A Catequese A Catequese Familiar Familiar um modelo
Jan 03, 2016
A Catequese A Catequese FamiliarFamiliar
um modelo
A transmissão da fé na famíliaA transmissão da fé na famíliaTradição e documentos da Tradição e documentos da
Igreja Igreja
Antigo Testamento:
- São inúmeras as referências à responsabilidade dos pais na educação dos seus filhos.- A missão do pai de ensinar o filho é uma ordem de Deus (Dt 6, 4-7).
Shema´ Jisra´el«Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. Estes mandamentos que hoje te imponho estarão no teu coração».
Dt 6, 4-6
Liturgias domésticas
-Páscoa – o centro da celebração à volta da mesa é a narração da Páscoa (Ex 12,26; 13,8.14; Dt 4,9; 6,7.20; 32,7.46; 9,19).
-Provérbios e Ben Sira – conselhos referentes à educação em família (Pr 13, 24; Sir 30, 1-13).
Novo testamentoNovo testamento Col 3, 20-21
«Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isso é agradável no Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo».
Ef 6, 1-4
«Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor, pois é isso que é justo: Honra teu pai e tua mãe – tal é o primeiro mandamento, com uma promessa: para que sejas felizes e gozes de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não exaspereis os vossos filhos, mas criai-os com a educação e correcção que vêm do Senhor».
Segue o modelo do AT e o esquema das «mesas
domésticas».
Porém, aqui a educação vem enquadrada num
esquema de reciprocidade.
O modelo, quer para os pais quer para os filhos, é: no
Senhor. (Rom 16, 3-5; 1Cor
16, 19 ; 2Tm 4, 19; 2Tm 1, 16)
S. Paulo sublinha a importância da relação pessoal, onde a educação
familiar deve acontecer sempre em referência a Cristo Ressuscitado.
A carta aos Efésios coloca a educação cristã em família na lógica do amor,
convidando ao exercício da paideia Kyriou (deixar-se guiar pela ágape
cristã, isto é, pelo amor desinteressado).
Nos textos do magistérioNos textos do magistério Ao longo da história, a Igreja insistiu na responsabilidade
dos pais na educação da fé dos filhos.
Os Padres da Igreja estimulam com insistência à leitura da Bíblia em família.
S. João Crisóstomo aponta os deveres da Igreja doméstica, desafiando: «faz da tua casa uma Igreja: uma vez que terás de prestar contas da salvação dos teus filhos e dos teus servos».
O dever dos pais cristãos educarem os próprios filhos segundo a lei do Evangelho tem o seu fundamento em Ef 6, 1-4.
«Volta para tua casa e prepara uma mesa dupla: uma, a dos alimentos, a outra, a da Sagrada leitura… que os filhos a escutem e… deste modo farás da tua casa uma Igreja».
O Concílio de Trento tira definitivamente a catequese do coração das famílias e confia-a às paróquias.
O Concílio Vaticano II enfatiza o título de «Igreja doméstica» (cf. LG 11; AA 11), sublinha o papel dos pais na educação dos filhos e afirma que os pais são os primeiros e principais educadores (GE 3).
Paulo VI [Evagelii nuntiandi (1975)], reforça a necessidade de se oferecer aos pais o material e formação adequada, fazendo das famílias verdadeiros lugares de evangelização (EN 71).
Catechesi tradendae Depois de falar da necessidade de uma catequese de adultos...
«trata-se do problema crucial da catequese dos adultos. É a principal forma de catequese, porque se dirige a pessoas que têm as maiores responsabilidades e capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida». (CT 43)
... afirma que a ação catequética em família é uma ação insubstituível:
A ação catequética da família tem um caráter particular e, em certo sentido, insubstituível, justificadamente posto em evidência pela Igreja, de modo especial pelo Concílio Vaticano II (CT 68)
E, em seguida, exorta ao exercício da catequese familiar:
«A Catequese Familiar, portanto, precede, acompanha e enriquece todas as outras formas de catequese (CT 68).
João Paulo II exortou inúmeras vezes a olhar a educação da fé como função e missão da família enquanto «Igreja doméstica».
Na sua primeira encíclica, Redemptor Hominis, escreve que a catequese familiar é a forma fundamental (RH 19).
Na exortação apostólica sobre a missão da família cristã no mundo, afirma que: «o ministério de evangelização dos pais é original e insubstituível (FC 53).
O Código de Direito Canónico fala da específica obrigação dos pais e do «grave» dever da catequese (CDC 226.2; 793; 796.1; 797, 798; 799; 800; 1136).
O Catecismo da Igreja Católica (1992) reforça a centralidade da catequese familiar e a sua inserção na vida da paróquia (CEC 2226).
O Diretório Geral da Catequese, além de referir a importância da catequese familiar, reafirma a responsabilidade dos pais em serem os primeiros educadores da fé dos filhos.
O Papa Bento XVI também reforça a necessidade desta primeira responsabilidade dos pais na educação da fé dos seus filhos.
Chama a atenção sobretudo para a relação entre iniciação cristã e família; na ação pastoral, sempre se deve associar a família cristã ao itinerário de iniciação (Sacramentum caritatis 19).
O Papa Francisco, na Encíclica Lumen Fidei (escrita a quatro mãos, as dele e as de Bento XVI) acentua o papel da família na transmissão da fé: “em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pelas da infância” (LF 52). E na exortação apostólica Evangelii Gaudium lembra que “todo o povo anuncia o evangelho” (EG 111) e propõe uma Igreja que apareça no mundo como “uma mãe de coração aberto” (EG 46-49).
Concluímos
A transmissão da fé na família é tão antiga como o Povo de Deus, não sendo algo novo.
Compreender o quanto é importante, necessário e urgente recuperar algo fundamental na transmissão da fé: a catequese em família.
Catequese Familiar: um desafio para a Iniciação Cristã em Portugal
Após o Concílio, a catequese em Portugal evoluiu no sentido de um projecto centralizado de catequese, promovido pelo Secretariado Nacional de Catequese:
- Valorizaram-se as grandes linhas do Concílio Vaticano II (comunidade, liturgia, palavra de Deus, etc);-Elaboraram-se catecismos para um itinerário de IC estruturado em 10 anos.
Esta fase do movimento catequético, em Portugal, surge a partir dos anos 70/80 e pode ser definida como: a passagem da «doutrina» para a catequese «para que acreditem e tenham vida».
De onde vimos?De onde vimos?
Hoje há uma grande sensação de ineficácia do processo
de Iniciação Cristã cristã, pensado apenas para a
infância e adolescência.
Tradicionalmente, apesar das limitações de métodos e
conteúdos, a catequese tinha um contexto, garantido
pela família, pela comunidade, pela escola e também
pelo próprio ambiente envolvente.
A descontextualização da catequese é, sem dúvida,
um problema central e, simultaneamente, um desafio.
O período actual está marcado pela procura de uma nova fase da catequese em Portugal.
Exemplo são os novos projectos promovidos pelo SNEC.
Para onde vamos?Para onde vamos?
A mudança de perspectiva pode
ser definida da seguinte forma:
De uma catequese centrada apenas nas crianças e
adolescentes e que não consegue realizar a IC,
apenas a sacramentalização de muitos, para um
processo de IC que tem no centro os adultos e não se
preocupa apenas com os sacramentos, mas inicia a
uma vida cristã (uma catequese para todos).
A centralidade dos adultos A centralidade dos adultos na catequesena catequese
• «“A catequese dos adultos, uma vez que é dirigida a pessoas capazes de uma adesão e de um compromisso realmente responsáveis, deve ser considerada como a principal forma de catequese, para a qual todas as demais, nem por isso menos necessárias, estão orientadas” (DCG (1971) 20). Isto implica que a catequese das outras idades deve tê-la como ponto de referência e deve articular-se com ela, num projecto catequético de pastoral diocesana que seja coerente» (DGC 59).
• Cf. DGC 274 (projecto diocesano de pastoral que envolva todos)
Eis algumas perspectivas e Eis algumas perspectivas e desafios para a IC em desafios para a IC em PortugalPortugal
Concentrar a atenção nos adultos e sobretudo nas
famílias. O que não significa abandonar as crianças e
adolescentes.
O sujeito da catequese deixa de ser o catequista e
passa a ser a comunidade.
O acesso ao processo de iniciação por parte dos
adultos é caracterizado pela liberdade e pela
proposta.
O trabalho em equipa é a forma mais comum para
promover e realizar tal experiência.
Catequese FamiliarCatequese FamiliarA propostaA proposta
Itinerário de IC com as Famílias.
Um novo horizonte no qual se quer
colocar o caminho da Iniciação Cristã.
«A família tornou-se “a célula primeira e vital da sociedade” (AA 11)» (FC 42)
«A futura evangelização depende, em grande parte, da Igreja doméstica» (FC 52)
«A família, como a Igreja, deve ser um
lugar onde se transmite o Evangelho e
donde o Evangelho irradia. Portanto, no
interior de uma família consciente desta
missão, todos os membros evangelizam e
são evangelizados» (FC 52).
Que pretendemos da CFQue pretendemos da CF
Recuperar o papel central da família na transmissão da fé, ajudando os pais a aprofundar a sua fé com vista a darem testemunho dessa mesma fé aos seus filhos, exercitando a sua missão de primeiros catequistas.
A Catequese Familiar desafia a comunidade cristã
a abandonar um esquema escolar de catequese
semanal para proporcionar condições mais
favoráveis à IC, criando um contexto mais amplo
de anúncio, dilatando os tempos, os lugares e as
presenças:
◦ de uma hora semanal passa-se para um ritmo mensal, tendo
no centro o Domingo;
◦ da «aula» de catequese passa-se para os vários ambientes
nos quais a família pode viver a fé: casa, sala paroquial,
igreja;
◦ de um único catequista passa-se a uma série de presenças
que trabalham em equipa: pais, figuras ministeriais da
comunidade, a comunidade que celebra.
O caminho de IC em cada itinerário O caminho de IC em cada itinerário
anual articula-se em etapas mensais, anual articula-se em etapas mensais,
ritmadas numa divisão semanal:ritmadas numa divisão semanal:
1ª Semana – Comunicação ou
diálogo em família Com a ajuda de simples propostas, promove-
se o diálogo dos pais com os filhos, em casa. A
finalidade é testemunharem a fé aos seus filhos,
partindo da vivência familiar, a educação de algumas
atitudes, acontecimentos, mas sobretudo num
diálogo que leve à oração em família.
Propõe-se aos pais, enquanto adultos, um caminho
de redescoberta da fé, através de um itinerário
«transformativo» (não uma série de conferências)
realizado a partir da catequese dos seus filhos
(seguindo os catecismos da IC das crianças). Neste
encontro, sugere-se também como comunicar na
família o que foi amadurecido no grupo.
2ª Semana – 2ª Semana – Encontro com os pais Encontro com os pais na paróquia: na paróquia:
2ª Semana - 2ª Semana - Encontro de catequese Encontro de catequese das crianças na paróquiadas crianças na paróquia
(com a duração, pelo menos, de duas horas, nunca depois da escola e antes
do qualquer actividade desportiva).
Tem como objectivo:
◦ permitir às crianças viverem uma verdadeira experiência de
acolhimento;
◦ permitir que partilhem o que viveram em família;
◦ de proporcionar-lhes uma experiência catequética que respeite o
ritmo próprio da idade;
◦ viver um momento de envolvimento comunitário, além do
catequista, com outras figuras representativas da comunidade
cristã: o pároco, alguns pais voluntários, alguns jovens, ministros
extraordinários da comunhão, algum avô ou outras figuras que
possam fazer equipa com o catequista e levem o seu contributo
«carismático» específico (caritativo, musical, lúdico…).
3ª Semana – 3ª Semana – Comunicação ou Comunicação ou diálogo em famíliadiálogo em família
com a ajuda de simples propostas, promove-se o
diálogo dos pais com os filhos, em casa. A
finalidade é testemunharem a fé aos seus filhos,
partindo da vivência familiar, a educação de
algumas atitudes, acontecimentos, mas sobretudo
num diálogo que leve à oração em família.
Domingo com a família:
◦ este encontro deve realizar-se, preferivelmente, no
Domingo de manhã, uma/duas horas antes da missa,
coordenado pelo pároco ou um formador. Os pais
reencontram-se para uma avaliação da experiência
vivida em família e para aprofundar as questões
abertas. Simultaneamente, as crianças têm a sua
sessão de catequese, onde preparam uma oração, um
gesto ou um sinal para exprimirem na missa alguma
coisa da caminhada feita, envolvendo a assembleia.
4ª Semana – 4ª Semana – Encontro / Encontro / catequese com os pais e com catequese com os pais e com
as crianças na paróquiaas crianças na paróquia
Ritmo Mensal
◦ 1ª Diálogo em Família
◦ 2ª Catequese Pais/Filhos na paróquia
◦ 3ª Diálogo em Família
◦ 4ª Domingo com a Família
Semana Pais(na paróquia)
Filhos(na paróquia)
Família(em casa)
1ª
Já vou à catequese
2ª
O lugar de Jesus na nossa vida: pessoal e familiar
- Sugestões para o diálogo em família
- Síntese do diálogo em família
Já vou à catequese
3ª
Tenho mais Amigos
4ª
Domingo em famíliaA família na família
cristã vivendo o Dia do Senhor
A família c/o comunidade A comunidade c/o família
- Sugestões para o diálogo
em família
FESTA do ACOLHIMENTO
- Síntese do diálogo em família.
Tenho mais Amigos
FESTA do ACOLHIMENTO
Cada paróquia é desafiada a realizar
este modelo de Catequese Familiar
tendo presente o próprio contexto, a
própria realidade, as famílias
envolvidas…
Paróquias piloto
SubsídiosSubsídios
Este processo de Catequese Familiar é
apoiado por um conjunto de “Subsídios”
elaborados para 3 anos. Estes Subsídios
constam de:
◦ Guia dos Pais: 1º, 2º e 3º anos.
◦ Guia do Animador Familiar: 1º, 2º e
3º anos.
Formação de CatequistasFormação de Catequistas
São indispensáveis catequistas dotados de
competência para este tipo de catequese.
Sem dúvida que a formação de catequistas
é um dos grandes desafios desta proposta:
◦ Animador ou casal animador do
grupo de pais
◦ Catequista das crianças
Jornadas Nacionais de CatequistasA Catequese e a Família
Fátima, 6 de Outubro 2011P. Vasco A. da Cruz Gonçalves