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Ano III | nmero 7 | nov./dez. 2012
noSSo BrASILeSpecIAL
Jovemcoop: novo proGrAmA do SeScoop moBILIzA novAS GerAeS de
cooperAdoS
em SAnTA cATArInA, Um mILHo de mULHereS demonSTrA A ForA
FemInInA no cooperATIvISmo
Como o ensino dos princpios cooperativistas est mudando
a vida de crianas e de suas comunidades
educar para cooperar
Queremos que esta dcada fique marcada como a das cooperativas
cHArLeS GoULd, dIreTor-GerAL dA AcI:
enTrevISTA
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Saber Cooperar 3
edITorIAL
Ano III | nmero 7 | nov./dez. 2012
As recorrentes crises financeiras, a m distribuio de renda e o
estmulo ao consumo em excesso so exemplos de que o siste-ma
capitalista que conduz o mercado financeiro no to eficaz quanto a
doutrina cooperativista. Com a promulgao do Ano In-ternacional das
Cooperativas, pela Organizao das Naes Unidas (ONU), prova que elas
so uma resposta vivel a esse cenrio, por sua capacidade de
beneficiar pessoas e gerar sustentabilidade.
A mensagem da ONU para o mundo clara: preciso promover esse
modelo socioeconmico mais justo. E no h melhor forma de perpetuar
essa filosofia, do que investir nos jovens. Nesta edi-o,
especialmente dedicada educao, a Saber Cooperar apre-senta
iniciativas que esto revolucionando a vida de estudantes e de suas
comunidades, graas a propostas de ensino dedicadas aos princpios da
cooperao.
Em Santa Catarina, visitamos a minicidade da Cooperativa
Edu-cacional Magna, um projeto pedaggico relacionado cidadania e
vida comunitria, que tem apresentado s crianas conceitos
relacionados a processos polticos, econmicos e sociais. Tambm
demonstramos os timos resultados do Cooperjovem, projeto do Servio
Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), que j
promoveu a doutrina cooperativista e de ajuda mtua a mais de 60 mil
alunos em 128 municpios de todo o Pas.
Em relao formao de futuros cooperados, uma matria especial fala
sobre o JovemCoop, novo programa da Unidade Na-cional do Sescoop,
que capacitar novas geraes no empreende-dorismo e, assim, as
inserir no quadro social das cooperativas. Enquanto isso, a
editoria Cooperando ressalta a Ao Cooperativa, iniciativa do
sistema paranaense que rene aes culturais e so-ciais, como
oficinas, palestras e jogos educativos.
Em Inovao, conhecemos no Rio de Janeiro o projeto que est
capacitando 1,5 mil catadores de materiais reciclveis organizados
em cooperativas, em um Curso de Formao de Multiplicadores em
Cooperativismo. Uma iniciativa do Sescoop pensada para ade-quar
esses trabalhadores Poltica Nacional de Resduos Slidos, alm de
oferecer melhorias em suas condies de trabalho.
Como entrevistado especial, trazemos o diretor-geral da Alian-a
Cooperativista Internacional (ACI), o norte-americano Charles Gould
que, em visita recente ao Brasil, fez um balano geral do atual
cenrio da doutrina no mundo. Ele garantiu que a instituio est
empenhada em transformar esta dcada na das cooperativas, com o
trabalho de promoo da doutrina junto imprensa. Com tantas aes e
programas, a Organizao das Cooperativas Brasi-leiras (OCB) e o
Sescoop seguem fazendo a sua parte no desenvol-vimento do
cooperativismo brasileiro. A todos, uma boa leitura.
Disseminando a Doutrina
Participe da Revista Saber Cooperar
enviando sugestes, elogios, reclamaes
ou nos informando das suas realizaes como
cooperado. Nosso e-mail : revistadosescoop@
sescoop.coop.br
mrcIo LopeS de FreITAS Presidente do Sistema OCB
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CoNSelho NaCioNal
Mrcio Lopes de Freitas Presidente
Representantes do executivo
Ministrio da agricultura, Pecuria e abastecimentoErikson Camargo
Chandoha Titular
Vera Lcia de Oliveira Suplente
Ministrio da FazendaJoo Pinto Rabelo Junior Titular
Lucas Vieira Matias Suplente
Ministrio da Previdncia SocialDnio Aparecido Ramos Titular
Alex Pereira Freitas Suplente
Ministrio do Planejamento, oramento e GestoJoo Batista Ferri de
Oliveira Titular
Ministrio do Trabalho e empregoFbio Battistello Titular
Fabrcio Valle Dutra Suplente
RePReSeNTaNTeS da oCB
Regio Centro-oesteOnofre Cezrio de Souza Filho Titular
Remy Gorga Neto Suplente
Regio Norte e NordesteCergio Tecchio Titular
Manoel Valdemiro F. da Rocha Suplente
Regio SudesteRonaldo Ernesto Scucato Titular
Marcos Diaz Suplente
Regio SulVerglio Frederico Perius Titular
Marcos Antonio Zordan Suplente
Conselheiros Representantes dos empregados em Cooperativas
Geci Pungan TitularMaria Silvana Ramos Suplente
CoNSelho FiSCal
Representantes do executivo
Ministrio da agricultura, Pecuria e abastecimento
Antonio Carrijo Primo TitularHelcio Campos Botelho Suplente
Ministrio da FazendaMrcio Nahas Ribeiro Titular
Bruna Adair Miranda Suplente
Ministrio da Previdncia SocialFtima Aparecida Rampin Titular
Maria de Ftima C. da Cruz Suplente
Representantes da oCBMarcos A. Braga da Rocha Titular
Gilcimar Barros Pureza TitularJos Aparecido dos Santos
Suplente
Norberto Tomasini Suplente
Conselheiros Representantes dos empregados em Cooperativas
Marcelino Henrique Queiroz Botelho TitularRobespierre Koury
Ferreira Suplente
diretoria executiva Mrcio Lopes de Freitas Presidente
Lus Tadeu Prudente Santos Superintendente
Gerncia Geral de operaesRyan Carlo Rodrigues dos Santos
Gerncia Geral de desenvolvimento de Cooperativas
Maurcio Cordeiro Alves
Gerncia de ComunicaoGuara Flor
Conselho editorialAndrea Sayar Ferreira Nunes, Adriano Trentin
Fassine,
Fernando Ripari, Juliana Gomes de Carvalho, Lus Tadeu Prudente
Santos, Karla Tadeu Duarte de Oliveira,
Maurcio Cordeiro Alves, Maria Helena Varnier Manhes, Ryan Carlo
Rodrigues dos Santos, Samuel
Zanello Millo Filho e Tnia Zanella
Jornalista ResponsvelDaniela Lemke DRT/DF - 5112
Projeto grfico, edio, redao, reviso, diagramao e arte-final
i-Comunicao Integrada
Fotografia Angela Ramos, Arquivo Pessoal Leonardo Moreira,
Assessoria de Imprensa Concred, Carolina Barcelos, Cludio
Ventura, Cooperativa Integrada, iStockphoto,
Coprdia, Gisele James, Jos Filho, Nova Produtiva, Ricardo
Pereira, Sescoop, Severina Cuoshinski, Sicredi,
Sistema Ocepar, Vilmar Kaiser, Uniodonto
ilustrao Diego Pizzini e Fernando Lopes
Tiragem 12.000 exemplares
impresso Grfica e Editora Brasil Ltda.
A Revista Saber Cooperar uma publicao do Sistema OCB, de
responsabilidade do Sescoop, distribuda gratuitamente.
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70070-936, Braslia-DF, Brasil
Tel.: +55 (61) 3217-2119
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42 entrevista Charles Gould, diretor-geral da ACI faz um balano
do Ano Internacional das Cooperativas e ressalta participao do
Brasil no cooperativismo mundial
Cooperando No Paran, iniciativa Ao Cooperativa dissemina a
cultura da cooperao entre crianas, adolescentes e adultos no
estado
Capa No interior de Santa Catarina, exemplos de educao dos
princpios e valores cooperativistas para crianas
artigo Superintendente da unidade Nacional do Sescoop, Lus Tadeu
Prudente Santos, comenta sobre os 13 anos de conquistas do
Sescoop
Boas Prticas (Confederao Nacional de Auditoria Cooperativa
(CNAC) completa cinco anos de trajetria com grandes resultados e
importantes conquistas
Voz do Cooperativismo Representantes de todo o Pas contam suas
experincias dentro do movimento cooperativista
Nosso Brasil Mulheres catarinenses representam 32% dos mais de
um milho de cooperados. L, elas ocupam cada vez mais conselhos e
diretorias
Personagem Engenheiro e administrador de empresas, Guntolf Van
Kaick, h mais de 40 anos, se dedica ao movimento cooperativista do
Paran e do Brasil
inovao Projeto coordenado pelo Sescoop/RJ capacitar 1,5 mil
catadores de materiais reciclveis do municpio que atuaro com coleta
seletiva
Bem-estar Psiquiatra Leonardo Moreira ressalta os perigos do
estresse e d dicas de como evitar essa e outras patologias
psicolgicas do trabalho
Fique de olho/aconteceu Resumo de algumas atividades que
aconteceram no segundo semestre de 2012, entre elas o Rio Grande
Canta e as Convenes da Unimed e Uniodonto
Notas Dicas de livros, revistas, cartilhas sobre assuntos
atualizados do cooperativismo brasileiro.
Governana Conselheiros da Unidade Nacional do Sescoop definem
estratgias e aes para desenvolvimento do cooperativismo
especial JovemCoop Novo programa do Sescoop visa a promover a
sustentabilidade das cooperativas por meio da insero de jovens na
Organizao do Quadro Social
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6 Saber Cooperar
A continuidade do cooperativismo est nas
futuras geraesdiretor-geral da aCi faz um balano do
ano internacional das Cooperativas e elogia o papel de destaque
do Brasil no cenrio mundial
CHARLES GOULD
enTrevISTA
Ampliar a abrangncia do Ano Internacional das Cooperativas,
declarado em 2012 pela Organizao das Naes Unidas (ONU), para toda
uma dcada dedicada
ao relanamento desse modelo socioeconmico uma das propostas do
norte-americano Charles Gould, frente da Aliana Cooperativa
Internacional (ACI). Advogado especializado em Direitos Humanos
Internacionais, antes de assumir o cargo de diretor-geral em uma
das principais associaes de promoo do cooperativismo no mundo,
Gould, se destacou por sua atuao em instituies de assistncia
social, como a Voluntrios da Amrica, em que por cinco anos atuou
como diretor-executivo. Por esse trabalho, foi considerado um dos
15 lderes de Organizaes No Governamentais (ONGs) mais influentes
dos Estados Unidos. H dois anos na ACI, Gould esteve em agosto no
Brasil para participar do 9. Congresso Brasileiro do Cooperativismo
de Crdito (Concred), realizado em Nova Petrpolis/RS. Em visita
recente sede da Organizao das Cooperativas Brasileiras (OCB) em
Braslia, concedeu esta entrevista exclusiva Revista Saber Cooperar,
em que defende que a filosofia do trabalho cooperado a soluo para
as crises do sistema financeiro, e que o futuro da doutrina est nas
mos das novas geraes.
Saber Cooperar Como a aCi aproveitou o ano internacional para
promover o cooperativismo? Charles Gould Trabalhamos duro para ter
esse reconheci-mento por parte da ONU e de seus membros, e
trabalharemos ainda mais para tirar o mximo proveito disso. Estamos
par-ticularmente empenhados em uma campanha de promoo da marca
cooperativa internacional. Entendemos que as pes-soas tm ideias
diferentes sobre o cooperativismo, seja de acordo com a realidade
dos pases em que vivem, seja em relao ao ramo que foram
apresentadas. Dessa forma, que-remos deixar claro que esse um
modelo socioeconmico importante, com uma proposta de governana
diferente, que conta, inclusive, com algumas das maiores marcas do
mundo, com reconhecido valor de mercado, que fazem a diferena em
diversos pases.
SC Com essa perspectiva, o objetivo que tais aes no se
restrinjam ao ano de 2012, correto?CG A diretoria da ACI olhou para
essa ocasio e disse: se nos limitarmos ao Ano Internacional,
subestimaremos es-sa oportunidade. Por isso, estamos construindo a
base desse relanamento em 2012, para que o desenvolvimento seja
progressivo. Queremos que essa campanha fique marcada como a dcada
das cooperativas, encerrando-se em 2020. En-to, se tudo der certo,
ao longo desse tempo, ratificaremos o sistema cooperativista como o
mais sustentvel, apresentan-do empreendimentos de impacto e
influncia. Se tudo correr bem, ser a opo de negcio preferida das
pessoas, e, assim, a que mais crescer no mundo. Esta a nossa
meta.
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Saber Cooperar 7
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cHArLeS GoULdfoi considerado um
dos 15 lderes de Organizaes
No Governamentais (ONGs) mais influentes
dos Estados Unidos
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SC outra forma de realizar essa divulgao tem acontecido no site
(2012.coop), em que a aCi apresenta casos de sucesso de
cooperativas de todas as partes do mundo. Um trabalho que a oCB
tambm tem realizado em nvel nacional no endereo
(www.ano2012.coop.br). Fale um pouco sobre essa estratgia. CG
Quando contatamos a mdia, no queremos falar da ACI como instituio,
mas sim mostrar grandes histrias do setor cooperativista. Esse o
verdadeiro interesse da imprensa: conhecer pessoas que esto fazendo
a diferena, criando em-pregos, promovendo melhorias na qualidade de
vida e ajudando a economia a crescer nesse pero-do de recesso.
Assim, estamos coletando histrias de pequenas e grandes
cooperativas de todos os ra-mos. So casos incrveis que sero
reunidos em um livro a ser publicado at o fim do ano. E no Brasil,
es-se trabalho tem parceria com a OCB, que cedeu duas histrias de
cooperativas brasileiras ao Livro Inter-nacional: a da Copersucar e
a da Sicredi Pioneira.
SC outro trabalho importante desenvolvido pela aCi nessa rea o
Monitoramento Global das Cooperativas, que publicado a cada dois
anos, com o objetivo de destacar o perfil das cooperativas em seus
setores e pases, demonstrando assim a sua importncia. Qual o
impacto desse estudo?CG Existem muitas pessoas que acham que as
cooperativas so empreendimentos menores, limita-dos a auxiliar
pequenas comunidades. E o bom disso que conseguem desempenhar esse
papel e, ainda, ganhar reconhecimento mundial. Por isso,
publica-mos a Global 300, um monitoramento com as 300 maiores
cooperativas do mundo, mostrando como contribuem para as economias
locais e ajudam a de-senvolver seus pases. Mas o verdadeiro
propsito do relatrio tambm apresent-las grande mdia. Para se ter
uma ideia, de acordo com o relatrio de 2010, s as 300 maiores
geraram 1,6 trilho de dla-res em receitas, o equivalente ao PIB do
Canad. E vale lembrar que ainda existem milhares de coope-rativas
alm dessas.
o mais importante em relao crise mundial que as cooperativas so
um modelo econmico mais slido, porque no possuem tendncia a correr
riscos
SC Com nmeros to expressivos, qual a real fora do cooperativismo
no atual contexto econmico mundial? CG Elas j esto servindo de
soluo para a crise econ-mica de diversas maneiras, e uma forma de
atestar isso compreender sua verdadeira dimenso. Estamos mos-trando
que somos capazes de causar impacto. O mais importante em relao
crise mundial que as coopera-tivas so um modelo econmico mais
slido, porque no possuem tendncia de correr riscos. Elas no esto
ten-tando maximizar o retorno dos seus ganhos a qualquer custo,
procurando, por exemplo, investimentos arris-cados. Na verdade o
que elas fazem so investimentos responsveis em suas comunidades.
Dessa forma, elas demonstram no ceder como as demais empresas
durante as recesses. um sistema sustentvel.
SC o Brasil tem Jos Graziano como diretor-geral e Roberto
Rodrigues como embaixador da organizao das Naes Unidas para
agricultura e alimentao (Fao). em sua opinio, como o Pas se
encontra no cenrio internacional do cooperativismo?CG Esse tem sido
um ano em que a posio de liderana do Brasil e a perspectiva de
assumir um papel ainda maior no futuro esto se destacando. O Pas
tem sido manchete por todo o mundo: outros governos observam o que
a presi-denta tem a dizer, como est a economia, ou seja, a situao
brasileira causa grande interesse. E o papel das cooperati-vas aqui
enorme. O fato de Jos Graziano conhecer muito bem o Ramo
Agricultura fez com que trouxesse uma srie de demandas para a ONU.
Inclusive a FAO assinou um me-morando de entendimento com a ACI que
nos d maior acesso a eventos e reunies das Naes Unidas, dessa
forma, podemos trabalhar juntos pela causa cooperativista. Outro
exemplo foi durante a Rio+20, em que conseguimos incluir o
cooperativismo no documento final da confern-cia. E pelo fato de
ela ter acontecido no Rio de Janeiro, o Brasil liderou todo esse
processo, o que fez a diferena para garantir que as cooperativas no
fossem somente mencio-nadas, mas sim aparecessem trs vezes naquele
relatrio: em relao reduo da pobreza; s prticas de agricultu-ra
familiar; e criao de empregos, um dos tpicos mais importantes do
atual cenrio mundial.
Fundada em 1889, em Londres, a Aliana Cooperativa Internacional
uma associao independente que tem como funo bsica preservar e
defender os princpios cooperativistas, servindo de frum e
promovendo aes para o setor. Atualmente, com membros em 100 pases,
representa um bilho de pessoas.
A AcI
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Saber Cooperar 9
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SC o princpio da intercooperao tem apresentado grandes
resultados no Brasil. a ideia do trabalho em conjunto entre
cooperativas vital para o crescimento desse modelo socioeconmico?
CG Desde que entrei para a ACI, uma das coisas que mais me
impressionam como as cooperativas ajudam umas s outras, como isso
faz parte de suas culturas. Um dos legados que esperamos deixar com
o Ano Inter-nacional o Fundo Mundial de Desenvolvimento das
Cooperativas, que j arrecadou mais de 15 milhes de dlares, com o
objetivo de ajudar centenas dessas ins-tituies a crescer. Os
recursos desse emprstimo so provenientes das integrantes da lista
Global 300, sem outros interesses envolvidos. Acredito que esse
seja um exemplo de intercooperao, algo que no se v em ou-tras
formas de empreendimentos. At mesmo entre as Organizaes No
Governamentais (ONGs) no existem colaboraes como essas.
SC Voc mencionou que 2012 deve ser visto apenas como o incio de
uma nova poltica de divulgao desse movimento no mundo. No Brasil,
muito se fala sobre a necessidade da educao cooperativista nas
escolas e universidades. em sua opinio, como deve acontecer a
formao das novas geraes para garantir o futuro do cooperativismo?CG
Como j dissemos, o conhecimento pblico do cooperativismo no to
amplo quanto deveria ser. Muitas pessoas ouvem falar das
cooperativas, mas no entendem necessariamente o que elas so. Parte
disso vem da falta de ensino da doutrina aos jovens, especial-mente
em idade mais nova, e muitas organizaes tentam mudar isso, como o
caso da OCB com o Cooperjovem. Identificamos em nosso projeto da
dcada do coopera-tivismo a necessidade de criarmos cursos de formao
tambm em faculdades de Administrao e Direito. Essa doutrina precisa
ser apresentada aos profissionais que futuramente comearo um
negcio, desde a base da educao. E estamos otimistas. Acredito que
as novas geraes so to antenadas em mdia colaborativa e tra-balho em
conjunto que, conceitualmente, elas j esto praticando a tica
cooperativista e sendo expostas a ela mesmo sem saber. Vemos tantas
pessoas que se sentem desconectadas, caso desse movimento de ocupao
que se espalhou pelo mundo no qual muitos protestaram contra o
padro econmico vigente e grandes corpora-es. Se essas coisas lhe
incomodam, voc pode ocupar as ruas, mas tambm pode juntar-se a uma
cooperativa, mu-dar a forma de criar e administrar um negcio. assim
que o cooperativismo se desenvolver. A nossa mensa-gem para os
jovens : vocs tm voz. Se no gostam da maneira como a economia
mundial conduzida, jun-tem-se a uma cooperativa. Trabalhe
cooperando, voc pode mudar a maneira que isso funciona. A
continuida-de do cooperativismo est nas futuras geraes.
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10 Saber Cooperar
cooperAndo
A cooperao uma filosofia e ao mesmo tempo uma doutri-na que pode
ser explicada, vi-venciada e disseminada desde muito cedo. A frase
no uma novidade para quem j trabalha com o tema e sa-be da
importncia de propagar essa cul-tura. No entanto, quando se coloca
em prtica tudo o que aprendido na teo-ria, os ganhos so ilimitados.
Observar crianas fazendo blitzes para entregar cartas e desenhos,
ressaltando a neces-sidade da ao cooperativa, ou testemu-nhar
adultos se unindo para trabalhar em conjunto, no tem preo.
Foi com o esprito de promover e esti-mular o cooperativismo e a
cidadania nas pessoas e, ainda, celebrar o Ano Interna-cional das
Cooperativas, institudo pela Organizao das Naes Unidas (ONU), que
nos meses de junho e julho deste ano, aconteceu a Ao Cooperativa em
55 municpios do Paran. A iniciativa con-junta dos programas
Cooperjovem, do Servio Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo no Paran (Sescoop/PR) e A Unio Faz a Vida, do
Sistema de Cooperativas de Crdito (Sicredi-PR), en-volveu 26
cooperativas e beneficiou 40,1 mil pessoas. Os eventos foram
direciona-dos a estudantes, mas abrangeram, alm dos participantes
diretos dos programas, toda a comunidade escolar.
Durante algumas semanas, o Sescoop e o Sicredi promoveram
inmeras ati-vidades baseadas nos valores do coope-rativismo. A
programao incluiu jogos cooperativos, aes sociais e ambientais,
distribuio de Cartas da Cooperao, apresentaes culturais, oficinas e
pa-lestras, visita a asilos, terapia do abrao e arrecadao de
roupas, brinquedos, livros e alimentos, entre outros. Des-sas
iniciativas, uma ao teve um forte poder de mobilizao: as Cartas da
Cooperao, que consistiam em dese-nhos e mensagens produzidos por
crian-as, destinadas populao.
A estudante Mariana Moraes Schulze, da escola Judith Roesler de
Meira, do municpio de Turvo (PR), escreveu com muita originalidade
sobre o tema.
dIverSo Em Astorga, no
norte do estado, a Nova Produtiva
promoveu uma grande festa
da cooperao com alunos
que integram o programa
Cooperjovem
IdeAIS compArTILHAdoSdeSde A InFncIA
Com um trabalho srio e eficaz, a Ao Cooperativa dissemina a
cultura da cooperao entre crianas,
adolescentes e adultos no estado do Paran
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Saber Cooperar 11
Saiba Mais AocooperATIvAem nmeroS
40.100 pessoas beneficiadas
26 cooperativas envolvidas
1.500 horas de aes
18.800 cartas/desenhos entregues
Nov
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12 Saber Cooperar
Eu fao parte de um grupo que coopera, pois adotei esse ideal de
parti-cipar. Cooperar unir foras para que o meu futuro e de outras
tantas crian-as seja melhor. Trabalhar em coope-rao crescer como
pessoa, como comunidade e como cidado.
Mais de 18 mil cartas e desenhos fo-ram distribudos pelo estado
do Paran. A analista de Desenvolvimento Humano do Sescoop no
estado, Vanessa Christ-foli de Castro, conta que essas entregas
tinham, em um primeiro momento, o objetivo de reforar a disseminao
da cultura de cooperao nas escolas, em relao a uma maior cultura em
volta do assunto, mas tomou uma pro-poro maior.
As crianas decidiram para quem entregariam os desenhos, seja
para o prefeito, seja para qualquer pessoa da comunidade. Agora,
cerca de cem cartas foram selecionadas e sero entre-gues a
autoridades em mbito nacio-nal, como a presidente Dilma Rousseff,
ministros, secretrios estaduais e deputados da Frente Parlamentar
do Cooperativismo (Frencoop), afirma Vanessa Christfoli de
Castro.
HISTrIco
A Ao Cooperativa nasceu de um entendimento dos programas
Cooperjovem e Unio Faz a Vida, desenvolvidos, respectivamente, pelo
Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR) e
Sistema de Cooperativas de Crdito Sicredi. Esses dois programas tm
uma sinergia muito grande. Eles esto se expandindo em diferentes
regies dos estados do Paran e de So Paulo. H dois anos difundem os
valores de cooperao e cidadania nos ambientes escolares, informa
Vanessa. Essa parceria vem desde o ano de 2010 quando os programas
realizaram o evento Juntos e, assim, deram incio ao que seria mais
tarde a Ao Cooperativa. Mas foi s em outubro de 2011, em Curitiba,
no encontro interestadual PR/SP dos dois programas, que a ideia
comeou a sair do papel. A partir daquele momento, com a participao
dos presidentes da Ocepar e Sicredi, dos coordenadores dos
programas, dos assessores de programas sociais, de secretrios de
educao, coordenadores locais, educadores e assessorias pedaggicas
do Sescoop e do Mato Grosso do Sul, foi formado um esboo da Ao
Cooperativa. As pessoas que participaram do encontro pensaram em um
trabalho que pudesse simbolizar essa unio. O mais legal que no foi
uma imposio. Foi uma construo coletiva, conjunta. Os resultados
foram surpreendentes, destaca Rejane Farias. A assessora de
Programas Sociais da Central Sicredi-PR/SP conta ainda que a Ao
Cooperativa dever ser realizada no prximo ano. Na avaliao que foi
feita, todos os participantes ressaltaram que o Sicredi e o Sescoop
devem continuar promovendo eventos desse tipo. As pessoas
perceberam o quanto importante cooperar e trabalhar junto pela
mesma causa.
Co
op
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grad
a
SoLIdArIedAdeOs estudantes venderam brigadeiros para ajudar o
paratleta Jefferson da Silva Amaro a disputar uma vaga para os
Jogos Parapan-americanos de Guadalajara, no Mxico
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Saber Cooperar 13
cooperAndo
Algumas correspondncias tambm foram publi-cadas na ltima edio da
Revista Paran Cooperati-vo e encantaram o gerente administrativo e
comercial de uma franquia do Correios da Cidade Industrial de
Curitiba, Luiz Cludio Ciccarino. Todos os meses, e l se vo sete
anos, ele cuida da logstica da distribuio da publicao. Tenho por
hbito, sempre que envio uma revista a um cliente, ler o que estou
distribuin-do. Quando li as cartas, fiquei surpreso.
Ciccarino relata que ficou admirado com um desenho que retratava
o globo terrestre, em que apa-reciam pases da Amrica do Norte e do
Sul com al-guns pedaos faltando. Ao lado do globo, existiam duas
torres e bonecos que montavam o restante da circunferncia. Fiquei
abismado com o que vi. Es-tava, de fato, vendo uma descrio perfeita
do que cooperativismo, ou seja, a unio de foras para alcan-ar
melhores resultados. Uma criana percebendo isso fantstico,
sensacional, constata.
No foram somente as cartas que produziram re-sultados
satisfatrios. Todas as aes, sua maneira, proporcionaram a divulgao
da cultura coopera-tivista, mas os moradores do municpio de Rancho
Alegre do Oeste as trataram de um modo especial. E mobilizados pela
cooperativa Sicredi Vale do Piqui-ri, participaram do desafio de
realizar, durante dez minutos, alguma ao em conjunto. Desafio dado,
desafio cumprido.
Eles entenderam o significado de agir de forma cooperada e
fomentaram vrias atividades. Alguns se uniram e plantaram rvores em
uma regio des-matada, funcionrias de um salo de beleza fizeram
escovas de cabelo coletiva, empregados de um supermercado arrumaram
o estoque juntos e mem-bros de uma igreja lavaram a instituio
religiosa.
Na avaliao de Rejane Farias Andrade, assessora de Programas
Sociais da Central Sicredi-PR/SP, o munic-pio merece destaque pela
dificuldade de movimentar o pblico adulto. Eu vi depoimentos de
pessoas dizen-do que nunca tinham pensado no todo, na comunida-de,
e que agora despertaram o gosto de trabalhar junto. Dessa forma,
perceberam a importncia de dividir ta-refas e que, quando se faz
uma atividade em conjun-to, se consegue fazer muito mais e melhor,
afirma Rejane Farias.
No municpio de Londrina, alunos do 4.o ano de uma escola,
movidos pela Cooperativa Integrada, reuniram-se e venderam
brigadeiros para a compra de material esportivo em auxlio ao
paratleta Jefer-son da Silva Amaro, que brilhou nos jogos Parapan-
americanos de Guadalajara, no Mxico. O nadador perdeu o brao e a
perna esquerda num acidente na linha de trem em 2003. Esse foi um
lindo exemplo de cooperao. Isso significa que, reunidos,
conseguimos fazer a diferena. A ideia principal era mostrar que a
diferena est na unio de foras, afirma Vanessa Christfoli de
Castro.
moTIvAo(Acima) A deficincia visual no impediu Daniel da Cruz de
escrever a sua cartinha da cooperao.( esquerda) Crianas fazem
visita a um asilo em Itambarac, cidade que compe a rea de atuao da
Sicredi Paranapanema PR/SP
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Saber Cooperar 15
-
16 Saber Cooperar
Em frente Casa da Cincia, a prefeita Thais Ros-seto Silva, 9
anos, a vice-prefeita Kalinka Arboit, 10, e o presidente da Cmara
de Vereadores, Samuel Ro-digheri, 9, ouviam orgulhosos o chefe
geral da Em-brapa Sunos e Aves, Dirceu Talamini, dizer que ali
estava nascendo um espao onde surgiro novos pensadores da cincia.
Enquanto o presidente da Cmara de Vereadores de Concrdia, Leocir
Zanela, destacava que o fato de crianas to novas estarem se
preocupando com processos polticos e pensando na comunidade em que
vivem fazia dali um lugar privi-legiado. Em seu discurso, Thais
disse que a minicida-de estava crescendo e todos os concordienses
estavam convidados a participar. Ela est aberta a vocs, afir-mou a
prefeita antes de cortar a fita inaugural.
Criada h cinco anos, a minicidade cooperativista um projeto
pedaggico que apresenta aos estudantes experincias relacionadas
cidadania e vida co-munitria inspiradas em valores do
cooperativismo. Ns no queremos necessariamente que eles saiam daqui
instigados a montar cooperativas, explica a presidente, Elizeth
Pelegrine. O que estamos tra-balhando o cooperativismo em sua
essncia, isto , evitando a competitividade e despertando neles o
princpio da cooperao e a ajuda mtua, completa.
Formada por uma Prefeitura e Cmara de Vereado-res prprias, uma
unidade representativa da coope-rativa de crdito Sicoob Crediauc,
um polo comercial inspirado na cooperativa de consumo Coprdia, alm
de uma Casa Cultural, Livroteca, Centro de Conven-es e Secretaria
de Meio Ambiente e Turismo, fun-cionalmente a minicidade
administrada por seus ci-
dados, os 480 alunos da Educao Infantil e 1. a 4. sries do
Ensino Fundamental, daquela unidade do Colgio CEM.
Inicialmente pensada como uma atividade extra-classe, a
minicidade ganhou vida, graas ao compro-metimento dos estudantes.
Hoje tem moeda prpria, resultante dos lucros da reciclagem de latas
de alu-mnio e papis levados pelos minicidados, o que faz com que
cada um deles tenha sua conta-corrente simblica na cooperativa de
crdito, pagando impos-tos e fazendo compras na cooperativa de
consumo, o que auxilia, por exemplo, o ensino da matemtica. Todo
esse desenvolvimento exigiu um educador dedi-cado exclusivamente ao
espao.
Os prefeitos e vereadores esto divididos em dois partidos
polticos: Partido Cooperativista (PC) e Par-tido Cooperativista
Magna (PCM), tm mandatos de dois anos, em eleies com direito a
santinhos, com-cios e propaganda na rdio local. Eles decidem como
os impostos devem ser investidos e viabilizam pro-postas que
melhoram a vida dos cidados. Diferente dos processos eleitorais
atribulados dos adultos, na minicidade as eleies tm o esprito da
cooperao: O candidato com o maior nmero de votos se tor-na
prefeito, mas o vice-prefeito o que ficou em se-gundo lugar. Dessa
forma, os dois partidos trabalham unidos no mesmo mandato, conta a
coordenadora da iniciativa, Ariane Rossi.
Esse modelo de educao tem chamado a ateno de outras instituies,
cooperativas e, principalmen-te, da comunidade de Concrdia. Os pais
dos alunos nunca se envolveram tanto na escola. A doutrina
cooperativista era uma novidade at mesmo para eles. Agora, todos
comentam os benefcios que essa atividade tem proporcionado aos
filhos, comemora a coordenadora pedaggica do Colgio CEM, Sonia
Turmena. Para ela, esse comprometimento do corpo docente e da
sociedade a razo do sucesso. No adianta querer que nossos filhos
vivam em um mun-do melhor se no nos modificarmos juntos. Sozinhos
no fazemos nada e o cooperativismo aliado ao conhecimento est
fazendo com que essas crianas pensem mais no social.
MANH DE 16 DE OUTUBRO REPRESENTOU UM DIA ESPECIAL PARA OS ALUNOS
DA COOPERATIVA EDUCACIONAL MAGNA, O COLGIO CEM, EM CONCRDIA, SANTA
CATARINA. A MINICIDADE COOPERATIVISTA, UM CONJUNTO DE SETE CASAS
COM SISTEMA DE TRNSITO, PRAA CENTRAL, HORTA E AT MESMO PISO TTIL
PARA DEFICIENTES VISUAIS NAS PEQUENAS CALADAS, ESTAVA EM FESTA.
ESTUDANTES, PAIS, PROFESSORES, REPRESENTANTES DOS PODERES ExECUTIVO
E LEGISLATIVO MUNICIPAIS, ENTRE OUTROS CONVIDADOS, ESTAVAM L PARA
INAUGURAR, JUNTOS, A CASA DA CINCIA DA EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISA AGROPECURIA (EMBRAPA). O MAIS NOVO AMBIENTE DA MINICIDADE
PERMITIR AOS CIDADOS MIRINS O ESTMULO PESQUISA AGROPECURIA.
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Saber Cooperar 17
A me da prefeita mirim, a psicloga Maristela Rosseto comenta o
quanto a filha mudou desde que comeou a se dedicar ao projeto. A
Thais se desen-volveu mais como ser humano, est pensando mais no
prximo. Sem falar que era tmida e a necessidade de falar em pblico
a transformou, diz.
cooperJovemEntre os sete princpios que regem o cooperativis-
mo, a preocupao com a comunidade e particular-mente a educao dos
jovens esto entre as premissas de diversos setores empenhados em
prosperar esse modelo socioeconmico. Tendo a promoo desses ideais
como seu principal objetivo, o Servio Nacio-nal de Aprendizagem do
Cooperativismo (Sescoop) tem oferecido, por meio do programa
Cooperjovem, desde 2001, um modelo de ensino diversificado que
trabalha os ensinamentos da doutrina com crianas e jovens do ensino
mdio e fundamental, incentivando a parceria entre cooperativas e
escolas e capacitando professores. At o momento, mais de 60 mil
alunos de instituies pblicas e particulares de todo o Pas foram
beneficiados por meio das dinmicas, jogos educativos e
publicaes.
A 120 quilmetros da minicidade do Colgio CEM, a Cooperativa
Regional Agropecuria de Campos Novos (Copercampos) tem apoiado a
implantao do Cooper-jovem em oito escolas da rede municipal de
ensino.
cApA
An
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An
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os
cIdAdAnIA(Acima) A presidente da Cooperativa Educacional Magna,
Elizeth Pelegrine junto prefeita Thais Rosseto Silva, a
vice-prefeita Kalinka Arboit e o presidente da Cmara de Vereadores
da minicidade, Samuel Rodigheri.( esquerda) A Casa da Cincia da
Embrapa, com uma minibiblioteca cientfica, bancada de laboratrio e
microscpio
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18 Saber Cooperar
Com 42 anos de atividades, a Coopercampos com mais de dois mil
associados e funcion-rios uma das principais pro-dutoras de gros do
estado, ge-rando renda para centenas de famlias. Como forma de
re-tribuir comunidade, patroci-na diversos programas sociais. O
Cooperjovem o carro-che-fe em uma parceria com a Se-cretaria
Municipal de ensino desde 2011, atendendo mais de mil
estudantes.
O diretor vice-presidente, Cludio Hartmann, afirma que a
cooperativa entende que aes culturais, sociais, am-bientais e
educacionais devem ser vistas como pilares na pro-moo da
sustentabilidade do municpio. Estamos falando de um sistema
econmico mais justo, onde todos ganham e que est provando ser o
mais ade-quado para o futuro. Se qui-sermos mudar alguma coisa no
Pas, ser por meio dessas crianas, por isso a importn-cia desse
trabalho.
Em sua metodologia, o Cooperjovem valoriza, desde atitudes
simples do cotidiano, como incentiva os alunos a irem escola com o
uniforme completo e a ter bom comportamento, premiando-os com
estrelinhas de mrito, como tambm promove a rea-lizao de tarefas de
forma conjunta, alm de diver-sos jogos e brincadeiras onde o
trabalho em equipe essencial. Mudamos nas crianas a ideia do
indi-vidualismo, fazendo com que trabalhem em duplas e grupos.
Dessa forma, eles criam novas noes de responsabilidade, porque se
espelham nos colegas ao mesmo tempo em que no querem prejudic-los,
explica Carla Matos, professora do 2. ano do en-sino fundamental da
Escola Municipal Deputado Waldemar Rupp.
Segundo a educadora, o maior impacto tem sido observado em
escolas localizadas em regies me-nos favorecidas da cidade, onde os
jovens sofrem com a violncia e a falta de estrutura familiar. O que
acontece que esses estudantes so carentes no apenas
financeiramente, mas de valores cultu-rais. Nesses lugares, o
Cooperjovem realizou uma verdadeira revoluo. Antes eles pensavam:
se eu no tenho, tomo do outro; e o cooperativismo subjetivamente os
faz pensar que todos ganham de forma igualitria e por isso o melhor
caminho trabalhar junto.
Para a secretria de educao de Campos Novos, Suleide Maria
Gehrke, os frutos do Cooperjovem su-peraram as expectativas.
Ficamos encantados com
conHecImenToAlunos do Colgio CEM na Biblioteca
da minicidade
cApA
337 o nmero de Escolas Participantes do Cooperjovem
2.744 o nmero de professores envolvidos no projeto
94 o nmero de cooperativas envolvidas
60.940 o nmero de alunos beneficiados com a cooperativa
128 o nmero total de municpios envolvidos
cooperJovem em nmeroS
An
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Saber Cooperar 19
essa proposta de educao para a cidadania. Os pr-prios
professores ganharam motivao extra por meio do programa, ao ver o
quanto essa educao di-ferenciada devolveu o brilho aos olhos dos
alunos. A cooperao foi de fato estimulada em diversas ver-tentes,
comemora.
Este ano acontecem, ainda, o Prmio Professor Cooperjovem e a 6.
edio do Prmio Nacional de Redao do Programa. A parceria entre o
Sescoop e as unidades estaduais visa a valorizar o trabalho dos
professores e estimular o pensamento crtico dos estudantes, sob o
tema cooperativas constroem um mundo melhor.
Estamos falando de um sistema econmico mais justo, onde todos
ganham, e que est provando ser o mais adequado para o futuro. Se
quisermos mudar alguma coisa no Pas, ser por meio dessas crianas,
por isso a importncia desse trabalhocLUdIo HArTmAnnDiretor
vice-presidente da Coopercampos
LInHA do Tempo do cooperJovem
An
gela
Ram
os
XV Encontro dE coordEnadorEs de Capacitao e Promoo Social do
Sescoop
Encontro nacional de
Multiplicadores e Professores
Cooperjovem Sescoop Nacional
A OCB firma contrato dE
licEnciamEnto das marcas da Turma da
Cooperao e Programa Cooperjovem
Lanamento de novos materiais
didticos do Programa Cooperjovem: iniciando a
coopErao.
Encontro de Coordenadores do
Programa Cooperjovem Encontro anual dos coordEnadorEs do
Programa Cooperjovem
Programa Cooperjovem ganha plano de
qualificao, implantao E
acompanhamEnto do programa
sEmana nacional do Cooperjovem
OCB adquire dirEitos autorais da Turma da Cooperao e do Programa
Cooperjovem
Nasce o programa coopErjoVEm
Lanamento da primeira edio da turma da
coopErao, para o Ramo Agropecurio
Fonte: OCB
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20 Saber Cooperar
duais e municipais de educao tm se mostrado ca-da vez mais
dispostas a colaborar. Vivenciamos uma crise de valores, sejam
financeiros, de identidade e do modelo econmico social como um
todo, e a cul-tura da cooperao vem somar. Se as crianas apren-derem
sobre essa filosofia logo cedo, a transformao em longo prazo ser
surpreendente.
Enquanto dezenas de propostas da educao para a cooperao surgem
em todo o Brasil, essa filosofia de vida a favor de uma sociedade
mais humana tem cati-vado no s estudantes, como tambm os
educadores. Na opinio de Carla Matos, que no conhecia a fundo o
cooperativismo antes do Cooperjovem, o que faz essa doutrina ser
realmente especial que o conceito da cooperao promove a ao e no a
passividade. Mui-tas pessoas tm a viso de que a palavra cooperar
sig-nifica caridade. Mas esse no o caso. Cooperar quer dizer fazer
juntos, ter atitude e conquistar de forma justa, destaca a
professora do 2. ano.
Voltando minicidade, que tambm um modelo de educao em prol da
cooperao, tem mostrado saldo positivo logo aps a inaugurao da Casa
da Cincia da Embrapa, a revista Saber Cooperar con-seguiu reunir,
em uma entrevista coletiva mirim, a prefeita, a vice e o presidente
da Cmara de Verea-dores para saber deles o que significava a
coopera-o. Entre consideraes tmidas ou apressadas, a vice-prefeita,
que sonha em se tornar escritora quando crescer, resumiu do alto de
seus dez anos o que aprendeu at ento sobre a doutrina: Sem o
cooperativismo ns no teramos nada em nossa minicidade. E o lado bom
dessa cooperao que podemos mostrar que o mundo no s de violncia,
como algumas pessoas acham que . Tem, inclusive, o lado em que todo
mundo se ajuda, o lado da amiza-de, disse antes de correr da
cerimnia para a aula de portugus.
Muitas pessoas tm a viso de que a palavra cooperar
significa caridade. Mas esse no o caso. Cooperar
quer dizer fazer juntos, ter atitude e conquistar de
forma justacArLA mAToS
Professora do 2. ano do ensino fundamental da Escola Municipal
Deputado Waldemar Rupp
FAzer JUnToS A gerente de Promoo Social da Unidade Na-
cional do Sescoop, Maria Eugnia Borba, diz que os excelentes
resultados motivaram a instituio a tra-balhar no aprimoramento do
Cooperjovem. Como ponto de partida desse projeto, est sendo
realizada uma pesquisa de indicadores qualitativos indita. Queremos
saber com detalhes o que ele tem signifi-cado para as famlias
envolvidas. E em mdio prazo, ampliaremos a faixa etria de
estudantes participan-tes, adianta Borba.
Depois desse processo, a ideia relanar o Cooper-jovem em uma ao
nacional, ressaltando seu car-ter educacional diferenciado. O
Cooperjovem tem potencial para ser muito maior que uma disciplina
extracurricular, diz. Nesse cenrio, segundo a ge-rente, o Ministrio
da Educao e as secretarias esta-
TrAnSFormAoEm Campos Novos, o
Cooperjovem aplicado em oito escolas da Rede Municipal
e atende 773 alunos
como pArTIcIpAr do cooperJovemCooperativas e escolas
interessadas em conhecer o projeto devem entrar em contato com as
unidades estaduais do Sescoop. informaes no site:
www.brasilcooperativo.coop.br/site/cooperjovem
cApA
An
gela
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An
gela
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Saber Cooperar 21
LUS TAdeU prUdenTe SAnToSAdministrador com habilitao em Comrcio
Exterior e extenso em Direito e Gesto dos Servios Sociais Autnomos,
, desde junho de 2006, superintendente da Unidade Nacional do
Sescoop.
ArTIGo
Treze AnoS de conqUISTASo Sescoop atua decisivamente no
crescimento e desenvolvimento do cooperativismo brasileiro,
trazendo orientao e apoio necessrios para a gesto eficiente do
setor
Jos
Filh
o
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22 Saber Cooperar22 Saber Cooperar
Cerca de 2,6 milhes de cooperados e empregados foram capacitados
por meio de vrios programas, cursos e treinamentos, somando mais de
1,8 milho de pessoas beneficiadas com aes de promoo social em todo
o Pas
Enquanto o Ano Internacional das Cooperati-vas, declarado pela
Organizao das Naes Unidas, ratifica em nvel global a importn-cia
desse modelo socioeconmico mais justo e que beneficia cada vez mais
famlias e comunida-des em todo o mundo, o Servio Nacional de
Apren-dizagem do Cooperativismo (Sescoop) comemora 13 anos
promovendo a formao profissional, a promo-o social e o
monitoramento das cooperativas em mbito nacional. Nesse perodo,
cerca de 2,6 milhes de cooperados e empregados foram capacitados
por meio de vrios programas, cursos e treinamentos, so-mando mais
de 1,8 milho de pessoas beneficiadas com aes de promoo social em
todo o Pas.
E assim, juntos, o Sescoop e o cooperativismo bra-sileiro
crescem a passos largos. proporo que as cooperativas j respondem
por 5,39% do Produto Interno Bruto (PIB), marcando presena em 1.407
municpios, o Sescoop dispe de representaes em todas as unidades da
federao. O que lhe permite estar mais prximo aos cooperados e
identificar as demandas de cada regio, estabelecendo e difundin-do
metodologias adequadas formao profissional e promoo social. No
Brasil, esse modelo de neg-cios que une eficincia econmica e
eficcia social j mobiliza 33 milhes de cidados.
So muitos os desafios, em especial, os que dizem res-peito
inovao tecnolgica, que permitir a criao de novos processos internos
que daro mais velocidade e alinhamento s unidades do Sescoop e s
cooperativas. Alm disso, entre as atividades, o Sescoop entende que
preciso buscar projetos e iniciativas das prprias coope-rativas,
espalhados pelo Brasil, que do bons resultados, e, assim,
difundi-los numa espcie de intercooperao de boas ideias.
Com certeza, h um espao potencial para que o setor
cooperativista amplie seu campo de atuao. O cresci-mento mais forte
vir com o tempo, seguido por um ama-durecimento natural, que ser
somado ao investimento no profissionalismo da gesto dos negcios e
na evoluo dos mecanismos de governana. E sabemos que, para isso, o
Sescoop um ator social determinante e, por isso, trabalhamos com
muita transparncia. Primamos pela
Jos
Filh
o
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Saber Cooperar 23
ArTIGo
boa aplicao dos recursos e pelo bom relacionamento com os
diversos rgos de controle.
Estamos em um momento mpar, em que o Brasil destaca-se no novo
sculo como uma das naes mais promissoras no cenrio econmico e
poltico, e com isso surge uma exi-gncia ainda maior de mo de obra
especializada. E a que entra o pa-pel das entidades do Sistema S, e
o Sescoop tem trabalhado para aten-der s necessidades especficas
das cooperativas instaladas em cada can-to do Pas. Para acelerar
essa trajet-ria, precisamos trabalhar com mais nfase na educao
cooperativa, com o objetivo de disseminar os conceitos, a doutrina
e os princpios do coope-rativismo a mais pessoas. Ao mesmo tempo,
temos de investir na boa go-vernana, visando transparncia e
segurana, alm de seguir bons modelos de gesto profissional. Nes-se
contexto, preciso ter sempre em mente que a cooperativa , acima de
tudo, um negcio e, portanto, deve ser gerida com profissionalismo e
compe-tncia. Assim, com certeza, contribui-remos para esse processo
evolutivo, na certeza de estarmos no caminho certo para
potencializarmos o movi-mento, tornando-o mais competitivo e
moderno.
conqUISTAS conSoLIdAdASCriado em 1998 para se tornar par-
te das instituies autnomas que compem o Sistema S, o Sescoop
veio suprir as necessidades das cooperativas que careciam de um
servio de aprendizagem prprio. Hoje, assiste esses empreendimentos
em diversas frentes, como na ateno gesto, governana,
responsabili-dade socioambiental, transparncia e propagao da
cultura da coopera-o, contribuindo para que elas as-cendam em
quantidade e qualidade.
Trabalho esse que, na prtica, re-alizado por programas
educacionais diferenciados, caso do Cooperjovem, que insere a
temtica do cooperati-vismo nas escolas de Ensino Funda-mental; e o
Aprendiz Cooperativo, que oferece tambm aos jovens insero ao
mercado de trabalho. Entre outros
Teremos para 2013 a inovao como bandeira para o
desenvolvimento
de aes estratgicas de atendimento aos
cooperados, responsabilidade socioambiental e melhoria
de processos, maximizando os recursos disponveis
com planejamento de longo prazo. E para atender a essa
necessidade, o Sescoop contar com o Programa de
Desenvolvimento da Gesto das Cooperativas (PDGC)
a serem lanados para eliminar fronteiras, esto o de Educao a
Distn-cia (EAD), que atender gestores, dirigentes, cooperados e
empregados; e o de Educao do Crdito Cooperativo (Educred), para
atender ainda mais s necessidades crescentes desse ramo no Pas.
Teremos para 2013 a inovao como bandeira para o desenvolvi-mento
de aes estratgicas de atendimento aos cooperados, respon-sabilidade
socioambiental e melhoria de processos, maximizando os recursos
disponveis com planejamento de longo prazo. E para atender a essa
necessidade, o Sescoop contar com o Programa de Desenvolvi-mento da
Gesto das Cooperativas (PDGC). Nossa inteno auxiliar buscando o
aprimoramento constante dos modelos de gesto dentro das nossas
cooperativas e nos processos de produo, reduo de cus-tos e aumento
da produtividade e competitividade das organizaes. Ao garantirmos a
eficincia nesses processos, damos mais um passo em direo ao
desenvolvimento com sustentabilidade. Assim, nossas cooperativas
tero a oportunidade de demonstrar a cada dia como se constri um
mundo melhor.
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24 Saber Cooperar
BoAS prTIcAS
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Saber Cooperar 25
INFORMAES DIVULGADAS TODOS OS ANOS PELO BANCO CENTRAL (BC)
DEMONSTRAM A CRESCENTE ExPANSO DO COOPERATIVISMO DE CRDITO NO
MERCADO BRASILEIRO, SEJA PELO AUMENTO DO NMERO DE ATIVOS, DE
EMPRSTIMOS E DE PESSOAS ASSOCIADAS, SEJA PELO RELEVANTE PATRIMNIO
LQUIDO ALCANADO POR ESSAS ORGANIZAES.
Confederao Nacional de Auditoria Cooperativa (CNAC) completa
cinco anos fortalecendo o setor no Brasil
mAIS SeGUrAnA e credIBILIdAde pArA o rAmo crdITo
Entre os fatores que tm provocado esse crescimento, como j
citado em edies anteriores desta Revista, esto o excelente
desempenho frente s oscilaes do mercado financeiro e os benefcios
oferecidos pelas cooperativas do ramo aos brasileiros. Porm, o que
poucos sabem que boa parte desse progresso tambm se deve ao
trabalho realizado pela Confederao Nacional de Auditoria
Cooperativa (CNAC).
H cinco anos, essa instituio tem atuado junto ao cooperativismo
de crdito, de forma a dar mais segurana aos associados, aumentando
a credibilidade das informaes contbeis e, consequentemente,
melhorando o nvel de transparncia na gesto das cooperativas
brasileiras, estreitando o relacionamento entre cooperados,
cooperativas, rgos reguladores e supervisores, empresas parceiras e
a sociedade em geral.
-
26 Saber Cooperar
O resultado das auditorias realizadas pela CNAC alcanam tanto
gestores e cooperados, quanto outros usurios externos, incluindo
bancos, cooperativas cen-trais, fundos garantidores e o prprio
Banco Central. Esses servios, segundo o diretor da instituio,
Alexandre Euzbio Silva, so realizados de duas maneiras, para
alcanar os objetivos da confederao: uma voltada para as demonstraes
contbeis de junho a dezembro de cada ano, para prestao de contas
das cooperativas junto ao seu quadro social, e outra para
datas-bases especficas dos processos de incorporaes e fuses entre
cooperativas, explica.
Dessa forma, a confederao auditou, de 2007 para c, 31% das
cooperativas de crdito do Brasil, em 1.848 postos de atendimento,
atingindo positivamente 62% do total de cooperados, algo em torno
de 3,6 milhes de pessoas. Nessa meia dcada de experincia, ela
emitiu, ainda, quase 2,2 mil relatrios de auditoria sobre as
demonstraes contbeis das cooperativas singulares, perfazendo uma
mdia de 438 relatrios por ano.
Esses nmeros revelam em volume, que os servi-os oferecidos pela
CNAC alcanaram 63% das ope-raes de crdito e 42% dos ativos totais
das 1.312 cooperativas do ramo, segundo a Organizao das
Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Banco Central (BC). Nmeros que
nos qualificam ainda mais como entidade especializada e preparada
para atender s demandas do cooperativismo de crdito, destaca
Alexandre Euzbio.
Mas no foi s com esses resultados que a CNAC encerrou seus
primeiros cinco anos de atividades. Segundo o presidente do
Conselho Administrativo da confederao, Jos Luis Barreto Alves,
outras importantes conquistas tambm foram alcanadas com apoio de
suas filiadas e lideranas do coopera-tivismo. Entre elas, a
diminuio dos percentuais de erros contbeis nos relatrios das
cooperativas, a implantao de software de auditoria e mecanismos de
controle de qualidade e o respeito e a satisfao das cooperativas em
relao instituio, compro-vados por meio de pesquisa de satisfao,
realizada pela prpria confederao.
Para o presidente da Organizao das Cooperativas Brasileiras
(OCB), Mrcio Lopes de Freitas, a CNAC atingiu, ainda, outra vitria
importante. A confe-derao conseguiu conquistar um lugar cativo na
discusso de ideias e polticas a serem adotadas no setor, garantindo
um selo de qualidade e credibilida-de junto ao Banco Central, ao
mercado e aos associa-dos, disse.
Ainda de acordo com Mrcio Lopes, essa instituio tambm teve um
papel relevante na implantao de boas prticas de gesto dentro do
cooperativismo de crdito no Brasil, seja em relao profissionalizao
do sistema, seja na uniformidade das demonstraes contbeis,
garantindo ao associado entendimento e mais confiana para a gesto
de sua cooperativa.
dAdoS 2011ToTAIS dAS
cooperATIvAScooperATIvAS
AUdITAdAS peLA cnAc%
Ativos Totais R$ 86,5 bilhes 42,7 49%
Operaes de Crdito R$ 37,8 bilhes 23,8 63%
Depsitos R$ 38,1 bilhes 25,7 67%
Patrimnio Lquido R$ 15,9 bilhes 7,7 48%
Cooperativas Singulares 1.312 unidades 403 31%
PACs 3.502 unidades 1848 53%
Cooperados 5,8 milhes 3,6 62%
Fonte: CNAC
A confederao conseguiu conquistar um lugar cativo na discusso de
ideias e polticas a serem adotadas no setor,
garantindo um selo de qualidade e credibilidade junto ao Banco
Central,
ao mercado e aos associados
mrcIo LopeS de FreITASPresidente da Organizao das Cooperativas
Brasileiras OCB
ATUAo repreSenTATIvA dA cnAc no cooperATIvISmo de crdITo
BrASILeIro
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Saber Cooperar 27
uma mdia de 438 relatrios por ano
exempLo de GeSToParte das conquistas alcanadas por esta
instituio
tambm so resultado da gesto estratgica utilizada pela
confederao. As diretrizes e polticas da CNAC so realizadas de forma
a trabalhar o objetivo social, com profissionalismo, segurana,
qualidade e independncia.
Dessa maneira, tem adotado aes no sentido de capacitar
continuamente o quadro de 66 profissionais distribudos nas cidades
de So Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador,
Campo Grande e Cuiab utilizando as melhores prticas de auditoria,
informati-zando os processos e procedimentos e implantando
sis-temas de qualidade para obter eficincia e um feedback constante
dos servios realizados. Alm disso, impor-tante destacar a manuteno
dos trabalhos executados, a independncia e a neutralidade em seus
julgamentos e concluses, destaca Alexandre Euzbio.
GovernAnA O Conselho de Administrao da CNAC formado por
um representante de cada confederao filiada (Sicredi, Sicoob e
Unicred), tendo sua atuao e diretriz estrat-gica em longo prazo.
Todos os conselheiros so eleitos em Assembleia Geral e o mandato de
quatro anos, com rodzio na presidncia, no sendo permitida a
continua-o por mais de um mandato seguido. Na direo, existe uma
segregao estatutria entre as atividades dos con-selheiros e dos
executivos responsveis pelos trabalhos, em que os conselhos no
interferem de forma executiva, garantindo maior independncia tcnica
aos programas de controle e qualidade realizados.
cooperATIvAS ASSocIAdASAtualmente, so filiadas CNAC 26
cooperativas cen-
trais e trs confederaes pertencentes aos sistemas Sicoob,
Sicredi, Unicred e mais a central Federalcred, que juntas
representam mais 700 cooperativas de crdito no Brasil. Nos prximos
cinco anos, a ideia alcanar cerca de 700 cooperativas que esto
indiretamente ligadas confederao.
A meta, segundo o presidente da instituio, auditar o maior nmero
de cooperativas possvel. Quanto maior a quantidade de cooperativas
participantes da CNAC, melhores sero as condies de trabalho e
otimizao dos recursos utilizados, propiciando maior segurana e
ainda mais transparncia, destaca Jos Luis Barreto.
Para Celso Ramos Rgis, diretor do Ramo Crdito na OCB, a CNAC no
est sozinha nesse desafio. O Conselho Consultivo de Crdito da OCB
(Ceco), tambm est traba-lhando, desde 2010, para o fortalecimento
da atuao dessa instituio dentro do cooperativismo de crdito
brasileiro e continuar nesse processo, destaca. Segundo o diretor,
esto sendo avaliados e trabalhados pelo sistema, estudos sobre
possibilidades de ampliao desse plano de ao, assim como, possveis
conjugaes dos servios de audi-toria externa a entidades de controle
do setor.
BoAS prTIcAS
das cooperativas de crdito do Brasil foram auditadas pela
CNaC
do total de cooperados foi atingido positivamente por essas
auditorias
Relatrios de auditoria sobre as demonstraes contbeis das
cooperativas singulares
Em 50 anos dE ExpErinCia
aproximadamente 3,6 milhes de pessoas
31%
62%
os servios oferecidos pela cnac alcanaram 63% das operaes de
crdito e 42% dos ativos totais das 1.312 cooperativas do ramo,
segundo a organizao das cooperativas Brasileiras (ocB) e o Banco
central (Bc).
2,2 mil
Ilust
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grfi
co: D
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Fonte: CNaC
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28 Saber Cooperar
S no cooperativismo ocorre uma cumplicidade entre os associados
e o empreendimento em que trabalham, e o retorno dessas aes
distribudo a todos de forma mais justa.
mArceLo cApeLArICooperado e engenheiro agrnomo da Cooperativa
Regional Agropecuria de Campos Novos (Copercampos), Santa
Catarina
Este um espao que d voz ao cooperativismo
brasileiro. Aqui, representantes de
cooperativas de unidades estaduais e de todo o Sistema
oCB podem expressar suas opinies e trocar experincias, alm
de
enviar sugestes para a equipe da Revista Saber Cooperar.
Confira os comentrios desta edio:
voc nA revISTA
Mande tambm sua contribuio para a
Revista Saber Cooperar. envie um e-mail para
[email protected]. Voc faz
parte da nossa equipe!
voz do cooperATIvISmo
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-
Saber Cooperar 29
Sou f do movimento cooperativista, porque me proporcionou
trabalho, aprendizado e
direcionamento para a vida. Por isso, na minha cooperativa, todo
conhecimento que adquiro,
fao questo de repassar aos jovens, que, assim como eu,
necessitam de oportunidades no
mercado de trabalho.
mArIA do nAScImenToBrigadista e diretora financeira da
Cooperativa dos Bombeiros Civis
(Cobomceap), Amap
Eu levo o cooperativismo para a faculdade e para a vida.
Acredito que o esprito de unio favorece as relaes e fortalece
nossas aes. As pessoas no devem ser vistas como concorrentes, mas
como parceiros que trabalham por um bem comum.
rAyAne BASToS Estudante de arquitetura e secretria na
Cooperativa Mista e Agropecuria de Manacapuru (Comapem), Manaus
(AM)
Eu acho que a presena do jovem no cooperativismo fundamental,
porque hoje essa uma das nicas formas de economia em que podemos
envolver toda a famlia.
JoSIAne mArIAnoParticipante do programa Jovens Lideranas,
Esprito Santo
As cooperativas de crdito se configuram como
importantes instrumentos de desenvolvimento local e
regional, suprindo as demandas das populaes no inseridas
no sistema financeiro operado pelos grandes bancos.
rUI ScHneIder dA SILvAPresidente da Confederao
Brasileira de Cooperativas de Crdito (Confebras), Braslia
(DF)
Ass
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-
30 Saber Cooperar
A presena das mulheres tem se tornado a marca do cooperativismo
em Santa Catarina
eLASApoSTAm no
cooperATIvISmo
noSSo BrASIL
-
Saber Cooperar 31
No Brasil, elas so maioria. Segundo dados do ltimo Censo,
divulgado em 2010 pelo Institu-to Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE), as mulheres j representam 51% da popula-o
nacional, ultrapassando em 3,9 milhes o nmero de homens. Hoje, por
conta dessa representatividade e, ainda, pelos direitos alcanados
ao longo dos anos, alm de liderarem as estatsticas, o sexo feminino
tambm est frente de cargos pblicos, de empresas e organiza-es de
diversos setores da economia, reiterando a cada dia o seu
importante papel no desenvolvimento do Pas.
No cooperativismo, o cenrio no diferente. Elas tambm esto
ganhando espao nesse seg-mento ao ocuparem presidncias, diretorias
e conselhos administrativos. Alm disso, em locais como Santa
Catarina existe um movimento muito forte para que as cooperadas
tenham ainda mais oportunidades e voz dentro das cooperativas,
parti-
cipando ativamente da gesto. Nesse estado, as mu-lheres j
representam 32% dos mais de um milho de cooperados, totalizando 350
mil cooperadas.
Incentivando o crescimento do gnero no setor, com apoio do
Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC), por
intermdio da Organizao das Cooperativas do Estado de Santa Catarina
(Ocesc), as cooperativas catarinenses reali-zam um trabalho de
mobilizao e motivao com as associadas, promovendo uma maior insero
dessas mulheres dentro das organizaes, principalmente nas tomadas
de deciso. Por meio de lderes, elas so atualizadas a respeito de
tudo o que acontece na instituio, das aes que so realizadas em prol
dos associados e da sociedade em geral. So apresen-tadas, ainda,
aos relatrios de gesto e ao balano financeiro das cooperativas.
Nesse momento, h um espao para sugerirem melhorias para a
cooperati-va, explica o presidente da Ocesc, Marcos Antnio Zordan.
Alm disso, so oferecidos palestras
10. enconTroCooperadas da Coprdia durante a dcima edio do
encontro de mulheres cooperativistas, realizado em
Florianpolis/SC
Seve
rin
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uo
shin
ski
-
32 Saber Cooperar
e treinamentos referentes s reas de atuao ou temas como sade e
qualidade de vida.
Com base nesses Ncleos ou Comits Femininos, como so chamados as
aes no estado, mulheres como Maria Dutkwicz, da Cooperativa de
Produo e Consu-mo Concrdia (Coprdia), tm ganhado respeito entre os
cooperados e conquistado espaos importantes den-tro dessas
instituies. Maria, que comeou sua hist-ria no cooperativismo h 20
anos, ainda quando no era cooperada e ajudava o marido com as
vendas de leite e sunos, hoje comemora seu cargo de conselheira
administrativa da organizao, jamais ocupado por uma mulher. Segundo
a cooperada, essa conquista resultado do trabalho que prestou e do
conhecimen-to que adquiriu durante sua participao no Ncleo Feminino
da Coprdia, onde teve cursos, palestras e trei-namentos, e realizou
atividades de liderana com mais de 3,5 mil mulheres dos 92 grupos
do ncleo. Nesses sete anos, aprendi muito sobre a doutrina
cooperativis-ta e sobre a vida. L, percebi o que era bom para mim e
para minha cooperativa. Com isso, me desenvolvi muito como pessoa e
cooperada. S tenho a agradecer. O cooperativismo, realmente,
proporciona muitas oportunidades de crescimento mulher,
ressalta.
Exemplos como esses so fceis de encontrar em Santa Catarina.
Mas, segundo o presidente da Ocesc, preciso mais. Hoje, a gente j
percebe esses comi-ts em algumas instituies do estado. Mas a nossa
proposta que todas as cooperativas realizem esse trabalho e ofeream
oportunidades s mulheres. Ns continuaremos investindo para que esse
quadro me-lhore na sociedade como um todo, ressalta Zordan.
SeScoop/ScCoordenadora de promoo Social,
Patrcia Gonalves de Souza (ao lado),
e o presidente do Sistema Ocesc,
Marcos Antnio Zordam (abaixo).
Ambos no 10. Encontro Estadual
de Mulheres Cooperativistas
Seve
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Seve
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Saber Cooperar 33
mULHereS no comAndoA Cooperativa de Produtores de Alimentos de
Gover-
nador Celso Ramos (Cooalimar), desde 2003, quando foi fundada,
elege mulheres para ocupar os cargos de pre-sidncia,
vice-presidncia e secretaria-executiva. No por menos. Afinal, foram
elas mesmas que, h nove anos, resolveram empreender e se dedicar
fortemente ao desenvolvimento da regio, ao comercializar e agre-gar
valor aos produtos oferecidos pelos pescadores como peixes, siris,
camaro, ostras e mariscos.
No incio eram apenas cooperadas. Ao longo do tempo, com apoio da
Ocesc e da prefeitura local, a cooperativa amadureceu e mudou a
estrutura orga-nizacional. Como nosso objetivo tambm era ajudar as
famlias da regio, passamos a englobar como cooperados os
pescadores, que antes eram apenas fornecedores, explica a
presidente da Cooperativa, Rosemary Calsolari Rodrigues.
Mas no foi fcil, ela lembra. A cooperativa s con-seguiu chegar
onde est por conta do apoio da Ocesc e de alguns rgos do governo
ministrios da Agricul-tura e Desenvolvimento Agrrio e,
principalmente, pela determinao e confiana das cooperadas no
negcio. Ningum acreditava na gente. Mas ns mos-tramos que somos
capazes e que temos condies de mudar a situao local. Hoje, ns
conseguimos colocar nosso produto no mercado. E todos reconhecem
nosso trabalho por isso, ressalta a dirigente.
Atualmente, a Cooalimar produz cerca de duas toneladas ao ms de
pratos congelados, que so co-mercializados em grandes
estabelecimentos comer-ciais de Florianpolis e Governador Celso
Ramos. A cooperativa possui uma parceria com a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), que fornece me-renda para as Creches e
Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do municpio.
enconTro rene cooperAdAS de Todo o eSTAdo
Devido a essa grande participao feminina no cooperativismo
catarinense, h onze anos o Sescoop/SC com apoio da Ocesc, realiza o
Encontro de Mulheres Cooperativistas do estado. No incio, em 2002,
quando foi inaugurado, a ideia do evento era integrar e
propor-cionar um momento de encontro e troca de experincias entre
essas mulheres a respeito de matrias diversas voltadas ao
cooperativismo e ao universo feminino. Cada ano havia um tema
diferente. Uma comisso organizadora composta por coordenadoras de
ncleos femininos das cooperativas , escolhia o que ia ser tratado,
de acordo com a necessidade desse segmento. O Sescoop fazia a
programao, ressalta a coordenado-ra do encontro, Patrcia Gonalves
de Souza.
Em 2011, o foco do encontro comeou a mudar, prin-cipalmente
depois do 1. Congresso Catarinense de Mu-lheres Cooperativistas,
que levantou a discusso acerca de uma participao mais efetiva
dessas mulheres
dentro das cooperativas do estado. De acordo com Pa-trcia, o
congresso no s gerou debates importantes que serviram de inspirao
para os prximos encon-tros, como impulsionou a construo de um
programa institucional do Sescoop/SC que fortalecer, em 2013, as
aes com o pblico feminino nas organizaes, oferecendo formao em
cooperativismo e consultoria especializada nas etapas de organizao
e implantao dos ncleos femininos. Trabalharemos com elas ques-tes
mais focadas no negcio cooperativo e no protago-nismo feminino,
incentivando-as e preparando-as para atuarem de forma mais
comprometida e participativa no quadro social de suas cooperativas,
exemplifica. Para Marcos Zordan, o programa tambm tem como objetivo
dar mais fora aos comits femininos, para que tenham mais voz nas
decises das cooperativas.
eLAS nA conSTrUo de Um mUndo meLHor
O 10. Encontro das Mulheres de 2012 foi realizado na cidade de
Florianpolis e teve como tema principal o Ano Internacional das
Cooperativas, decretado pela Organizao das Naes Unidas (ONU). Na
ocasio, Sescoop e a Ocesc reforaram a importncia delas na construo
de um mundo melhor e celebraram esta conquista to respeitvel para o
cooperativismo. Dis-cutiram, tambm, assuntos relevantes como o
papel contemporneo da mulher nas organizaes e na sociedade, o olhar
feminino no sistema cooperativo, entre outros. Mais de 750 mulheres
do estado repre-sentaram os mais diversos ramos em Santa
Catarina.
Esse projeto social fundou-se em 1988, para atender ao anseio de
esposas e filhas de associados de se aproximarem mais das
atividades da cooperativa. Hoje, 24 anos depois, a ao movimenta
mais de 3,5 mil mulheres por ano, em 92 ncleos, localizados em 17
municpios de Santa Catarina. Atualmente, oferece mais de 20 tipos
de palestras (motivacionais e de sade) e dez opes de cursos de
culinria, visando ao melhor aproveitamento do que produzido nas
propriedades, evitando o desperdcio e melhorando a qualidade
nutricional dos pratos oferecidos s famlias.
ncLeoS FemInInoS coprdIA
noSSo BrASIL
Co
pr
dia
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34 Saber Cooperar
Uma vida dedicada ao cooperativismo paranaense
Guntolf van Kaick
perSonAGem
Sist
ema
Oce
par
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Saber Cooperar 35
A histria do cooperativismo no Paran teve incio em 1920, quando
Valentin Cuts, consi-derado o pioneiro da doutrina no estado,
fundou a Sociedade Coopera-tivista de Consumo Svitlo, na regio de
Carazinho, no municpio de Unio da Vitria. De l para c, o sistema se
de-senvolveu e, hoje, responsvel por 240 cooperativas, 735 mil
cooperados e 62,3 mil colaboradores, beneficiando cerca de 2,5
milhes de cidados.
Um dos personagens responsveis pela consolidao do cooperativismo
parana-ense o engenheiro e administrador de empresas Guntolf Van
Kaick, que h mais de 40 anos se dedica ao movimento, ten-do
participado ativamente da reestrutu-rao do setor em todo o Pas. Em
1971, foi pea fundamental na constituio da Organizao das
Cooperativas do Es-tado do Paran (Ocepar) e, em 1998, na fundao do
Servio Nacional de Apren-dizagem do Cooperativismo (Sescoop).
Eleito primeiro presidente da Ocepar, cargo exercido por mais trs
mandatos, totalizando 11 anos na presidncia da or-ganizao e por
mais dois mandatos na vice-presidncia da OCB.
Durante sua trajetria, que comeou ainda como estudante de
Agronomia na Universidade Federal do Paran, Van Kaick trabalhou na
estruturao do ser-vio de extenso da cidade de Chapec implantando o
escritrio da Associao de Crdito e Assistncia Rural de Santa
Catarina (Acaresc) nesse municpio. Es-tudou na Alemanha, e, de
volta ao Brasil, atuou no interior de So Paulo a convite da
Cooperativa Agrcola de Cotia na poca, uma das maiores do estado de
So Paulo no Ramo Agrcola, conta o engenheiro. Segundo ele, foi com
essa experincia que passou a conhecer mais o cooperativismo. A
Cotia funcionava como uma verdadeira universidade. L, praticava-se
a essncia da doutrina cooperativista com os associados e eu me
apaixonei, lembra.
De So Paulo para Curitiba, assumiu o departamento agrcola da
Cotia. Nessa poca, comeou sua atuao como pro-tagonista do
cooperativismo no estado. Fui convidado a fazer parte de um
con-selho estadual que havia sido constitudo
A instituio s chegou onde est porque fruto do
desejo coletivo, do esprito de solidariedade,
de querer ajudar o prximo,
desenvolvendo as pessoas para
que tenham uma condio de vida
melhor
Segundo Van Kaick, esses anteceden-tes foram decisivos para que,
em 1971, fosse fundada a Ocepar. Hoje, 40 anos depois, celebra o
sucesso da organi-zao e ressalta: a instituio s che-gou onde est
porque fruto do desejo coletivo, do esprito de solidariedade, de
querer ajudar o prximo, desenvolvendo as pessoas para que tenham
uma con-dio de vida melhor, diz comovido Revista.
Quando questionado sobre as con-quistas do cooperativismo
paranaen-se nessas quatro dcadas, Guntolf Van Kaick se diz muito
gratificado pelo alto nvel que o segmento atingiu no estado. So
mais de 200 cooperativas e 735 mil cooperados. Toda essa
representativi-dade tem origem naquele esforo pre-liminar, em que
as prprias lideranas do sistema assumiram total responsa-bilidade
sobre o seu desenvolvimento, completa. Dentro desse processo, o
per-sonagem tambm ressaltou a criao da Unidade Nacional do Sescoop.
A fundao desse rgo foi decisiva. Nos ajudou bastante na disseminao
dos princpios, que sempre foi nosso prin-cipal objetivo,
contribuindo ainda mais para o amadurecimento do sistema
cooperativista nacional, completa.
O entrevistado destacou, ainda, a iniciativa da Organizao das
Naes Unidas (ONU) de instituir 2012 como o Ano Internacional das
Cooperativas. Para ele, uma homenagem justa ao seg-mento.
Envolvemos hoje mais de um bilho de pessoas em todo o mundo, que
desenvolvem a economia de forma solidria, contribuindo para reduzir
as desigualdades sociais, permitindo cres-cimento global mtuo.
Merecemos esse reconhecimento, finaliza.
Por toda uma vida dedicada a bene-ficiar a sociedade paranaense,
Guntolf Van Kaick cidado benemrito do es-tado do Paran, concedido
pela Assem-bleia Legislativa. Atualmente, consul-tor Independente
da Ocepar e membro dos conselhos estaduais de Cincia e Tecnologia
do Paran e de Recursos H-dricos e do Conselho de Consumidores da
Copel. Tambm conselheiro nacio-nal de Proteo a Cultivares do M.A,
no perodo de 2008 a 2011 foi conselheiro da Unidade Nacional
Sescoop e vogal da Junta Comercial paranaense.
Sist
ema
Oce
par
em meados de 1960, para organizar e modernizar a agricultura e o
segmento cooperativista do Pas, o que viabilizaria alguns objetivos
que o Governo Federal tinha na poca, conta. De acordo com Van
Kaick, participaram do conselho r-gos como a Secretaria da
Agricultura e a Associao de Crditos de Assistncia Rural do estado
do Paran, hoje Emater, os bancos do Brasil e o Regional de
Desen-volvimento do Extremo Sul, entre outros.
Todos pactuaram uma ao conjunta, na qual as cooperativas do
Paran se desenvolveriam sem concorrer entre si, estabelecendo,
assim, uma colaborao mtua, explica.
Esse projeto chamado na poca de Iguau tambm previa que essas
ins-tituies fossem constitudas dentro dos princpios e da filosofia
cooperativista. O rgo de extenso do estado do Paran dava
treinamento aos futuros associados, que eram educados para ter um
entendi-mento correto sobre como funcionava a cooperativa, tanto no
que diz respeito ao posicionamento do associado quanto organizao e
o contrrio, conta.
-
36 Saber Cooperar
InovAo
Projeto coordenado pelo Sescoop/RJ capacitar, em trs anos, mais
de mil catadores de resduos slidos da capital fluminense
recIcLAndo oporTUnIdAdeS
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Saber Cooperar 37
H 23 ANOS, O CARIOCA JOS ESTCIO TRABALHA COM RECICLAGEM DE
RESDUOS SLIDOS NO RIO DE JANEIRO. NESSE PERODO, COLETOU PLSTICOS E
OUTROS MATERIAIS NAS RUAS, PARTICIPOU DE MOVIMENTOS COMO O NACIONAL
DOS CATADORES, FEZ VRIOS CURSOS PARA SE PROFISSIONALIZAR E, EM
1999, FUNDOU A COOPERATIVA DE COLETA SELETIVA DE MATERIAIS PLSTICOS
E RESDUOS (RIOCOOP 2000), DA QUAL HOJE PRESIDENTE. EM SUA
TRAJETRIA, JOS ESTCIO J VIVEU DE TUDO DENTRO DA CATEGORIA, COMO
AFIRMA. PORM, NO SEGUNDO SEMESTRE DESTE ANO, ELE SE DEPAROU COM UMA
ExPERINCIA NOVA: FOI CHAMADO PARA PARTICIPAR DE UM workshop
REALIZADO PELO SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO DO
RIO DE JANEIRO (SESCOOP/RJ), EM PARCERIA COM A PREFEITURA MUNICIPAL
DA CIDADE, PARA UMA AO QUE AMBOS OS RGOS ESTAVAM FAZENDO EM PROL
DOS CATADORES DE RECICLVEIS DA CIDADE FLUMINENSE.
Trata-se da primeira etapa do Projeto de Coleta Seletiva com
Incluso Social e Produtiva dos Catadores de Materiais Reciclveis,
que tem por objetivo capacitar 1,5 mil catadores organizados em
cooperativas, alm de oferecer melhores equipamentos e um local
adequado de trabalho. Vai ser uma coisa boa para o municpio. Vai
gerar muitos frutos para nossa categoria. Teremos toda assessoria
possvel. Vamos produzir para vencer, ressalta Jos Estcio sobre a
novidade.
A iniciativa obedece a Poltica Nacional de Resduos Slidos (Lei
n. 12.350, aprovada em agosto de 2010), que estabelece como metas
para 2014 o fechamento dos lixes em todo o Brasil e, ainda, a
incluso social dos catadores de materiais reutilizveis e
reciclveis, que dependiam financeiramente desses trabalhos. A
ideia, segundo o superintendente tcnico do Sescoop/RJ e coordenador
do projeto, Jorge Barros, am-pliar a coleta seletiva, que ser
distribuda espacialmente em seis centros de triagem. De acordo com
engenheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social
(BNDES), Joo Paulo Picano, que tambm est apoiando a iniciativa, o
intuito tambm aumentar a renda da categoria, que agora se organizar
em rede para vender diretamente para indstrias, com ganho em
escala.
Para isso, foram previstos R$ 50 milhes de reais, sendo R$ 22
milhes do Banco Nacional do Desenvolvimento So-cial (BNDES) e R$ 28
milhes da Prefeitura Municipal, para serem investidos em capacitao
entre as cooperativas, na construo das seis centrais de triagem e,
ainda, em 27 cami-nhes de coleta. Uma equipe multidisciplinar do
Sescoop/RJ capacitar os 1,5 mil catadores, que atuaro na rea de
reciclagem no Rio de Janeiro.
Essa capacitao ocorrer por meio do Curso de For-mao de
Multiplicadores em Cooperativismo, que ter como foco a criao de
Cooperativas de Resduos Slidos, a produtividade dentro das Centrais
de Triagem e, ainda,
o aprendizado cooperativista. Nesse contexto, fazem parte da
grade do curso disciplinas como: Gesto e Liderana Cooperativista,
para apri-morar o funcionamento dos conselhos de ad-ministrao e
fiscal das organizaes; Estudo de Viabilidade Econmica; Plano de
Negcios Cooperativista; Contabilidade para no con-tadores; Segurana
do Trabalho (EPIs); entre outras. Nossa meta levar os catadores a
re-alizarem de forma organizada e ainda mais capacitada o trabalho
que eles j faziam nos lixes ou nas prprias ruas da cidade, e ajudar
na sustentabilidade dessas cooperativas de re-ciclagem, destaca o
coordenador Jorge Barros.
Para Jorge Neves, diretor financeiro da Fe-derao das
Cooperativas de Catadores de Ma-teriais Reciclveis (Febracom), essa
formao ensinar os catadores a gerir seus negcios com
sustentabilidade. Dessa maneira, o Sescoop nos orientar para que
possamos ter mais au-tonomia para alcanar nossos objetivos. Isso
muito importante para ns.
Ao todo, o curso oferecido ter uma carga hor-ria de 14 horas por
oficina, com quatro encontros de 3,5 horas cada. As turmas tero, no
mximo, 300 catadores, sendo 60 da central de Triagem do Centro, 60
de Bangu, 60 de Campo Grande, 40 de Iraj, 40 de Jacarepagu e 40 da
Penha.
O catador Jnio da Silva Valdevino, que h dois anos trabalha com
reciclagem de leo na regio de Ramos, no Rio de Janeiro, est ansioso
para o incio do projeto. Eu e mais um grupo de amigos estamos
comeando uma cooperativa de reciclagem, a CoopRamos. No vemos a
hora de fazer o curso. Acho que assim teremos mais co-nhecimento
para criar e gerir nosso negcio. As minhas expectativas so as
melhores possveis com esse trabalho, ressalta.
Essa formao ensinar os catadores a gerir seus negcios com
sustentabilidade. Dessa maneira, o Sescoop nos orientar para que
possamos ter mais autonomia para alcanar nossos objetivos. Isso
muito importante para ns
JorGe neveSDiretor financeiro da Federao das Cooperativas de
Catadores de Materiais Reciclveis (Febracom)
-
38 Saber Cooperar
AS cenTrAIS de TrIAGem Todos os seis galpes tero o mesmo padro,
de
acordo com um modelo desenvolvido pelo Ministrio das Cidades
para essas instalaes. Ao todo, so 1,8 mil metros quadrados de rea
edificada, com energia solar e captao de gua da chuva. A rea de
triagem contar com 12 mesas de separao e trs espaos cobertos para
armazenamento e espao de expedi-o, local onde o caminho receber o
material j separado. Haver tambm um espao de processa-mento, no
qual estaro fixas a prensa, a fragmenta-dora de papis, o
enfardamento e uma rea adminis-trativa, com refeitrio, banheiros,
vestirios, salas de treinamento e de primeiros-socorros.
Trs centrais comportaro at 200 catadores com uma produo diria de
20 toneladas, e as outras trs at 300 catadores, com produo de 30
toneladas/dia, ressalta Jorge Barros. Para ajudar na logstica, a
Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) fomentar o projeto
com equipamentos, como carri-nhos para carregar material slido,
empilhadeiras, picotadora de papel, entre outros.
A primeira das seis centrais de triagem de mate-riais
reciclveis, localizada em Iraj, comeou a ser construda. Essa
unidade contar com at 200 catado-res dos seis bairros do entorno
que operaro naquela unidade. Aps ser finalizado o galpo, o Sescoop
selecionar os catadores que participaro do Curso de Formao de
Multiplicadores em Cooperativismo.
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nar
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Leo
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do
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WorkshopEntrega de kits
para os inscritos na palestra
realizada pelo Sescoop/RJ
Catadores de materiais
reciclveis da cidade do Rio de Janeiro durante
palestra
Presidente do Sescoop/RJ
durante sua participao no workshop
com catadores de materiais
reciclveis
-
Saber Cooperar 39
eSTUdo de vIABILIdAdeO Projeto Catadores teve como primeiro
produto o
workshop para Realizao do Pr-Diagnstico Socio-econmico dos
Trabalhadores, realizado em novem-bro deste ano. Nesse primeiro
encontro, o Sescoop/RJ apresentou o projeto aos interessados e
junto com os catadores discutiu algumas propostas em relao
implantao da Poltica Nacional de Resduos Sli-dos no Rio de
Janeiro.
O estudo de viabilidade do projeto est em anda-mento com as
diversas cooperativas e instituies. Segundo Jorge Barros, essa uma
das etapas mais importantes. Com esse levantamento, conheceremos
quem so, onde esto, como vivem e como traba-lham os catadores, para
desenvolvermos da melhor forma essa ao e torn-la cada vez mais
acessvel a essas pessoas, explica o superintendente tcnico do
Sescoop/RJ.
Feito esse estudo da situao legal das organiza-es de catadores
no municpio, haver uma apre-sentao para aprovar os indicadores da
situao so-cioeconmica dos catadores. Depois de tudo pronto, o
Sescoop/RJ apresentar os contedos programti-cos das capacitaes para
aprovao da prefeitura e iniciar o curso. A ideia que as capacitaes
come-cem ainda este ano.
InovAo
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nar
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conSeLHo de cATAdoreSNo workshop realizado em novembro deste
ano,
foi proposta a criao de um conselho (o que ainda no ocorreu)
para representar os catadores no decorrer do projeto. A previso,
segundo Jorge Barros, que trs instituies faam parte: a Federao das
Cooperativas de Catadores de Materiais Reci-clveis (Febracom), a
Cooperativa Central de Coleta Seletiva e Reciclagem de Materiais
Reaproveitveis (Cata Rio) e o Movimento Nacional dos Catadores do
municpio do Rio de Janeiro.
Segundo Jorge Neves, da Febracom, o Conselho de Representantes
dos Catadores do municpio do Rio de Janeiro ser fundamental para
acompanhar de perto as prximas etapas do projeto. Verificaremos o
andamento das aes, se os galpes esto sendo construdos da forma
adequada, para evitar erros na execuo e planejamento do projeto.
Lus Santia-go, do Movimento Nacional dos Catadores, acredita que
por meio desse conselho ser possvel conferir e garantir que as
nossas reivindicaes esto sendo atendidas; que as promessas esto
sendo colocadas em prtica, destaca.
JorGe BArroSCoordenador do Projeto, com equipe do Sescoop/RJ
durante visita central de triagem em Irj
-
40 Saber Cooperar
SAde menTAL no TrABALHoComo os pequenos desgastes do dia a dia
podem se transformar em doenas graves
Exames de sade peridicos e medidas relacionadas preveno de
acidentes nos ambientes de trabalho so cada vez mais comuns em
empresas conhecedo-ras da importncia da integridade fsica de seus
colaboradores. Apesar dessa conscientizao, a ateno sade mental
(males que envolvem o alcoolismo, depresso, sndrome do pnico e at
mesmo doenas fsicas que tm origem no des-gaste emocional) ainda
carece do mesmo nvel de precauo.
Um estudo encomendado pela Federao Mun-dial para Sade Mental, em
que foram ouvidos 377 adultos diagnosticados com depresso e 756
clnicos gerais e psiquiatras do Brasil, Canad, Mxico, Alemanha e
Frana, mostrou a dimenso desse problema. Nos resultados, 64% das
pessoas deprimidas relataram ausentar-se do trabalho uma mdia de 19
dias perdidos por ano e 80% disseram ter a produtividade reduzida
em cerca de 25%. Segundo a Organizao Mundial da Sa-de (OMS),
estima-se que mais de 350 milhes de pessoas sofrem de depresso no
mundo, o que re-presenta, em mdia, pelo menos 5% de quem vive
Bem-eSTAr
dr. LeonArdo moreIrATel.: (061) 3202-4417Cel.: (061)
[email protected]
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em comunidade. Ainda de acordo com a OMS, at 2020 esse mal
passar da 4. para a 2. colocao entre as principais causas de
incapacidade para o trabalho em todo o planeta.
O psiquiatra Leonardo Moreira res-salta que a preveno o meio
mais efi-caz de se evitar patologias psicolgicas graves ocasionadas
pelo estresse e por relaes interpessoais difceis no traba-lho. O
especialista afirma que os motivos que levam as pessoas a
desenvolverem a doena em empreendimentos, empresas comuns ou rgos
pblicos so basica-mente os mesmos.
Moreira defende que, essencialmente, todo trabalhador precisa
ter definido um equilbrio entre suas expectativas pessoais e aquilo
que pode realizar profissionalmente. Criando assim, um vnculo de
recompensas e de cobranas corretamente ajustado, seja consigo
mesmo, seja em relao sua chefia imediata. Normalmente, tudo comea
com uma diminuio na capacidade de sentir prazer em realizar suas
tarefas, ou na dificuldade em alcanar resulta-dos. Situao que se
complica quando no existe um feedback positivo por par-te dos
superiores, informa.
Com base nisso, inicia-se uma altera-o no padro biolgico de
humor, per-da de sono, de apetite ou libido. Tudo isso antes de
qualquer diagnstico mais srio, como depresso ou outro mal, salienta
o psiquiatra. O que consequen-temente se reflete na interao no
am-biente de trabalho e na produtividade, pois interfere nos nveis
de concentra-o, memria, produo, enfim, tem-se um indivduo
desmotivado.
Com o agravamento dessa situao, podem se manifestar alteraes
fsicas, como dores de cabea, gastrite, labirin-tite, entre outras,
que muitas vezes no so facilmente associadas ao fator psico-lgico.
Essas so formas da insatisfao e do estresse cobrarem o preo do
cor-po, diz o especialista. Ainda segundo ele, o pior que a maioria
s trata isso em carter finalstico, ou seja, quando ocorrem as
crises. O paciente pensa: mi-nha enxaqueca s ataca quatro vezes por
ano, e eu j sei que remdios devo tomar. Assim, ele nunca busca
tratar a raiz da enfermidade, para, quem sabe, conse-guir uma cura
definitiva, completa.
Outra situao grave que pode ser de-sencadeada por esse tipo de
mal-estar no trabalho envolve o abuso de subs-tncias lcitas, ou no,
para enfrentar eventos importantes ou cumprir prazos: o uso das
anfetaminas, muito utilizadas por motoristas de caminho na forma
dos populares rebites, remdios de prescrio controlada, drogas e at
mes-mo no consumo excessivo de cafena. Muita gente diz que toma
calmante s para enfrentar uma reunio sria, mas quando esses
compromissos se tornam cada vez mais frequentes, aquele peque-
LeonArdo moreIrAPsiquiatra
preciso deixar claro aos trabalhadores o
que , como identificar os transtornos mentais e como procurar
ajuda so atitudes essenciais
para garantir o bem-estar da equipe
no hbito vira uma dependncia, res-salta o psiquiatra.
Enquanto tais transtornos no so de-vidamente tratados, a
tendncia que o quadro se agrave. Antes de ter um diagnstico srio de
depresso, pode surgir a sndrome de burnout, sensao de esgotamento
fsico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como
ausn-cias no trabalho, agressividade, isolamen