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III Congreso Bienal Internacional de Historietas y Humor Grfico
Vietas Serias
A crtica poltica e social nas tiras de Armandinho: um retrato da
atualidade brasileira.
Daniela dos Santos Domingues Marino (UNIMES - Santos/SP
Brasil)
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste artigo avaliar de que forma as tiras de
Armandinho contribuem para a articulao de ideias e promovem o
desenvolvimento do senso crtico de seus leitores, propiciando a
discusso de temas relacionados poltica e crtica social, de maneira
que o conhecimento desses leitores seja aprofundado e possibilite
sua mobilizao na busca da soluo de problemas comuns a todos os
brasileiros.
A hiptese levantada que o uso de humor grfico em diversos
veculos de comunicao, tanto no Brasil como em outros pases, favorea
a propagao de ideais e de questionamentos sobre a situao poltica do
pas. Sua repercusso pode ser rastreada durante os regimes
ditatoriais enfrentados na Amrica Latina atravs de pesquisas como
as do professor Oswaldo Da Costa sobre em sua tese de doutorado
intitulada UMA OVELHA NEGRA NA CULTURA MIDITICA: Inovaes do Humor
Grfico na imprensa alternativa brasileira e conforme previsto em
Michel Foucault sobre as relaes de poder detalhadas em suas
obras.
PALAVRAS-CHAVES: Tirinhas, Poltica, Crtica.
ABSTRACT
The objective of this article is to evaluate how Armadinho
strips contribute to the articulation of ideas and promote the
development of critical sense on its readers, providing
argumentation of subjects related to Politics and Social critics,
in a way the knowledge of the readers about the subject can be
deepened, enabling the mobilization in order to seek for solution
to the problems which are common to all Brazilians.
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The hypothesis raised is that the use of humor in several
medias, in Brazil or other countries, grants the broadcasting of
ideals and queries about the political situation of the country.
Its reverberation can be tracked to the dictatorial regimens
occurred in Latin America through the researches as in the thesis
of professor Oswaldo Da Costa titled UMA OVELHA NEGRA NA CULTURA
MIDITICA: Inovaes do Humor Grfico na imprensa alternativa
brasileira and as in Michel Foucault regarding the relations of
power detailed in his works.
KEY-WORDS: Strips, Politics, Critics.
1. A crtica poltica
Se at meados dos anos noventa a crtica poltica cabia aos
filsofos, acadmicos de cincias polticas e jornalistas, com a
expanso da internet no Brasil esta funo passou a ser atribuda a
qualquer pessoa que se expressasse seja atravs das redes sociais,
comentrios em sites de jornais ou criando seus prprios blogs.
Ainda que existam divergncias sobre a definio de crtica, Michel
Foucault reflete sobre o tema em algumas de suas obras e define
que:
... a crtica existe apenas em relao a outra coisa que no ela
mesma: ela instrumento, meio para um devir ou uma verdade que ela
no saber e que ela no ser, ela um olhar sobre um domnio onde quer
desempenhar o papel de polcia e onde no capaz de fazer a
lei.(FOUCAULT, 1978:2)
Em palestra proferida em maio de 1978, o filsofo francs busca
traar a histria da atitude crtica no ocidente e, por mais que o
questionamento sobre a forma como somos governados seja inerente ao
ser humano, as mudanas ocorridas a partir do sculo XV que alteraram
o foco religioso do Estado em direo sua laicizao propiciaram o
surgimento de indagaes acerca de como ramos governados e,
principalmente, de como no gostaramos de ser governados. Esta
descentralizao do poder de um nico rgo para diversas instituies
menores detalhada por Foucault em sua obra, onde ele define o papel
dos diversos microestados encontrados em forma de escola, hospital,
priso, exrcito, manicmio e outras instituies na funo de nos educar
a governar as crianas, governar a famlia e governar nossos corpos e
pensamentos, mas sua primeira definio de crtica seria: a arte de no
de tal forma ser governado. (FOUCAULT, 1978)
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Independentemente do regime adotado em um pas, seja ele
democrtico ou no, a estrutura defendida por Foucault tambm alvo de
contestao por parte de quem governado e, por mais que o alcance do
Estado estabelecido em cada uma de suas instituies seja diferente,
h um consenso quase que inconsciente de que estas instituies
enquanto representantes do Estado sejam detentoras da verdade.
Dentro do pensamento cristo firmado no ocidente, um dos pontos
fundamentais na direo da conscincia justamente o fato de o sujeito
no conhecer a verdade. (FOUCAULT, 1979)
O Estado se governa segundo as regras racionais que lhe so
prprias, que no se deduzem nem das leis naturais ou divinas, nem
dos preceitos da sabedoria ou da prudncia; o Estado, como a
natureza, tem sua racionalidade prpria, ainda que de outro tipo.
Por sua vez, a arte de governo, em vez de fundarse em regras
transcendentes, em um modelo cosmolgico ou em um ideal
filosficomoral, dever encontrar os princpios de sua racionalidade
naquilo que constitui a realidade especfica do Estado.
O esclarecimento para que se conhea a verdade, conceito prprio
do perodo iluminista feito por Kant (Aufklrung), e que foi a base
para o discurso de Foucault, afirma que o Iluminismo seria a sada
do homem se sua menoridade, entendendo-se por menoridade a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direo de outro
indivduo (KANT, 1784), ou seja, o saber e a capacidade de raciocnio
seriam tambm competncias a serem governadas, nos levando pergunta
de Michel Foucault sobre at onde podemos raciocinar sem perigo e
cuja resposta :
A crtica dir, em suma, que est menos no que ns empreendemos, com
mais ou menos coragem, do que na ideia que ns fazemos do nosso
conhecimento e dos seus limites, que a vai a nossa liberdade, e
que, por consequncia, ao invs de deixar dizer por um outro
"obedea", nesse momento, quando se ter feito do seu prprio
conhecimento uma ideia justa, que se poder descobrir o princpio da
autonomia e que no se ter mais que escutar o obedea; ou antes que o
obedea estar fundado sobre a autonomia mesma. (FOUCAULT,1978:
6)
A concluso que podemos chegar sobre o papel social da crtica
poltica pode ser encontrada na anlise de Jos Lus Cmara Leme sobre a
palestra de Foucault onde a crtica
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condio de possibilidade de transformao e para que esta seja
eficaz, o pensamento deve exercer um trabalho de si sobre si mesmo.
(LEME, 2011).
2. O riso como arma de contestao poltica
Apesar da vocao dos quadrinhos para o entretenimento, no podemos
negar sua importncia no que se refere crtica social e poltica
atravs da Histria de diversos pases. Muitas delas desempenharam um
papel significativo na articulao de ideias durante regimes
ditatoriais em pases como Brasil e Argentina. Hoje, embora o Brasil
viva um regime democrtico, problemas como corrupo, falta de
infraestrutura para Copa do Mundo, desigualdade social, falta de
investimento em programas de sade e educao so temas recorrentes em
tiras e charges de todo pas, sendo Armandinho uma das mais
conhecidas devido ao alcance de redes sociais como o Facebook.
Sabemos que nem todos os cartuns e tiras utilizam humor em sua
linguagem, porm, atravs do riso que grande parte dos artistas cria
uma conexo com seu pblico. Tendo isso em mente, vale lembrar que no
faltam estudos filosficos, psicolgicos e antropolgicos acerca do
poder do riso e suas funes, entre as quais podemos ressaltar a de
atuar como arma de contestao poltica, como afirma Da Costa em sua
pesquisa:
A linguagem do humor arma poltica contra regimes repressivos
tambm considerada subversiva e de contracultura pode ser narrada
por meio do teatro, da msica, da literatura, da imprensa, do cinema
e do desenho de humor. Tem como finalidade provocar o riso ou o
sorriso. O risvel nas piadas e pardias, como imitao burlesca, era
um dos recursos mais populares entres os bufes na Antiguidade. Rir
de si mesmo e do seu semelhante, seja em tom jocoso ou de escrnio,
um trao marcante da natureza humana desde os tempos mais remotos.
(DA COSTA, 2012:18).
O escritor e semilogo Umberto Eco, conhecendo o poder
inquietador do riso, dedicou uma das de suas maiores obras a ele.
Em O nome da Rosa, thriller ambientando na Frana medieval, a luta
dos monges beneditinos do mosteiro de Melk para proteger um
manuscrito nunca publicado de Aristteles acaba causando inmeras
mortes e deixando um
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rastro de sangue. De acordo com as convices dos monges mais
conservadores do romance, o riso seria algo muito prximo da morte e
da corrupo do corpo, mas o filsofo grego, em seu livro que s
existiu na fico, alertava para o poder libertador do riso como um
veculo da verdade.
O riso desvia, por alguns instantes, o vilo do medo. Mas a lei
impe-se atravs do medo, cujo nome verdadeiro temor de Deus. E deste
livro poderia partir a centelha luciferina que transmitiria ao
mundo inteiro um novo incndio: e o riso designar-se-ia como a arte
nova, ignorada at de Prometeu, para anular o medo. Ao vilo que ri
naquele momento, no importa morrer: mas depois, cessada a sua
licena, a liturgia impe-lhe de novo, segundo o desgnio divino, o
medo da morte. E deste livro poderia nascer a nova e destruidora
aspirao a destruir a morte atravs da libertao do medo. E que
seramos ns, criaturas pecadoras, sem o medo, talvez o mais provido
e afetuoso dos dons divinos?(ECO,1980: 359)
Sendo ento o riso capaz de nos guiar no caminho de descobertas
sobre verdades que talvez nossos governantes prefiram que no
tomemos conhecimento, no de se espantar que tantos cartunistas
tenham sido ameaados, torturados ou mortos durante regimes
ditatoriais ocorridos na Amrica Latina, como foi o caso do autor de
El Eternauta. Hctor Germn Oesterheld foi sequestrado, assim como
quatro de suas filhas, duas delas grvidas, durante o regime militar
da Argentina. Apesar de El Eternauta ser uma histria de fico, o
contedo de sua segunda parte apresenta teor poltico, o que teria
causado o desaparecimento de um dos autores mais consagrados de
histrias em quadrinhos da Amrica Latina.
3. Cartuns, charges e tiras ao longo da Histria do Brasil.
A Histria das tiras no Brasil pode data da poca do Imprio, j que
antes disso a entrada de impressos no Brasil era vetada sob o
argumento de que propiciariam a circulao de ideias. (HOLANDA, 1984
apud DA COSTA, 2012, p. 33).
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Primeiramente, a realidade poltico-social brasileira era
retratada em forma de charge durante o carnaval e era tida como uma
manifestao popular pontual, porm, com o crescimento dos movimentos
a favor da independncia, alguns veculos de imprensa alternativa
surgiram, abrindo espao para que as charges se tornassem uma forma
de expresso que, acima de tudo, contestava o sistema vigente.
J em relao caricatura, uma das primeiras publicaes a trazer este
tipo de desenho cmico foi o peridico O Marimbondo, de 1822, seguido
de O Carcundo em 1831. (fig. 1 - Histria da Caricatura no
Brasil)
Em 1860 o primeiro peridico de humor ilustrado lanado: A Semana
Ilustrada contava com escritores, jornalistas e desenhistas que
registraram fatos e stiras polticas durante os 16 anos que foi
publicada, porm, essa tendncia de registrar fatos histricos e
polticos atravs de charges cmicas e cartuns perdurou at incio dos
anos 80, quando os jornais passaram a dar espao s tiras cmicas.
Por volta dos anos 60, com o golpe militar no Brasil, a imprensa
alternativa atingiu seu auge e entre os veculos de maior expresso
na poca, estava o peridico Ovelha Negra, editado pelo cartunista
Geandr. Sua relevncia tamanha que o pesquisador e professor Osvaldo
da Silva Costa decidiu registr-la em sua tese de Mestrado, onde
entendemos porque o humor grfico teve um papel to importante na
propagao de ideais de oposio Ditadura, fazendo com que muitos
artistas que contriburam com o jornal fossem perseguidos pelos
militares. (Fig. 2 -
http://www2.uol.com.br/laerte/info/biografia-top.html)
Nos anos 70, desenhistas e jornalistas que colaboravam com edies
como O Pasquim, entre eles Ziraldo e Henfil, foram presos e vrias
publicaes passaram a sofrer censura. Esta censura resultou na
proibio de publicao de caricaturas durante o perodo de dez anos: A
censura proibia a publicao de caricaturas de autoridades nacionais
e estrangeiras. Havia a censura prvia, que consistia na presena de
um censor junto s redaes at 1977. (Da Costa, p. 73).
O prprio Geandr, em um bate-papo promovido pela Gibiteca de
Santos no dia 22 de maro de 2014, comentou que era interrogado
quase toda a semana sobre o Ovelha Negra e que a associao dos
cartuns e charges ideia de contestao poltica teria feito com que os
veculos de impressa deixassem de usar estes tipos de linguagem em
suas edies, o que possibilitou que as tiras ganhassem maior
visibilidade. Muitos cartunistas e chargistas que costumavam ter
seus desenhos publicados em mais de 20 veculos diferentes, aps o
fim da
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Ditadura passaram a trabalhar com agncias de publicidade, j que
a procura por seus trabalhos pelos jornais diminuiu bastante.
Laerte Coutinho, um dos mais influentes cartunistas brasileiros,
colaborou com muitos dos peridicos alternativos que circularam no
Brasil e ainda hoje, seja em suas tiras como Piratas do Tiet ou em
cartuns e charges encomendadas especialmente para ilustrar colunas
de poltica em jornais, seu trabalho continua irreverente e
provocativo. O cartum abaixo um exemplo do dilogo entre o humor
grfico e a crtica poltico-social. Reflexo de temas recentes como os
50 anos do Golpe Militar no Brasil e uma pesquisa feita pelo
Instituto de Pesquisa econmica aplicada1 que apontou que 65% das
pessoas entrevistadas acreditavam que mulheres que usam roupas
curtas devam ser atacadas/estupradas, o cartum chama a ateno para
os dois fatos diferentes e promove uma reflexo sobre ambos. (Fig. 3
- Charge Laerte)
4. Armandinho
Armandinho nasceu sem grandes pretenses em Santa Catarina. Em
2010, Alexandre Beck precisava de trs histrias em quadrinhos para
publicao no jornal Dirio Catarinense de um dia para o outro e isso
fez com que escrevesse e desenhasse s pressas trs tirinhas com
traos simples, cujo personagem principal interagia com seus pais. A
princpio, o fato dos pais no aparecerem e serem representados
apenas por suas pernas se devia falta de tempo, mas como o recurso
acabou funcionando bem para a tira, o autor preferiu mant-lo.
Com o sucesso alcanado, o personagem precisava de um nome e um
concurso promovido pelo jornal onde as tiras eram publicadas
resultou no s em um nome, mas tambm em uma justificativa para ele:
Armandinho est sempre armando alguma coisa.
Muito embora o menino de cabelo azul j fosse muito conhecido em
Santa Catarina, foi apenas com a criao da pgina do Facebook que ele
ganhou o Brasil. A pgina foi criada em novembro de 2012 e em
janeiro de 2013, aps ter se mudado de Florianpolis para Santa
Maria, Alexandre Beck registrou uma tragdia que projetaria
Armandinho em todo o pas: cerca de 240 jovens foram mortos em um
incndio ocorrido em uma boate da cidade,
1 Noticia divulgada pelo jornal Folha de SoPaulo no dia 27/03/14
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1431871-para-65-mulher-que-mostra-o-corpo-merece-ser-atacada-diz-pesquisa.shtml
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comovendo toda a nao. De l pra c, no s o nmero de fs e
compartilhamentos no para de crescer, como tambm possibilitou a
criao de dois livros com as principais tiras: Armandinho Zero e
Armandinho Um. (Fig. 4 Incndio em Santa Maria)
Atravs da anlise do nmero de curtidas e compartilhamentos de
algumas tiras em sua pgina do Facebook, bem como os comentrios que
as seguem, possvel avaliar o impacto que cada uma delas tem entre
as pessoas que acompanham Armandinho.
A tira de Santa Maria, por exemplo, postada em 27 de janeiro de
2013 teve mais de 11.000 curtidas de l at abril de 2014 contra 321
curtidas (Likes) em uma tirinha publicada apenas trs dias antes.
Muito embora tenha sido a tragdia de Santa Maria uma das
responsveis pela visibilidade do personagem em territrio nacional,
possvel notar atravs das tiras seguintes que o interesse do pblico
continuou a crescer significativamente:
Fig. 5 - Tira de 20 de maro de 2013 com 3.816 curtidas e 16.566
compartilhamentos;
Fig. 6 - 12 de setembro de 2013 13.945 curtidas e 14.695
compartilhamentos.
Ao observarmos os comentrios deixados na pgina oficial do
personagem no Facebook, notamos de que forma a interao entre os
leitores promove a articulao de ideias sobre problemas sociais e
polticos do Brasil: Este jogo creio que perderemos Armandinho... So
poucos os atacantes e a defesa deles enorme, sem falar que a
torcida pouco se manifesta... O uso do futebol, que uma das maiores
paixes dos brasileiros, para ilustrar o julgamento do mensalo e as
respostas a comentrios como este, evidenciam a insatisfao com um
acontecimento que diz respeito a todos, porm, como mencionado pelo
f, a torcida pouco se manifesta, o povo se aliena diante dos
escndalos que ocorrem no pas.
Fig. 7 - 17 de outubro de 2013 11.283 curtidas e 13.030
compartilhamentos;
Fig. 8 - 13 de Novembro de 2013 com 8.901 curtidas e 5.674
compartilhamentos;
Fig. 9 - 6 de janeiro de 2014 com 19.370 curtidas e 16.416
compartilhamentos.
Um dos comentrios sobre esta tira refletia sobre o mau uso do
poder: O estudo do ncleo do tomo, nas mos de alguns virou cura para
o cncer, nas de outros, virou bomba atmica. O problema est no poder
ou nas pessoas que o alcanam?
Fig. 10 - 30 de janeiro de 2014 com 19.618 curtidas e 32.680
compartilhamentos.
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Mais uma vez, os comentrios sobre o futebol giram em torno da
comparao entre o sentimento pelo esporte favorito do pas e a falta
de interesse do povo pela educao ou poltica: Ns precisamos de
hospitais e de escolas e no de mais estdios de futebol! !!! A
tirinha tima! !!!! Se nosso povo gostasse de estudar tanto quanto
gostam de futebol seramos com certeza um pas melhor. No adianta
rugir como leo e votar como jumento
5. Concluso
At meados dos anos 80, a responsabilidade da crtica poltica e
social atravs da imprensa alternativa cabia principalmente aos
cartuns e charges. Com o fim da ditadura, estes tipos de expresso
de humor grfico passaram a ser associados apenas contracultura e
contestao do sistema, abrindo espao para que as tiras humorsticas
ocupassem os jornais.
No Brasil, histrias em quadrinhos como a Turma da Mnica, de
Maurcio de Souza, so responsveis no s pela alfabetizao de milhares
de crianas, como tambm pela divulgao de assuntos relativos a
Histria, Filosofia, Educao e Poltica.
Artistas como Laerte Coutinho e Angeli foram e ainda so grandes
cones das tiras que abordam em suas tiras e cartuns os problemas
polticos e sociais de forma bem-humorada e cida, porm, Armandinho,
embora seu foco no seja apenas poltico, traz a viso de uma criana
sobre questes que muitas vezes os adultos preferem ignorar, fazendo
com que suas perguntas e constataes agradem pessoas de todas as
idades.
Ao analisarmos a repercusso que as tiras geraram desde o
lanamento da pgina no Facebook atravs do nmero de curtidas e
compartilhamentos feitos, juntamente com os comentrios dos leitores
ao longo dos ltimos 12 meses, possvel constatar as tiras de
Armandinho promovem a interao do pblico acerca de temas quem
envolvem a situao poltica e social do pas bem como possibilitam a
articulao de ideias e o aprofundamento destas questes atravs dos
dilogos que ocorrem em sua pgina.
No possvel atribuir s tiras, sejam elas quais forem, a total
responsabilidade pelo desenvolvimento do senso crtico dos
brasileiros no que concerne nossa realidade, porm, justo afirmar
que seu papel para que mudanas aconteam significativo,
principalmente ao considerarmos a premissa de que a crtica oferece
uma condio de possibilidade de transformao, como afirma Leme em sua
dissertao sobre Foulcaut e Kant.
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REFERNCIAS
ARISTTELES. Arte Potica. SoPaulo, Martin Claret. 2011.
DA COSTA, Oswaldo. UMA OVELHA NEGRA NA CULTURA MIDITICA: Inovaes
do Humor Grfico na imprensa alternativa brasileira. So Caetano do
Sul. Universidade Municipal de So Caetano do Sul. 2012. Disponvel
em: http://repositorio.uscs.edu.br/handle/123456789/256
ECO, Umberto. O nome da Rosa. So Paulo. Record. 2009
FOUCAULT, Michel. O que a crtica? Bulletin de la Socit franaise
de philosophie, Vol. 82, n 2, p. 35 - 63, abr/jun 1990 (Conferncia
proferida em 27 de maio de 1978).
_______________. Vigiar e Punir. Petrpolis, Vozes. 1977
_______________.Microfsica do Poder. Rio de Janeiro, Graal.
2006
LEME, Jos Lus Cmara. Foucault, Kant e a crtica poltica.
Universidade Nova de Lisboa. 2011. Disponvel em:
ftp://ftp.cle.unicamp.br/pub/kant-e-prints/Vol-6-2-2011/08+jose+l.pdf
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FIGURAS
Figura 1 Histria da Caricatura no Brasil site Folha de So
Paulo
Figura 2 -
http://www2.uol.com.br/laerte/info/biografia-top.html
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Figura 3 - Folha de So Paulo 01/04/14 Site:
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/12197-
historia-da-caricatura-brasileira
Figura 4 Armandinho Zero -
https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
Figura 5 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
Figura 6 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
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Figura 7 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
Figura 8 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
Figura 9 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho
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Figura 10 - https://pt-br.facebook.com/tirasarmandinho