Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL– Outão Página VII.224 UVW 7.4.3. FASE DE CONSTRUÇÃO O projecto em estudo não prevê a construção de estruturas, com a excepção de ajustes pontuais de melhoria das condições de segurança da zona de transfega que incluirão uma caleira e uma actualização e melhoria do separador de hidrocarbonetos. Considerando as intervenções previstas, não se prevê a ocorrência de impactes sobre os sistemas ecológicos durante esta fase. 7.4.4. FASE DE EXPLORAÇÃO Durante esta fase, o impacte potencial corresponde à degradação do habitat através da contaminação pela deposição dos poluentes originados pela actividade da Secil-Outão. As características da área de estudo (orografia, meteorologia) e da tipologia dos poluentes, bem como os níveis de emissão dos mesmos, implicam que a sua dispersão pela região circundante à fonte não seja uniforme - como é possível registar pela análise das figuras acima representadas. Em termos práticos, as diferenças na conformação das manchas de dispersão totais resultantes do modelo de dispersão de poluentes prendem-se com o aumento das emissões a que corresponde um aumento da área total da mancha. Para a determinação das zonas potencialmente afectadas pelas emissões em ambos os cenários considerados, foi efectuada a determinação da sua composição em termos de habitats: Quadro 7.45 – Habitas sob as manchas totais e dispersão de poluentes Área (ha) Habitat Designação Cenário Real Cenário VLE 11.1 Oceano 91,67 115,15 1130 Estuário 136,01 152,10 1240 Arribas com vegetação das costas mediterrânicas com Limonium spp endémicas 1,98 1,98 2270 Dunas com florestas de Pinus spp* 0,57 0,57 4030 Charnecas secas europeias 23,88 26,68 5210 Matagais arborescentes de Juniperus spp 0,01 0,04
19
Embed
7.4.3. FASE DE CONSTRUÇÃO - secil-group.com · de poluentes para a atmosfera pela fábrica Secil-Outão, sendo que um dos componentes analisados é o risco para o Biota (ver Anexo
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–
Outão Página VII.224
UVW
7.4.3. FASE DE CONSTRUÇÃO
O projecto em estudo não prevê a construção de estruturas, com a excepção de
ajustes pontuais de melhoria das condições de segurança da zona de transfega que
incluirão uma caleira e uma actualização e melhoria do separador de
hidrocarbonetos. Considerando as intervenções previstas, não se prevê a ocorrência
de impactes sobre os sistemas ecológicos durante esta fase.
7.4.4. FASE DE EXPLORAÇÃO
Durante esta fase, o impacte potencial corresponde à degradação do habitat
através da contaminação pela deposição dos poluentes originados pela actividade
da Secil-Outão. As características da área de estudo (orografia, meteorologia) e da
tipologia dos poluentes, bem como os níveis de emissão dos mesmos, implicam que
a sua dispersão pela região circundante à fonte não seja uniforme - como é possível
registar pela análise das figuras acima representadas. Em termos práticos, as
diferenças na conformação das manchas de dispersão totais resultantes do modelo
de dispersão de poluentes prendem-se com o aumento das emissões a que
corresponde um aumento da área total da mancha.
Para a determinação das zonas potencialmente afectadas pelas emissões em ambos
os cenários considerados, foi efectuada a determinação da sua composição em
termos de habitats:
Quadro 7.45 – Habitas sob as manchas totais e dispersão de poluentes
Área (ha) Habitat Designação
Cenário Real Cenário VLE
11.1 Oceano 91,67 115,15
1130 Estuário 136,01 152,10
1240 Arribas com vegetação das costas mediterrânicas com
Limonium spp endémicas 1,98 1,98
2270 Dunas com florestas de Pinus spp* 0,57 0,57
4030 Charnecas secas europeias 23,88 26,68
5210 Matagais arborescentes de Juniperus spp 0,01 0,04
Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–
Outão Página VII.225
UVW
Área (ha) Habitat Designação
Cenário Real Cenário VLE
5230 Matagais arborescentes de Laurus nobilis* 26,22 29,06
5320 Formações baixas de Euforbiáceas junto a falésias 0,29 0,39
Da análise dos quadros acima representados, os valores modelados não revelam
situações de incumprimento do expresso na legislação em vigor para a protecção
dos ecossistemas e vegetação, não se prevendo a ocorrência de impactes negativos
no que a este aspecto diz respeito.
7.4.4.1. ANÁLISE DE RISCO ECOLÓGICO
Como se refere no capítulo respeitante ao descritor “Qualidade do Ar”, foi realizada
uma análise multi-exposicional para a determinação do risco associado à emissão
de poluentes para a atmosfera pela fábrica Secil-Outão, sendo que um dos
componentes analisados é o risco para o Biota (ver Anexo IX). Para esta análise
específica ser realizada, é necessária a decomposição dos efeitos dos poluentes nas
diferentes vias de contaminação consideradas – água, solos, vegetação – sendo
desta forma possível a estimativa dos efeitos sobre os sistemas ecológicos.
O objectivo da avaliação de risco ecológico é o de fornecer uma avaliação
qualitativa e/ou quantitativa da potencial ocorrência de efeitos ecológicos adversos
como resultado da exposição indirecta às emissões dos fornos. Uma aproximação
comum para essa caracterização de risco ecológico é o Quociente de Risco (QR ou
Hazard Quotient (HQ) também referido como o Método do Quociente e que é
semelhante ao que é usado para a avaliação de risco paras as doenças não
cancerosas. Nesta metodologia, as concentrações resultantes do modelo de um
dado químico no solo são divididas pelo nível considerado de risco que é utilizado
Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–
Outão Página VII.232
UVW
como avaliação para obter uma dado QR para cada químico. Esses níveis
comparativos são concentrações de contaminantes no solo que são conservadores
na protecção aos receptores ecológicos que comummente entram em contacto com
o solo ou que ingerem biota que vivem no ou sobre o solo. QR abaixo de 1 (UM)
indicam que não existe risco ecológico significativo para o ambiente ou para as
espécies consideradas como indicadoras a partir das emissões dos químicos de risco
potencial da parte da SECIL–Outão e que não existe a necessidade de avaliar mais
profundamente os efeitos dessas emissões num dado ambiente ou espécies. QR
acima de 1 indica a possibilidade de riscos significativos para o ambiente ou para as
espécies em causa. De sublinhar que o valor acima de 1 não implica que ocorra
problemas a nível ecológico. Significa simplesmente que a possibilidade futura de
efeitos negativos não pode ser posta de parte e que poderá ser necessário uma
avaliação futura mais cuidada. Em caso onde exista um QR acima de 1 poderá ser
necessário levar em consideração informação especifica sobre os valores dos solos
e das espécies em causa.
A avaliação do risco ecológico com o método acima referido foi realizada foi levada
a cabo comparando as concentrações previsíveis no solo do cenário de localização
“Máximo Global” (i.e., a taxa máxima de deposição prevista em qualquer local da
grellha-modelo foi utilizada para avaliar a exposição máxima que poderia afectar os
receptores ecológicos; isto é, foi criado um ponto hipotético onde haveria a
concentração máxima de todos os compostos e metais – na realidade tal é
impossível de acontecer na medida em que os diferentes químicos tem diferentes
taxas e tipos de dispersão) com os limites de solo encontrados em diferentes
documentos-guia reguladores que protegem os receptores (endpoints) ecológicos.
Os resultados são apresentados nos quadros seguintes, que fazem a listagem de
estimativas largamente conservadoras para a concentração máxima prevista em
qualquer lugar na grelha para três cenários de exposição (dados de emissões Real,
emissões baseadas nas emissões já emitidas aquando dos testes com Resíduos
Industriais Perigosos, e considerando as emissões se a fábrica emitisse de acordo
com os Valores Limite de Emissões).
Os valores mais utilizados de comparação são os compilados pela EPA norte-
americana [Screening Level Ecological Risk Assessment (SLERA) e Ecological Soil
Screening Levels (Eco SSL)], US DOE (Oak Ridge) e ainda os valores holandeses.
Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–
Outão Página VII.233
UVW
Estes valores de comparação podem ser genéricos ou específicos para plantas,
minhocas, mamíferos ou micróbios. Calculando o QR para cada cenário foi usado o
valor de comparação mais conservador encontrado na literatura.
Como o quadro demonstra, as concentrações estimadas no solo para todos os
cenários são inferiores a todos os limites e valores comparativos no solo com
excepção das concentrações totais de mercúrio no solo, estimadas para o cenário
Valores Limites de Emissão (VLE). Contudo, estas concentrações no solo não se
baseiam nas emissões reais da SECIL mas em taxas de emissões legalmente
aceites. As emissões reais, nomeadamente em relação ao mercúrio, da SECIL são
muito inferiores a estes valores. Como vimos acima esses valores de referencia são
extremamente conservadores. No entanto e apesar disso e dos valores de emissão
real serem várias ordens de magnitude abaixo serão feitas propostas de
monitorização.
Deste modo e baseado nestes pressupostos poder-se-á concluir que as emissões
não têm impacte nos receptores ecológicos na vizinhança da fábrica.
Em suma, para avaliar o impacte da utilização de RIP como combustíveis
alternativos é necessário avaliar se existe uma diferença entre o que acontece
neste momento, em termos de emissões e de qualidade do ar e aquilo que se prevê
aquando dessa utilização. Do exposto anteriormente é possível concluir que os
impactes a nível dos receptores ecológicos na vizinhança da fábrica são nulos na
medida em que não são expectáveis nenhumas diferenças de emissão.
Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–Outão Página VII.234
UVW
Quadro 7.50 - Comparação das Concentrações no solo Estimadas na Avaliação de Risco da SECIL com os Valores de comparação para os receptores ecológicos (expresso em logaritmo)
Concentrações Estimadas Valores de Comparação de Solo (mg/kg) Quocientes Máximos de Perigo
EPA SLERA EPA ECO SSL Oak Ridge HQ Perigo Análise
Real
Resíduos
Industrias
Perigosos
VLE Dados
Holandeses Plantas Invertebrados
do solo Aves Invertebrados Mamíferos Plantas Invertebrados Micróbios Plantas HQ Real
Quadro 7.51 - Comparação das Concentrações no solo Estimadas na Avaliação de Risco da SECIL com os Valores de comparação para os receptores ecológicos (expresso exponencialmente)
Concentrações Estimadas Valores de Comparação de Solo (mg/kg) Quocientes Máximos de Perigo
EPA SLERA EPA ECO SSL Oak Ridge HQ Perigo Análise
Real
Resíduos
Industrias
Perigosos
VLE Dados
Holandeses Plantas Invertebrados
do solo Aves Invertebrados Mamíferos Plantas Invertebrados Micróbios Plantas HQ Real