7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins http://slidepdf.com/reader/full/9-apostila-de-rochas-naturais-artur-zeferino-e-joao-guerra-martins 1/214 Materiais de Construção I ROCHAS NATURAIS série MATERIAISartur zeferino joão guerra martins 4.ª edição / 2010
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9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
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7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
No final do processo de pesquisa e compilação, o presente documento acaba por ser, genericamente,
o repositório da Monografia do Eng.º Artur Zeferino que, partindo do trabalho acima identificado, o
reviu totalmente, reorganizando, contraindo e aumentando em função dos muitos acertos que omesmo carecia.
Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à
especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-
se ao que se pensa omitido.
Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos oscontributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
João Guerra Martins
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Índice .......................................................................................................................................... 3 Índice de Figuras ...................................................................................................................... 10 Índice de Quadros ..................................................................................................................... 15 Introdução ................................................................................................................................. 17 1. Definição e génese das Rochas ou Pedras Naturais ............................................................. 20 1. Definição e génese das Rochas ou Pedras Naturais ............................................................. 20 1.1. Ambientes de Formação das Rochas ................................................................................. 20
2. Propriedades das pedras naturais .......................................................................................... 52 2.1. Resistência mecânica das pedras naturais ......................................................................... 52
2.1.1. Resistência à compressão ....................................................................................... 52 2.1.2. Resistência ao funcionamento ................................................................................ 53 2.1.3. Resistência a tracção, flexão e ao corte .................................................................. 53 2.1.4. Resistência ao desgaste .......................................................................................... 53
2.1.5. Resistência ao esmagamento .................................................................................. 54 2.1.6. Resistência ao choque ............................................................................................ 54
2.3. Características químicas .................................................................................................... 66 2.4. Verificação das características e critérios de utilização das pedras naturais ..................... 67 3. Rochas mais utilizadas na Construção Civil ........................................................................ 70 3.1. Rochas como ornamento ................................................................................................... 71
3.1.1. Categorias de rochas ornamentais .......................................................................... 71
3.2. Principais usos das rochas ornamentais e rochas industriais ............................................. 80 3.3. Localização nacional da exploração de rochas ................................................................. 82 4. Alteração e tratamentos das rochas ...................................................................................... 87 4.1 Acção de agentes químicos da atmosfera ........................................................................... 88
4.1.1. Dióxido de carbono ................................................................................................ 88
4.1.2 Dióxido de enxofre .................................................................................................. 88
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4.2. Acção de agentes químicos dos próprios materiais e do solo ........................................... 89 4.2.1. Acções de agentes químico-biológicos .................................................................. 89
4.2.2. Alteração dos feldspatos ......................................................................................... 90 4.3. Principais causas de deterioração das pedras .................................................................... 90
4.3.1. Acção da água ........................................................................................................ 90 4.3.2. Acção dos sais solúveis .......................................................................................... 92 4.3.3. Acção do vento ....................................................................................................... 93 4.3.4. Acção da temperatura ............................................................................................. 94 4.3.5. Acção dos agentes biológicos ................................................................................ 94 4.3.6. Acção da poluição atmosférica .............................................................................. 96 4.3.7. Acção do Fogo ....................................................................................................... 96
4.3.8. Acção humana ........................................................................................................ 97 4.3.9. Observações conclusivas ........................................................................................ 98
4.4. Tratamentos para impedir as alterações das pedras de construção ................................... 99 4.4.1. Pintura ou impregnação .......................................................................................... 99 4.4.2. Silicatização (aplicação de soluções de silicato de potássio) ............................... 100 4.4.3. Flutuação .............................................................................................................. 101 4.4.4. Observações conclusivas ...................................................................................... 101
5.1. Estudo das pedras como material inerte .......................................................................... 103 5.1.1 Classificação dos inertes ....................................................................................... 103
5.2. Origem dos inertes .......................................................................................................... 104
5.2.1. Materiais provenientes do mar ............................................................................. 104
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5.2.2. Materiais provenientes do rio ............................................................................... 104 5.3. A limpeza das areias ........................................................................................................ 105
5.4. Classificação das areias ................................................................................................... 105 5.5. Granulomotria ................................................................................................................. 106
5.5.1. Processos de sedimentação ................................................................................... 108 5.6. Impurezas da areia ........................................................................................................... 110
Forma do material inerte ........................................................................................................ 112 5.7.1. Natureza das superfícies ....................................................................................... 113
5.8. Qualidade da pedra .......................................................................................................... 113 5.9. Fabricação dos inertes ..................................................................................................... 114
5.14.1. Triângulo de FERET .......................................................................................... 133 5.15. Instalações de fabrico de inertes .................................................................................... 135
5.15.1 Instalação a meia encosta .................................................................................... 135 5.15.2. Instalação do tipo vertical .................................................................................. 135 5.15.2. Instalação em terreno plano ................................................................................ 137 5.16. Armazenagem de inertes ....................................................................................... 137 6.1.2 Fixação com componentes metálicos (processo racionalizado) ............................ 145
Anexo 1A - Terminologia ...................................................................................................... 164 Anexo 1B – Terminologia (complemento) ............................................................................ 168 Anexo 2 – Glossário da Pedra Natural ................................................................................... 174 Anexo 3 – Extracção das pedras naturais ............................................................................... 194 A3.1. Condicionantes à escolha do local de exploração ........................................................ 194
A3.1.1. Natureza da pedra a extrair ................................................................................ 194
A3.1.2.Características do terreno de cobertura .............................................................. 194 A3.1.3. Espessura e inclinação dos estratos exploráveis ................................................ 195 A3.1.4. Definição das frentes de trabalho ...................................................................... 195 A3.1.5. Espessura de material degradado ...................................................................... 196 A3.1.6. Situação relativamente às zonas envolventes .................................................... 196
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A3.2. Tipos de Pedreiras ........................................................................................................ 197 A3.2.1 Exploração a meia encosta ................................................................................. 197
A3.2.2 Exploração em terreno plano .............................................................................. 199 A3.2.3 Pedreiras de boca ................................................................................................ 200 A3.2.4. Pedreiras em plano inclinado ............................................................................ 201 A3.2.5. Pedreiras de poço ............................................................................................... 201
A3.3. Equipamento e Instalações necessárias ........................................................................ 202 I.3.1. Equipamentos de perfuração ................................................................................. 203 A3.3.2. Equipamentos de desmonte ............................................................................... 205 I.3.3 Equipamentos de transporte ................................................................................... 207
A3.4 Métodos de desmonte .................................................................................................... 208
A3.4.1 Exploração com bancadas de pequena altura ..................................................... 208 A3.4.2. Exploração com uma só bancada de grande altura ............................................ 209 A3.4.5 Exploração através de explosivos em galeria ..................................................... 212
Fig. 2 - Corte esquemático e simplificado do modelo da Tectónica de Placas (é de salientar asdiferentes profundidades e posições relativas a que se encontram as câmaras
magmáticas) [Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. . 22 Fig.3 - Cratera do vulcão Stromboli [1]. .................................................................................. 22 Fig. 4- Recolha de amostras de lava do vulcão Etna [1]. ......................................................... 22 Fig. 5- Arrefecimento brusco de uma escoada lávica [1]. ........................................................ 23 Fig.6 - Esquema simplificado da génese das rochas sedimentares) [Fonte: Terra planeta
”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ......................................................... 23 Fig.7 - Erosão marinha de estratos ou camadas calcárias [Fonte: Terra planeta ”vivo”,
http://domingos.home.sapo.pt/index.html]....................................................................... 24 Fig.8 - Erosão pluvial, fluvial e eólica de estratos de arenitos e calcários [Fonte: Terra planeta
”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ......................................................... 24 Figura nº 9 – ciclo litológico .................................................................................................... 25 Fig. 10- Esquema da compactação dos sedimentos detríticos e circulação dos fluidos entre os
poros [Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ............ 26 Fig. 11 - Esquema do fenómeno da solução de pressão, reflectindo a dissolução dos grãos de
um mineral resultado das pressões e a cimentação dos poros [Fonte: Terra planeta
”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ......................................................... 26 Fig. 12 - Ciclo das Rochas ou Ciclo Petrogénico (esquema litológico ou petrogenético)
[Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ...................... 27 Fig. 13 - Formação das Rochas Magmáticas ou Ígneas e representação esquemática dos tipos
de estruturas intrusivas e extrusivas [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ................. 28 Fig.14 Cristalização fraccionada .............................................................................................. 30
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Fig. 15 - Texturas das Rochas Magmáticas ou Ígneas [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro].
.......................................................................................................................................... 31 Fig.16 – tipos de texturas ......................................................................................................... 33 Fig.17 – composição química das rochas magmáticas mais comuns ....................................... 35 Figura nº 18 – classificação simplificada das rochas magmáticas mais comuns ..................... 36 Fig.19 – Ciclo sedimentar ........................................................................................................ 39 Fig. 20- Formação das rochas sedimentares [Fonte: Terra planeta ”vivo”,
http://domingos.home.sapo.pt/index.html]....................................................................... 40 Fig. 21 - Esquema de classificação das Rochas Sedimentares segundo a origem dos
sedimentos [Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. ... 41 Fig. 22 - Esquema simplificado de um modelado cársico numa formação calcária, resultante
da acção dissolvente da água [Fonte: Terra planeta ”vivo”,
http://domingos.home.sapo.pt/index.html]: ..................................................................... 43 A - Dolina; B - Campos de lapiás; C - Gruta com rio subterrâneo; D - Estalagmite; E -
Estalactite; F - Algar; G - Exsurgência. ........................................................................... 43 Fig. 23 - Aspecto de uma gruta numa formação calcária, mostrando as estalagmites e
estalactites [Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]. .... 44 Fig. 24 – Diversos tipos de metamorfismo [Fonte: Terra planeta ”vivo”,
http://domingos.home.sapo.pt/index.html]....................................................................... 47 Fig. 24 – Principais tipos de rochas metamórficas [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ... 48 Mármores e Outras Rochas Carbonatadas (Fonte: Instituto Geológico e Mineiro) ................. 83 Granitos e similares (Fonte: Instituto Geológico e Mineiro) ................................................... 84 Ardósias e Xistos (Fonte: Instituto Geológico e Mineiro) ....................................................... 85
Areias, Argilas, Caulino, Saibro e Seixo (Fonte: Instituto Geológico e Mineiro) ................... 86 Fig. 25 – Fabrico de inertes Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ...................................... 114
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Fig. 26 – Britadeira de mandíbulas (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ......................... 116 Fig. 27– Instalação de britagem (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) .............................. 117
Fig. 28 - Britadeira de mandíbulas acoplada á trova (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)117 Fig. 29 – Esquema de funcionamento de uma britadeira giratória (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 118 Fig. 30 – Britadeira giratória (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ................................... 119 Fig. 31– Unidade móvel de britagem (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ...................... 119 Fig. 32 – Impactor de eixo horizontal (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ..................... 120 Fig. 33 – Vista do interior de um impactor (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ............. 120 Fig. 35 – Aspecto exterior do tambor (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ...................... 122 Fig. 36 – Crivos de discos (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ....................................... 123 Fig. 37 – Trommel de cilindro único (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ...................... 124 Fig. 38 – Trommel de cilindro único. Vista exterior e interior (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 124 Fig. 39 – Instalação de separação com Trommel de cilindro único (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 125 Fig. 40 – Unidade móvel se separação com cilindro Trommel (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 125 Fig. 41 – Crivo vibratório (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ........................................ 126 Fig. 42 – Crivo vibratório móvel (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ............................. 126 Fig. 43 – Alimentação do crivo por gravidade (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ........ 127 Fig. 44 – Alimentação do crivo através de tapete transportador (Disponível em
Fig. 45– Cuba separadora (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ........................................ 128 Fig. 46 - Parafuso Arquimedes (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ................................ 130
Fig. 47 – Funcionamento de um separador de ar (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) .... 130 Fig. 48 – Separador de ar para pó de cimento (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ......... 130 Fig. 49 – Separador de ar acoplado a um aparelho de esferas (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 131 Fig. 50 – Analise granulométrica ........................................................................................... 132 Fig. 51 – Representação no triângulo de FERET. .................................................................. 134 Fig. 52 – Instalação a meia encosta (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ......................... 136 Fig. 53– Esquema de funcionamento de uma instalação do tipo vertical (Disponível em
www.ufp.pt/~ricardot) .................................................................................................... 136 Fig. 54 – Instalações de fabrico em terreno plano (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ... 137 Fig. 55 – Tapetes transportadores (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ........................... 138 Fig. 56 – Armazenagem de inertes (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) .......................... 139 Fig. 57 – Silos de armazenagem de inertes (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot) ............. 139 Fig. A3.1 – Terreno de cobertura ........................................................................................... 195 Fig. A3.2 – Estratos exploráveis ............................................................................................ 195 Fig.3 – Frentes de trabalho ..................................................................................................... 196 Fig. A3.4 – Material degradado ............................................................................................. 196 Fig. A3.5 – Tipos de explorações ........................................................................................... 197 Fig. A3.6 – Exploração a meia encosta .................................................................................. 198 Fig. A3.7 – Exploração a meia encosta com bancadas .......................................................... 198
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Fig. A3.8 – Exploração em terreno plano .............................................................................. 199 Fig. A3.9 – Exploração em terreno plano .............................................................................. 200
Fig. A3.10 – Pedreiras de boca .............................................................................................. 200 Fig. A3.11 – Pedreiras em plano inclinado ............................................................................ 201 Fig. A3.12 – Pedreiras de poço .............................................................................................. 201 Fig. A3.13 – Organograma de equipamento e instalações ..................................................... 202 Fig. A3.14 – Perfuradora acoplada a uma escavadora ........................................................... 203 Fig. A3.15 – Perfurador móvel ............................................................................................... 204 Fig. A3.16 – Brocas de perfuração ......................................................................................... 204 Fig. A3.17 – Perfurador utilizado em extracções subterrâneas .............................................. 205 Fig. A3.18 – Tomba blocos .................................................................................................... 205
Fig. A3.19 – Martelos pneumáticos ....................................................................................... 206 Fig. A3.20 – Equipamento de transporte ................................................................................ 207 Fig. A3.21 – Exploração de bancada ...................................................................................... 208 Fig. A3.22, esq.ª) – explosivos no pé da bancada; Fig. A3.22, dir.ª) – explosivos verticais e
Fig. A3.22 – Desmonte através de furos horizontais profundos ............................................ 209 Fig. A3.23 - Exploração através de furos verticais profundos ............................................... 210 Fig. A3.24 - Exploração através de furos verticais profundos ............................................... 211 Fig. A3.25 - Exploração através de explosivos em galeria .................................................... 212 Fig. A3.26 – Vista em planta das galerias .............................................................................. 213 Fig. A3.27 – Organograma de tipos de explosivos ................................................................ 213
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Quadro 1 – Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função dos minerais
presentes e sua textura [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ...................................... 32 Quadro 2 – Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função dos minerais
presentes e sua cor [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ............................................ 34 Quadro 3 – Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função da amostra de
mão [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ................................................................... 34
Quadro 4 – Designação quanto ao tamanho dos sedimentos. .................................................. 42 Quadro 4A – Classificação de rochas quanto à resistência à compressão e aderência aos
ligantes ............................................................................................................................. 59 Quadro 5 – Relação entre a dureza, a densidade e a resistência à compressão das pedras
calcárias [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ............................................................ 61 Quadro 5A – Trabalhabilidade das rochas correntes ............................................................... 66 Quadro 6 – Tipos de rochas calcárias [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]. ....................... 70 Quadro 7 – Classificação das rochas calcárias [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro] .......... 70 Quadro 8 – Modo de comercialização das rochas Ornamentais calcárias [Fonte: Instituto
Geológico e Mineiro] ....................................................................................................... 71 Quadro 9 – Produtos das rochas ornamentais e rochas industriais calcárias [Fonte: Instituto
Geológico e Mineiro] ....................................................................................................... 72 Quadro 10 – Tipos de ensaios .................................................................................................. 74 Quadro 11 - Principais indústrias consumidoras das rochas industriais [Fonte: Instituto
Geológico e Mineiro] ....................................................................................................... 81 Quadro 12 - Matérias-primas minerais utilizadas na construção de uma casa (adaptado de
Gomes et al., 1998) .......................................................................................................... 82
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QUADRO 13 - CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES ............................................................. 103 QUADRO 14 - CLASSIFICAÇÃO DOS PENEIROS .......................................................... 107
QUADRO 15 – RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO ABERTURA DO GLICLEUR EDIMENÇÕES DAS PARTICULAS ARRASTADAS .................................................. 109
QUADRO 16 – RESULTADOS DE UMA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA. ................. 131 QUADRO 17 - NUMERO DE PENEIROS ........................................................................... 133 QUADRO 18 – EXEMPLO DE AREIAS PARA ANALISE DE TRIANGULO FERET ... 134 Quadro 19 - CARACTERÍETICAS DOS INERTES ............................................................ 140 Tabela 1 – tipos de frente ....................................................................................................... 211
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As pedras naturais constituem, com as madeiras, um dos mais antigos materiais de
construção. Com múltiplas aplicações, fundamentalmente como cantarias, alvenarias e
revestimentos, ao longo do tempo tem diminuído o seu emprego. As razões são conhecidas:
entre outras a descoberta e o domínio de outros materiais, sobretudo com a invasão do betão
(embora os seus inertes sejam pedras naturais).
Praticamente as alvenarias de pedra ordinária deixaram-se de se executar, mas quanto ao
regresso ao emprego generalizado da pedra natural ou ao seu abandono definitivo, função do
seu declínio, haverá que fazer uma reflexão profunda. Efectivamente, esta situação está amerecer, em muitos países, uma alargada discussão, sendo em alguns já precedida de medidas
adequadas no sentido de se seguir uma política racional da utilização deste recurso da
Humanidade.
É, assim, fundamento deste trabalho um estudo sobre as pedras naturais ou rochas, como
resultado da pesquisa feita em diversas fontes, onde os valores científicos e práticos vêm clara
e exaustivamente tratados, nomeadamente em publicações e sites da responsabilidade de
organismos oficiais, assim como estudos e trabalhos publicados por personalidades cujo grau
de conhecimentos é reconhecido, tanto nacional como internacionalmente.
Como contribuição pessoal, servi-me da experiência adquirida ao longo da minha vida
profissional, visitando explorações e indústrias de transformação nas diversas regiões do país.
Se considerarmos a composição da crosta terrestre, ou camada superficial sólida do planeta
(denominando-se crosta continental se está a descoberto e crosta oceânica se está submersa),
verificamos que ambas são constituídas por rochas. Estudos da distribuição litológica indicam
que 95% do volume da crosta continental corresponde a rochas cristalinas, ou seja, ígneas e
metamórficas, sendo os restantes 5 % rochas sedimentares.
As rochas sedimentares representam, essencialmente, uma camada rochosa disposta sobre as
rochas ígneas e metamórficas e representam, basicamente, o resultado da alteração das
primeiras no tempo.
Como se verifica face à sua abundância e características, fácil foi o homem ter escolhido as
pedras naturais como um dos principais materiais de construção. Com múltiplas aplicações,
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têm à medida que o homem vai adquirindo novos conhecimentos e descoberto novas
tecnologias, passado da utilização no seu estado simples, como em cantarias, alvenarias e
revestimentos, para a combinação com outros materiais, cite-se o betão e as massas
betuminosas. Assim, dos primitivos abrigos aos vários monumentos que ao longo da históriatêm sido construídos, até às edificações mais sofisticadas e hoje designadas de inteligentes, a
pedra natural esteve e está presente. Destes e de outros usos daremos mais reconhecimentos
ao longo deste trabalho.
Por curiosidade, se nos referirmos à utilização deste produto no contexto de ornamentação, os
locais mais referidos são o Próximo Oriente, o Extremo Oriente, os EUA, a China, a Índia, o
Brasil e a Europa. Mas, de facto, o “Velho Continente” é e será o mais importante mercado
mundial das rochas naturais.
Na última década os consumidores redescobriram a rocha natural como material de
construção. Desde 1990 que o consumo de rochas naturais nos países da Comunidade
Europeia registou um acréscimo, sendo aqui que ainda é produzida sensivelmente a metade
das necessidades mundiais de rochas ornamentais.
A adopção das várias qualidades de rochas naturais, assim como o seu acabamento e modo
de aplicação, continuam a terem origem nos países europeus, sendo então adaptadas nos EUA
ou na Ásia.
Actualmente na Europa central existe uma grande procura por materiais com superfícies
ásperas. Superfícies envelhecidas artificialmente também são muito apreciadas, como
expressão de elegância e de intemporalidade. O cinzento, em todos os seus matizes, continua
a ser altamente favorito dos arquitectos. Também hoje são muito solicitados os tipos pretos e
cinzentos e, especialmente, os amarelos. A recuperação de edifícios e a arquitectura
paisagística são tidas como os importantes mercados do futuro.
Numa breve análise do sector em Portugal, ocupamos a quinta potência mundial em termos
de produção de rochas ornamentais, mas a primeira quando se considera a produção per-
capita.
O sector das rochas ornamentais em Portugal destaca-se principalmente devido à sua grande
vocação para a produção e exportação de rocha natural talhada para calcetamento. A produção
destas rochas, em termos nacionais, representa cerca de 34% do total da produção de rochas
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Tal como o nome indica, estas rochas formam-se a partir da cristalização de um magma,
podendo também ser designadas por ígneas.
O ambiente em que se formam as rochas magmáticas é caracterizado por temperaturas muito
elevadas, o que permite a existência de materiais rochosos em fusão (magma).
O magma gera-se a grandes profundidades, durante a sua ascensão pode estacionar em
câmaras magmáticas onde vai arrefecendo. Consoante o arrefecimento se processa de uma
forma lenta ou rápida, as rochas que se vão formar apresentam características de textura
diversas. O magma poderá ainda subir para níveis mais superficiais, sob a forma de filões,diques, soleiras e outras, ou poderá mesmo sair directamente para o exterior por processos de
vulcanismo.
Fig. 13 - Formação das Rochas Magmáticas ou Ígneas e representação esquemática dos tipos de
estruturas intrusivas e extrusivas [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro].
Consoante a profundidade a que o magma solidifica classificam-se as rochas em:
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Rochas Plutónicas ou Intrusivas que resultam do arrefecimento e cristalização lenta do
magma em profundidade. Sendo o arrefecimento lento, os minerais que se vão formar
apresentam dimensões consideráveis, sendo facilmente visíveis à vista desarmada. Umexemplo deste tipo de rochas é os granitos. Existem também, como referimos, rochas
magmáticas que se formam a profundidades intermédias em estruturas filonianas como os
diques e as soleiras ou filões camada.
Rochas Vulcânicas ou Extrusivas quando a consolidação do magma é feito à superfície
ou muito perto dela, designam-se as rochas ígneas por vulcânicas. Estas rochas resultam do
arrefecimento muito rápido do magma, visto a temperatura à superfície ser bastante
inferior à temperatura a que se encontrava o magma. Assim, os minerais não tem tempo
suficiente para se desenvolver e por esta razão vão apresentar dimensões muito reduzidas,
por vezes até microscópicas. Os basaltos são as rochas vulcânicas mais comuns.
1.3.1. Textura das Rochas Magmáticas
Como se acabou de ver, as rochas magmáticas intrusivas ou plutónicas são aquelas que
solidificam lentamente no interior da crosta, portanto os minerais têm mais tempo para se
formarem e diz-se que estas rochas têm textura holocristalina, granular ou fanerítica, em que
todos os minerais seus constituintes são visíveis a olho nu.
Contudo, esta também pode ser grão fino, designando-se por textura aplítica. Por outro lado,
quando todos os cristais são de grandes dimensões diz-se que têm textura pegmatítica. Ainda
existem certas rochas em que se regista uma variação entre cristais pequenos e grandes, que
sobressaem na massa granular da rocha, diz-se, neste caso, que têm textura porfiróide.
As rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas são as que têm um arrefecimento rápido à
superfície e, por isso, os minerais são de pequenas dimensões e não se distinguem à vista
desarmada. Diz-se que têm textura afanítica, em que só ao microscópio petrográfico se podem
observar os seus constituintes, ou textura vítrea em que não há individualização dos seus
minerais, nem mesmo quando observados ao microscópio, como por exemplo, os vidros
vulcânicos (obsidiana).
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Resultam da acumulação de organismos depois de mortos ou de detritos da sua actividade.
A esses restos de organismos preservados nas rochas chamam-se fósseis, sendo um exemplodesta rocha o diatomito que é constituída, essencialmente, por carapaças de diatomáceas.
As rochas fossíliferas mais comuns são os calcários fossilíferos, que resultam da precipitação
de carbonato de cálcio que vai cimentar e consolidar restos de animais.
Rochas Quimiogénicas
Resultam da precipitação a partir de substâncias dissolvidas na água que poderão através dela
serem transportadas a longas distâncias.
A precipitação dos produtos que irão dar origem a estas rochas, dá-se em condições químicas
e de temperatura que não permitem que a água continue a transportá-los. Formam-se, então,
rochas de precipitação química como, por exemplo, as estalactites, calcário comum e o sílex.
Fig. 22 - Esquema simplificado de um modelado cársico numa formação calcária, resultante da acção
dissolvente da água [Fonte: Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html]:
A - Dolina; B - Campos de lapiás; C - Gruta com rio subterrâneo; D - Estalagmite; E - Estalactite; F -
Algar; G - Exsurgência.
O processo mais comum de precipitação é a evaporação, verificado no caso das rochas
evaporíticas. Originam-se por precipitação de sais quando se dá a evaporação das águas que
os contêm em solução, como exemplos temos o gesso e a halite (sal de cozinha).
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Fig. 23 - Aspecto de uma gruta numa formação calcária, mostrando as estalagmites e estalactites [Fonte:Terra planeta ”vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html].
1.4.4. Principais Rochas Sedimentares
Resultam da deposição ou precipitação de substâncias e posterior consolidação dando origem
a estratos. São rochas anisotrópicas pois têm propriedades muito diferentes segundo a
direcção que se considera. Se considerarmos por exemplo a direcção dos estratos e a direcção perpendicular a eles as propriedades numa e noutra direcção variam radicalmente. Como
exemplo deste tipo de rochas temos os calcários e o grés.
Calcário
Aparece no sul do Tejo e nas zonas de excepção do granito. O calcário é formado por
Carbonato de Cálcio (CaCO3).
Juntamente com o granito é a perda mais utilizada no nosso país. É uma perda branca com
dureza muito variável, desde muito brandas até muito duras.
O calcário tem um inconveniente – é uma pedra geladiça, isto é, é uma rocha que fractura por
influência da compressão provocada pelo aumento do volume da água quando gela. Este
fenómeno designa-se por gelavidez.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
As rochas metamórficas geralmente resultam da transformação de rochas pré-existentes. Estas
transformações decorrem quando essas rochas atingem grandes profundidades ou quando são
encaixantes nas intrusões magmáticas, sem contudo passarem pelo estado de fusão. Nestes
casos, devido às novas condições de pressão e de temperatura, diferentes das que presidiram àsua génese, estas vão sofrer alterações nas suas características originais.
Essas modificações consistem, essencialmente, nos reajustamentos mineralógicos e texturais
das rochas, em consequência das novas condições físico-químicas, nomeadamente de pressão
e temperatura do meio. Mas outros factores também são muito importantes no metamorfismo,
como é o caso da acção dos fluidos e do tempo.
Todos estes factores não actuam conjuntamente e com a mesma intensidade, falando-se dediferentes tipos e intensidade de metamorfismo.
Quanto maiores forem a temperatura e pressão maior será a intensidade do metamorfismo e
maiores vão sendo as transformações das rochas, até chegar a um ponto chamado de ultra-
metamorfismo, que faz a transição para o ambiente magmático. Inversamente, variações
muito pequenas de temperatura e pressão induzem transformações menos acentuadas das
rochas, podendo facilmente concluir-se qual a rocha inicial metamorfizada.
Geralmente estas rochas são deformadas, apresentando foliação e xistosidade. A xistosidade é
evidenciada pela facilidade com que a rocha se destaca em lâminas, como é exemplo o xisto.
A foliação é evidenciada por bandas alternadas de minerais claros e minerais escuros e/ou
pela orientação preferencial dos minerais que as constituem.
O metamorfismo encontra-se frequentemente associado à formação de cadeias montanhosas e
diz-se que o metamorfismo é do tipo "regional", pois afecta grandes quantidades de rochas
com espessura e superfície consideráveis, está normalmente associado à orogénese.
Mas as rochas metamórficas também poderão resultar das alterações térmicas que as rochas
encaixantes sofrem, quando se dão as intrusões de maciços magmáticos. Fala-se então de
metamorfismo de contacto, afectando apenas as rochas envolventes do maciço.
A transformação da rocha ocorre na vizinhança de uma intrusão magmática. A temperatura e
os fluídos deverão ser os factores de metamorfismo dominantes.
Resumindo, a rocha metamórfica é a rocha resultante de um processo de alteração das
condições originais que presidiram à sua génese. Esta alteração das condições do meio, vai ter
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Dada a sua origem e o modo de formação bastante diverso, as pedras apresentamcaracterísticas bem diferentes que permitem a sua distinção e determinam a sua posterior
utilização em obra.
Essas características são de três tipos: mecânicas, físicas e químicas.
Assume o seu conhecimento particular importância, quer para as operações de extracção e
transformação, quer para uma correcta selecção nas suas utilizações. Abordam-se
seguidamente estas características particularizando o seu estudo em certos casos de maior interesse. Assim, embora muitas sejam as propriedades que as pedras naturais possuem ou
que se desejam, passando-se a expor apenas as mais significativas.
2.1. Resistência mecânica das pedras naturais
As propriedades de resistência a f1exão, ao corte e à tracção para uma pedra têm pouca
importância e consideram-se geralmente nulas.
Interessam essencialmente as resistências à compressão e ao desgaste. Na verdade, o papel da
pedra na construção é, sobretudo, de resistir a compressão e ao desgaste.
2.1.1. Resistência à compressão
É, pelas razões já apontadas, a mais importante. Muito embora a aplicação da pedras naturais
ser cada vez mais ornamental, pelo que outras características vão sobressaindo.
Essa resistência varia com o efeito de cintagem, podendo-se para a mesma pedra encontrar
valores distintos devido a este factor. Por isso é que se utilizam altos coeficientes de
segurança para as pedras, podendo atingir o valor de 10.
Em regra, quanto mais densa é a pedra maior é a sua resistência à compressão. Existindo uma
fórmula que relaciona a resistência com a densidade aparente, nos calcários. Também esta
resistência depende do grau de humidade. Quanto mais saturada está a pedra menor é a sua
resistência. Caso dos calcários, que quanto mais geladiça for a pedra menor é a resistência.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Como fórmula que pretende aferir do índice de qualidade da pedra a este factor, temos:
Resistência seca / Resistência húmida
No caso dos calcários, se este quociente for menor que 1,6 a pedra considera-se geladiça.Portanto, este quociente também caracteriza o grau de geladicidade da pedra. Por exemplo,
num granito a Resistência seca / Resistência húmida variam de 1,05 a 1,10.
2.1.2. Resistência ao funcionamento
Tomemos um provete e coloquemos sobre ele uma pastilha de aço a que se aplica uma força.
A área tende a expandir-se lateralmente, pois está sendo comprimida. Essa expansão está
impedida e aumenta assim a resistência.
Por outro lado, há ainda a considerar a resistência ao corte do provete. Assim, a resistência
vem nesse ponto muito aumentada em relação a resistência da pedra quando a força é exercida
em toda a área (quase triplicada).
Se comprimirmos um provete numa área reduzida a tensão de rotura é maior do que se o
comprimirmos em toda superfície.
Se uma pedra está nestas condições podemos dar-lhe um coeficiente de segurança mais baixo.
2.1.3. Resistência a tracção, flexão e ao corte
A resistência a f1exão é da ordem de 15% da resistência à compressão. A resistência ao corte
e à tracção é cerca do 5% da resistência a compressão.
Estas três resistências são muito pequenas e podem mesmo não se chegarem a desenvolver.
Por exemplo as pedras fissuradas não podem suportar tais esforços. Devido a isto na prática
escolhem-se formas construtivas adequadas apenas ao exercício de esforços de compressão.
2.1.4. Resistência ao desgaste
A resistência ao desgaste tem particular importância para as pedras aplicadas no fabrico de
betões e em locais de circulação intensa, ficando assim sujeitas a solicitações de abrasão
frequente, como ladrilhos, lajetas de pavimentos, cobertores de degraus, etc.
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O desgaste influi não só na perda de espessura/peso dos elementos, como na manutenção do
seu brilho e mesmo visibilidade da sua matriz decorativa, sendo um parâmetro essencial na
aferição de desempenho de uma pedra natural.
2.1.5. Resistência ao esmagamento
É a propriedade que mede a dificuldade em esmagar uma pedra natural por acção de forças
transversais à mesma, sendo medida pela quantidade de material friável. Entende-se por
partículas friáveis aquelas que se esmagam quando apertadas entre os dedos.
2.1.6. Resistência ao choque
Trata-se de uma importantes propriedade a ser quantificada nas pedras naturais, dado que asmesmas estão frequentemente sujeitas a acções dinâmicas, ainda que baixa intensidade.
Associada directamente a grandezas como a fractura, a resistência ao choque é de primordial
importância em elementos sujeitos a acções externas com significados, como o trânsito de
viaturas e mesmo pessoas.
Características distintas das pedras naturais
2.2. Características físicas
Dentre as características físicas que maior relevância apresentam na análise duma pedra
natural, como material de construção, contam-se:
1. Estrutura e textura;
2. Fractura;
3. Homogeneidade;
4. Dureza;
5. Aderência aos ligantes;
6. Densidade;
7. Compacidade;
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• Duríssimas – quando só se cortam com Carborundum ou serras diamantadas.
No caso particular das pedras calcárias, torna-se necessário para atender à sua gama
extremamente variada uma escala mais “ fina “.
Daí que em certos países seja corrente uma outra escala – Escala EPC – e a correspondente
classificação dos calcários:
ESCALA - EPC
• Grafite ...................... A
• Chumbo puro ........... B
• Ligas fusíveis ........... C
• Zinco ........................ D
• Latão recozido .......... E
• Duralumínio .............. F
• Aço ........................... G
• Muito brandos ............ A-B
• Brando ....................... B-C
• Semi - brando ............ C-D
• Semi - duro ................ D-E
• Duro ........................... E-F
• Muito duro .................. F-G
2.2.5. Aderência aos ligantes
A aderência aos ligantes não é característica intrínseca das pedras, uma vez que depende
também da natureza do ligante.
A rugosidade da superfície, embora deveras importante pois dá origem a uma aderência em
escala macroscópica, não é a causa única. Na verdade, surgem normalmente situações em que
a aderência das pedras aos ligantes é bastante diferente consoante se trate de ligantes
hidrófilos (hidráulicos) ou hidrófobos (hidrocarbonatos). Nos primeiros, os hidráulicos, o
endurecimento processa-se em presença da água, nos segundos, os hidrocarbonados, aaderência é feita a quente. Quando se utilizam os primeiros as pedras têm que se molhar,
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Em geral, importa considerar no estudo das pedras a densidade absoluta e a densidade
aparente.
Densidade aparente de várias Rochas
Calcários (brandos e duros) 1,8 a 2,8
Grés 2,0 a 2,5
Granitos 2,4 a 2,9
Pórfiros 2,0 a 2,8
Basaltos 2,8 a 3,0
Sílex 2,6 a 2,8
A primeira é a relação entre a massa da pedra, a temperatura determinada, e a massa de um
volume de água a 4ºC, igual ao volume da pedra sem vazios. A segunda é a relação entre a
massa da pedra e a massa de igual volume de água a 4ºC.
A densidade aparente das pedras é sempre inferior ao valor numérico do peso específicomédio dos seus componentes, dado a sua constituição estrutural incluir sempre um certo
volume de vazios. A densidade aparente das pedras varia, geralmente, para as diferentes
pedras.
2.2.7. Compacidade
Se atendermos a que as massas específicas dos seus constituintes (quartzo, feldspato, micas,
calcite, etc.) variam de 2600 a 3200 Kg/m3
(em geral) constata-se o interesse do conhecimentoda grandeza que relaciona a densidade aparente (γa) com a densidade absoluta (γ).
Essa grandeza é a compacidade e exprime-se:
Compacidade -γ
γ σ a=
Retira-se da expressão anterior que para uma pedra da mesma natureza a densidade aparente é
proporcional à compacidade, sendo assim lícito deduzir que nestas condições a resistência
mecânica seja uma função crescente da densidade aparente
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Como se sabe, a capilaridade depende da tensão superficial do líquido em questão e da
possibilidade de molhagem das paredes do material pelo líquido. As pedras, cujos vasos
capilares são hidrófilos e contém, geralmente, água absorvida ou mesmo de sucção capilar,
são molháveis pela água não o sendo facilmente por líquidos oleosos.
A água por efeito da tensão superficial sobe na pedra por capilaridade. A água dos alicerces
sobe assim pelas paredes dos edifícios. Uma consequência deste facto é o aparecimento de
manchas de salitre. O salitre provém da terra, da água ou da própria pedra, sobe com a água e
quando esta se evapora deposita-se nas paredes. Também nos calcários tem o seu efeito
nefasto, pode levar a fenómenos de geladicidade. A água que sobe por capilaridade quando
sujeita a temperaturas baixas gela e provoca tais fenómenos.
Nas pedras homogéneas a elevação de água é proporcional ao quadrado do tempo, sendo a
linha de separação, da parte seca e molhada, horizontal (lei de Darcy).
O salitre que se forma, principalmente no granito, ataca e destrói a pedra, assim como a
geladicidade. Daí a necessidade de evitar a higroscopicidade.
Há processos de conservação destas pedras: primeiro utilizou-se a pintura com vidro solúvel
(silicatos de sódio ou potássio), mas o calcário reagia com este e dava origem ao salitre(silicato de cálcio) de modo que foi substituído por fluorsilicatos de potássio, alumínio, entre
outros, que não têm tal inconveniente.
A higroscopicidade ainda é proporcional ao peso da água absorvida num dado tempo.
Para evitar a infiltração de água nas paredes, estas podem ainda ser hidrofugadas, isto é, usa-
se um material hidrófugo (repelente à água) que pode ser, por exemplo, o asfalto, para
impermeabilizar as construções. Sobre este assunto falaremos mais tarde com mais pormenor.
2.2.11. Gelividade
A gelividade de uma pedra é a característica que ela apresenta de se fragmentar quando, por
acção de um abaixamento de temperatura, a água que contém nos seus poros solidifica com
consequente aumento de volume. Conclui-se, assim, que uma pedra nestas condições será
porosa, higroscópica e de fraca resistência, pois absorve água e não resiste ao acréscimo de
volume devido à congelação.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Trabalhabilidade expressa a facilidade cm que a pedra se deixa trabalhar, ou seja, cortar,
perfurar, ganhar geometria diversa.
Quadro 5A – Trabalhabilidade das rochas correntes
Rocha Trabalhabilidade
Granito
Basalto
Meláfiro
Tufos
Calcário
Brecha
Mármore
Grés
Xistos e ardósias
Variável, sendo difícil em granitos muito duros
Muito difícil
Idêntico ao granito
Desde de muito frágil ao granito
Variável, predominando a boa tralhabilidade
Como os calcários, por vezes frágeis
Bons, com raras excepções
Muito variáveis e abrasivos
Muito difícil
2.3. Características químicas
Dentre as características químicas a que assume maior importância é a estabilidade.
Efectivamente, a baixa sensibilidade à agressividade química é cada vez mais influente na
selecção de uma pedra natural. Hoje, os agentes agressivos encontram-se quer na chuva
(acentuadamente ácida), quer nos produtos de limpeza, quer mesmo noutros materiais de
construção que poderão reagir com as pedras naturais.
Dai, que o conhecimento do ambiente que a pedra vai encontrar seja de essencial para a suaescolha. Como exemplo, se quisermos fazer ideia da maior ou menor alteração duma pedra
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Os dados de produção das substâncias comerciais serão apresentados por tipo de indústriaconsumidora, por se entender que esta classificação é a que melhor caracteriza as matérias-
primas em causa.
As pedras naturais podem ser utilizadas em numerosos sectores da actividade económica,
nomeadamente nas indústrias da construção civil e obras públicas, de transformação de rochas
ornamentais, do cimento, do papel, química, cerâmica, do vidro, dos abrasivos.
Quadro 6 – Tipos de rochas calcárias [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro].
Rochas Carbonatadas Granitos e similares Ardósias e Xistos
Mármore e Calcário Cristalino
Calcário Sedimentar
Calcário Microcristalino"Brecha" Carbonatada
Conglomerado
Granito
Sienito Nefelinico
DioritoGabro
Serpentinito
Pórfiro Ácido
Ardósia
Xisto
Quadro 7 – Classificação das rochas calcárias [Fonte: Instituto Geológico e Mineiro]
Pedras
Naturais
Tenras Industriais Areias, Margas e Argilas especiais
Duras
Industriais Britas graníticas e calcáreas
Pedras Naturais Mármores, Granitos, Ardósias
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Entende-se por minerais industriais, onde estão incluídas as rochas ornamentais e industriais,
"... os minerais e as associações de minerais utilizadas para fins industriais, de modo a poder com eles, ou com compostos deles derivados, fabricar por processos tecnológicos simples ou
complexos, os produtos ou materiais que satisfaçam os requisitos impostos por uma qualidade
de vida caracterizada por uma melhoria que se pretende cada vez melhor" [GOMES, C.,
VELHO J. e ROMARIZ, C., (1998) - Minerais Industriais. Geologia, Propriedades,
Tratamentos, Aplicações, Especificações, Produções e Mercados].
Quadro 8 – Modo de comercialização das rochas Ornamentais calcárias [Fonte: Instituto Geológico e
Mineiro]
Tipologia de rocha
Blocos e serrados
Material calcário
Material silicioso
Pedra trabalhada
Pedra natural para calcetamento
Material calcário e silicioso
Ardósia
3.1.1. Categorias de rochas ornamentais
Modo de apresentação
Existem duas situações gerais que se identificam:
1. Com beneficiamento de face (caso dos granitos e mármores), o que compreendeas rochas que possam ser:
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• Serrado: O material é serrado e semi-polido, ficando quase sem brilho e com boa
aderência superficial (não é escorregadio);
• Apicotamento (escacilhado, esponteirado e bujardado): utilizando martelo e
ponteira, deixa a superfície rugosa e anti-derrapante. Esta opção que torna a rocha
antiderrapante, o apicoamento é um processo manual ou mecânico que utiliza o picão -
ferramenta própria para desgastar pedras - para conferir um aspecto com relevo
(picado).
• Polido: Alizado com abrasivos e depois lustrado com produtos químicos,
realçando brilho e capacidade de impermeabilização. São submetidas a processos
sucessivos de abrasão, partindo da granulometria mais grossa até chegar à mais fina,sendo o objectivo fechar qualquer porosidade. Em seguida, pode-se ou não lustrar a
peça, de acordo com o brilho desejado;
• Flameado ou flamejado: quando submetido a maçarico tornando-o ondulado e anti-
derrapante. Este processo, que se aplica exclusivamente ao granito, tem o objectivo de
torná-lo áspero. Consiste na queima da pedra para que ocorra o desprendimento alguns
cristais.
• Lustradas - O lustro é feito de forma diferenciada para cada pedra. No caso do
mármore, usa-se o ácido oxalático - de menor potencia abrasiva; já para o granito é
usada uma mistura de chumbo e óxido de estanho.
• Levigadas - quando as peças são desbastadas por abrasivos de granulometria
grossa e não recebem mais nenhum tratamento, resultando uma superfície áspera.
• Impermeabilizadas - De modo geral, pedras polidas não apresentam porosidades,
dispensando assim tal tratamento. Já aquelas usadas em seu estado natural são
permeáveis e devem ser impermeabilizadas com resina à base de poliéster, para
impedir o crescimento de matérias orgânicas e o consequente comprometimento de
sua resistência e estética.
Caracterização das rochas ornamentais
As rochas não precisam, para o seu emprego, mais que a extracção e sua transformação emformas e/ou elementos adequados aos usos projectados. Torna-se, contudo, indispensável o
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
conjunto dessas propriedades determina uma série de especificações básicas que devem ser
conhecidas na escolha dos materiais para diferentes finalidades.
A entrada de um novo material (rocha) no mercado, passa necessariamente pelo crivo “dos
experts”, que na grande maioria das vezes são experientes importadores de blocos, os quais
constituem a base da pirâmide dos formadores de opinião, em geral, arquitectos de renome
internacional.
O sector de rochas ornamentais insere-se, perfeitamente, neste mundo globalizado, pois à
medida que haja o seu desenvolvimento, via exportação de produtos e bens minerais
(primários ou acabados), poderá gerar divisas fundamentais e necessárias para o equilíbrio da
nossa balança comercial.
Do ponto de vista comercial, as rochas ornamentais e de revestimento são basicamente
subdivididas em granitos e mármores. Como granitos enquadram-se, genericamente, as rochas
silicáticas, enquanto os mármores englobam “Lato sensu”, as rochas carbonáticas. Alguns
outros tipos litológicos, incluídos no campo das rochas ornamentais, são os quartzitos,
serpentinitos e ardósias, também muito importantes sectorialmente.
Tanto quanto outros materiais sólidos utilizados para construção civil, arquitectura e paisagismo, as rochas ornamentais e de revestimento sofrem solicitações que podem provocar
perda de resistência mecânica, mudanças de coloração e aparecimento de manchas isoladas.
Por exemplo, substâncias químicas agressivas, sobretudo ácidas, estão cada vez mais
presentes em nosso meio físico. Sua incidência deriva principalmente de acções
antropogênicas, envolvendo manuseamento de produtos domésticos e industriais, e das
chuvas ácidas pela queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, etc.).
A partir dessas referências e de elementos de análise colhidos em trabalhos de simulação de
alterabilidade, reforça-se a necessidade da conciliação técnica e estética para especificação
dos revestimentos naturais, pois os diferentes grupos de rochas mostram sensibilidade distinta
aos agentes de degradação.
É, assim, muito importante distinguir as rochas carbonáticas, designadas genericamente como
mármores e travertinos, das rochas silicáticas, que recebem a denominação de granitos, bem
como das ardósias, quartzitos e serpentinitos.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Rochas carbonáticas são menos resistentes ao desgaste abrasivo e quimicamente maisreactivas que as rochas silicáticas, exigindo pressupostos rígidos de manutenção, se
especificadas em fachadas, pisos e áreas de serviço. Rochas silicáticas são mais resistentes ao
desgaste abrasivo e quimicamente menos reactivas que as rochas carbonáticas, exigindo
cuidados quanto ao aparecimento de manchas produzido por infiltrações de líquidos,
sobretudo de argamassas de fixação e em juntas.
A resistência ao desgaste abrasivo é normalmente proporcional à dureza na escala de “Mohs”.
Dos minerais constituintes das rochas, a calcita e dolomita, principais constituintes dos
mármores, têm dureza 3 e 3.5-4, respectivamente. A dureza dos principais componentes dos
granitos é sensivelmente superior, mencionando-se o quartzo (dureza 7), os feldspatos (6) e os
minerais ferro-magnesianos (4 a 6).
Assim, entre os granitos será tanto maior a resistência abrasiva quanto maior a quantidade
quartzo. Entre os mármores, será tanto maior a resistência abrasiva e química quanto maior o
carácter dolomítico (magnesiano).
Com respeito à absorção de água, que traduz a percentagem de espaços vazios, ou seja, a
porosidade efectiva dos materiais, os valores observados para as rochas silicáticas são
geralmente maiores que os das rochas carbonáticas. Os granitos, mesmo polidos e lustrados,
estão mais sujeitos que os mármores ao aparecimento de manchas por infiltração de líquidos3.
Do ponto de vista físico-mecânico, as rochas silicáticas mostram-se superiores às carbonáticas
para revestimentos exteriores, pisos em geral e áreas de serviço. Sob o mesmo prisma, asrochas carbonáticas seriam por sua vez idealmente especificáveis para interiores, com
restrições aos pisos de alto tráfego, às áreas de serviço e notadamente às pias de cozinha. Em
cidades junto ao litoral marítimo, reforça-se a inadequação das rochas carbonáticas para
3
Embora a eventual cor clara dos primeiros (mármores) possa denunciar o efeitos de gorduras que não são tãoaparentes nos segundos (granitos) se de cor escura.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
fachadas e pisos, pelo ataque da humidade marítima, que contém ácido clorídrico, e pela
abrasividade das areias de praia.
Como forma de identificação e distinção entre um granito (rocha silicática) e um mármore
(rocha carbonática), dois procedimentos simples são recomendados: os granitos não são
riscados por canivetes e chaves, os mármores, inclusive travertinos, são riscados por
canivetes/chaves e reagem ao ataque de ácido clorídrico a 10% em volume, efervescendo
tanto mais intensamente quanto maior o teor calcítico (na falta de ácido clorídrico, podem-se
usar gotas de limão).
Os quartzitos, muitas vezes assemelhados aos mármores, não são riscados por
canivetes/chaves e nem efervescem com ácido clorídrico ou limão.
Em termos práticos, deve-se enfatizar/avaliar o ambiente de aplicação para as rochas
carbonáticas e as técnicas de fixação e acabamentos de superfície para as rochas silicáticas,
objectivando uma maior durabilidade e preservação das características estético-decorativas.
Os acabamentos apicoados e flamados, menos escorregadios, são preferíveis aos lustrados
para pisos exteriores com tráfego de pedestres. Porém, o apicoamento e flameamento
aumentam a superfície específica da face tratada e produzem microfissurações, ampliando aabsorção de líquidos e impregnação de sujidade. Nestes casos, mediante testes específicos,
recomenda-se a utilização de selantes (impermeabilizantes hidro-óleo-repelentes, silicones,
etc), ou, por outro lado, não se recomenda o apicoamento e flameamento de rochas
naturalmente absorventes.
3.1.3. Ardósias
Ardósias são rochas síltico-argilosas de derivação sedimentar, que desenvolvem panos preferenciais de delaminação (clivagem ardosiana) aproveitados para a obtenção de chapas.
As ardósias destacam-se em revestimentos internos pela grande afinidade estética com
madeiras, metais e tapeçaria, além da facilidade de manutenção e preços acessíveis. Assim,
como outros materiais com superfícies lisas, suas faces naturais e polidas são escorregadias
quando molhadas, não se justificando o preconceito face aos demais tipos de rochas e
produtos cerâmicos.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Pode-se distinguir a ardósia de outros materiais naturais, pelos padrões cromáticos
homogéneos que lhe são característicos. Quando em contacto com ácidos ou limão, as
ardósias não efervescem ou reagem muito discretamente, observando-se que as variedades
grafite e negras são mais sensíveis que as cinzas.
3.1.4. Quartzitos
Quartzitos são rochas silicosas de derivação sedimentar, maciças ou foliadas, formadas
essencialmente por quartzo. Suas características físico-mecânicas são assemelhadas as das
rochas silicáticas (granitos), enquanto as feições estéticas são mais próximas das rochas
carbonáticas (mármores).
As superfícies naturais das placas de quartzitos foliados são antiderrapantes e suas cores
claras refletem a luz solar, funcionando como refractário térmico em ambientes não
abrigados. Os quartzitos foliados mais qualificados apresentam-se como rochas coesas não
friáveis e bastante resistentes à abrasão. Os índices de absorção da água (0,2% a 0,6%)
permitem função drenante, ideal para áreas do contorno de piscinas, salientando-se que a
inexistência de minerais reactivos torna os quartzitos inertes a agentes de alteração química.
A exemplo dos granitos, deve-se observar a correcta formulação e utilização de argamassas defixação e de juntas, no sentido de evitar infiltrações e o aparecimento de manchas. Como
critério de identificação refere-se que, ao contrário dos mármores, os quartzitos não são
riscados por canivete e não efervescem com ácido clorídrico ou limão.
3.1.5. Serpentinitos
Serpentinito é a designação técnica de um grupo de rochas metamórficas. No sector de rochas
ornamentais e de revestimento, os serpentinitos são tratados como mármores apesar doconteúdo subordinado de minerais carbonáticas.
3.1.6. Conclusões
Parece que o crescimento recente da participação relativa dos granitos no sector de rochas
ornamentais e de revestimento, foi, pelo menos em parte, determinado por sua beleza, maior
durabilidade e resistência frente aos mármores.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
As pedras naturais estão sujeitas, em obra, a acções que lhes podem produzir apenas desgastesnas arestas e ângulos salientes, eventualmente desagregações de lamelas superficiais sem
alteração da sua composição química ou mineralógica ou, pelo contrário, a acções que
introduzem nestas uma alteração profunda, dando origem à sua destruição.
As primeiras acções caracterizam-se por processos físicos de destruição das pedras e, desde
que a pedra seja de boa qualidade, assumem pequena importância.
As segundas caracterizam os processos químicos de destruição que revestem particular importância nas pedras calcárias, pela sua enorme susceptibilidade aos ácidos e, de um modo
geral, nas pedras com feldspatos, como os granitos, pelas suas possibilidades de caulinização.
Estas alterações são particularmente graves nos monumentos e edifícios de interesse histórico
e artístico, construídos em pedra calcária.
Na MEMÓRIA Nº.165 do LNEC é aconselhado o uso de técnicas de conservação em vez de
desvirtuar a autenticidade da obra recorrendo a obras de reconstrução ou de renovação.
Não havendo soluções gerais para estes problemas, cada caso deve ser analisado
pontualmente.
Para ficar uma ideia refere-se algumas das causas da alteração das cantarias:
• Via química – por acção de agentes da atmosfera ou outros específicos dos
próprios materiais ou do solo;
• Via física – temperatura, gelo, dilatações, ventos carregando abrasivos;
• Acção de organismos vivos – o homem, pombas, pássaros e micro organismos
como algas, fungos e líquenes (que vivem em sítios sombrios e alimentam-se de sais
das pedras e de matéria orgânica nelas existente).
Apresenta-se, em seguida, algumas formas de alteração química das pedras.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
4.2. Acção de agentes químicos dos próprios materiais e do solo
Existem outros agentes químicos capazes de deteriorar as pedras e que estarão na sua própria
composição, nos materiais que estão em contacto com alvenarias de base, nas argamassas deassentamento, nos metais empregues nas suas ligações, etc.
Também no solo, e em casos particulares de exposição em atmosfera salina, ou na
composição dos produtos usados na limpeza ou conservação das construções.
Sendo, normalmente, os agentes agressivos sais solúveis que cristalizam quando arrastados
pela água que penetra nas paredes, por higroscopicidade, através das fundações. Assim,
quando esta se evapora constitui as conhecidas por eflorescências, quando a cristalização sedá junto à superfície, ou criptoflorescências se aquela se dá no interior da pedra.
As eflorescências não revestem normalmente efeitos prejudiciais, excepto o mau aspecto
quando superficiais, sendo suficientes uma lavagem corrente para eliminar os seus efeitos.
Contudo, nos casos em que se dá uma evaporação rápida das soluções salinas, os sais
cristalizam imediatamente sob a superfície, induzindo esforços mecânicos de desagregação da
obra.
As criptoflorescências apresentam estes inconvenientes no interior das pedras.
Também a água das chuvas pode dissolver sais da própria pedra. Ao chegar à superfície estas
águas evaporam-se, deixando os sais depositados na pedra formando o chamado salitre. Esta
depositação pode ser à superfície, se a evaporação é lenta, ou mais interiormente se a
evaporação for rápida.
Quando os sais se depositam à superfície basta lavar a pedra para elas desaparecerem. Quandoa deposição é no interior, eles têm uma acção desgastadora sobre a rocha, já que com as
variações das condições físicas do meio, estes sais dilatam-se, retraem-se, dissolvem-se, etc.
Tradicionalmente, para evitar a penetração das águas usa-se um produto hidrófugo, que é
aplicado em todo o perímetro da construção. Como produtos hidrófugos podemos citar o
asfalto ou uma argamassa rica em ligante e em finos. A esta operação chama-se também
serzitamento.
4.2.1. Acções de agentes químico-biológicos
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Estas acções traduzem-se essencialmente pela corrosão química provocada pelo depósito de
dejectos de animais, nomeadamente de pássaros e pombos. Também é de assinalar a acção de
microorganismos, tais como bactérias nitrificantes e sulfurosas, e vegetações parasitárias.
Estas desenvolvem-se na superfície das pedras, ou sob elas, nutrindo-se, por vezes, dos sais ematérias orgânicas que extraem do material a que se afixam. No entanto, é controversa a
acção das bactérias na corrosão das pedras, não parecendo de qualquer forma muito
importantes.
4.2.2. Alteração dos feldspatos
O feldspato é um mineral resultante da associação de dois ou três silicatos, um silicato de
alumínio ao qual se encontra associado um outro silicato alcalino ou alcalino – terroso.
Por acção da água das chuvas, normalmente tendo em solução gás carbónico, os silicatos
anidros associados de alumínio e do metal alcalino hidratam-se, separando-se.
A alteração dos feldspatos assume particular importância uma vez que este mineral é um dos
constituintes principais das rochas eruptivas, como por exemplo o granito.
Observações: Os aspectos atrás mencionados são de uso corrente, por interessarem à
avaliação da resistência das pedras, quando submetidas às solicitações mais frequentes nas
suas aplicações em obra. Existem aspectos que não foram abordados, mas de importante
relevância nas diversas aplicações das pedras, como é o caso do seu envelhecimento, sendo
este de maior relevância as pedras calcárias utilizadas em exteriores. Contudo, ainda não há
hoje em dia ensaios que caracterizem estes fenómenos de forma convincente, sendo a sua
avaliação realizada de um modo empírico pela observação das construções.
4.3. Principais causas de deterioração das pedras
São muitas as causas de deterioração das pedras, sendo umas naturais (como a acção da água,
da temperatura e dos organismos vivos, etc.) e outras ligadas à acção do homem (como a
poluição, os erros técnicos de conservação e manutenção, etc.), podendo o mecanismo pela
qual actuam ser físico, químico ou biológico e mesmo a combinação dos mesmos.
4.3.1. Acção da água
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A água é, por assim dizer, o inimigo número um das pedras em edificações. Com efeito, a sua
presença está ligada à maior parte dos processos de deterioração e pode actuar por um
mecanismo físico ou químico, pois sem água nenhum dos agentes químicos de alteração reage
com os componentes da pedra à temperatura ambiente.
Fenómenos como a evaporação do cloreto de sódio, a formação de nevoeiro, a condensação
de humidade atmosférica, o gelo - degelo, a saturação, não são mais que diferentes
manifestações da água, sendo estes fenómenos de particular importância.
A água que existe no solo sobe por capilaridade para o interior dos materiais arrastando
consigo sais, como o cloreto de sódio (o mais quantificável), que dão lugar à deterioração da
rocha (sobretudo calcárias) que se destaca em lascas, por vezes de dimensões consideráveis, ese cobre de eflorescências.
A chuva, o nevoeiro e a conservação da humidade atmosférica são outras fontes de humidade
nos edifícios. A água infiltra-se através dos poros da pedra e penetra do exterior para o
interior. A sua consequência mais simples é a dissolução de certas pedras quando expostas ás
intempéries, como por exemplo o calcário.
A alternância das chuvas e do tempo seco que levam a repetidas variações do teor em água,em ciclos de molhagem e secagem, dando lugar a fenómenos periódicos de dissolução e
cristalização de sais, são uma das causas principais da formação de crostas. A água da chuva
pode também ter uma acção mecânica de erosão, nomeadamente quando cai sob a forma de
saraiva.
Nos climas frios o congelamento da água e os ciclos sucessivos de gelo e degelo são outra
causa possível de alteração, que pode mesmo levar à rotura e desagregação das pedras. Com
efeito, a água ao congelar aumenta aproximadamente um décimo do seu volume e pode gerar
tensões internas quando contida num espaço confinado.
Devido ao facto de certas pedras conterem materiais expansivos (argilas, por exemplo) e aos
seus sucessivos ciclos de molhagem, causados por variações do teor em água, correspondem
então ciclos de expansão e retracção desses materiais. As tensões internas assim geradas
podem originar fissuras microscópicas, ou mesmo macroscópicas, que se tornarão em outras
tantas vias de acesso para outros agentes de deterioração.
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A chamada água de pedreira pode também ser causa de deterioração, com efeito, as pedras
recém extraídas da pedreira encontram-se muito saturadas de água e se, nestas circunstâncias,
forem utilizadas em obra, a secagem subsequente pode levar à que se destaquem fragmentos
correspondentes a zonas de menor coesão. Nos climas frios também podem ocorrer fracturas pela acção de congelação da água de pedreira que, aumentando de volume e encontrando-se
confinada nos poros da pedra praticamente saturada, origina tensões que podem levar à rotura.
É pois necessário deixar que o material perca a água de pedreira antes de ser utilizado em
obra.
A chuva ácida é um fenómeno causado pela poluição atmosférica, que não é mais do que a
combinação dos agentes proliferadores de poluição atmosférica e a água existente nas nuvens.
Combinação essa que assume particular importância nas cidades industrializadas, onde os
níveis de poluição são elevados. A tendência ainda é para piorar, se bem que o controlo sobre
a poluição, no que se refere, por exemplo, à União Europeia, está a ser levado a cabo.
4.3.2. Acção dos sais solúveis
A água que penetra nas pedras, por higrospicidade, através das fundações pode conter sais
dissolvidos. Também a água da chuva pode dissolver sais da própria pedra. A cristalização
dos sais pode dar-se à superfície formando eflorescências (salitre) ou no interior
criptoflorescências.
As eflorescências formam-se, em geral, quando a evaporação se faz com certa lentidão e a
simples exposição à chuva (a chamada lavagem natural) leva ao seu desaparecimento
(também se poderá recorrer a lavagem artificial).
Quando a deposição é no interior, eles têm uma acção desgastadora sobre a rocha, já que com
as variações das condições físicas do meio estes sais dilatam-se, retraem-se, dissolvem-se, etc.
Os sais solúveis podem ser de origem externa quer interna. Assim:
• Podem encontra-se presentes na pedra antes desta ser aplicada;
• Resultarem de da alteração dos minerais que a constituem;
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• Provirem de pontos externos tais como: dos materiais das juntas, da alvenaria de
base quando a pedra é utilizada como revestimento do solo, da atmosfera e até ainda
de produtos usados na limpeza ou em tratamentos de conservação.
Conforme a natureza destas origens varia a composição dos sais, sendo os mais frequentes os
sulfatos os cloretos, carbonatos e nitratos.
Os sais de origem interna resultam por vezes do próprio processo de formação da rocha, por
exemplo, nas rochas sedimentares, cuja deposição se deu sob a água do mar, podem
encontrar-se cloretos de metais alcalinos destes proveniência. Também a decomposição dos
minerais que constituem a rocha dão lugar a sais de origem interna. Os materiais utilizados
nas juntas, como o cimento portland ou argamassas de cal hidráulica, são fontes externas desais de metais alcalinos (carbonatos ou sulfatos de sódio ou potássio) que podem originar
eflorescências.
Também por vezes se constroem paredes de tijolo externamente revestidos por pedra e, neste
caso, os sais contidos nos tijolos podem, por efeito da humidade, vir a depositar-se na pedra.
Similarmente certos produtos usados na limpeza de cantaria podem originar deteriorações
importantes, exemplo disso são a soda cáustica e certos alcalis que têm, por vezes, sidousados. Estes são tanto mais perigosos quanto os seus efeitos funestos não são imediatos, só
aparecendo os resultados desastrosos algum tempo depois. As tentativas de neutralização
lavando com ácidos fracos, como o vinagre, não são eficazes.
Temos ainda outros tipos de sais, como o cloreto de sódio (principalmente em zonas
marítimas), que podem causar deterioração.
4.3.3. Acção do vento
O vento exerce uma acção puramente mecânica e, quando é o factor determinante, geralmente
formam-se na pedra cavidades características que podem atingir profundidades apreciáveis
(corrosão eólica).
O vento também influência na cristalização dos sais, pois quando a sua velocidade aumenta
também acelera a velocidade de evaporação da água contida nos poros e, consequentemente,
incrementa-se a cristalização dos sais que contem em solução.
É também um agente erosivo, especialmente quando transporta areia.
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Os excrementos fornecendo matéria orgânica introduzem uma acção bacteriológica que
produz ácidos orgânicos. A chuva que cai sobre a construção torna-se mais ácida e, portanto,
mais agressiva. Esta situação contribui extraordinariamente para a desintegração de certas
pedras.
4.3.6. Acção da poluição atmosférica
Este tipo de poluição representa nos nossos dias uma causa terrível de deterioração das
pedras. Referindo-se a ela na conferência de Bruxelas, em 1996, o Prof. Lamaire afirmou: “A
sulfatação das pedras terá destruído em menos de duas gerações numerosas obras-primas que
muitas outras admiraram de forma intacta. Ela terá aniquilado ou danificado em menos de
meio século mais obras-primas do que as duas guerras mundiais”.
Os agentes químicos presentes no ar poluído que mais afectam as pedras e, em particular, os
calcários ou o carbonato de cálcio (por vezes contido noutros tipos de pedra), são o dióxido de
carbono e os gases sulfurosos. O ácido nítrico e clorídrico podem, também, existir em menor
quantidade, mas a sua acção é comparativamente pouco importante.
A poluição causada pelos produtos sólidos resultantes da combustão do carvão e de outros
materiais é igualmente considerável. A fuligem adere tenazmente às pedras originando umacamada escura de sujidade que desfigura os monumentos. Além deste efeito de
obscurecimento, contribui também para alteração química, pois transporta ácidos e sais
solúveis susceptíveis de alterar a pedra.
4.3.7. Acção do Fogo
O efeito do fogo é sobretudo causado pela rapidez da variação de temperatura. As partes
exteriores das pedras envolvidas pelas chamas aquecem rapidamente e sofrem uma bruscavariação do volume, como a transmissão de calor para o interior não se faz com a mesma
velocidade, criam-se então tensões que ultrapassam a resistência do material e placas e
segmentos destacam-se, sucessivamente. Este fenómeno é geral em todas as pedras, mas um
caso especial é o das pedras que contêm forte percentagem de quartzo como, por exemplo, os
granitos. O quartzo sofre a 575ºc uma mudança de estrutura acompanhada de brusca dilatação
(4,5%) que faz estalar a pedra. O aquecimento provocado pelo fogo é acompanhado, por
vezes, por mudanças de coloração da pedra que são susceptíveis de fornecer indicações aos
arqueólogos, como, por exemplo, em relação aos incêndios na acrópole de Atenas.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Existem ainda certas causas de deterioração que se prendem com a escolha, utilização,
colocação e conservação do material em obra, por outras palavras, apontar alguns aspectos
técnicos de construção e de conservação cuja não observância é uma origem frequente de
deterioração.
A escolha da qualidade do material é importante, pois certas deteriorações podem provir de
defeitos naturais da pedra, tais como:
• Heterogeneidades;
• Diferenças de estrutura;
• Camadas brandas;
• Fissuras.
Todas estas singularidades constituem pontos de menor resistência às causas de alteração e
dão lugar a um ataque preferencial. As camadas brandas são mais facilmente erodíveis, as
fissuras favorecem a penetração de água, etc.
É conveniente colocar as pedras em obra de modo que as cargas se apliquem
perpendicularmente ao seu leito natural. De facto, as rochas sedimentares devido ao seu modo
de formação por deposição de camadas sucessivas, têm uma estrutura laminada e a separação
por camadas é por vezes fácil. Assim, é frequente encontrarem-se deteriorações pelo facto da
pedras ter sido colocada com o leito paralelo à superfície de exposição.
A associação inconveniente dos materiais pode também ocasionar alterações físicas ouquímicas. Por exemplo, tem-se observado que certos grés de cimento silicioso, que quando
empregados isoladamente resistiam muito bem ao ataque pelos gases sulfurosos das
atmosferas poluídas, apresentaram mau comportamento quando associados a calcários. Com
efeito, o sulfato de cálcio, resultante do ataque do calcário, transportado pela água da chuva
ou através dos poros, tendia a acumular-se (devido a diferenças de porosidade dos dois
materiais) ocasionando a sua alteração.
O emprego de argamassas impróprias pode ser outra causa de alteração, como já se referiu a
propósito dos sais solúveis.
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Num betão ou numa argamassa hidráulica o filler é considerado uma impureza porque, sendo
muito fino, exige uma grande quantidade de água, o que, como iremos ver, representa perda
de compacidade e resistência à compressão e desgaste e um aumento da porosidade do betão,
assim como um aumento à retracção.
Isto passa-se quando a dosagem do cimento é normal, quando a dosagem é menor do que o
habitual pode haver interesse na presença do filler. Realmente um betão é tanto melhor quanto
menos vazios tiver. Ora, é o cimento que preenche os vazios deixados pela areia, mas se estefor em pequena quantidade ficam vazios por preencher, cabe ao filler então ocupá-los.
Os muito finos ainda têm a vantagem de aumentar a trabalhabilidade do betão.
Na América fabrica-se o chamado cimento empobrecido, que é uma mistura de cimento com
filler, para facilitar a aplicação de filler nos betões pobres em cimento – betões fracos.
Nos betões asfaltosos e betuminosos, o filler é indispensável, bem como a areia fina que
muitas vezes é excluída dos betões hidráulicos (estes elementos aparecem em percentagens de
5 a 10% e de 10 a 15%, respectivamente nos betões betuminosos).
5.6.2. Argilas
O filler pode também conter argila em partículas muito finas, que são elementos coloidais que
aderem à superfície do material inerte, principalmente das britas, impedindo a aderência do
ligante a estes materiais. Em consequência disto, a resistência, principalmente à tracção, fica
comprometida.
Diz-se à tracção porque um betão com areia que contém argila pode resistir bem à
compressão, desde que a percentagem de argila seja de tal maneira pequena que não se faça
sentir, e neste caso a argila até ajuda a preencher os vazios. Mas a tracção à resistência do
betão de areia com argila é sempre muito menor que a do betão de areia sem argila.
Para a determinação do teor de argila e matérias muito finas, lava-se sucessivamente a areia
até a água sair limpa. Antes de realizar este processo devemos pesar previamente a areia que
contem impurezas e repetir este passo depois de esta estar limpa, determinando assim o teor
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Uma areia pura terá E.A. = 100%.As areias cujo E.A. seja inferior a 80% são de rejeitar
5.6.4. Gesso
O gesso é prejudicial pois reage com o cimento dando origem ao sulfoaluminato de cálcio,
que é um elemento expansivo com muitas moléculas de água. O betão sujeito a estas
expansões, depois de endurecer, podendo até mesmo fissurar.
5.6.5. Outras impurezas
Nas areias e godos originários do mar aparecem sais, como cloreto de sódio e sulfato de
magnésio, que não influenciam as resistências do betão mas podem dar origem a
eflorescências. É então necessário lavar estes elementos antes da sua utilização. A presença do
cloreto de sódio é prejudicial quando o betão se destina a peças pré-esforçadas, pois pode
corroer as armaduras fortemente traccionadas. As conchas existentes nestes produtos têm de
ser retiradas porque diminuem a resistência do betão.
Os materiais que reagem com o alcali do cimento também devem ser eliminados.Os sulfuretos
da areia combinam-se com o oxigénio e dão origem a sulfatos e depois a sulfoaluminatos quesão, como já vimos, elementos expansivos e por isso prejudiciais.
As micas e os xistos são de banir, pois enquanto os primeiros se decompõe os segundos
reagem com os cimentos.
Forma do material inerte
Os materiais artificiais, como a brita, têm superfícies e formas muito variáveis, dependendo
da natureza da rocha de que são originários e da máquina utilizada na fragmentação. O ideal
era que estes materiais tivessem forma cúbica, pois o que nos interessa é que estes materiais
gastem o mínimo de água e que a superfície seja a menor possível, o que acontece em
primeiro lugar na esfera e em segundo no cubo.
Uma partícula considera-se alongada quando o comprimento é superior uma vez e meia à
largura (1>1,5.e), achatada quando a espessura é inferior a metade da largura. É recomendávelque a percentagem de partículas longas ou achatadas não exceda 50%, no fabrico de betões.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Os inertes podem ser definidos como partículas de rochas com dimensões que variam entre
0,1mm e 200mm, destinadas a serem dispersas pela pasta de cimento, constituindo o seuvolume 70 a 80 % do volume total de um betão. A extracção da areia das margens dos rios e
das praias tem vindo a ser cada vez mais difícil, em consequência das directivas de protecção
ambiental. Deste modo, a indústria de fabrico de inerte ou britagem assume um papel
fundamental na obtenção deste constituinte essencial do betão de cimento utilizado na
construção civil e do betão de asfalto aplicado na construção de pavimentos rodoviários.
De acordo com o tipo de inerte que se pretende obter serão necessárias as seguintes
operações.
Fig. 25 – Fabrico de inertes Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
5.9.1. Operações
Fragmentação primária ou desmonte: consiste na obtenção de blocos de pedra de grandes
dimensões.
• Taqueio: é a obtenção da pedra fragmentada de menores dimensões
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
5.9.1.3. Britadeiras de mandíbulas de duplo efeito
O movimento da mandíbula móvel é produzido por um eixo excêntrico e transmitido por uma
biela menor. Assim, transmite-se apenas um movimento horizontal. Em ambos os casos é
possível regular a abertura de saída e granulometria obtida. A segurança dos aparelhos é
garantida por uma biela de secção reduzida que parte em situações de resistência anormais.
Este tipo de britadeira usa-se normalmente em fases iniciais de fragmentação
5.9.1.4. Britadeiras giratórias
A utilização de britadeiras giratórias permite não só a obtenção de material graúdo mas
também o fabrico de areias, sendo neste caso designadas por moinhos. O seu funcionamentomecânico resulta de um movimento de rotação que anima um cone, de eixo vertical excêntrico
envolto por um troco de cone. A redução do diâmetro do material resulta do atrito gerado
entre a parede do tronco de cone. A parede permanece estática e o cone é animado de
movimento de rotação.
Fig. 29 – Esquema de funcionamento de uma britadeira giratória (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
A dimensão do material obtido pode ser definida através do ajuste da distância relativa entre o
cone interno o tronco de cone envolvente. Este tipo de equipamento permite a obtenção de
uma gama de diâmetros compreendida entre os 6 e os 45 mm. O rendimento pode oscilar
entre 40 e 500 toneladas por hora, dependendo de diversos factores como a dimensão do
equipamento e o diâmetro final pretendido.
Pode ser montada em local fixo ou acoplada a um reboque de modo a permitir a sua utilização
em locais distintos.
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O controlo das dimensões a obter faz-se regulando a velocidade de rotação e o espaçamento
das barras. A segurança à rotura obtém-se mediante dispositivos de evacuação automática de
parte das barras montadas. São aparelhos baratos e com baixo consumo. Os produtos obtidos
têm forma tendencialmente cúbica
5.10. Aparelhos cilíndricos
5.10.1. Cilíndrico único dentado
O cilindro gira contra uma mandíbula fixa. A fragmentação faz-se por pressão entre o cilindro
e a mandíbula que está revestida de peças de desgaste facilmente substituíveis. A regulação
faz-se por afastamento ou então aproximando mais o cilindro da mandíbula. É este sistema de
afastamento (mola) que constitui o sistema de segurança. É utilizado para calcários brandos,
para fabrico de cimento (pó). É um aparelho indicado para a fragmentação de grandes
elementos de dureza média ou branda.
5.10.2. Cilindros duplos ou triplos lisos
Destinam-se à produção de areia. A fragmentação dá-se por pressão entre os cilindros. O
sistema de segurança é também uma mola que parte e separa os cilindros, no caso de pedras
muito duras. Quanto maior for o número de cilindros de tamanho reduzido, menor será a
dimensão do material obtido. Os cilindros têm diâmetros entre os 400 e 1000mm e giram em
sentido inverso com velocidades entre 100 e 180 rotações por minuto.
5.11. Aparelhos de barras
Consiste num cilindro que no seu interior tem barras. Estas rodam umas sobre as outras contraos materiais. Este aparelho pode trabalhar por via seca, semi-seca ou húmida. Por via húmida
faz-se a classificação hidráulica para avaliação do rendimento. A regulamentação faz-se
através da velocidade e do diâmetro das barras utilizadas.
5.12. Aparelhos de esferas
Este tipo de equipamento é utilizado sobretudo para a obtenção de diâmetros pequenos. O seu
funcionamento é bastante semelhante ao do equipamento utilizado no ensaio de desgaste “Los
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Angeles”, residindo a diferença entre este e o equipamento industrial nas dimensões. O
material a fragmentar, é introduzido num tambor cilíndrico juntamente com um conjunto de
esferas de aço. A indução de movimento de rotação no cilindro resulta da geração de forças de
abrasão entre o material e as esferas de aço, que provocam neste uma gradual diminuição dediâmetro. A regulação do número de rotações do tambor cilíndrico permite a selecção da
dimensão final do material que se pretende obter.
Nas figuras seguintes ilustra-se o aspecto deste tipo equipamento, vivida a semelhança entre
este e o homólogo utilizado em laboratório.
Fig. 35 – Aspecto exterior do tambor (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
O rendimento dos aparelhos de esferas é menor, que o dos restantes tipos de equipamentos.
Resultando este facto do processo de entrada e de saída do material a fragmentar e do
princípio de funcionamento do equipamento.
5.13. Classificação usadas nas pedreiras
Após a redução do diâmetro máximo do inerte até ao valor desejado, é necessária uma
separação, em fracções de tamanho bem definido. O tipo de equipamento a adoptar é
determinado pelas dimensões que se pretende adquirir e da quantidade.
Tipos de classificação:
• Mecânica – permite uma classificação até aos 2.5mm;
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Fig. 39 – Instalação de separação com Trommel de cilindro único (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
Com o objectivo de possibilitar uma utilização em diferentes locais, o separador Trommel
pode ser acoplado a um atrelado móvel.
Tromel de cilindros concêntricos: resolvem o problema de ocupação de espaço e do desgastena chapa de finos. Primariamente são separadas as maiores granulometrias. É normalmente
constituído por três cilindros concêntricos com movimento de rotação.
Por crivos vibratórios: consiste na associação em série de crivos (ou peneiros) de grandes
dimensões aos quais é transmitido um movimento vibratório.
Fig. 40 – Unidade móvel se separação com cilindro Trommel (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
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Por noras ou alcatruzes: permitem uma recuperação dos materiais, sem realizar uma
verdadeira classificação. O material fino fica suspenso na água, ou é recolhido porque fica
agarrado ás paredes. Apenas há uma separação entre materiais grossos e finos, não é
propriamente uma classificação, é mais uma divisão.
Por cone classificador: a mistura a classificar é introduzida no alimentador. As areias de
dimensões acima de um dado valor são recolhidas na parte superior do aparelho. A redução da
malha de corte faz-se no cone inferior, recuperando grande parte das areias e materiais finos
que, quando se aumenta a pressão, o material maior é extraído pela parte inferior do aparelho.
Por cubas compartimentadas: permite a obtenção de fracções de materiais de pequeno
diâmetro através da sua imersão em água. O seu funcionamento baseia-se no facto de as partículas de maior dimensão tenderem a atingir o fundo do recipiente mais rapidamente do
que as de dimensão mais reduzida.
Fig. 45– Cuba separadora (Disponível em www.ufp.pt/~ricardot)
O equipamento é constituído por um tanque dividido em vários compartimentos através de
septos, no primeiro dos quais é introduzido o material a separar. Através da injecção de
caudais de água, o material mais fino é sucessivamente arrastado através dos vários septos até
que o caudal instalado num dado compartimento não seja suficiente para promover a sua
suspensão e consequente arrastamento até ao compartimento seguinte, conduzindo à sua
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Como consequência desta definição, conclui-se que quantos mais finos têm o material menor
é o módulo de finura.
QUADRO 17 - NUMERO DE PENEIROS
Número do peneiro % Retidos simples % Retidos e acumulados
Brita
3’’ 5% 5%
1 ½’’ 15% 20%
3/8’’ 70% 90%
n.º 4 10% 100%
Areia
n.º 30 10% 10%
n.º 50 40% 50%
n.º 100 35% 85%
n.º 200 10% 95%
Passados em 200 5% 100%
5.14.1. Triângulo de FERET
É a representação utilizada para determinar a granulometria da areia. Esta representação éfeita por intermédio de 3 eixos, formando um triângulo equilátero.
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Em cada um dos lados, divididos em 10 ou 100 partes, marcam-se as percentagens de areia
grossa (G), média (M)ou fina (F). Depois tirando paralelas aos lados obtemos um ponto que
caracteriza a areia. Para explicitarmos melhor este procedimento, em seguida temos o
exemplo de três areias e a sua representação no triângulo de Feret.
5.15. Instalações de fabrico de inertes
O tipo de instalação de fabrico é condicionado pelas condições naturais do relevo da zona
onde esta é inserida. Assim, de acordo com a topografia do local, as instalações podem ser
classificadas nos seguintes tipos:
• Instalações a meia encosta
• Instalações do tipo vertical
• Instalações em terreno plano
Sendo os primeiros dois tipos geralmente mais económicos, o terceiro permite uma maior
flexibilidade de localização dos equipamentos.
5.15.1 Instalação a meia encosta
Este tipo de instalação permite um grande aproveitamento da acção da gravidade, utilizada
para promover a passagem do material pelos diversos equipamentos envolvidos nas fases
compreendidas no fabrico de inertes.
5.15.2. Instalação do tipo vertical
Este tipo de instalação não permite um aproveitamento tão eficaz da acção da gravidade, umavez que envolve a utilização de meios mecânicos para a elevação do material até ao topo da
central. A passagem do material pelos diversos níveis, realiza-se sem intervenção de meios
mecânicos e adopção de uma instalação do tipo vertical conduz, apesar de tudo, a uma
economia de energia.
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USO E APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO COM PLACAS DE ROCHAS
Os revestimentos com placas de rocha são cada dia mais utilizados, principalmente emfachadas de edifícios residenciais e ou comerciais. A grande utilização desse tipo de
revestimento se deve em princípio, entre outros factores, a maior durabilidade, quando
comparados com os revestimentos de argamassas, por exemplo, a reduzida manutenção e ao
efeito estético que proporcionam ao conjunto. Além disso reflectem maior solidez e nobreza à
edificação.
Quando se observa fachadas de edifícios com placas pétreas, recentemente construídos, que
apresentam diversas manifestações patológicas. Tais manifestações vão desde as mais simples
como florescências ou pequenas fissuras superficiais, até as mais complexas, como o
destacamento das placas, portanto, traduzindo-se em perdas das suas características iniciais e
em comprometimento da sua estabilidade, o que vem contrariar as razões iniciais pelas quais
se optou por estes revestimentos.
Considerando-se o exposto acima e visando contribuir para o desenvolvimento dos
revestimentos com placas pétreas, neste trabalho são apresentados os seguintes itens:
• Aspectos relevantes do processo de produção dos revestimentos:
• Algumas directrizes para elaboração de projecto;
• Manifestações patológicas mais frequentes, e, finalmente.
• Considerações finais, onde se enfatiza a importância da adopção de controlo e de
racionalização do processo a fim de se obter níveis de qualidade e desempenho satisfatórios para esses revestimentos.
6.1 FACHADAS REVESTIDAS COM PLACAS PÉTREAS
A fixação deste revestimento nas fachadas pode dar-se de duas maneiras básicas: por colagem
(adesão físico-química ou aderência mecânica) com ou sem ancoragem de segurança
(grampos e por ancoragem mecânica. Na primeira utiliza-se argamassa convencional,
argamassas colantes ou colas especiais, e na segunda, componentes metálicos. As técnicasmais utilizadas para a fixação dos revestimentos pétreos em vedações verticais exteriores, são
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Acredita-se que a utilização de argamassas colantes ou colas especiais para a fixação das
placas de pedra venham contribuir para o desenvolvimento tecnológico da construção, pois
além de ser um processo racionalizado, vai exigir o avanço tecnológico de outros subsistemas
ou partes destes, como por exemplo, da própria camada de regularização que corrige asimperfeições do substrato, o qual, de modo geral, apresenta superfícies completamente
irregulares, desvios acentuados de prumo, nivelamento e alinhamento.
6.1.2 Fixação com componentes metálicos (processo racionalizado)
Este sistema constitui-se do suporte, da fixação, da camada isolante e da camada de
acabamento.
O suporte é responsável pela sustentação das camadas subsequentes; a fixação, utilizando
componentes metálicos comummente chamados de inserts, agrafes ou dispositivos metálicos,
tem a função de fixar mecanicamente a camada de acabamento ao suporte, deixando um
espaço vazio entre as placas e o suporte; a camada isolante, por sua vez, é responsável pela
circulação de ar entre o substrato e eliminação da condensação formada em seu interior,
proveniente das variações térmicas entre as faces exterior e interior da camada de
acabamento. Essa camada poderá ser constituída de um material com propriedades específicas
ou do próprio ar, este servindo como isolante térmico, e, devido à separação entre a vedação e
o revestimento, melhorando o isolamento acústico. A última camada é a de acabamento, que
constitui o próprio revestimento.
Dispositivos de fixação são os componentes metálicos (com diversos formatos) cujas funções
são:
Fixar as placas ao suporte, ou umas às outras; suportar o peso próprio do revestimento e as
demais cargas actuantes na camada de revestimento e absorver as deformações diferenciais
entre a camada de revestimento e o suporte, de maneira a reduzir as tensões nessa camada.
A forma dos dispositivos de fixação varia essencialmente com a função e o modo de
ancoragem dos mesmos, e poderá ser de perfis circulares (arredondados), de chapas, de perfis
em T, entre outras. A forma dos dispositivos define comercialmente alguns tipos de sistemas
de fixação, tais como o sistema americano, aquele em que a parte do componente metálico
que fica em contacto com a placa apresenta forma de chapas ou perfis e o sistema alemão,
aquele em que a parte em contacto com a placa apresenta forma de pinos.
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Conforme a sua função, os dispositivos de fixação podem ser classificados em sustentadores
ou retentores. Os sustentadores são aqueles que resistem ao peso próprio da placa e permitem
certa movimentação. Isso deve-se à folga deixada nos encaixes das placas onde irá o
dispositivo. Os retentores são aqueles que impedem a queda da placa, permitindo a suamovimentação, entretanto, não absorvem nenhuma parcela do seu peso próprio. Um mesmo
dispositivo de fixação poderá ser somente sustentador ou retentor, ou ambos ao mesmo
tempo.
Os dispositivos de fixação das placas de pedra ao suporte são constituídos, geralmente, por
três partes, em um só ou em mais componentes: a primeira parte, de ancoragem ao suporte; a
segunda. Perfilada, em forma de consola, constituída por um plano, um parafuso ou outro
perfilado, eventualmente associado a um dispositivo de controlo, cuja função é permitir o
posicionamento correcto da placa no momento do assentamento; e a terceira parte é a de
ligação do próprio dispositivo de fixação com a placa.
6.1.3 Fixação em painéis pré-moldados
A fixação de placas pétreas em painéis pré-moldados é um sistema que consiste na colocação
e fixação da placa com espessura de aproximadamente 1 cm no momento da produção dos
painéis na indústria. As placas são fixadas a estes através de resinas epoxídicas.
O processo de fixação das placas em elementos de concreto pré-moldados é um sistema há
muito tempo utilizado em países desenvolvidos como Japão, Canadá, da Europa e Estados
Unidos. A sua utilização nestes países deve-se principalmente à industrialização e
racionalização da construção. Sabe-se que essa é uma nova tendência da construção no
mundo.
6.2 Principais Directrizes para Elaboração de Projecto
Quando da elaboração de projectos de revestimentos de fachadas pode-se dizer que há
necessidade de cuidados específicos, visto que ficam constantemente sujeitos a condições
agressivas do meio ambiente. Recomenda-se que o projectista e o fabricante e (produtor)
conjuntamente considerem todos os factores importantes na elaboração do mesmo, levando-se
em conta principalmente a qualidade, o desempenho e o custo do produto final.
A partir de um projecto elaborado adequadamente, de forma a conter parâmetros para a sua
realização, pode-se ter processos bem definidos em canteiro de obras facilmente implantados
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pelos e Além disso, independente do processo de fixação das placas adoptado, pode-se,
através do projecto executivo, facilmente racionalizar a produção do revestimento e exercer
maior controlo dos serviços. Isto contribui para que se obtenha revestimentos com melhore
acabamentos finais, com maior desempenho e durabilidade.
Enfatiza-se que além de um projecto bem elaborado, torna-se imprescindível o
acompanhamento da execução dos serviços e que se disponha de mão-de-obra qualificada
para a obtenção de um produto com alta qualidade e menores custos.
Apresenta-se a seguir alguns parâmetros necessários para a elaboração de projectos de
revestimento de fachadas com placas pétreas.
6.2.1 Solicitações de projecto
As solicitações a que as placas de rocha, assim como seus componentes de fixação estarão
sujeitos durante a obra e a vida útil do revestimento são os seguintes:
a) Cargas paralelas ao plano das placas:
- Peso próprio das placas;
- Peso próprio de eventual camada de isolamento térmico.
b) Cargas perpendiculares ao plano da placa:
- Acção do vento;
- Impactos acidentais.
c) Solicitações devidas ao movimento relativo do suporte e do revestimento:
- Deformações devidas a variações higrotérmicas;
- Deformações permanentes devidas à retracção e à deformação lenta do concreto.
6.2.1.1 Peso próprio
Em ambos os processos de assentamento das placas, com argamassa ou com componentes
metálicos, o peso próprio das placas é relevante. No primeiro processo, ele definirá as cargasverticais que actuarão nos componentes metálicos de fixação, dado para seu
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dimensionamento. No segundo, o peso próprio vai solicitar mais ou menos a argamassa de
assentamento, sendo necessária maior aderência ao suporte quanto maior for o peso próprio
por unidade de área.
6.2.1.2 Choques
As placas de pedra, principalmente aquelas situadas em níveis mais baixos, assim como a
camada de fixação estão mais sujeitas aos choques acidentais. Durante a execução do
revestimento em grandes alturas, o andaime utilizado poderá provocar choques nas placas
ocasionando quebras das mesmas.
6.2.1.3 Deformações térmicas
Para os revestimentos exteriores, no cálculo das deformações relativas entre o suporte e a
camada de revestimento, devidas à dilatação térmica diferencial, deve-se considerar a
diferença de temperatura que poderá ocorrer, entre a superfície do revestimento (levando-se
em consideração a sua cor) e a camada de fixação.
6.2.1.4 Efeitos da humidade, chuva e acção do gelo
As pedras normalmente utilizadas como revestimento de fachadas apresentam maior oumenor porosidade. A rapidez com que as construções actualmente são executada explica a
grande quantidade de unidades residuais no interior das paredes, que normalmente evaporam
pouco a pouco para o exterior. Somam-se a este facto a ocupação das edificações e o
aquecimento dos locais, que geram uma abundante quantidade de valor de água que migra
parcialmente para o exterior. A água pode ainda penetrar através das vedações verticais
exteriores por capilaridade.
6.2.1.5 Acção do vento
Os esforços devido ao vento devem ser calculados, considerando-se sobretudo as esteiras de
sucção que se desenvolvem nos cantos do edifício e nas fachadas de sotavento.
6.2.1.6 Refracção e deformação lenta da estrutura
Devem ser consideradas as deformações causadas pela retracção da estrutura e da alvenaria e
a deformação lenta do concreto, passíveis de ocorrerem após a execução do revestimento.Para evitar o aparecimento de manifestações patológicas posteriores no revestimento,
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A escolha dos materiais mais adequados para o revestimento das vedações verticais de estar
ligada principalmente às características dos mesmos considerando-se a sua utilização, no caso
da pedra, se exterior ou interior.
6.4.1 Características das rochas
Nas obras de vulto, previamente ao projecto, é importante que seja efectuada uma pesquisa da
jazida para verificar a capacidade de fornecimento da mesma levando-se em consideração o
atendimento ao cronograma da obra e a homogeneidade litológica e estética da rocha.
Na escolha da rocha o projectista deve considerar além dos aspectos estéticos, os seguintes:
As características petrográficas que eventualmente possam influir na durabilidade da rocha,tais como estado microfissural e presença de materiais deletérios e alterados;
b) As propriedades mecânicas e físicas da rocha;
c) A porosidade e a absorção da água;
d) A viabilidade da rocha ser submetida aos processos de beneficiamento necessários à
obtenção dos efeitos desejados (superfície polida, serrada, apicoada, flamejada, etc.);
d) As alterações na aparência a que as placas estão sujeitas quando:
- Submetidas às lavagens e à acção de produtos químicos de qualquer natureza (produtos de
limpeza e outros);
- Expostas às intempéries, no caso de revestimentos exteriores, no tocante, principalmente, à
poluição atmosférica e a morfologia da fachada, de modo a garantir que as águas das chuvas
proporcionem uma lavagem uniforme;
- Assentadas com argamassa.
Características dos componentes metálicos para afixação
Os componentes metálicos de fixação devem ser constituídos de metais inalteráveis, isto é,
que não sofram degradação devido ao ataque de substâncias existentes na atmosfera, em
forma de gás ou vapor, ou dissolvidos na água da chuva. Os principais metais que poderão ser
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É comummente utilizada quando da execução de revestimentos com placas de rocha fixadoscom componentes metálicos, a impermeabilização das estruturas de concreto armado. Com
duas demãos de tinta betuminosa. Para as vedações verticais executadas com componentes de
alvenaria, como por exemplo biocís de concreto ou cerâmicos, recomenda-se executar um
revestimento argamassado do tipo emboço e somente a impermeabilizar como as estruturas de
concreto. Observa-se que em se suprimindo a camada de emboço, somente a
impermeabilização não garantirá a estanqueidade das vedações verticais.
6.8.2 Execução do revestimento
A preparação dos componentes metálicos restringe-se a sua limpeza com pano seco ou estopa,
para retirada de substâncias gordurosas eventualmente presentes. Essa limpeza pode ser feita
por ocasião da sua fixação e o seu objectivo é contribuir para aumentar a aderência do selante.
Os componentes metálicos são fixados ao suporte por meio de chumbadores de preferência de
aço inoxidável. Os furos para a fixação dos chumbadores são feitos com auxílio de um
berbequim de impacto com broca de diamante. Durante a execução dos furos, deve-se estar
atento para detectar se este não coincidiu com algum furo de travamento das formas ou com
eventual falha de betonagem, pois nestas condições pode haver comprometimento da fixação.
Recomenda-se que seja retirado do interior dos furos os resíduos, provenientes da furação,
antes da colocação do chumbador.
A posição dos chumbadores deverá ser sempre perpendicular ao suporte. Para a colocação dos
parafusos recomenda-se a utilização de um rosqueador. E para o ajuste e a verificação do
aperto, a utilização de um torquímetro.
Recomenda-se que, quando houverem dúvidas das cargas (condições desfavoráveis do
suporte) que suportarão os parafusos, sejam solicitados ensaios para a verificação dessas
cargas.
Os componentes de fixação poderão eventualmente ser incorporados à estrutura de concreto.
Nesse caso, quando da betonagem da estrutura os mesmos já deverão estar colocados na
posição definida em projecto. A precisão no posicionamento desses componentes deve ser
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garantida, pois após o endurecimento do betão haverá muita dificuldade em mudá-lo de
posição ou mesmo retirá-los do local.
Após o posicionamento dos componentes metálicos os maiores cuidados deverão ser tomados
no momento da betonagem, para que durante o adensamento do betão o vibrador não altere a
posição dos mesmos. O seu mau posicionamento traria dificuldades na posterior colocação
das placas de rocha.
Devido principalmente aos cuidados necessários no posicionamento desses componentes é
que este procedimento está sendo deixado de lado e estão sendo cada vez mais utilizados os
chumbadores para a fixação dos componentes metálicos ao betão. Posicionados os
componentes tipo sustentadores, as placas de rocha são instaladas, estando os seus rasgosinferiores preenchidos com selante. Para a colocação do selante nos rasgos das placas as
mesmas deverão estar secas. A seguir são instalados os componentes tipo retentores,
ajustando-se a posição da placa e preenchendo-se previamente os rasgos superiores das placas
com selante. Neste caso a função do selante é evitar a penetração de água proveniente da
chuva ou da limpeza do revestimento nos furos e ranhuras das placas.
6.8.3 Execução das juntas
6.8.3.1 Entre componentes
Antes do rejuntamento recomenda-se que seja retirado do interior das juntas qualquer material
que possa prejudicar a aderência do selante ou sua continuidade, favorecendo posteriormente
à infiltração de água para interior do revestimento. Após esse serviço recomenda-se que as
juntas sejam devida mente limpas, com pano ou estopa embebido num solvente do tipo
isopropanol.
Recomenda-se a aplicação de um primer às faces laterais das juntas de maneira que melhore a
aderência do selante. O selante deve ser aplicado antes da secagem completa do primer.
Deve-se tomar cuidado para que o selante e ou primer não manchem as placas de rocha. Para
isso recomenda-se a colocação, antes do rejuntamento, de fita crepe faceando as juntas para
evitar o contacto do selante e ou primer com a superfície das placas. Após a aplicação do
selame, limpar as bordas das juntas, cuidadosamente, para a retirada dos excessos do mesmo.
A limpeza dos excessos deverá ser feita também com um solvente do tipo isopropanol.
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Após a limpeza o fundo da junta deverá ser colocado sob pressão, de tal forma que fique
adequadamente posicionado.
Para o posicionamento adequado do fundo da junta recomenda-se a utilização de um
componente com largura suficiente para a penetração na junta e que pressionará o cordão até à
profundidade desejada.
Para um melhor acabamento da junta, após a colocação do selante com a bisnaga, o operário
poderá alisar a superfície da junta com o próprio dedo, de preferência com luva de borracha.
6.9 Assentamento com argamassa
6.9.1 Preparação do suporte
Quando do assentamento das placas de rocha com argamassa a camada de fixação deverá ser
aplicada sobre suportes isentos de partículas soltas, até mesmo de resíduos de argamassa,
provenientes de outras actividades.
Quanto à textura do suporte, este deverá se do tipo áspero. Para alvenarias recomenda se que
estas recebam uma camada de chapisco no traço 1:3 (em volume), cimento e areia grossa.
Quando o suporte for de betão recomenda-se o apicoamento da superfície o aplicação de uma
camada de argamassa colante espalhada com desempenadeira de aço dentada.
Ainda como parte da preparação do suporte utiliza-se uma tela de aço galvanizada soldada (#
15x15 cm), fixada ao suporte com chumbadores também em aço galvanizado. A posição
dessa tela deverá ser o mais próximo do suporte. A posição dos chumbadores deverá formar
uma malha quadrada, com dimensão de 50cmx50 cm. A tela deverá ficar posicionada entrecom parafuso e duas arruelas de preferência do mesmo material.
6.9.2 Assentamentos das placas
Com base nos eixos de referência já marcado sobre as superfícies a serem revestidas, a placas
são posicionadas com um afastamento do suporte de aproximadamente 4 cm para
preenchimento com a argamassa fluida. Os arames presos ao dorso das placas devem ser
fixados à tela e as placas devem ser calçadas de forma que não saiam das sua posições duranteo preenchimento com argamassa. Uma maneira de fazer com que placa de rocha fique na
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posição após o posicionamento é utilizando barras de ferro apoiadas na parte superior da placa
e fixadas ao suporte com uma pasta de gesso.
Antes da colocação da argamassa de assentamento, entre a placa de pedra e o suporte,
recomenda-se que nas extremidades das fiadas sejam colocados papel e uma pasta de gesso,
para evitar a saída da argamassa.
A argamassa de assentamento deverá ser colocada em camadas de aproximadamente 20 cm, a
fim de se evitar esforços consideráveis que possam provocar o desprendimento das mesmas.
Recomenda-se esperar a pega do cimento da argamassa, para que se execute a camada
subsequente até atingir a meia altura da placa. Após atingida essa altura pode-se completar o
preenchimento em uma única camada.
Para o assentamento das fiadas seguintes, recomenda-se a colocação de espaçadores (galgas)
entre as placas. As galgas têm a função de definir a junta entre as placas, evitando também
que a placa posterior se apoie na anterior. Nos encontros dos vértices das placas, fixá-las com
o auxílio de uma pasta de gesso e meio tijolo maciço. A colocação da argamassa dar-se-á da
mesma forma que anteriormente descrito, para o assentamento das fiadas seguintes.
A argamassa é então despejada no espaço entre o substrato e a placa de tal forma que não flua para a superfície da placa vindo a provocar manchas. Após a execução de cada camada, deve-
se. Limpar com pano húmido os eventuais respongos de argamassa que ficaram aderidos à
superfície das placas.
6.9.3 Execução das juntas
Antes da execução das juntas deve-se retira, a pasta de gesso e os tijolos, que auxiliaram no
assentamento das placas, tomando-se cuidados para não prejudicar o brilho da placa.
Quando do uso de nata de cimento para o rejuntamento, após o assentamento das placas,
recomenda-se a limpeza das juntas para a remoção do excesso de argamassa retida no seu
interior. Quando do uso de selante, o procedimento a ser adoptado é o mesmo descrito no item
4.2.3.1.
6.10 Algumas considerações sobre manifestações patológicas em revestimentos com
placas de rochas
6.10.1 Manifestações patológicas associadas à fixação por argamassa convencional
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Manchamento, fissuramento e deslocamentos das placas, são as patologias mais frequentes
nos revestimentos pétreos de fachadas e de pisos fixados pelo processo tradicional. È comum
a ocorrência de manchas provocadas, principalmente, por excesso de água a argamassa,
impurezas do cimento e da areia. Estes factores, aliados a uma alta porosidade da rocha, poderão reforçar o manchamento. A causa de excesso de água está na dosagem inadequada da
argamassa que, pela exsudação, penetra nos poros da pedra. Se na permeabilização da água
pela placa de pedra houver transporte de iões do cimento, nela dissociados, pode ocorrer
precipitações destes em poros da pedra. Isto poderá causar manchas indeléveis e, portanto,
permanentes. Quando houver a carreação dos sais solúveis para a superfície da placa, haverá a
formação de florescências (manchas de coloração esbranquiçada) por precipitação desses sais.
Fissuração das placas poderá ocorrer se houver aumento de tensão de tracção provocado pelaexpansão dos sais no seu interior.
A presença de impurezas nas areias, tais como óxidos e hidróxidos de ferro, particularmente
nas suas fracções finas (# <100), podem, num meio altamente alcalino, como aquele
promovido pela mistura água-cimento, dissociarem-se e migrarem, por capilaridade, para a
superfície da pedra aí se precipitarem e provocarem manchamento.
As manchas podem estar distribuídas em toda a superfície das placas e nos entornos das juntas; este caso é agravado pela percolação de águas de limpeza, ou pluviais, que lixiviam a
argamassa de assentamento, ou de rejuntamento, produzindo substâncias que acelerarão o
manchamento.
O deslocamento de placas pétreas tem causa no excesso de água da argamassa de
assentamento, na falta de preparo do substrato e na diferença entre os coeficientes de dilatação
dos materiais constituintes das camadas (substrato, argamassa e pedra), agravado por sub
dimensionamento de juntas.
Além das causas apontadas acima, manchas em revestimentos pétreos poderão estar
associadas a fase de uso e a manutenção inadequada( Frazão, Caruso, 1989).
6.10.2 Manifestações patológicas associadas à fixação por dispositivos metálicos.
Quando da fixação das placas, em fachadas, por dispositivos metálicos as patologias mais
comuns são: manchamentos contornando os rastos, esse efectuados para introdução dos
dispositivos metálicos, e juntas das placas, corrosão dos dispositivos metálicos, fissuramento,
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decolamento, descontinuidade e rugosidade do selante provocado, principalmente, pelo mau
posicionamento do funde de junta Este último caso é frequente em juntas de movimentação.
Fissuramentos em revestimentos de fachadas fixados por este processo, são, muitas vezes
decorrentes da acção dos ventos, particularmente nos pontos mais elevados da edificação,
quando a pedra apresenta baixa resistência à flexão. Fracturas podem também ocorrer devido
ao transporte e a estocagem inadequados, ao mau nivelamento e prumo e das placas.
6.10.3 Manifestações patológicas associadas à natureza da pedra
Independentemente do tipo de fixação adoptado para os revestimentos pétreos, atenção
especial deve ser dada à natureza desses materiais, tanto no aspecto com posicional, quanto
nas características fisico-mecânicas (Frazão, Farjallat, 1995).
As rochas são constituídas de minerais ditos essenciais, que servem para classificar o tipo de
rocha; outros minerais podem estar presentes, subsidiariamente, e são ditos acessórios ou
varietais. Entre estes há aqueles que podem decompor-se ante condições ambientais, ou micro
ambientais, a eles desfavoráveis e, como consequência, produzir manchas. Exemplo é os
sulfetos de ferro (pinta, pirrotita e calcopirita) que podem estar presentes em granitos comuns,
calcários metamórficos e mármores, granadas ferríferas em granitos brancos (albititos),nódulos de a ila em granitos pretos (diabásios) e hipersténio em granitos verdes
(charnockitos).
Outra propriedade intrínseca às pedras é a sua capacidade de absorção de água, a qual se for
de valor acima de 0,4% (Frazão, Farjallat, 1996), podem facilitar sobremaneira, os
manchamentos, principalmente, quando a fixação das pedras foi executada com argamassa
convencional. Por outro lado a própria coloração da pedra, dada pela sua constituição
mineralógica, pode evidenciar as manchas em maior ou menor intensidade. Os granitos
brancos e cinzas, por exemplo, propiciam maior contraste decorrentes de manchas indeléveis,
ou de unidade (que podem desaparecer quando da evaporação da água), do que granitos
marrons e vermelhos, mesmo que a capacidade de absorção de água seja semelhante.
No caso de revestimento de fachadas fixados por dispositivos metálicos, são o coeficiente de
dilatação térmica da rocha e a sua resistência à flexão as principais propriedades físicas e
fisico-mecânicas que intervêm na Ocorrência de patologias. A primeira, juntamente com
outros factores, como por exemplo, posição e localização dos revestimentos, intervém no
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Gatos - barras metálicas com pontos revirados (em unha) utilizados para a ligação entre si.
Geodes - defeito nas pedras constituído pela incrustação de cristais.
Gola - face interior, paralela á parede, das cantarias verticais(ombreiras) que guarnecem umvão de porta ou janela.
Golpe de aresta - contorno, executado a cinzel, no paramento da cantaria destacando-o do
aparelho da parte central.
Grampos - peças de pedra ou metálicas utilizadas para ligação de pedras de cantaria
adjacentes: chaves, malhetes ou cavilhas.
Granito - rocha eruptiva constituída por quartzo, feldspato e mica designação corrente em
“calão industrial” dada a todas as rochas eruptivas e algumas metamórficas com grandes
percentagens de sílica.
Guilho - Vd. Cunha.
Lajedo - revestimento de pavimentos com forro de pedra.
Lesins - defeito das pedras constituídas por fendas naturais preenchidas por substâncias
brandas (veios).
Lintel - peça que delimita superiormente um vão de porta ou janela.
Lioz - pedra calcário de cor clara – calcária de sub-cristalino – da região de Pero Pinheiro
correntemente utilizada em cantaria moldura.
Louseiras - pedreira de exploração de ardósia ou “louças”.
Soleira - superfície que delimita inferiormente um vão da porta.
Soletos - placas largas e de pequenas espessuras utilizadas no revestimento de coberturas. É
corrente a utilização desta designação para os soletos de louça ou ardósia.
Verga - superfícies que delimita superiormente um vão de porta ou janela.
Vidraço - pedra calcária – calcário sub-cristalino – de cor branca ou amarela de grão fino mascom muitos fósseis e lascado fácil. É correntemente utilizada no calcetamento dos passeios.
7/16/2019 9 Apostila de Rochas Naturais. Artur Zeferino e João Guerra Martins
Calcário metamorfizado, formado pela recristalização de uma rocha carbonatada. Comercialmente o grupo dosmármores inclui as pedras capazes de ganharem polimento, tais como calcários, serpentinitos e travertinos.
MATRIZ ⁄ MATRICE ⁄ MATRIX
Material plástico de granulometria fina que circunda os grãos grosseiros nas rochas sedimentares.
METAMORFISMO ⁄ METAMORFISMO ⁄ METAMORPHISM
O processo através do qual as rochas são transformadas no interior da terra pelos agentes calor, pressão eactividade química de fluidos.
Máquina de perfuração trabalhando sobre carris e usada nas pedreiras para fazer uma linha de furos regularmenteespaçados, onde são introduzidas barras para quebrar a pedra.
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Cilindro revestido de diamante electrodepositado ou sinterizado e que é o agente cortante de um fio diamantado.
POLEIA ⁄ PULEGGIA ⁄ PULLEY
Disco em aço que sustenta e tracciona o fio diamantado, de forma a este poder operar em qualquer direcção.
POLEIA LIVRE ⁄ PULEGGIA FOLLE ⁄ IDLE PULLEY
Poleia que tensiona o fio diamantado em operação.
POLEIRA MOTORA ⁄ PULEGGIA MOTRICE ⁄ DRIVE PULLEY
Ver embraiagem.
PREPARAÇAO ⁄ COLTIVAZIONE ⁄ EXPLOITATION
Trabalho de preparação da jazida para escavação da rocha.
RECOBRIMENTO ⁄ CAPELLACIO DI CAVA ⁄ OVERBURDEN
Material formado pelo solo, areias, etc. ocorrendo sobre um depósito e que é retirado para a abertura de uma pedreira.
SERRA DE CORRENTE ⁄ TAGLIATRICE A CATENA ⁄ CHAIN SAW
Instrumento de corte com um engenho que se desloca sobre um trado, um braço cortante com cerca de 3mdecomprimento, munido com uma corrente guarnecida de pontas diamantadas.
Rochas constituídas por fragmentos de rochas pré-existentes que foram produzidos por alteração e erosão, e, emgeral transportados par aum local de deposição.
Canal aberto numa bancada de pedreira, perpendicular à frente, para facilitar futuras operações de corte.
CONTRA ⁄ CONTRO ⁄ HARD WAY
Plano de maior dificuldade de separação da rocha.
CORRUME ⁄ SECOND ⁄ EASY WAY
Plano de rocha perpendicular ao contra.
DEGRAU ⁄ GRADINO ⁄ STEP
Ver bancada.
DESMONTE ⁄ RIBALTAMENTO ⁄ OVERTURING
Operação através da qual a bancada completamente solta da rocha envolvente é virada para o centro da pedreira, para posterior corte em blocos mais pequenos.
EMBRAIAGEM ⁄ FRIZIONE ⁄ CLUTCH
Máquina que tracciona o fio helicoidal.
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MÁQUINA PARA BOBINAR ⁄ ANNASPATRICE ⁄ WINDING MACHINE
O FIO HELICOIDAL
Máquina para enrolar e desenrolar o fio helicoidal.
MÁQUINA DE FIO ⁄ IMPIANTO A FILO ELICOIDALE ⁄ WIRE SAW
Sistema de corte formado por um cabo de aço de três fios enrolados que se desloca sobre poleias. Corta a rocha por abrasão, por meio de uma mistura de água e abrasivo que vai alimentando o corte.
MÁQUINA DE PERFURAÇÃO ⁄ MACCHINETTA PERFORATRICE ⁄ DRILLING MACHINE
Máquina de perfuração vertical e ⁄ ou horizontal.
MARTELO DE PERFURAÇÃO ⁄ FIORETTO ⁄ DRILL ROD
Peça em aço, de comprimento variável com uma ponte cortadora em uma das extremidades e usada em máquinas perfuradoras.
Máquina para fabrico de formas especiais, controlada por computador ou pantógrafo.
CORTE DE CHAPA ⁄ REFILATURA ⁄ DIMENSION SAWING TRIMMING
Corte de chapas e rochas ornamentais com serras.
CORTE DE CHAPAS ⁄ SEGAGIONE ⁄ SAWING SLABBING
Operação de corte dum bloco em chapa com espessura entre 0,5 e 4 cm.
CORTE A CONTRA ⁄ TAGLIO AL CONTRO ⁄ VEIN CUT (US),ACROSS-THE-BED CUT
Corte do mármore perpendicular aos planos de estratificações naturais.
CORTE A FAVOR ⁄ TAGLIO AL VERSO ⁄ FLEURI CUT (US),WITH THE BED CUT
Corte do mármore paralelo a planos de estratificações naturais.
CORTE FORA DE ESQUADRIA ⁄ TAGLIO FUORISQUADRA ⁄ OUT-OF-SQUARE CUT
Tipo de corte de chapas cujas arestas finais não formam ângulos rectos.
DISCO DIAMANTADO ⁄ DISCO DIAMANTATO ⁄ DIAMOND SAW BLADE
Ferramenta circular diamantada.
ENGENHO DIAMANTADO ⁄ TELAIO MULTILAME ⁄ GANG SAW
Engenho de laminas, formado por várias lâminas metálicas recobertas de pontas diamantadas, usadas para cortar blocos de pedra por abrasão, provocada pelo movimento de vaivém das lâminas.
ESCOPRO ⁄ SUBBIA ⁄ PUNCH
Ferramenta em aço com ponta em pirâmide para acabamento de superfícies.
ESQUADREJAMENTO ⁄ SGROSSATURA ⁄ DRESSING
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Máquina que faz a preparação das chapas e que obtêm polimento primário antes
da operação de polimento propriamente dita.
MARTELO DE BUJARDAR ⁄ BOCCIARDA ⁄ BUSH-HAMMER
Instrumento de percussão para obtenção de superfícies irregulares. Geralmente tem uma cabeça quadrada commuitas portas ou dentes piramidais de percussão.
MONOLÂMINA ⁄ ATTESTATRICE ⁄ CROSSCUTTER
Máquina de uma lâmina para serragem de grandes blocos
PEDRA PARALELIPIPEDICA ⁄ MASSELO ⁄ CUBIC STONE, SOLID STONE
Unidade de pedra semi-acabada de forma paralelipipédica.
POLIDORA DE ARESTAS ⁄ LUCIDACOSTE ⁄ EDGE POLISHING MACHINE
Máquina para polimento de arestas.
POLIDORA MANUAL ⁄ LUCIDATRICE A COLONNA ⁄ ARM POLISHER
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Grua constituída por uma lança horizontal, que suporta os cabos e elevador, apoiada em pilares verticaisdeslizando carris.
PONTEIRA ⁄ MARTELLINA ⁄ DOLLY PUNCH, DOLLY POINT
Instrumento de percussão para obtenção de superfícies rugosas. Normalmente possui uma cabeça em forma demartelo, com dentes ou pontas piramidais de percussão.
RANHURA ⁄ FRESATA SEMPLICE ⁄ SLOT
Pequeno entalhe na parte de trás de um painel de pedra ou numa sua aresta para inserção do sistema deancoragem.
RANHURA REBATIDA ⁄ FRESATA CON RIBASSO ⁄ REBATES SLOT
Pequeno entalhe na parte de trás de um painel de pedra ou numa sua aresta para inserção do sistema deancoragem.
REFIADORA ⁄ SCOPPIATRICE ⁄ SPLITTING SAW
Máquina para cortar tiras.
RECTIFICAR ⁄ LEVIGATURA ⁄ HONING, RUBBING
Operação realizada com a máquina rectificadora.
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SERRA DE PONTE ⁄ FRESA A PONTE ⁄ GANTRY SAW, BRIDGE SAW
Serra ponte.
SERRAÇÃO ⁄ SEGHERIA ⁄ MARBLE SAW MILL
Local onde os blocos são.
SUPERFÍCIE EM PLANO DE PEDREIRA ⁄ SUPERFICIE A PANO DI CAVA ⁄ NATURAL CLE FINISH
Acabamento de rochas metamórficas tais como ardósias e quartzitos, resultando da clivagem rochas separadasegundo o piano de clivagem e a face natural da rocha.
SUPERFÍCIE APÓS SERRAGEM ⁄ SUPERFICIE A PIANO SEGA DA TELAIO ⁄ SAWN FINISH
Superfície das chapas após operação de serragem.
SUPERFÍCIE APÓS SERRAGEM COM GRANALHA METÁLICA ⁄ SUPERFICIE A PIANO SEGA DATELAIO COM GRANIGLIA METALLICA ⁄ SHOT SAWN FINISH
Superfície com irregularidade evidente.
SUPERFÍCIE APÓS SERRAGEM CON LAME DIAMANTE ⁄ SUPERFICIE A PIANO SEGA DATELAIOCOM LAME DIAMANTATE ⁄ DIAMONS SAWN FINISH
Superfície amaciada.
SUPERFÍCIE APÓS SERRAGEM COM AREIA ⁄ SUPERFICIE A PIANO SEGA DA CC SABBIA ⁄ SANDSAWN FINISH
Superfície com ligeiras irregularidades.
SUPERFÍCIE ESCACILHADA ⁄ SUPERFICIE A SPACCO ⁄ SPLIT FACE FINISH
Acabamento natural da superfície escacilhada.
SUPERFÍCIE BUJARDADA ⁄ SUPERFICIE BOCCIARDATA ⁄ BUSH-HAMMERED FINISH
Tipo de acabamento onde foram utilizadas bujardas.
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A camada superficial H não deve possuir espessura tal que a sua remoção encareça emdemasia o custo de extracção da pedra. Este problema pode ser minimizado se a pedreira
fornecer em simultâneo material de terraplanagem.
A3.1.3. Espessura e inclinação dos estratos exploráveis
A orientação das descontinuidades naturais do maciço assume grande importância no custo do
desmonte do maciço natural.
Fig. A3.2 – Estratos exploráveis
Fonte: www.ufp.pt/~ricardot
Um posicionamento desfavorável das descontinuidades pode inviabilizar o desmonte
e a extracção do material rochoso.
A3.1.4. Definição das frentes de trabalho
A frente de trabalho se, por um lado, deve permitir a fácil remoção do material extraído e, por
outro lado não deverá possuir dimensões superiores às estritamente necessárias de modo aminimizar os custos do desmonte do maciço.
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A3.4.5 Exploração através de explosivos em galeria
Esta metodologia consiste em alojar em galerias escavadas na parte mais baixa da frente de
exploração explosivos que combinam efeitos no sentido longitudinal e transversal da frente,
conduzindo à queda do maciço por rotura do conjunto.
Fig. A3.25 - Exploração através de explosivos em galeria
Fonte: www.ufp.pt/~ricardot
A opção por este tipo de técnica é rentável quando a quantidade de material a extrair
compensa os custos da escavação das galerias ou estamos perante um maciço de material
muito duro que implique custos de perfuração elevados. A altura máxima da frente a
desmontar (H) deverá situar-se entre os 25 e os 30 m.
A quantidade de explosivo a utilizar pode ser quantificada a partir de uma expressão do tipo:
C=gR 3
Em que g representa um coeficiente que é função da dureza do material a destruir e docoeficiente de potência do explosivo, R é o raio de deslocação em metros, e C materializa a
quantidade de explosivo necessária em quilos.
As galerias de acesso possuem em geral secções transversais de 0.80x1.20 m2 de modo a
possibilitar o acesso para a colocação dos explosivos.
As cargas explosivas são colocadas no final das galerias secundárias, devendo estas serem
preenchidas com sacos de areia ou terra, com o objectivo de garantir o confinar da onda de pressão provocada pela detonação ao interior do maciço.
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