CONVULSÕES CONVULSÕES Sumário Sumário Luís Batalha Conceito, classificação e características atitude perante uma convulsão convulsões febris e do Rn diferenciação entre tremores e convulsões sindroma de West, ausências ou pequeno mal e espasmo do choro tratamento (protocolo do HP)
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CONVULSÕESCONVULSÕESSumárioSumário
Luís Batalha
Conceito, classificação e características
atitude perante uma convulsão
convulsões febris e do Rn
diferenciação entre tremores e convulsões
sindroma de West, ausências ou pequeno mal e espasmo do choro
tratamento (protocolo do HP)
CONVULSÕESCONVULSÕESBibliografiaBibliografia
Luís Batalha
LISSAUER, Ton e CLAYDEN, Graham - Manual ilustrado de
pediatria. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003
HPC. Lições de pediatria (parte II). Carmona da Mota (Cord).
Coimbra: FMUC-HPC, 2002
BORGES, Luís - Protocolos do HPC. Epilepsia. Saúde Infantil 1988;
10: 77-9.
BEHERMAN, Richard et al - Nelson. Tratado de pediatria. 14ª Ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.
CONVULSÕESCONVULSÕESDEFINIÇÃODEFINIÇÃO
Luís Batalha
Perturbação súbita da função neurológica que se manifesta
por redução ou perda de consciência, actividade motora
anormal, anormalidades sensitivas e comportamentais
(Behrman et al, 1994)
Epilepsia - convulsões recorrentes não relacionadas com a febre ou insulto cerebral agudo
Convulsão = crise epiléptica
CONVULSÕESCONVULSÕESLuís Batalha
convulsão não é um diagnóstico, mas um sintoma de distúrbio do SNC que requer investigação e tratamento.
75% dos epilépticos iniciaram a doença < 18 anos
Incidência de 4 - 6 / 1000 crianças
Etiologia : 70 a 80% têm causa desconhecida
(Lissauer e Claydem, 2003; Beherman et al,, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESDiagnósticoDiagnóstico
Luís Batalha
história clínica
observação
exames complementares diagnóstico (EEG, RM...)
(Lissauer e Claydem, 2003; Beherman et al,, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESFormas de apresentaçãoFormas de apresentação
Luís Batalha
VARIÁVEL
acompanha desenvolvimento do SNC
(Lissauer e Claydem, 2003; Beherman et al,, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESImportância da classificação das crisesImportância da classificação das crises
Luís Batalha
Tratamento e prognóstico depende do tipo de epilepsia
(Lissauer e Claydem, 2003; Beherman et al,, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESFactores de risco para recorrência de crisesFactores de risco para recorrência de crises
Luís Batalha
história de lesão do SNC
EEG com descargas epileptogéneas
exame neurológico com dados de lateralização
história familiar positiva em familiares do 1º grau
(Lissauer e Claydem, 2003; Beherman et al,, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESclassificaçãoclassificação
Luís Batalha
(Lissauer e Claydem, 2003; Behrman et al, 1994)
PARCIAIS
começam num determinado localgeralmente com aura
associadas ou não a alteração do estado de consciência
GENERALIZADAS
perda de consciência sem avisosimétricas
CONVULSÕESCONVULSÕESgeneralizadasgeneralizadas
Luís Batalha
(Lissauer e Claydem, 2003; Behrman et al, 1994)
Crises de ausência: perda da consciência com inicio e fim
abruptos.
C. mioclónicas: contracções breves e repetidas dos
músculos (semelhante a choques).
C. tónicas: aumento generalizado do tónus
C. tónico-clónicas: contracções rítmicas dos grupos
musculares após a fase tónica.
CONVULSÕESCONVULSÕESparciaisparciais
Luís Batalha
Simples: * duração 10 a 20´´ sem perda da consciência;
* confundem-se com tiques (os tiques envolvem o encolhimento
dos ombros, piscar de olhos, caretas e são supríveis)
complexas:
*duração de 1 a 2 ´;
* alteração do estado de consciência;
*grande variedade de sintomas (odor, visão, medo, automatismos),
(Lissauer e Claydem, 2003; Behrman et al, 1994)
CONVULSÕESCONVULSÕESQue fazer perante uma criança em convulsão?Que fazer perante uma criança em convulsão?
Luís Batalha
1. Evitar hipoxémia:
* assegurar permeabilidade das vias aéreas (aspirar);
* administrar oxigénio;
* ventilar SOS.
2. Parar convulsão:
*diazepam (0.3 mg/kg/dose ev ou 0.5 mg/kg/dose rectal) repetir
uma vez após 15 ´ SOS;
3. Se febre alta administrar antipiréticos;
4. Se crise não cede aos anti-convulsivantes, excluir causas metabólicas
(hipoglicémia, hiponatrémia, hipocalcémia) ou outra (meningite, HTA)
(HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESCom febreCom febre
Luís Batalha
Raras antes dos 6 meses e depois dos 5 anos;
predisposição genética em 10 a 20% dos parentes;
convulsão coincide com pico febril, tem duração < a 1-2´ e é
geralmente tónico-clónica;
15% das convulsões ocorrem no mesmo episódio de doença;
o risco de uma segunda convulsão é de 33% e destas 1/3 terá 3 ou
mais convulsões;
risco de recorrência é mais elevado se 1ª convulsão antes do 1º ano de
vida e história familiar positiva.(HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESCom febreCom febre
Luís Batalha
(HPC, 2002)
•duração < a 1´•generalizadas•não se repetem no mesmo episódio febril
•duração > 15 ´•convulsão focal•mais de uma convulsão no mesmo episódio febril
Complexas(apresentam pelo menos uma das seguintes características)Simples
CONVULSÕESCONVULSÕESCom febreCom febre
Luís Batalha
Prognóstico benigno;
2 - 4 % desenvolve epilepsia até aos 7 anos (sem
comprovação a sua relação com as CF);
6% das CF são complexas;
é discutível a terapêutica profiláctica destas convulsões.
(Lissauer e Claydem, 2003; HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESMatinais ou após jejum prolongadoMatinais ou após jejum prolongado
Luís Batalha
Até prova em contrário são convulsões por hipoglicémia;
confirmar com Dx;
em caso de dúvida iniciar terapêutica com soro glicosado.
Movimentos Rápido e lento Igual intensidadee amplitude
Cessam com flexão dos membrosafectados 0 +
CONVULSÕESCONVULSÕESDo RNDo RN
Luís Batalha
PROGNÓSTICO
BOM - se hipocalcémia
MAU - se hipoglicémia
MUITO GRAVE - se malformações cerebrais, hemorragia
ventricular, lesões de hipóxia-isquémia(HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESDo RNDo RN
Luís Batalha
TERAPÊUTICA
GLICOSE EV (grande consumo de glicose numa convulsão)
ANTI-CONVULSIVANTES (diazepan ou fenobarbital)
GLUCONATO DE CÁCIO A 10% ev se hipocalcémia
(HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESSindroma de WestSindroma de West
Luís Batalha
Inicio entre os 4 - 6 meses de idade;Inicio entre os 4 - 6 meses de idade;
espasmos em flexão da cabeça, tronco e membros seguidos de espasmos em flexão da cabeça, tronco e membros seguidos de
extensão dos braços;extensão dos braços;
2/3 das crianças têm problemas neurológicos antes do aparecimento 2/3 das crianças têm problemas neurológicos antes do aparecimento
das convulsões;das convulsões;
prognóstico sombrio;prognóstico sombrio;
geralmente secundaria a lesão do SNC. Metade das formas idiopáticas geralmente secundaria a lesão do SNC. Metade das formas idiopáticas
curam sem perturbações do desenvolvimento quando tratadas com curam sem perturbações do desenvolvimento quando tratadas com
ACTH.ACTH.
(Lissauer e Claydem, 2003; HPC, 2002)
CONVULSÕES generalizadasCONVULSÕES generalizadasAusências ou pequeno malAusências ou pequeno mal
Luís Batalha
Inicio entre os 3 - 15 anos. Pico de incidência entre os 6-8 anos. Mais frequente nas Inicio entre os 3 - 15 anos. Pico de incidência entre os 6-8 anos. Mais frequente nas
raparigas; raparigas;
caracteriza-se por:caracteriza-se por:
* interrupção súbita da consciência durante 5 a 10´´. * interrupção súbita da consciência durante 5 a 10´´.
* criança suspende as actividades fica com olhar vago, parado, pode * criança suspende as actividades fica com olhar vago, parado, pode
apresentar pestanejo, mioclonias, aumento ou perda do tonus ou movimentos apresentar pestanejo, mioclonias, aumento ou perda do tonus ou movimentos
automáticos. automáticos.
* podem repetir-se várias vezes ao dia;* podem repetir-se várias vezes ao dia;
*a hiperventilação desencadeia estas convulsões ;*a hiperventilação desencadeia estas convulsões ;
*São crianças neurológica e intelectualmente normais;*São crianças neurológica e intelectualmente normais;
* prognóstico favorável* prognóstico favorável
Tratamento etosuccimida 20-50 mg/dia ou valproato de sódio 30-50 mg/dia.Tratamento etosuccimida 20-50 mg/dia ou valproato de sódio 30-50 mg/dia.(HPC, 1998)
CONVULSÕES generalizadasCONVULSÕES generalizadas
Crises tonico-clónicas ou grande malCrises tonico-clónicas ou grande mal
Luís Batalha
Ocorre em 10% dos epilépticos; Ocorre em 10% dos epilépticos;
Crises tónico-clónicas generalizadas, perda súbita da consciência, Crises tónico-clónicas generalizadas, perda súbita da consciência,
rigidez (fase tónica), movimentos clónicos dos membros, incontinência rigidez (fase tónica), movimentos clónicos dos membros, incontinência
de esfíncteres, pode haver na fase tónica grito, paragem respiratória e de esfíncteres, pode haver na fase tónica grito, paragem respiratória e
cianose;cianose;
Carbamazepina e valproato de sódio;Carbamazepina e valproato de sódio;
(HPC, 2002)
CONVULSÕES parciaisCONVULSÕES parciais
epilepsia focal benigna da infânciaepilepsia focal benigna da infância
Luís Batalha
Ocorre entre os 7 e 12 anos de idade;Ocorre entre os 7 e 12 anos de idade;
Representam 1/6 das epilepsias da criança;Representam 1/6 das epilepsias da criança;
Ocorrem durante o sono e frequentemente ao adormecer e acordar;Ocorrem durante o sono e frequentemente ao adormecer e acordar;
Contracções tónicas ou clónicas de uma hemiface, tremores da língua, Contracções tónicas ou clónicas de uma hemiface, tremores da língua,
ruídos glóticos);ruídos glóticos);
Prastesias da língua, gengivas, lábios ou face.bloqueios da fala;Prastesias da língua, gengivas, lábios ou face.bloqueios da fala;
se acordada mantem-se consciente e recorda o que lhe aconteceu;se acordada mantem-se consciente e recorda o que lhe aconteceu;
Crises parciais complexas com alteração do estado de consciência;Crises parciais complexas com alteração do estado de consciência;
Sensação inicial de desconforto abdominal, vómitos e nauseas;Sensação inicial de desconforto abdominal, vómitos e nauseas;
Sensação de medo, raiva, alucinações;Sensação de medo, raiva, alucinações;
Perda de consciência com olhar vago e parado; Perda de consciência com olhar vago e parado;
Movimentos de mastigação, sucção, manipulação de objectos, ou peças Movimentos de mastigação, sucção, manipulação de objectos, ou peças
de vestuário sem sentido;de vestuário sem sentido;
Tratamento com carbamazepina e difenil-hidantoina.Tratamento com carbamazepina e difenil-hidantoina.
(HPC, 2002)
CONVULSÕESCONVULSÕESEspasmo do choroEspasmo do choro
Luís Batalha
Início aos 6 -18 meses e terminus aos 5 anos;
factores desencadeantes: choro, birra, dor ...;
criança prolonga respiração até ficar cianosada podendo
perder a consciência e convulsivar;
situação aparatosa mas benigna;
tratamento: tranquilizar a família, ensinar regras básicas de
disciplina, durante a crise amparar a criança sem ceder a
caprichos.(HPC, 1998)
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
convulsão
(Borges, 1988)
Eliminar causas
Anti-convulsivantes de manutenção se:
* antecedentes de episódios convulsivos
* tem lesão cerebral adquirida
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Início precoce do tratamento;
começar com uma única droga (aumentar progressiva e lentamente a dose);
não mudar ou associar outra droga. Fazer doseamento sérico;
nunca suspender rapidamente qualquer medicamento;
só atingido o nível terapêutico de uma segunda droga se
suspende a primeira;
(Borges, 1988)
REGRAS DO TRATAMENTO
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Nunca suspender medicação sem um período mínimo de 3 anos
sem convulsões;
chamar a atenção para:
* rigoroso cumprimento da medicação e consultas de vigilância,
* evitar restringir actividades da criança,
* evitar factores precipitantes de crises (álcool, café, noites sem dormir,
problemas emocionais e outros).
(Borges, 1988)
REGRAS DO TRATAMENTO
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Diazepam:0.2 - 0.5 mg / Kg via ev ou 0.5 mg/Kg via rectal (repetir uma
vez se convulsão após 15´).
Clonazepan: 0.5 mg até 6 meses e 1 mg após 6 meses via ev.
em caso de persistência das convulsões apesar da administração de um
dos medicamentos anteriores usar a fenil-hidantoina (sem efeitos
depressores respiratórios) na dose de 1 mg/Kg/min ev directo.
(Borges, 1988)
TRATAMENTO DA FASE AGUDA
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Crises generalizadas (excepto ausências):
a) carbamazepina (tegretol® ) 20-30mg/kg/dia 2 a 3 id
b) valproato de sódio (diplexil ® ou epilex ® 30-50mg/kg/dia 2 a 3 id
c) difenil-hidantoína (hidantina ® )5-7mg/kg/dia 2 id
Crises generalizadas (ausências):
a) valproato de sódio (diplexil ® ou epilex ®) 30-50mg/kg/dia 2 a 3 id
b) etusuximida (suximal ® ) 20-40mg/kg/dia 1 a 2 id
(Borges, 1988)
TRATAMENTO DAS CRISES EPILÉPTICAS
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Crises parciais simples:
a) carbamazepina (tegretol® ) 20-30mg/kg/dia 2 a 3 id
b) difenil-hidantoína (hidantina ® )5-7mg/kg/dia 2 id
Crises parciais complexas:
a) carbamazepina (tegretol® ) 20-30mg/kg/dia 2 a 3 id
b) valproato de sódio (diplexil ® ou epilex ®) 30-50mg/kg/dia 2 a 3 id
(Borges, 1988)
TRATAMENTO DAS CRISES EPILÉPTICAS
CONVULSÕESCONVULSÕESProtocolo do HPCProtocolo do HPC
Luís Batalha
Espasmos em flexão (sindroma de West):
a) cortrosinta dépôt ® 0.5 mg / dia durante 15 dias, descanso de 8
dias repetir se necessário durante mais 15 dias.
Seguido de:
b) valproato de sódio (diplexil ® ou epilex ®) 30-50mg/kg/dia 2 a 3 id
ou
c) nitrazepan (mogadan ® ) 0.6-1 mg/kg/dia 2 a 3 id
(Borges, 1988)
TRATAMENTO DAS CRISES EPILÉPTICAS
CONVULSÕESCONVULSÕESFactores associados a prognóstico favorável Factores associados a prognóstico favorável
Luís Batalha
desenvolvimento psicomotor normalausência de sinais neurológicos anormais inicio depois dos 2 anos de idadepouca frequência de crisesum único tipo de criseboa resposta ao tratamentorápida melhoria do EEG ao tratamento