar que a espécie se tornou residente no estado ou já se repro- Editora. 266p.duziu, uma vez que ainda não foram encontrados sinais de nidifica-
Clements, J. F. (2000) Birds of the world: a Checklist. Vista: Ibis Publishing Com-ção ou mesmo ninhegos, sendo até o momento um único indivíduo pany. 867p. solitário com plumagem juvenil registrado por LCR no Brejo da Hancock, J. A. & J. A. Kushan (1992) Storks, Ibises and Spoonbills of the World. Kodak, que por ser situado na região Meridional do Vale do Paraí- Princeton: Princeton University Press. 385p.
ba, interior do estado, pode tratar-se de um vagante procedente da Lopes, L. E. (2008) The range of the curl-crested jay: lessons for evaluating bird en-demism in the South American Cerrado. Diversity & Distributions 14 (4): região contígua do Vale em São Paulo. Como os dados das Tabelas 561-568.1 e 2 parecem indicar um expressivo aumento dos registros de The-
Maciel, E. (2009) Aves do município do Rio de Janeiro. 2ª Edição. Rio de Janeiro: risticus caudatus no estado a partir do ano de 2007, o tempo dirá se Technical Books Editora. 412p.
a espécie chegará a populações residentes e reprodutivas em seu ter-Maciel, E., G. A. Serpa, A. B. A. Soares, V. S. Alves, E. C. Mendonça & J. F. Pacheco
ritório. (2009) Ocorrência da gralha-do-campo Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) no município do Rio de Janeiro, RJ. Atualidades Ornitológicas 148:14.A rápida e recente expansão de Theristicus caudatus em territó-
rio fluminense, evidenciando um início de colonização do mesmo Mallet-Rodrigues, F. & M. L. M. Noronha (2009) Birds in the Parque Estadual dos Três Picos, Rio de Janeiro state, south- east Brazil. Cotinga 31:96-107. pela espécie, é um tanto sintomático da situação ambiental do esta-
Mallet-Rodrigues, F., R. Parrini & J. F. Pacheco (2007) Birds of the Serra dos do do Rio de Janeiro. Típica ave das áreas abertas e campestres do Órgãos, State of Rio de Janeiro, Southeastern Brazil: a review. Revista Brasi-interior do País, a curicaca tem encontrado nos pastos, monocultu-leira de Ornitologia 15(1):5-35.
ras, áreas urbanas entre outros ambientes degradados do estado, no-Matheu, E. & J. del Hoyo (1996) Family Threskiornithidae (Ibises and Spoonbills).
vos habitats favoráveis para o seu ciclo de vida, quando antes ela Pp. 472-506. In: del Hoyo, J. Elliott, A. & Sargatal, J. Handbook of the birds of evitaria penetrar nas densas e portentosas florestas da Mata Atlânti- the world. Vol. 1. Ostrich to Ducks. Barcelona: Lynx Edicions. 696p.
ca que até poucos séculos atrás cobriam quase integralmente a pai- Nacinovic, J. [B.] (1993) Notas sobre algumas aves pouco conhecidas na região me-tropolitana do Rio de Janeiro. p. 7. In: M. P. Cirne (Coord.). Resumos III Con-sagem do território fluminense. Situação semelhante tem sido veri-gresso Brasileiro de Ornitologia. Pelotas: Editora da Universidade Católica ficada em partes do litoral de São Paulo (Santos e Cubatão: Silva e de Pelotas.
Silva & Olmos 2007; Ubatuba: Dimitri Matoszko in litt.).Pacheco, J. F. (1988) Acréscimos à lista de aves do município do Rio de Janeiro. Bol.
FBCN 23:104-120.
Pacheco, J. F. (1993) Expansões geográficas de aves do Rio de Janeiro. R. 42. In: M. P. Cirne (Coord.). Resumos III Congresso Brasileiro de Ornitologia. Pelotas: Editora da Universidade Católica de Pelotas.
Pacheco, J. F. & R. Parrini (1998) O status de algumas espécies não documentadas do estado do Rio de Janeiro. Atualidades Ornitológicas 84:5.
Pacheco, J. F. & R. Parrini (2000) Aves do Estado do Rio de Janeiro: Região meridi-onal do vale do rio Paraíba do Sul – retificação de limites e complementação dos registros inéditos mais antigos. Atualidades Ornitológicas 95:12-13.
Sick, H. (1983) Aves da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Brasile-ira para a Conservação da Natureza. (folder)
Agradecimentos Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Edição revista e ampliada por José Fernan-do Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 912p.Agradecemos a Ana Beatriz Aroeira Soares, Claudia Bauer, Di-
mitri Matoszko, Fernando Mauro de Carvalho, Gilberto Soares do Couto, Gloria Denise Castiglioni, Ildemar Ferreira, Janaína Arru-
Sigrist, T. (2006) Aves do Brasil: uma visão artística. Birds of Brazil: an artistic vi-da, Luis Claudio Marigo, Luiz Pedreira Gonzaga, Richard Raby e ew. São Paulo: [Avis Brasilis Editora]. 672pVania Soares Alves por fornecerem informações ou discutirem de- Silva e Silva, R. & F. Olmos (2007) Adendas e registros significativos para a avifau-talhes conosco acerca da presença da curicaca no estado do Rio de na dos manguezais de Santos e Cubatão, SP. Revista Brasileira de Ornitologia
15(4):551-560. Janeiro e estados vizinhos. Somos gratos também a Juha Honkala, Fabio Espósito Altoé e Luis Florit pelo empréstimo de fotografias e
Correspondência para o primeiro autor: a Clarisse Cavalcanti pela preparação do mapa para compor este ar-tigo.
Embora um monitoramento de longo prazo dos registros locais da curicaca seja a melhor recomendação, tudo parece indicar que a espécie seja mais um elemento generalista do Brasil Central em franco proces-so de substituição de outra rica comunidade autóctone de aves, da mesma forma que outras espécies oriundas de ambientes seme-lhantes que antes invadiram o estado do Rio de Janeiro e ora pros-peram, como a gralha (Cyanocorax cristatellus) e o tucanuçu (Ramphastos toco) (Pacheco 1993, Lopes 2008, Maciel et ali. 2009).
Sick, H. & L. F. Pabst (1968) As aves do Rio de Janeiro (Guanabara). Lista sistemá-tica anotada. Arquivos do Museu Nacional 53:99-160.