1 FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAG Curso de Engenharia Civil Disciplina de Planejamento Urbano e Regional Professora: Ana Paula R. Horita Bergamo Resumo do livro: Françoise, C. O Urbanismo, Perspectiva, São Paulo,2003 O Urbanismo cidade industrial é urbana. A cidade é o seu horizonte. Ela produz metrópoles, conurbações, cidades industriais, grandes conjuntos habitacionais. No entanto, fracassa na ordenação desses locais. A cidade industrial tem especialistas em planejamento urbano que aparecem, contestadas e questionadas. A palavra “Urbanismo”é recente , data segundo G. Bardet¹ em 1910. O Urbanismo não questiona a necessidade das soluções que preconiza, segundo as palavras de seu representante Le Corbusier, ele reivindica o ponto de vista verdadeiro. O Urbanismo quer resolver um problema ( o planejamento da cidade maquinista) que foi colocado bem antes de sua criação, a partir das primeiras décadas do século XIX, quando a sociedade industrial começava a tomar consciência de si e a questionar suas realizações. 01.O Pré – Urbanismo Para situar as condições na quais se colocam, no século XIX, os problemas de planejamento urbano, lembremos rapidamente de alguns fatos. A revolução industrial é quase imediatamente seguida por um impressionante crescimento demográfico das cidades, por uma drenagem dos campos em benefício de um desenvolvimento urbano sem precedentes. A Grã- Bretanha é o primeiro teatro em 1830. O número das cidades inglesas com mais de cem mil habitantes passou de duas para trinta, entre 1800 e 1895. Os quadros de cidades medievais ou barrocas, são rompidas por uma nova ordem. Neste sentido Haussman, no desejo de adaptar Paris, faz uma obra realista. Pode-se definir como uma nova ordem, a racionalização das vias de comunicação, com abertura de grandes artérias e a criação de estações, os quarteirões de negócios no centro, as residências nas periferias, mas nessa época são criados novos órgãos que, por seu gigantismo mudam o aspecto da cidade: grandes lojas, grandes hotéis, e a A
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FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAG Curso de Engenharia Civil
Disciplina de Planejamento Urbano e Regional Professora: Ana Paula R. Horita Bergamo
Resumo do livro: Françoise, C. O Urbanismo, Perspectiva, São Paulo,2003
O Urbanismo
cidade industrial é urbana. A cidade é o seu horizonte. Ela produz
metrópoles, conurbações, cidades industriais, grandes conjuntos
habitacionais. No entanto, fracassa na ordenação desses locais. A cidade
industrial tem especialistas em planejamento urbano que aparecem,
contestadas e questionadas. A palavra “Urbanismo”é recente , data segundo G.
Bardet¹ em 1910.
O Urbanismo não questiona a necessidade das soluções que preconiza, segundo as
palavras de seu representante Le Corbusier, ele reivindica o ponto de vista verdadeiro.
O Urbanismo quer resolver um problema ( o planejamento da cidade maquinista) que
foi colocado bem antes de sua criação, a partir das primeiras décadas do século XIX,
quando a sociedade industrial começava a tomar consciência de si e a questionar
suas realizações.
01.O Pré – Urbanismo
Para situar as condições na quais se colocam, no século XIX, os problemas de
planejamento urbano, lembremos rapidamente de alguns fatos.
A revolução industrial é quase imediatamente seguida por um impressionante
crescimento demográfico das cidades, por uma drenagem dos campos em benefício
de um desenvolvimento urbano sem precedentes. A Grã- Bretanha é o primeiro teatro
em 1830. O número das cidades inglesas com mais de cem mil habitantes passou de
duas para trinta, entre 1800 e 1895.
Os quadros de cidades medievais ou barrocas, são rompidas por uma nova ordem.
Neste sentido Haussman, no desejo de adaptar Paris, faz uma obra realista. Pode-se
definir como uma nova ordem, a racionalização das vias de comunicação, com
abertura de grandes artérias e a criação de estações, os quarteirões de negócios no
centro, as residências nas periferias, mas nessa época são criados novos órgãos que,
por seu gigantismo mudam o aspecto da cidade: grandes lojas, grandes hotéis, e a
A
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1. Segundo G. Bardet, a palavra Urbanismo parece ter sido usada pela primeira vez em 1910 no Bulletin de La Société. O instituto de urbanismo na Universidade de Paris foi criado em 1924. O urbanismo é ensinado em Paris a partir do ano de 1953.
suburbanização assume a importância crescente: a indústria implanta-se nos
arrebaldes, as classes média e operária deixa de ser um entidade espacial bem
delimitada.
No momento que a cidade do século XIX começa a tornar forma própria, ela forma um
movimento novo, de observação e reflexão, em alguns casos tenta-se até formular as
leis de crescimento das cidades. Essa abordagem científica e isolada, que é o
apanágio de alguns sábios, opõe-se a atitudes de pensadores com os quais se choca
a realidade das grandes cidades industriais.
Os sentimentos humanitários, principalmente de médicos e higienistas, denunciam o
estado de deterioração física e moral em que vive o proletariado urbano: o habitat
insalubre do trabalhador, frequentemente distanciado do local de trabalho, os lixões
fétidos amontoados e a ausência de jardins públicos nos bairros populares.
Os modelos
O que é expressão de desordem chama sua antítese, a ordem. Por não poder dar uma
forma prática ao questionamento da sociedade, a reflexão situa-se na dimensão da
utopia. Um conjunto de filosofias políticas e sociais (Owen, Fourier, Considérant,
Proudhon, Ruskin, Morris), ou de verdadeiras utopias (Cabet, Richardson) vemos
assim distinguir-se com um maoir ou menor luxo de detalhes, dois tipos de projeções
espaciais, de imagens da cidade futura, chamaremos daqui para frente de modelos.
1.1 O Modelo Progressista
1.1.1.ROBERT OWEN (1771-1858)
Antes de tornar-se uma das figuras
marcantes do primeiro socialismo europeu,
Robert Owen viveu pessoalmente os
problemas da nascente sociedade
industrial. Desde os dez anos de idade,
trabalhava numa fábrica de algodão. Em
1798 tornou-se co-proprietário de uma
fábrica de New Lanark, encontrou assim
um terreno de experimentação, e colocou
em prática reformas sociais inspirado pela
miséria vivida no proletariado industrial.seu
esforço recaiu essencialmente na redução
de horas de trabalho, no melhoramento da
habitação e a prática da escolariedade
obrigatória. Deve-se a Owen as primeiras
escolas maternais da Inglaterra.
Dizia que a educação é necessária ao homem que quer dominar a máquina e explorar as
possiblidades da revolução industrial, e ao mesmo tempo ela contribui para a melhoria do
rendimento individual. Sua fábrica tornou-se um lugar de peregrinação para os reformadores
sociais da Grã- Bretanha. Em suas obras descreve o modelo ideal e higiênico, ordenado e
criador: Pequenas comunidades semi-rurais de 500 a 3.000 habitantes, federadas entre si. E
para realizá-lo, em 1825 comprou 30.000 acres de terra no estado de Indiana ( Estados
Unidos) e fundou a colônia de New Harmony. Três anos depois tinha perdido quatro quintos da
O modelo desenvolvido por Fourier, denomina-se Falanstério visava a felicidade de
cada um, a harmonia e a reconciliação de todos, a “Falange”tratava-se de uma
organização social de 2.000 a 3.000 pessoas bem equipadas para a vida e o trabalho,
que elevariam à civilização povos até então mergulhados no esquecimento. Essas
pessoas eram abrigadas em grandes prédios denominada Falanstério, verdadeiro
palácios para o povo, sua intenção era reestruturar a sociedade.
Os falanstérios, espécie de comunas de produção e moradia, deveriam abrigar cerca
de 1,6 mil pessoas e não só dedicar-se à produção agrícola e industrial local, mas
também dar conta das atividades lúdicas e de aprendizado intelectual. Charles Fourier
concebeu seus falanstérios como construções simétricas de seis andares, com forma
de U, ocupando um pedaço de terra de 2.300 hectares. Seriam um pouco como
hotéis, contendo apartamentos privados alugados a diferentes preços, cômodos de
uso geral e uma grande sala de jantar. Abrigariam 1.600 a 1.800 pessoas (idealmente
1.620) subdividas em uma hierarquia de grupos, os menores dos quais seriam “séries”
de seis a nove indivíduos.
Os falanstérios funcionariam como sociedades anônimas capitalistas e seus membros dividiriam os lucros de acordo com o dinheiro que haviam investido, suas qualificações e seu trabalho. Vale observar que foi Fourier quem criou o termo “feminismo” e criticava a monogamia por escravizar as mulheres. O tratamento das mulheres em um país, disse ele, reflete o grau de sua civilização.
Em sua sociedade ideal, “as crianças sempre acordam às 3 da madrugada, limpam os estábulos, cuidam dos animais, trabalham nos matadouros... As Hordas Juvenis (formadas por crianças de 9 a 16 anos) têm como um dos seus deveres o eventual reparo das estradas...” e também o controle de cobras. Fourier acreditava que as crianças adoravam fazer trabalhos sujos. Depois de seu primeiro livro sobre os falanstérios em 1808, continuou a expor suas idéias em outros livros e conseguiu seguidores entusiásticos, primeiro na França e depois nos EUA.
Pelo menos dois famosos escritores norte-americanos, Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau deram-se ao trabalho de atacar o Fourierismo por acreditarem que ele aboliria o individualismo. Mas outros intelectuais se apaixonaram pela idéia. Um deles foi Albert Brisbane, que havia encontrado Fourier na Europa em 1828 e voltou para os EUA em 1840 para escrever O Destino Social do Homem, no qual esboçou as idéias do utopista francês. Impressionado com Brisbane, Horace Greeley deu-lhe espaço no seu jornal Tribune, de Nova York, para escrever artigos sobre o Fourierismo.
Sociedades fourieristas – também chamadas associacionistas – formaram-se por toda parte e chegaram a reunir 200 mil membros. Em 1843, fez-se uma convenção em que se planejou organizar falanstérios (em inglês, phalanxes).
Entretanto, apenas três dos quarenta falanstérios criados nos EUA duraram mais de dois anos e a maioria não seguiu as idéias de Fourier com muito rigor. O mais famoso foi a comunidade de Brook Farm, em Massachusetts, que se converteu do transcendentalismo para o fourierismo em 1844. Entretanto, seus membros, como o da maioria dos outros falanstérios, recusaram-se a adotar o conceito fourierista de “atração apaixonada” (amor livre) e permaneceram monógamos.
O Falanstério North American, em Red Bank, Nova Jersey, foi uma das experiências mais bem sucedidas – mesmo se, depois de ter recebido um financiamento inicial de US$ 100 mil (US$ 3,5 milhões, a preços de hoje), empobreceu tanto que as refeições ficaram reduzidas a tortas de trigo sarraceno e água. Ela durou 13 anos.
O Falanstério Clermont, em Ohio, foi abrigada em uma construção semelhante a um navio a vapor, com cabines de cada lado de um grande átrio interior. Houve também a Sylvania Phalanx, o Falanstério Trumbull, o Falanstério Integral e o Le Réunion, no Texas, fundado pelo francês Victor Considérant.
Todos fracassaram – fosse por seus membros não conseguirem viver juntos, por má administração, ou , como um membro disse, “por amor ao dinheiro e falta de amor pela associação”.
Ruskin, relatava que podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história.
Deve-se fazer história com a arquitetura de uma época e depois conservá-la. As construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A casa do homem do povo deve ser preservada pois relata a evolução nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construções consideradas por muitos importantes.
Mais vale um material grosseiro, mas que narre uma história, do que uma obra rica e sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, do fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. Uma expressão não se reproduz, pois as idéias são inúmeras e diferentes os homens; segundo os objetos de diferentes estudos, chegar-se-ia a inúmeras conclusões. A restauração é a destruição do edifício, é como tentar ressuscitar os mortos. É melhor manter uma ruína do que restaurá-la."
Os princípios de Ruskin resume em:
A cidade não é uma coleção de unidades: Não importa que tenham uma enorme quantidade de belos monumentos públicos se eles não se ligam, não se harmonizam com o conjunto das casas.
Contra a repetição: a repetição é uma ornamentação totalmente monótoma.
Pela diversidade: os padrões de repetição inserida pela industrialzação, abafa a diversidade de materiai se de construções.
O enraizamento: é difícil de acreditar que uma casa possa ser destinada a durar uma só geração, nossas casas, são nossos templos, possuem o cheiro de nossos pais.
O movimento artístico que Morris e os outros tornaram famoso foi a Irmandade Pré-
Rafaelita. Eles evitavam a manufatura industrial barata de artes decorativas e da
arquitetura e favoreciam um retorno ao artesanato, elevando os artesãos à condição de
artistas.Em 1877, ele fundou a Sociedade para a Proteção de Prédios Antigos. Seu
trabalho de preservação resultou indiretamente na fundação do National Trust.
William Morris, relata que para ele o belo trabalho é a expressão de uma cultura total que só tem sentido com a condição de ser patrimônio próprio da classe trabalhadora. Como representante deste movimento é contra a industrialização e passa a defender a questão do artesanato. Sua obra de maior destaque é a Red House. Neste projeto a leitura da planta é feita através da fachada. Sua planta é funcional, tem programa de necessidades e volumetria. Além desses aspectos, todos os elementos internos foram concebidos em estilo neogótico - vitrais, arcos ogivais e móveis.
Morris relata o saudosismo das antigas cidades, massacradas pelo progresso, onde as imagens só lhe restaram as lembranças de vilarejos inteiros que foram derrubados e construído em favor do progresso , que define como um atropelo da arte. Morris não produziu modelos, mas influência vários pensadores do romantismo.
A crítica sem modelo de Engels e Marx
Ao contrário dos outros pensadores políticos do século XIX, e apesar de seus empréstimos dos socilistas utópicos, Marx e , mais explicitamente Engels criticaram as grandes cidades industriais comtemporâneas sem recorrer ao mito da desordem, nem propor sua contrapartida, o modelo da cidade futura.
A cidade tem, para eles, o privilégio de ser o lugar da história. Foi ali que, numa primeira fase, a burguesia se desenvolveu e exerceu seu papel revolucionário. É ali que nasce o proletariado industrial , ao qual vai caber principalmente a tarefa de executar a revolução socialista e de realizar o homem universal. Essa concepção do papel histórico da cidade do século XIX é, pelo contrário, para Engels e Marx, a expressão de ordem que foi a seu tempo criadora e que deve ser destruída para ser ultrapassada.
Eles não opõem a essa ordem a imagem abstrata de uma ordem nova. A cidade para eles, não é apenas o aspecto particular do problema geral e sua forma futura está ligada ao advento das sociedades.As certezas e exatidões de um modelo são recusadas em benefício de um futuro indeterminado, cujos contornos só aparecerão progressivamente, na medida em que se desenvolver a ação coletiva.
1.1.5 KARL MARX (1818-1883)
Karl Heinrich Marx, nasceu na Alemanha, foi um intelectual e
revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como
O plano da cidade industrial feita por Tony Garnier foi terminado em 1901, antes da
Carta de Atenas, que foi o primeiro manifesto do urbanismo progressista, criado pelos
membros da CIAM ( Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) colocaram o
urbanismo como primeiro plano de preocupações. No projeto da cidade há uma
separação de funções: trabalho, habitação, lazer e saúde. “Garnier havia dado um
grande passo adiante ao tratar toda uma cidade sem se perder numa infinidade de
detalhes, como muitos de seus contemporâneos.
Seus projetos para casas, escolas, estações ferroviárias e hospitais também
representaram um grande avanço. ( GIEDION, 2004, pág. 810)“ Uma cidade industrial
tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas, a
exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores, a
utilização sistemática dos materiais novos, em particular do concreto armado.”
(CHOAY, 1979, pág. 163)
Atribui á cidade uma importância média de cerca de 35000 habitantes,
“(...)a dimensão do assentamento é fixado em 35.000 habitantes, mas Garnier, ao
contrário de Howard, não insiste sobre o número de seu encerrada-tipo cidade, e
considera possível a sua gradual e planejada acreção.” (SICA, 1982, pág. 58)
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Fig 2.1.3 Cidade Industrial de Tony Garnier e a segregação dos usos.
2.2 Ebenezer Howard ( 1850-1928)- o urbanismo culturalista
Ebenezer Howard, em livro publicado originalmente em 1898, propôs uma alternativa
aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. O livro “To-morrow”
(chamado “Garden-cities of To-morrow” na segunda edição, em 1902) apresentou um
breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas conseqüências.
Segundo ele, essa superpopulação era causada sobretudo pela migração proveniente
do campo. Era, portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo.
O desenho da Cidade-Jardim
O modelo proposto, chamado de Cidade-jardim, deveria ser construído numa área que compreenderia, no total, 2400 hectares, sendo 400 hectares destinados à cidade propriamente dita e o restante às áreas agrícolas. O esquema feito para a cidade assume uma estrutura radial, sendo composto por 6 bulevares de 36 metros de largura que cruzam desde o centro até a periferia, dividindo-a em 6 partes iguais. No centro, seria prevista uma área de aproximadamente 2,2 ha, com um belo jardim, sendo que na sua região periférica estariam dispostos os edifícios públicos e culturais (teatro, biblioteca, museu, galeria de arte) e o hospital. O restante desse espaço central destinar-se-ia a um parque público de 56 ha com grande áreas de recreação e fácil acesso.
Howard concebeu um mecanismo engenhoso para viabilizar a criação e a manutenção de uma Cidade-Jardim. Inicialmente, um terreno localizado em área rural deveria ser comprado por um grupo de pessoas, para abrigar a futura cidade. Esse terreno seria comprado por um preço baixo, compatível com o preço de terras rurais, a partir de um financiamento. O aumento do número de habitantes nessas terras seria capaz de diluir os juros do financiamento e de constituir um fundo para ir quitando aos poucos o principal. Assim, a partir de pagamentos relativamente pequenos, os habitantes da Cidade-Jardim poderiam quitar a dívida assumida e ainda obter recursos para as ações coletivas necessárias (construção de edificações públicas, manutenção dos espaços abertos, etc.).
Na área rural, a competição natural entre os produtores, as culturas e os modos de produção deveriam indicar quais produtos seriam cultivados. Aqueles que conseguissem gerar mais renda se estabeleceriam nos arredores da Cidade-Jardim. A renda, entretanto, não seria apropriada por um único indivíduo, já que a terra teria sido adquirida coletivamente. Os benefícios obtidos em termos financeiros pelo aumento do valor da terra e, como conseqüência, pelo incremento da renda fundiária, seriam convertidos em menores impostos e mais investimentos coletivos (HOWARD, 1996).
2.3 Arturo Soria y Mata (1844-1920) a cidade linear
Engenheiro espanhol especializado em trabalhos públicos, ocupou diversos cargos na administração da cidade Madri e desenvolveu a primeira linha de Tramways para a cidade em 1875 – sistema de linhas de transporte público comum e elevado e subterrâneo. Publicou artigos no jornal “El Progresso”, abordando a questão dos problemas urbanos municipais. A proposta da cidade linear aparece pela primeira vez num desses artigos. O Pensamento A idéia da Cidade Linear de Sorio Y Mata basea-se na expansão das cidades sobre território rural. O processo de “ruralização da vida urbana e urbanização da vida campestre”. Em 1833, num artigo tema: Cidade – problemática: condições das vias urbanas, insalubridade das habitações, sistema de saneamento e aumento da população, Sorio y Mata critica o congestionamento dos centros tradicionais com traçado radioconcêntrico. Seu pensamento racionalista aborda que o maior problema dos grandes centros está associado ao congestionamento das áreas centrais, ao fluxo e ao tráfego urbano. O Plano para a Cidade Linear O Plano para a Cidade Linear desenvolveu um novo desenho urbano baseado na ruptura com o modelo de cidade convencional. A idéia central era a de propor uma cidade que se desenvolvesse ao longo de uma faixa com largura de cinqüenta metros de largura (50m) em linha. Esta faixa funcionaria como artéria principal e a cidade ao longo dela receberia áreas arborizadas, margeada por duas faixas de terrenos urbanos. O eixo central seria percorrido por sistema de transporte férreo. (Brasília – o projeto de Lucio Costa para o Plano Piloto segue essa idéia e surgiu a partir do sistema viário) A cidade de Arture Sorio y Mata A cidade idealizada por Sorio y Mata só é viável a partir do do momento da implantação de um sistema público de transporte mecânico eficiente. Seu crescimento deve ser ilimitado, seguindo linearmente. A concepção se basea principalmente, na idéia de combater o problema do congestionamento da região central das cidades – para ele, a forma ideal é a linear, que possibilita, a redução do tempo gasto com o deslocamento, pois proporciona melhor distribuição dos serviços, locais de trabalho, áreas residenciais e etc, ao longo da faixa linear,
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evitando assim, o deslocamento maciço da população para um único local nos horários de trabalho (os de maior pico). Em relação à morfologia, a faixa de terrenos adjacentes, deveria ser recortada por uma malha de ruas, com ruas transversais de 200m de comprimento e 20m de largura. Estas ruas seriam margeadas por outra faixa destinada a uso habitacional onde o lote mínimo teria 400m2 e as edificações só poderiam ocupar um quinto da área total – 80m2. Fora a edificação a metragem restante do terreno, deveriam ser ocupada por jardim e horta e esta área estaria localizada no fundo do terreno. As residências deveriam ser unifamiliares. No plano da Cidade Linear, não existe setorização de usos, os edifícios administrativos e comerciais, se fundem aos habitacionais na malha urbana – existe o uso misto do solo. A proposta abandona as estruturas tradicionais: quarteirão, praça. A dimensão simbólica está subordinada à dimensão técnica e o espaço público reduzido aos traçados de circulação e serviços - desconsidera a dimensão estética da cidade, submetendo o desenho urbano à dimensão técnica e privilegiando apenas um elemento do processo urbano: a CIRCULAÇÃO, determinando a configuração espacial na forma mais racional: a linha RETA.