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IV SIMPOSIUM INTERNACIONAL DE ARTE RUPESTRE DE HAVANA - 2014
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A ARTE MVEL MEGALTICA NO NORTE DO ALENTEJO PORTUGAL
Jorge de Oliveira
[email protected]
CHAIA Universidade de vora - Portugal
PALAVRAS-CHAVE: Arte mvel, Megalitismo, Norte Alentejo, Portugal
RESUMO Nesta comunicao sero apresentadas as principais variantes da
arte mvel megaltica identificada em contextos funerrios na zona
denominada por Alto Alentejo Portugal. Maioritariamente composta
por dolos-placa e estatuetas zoomrficas entendemos tambm incluir
aqui os elementos de adorno porque de arte se trata. Tentaremos
compreender estes objectos nos seus contextos culturais e
cronolgicos e reconhecer a carga simblica que encerram.
I
Por norma, quando se fala em arte pr-histria pensamos,
imediatamente, em arte parietal do perodo glaciar. Com menor
frequncia inclumos ainda neste conceito a arte mvel do Paleoltico
Superior, maioritariamente representada pelas diversas vnus,
geralmente associadas a uma provvel deusa me. Gradualmente e,
apenas nos ltimos anos, comeou a fazer parte deste conceito a arte
ps-paleoltica, vulgarmente designada por esquemtica mas, mais uma
vez, restringindo-se maioritariamente arte parietal. A arte mvel
das primeiras comunidades agro-pastoris ainda que continuamente
referida pelos investigadores que sobre o Megalitismo desenvolvem
estudos , estranhamente, esquecida pelos que estudam a arte
pr-histrica.
Nesta comunicao queremos dar a conhecer e compreender alguns dos
principais exemplos de artefactos lticos da arte mvel das
comunidades neolticas do Norte do Alentejo, por ns identificados ao
longo de trs dcadas de escavaes em espaos funerrios megalticos
nesta regio.
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II
Os principais exemplos de arte mvel neolticos, em pedra,
conhecidos nesta regio foram identificados em espaos funerrios, no
interior dos bem conhecidos dlmenes. Ocupam especial importncia
nesta comunicao as vulgarmente denominadas placas de xisto, os
raros bculos tambm de xisto e a nica estatueta zoomrfica at agora
conhecida. Debruamo-nos, especificamente, sobre os artefactos
recolhidos nos monumentos da bacia do Rio Sever tanto na margem
portuguesa como na margem espanhola deste rio.
As placas de xisto, ou dolos-placa, como tambm so conhecidos
sero aqui dissecados tendo em ateno a especificidade dos monumentos
funerrios onde foram recolhidos. Dois grupos de monumentos devem
ser considerados. Os monumentos de maior dimenso, obtidos em
granito, e que se localizam em solos com melhor aptido agrcola,
forneceram artefactos mais cuidados e em maior nmero. As sepulturas
em xisto, de pequena dimenso e distribudos pelos solos com fraca
aptido agrcola, destinados especialmente pastorcia, forneceram
raros dolos-placa e todos de acabamento pouco cuidado.
As placas de xisto, ou dolos-placa, nas suas mais diversas
formas, tm vindo a ser consideradas, provavelmente de forma
simplista e errnea, como representaes duma entidade tutelar divina,
do gnero feminino, que constantemente est presente nos espaos
funerrios. Considerada como uma representao da deusa-me destas
primeiras comunidades sedentrias parece emergir duma qualquer crena
que obrigava sua colocao junto dos defuntos.
Embora e cada vez mais suspeitemos que estamos, erradamente, a
incluir no mesmo saco artefactos diferentes, no aqui o momento para
sobre essas dvidas nos debruarmos. Pretendemos apenas dar a
conhecer e discutir aspectos formais destes interessantssimos
elementos da arte mvel das comunidades neolticas do norte do
Alentejo. Se dvidas subsistem quanto ao real significado das
denominadas placas de xisto, maiores dvidas existem ainda no que
aos denominados bculos diz respeito. A sua forma e maior raridade
parecem interliga-los a eventuais bastes de poder, eventualmente
associados carga simblica que o basto do pastor teria no rebanho e
por extenso comunidade humana onde se inseria.
Ao analisarmos estes artefactos tivemos em considerao tambm as
principais caractersticas dos monumentos funerrios onde foram
recolhidos. Sabendo-se que os monumentos de corredor mais alongado
so genericamente mais recentes do que os de corredor curto, a par
da zona geogrfica e qualidade dos solos onde se implantam estes
formam os principais critrios de anlise e seriao.
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III
Dividimos as placas em dois grandes grupos baseados na
matria-prima em que foram
obtidas. As placas de xisto ardosiano negro, ou azul escuro,
destacam-se claramente de placas
mais claras obtidas a partir de blocos de micaxisto, ou arenito.
Dentro de cada um destes grupos
considermos o seu recorte, dividido em geomtrico ou
antropomrfico. No que decorao
diz respeito isolmos decoraes geomtricas, antropomrficas,
geomtricas e antropomrficas
e sem decorao. Considermos ainda um grupo para as placas com
formas indeterminadas e
outro para os bculos.
TIPOLOGIA GENRICA
1. - PLACAS DE XISTO ARDOSIANO
1.1.- Com recorte geomtrico
1.1.1.- Com decorao geomtrica
1.1.2.- Com decorao antropomrfica
1.1.3.- Com decorao geomtrica e antropomrfica
1.1.4.- Sem decorao
1.2.- Com recorte antropomrfico
1.2.1.- Com decorao geomtrica
1.2.2.- Com decorao antropomrfica
1.2.3.- Com decorao geomtrica e antropomrfica
1.2.4.- Sem decorao
1.3.- Indeterminadas
2. - PLACAS DE ARENITO OU MICAXISTO
2.1.- Com recorte geomtrico
2.1.1.- Com decorao geomtrica
2.1.2.- Com decorao antropomrfica
2.1.3.- Com decorao geomtrica e antropomrfica
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2.1.4.- Sem decorao
2.2.- Com recorte antropomrfico
2.2.1.- Com decorao geomtrica
2.2.2.- Com decorao antropomrfica
2.2.3.- Com decorao geomtrica e antropomrfica
2.2.4.- Sem decorao
2.3.- Indeterminadas
3. - BCULOS
Baseados nesta tipologia, verificamos que as placas de arenito
ou micaxisto se
distribuem com valores muito prximos pelos dois grupos de
monumentos 11,9 e 10,7 por
cento, respectivamente nos monumentos de corredor curto e nos de
corredor longo. Pelo
contrrio verificamos que 48,8 % das placas de xisto so
provenientes dos monumentos de
corredor longo, contrastando com os 28,5 % recolhidas nas antas
de corredor curto.
Ao distribuirmos percentualmente as placas de xisto, quanto ao
recorte pelos dois tipos
de monumentos, verificamos que as placas de recorte geomtrico so
maioritrias, quer nos
monumentos de corredor longo (33,8 %), quer nos de corredor
curto (22,5%), afastando-se
significativamente das de recorte antropomrfico presentes com
2,8 e 7 %, respectivamente
nos mesmos tipos de antas.
Na distribuio das placas de arenito ou micaxisto, quanto ao
recorte pelos dois tipos
de monumentos, verifica-se que, quer as placas com recorte
geomtrico nos monumentos de
corredor curto, quer as placas de recorte antropomrfico nos
monumentos de corredor longo
esto presentes na mesma percentagem (33,3%). Regista-se, ainda,
que a diferena percentual
entre as placas de recorte antropomrfico em monumentos de
corredor curto (20%) tambm
relativamente prxima em relao presena de placas de recorte
geomtrico em monumentos
de corredor longo (13,3%).
Tendo em considerao estes valores verificamos que as placas de
arenito ou
micaxisto de recorte antropomrfico ocorrem principalmente nos
monumentos de corredor
longo e que as placas obtidas na mesma matria-prima, mas de
recorte geomtrico foram
depositadas preferencialmente nas antas de corredor curto.
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Em qualquer tipo de monumento as placas de xisto de recorte
geomtrico com
decorao composta por elementos geomtricos e antropomrficos (Tipo
1.1.3.) so as que
ocorrem em maior nmero, correspondendo a 11,9% do total, nos
monumentos de corredor
curto e 19 % nos monumentos de corredor longo. As placas de
arenito ou micaxisto que em
maior nmero esto presentes, quer nos monumentos de corredor
curto, quer nos
monumentos de corredor longo, so as com recorte geomtrico sem
decorao (Tipo 2.1.4),
respectivamente 3,5 % e 2,3%.
Importa realar que nos monumentos da rea em estudo no foram
recolhidas placas
de xisto, micaxisto ou arenito dos tipos 1.2.1, 1.2.4., 2.1.1.,
2.1.3., 2.2.1.e 2.2.3..
Do conjunto de placas destacam-se ainda as do tipo 1.2.3.
exclusivas das antas de
corredor curto, com 5,9%, estando totalmente ausentes nos
monumentos de corredor longo.
Igualmente as placas do tipo 2.1.2 apenas foram recolhidas nos
monumentos de corredor curto.
Os tipos 1.3 e 2.3, que correspondem a fragmentos de placas de
xisto e arenito de
forma ou decorao indeterminadas, resultam das pequenas dimenses
dos fragmentos
recolhidos. Atendendo ao nmero destes exemplares verificamos que
a maior parte, quinze
fragmentos de placas de xisto, foram recolhidos em monumentos de
corredor longo, seguindo-
se-lhes, em ordem decrescente, os fragmentos de placas de
arenito ou micaxisto de antas
igualmente de corredor longo com quatro fragmentos, trs pores de
placas de xisto de antas
de corredor curto e finalmente dois fragmentos de placas de
arenito ou micaxisto tambm
recolhidas em sepulturas de corredor curto. So, assim, as antas
com corredor longo as que
apresentam maior nmero de placas fracturadas, correspondendo a
83,3 % dos exemplares dos
tipos 1.3 e 2.3.
Os bculos provenientes de antas da regio em estudo esto
reduzidos a trs
exemplares: um recolhido na anta da Marquesa, outro na anta dos
Olheiros e outro proveniente
da anta III do Alcogulo. As antas da Marquesa e Olheiros
incluem-se nos monumentos por ns
classificados de corredor curto. Devido ao estado de destruio em
que se encontra a anta III do
Alcogulo no nos possvel determinar a sua planta.
Os bculos da anta da Marquesa e Alcogulo III, ambos de xisto
ardosiano e fracturados,
apresentam uma decorao muito idntica formada por bandas
paralelas de tringulos
preenchidos com retculas cruzadas. O bculo recolhido no
monumento dos Olheiros foi talhado
de um bloco de micaxisto e parece no ter sido concludo. Os leves
vestgios de polimento que
ainda recebeu no foram suficientes para regularizar as arestas
resultantes do talhe inicial que
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se mostram bastante vivas em todo o permetro. No apresenta
qualquer sinal de decorao.
Desta pea sabemos, unicamente, ser proveniente da cmara do
monumento. As condies de
recolha dos outros bculos tambm so desconhecidas.
Na diversidade de decoraes existentes nas placas de xisto deste
conjunto no
existem exemplares que se afastem significativamente dos j
conhecidos provenientes de
monumentos localizados no Alentejo central, contudo, algumas
peas merecem particular
referncia. Neste grupo teremos que destacar duas placas
recolhidas no monumento II dos
Coureleiros que parecem ter sido obtidas a partir de um ou dois
bculos. Esta possibilidade
transparece da curvatura demasiadamente acentuada dos bordos
destas peas, mas sobretudo
pelo denteado que uma das placas apresenta em dois dos vrtices,
muito semelhante ao que
decora o muito divulgado bculo recolhido na anta Grande da
Herdade das Antas, situada no
concelho de Montemor-o-Novo.
Como anteriormente vimos, o recorte e decoraes das placas de
xisto so
predominantemente geomtricos, contudo, verifica-se que nalguns
casos (peas provenientes
de Lanchas I, Marquesa, Bola da Cera e Tapada do Castelo) foi
isolada, por recorte, uma cabea,
na qual se abrem, por norma, dois orifcios, provvel representao
de olhos ou meras
perfuraes para suspenso, ou com as duas funes. Representaes de
outros elementos
anatmicos, obtidos por gravao, em placas de xisto, esto tambm
claramente
representados. Neste grupo incluem-se as sobrancelhas e braos
com mos e dedos de uma
pea de Lanchas I, as sobrancelhas e nariz de BC 179, os ombros
de TC 6 e o esboo de provveis
braos de BC 79.
Nas placas com recorte geomtrico os elementos anatmicos so
pouco
representativos. A provvel cabea representada por um tringulo,
isolado por gravao na
parte superior destas placas, parece ser o nico esboo
antropomrfico existente nas mesmas.
Nestas peas predomina um nico furo central, em ntido contraste
com as duas perfuraes
que genericamente caracterizam as placas de recorte
antropomrfico. A identificao de braos
foi produzida tambm pela abertura de dois orifcios simtricos no
corpo da placa de xisto. Estas
placas fenestradas, mais comuns quando talhadas em arenito ou
micaxisto, esto representadas
por uma pea de xisto ardosiano recolhida no monumento de Lanchas
I, localizada em Valencia
de Alcntara.
Quer em placas de recorte antropomrfico, quer em placas de
recorte geomtrico,
para alm de gravaes de caractersticas antropomrficas, esto
sobretudo presentes bandas
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de tringulos preenchidos com retculas cruzadas ou paralelas.
Esta decorao ocorre
unicamente na parte inferior das placas, separada geralmente da
parte superior por uma ou
vrias linhas horizontais. Em 34,5 % das placas em estudo esto
presentes bandas de tringulos
preenchidos. Menos frequentes so as bandas paralelas de
ziguezagues (5 peas) e as
decoraes em xadrez (3 peas). Mais raras ainda so as decoraes em
espiga vertical
representada neste conjunto por uma nica pea proveniente da anta
da Tapada de Matos e as
placas com cercadura em tringulos tambm representada por uma pea
proveniente de Vidais.
A decorao em X da pea recolhida em Alcogulo I esgota as
variantes decorativas mais
significantes das placas de xisto deste conjunto.
Se so variados os elementos e composies decorativas das placas
de xisto, a
diversidade nas placas de arenito ou micaxisto muito menor. Ou
se apresentam sem qualquer
gravao, ou relevo, ou quando ocorre predominantemente
antropomrfico. Os raros
elementos geomtricos presentes nestas placas parecem querer
representar adornos ou vestes.
Tal como nas placas de xisto tambm encontramos nestas contornos
geomtricos e
antropomrficos. A delimitao da cabea e dos braos so os recortes
que mais claramente as
aproximam da figura humana. Embora se conheam vrias placas de
recorte antropomrfico
elas ocorrem em maior nmero com recorte geomtrico. neste grupo
que se inclui a grande
placa de micaxisto recolhida na anta da Bola da Cera. Trata-se
de uma placa de recorte
rectangular com ngulos arredondados. Na parte superior abrem-se
quatro furos bicnicos
destinados, provavelmente, suspenso. Na face principal duas
sobrancelhas e um nariz
gravados envolvem dois olhos obtidos por perfurao cnica da
placa. Sob cada um, quatro
retculas gravadas acompanham o limite do nariz, delineando um
rosto. Dos registos horizontais
partem dois braos que se aproximam na base da placa. Estes
terminam em duas mos com
cinco dedos cada, onde se destacam os polegares. Pela posio
destes dedos percebe-se que o
gravador da placa quis mostrar a figura com as palmas das mos
viradas para o corpo. No verso
da pea so visveis, unicamente, quatro bandas horizontais de
ziguezagues.
Para alm desta placa onde a decorao antropomrfica muito
realista, outras
existem, embora fragmentadas, que provavelmente excederiam esta
em pormenores
anatmicos.
Se o tratamento grfico da BC 1 se limitou gravao e perfurao,
noutras placas,
sobretudo de arenito, encontramos trabalhos em relevo. Neste
grupo encontra-se a cabea de
placa recolhida entrada do corredor da anta da Cabeuda, na qual
se destacam, relevadas, as
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sobrancelhas e o nariz. O fragmento inferior de uma placa de
arenito recolhida no corredor da
anta da Tapada de Matos, outro exemplo, onde tambm em relevo se
vem duas mos
lateralizando um tringulo de vrtice invertido.
Ainda conhecido mais um exemplar com presena de um tringulo
invertido na parte
inferior. A placa de micaxisto da Anta da Tapada de Matos
apresenta um tringulo nesta
posio, embora j muito degradado, originalmente teria sido em
relevo.
As placas com recorte antropomrfico de arenito ou micaxisto,
fenestradas, ou no,
com excepo das provenientes de Lanchas I, chegaram at ns muito
fracturadas, no sendo
possvel reconhecer claramente todos os elementos decorativos.
Contudo, pelos fragmentos
existentes, podemos verificar que tambm estes artefactos foram
objecto de um tratamento
cuidado e muito realista, como nos prova a pea BC 86, onde se
pode observar a marcao das
sobrancelhas e nariz em relevo.
A existncia de vrias placas ou fragmentos delas de arenito ou
micaxisto sem qualquer
decorao, e com vestgios de ocre vermelho ou tambm cinbrio, ainda
que mais raras,
podero indiciar que algumas delas seriam integral ou
parcialmente pintadas.
Como vimos, quer pela matria-prima, quer pelo recorte, mas
sobretudo pela
decorao so isolveis dois grandes grupos de dolos-placa
provenientes de monumentos
megalticos da regio dos granitos da rea em estudo. Verifica-se
que as placas de arenito ou
micaxisto ocorrem em igual percentagem tanto nos monumentos de
corredor curto como nos
monumentos de corredor longo. Pelo contrrio, as placas de xisto
esto presentes em muito
maior nmero nas antas de corredor longo, sendo mais raras nos
outros monumentos.
Tanto as placas de xisto como as de micaxisto ou arenito com
recorte ou decorao
antropomrficos ocorrem em maior nmero nas antas de corredor
curto, sendo as com recorte
e decorao geomtricos mais frequentes nas de corredor longo. O
realismo e o acabamento
das placas parece ser mais cuidado nas provenientes de antas de
corredor curto. nas antas de
corredor longo que ocorre maior nmero de placas fracturadas,
sobretudo entre as obtidas em
arenito ou micaxisto. Da anta do Tapado da Relva, monumento de
corredor longo,
proveniente o fragmento de placa onde se observam dois orifcios,
junto zona de fractura,
destinados seguramente a auxiliarem a unio ao outro fragmento,
que j no chegou at ns.
Trata-se de um interessante caso de reutilizao de uma placa. Do
mesmo monumento
proveniente a placa TR 24 que constitui outro caso de
reutilizao. Pela forma e decorao
verifica-se que esta pea resultou do aproveitamento de um
fragmento de outra placa de
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maiores dimenses. A constante presena de fragmentos isolados de
placas, tanto de xisto
como de arenito, mostram-nos, tal como j havamos assinalado
quando tratmos das
cermicas, que a sua fractura no resultou tanto das violaes que
os monumentos sofreram ao
longo dos tempos, mas mais da deposio j de fragmentos de
artefactos, provavelmente
associados a depsitos funerrios secundrios.
Os bculos, embora em nmero muito reduzido, parecem ser
exclusivos dos
monumentos de corredor curto.
Entre os dolos-placa evidencia-se o aumento significativo de
placas de xisto nos
monumentos de corredor longo, comparativamente aos recolhidos
nos monumentos de
corredor curto, onde as de arenito e de xisto ocorrem com
frequncias muito idnticas. A maior
percentagem de placas com decorao e recorte antropomrficos
existentes nos monumentos
de corredor curto destacam-se dos atributos eminentemente
geomtricos que caracterizam as
recolhidas em monumentos de corredor longo. O nmero muito
elevado de placas fracturadas,
tanto de xisto como de arenito, no interior de antas de corredor
longo parece ser outro aspecto
a evidenciar.
IV
Os elementos de adorno provenientes das sepulturas megalticas da
regio dos
granitos da rea em estudo podem ser divididos em trs tipos
fundamentais: as contas discides
(tipo A), as contas bicnicas (tipo B) e os pendentes (tipo C).
Dentro de cada um destes tipos
poder-se-iam criar quase tantas variantes quanto os elementos de
adorno conhecidos,
atendendo s particularidades de cada pea. Para evitar a
disperso, provavelmente
inconsequente, optmos, mais uma vez, por reunir em grandes
grupos os artefactos
conhecidos.
Em maior nmero, com 91,84%, encontram-se os elementos de adorno
do tipo A,
seguem-se-lhes com 4,42% as contas bicnicas e em ltimo lugar,
com apenas 3,74%, restam os
pendentes.
Ao procedermos distribuio dos elementos de colar pelos dois
tipos de monumentos
verificamos que a proporcionalidade da distribuio se mantm muito
idntica. Assim, tanto nos
monumentos de corredor longo, como nos monumentos de corredor
curto, as contas discides
so maioritrias, evidenciando-se, contudo, um acrscimo
significativo deste tipo de contas nas
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antas de corredor longo e uma pequena quebra no nmero de contas
bicnicas e nos
pendentes.
As contas discides foram, na sua grande maioria, obtidas em
xisto negro ou cinzento,
contrastando com as bicnicas predominantemente de azeviche. Os
pendentes foram obtidos
ou em xisto negro ou em rocha verde. Materiais como o osso,
cermica, rochas verdes e quartzo
tambm foram utilizados para o fabrico de contas de colar. De
entre os pendentes,
normalmente de forma triangular, destaca-se o identificado na
anta da Bola da Cera, em forma
de crescente (BC 90), recolhido em associao ao depsito funerrio
da Idade do Bronze.
Entre a forma discide e a bicnica destaca-se um conjunto de
contas, normalmente de
xisto cinzento, que atingem quase a regularidade de uma esfera.
Estas contas, conjuntamente
com as discides de menor dimetro e espessura, ocorrem
maioritariamente entre os
monumentos de corredor longo. A semelhana e regularidade do
dimetro de grande nmero
de contas discides parece apontar para a possibilidade de terem
sido obtidas com recurso a
uma broca vazada. A perfurao varia entre cnica e bicnica
relativamente espessura das
peas. Nas contas mais finas a perfurao geralmente cnica,
enquanto que nas contas
bicnicas ou esfricas maioritariamente bicnica.
Entre os elementos e adorno conhecidos nesta regio destaca-se a
pequena estatueta
zoomrfica, provavelmente representando um caprdeo, obtido em
rocha calcria, recolhida no
corredor da Anta da Tapada de Matos, em Castelo de Vide. Esta
pea apresenta duas
perfuraes nas extremidades das patas. Pela posio das perfuraes e
se esta fizesse parte
dum colar, ela seria exibida para os outros em posio invertida.
Seria normal e aceitvel que
esta pea fosse exibida desta forma se este tipo de estaturia
fosse comum e abundante.
Contudo, at ao presente, nesta zona do da Pennsula Ibria pea
nica o que revelar tratar-
se duma pea muito singular. Assim sendo, pela sua forma de
suspenso, parece tratar-se dum
elemento de adorno, ou votivo mais para ser visualizado pelo
possuidor do que para exposio
aos outros.
CONCLUINDO
Apresentam-se nesta comunicao os elementos de arte mvel
recolhidos em
diferentes espaos funerrios da zona norte do Alentejo onde se
podem isolar dois grupos de
monumentos, os obtidos em xisto, localizados em ambiente propcio
a uma economia virada
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para a pastorcia e os obtidos em granito, nas variantes de
corredor longo ou curto, localizados
em solos mais ricos propcios a prticas agrcolas.
Observou-se, assim, que os monumentos da regio dos xistos,
situados junto nas
margens do Rio Tejo, podem ser definidos pela pouca diversidade
e reduzido nmero dos
materiais votivos. Aqui predominam as placas de arenito de
contorno antropomrfico sem
decorao.
Nos monumentos funerrios de granito podemos o sintetizar no
quadro que se segue
as principais diferenas de dolos placa, bculos e elementos de
adorno.
DLMENES DE
CORREDOR CURTO
DLMENES DE CORREDOR LONGO
DOLOS-PLACA Curta diferena percentual entre placas de xisto e
placas de arenito e micaxisto. Reduzido nmero de placas de xisto.
Maior ocorrncia de placas com atributos antropomrficos. Presena de
bculos
DOLOS-PLACA Maior percentagem de placas de xisto. Reduzido nmero
de placas de arenito e micaxisto. Maior ocorrncia de placas com
decorao e recorte geomtricos. Maior nmero de placas fracturadas
ELEMENTOS DE ADORNO Maior nmero de contas bicnicas de azeviche.
Maior nmero de pendentes.
ELEMENTOS DE ADORNO Maior nmero de contas discides,
maioritariamente mais finas e de menor dimetro. Presena dum
pendente com forma zoomrfica.
Como vimos nem sempre os atributos de cada conjunto de
artefactos so
suficientemente distintos para, com clareza, podermos isolar as
caractersticas dos esplios de
cada tipo de monumento.
Entre os dolos-placa evidencia-se o aumento significativo de
placas de xisto nos
monumentos de corredor longo, comparativamente aos recolhidos
nos monumentos de
corredor curto, onde as de arenito e de xisto ocorrem com
frequncias muito idnticas. A maior
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percentagem de placas com decorao e recorte antropomrficos
existentes nos monumentos
de corredor curto destacam-se dos atributos eminentemente
geomtricos que caracterizam as
recolhidas em monumentos de corredor longo. O nmero muito
elevado de placas fracturadas,
tanto de xisto como de arenito, no interior de antas de corredor
longo parece ser outro aspecto
a evidenciar.
A nfima espessura e o reduzido dimetro do grande nmero de contas
de colar
discides provenientes das antas de corredor longo contrasta com
a maior ocorrncia de contas
bicnicas de azeviche recolhidas nos sepulcros de corredor curto.
O maior nmero de
pendentes, quer de xisto negro, quer de rocha verde, nas antas
de corredor mais curto outra
caracterstica a evidenciar.
Embora nem sempre muito evidentes poderemos isolar, como temos
vindo a assinalar,
vrias particularidades que parecem caracterizar cada um dos
tipos de monumentos
identificados. Ainda que sem dados seguros, a inexistncia de
claras fronteiras tecnolgicas
entre os materiais de cada um dos tipos de monumentos, parece
resultar da sua continuada e
provavelmente contempornea utilizao. A diversidade artefactual
registada prender-se- mais
com o prestgio social dos tumulados do que da sua maior ou menor
antiguidade, embora esta
possa ser responsvel por algumas caractersticas registadas entre
os esplios. As dataes
obtidas por radiocarbono apontam para uma clara
contemporaneidade entre os dlmenes de
xisto e os dlmenes de granito de corredor longo, balizveis em
meados dos III milnio antes de
Cristo e uma maior antiguidade para os dlmenes de granito de
corredor curto, apontando para
datas de meados dos IV milnio. Estas datas referem-se a momentos
de utilizao dos espaos
funerrios, obtidos maioritariamente sobre restos sseos ou
carves. So, assim, estes
elementos artsticos mveis teoricamente contemporneos da arte
rupestre esquemtica
identificada nos abrigos quartzticos da rea onde se localizam
estes espaos funerrios.
BIBLIOGRAFIA
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